48
www.earth-condominium.com A Terra é um imenso Condomínio Cuide connosco das partes comuns!

O condomínio da TERRA

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Cuide connosco das partes comuns! A Terra é um imenso www.earth-condominium.com The Forests Now Declaration Daniel Nepstad “Sem a conservação da floresta, será difícil manter o clima estável. Da mesma forma, sem manter o clima estável será difícil conservar a floresta.” _ Fernando Andresen Guimarães Presidente da Comissão Nacional da UNESCO _ Hélder Spínola Presidente da Direcção Nacional da Quercus

Citation preview

Page 1: O condomínio da TERRA

www.earth-condominium.com

A Terra é um imenso

CondomínioCuide connosco das

partes comuns!

Page 2: O condomínio da TERRA
Page 3: O condomínio da TERRA

“Se perdermos as florestas perderemos a luta contra as alterações climáticas”

The Forests Now Declaration

“Sem a conservação da floresta, será

difícil manter o clima estável.

Da mesma forma, sem manter o clima

estável será difícil conservar a floresta.”

Daniel Nepstad

Page 4: O condomínio da TERRA

� _

Nota de Abertura

Fenómenos climáticos extremos, degradação de ecossistemas, perda da biodiversidade, secas e cheias, insegurança alimentar, deterioração da saú-de, deslocação de populações devido à subida do nível do mar… E se tudo não passasse, afinal, de um falso alarme?

Tal é a mensagem que alguns pretendem trans-mitir, fundamentando a sua tranquilidade distante no sábio conhecimento da lenta progressão ve-rificada em ciclos passados da evolução do Uni-verso.

Algo parece diferir, no entanto, na situação que hoje testemunhamos e de que participamos, ten-do as implicações da intervenção humana adqui-rido no presente um peso que altera significati-vamente as matrizes anteriores - desde logo, no que diz respeito à capacidade de recuperação dos sistemas, ao seu nível de resiliência, mas também à sobrevivência a prazo da própria espécie humana.

Não se trata, pois, de um falso alarme, mas antes de uma chamada de atenção que já nem sequer surge como um “alerta precoce”, atendendo a que os sinais se avolumam numa repartição geo-gráfica que contempla todo o planeta e que, por outro lado, os avisos não se destinam a prevenir um futuro comodamente ainda longínquo, nem a beneficiar em primeiro lugar as gerações vindou-ras: somos já nós mesmos, neste momento, gera-ções em risco.

Longo foi o caminho percorrido pela agenda mundial entre o Rio e Bali, passando por Joanes-burgo e Quioto; estes últimos quinze anos foram na verdade pontuados por uma actividade intensa nos campos cívico e político que contribuiu para debater e afinar conceitos e estratégias, nem sem-

pre se pautando, contudo, por uma eficaz e alarga-da correspondência prática.

Antes mesmo de 1992, as organizações interna-cionais multilaterais já vinham, entretanto, desen-volvendo programas e produzindo instrumentos normativos nesta área, com particular destaque para a UNESCO, através, por exemplo, do seu programa MAB, relativo às reservas da biosfera, da Convenção do Património Mundial, ou da Con-venção de Ramsar sobre as Zonas Húmidas.

A existência de tais instrumentos de protecção, preservação e valorização, não é, todavia, em si mesma suficiente. É igualmente necessária uma interpelação individual, que fomente em primeiro lugar a acção individual; a mudança de rumo co-meça por se operar no plano dos comportamen-tos. E para que os resultados sejam eficazes, tal mudança tem de se repercutir noutros planos, até à escala global, num enquadramento de integração e concertação.

Todas estas temáticas têm sido objecto de am-pla divulgação e crescente adesão, mas os perver-sos caminhos da mediatização induzem também, por outro lado, algum cansaço visível na opinião pública, ao mesmo tempo que nem todos os des-tinatários potenciais têm ainda a (in)formação su-ficiente para a sua tomada de consciência e a sua constituição como agentes de mudança.

O abrandamento da atenção pode ter o seu contraponto no recurso constante a uma óptica diferente, tendente a manter o debate e a actu-ação cívica numa fasquia elevada. E aqui, uma vez mais, é desejável que as novas perspectivas assen-tem em linguagens que remetam para o foro indi-vidual como ponto de partida.

Page 5: O condomínio da TERRA

É a este nível que se situa a proposta de pensarmos a Terra como um imenso condomínio e de cuidarmos das partes comuns, correspon-dendo tal postura a um conceito acessível, que apelidaríamos “de proximidade”, e que aposta nas alterações comportamentais com base no compromisso individual e no espírito de voluntariado. Mas este texto não se limita a apresentar e advogar o conceito, propõe-nos que acompanhemos um programa con-creto para 2008-2012, relativamente ao qual já existe um compromisso de execução.

Trata-se claramente de um instrumento estratégico que tem o seu enquadramento natural na Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentá-vel e surge muito apropriadamente no Ano Internacional do Planeta Terra. Ano este de 2008 em que todos também celebramos o 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos – e o direito à própria existência, no usufruto de condições dignas, encontra-se aí indelevelmente consagrado, do mesmo modo que, hoje em dia, começa-mos a falar de um imperativo de ordem ética quando abordamos, por exemplo, o tema das alterações climáticas e procuramos melhor compreender e prevenir o seu impacto no nosso “imenso condomínio”.

Fernando Andresen GuimarãesPresidente da Comissão Nacional da UNESCO

Page 6: O condomínio da TERRA
Page 7: O condomínio da TERRA

_ �

Apresentação

Os desafios que as questões ambientais nos colo-cam hoje requerem alterações profundas na nossa visão e funcionamento. Caminhar no sentido de uma sociedade humana em equilíbrio com a Natureza implica mudar determinadas questões estruturais, quer na vertente conceptual quer prática, de forma a alavancar um processo com maiores probabilida-des de sucesso.

O conceito “Condomínio da Terra”, que nasce a partir da QUERCUS no momento em que esta Organização Não Governamental de Ambiente se aproxima de um percurso de 25 anos de existência e se associa às comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra, surge na hora certa e é uma res-posta directa à necessidade de um novo enquadra-mento local, nacional e internacional a aplicar neste preciso momento em que temos em mãos um grave problema ambiental global, as alterações climáticas.

O “Condomínio da Terra” é um conceito simples e de fácil assimilação que possui ao mesmo tempo a complexidade necessária para enquadrar tanto a realidade humana como a realidade natural do Pla-neta, num contexto em que já não é possível conti-nuar a definir fronteiras sobre bens indivisíveis como são a hidrosfera, a atmosfera e em grande medida a biodiversidade. O desafio mais difícil inerente a este conceito, que abre uma nova perspectiva sobre a forma como a espécie humana percepciona e actua no contexto global, é conseguir singrar na alteração das relações entre Estados e desbravar caminho para a aplicação da soberania complexa.

Nos contextos nacional, regional e local o “Condo-mínio da Terra” também tem enormes potencialida-des. O Programa “Cuidar das Partes Comuns: Criar Bosques, Conservar a Biodiversidade”, apresentado nesta revista, é um exemplo muito concreto destas potencialidades e um contributo directo dado pela

QUERCUS, juntamente com vários parceiros, para a aplicação do conceito “Condomínio da Terra”. É um programa que permitirá reunir e aplicar recursos na gestão e promoção de habitats e da biodiversidade associada, com particular atenção para os ecossis-temas florestais. Será uma forma de contribuir ob-jectivamente para a gestão e protecção das partes comuns do Planeta de modo a que possam conti-nuar a cumprir as suas funções ecológicas e, espe-cificamente, atenuar as consequências associadas às alterações climáticas, como sejam a perda de biodi-versidade, a desertificação dos solos e a escassez de recursos hídricos.

Como já se percebe, a implementação do concei-to “Condomínio da Terra” tem a virtude de constituir um chapéu tão abrangente que consegue enquadrar as respostas a um conjunto diversificado de dese-quilíbrios ambientais que se fazem sentir global e lo-calmente. Consegue integrar também os princípios “poluidor-pagador” e “utilizador-pagador” traduzin-do-os na transferência de recursos para a gestão, mi-nimização e prevenção de danos sobre bens naturais “sagrados” de natureza indivisível e que cumprem funções comuns.

Enquanto as partes comuns do Planeta, porque são de todos, não forem responsabilidade de alguém, os interesses de alguns irão continuar a por em causa o suporte de vida da humanidade. É essencial um gestor do grande condomínio que é o Planeta Terra mas enquanto esse dia não chega temos, pelo me-nos, a obrigação de ir cuidando e gerindo algumas das suas fracções. É isso que estamos já a fazer e vamos continuar.

Hélder SpínolaPresidente da Direcção Nacional da Quercus

Page 8: O condomínio da TERRA
Page 9: O condomínio da TERRA

TerraE se pensássemos

a

como um imenso Condomínio?

“Só na prossecução do interesse comum,

poderemos garantir a cada um o seu direito”

Immanuel Kant

Page 10: O condomínio da TERRA

10 _

Page 11: O condomínio da TERRA

_ 11

E sta é a época das alterações climáti-cas, a época em que a humanidade se defronta com uma colisão massiva e sem precedentes, entre a nossa civili-zação e o planeta que habitamos. As

alterações climáticas revelaram-nos que a estraté-gia de “ver para crer”, de “provar para validar”, fal-hou na rede de complexidade da natureza.

A partir do momento em que se descobriu que entre o espaço físico da crosta terrestre, o mar, a atmosfera e os seres vivos existe um emaranha-do de interligações permanentes que sustentam a vida e que fazem o planeta funcionar como um único sistema vivo, temos de aceitar a transforma-ção o nosso ultrapassado conceito de vizinhança fronteiriça, numa vizinhança verdadeiramente glo-bal. Somos todos funcionalmente dependentes de bens que circulam e se relacionam de forma algo incerta a nível planetário, de cujo consumo ne-nhum cidadão ou estado se pode excluir e, que todos podemos afectar em diferentes dimensões, de forma positiva ou negativa.

Para corrigirmos o nosso relacionamento com o planeta, não bastam as tão necessárias reduções de gases poluentes que provocam as alterações climáticas globais. É necessário encontrar uma or-ganização que permita compatibilizar os sistemas económico e jurídico com o carácter unitário do sistema ambiental planetário. É fundamental garan-tir a manutenção dos serviços ecológicos vitais que os ecossistemas prestam, através de um processo que compense financeiramente quem cuida, pre-serva e garanta o funcionamento destes serviços de interesse comum a toda a humanidade. A cons-ciência desta necessidade começou a surgir inicial-mente nos ecossistemas florestais e, são já vários os países, ONG’s e cidadãos que reclamam que a preservação ambiental deve ser recompensada.

organizar avizinhança global

Page 12: O condomínio da TERRA

12 _

O projecto, “Condomínio da Terra”, tem como objectivo conciliar a necessidade comum a todos os povos, da posse de um território definido e delimitado, com a uni-

dade interdependente da Biosfera. Esta harmonização é realizada através de uma proposta de coexistência de soberanias autónomas num espaço colectivo, ou seja, um poder político, supremo e independente, relativo à fracção territorial de cada Estado, e partilhado, no que concerne às partes insusceptíveis de divisão jurídica, (atmosfera e hidrosfera) das quais todos os povos são funcionalmente dependentes. Esta será pois a Soberania Complexa.

As implicações globais, duradouras, cumulativas e com-binadas da poluição, tornaram incontornável a necessi-dade da definição da titularidade comum destes bens indivisíveis. O sistema que articula e concilia a proprie-dade individual com a compropriedade das partes indi-visíveis, e as torna interdependentes, é o sistema jurídico do Condomínio.

Se no planeta os problemas que se nos deparam são os mesmos que num condomínio, isto é, se também aqui há necessidade de conciliar a individualização de de-terminadas parcelas com a necessária gestão colectiva de partes que não são susceptíveis de divisão jurídica, mas de que todos dependem, porque não organizamos,

com as devidas adaptações de escala, a Terra como um imenso Condomínio?

A presente proposta alicerça-se pois, na experiência jurídica, amplamente testada, da propriedade condomi-nial, agora trabalhada à escala da Casa Comum da Hu-manidade. Por analogia propomos que a soberania que cada Estado exerce dentro do seu território, seja exerci-da em simultâneo, sob a forma de soberania partilhada, relativamente às partes insusceptíveis de divisão jurídica. Por isso, e dadas as características de circulação incer-ta e global da Atmosfera e Hidrosfera, propõe-se que estas partes da Biosfera sejam consideradas como par-tes obrigatoriamente comuns, e a Biodiversidade como parte presumidamente comum. Isto obriga à existência de um administrador de condomínio que contabilize e organize o uso destes bens comuns universais, através de uma instituição de troca que recebe de quem usa os bens comuns para lá dos limites equitativos, e compensa quem os afecta de forma positiva.

uma soberaniacomplexa

Page 13: O condomínio da TERRA

_ 13

Page 14: O condomínio da TERRA
Page 15: O condomínio da TERRA

_ 15

P ara entender o conceito agora pro-posto, é fundamental distinguir a soberania ou propriedade que é exercida sobre os ecossistemas, do serviço que estes prestam. Estes

serviços não se confinam a nenhuma forma de titu-laridade ou soberania e por isso são inevitavelmente globais e, por tanto, de interesse comum.

A título de exemplo, uma floresta afecta positiva-mente toda a Biosfera, absorvendo CO2, regulando o clima, o ciclo hidrológico e bioquímico e servindo de supor te à biodiversidade. Faz a manutenção dos ciclos vitais que sustentam a vida de todo o planeta. Estes serviços são “usados” por todos, em qualquer ponto do planeta. A economia de simbiose propõe uma integração daquilo a que se poderia chamar de “economia da manutenção dos sistemas vitais” com a economia de produção.

Embora seja prioritário controlar as emissões do CO2, sem uma lógica de integração dos diferentes serviços ambientais que os vários ecossistemas pres-tam, a abordagem deste problema numa perspectiva exclusiva de redução de emissões de carbono, pode

a breve prazo, trazer novos problemas associados.Deveriam ser contabilizados de forma plena como

sumidouros de CO2 não só as novas florestas como as já existentes, assegurando a compensação da “desflorestação evitada”, garantindo simultaneamen-te a preservação de todos os outros serviços am-bientais de que as florestas supor tam. Este conceito, que começou já a colher consensos na Cimeira de Bali, poderá ser pioneiro, de uma forma geral, na compensação dos vários serviços vitais dos ecos-sistemas.

Dramaticamente, hoje continua-se a desmatar flo-restas de forma brutal, e não só se diminui a capa-cidade de absorção de gases de efeito estufa, como neste processo se perde biomassa e se liber ta CO2 para a atmosfera. Num cenário de alterações climá-ticas que ameaçam ser catastróficas, é insustentável que as florestas só tenham valor quando são trans-formadas em madeira. As desflorestações represen-tam 20 a 25% das emissões mundiais de CO2. Os objectivos das mitigações de emissões nunca serão atingidos se este processo continuar. Segundo a WWF até 2030, 50% da Amazónia estará desma-

uma economiade simbiose

Page 16: O condomínio da TERRA

16 _

tada, com uma emissão acumulada de CO2 de 15 a 25 biliões de toneladas, quando o protocolo de Quioto conseguirá, quando muito, evitar a emissão de 2 biliões de toneladas.

A “Economia de Simbiose” constitui uma propos-ta valoração económica dos vários serviços ecológi-cos, que a própria economia ambiental já preconiza, enquadrando-a na impossibilidade jurídica de os di-vidir segundo a lógica das fronteiras políticas. Assu-me que todos usamos bens ambientais, mas alguns usam-nos para lá dos limites equitativos, e que ou-tros possuem dentro do seu território ecossistemas que afectam positivamente os bens que todos usam e dependem. Logo, um país que é soberano sobre uma fracção do planeta onde está localizado um ecossistema que reconhecidamente presta serviços de dimensão global, deveria ser compensado pelos serviços de interesse comum que está a prestar.

Isto só será possível com a clarificação da titu-laridade comum dos bens ambientais indivisos, ar-ticulando este pressuposto jurídico com o sistema

económico, que já reconhece a existência de uma falha de mercado, devido à inexistência de uma “ins-tituição de troca onde o sujeito que afecta positi-vamente outro(s) receba uma compensação por isso ou o sujeito que afecta negativamente outro(s) suporte o respectivo custo”. Essa instituição de troca, este administrador de um condomínio global deveria ser um organismo já existente, exercendo novas funções, por exemplo a ONU.

Page 17: O condomínio da TERRA

_ 1�

Page 18: O condomínio da TERRA

18 _

Page 19: O condomínio da TERRA

_ 19

T endo em conta que a Biosfera pos-sui bens que pelas suas caracterís-ticas são factual e juridicamente in-divisíveis, e que ninguém se pode excluir do seu consumo, a humani-

dade já vive num sistema de condomínio. Isto é, exis-te uma par te que é susceptível de divisão jurídica, a crosta terrestre, onde os diversos Estados exercem já a soberania, e outras que circulam por todo o plane-ta e que por isso, são juridicamente indivisas, reque-rendo uma administração comum: a Atmosfera e a Hidrosfera. Para todos os efeitos, e porque o uso em excesso destes bens provoca sempre um prejuízo a todos os outros e a si próprio, da mesma forma que quem cuida destas bens, afecta igualmente de forma positiva todos os outros, os territórios políticos dos Estados vivem na condição de par tilharem o domi-nium comum sobre estes bens indivisíveis. Portanto, o Condomínio da Terra já existe, os condóminos somos todos, só que este condomínio está desorganizado e sem administrador.

Uma das regras para o funcionamento de um sis-tema de condomínio é que ele só funciona com to-dos os vizinhos, o que pressupõe um PRINCÍPIO DE NÃO EXCLUSÃO.

Neste sentido, os Condóminos da Terra serão to-das as pessoas individuais ou colectivas, de direito privado ou público, que por livre e espontânea ini-ciativa, reconheçam esta nossa comum condição de sermos condóminos de um imenso Condomínio, que é a nossa casa comum, o nosso Planeta Terra. Esta vi-vência em sistema de condomínio não corresponde a nenhuma ideologia política de carácter individua-lista ou comunitarista, mas sim a uma realidade que nos é pré-existente. É necessário tirar consequên-cias da proclamação que vivemos na era da globa-lização. Com vista à implementação deste conceito, procuramos envolver os cidadãos, as instituições e as empresas em actividades próprias ou em parce-rias, com vista à gestão de bens comuns, utilizando a figura de Condóminos da Terra e de Fracções do Condomínio da Terra.

porque é que a terra é já um

condomínio?

Page 20: O condomínio da TERRA
Page 21: O condomínio da TERRA

_ 21

U ma vez que este projecto parte da sociedade civil, de uma ONG que não tem pretensões de ser adminis-tradora do Condomínio Global, mas apenas de contribuir para a demons-

tração da necessidade de se caminhar para modelos que permitam prosseguir interesses comuns, o “Condomínio da Terra” começa por ser um Sistema Voluntário de Cui-dar das Partes Comuns de Forma Integrada. Não ire-mos partir de uma contabilização do uso efectivo que cada condómino faz dos bens comuns, nem da sua ca-pacidade instalada de uso, para determinar o contribu-to de cada um.

Numa fase inicial, recorremos à consciência de cada um dos condóminos para iniciar o processo de aceitação da sua inevitável interdependência global, relativamente a todos os outros condóminos e, de forma voluntária, contribuir para a necessidade de cuidar das partes co-muns. A adesão aos princípios do “Condómino da Terra” não significa qualquer forma de certificação ambiental, nem uma garantia de que o uso que o condómino faz dos bens comuns é inteiramente compensado, ou que a sua pegada ecológica ou o seu saldo ambiental sejam positivos. A adesão voluntária aos compromissos de ser “Con-dómino da Terra”, significa tão só o reconhecimento

que o condómino faz da sua condição de dependência dos bens ambientais inevitavelmente comuns, e que ele, como todos os outros, os pode afectar de forma posi-tiva ou negativa. Significa que iniciou o seu processo de consciencialização, redução e compensação. Em função do seu comportamento poderá vir a cumprir, ou não, as suas obrigações como condómino. Um “CONDÓMINO DA TERRA”, será aquela pessoa, in-dividual ou colectiva, pública ou privada, que:

Aceita a nossa condição de todos sermos vizinhos glo-bais.

Reconhece ser dependente dos bens Atmosfe-ra, Hidrosfera, Biodiversidade e que nem ele nem nenhum cidadão ou Estado se pode excluir do seu consumo.

Reconhece que afecta estes bens de forma positiva ou negativa, tal como todos os outros cidadãos do pla-neta.

Aceita a inevitável titularidade comum destes bens e sua necessária e consequente administração comum, devido ao facto deles circularem a nível planetário, e serem juridicamente indivisíveis.

como se pode tornar um condómino

da terra?

Page 22: O condomínio da TERRA

22 _

Reconhece que os ecossistemas afectam positiva-mente estes bens e que, por isso prestam um servi-ço de interesse comum, pois os benefícios que pro-duzem não se confinam aos limites da propriedade ou das fronteiras politicas onde estão localizados.

Concorda com a necessária valoração económica dos serviços de interesse comum prestados pelos ecossistemas, como uma forma de garantir a sua pre-servação e manutenção dos serviços que prestam.

Aceita que todos os cidadãos têm direito a um uso equitativo destes bens, e que quem ultrapassar es-tes limites deve encontrar formas de compensar o seu uso excessivo.

Aceita que para lá de reduzir o uso que faz destes bens, deve cuidar de ecossistemas, plantar árvores ou contribuir para que outros condóminos o façam.

Reconhece que ao contribuir para o seu condo-mínio está a cuidar e a defender o seu próprio interesse, mesmo que o ecossistema compensado esteja fora da sua propriedade ou do seu país.

Reconhece que o seu futuro e o dos nossos des-cendentes, depende do acordo de todos sobre o uso e cuidado destes bens comuns.

Ser Condómino da Terra é aceitar que todos somos visi-tantes do Sistema Natural Terrestre e que este Direito de Visita não é um exclusivo da nossa geração.

Categorias de Condóminos:

• Pessoas colectivas – Associações cívicas (ONG’s, Fun-dações, cooperativas outras) que acreditem na inevita-bilidade da gestão comum dos bens universais indivisí-veis, que desenvolvam projectos por iniciativa própria ou estejam dispostas a compensar o uso daqueles bens.

• Estabelecimentos de Ensino - Aqueles que se com-prometam, no projecto educativo que desenvolvem, a transmitir a consciência da interdependência global de todos os povos e a necessária e consequente gestão comum dos bens planetários indivisíveis, como enqua-dramento conceptual da formação das novas gera-ções.

• Entidades Públicas – Órgãos da Administração Pública que, dentro das suas áreas de competência integrem e pratiquem os princípios da sustentabilidade e aceitem a titularidade comum dos bens planetários que estão sob a sua competência territorial.

• Empresas – Pessoas colectivas com fins lucrativos que estabeleçam um plano para atingir os objectivos de re-dução do uso das partes comuns, e que decidam com-pensar quem cuida dessas partes, através do financia-mento de projectos de conservação da biodiversidade e regulação do clima.

• Cidadãos – Aqueles que, no seu direito à utilização das partes comuns, se comprometam a prosseguir esfor-ços de redução do uso dos bens globais e que assu-mindo que os usam para além dos limites equitativos, encontram formas de os compensar de forma regular, nomeadamente plantando um mínimo de 12 árvores autóctones/nativas por ano.

• Média – Pessoas colectivas, privadas ou públicas, que tenham como objecto principal da sua actividade a co-municação social, e que se comprometam a transmitir e divulgar o conceito de pensarmos a Terra como um imenso condomínio cujas as partes comuns terão de ser cuidadas.

Page 23: O condomínio da TERRA

_ 23

Page 24: O condomínio da TERRA

2� _

Page 25: O condomínio da TERRA

_ 25

O propósito deste projecto não é ape-nas a elaboração de um conceito teórico, mas também a construção de um modelo de cuidar das partes

comuns de forma concreta e integrada. Os objectivos da UNFCCC, na Convenção Quadro das Nações Unidas So-bre Alterações Climáticas, preconizam uma “…estabilização das concentrações de gases com efeito estufa na atmosfera a um nível que impeça uma interferência antropogénica pe-rigosa com o sistema climático…”, o que passa pela con-certação de acções internacionais de redução de emissões e, em boa medida, por medidas de intervenção florestal e manutenção de ecossistemas. Por isso apresentamos o pro-grama “CRIAR BOSQUES, CONSERVAR A BIODIVERSI-DADE, 2008-2012”.

Os mecanismos do protocolo de Quioto, previstos nos MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo), além de se restringirem aos gases com efeito estufa, estão, em gran-de parte, confinados à utilização de tecnologia limpa que permita a redução das emissões e a obtenção dos corres-pondentes créditos de carbono. Ora, o que queremos ver reconhecido é que quem conserva ecossistemas que pres-tam múltiplos serviços que vão muito além da absorção de CO2, está a afectar apenas de forma positiva os bens co-muns, sem que exista uma redução de emissões. O impor-tante neste conceito é que se esteja a fazer a reciclagem e

regeneração dos bens indivisíveis, garantindo a manutenção dos ciclos vitais que sustentam a vida. Ao cuidar-se do que é comum, está-se a beneficiar todos a nível global e a assumir-se como um pequeno administrador de uma fracção do condomínio global. Os sítios, os territórios, e os projectos através dos quais se faz manutenção dos ciclos ecológicos e se fomentam de uma forma integrada todos os serviços que os ecossistemas prestam, cuidando da atmosfera, hidrosfera e biodiversidade, serão as FRACÇÕES DO CONDOMÍ-NIO DA TERRA.

A denominação de “FRACÇÃO CONDOMÍNO DA TERRA” é validada, por enquanto, pela QUERCUS, ou por entidades parceiras habilitadas para o efeito, mediante a assinatura de um protocolo que estabelece determinados direitos e obrigações para ambas as partes.

A atribuição desta denominação terá em conta as priori-dades estabelecidas, o interesse do ecossistema ou da espé-cie ou do projecto.

As “FRACÇÕES DO CONDOMÍNO DA TERRA” ar-rancam com uma totalidade de 32.573 ha, sendo a sua gran-de maioria no Brasil (31.943ha) abrangendo ecossistemas como a Floresta de Araucária e a Mata Atlântica, com uma Reserva da Biosfera reconhecida pela UNESCO. Em Portu-gal (630 ha) são constituídas pelas 11 Reservas Biológicas, e 3 Centros de Recuperação de Animais Selvagens, cuja pro-priedade ou gestão pertence à Quercus.

fracções do condomínio da terra

Page 26: O condomínio da TERRA

26 _

o condomínio da terraem Portugal

Programa “CUIDAR DAS PARTES COMUNS: Criar Bosques, Conservar a Biodiversidade”

Qual é o compromisso Quercus?

Atingir um mínimo de 1 000 000 de árvores autóctones plantadas e cuidadasConseguir o sequestro de 5 000 toneladas de CO2 ao fim de 5 anosCriar 100 novas reservas biológicas / Fracções do Condomínio da TerraGarantir capacidade para 2000 animais nos Centros de RecuperaçãoPreservar 6 espécies em extinçãoProteger 50 hectares de zonas húmidasRestaurar 10 Km de rios e ribeirasInternacionalizar o conceito de Condomínio da TerraAtingir os 30% de reciclagem de rolhas de cortiçaInternacionalizar a recolha e reciclagem de rolhas de cortiçaAtingir os 250 Condóminos da Terra que cuidem connosco das par tes comunsProduzir um documentário sobre o conceito e a aplicação do programa

••••

Desde 1985, a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, tem dedicado especial aten-ção aos temas da Conservação da Natureza e da Pre-servação da Biodiversidade, implementando diversos projectos no terreno através de meios próprios (Fundo Quercus para a Conservação da Natureza) e de parce-rias com empresas. Actualmente, a Quercus gere mais de 630 hectares de espaços naturais de que é proprietária ou gestora. Este trabalho aliado a uma acção transversal nas mais diversas áreas no domínio do ambiente valeram em 1992, o Prémio Global 500 das Nações Unidas e o título de membro honorário da Ordem do Infante D. Henrique.

São aqui enumerados e definidos os grandes objec-tivos que a Associação se propõe atingir nos próximos 5 anos, onde a afectação de recursos obtidos terá como destino projectos de investimento e de gestão de ac-ções de adensamento e florestação, com conservação e plantio de espécies autóctones, conservação de habitats diversos e recuperação de flora e fauna ameaçadas.De salientar que a Quercus decidiu associar-se ao com-promisso “Countdown 2010 – Travar a Perda de Biodi-versidade na Europa” e à iniciativa «Business and Biodi-versity» (B&B) apoiada pela presidência portuguesa da União Europeia.

Page 27: O condomínio da TERRA

_ 2�

Page 28: O condomínio da TERRA

28 _

Acções a desenvolver

Efectuar acções de florestação e de conservação de bosques

Nestes projectos serão utilizadas espécies de ár-vores e arbustos autóctones com vista à valorização das nossas espécies e à conservação/recuperação da biodiversidade. De facto, estas espécies, estão natu-ralmente adaptadas às nossas condições climáticas e à nossa fauna e flora. Por isso são também mais resis-tentes ao fogo, evitando assim que o CO2 absorvido seja de novo lançado à atmosfera. As intervenções terão lugar em todo o país, nomeadamente na Serra de Monchique, Serras do Sudoeste Alentejano, Serra de Sintra, Serra da Estrela, Serra do Caramulo e Serra do Gerês, entre outros locais.

As acções incluem também a aquisição e gestão de bosques já desenvolvidos, com características mais próximas das naturais e que hoje se encontram ape-nas em poucas localizações mas que possuem um grande valor conservacionista. Exemplos de tipos de bosques a intervir incluem carvalhais de carvalho ro-ble Quercus robur, de carvalho-negral Quercus pyre-naica, de carvalho-cerquinho Quercus faginea, carva-lhais mistos, de sobreirais Quercus suber e azinhais de Quercus rotundifolia, bosques reliquiais de carvalho-de-Monchique, Quercus canariensis, bosquetes de lou-reiro Laurus nobilis, bosques paludosos ou aluvionares com amieiro Alnus glutinosa e outras espécies rípico-las, bosques de Teixo Taxus baccata e azevinho Ilex aquifolium, entre outros.

Criar uma rede de espaços protegidos – reservas biológicas para proteger a flora e fauna em perigo de extinção

Em muitos locais subsistem amostras reliquiais de antigos ecossistemas ou habitats que, apesar da sua origem antrópica, possuem grande biodiversidade.

Outros pontos, de não menos importância, são repo-sitórios de espécies raras e/ou endémicas e também necessitam de protecção. O objectivo da Quercus é intervir directamente na conservação da flora em pe-rigo de extinção e nos habitats que lhes estão asso-ciados, ampliando a rede de reservas biológicas que actualmente gere. Também é nosso propósito, tendo como base essas mesmas reservas, executar acções de conservação de espécies da fauna em perigo. Des-taque também para o projecto de conservação da gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), espécie que está em perigo de extinção. Nestes es-paços terão também lugar a investigação, a experi-mentação e a aplicação de medidas de conservação in situ e acções de educação ambiental.

Reforçar a capacidade de resposta dos três Centros de Recuperação de Animais Selvagens

Os três centros de recuperação geridos pela Quercus têm como missão a recepção de animais selvagens debilitados, sua recuperação e devolução ao meio natural. A recuperação dos animais tem como finalidade última contribuir para a Conserva-ção da Natureza, sendo dada prioridade a animais de espécies ameaçadas. Desta forma os centros constituem também uma fonte impor tante de in-formação permanente sobre os factores de ameaça às populações de fauna. São três os centros que a associação gere neste momento: Centro de Recupe-ração de Animais Selvagens de Santo André (CRAS-SA), de Castelo Branco (CERAS) e de Montejunto (CRASM). Desde o início da sua actividade deram entrada nestes centros mais de 2700 animais com uma taxa de recuperação global à volta dos 40%. Os

Page 29: O condomínio da TERRA

_ 29

Centros possuem diversas infra-estruturas nomea-damente enfermarias, áreas de quarentena, câmaras de muda, túneis de voo e biotério. As equipas de trabalho incluem um médico veterinário especiali-zado, tratadores, estagiários incluídos em diversos programas bem como um conjunto de voluntários que apoiam as diversas tarefas necessárias à sua ma-nutenção.

Promover projectos de intervenção com vista à preservação de zonas húmidas

As zonas húmidas incluem-se entre os ecossistemas mais atingidos pela acção humana, prevendo-se que venham a ser muito afectados pelas alterações climá-ticas. Com a sua degradação são também afectadas as comunidades biológicas aí existentes ao ponto de algumas espécies poderem desaparecer, por consti-tuírem endemismos localizados em algumas bacias hidrográficas de pequena dimensão.

De norte a sul do País existem áreas com diferen-tes características que têm sido drenadas, poluídas e sujeitas a pisoteio e nitrificação pelo gado. Nes-te caso, a nossa intervenção será dirigida à gestão e

recuperação de diversas zonas húmidas classificadas como charcas temporárias mediterrânicas, nomea-damente as que se situam no Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, à intervenção na recuperação de áreas de paul, nomeadamente no Vale do Tejo e na Ria de Aveiro, e ainda à intervenção na preservação e recuperação de várias turfeiras, as quais estão pre-sentes especialmente nas montanhas do nor te e cen-tro do País. A este projecto estarão também associa-dos planos de conservação da garça-vermelha (Ardea purpurea), da garça-nocturna (Nycticorax nycticorax) e do cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis).

Outra prioridade serão os rios e ribeiras, que é reconhecido atingiram em muitos troços um elevado estado de degradação, afectando muitos dos peixes de água doce endémicos e vários outros organismos aquáticos, entre os quais plantas aquáticas, bivalves de água doce e outros inver tebrados, que se en-contram criticamente ameaçados de extinção, como são os casos prioritários dos rios Alcabrichel e Si-zandro (protecção da Boga-do-Oeste Achondrostoma occidentale) e das Ribeiras de Colares e de Oeiras (protecção da Boga-portuguesa Iberochondrostoma lusitanicum).

Page 30: O condomínio da TERRA

30 _

Programa de Reciclagem de Rolhas de Cortiça – GREEN CORK

Assiste-se, actualmente, a uma grande pressão sobre as rolhas de cortiça, produto vital na cadeia de valor acres-centado que beneficia as comunidades rurais e que ga-rante igualmente a sustentabilidade económica de todas as aplicações de cortiça. Esta pressão provém de produtos alternativos (vedantes sintéticos e cápsulas de alumínio), que são derivados do petróleo e do alumínio, indústrias ambientalmente nocivas.

Há, pois, que defender a rolha de cortiça como produto que garantiu e deverá continuar a garantir a manutenção do montado de sobreiros, um dos ecossistemas mais ri-cos em biodiversidade do continente europeu e que se estima absorver, por ano, 4,8 milhões de toneladas de CO2, um dos principais gases causadores do efeito estufa e do consequente aquecimento global. Como a cortiça é a própria casca da árvore, também retém CO2 e ao ser reciclada, evitam-se emissões deste gás para a atmosfera, contrariamente ao que acontece quando se decompõe ou é incinerada.

O GREEN CORK é um Programa de Reciclagem de Rolhas de Cortiça desenvolvido pela Quercus, em parceria com a Corticeira Amorim, a Modelo/Continente e a Bio-

logical. Tem como objectivo não só a transformação das rolhas usadas noutros produtos, mas, também, com o seu esforço de reciclagem, permitir o financiamento de parte do Programa “CRIAR BOSQUES, CONSERVAR A BIO-DIVERSIDADE”, que utilizará exclusivamente árvores que constituem a nossa floresta autóctone, entre os quais o Sobreiro, Quercus suber.

O projecto foi construído tendo por base a utilização de circuitos de distribuição já existentes, o que permite obter-mos um sistema de recolha sem custos adicionais, que pos-sibilita que todas as verbas sejam destinadas à plantação de árvores. Tudo isto sem aumentar as emissões de CO2!

As rolhas de cortiça recicladas nunca são utilizadas para produzir novas rolhas, mas têm muitas outras aplicações, que vão desde a indústria automóvel, à construção civil ou aeroespacial.

A internacionalização do projecto está já a ser negocia-da. Em breve, as rolhas usadas de outros países europeus começarão a ser recicladas em Portugal, dentro de um es-quema montado a partir daqui, resultando num contributo adicional para o esforço de reflorestações e conservação de florestas autóctones portuguesas. Este exemplo único de exploração de uma floresta autóctone, que conseguiu ao longo dos tempos conciliar criação de riqueza, serviço ambiental e impacto social positivo, irá agora completar este ciclo, renovando a própria floresta que esteve na sua

Page 31: O condomínio da TERRA

_ 31

origem.

Page 32: O condomínio da TERRA

32 _

PARQUES URBANOS

Estima-se que em 2008, metade da população mundial viva em zonas urbanas. Sem um trabalho sério na área dos parques urbanos, grandes franjas da população não terão nunca acesso à educação ambiental ou ao contacto com a natureza e biodiversidade. Portanto, e porque também são determinantes para qualidade de vida nas cidades e estão a afectar de forma positiva os bens comuns, os Parques Urba-nos são importantes Fracções do Condomínio da Terra.

Rede de Parques Municipais de Gaia

Parque Biológico de GaiaFoi o primeiro centro permanente de Educação Ambien-

tal do país e, consiste numa área agro-florestal de 35 ha, onde foi preservada a paisagem anteriormente existente na região, em contrataste com a área envolvente do perímetro urbano. O parque é também uma pequena reserva natural de fauna e flora, onde vivem mais de 270 espécies de ani-mais em estado selvagem e mais de 330 espécies de plantas. Integram ainda o Parque um centro de recuperação de ani-mais selvagens e um viveiro.

Parque de Dunas da AgudaConsiste em dois terrenos com cerca de 2 ha que se

situam lado a lado na Aguda, e que têm como objectivo a protecção do ecossistema dunar. Vedando, cuidando e recorrendo a paliçadas a duna estabilizou e ressurgiu um Jardim Botânico de flora dunar.

Parque da LavandeiraDepois do abandono de uma antiga propriedade agrícola,

e surgimento de vegetação espontânea. Uma posterior in-tervenção deu origem à instalação de jardins temáticos e a este parque urbano de 11ha.

Refúgio Ornitológico do Estuário do DouroA parte final do Estuário do Douro, nomeadamente a

zona que resta do sapal e a área de areias intertidais, apre-senta condições favoráveis para o abrigo e nidificação de

muitas aves, algumas de conservação prioritária. É uma pe-quena área de 12 ha na fronteira de duas grandes cidades.

Parques da Maia

Parque de AviosoLocaliza-se na zona Norte do Concelho da Maia, na Fre-

guesia de S. Pedro de Avioso, e desenvolve-se em cerca de 35 hectares de terreno, integrado numa mancha florestal de significativa dimensão, em que se mantiveram as tipologias de paisagem existentes e houve uma estratégia de valoriza-ção paisagística e ambiental do Rio Leça e dos seus afluentes – Ribeira do Arquinho e Ribeira de Avioso, associada à cria-ção de um espaço de fruição e lazer activo, dinamizado por acções de educação para o desenvolvimento sustentável.

Quinta da GrutaCom uma área total de 5 hectares, dispõe desde 2007 de

mais um edifício destinado a uma Escola de Educação Am-biental, onde se recriam actividades tradicionais de quinta, incluindo práticas agrícolas e pecuárias, que se desenvolvem em amplos espaços organizados em talhões de terreno para cultivo, bem como experiências demonstrativas dos princi-pais problemas ambientais da actualidade com recurso a laboratórios devidamente equipados.

Parque Urbano de MoutidosO Parque Urbano de Moutidos está inserido numa zona

habitacional na Freguesia Águas Santas, uma das mais urbani-zadas do Concelho, ocupa cerca de 4 hectares, dispõe de di-versas áreas de lazer adaptadas às características intrínsecas do terreno, com forte relevo e declives acentuados, levando ao desfrute de uma ampla área de espaços verdes distri-buída por diferentes níveis e tipos de flora, nomeadamente amplos relvados multifuncionais, espaços de jogo e recreio, lago e um pequeno bosque pré-existente.

A AGRICULTURA BIOLÓGICA

O termo agricultura ecológica, orgânica ou biológica, define um sistema agrícola cujo objectivo fundamental é a obten-

Page 33: O condomínio da TERRA

_ 33

Page 34: O condomínio da TERRA

3� _

Page 35: O condomínio da TERRA

_ 35

ção de alimentos respeitando o ambiente e conservando a fertilidade da terra. Assim, mediante a utilização óptima dos recursos e sem empregar produtos químicos de síntese, obtêm-se produtos de de altíssima qualidade e garante-se a manutenção dos bens comuns e a sustentabilidade dos ecossistemas.

A Herdade do Freixo do MeioÉ uma propriedade com cerca de 1900 ha quase toda

ocupada por montado de sobro e azinho onde se faz uma exploração agro-silvo-pastoril sustentável, com base no Modo de Produção Biológico. É feita também a transfor-mação da carne e vegetais produzidos na herdade além da exploração, de forma multifuncional, de outras verten-tes deste sistema - a cortiça, madeira, azeitona, azeite, lãs, ovelhas, cabras, vacas, porcos e perus, 4ª gama de vegetais, todos os cortes, transformados e fumados de carne, mas-sa de pimentão, pinhões, medronhos, cogumelos, espargos, etc. bem como uma série de serviços, visitas e workshops dedicados às actividades rurais, sustentabilidade e biodi-versidade.

Todas estas actividades possibilitam uma exploração multifuncional do montado e com carácter extensivo, como é desejável para a sua correcta manutenção e ges-tão, favorecendo assim a elevada biodiversidade típica des-te sistema bem como a manutenção da estrutura social a ela associada num território com solo e clima adversos.

Existem outros habitats de interesse na herdade como o Carvalhal da Barranca da Loba - um cercal reliquial de Quercus faginea subsp. broteroi, que se encontra em óp-timas condições de conservação, em estado climácico e onde marcam presença a rosa-albardeira e algumas espé-cies de orquídeas; existe ainda toda a galeria ripícola do rio Almansor, numa extensão de 6,3 quilómetros, delimitando todo o sul da herdade e que se encontra em óptimas condições de conservação, bem como zonas rochosas de matos densos, zonas abertas de prados de corte, áreas extensas de montado, num mosaico de habitats típico do montado e extremamente propiciadores da biodiversida-de. Desta forma marcam presença, na herdade algumas espécies com estatuto de conservação de Vulnerável,

como o alcaravão e o cuco-rabilongo, com estatuto de Criticamente em Perigo como é o caso do rolieiro, para além de outras espécies com elevado interesse.

INVESTIGAÇÃO

A inclusão de projectos como FRACÇÕES DO CONDOMÍNIO DA TERRA, nos quais se incluem os projectos de investigação, tem como fundamento no facto de alguma investigação científica se traduzir numa melhoria da adaptação das sociedades humanas às cir-cunstâncias impostas pelo meio, através de uma redu-ção do uso que se faz dos bens comuns, ou, por outro lado, cuidando da atmosfera, da hidrosfera e da biodi-versidade. Neste sentido, os projectos que promovam esta necessária adaptação, como é o caso do Programa Nacional de Eco-Sustentabilidade da responsabilidade da Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro, po-derão ser integrados neste conceito.

Projecto Nacional de Eco-sustentabilidadeTrata-se de um projecto em consórcio público-pri-

vado destinado a constituir uma plataforma científica nacional, com ancoragem a prestigiadas instituições de investigação internacionais, com know-how na área da eco-sustentabilidade e designadamente no sequestro de carbono e produção de energia a partir de biomas-sa existente ou a produzir. A massa crítica do consór-cio, bem como outra que seja considerada relevante para o desenvolvimento de investigação nesta matéria, tem por objectivo identificar o desempenho dos vários ecossistemas naturais e cultivados quer na fixação de CO2 quer na emissão de oxigénio no sentido de valo-rizar o papel dos ecossistemas para a sustentabilidade do planeta. Simultaneamente, procuram-se identificar sistemas de produção de biomassa de alto rendimento a par de sistemas de conversão em outras formas de energia, também de elevada eficiência. A investigação, para além de ter por objecto sistemas terrestres, cen-tra-se igualmente no biosistema marinho e no seu po-tencial em termos de produção de energia.

Page 36: O condomínio da TERRA

36 _

EDUCAR PARA O COMUM

O desafio de organizar a nossa vizinhança global impli-ca um processo gradual de interiorização da existência de uma interdependência global de todos os povos. A acei-tação de que a nossa “Casa Comum” tem partes indivisí-veis, das quais todos somos funcionalmente dependentes e que requerem uma administração comum, pressupõe a radicalidade e a amplitude de uma reforma paradigmática. “Trata-se num sentido do que há de mais simples, de mais elementar, de mais “infantil”: mudar as bases de partida de um raciocínio, (…) Mas nada é mais difícil do que modificar o conceito angular, a ideia maciça e elementar que suporta todo o edifício intelectual”1.

A nossa super-estrutura de pensamento foi baseada numa lógica de separação/disjunção, do “meu e do teu”, e agora estamos confrontados com a inevitabilidade de termos de prosseguir interesses comuns, imposta pela dependência dos serviços vitais da biosfera. Como afirma HERNÁNDEZ2 “não há crise alguma no funcionamento dos sistemas naturais, não falha nenhum dos mecanismos ecológicos de base”, e portanto a origem dos problemas há que buscá-la na deficiente adaptação das sociedades hu-manas às circunstâncias que impõem o meio em que se encontram”.

Se o problema ambiental não é um problema do am-biente, mas sim um problema de adaptação dos seres hu-manos ao planeta em que vivem, isto pressupõe um novo relacionamento entre as comunidades humanas com vista à gestão do seu planeta comum. O problema ambiental, será portanto, na sua génese um problema de relações hu-manas.

Este trabalho difícil de modificar conceitos, opera-se com maiores probabilidades de lograr resultados positivos, quando se trabalha com as novas gerações. Educar para o ambiente será educar para a interdependência, para as rela-ções humanas planetárias, para a vizinhança global. É educar para o comum, é educar para partilhar atmosfera, hidrosfe-ra e biodiversidade de forma equitativa. Esta é a mensagem central do projecto de educação de viver em forma de condomínio no nosso planeta, que pretendemos iniciar.

A Árvore e o Ser Humano

O projecto que a Escola Artística e Profissional “ÁRVORE” está a desenvolver no âmbito do projecto Comenius com várias instituições de ensino portugue-sas e estrangeiras (Itália, Espanha, Holanda, Finlândia, Bulgária e Polónia) tem por finalidade sensibilizar os jovens para a responsabilidade individual e colectiva na gestão dos bens comuns da humanidade (o ar e a água), a par tir do papel que as árvores desempenham nesse processo. A Árvore é um tema vastíssimo, que permite uma abordagem diversificada, quer em ter-mos materiais quer formais, pelo que cada escola irá desenvolver o tema, numa aproximação à sua especi-ficidade formativa, numa metodologia projectual em que cada escola escolhe o ramo da árvore a desen-volver.

Em comum, o projecto apresenta-nos um conjunto de valores a ser defendidos e uma atitude de compromisso e empenhamento na defesa do Planeta Terra.

Globalmente, o projecto irá promover :- a identificação das árvores autóctones; - um banco de imagens e de dados, em torno das

expressões ar tísticas e poéticas sobre as árvores; - trabalhos de design em torno de materiais suce-

dâneos das árvores e da reciclagem desses materiais;- a defesa das florestas através da plantação de ár-

vores autóctones;- a introdução de árvores no planeamento urbano;- o debate sobre o ambiente;- a criação de “condomínios da Terra”

1 MORIN, Edgar (2001- 3ªed) – Introdução ao Pensamento Complexo, Lisboa Inst. Piaget, p. 82

2 No mesmo sentido - CORRALIZA (1997) “ ésta es una expresión infeliz, ya que más bien

se trata de problemas-de-la-humanidad”

Page 37: O condomínio da TERRA

_ 3�

Page 38: O condomínio da TERRA

38 _

Page 39: O condomínio da TERRA

_ 39

o condomínio da terrano Brasil

O Brasil e outros 16 países reúnem cerca de 70% das espécies animais e vegetais do planeta, o que lhes confe-re o título de países megabiodiversos. Entre eles, o Brasil é o que possui maior diversidade biológica, com cerca de 20% de toda a biodiversidade mundial, e com as maiores manchas florestais do mundo.

Portanto, o Brasil é um país fundamental no futuro ambiental do planeta. É aqui que muitos dos serviços positivos vitais que os ecossistemas prestam tomam di-mensões decisivas.

Os laços históricos permitiram que o projecto surgisse em simultâneo em Portugal e no Brasil, onde as entida-des que agora se apresentam, surgem como pioneiras da divulgação do conceito neste país, trazendo consigo para o projecto, importantes “Fracções do Condomínio da Terra” de que todos beneficiamos globalmente.

Universidade do Estado da Bahia e SEMARH

A Universidade do Estado da Bahia - UNEB, com-posta por vinte e quatro Campus, distribuídos por todas as regiões do Estado da Bahia é um local potencial para uma acção integrada e multidisciplinar em relação às questões que envolvem o Planeta Terra. É nesse con-texto que a UNEB, compromete-se, através da criação do Centro de Pesquisa em Ecologia e Conservação da

Natureza / Condomínio da Terra - CASULO, sediado no Campus VIII – Paulo Afonso, que tem como objectivo principal, além de implementar os princípios do Condo-mínio da Terra, promover acções académico-científicas no campo da Ecologia e da Conservação da Natureza, e educação ambiental, de modo a contribuir de modo efectivo, para as evoluções que o desafio ambiental sus-cita. Por isso estamos a propor como espaço inicial para integrar as Fracções do Condomínio da Terra o Parque Urbano de Pituaçu, em Salvador – Bahia, que é já hoje um espaço sob a nossa gestão. Contamos que num futu-ro próximo se venha a alargar a outras áreas, em colabo-ração com a SEMARH.

Parque de Pituaçu em Salvador- Bahia

O Parque de Pituaçu ocupa uma área de 450 hectares e é considerado um dos raros parques ecológicos bra-sileiros situados em área urbana. Possui um cinturão de mata Atlântica com grande diversidade de fauna e flora (grande variedade de árvores frutíferas, como manguei-ras, cajueiros, coqueiros e goiabeiras).

A SEMARH após ter tomado conhecimento do pro-jeto Condomínio da Terra, o Sistema da Secretaria Esta-dual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (SEMARH), composto pela Superintendência

Page 40: O condomínio da TERRA

�0 _

de Biodiversidade, Florestas e Unidades de Conservação (SFC), Superintendência de Recursos Hídricos (SRH), Su-perintendência de Políticas para o Desenvolvimento Sus-tentável (SDS), Centro de Recursos Ambientais (CRA), e Companhia de Engenharia Rural da Bahia (CERB), irá apoiar as acções dessa importante iniciativa no Brasil, particularmente na Bahia, nas questões que dizem res-peito à proteção e conservação da sócio-biodiversidade brasileira.

Existem duas grandes acções estruturais do Sistema SEMARH que se relacionam directamente com a pro-posta do Condomínio: nossa participação no Fórum Baiano de Mudanças Climáticas e o Programa Floresta Bahia Global, que está a apoiar actividades de restaura-ção florestal nos biomas e ecossistemas baianos, custea-das pela venda de créditos de carbono.

Propomos como espaços iniciais para integrar o Pro-jecto Condomínio da Terra o Parque Serra do Conduru e a Estação Ecológica Wenceslau, importantes Unidades de Protecção Integral da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. A partir desses dois pólos, objectivamos es-tender essa proposta para todas as Unidades de Con-servação e outros espaços que estejam prestando rele-vantes serviços ambientais para o Planeta. Estas acções estarão intimamente relacionadas aos trabalhos a serem desenvolvidos dentro do Projecto pela Universidade do

Estado da Bahia (UNEB), importante instituição de ensi-no, pesquisa e extensão da Bahia.

Parque Serra Do Conduru – Parque Estadual

O Parque possui uma área de 9.275 ha, e é caracterizado pela ocorrência da Floresta Ombrófila Densa, dentro do bioma Mata Atlântica. Possui um alto potencial para a conservação da biodiversidade e altíssima diversidade biológica, com cerca de 458 espécies diferentes de árvores por hectare. Este é um dos índices mais elevados do mundo em níveis de endemismos, e representa um dos mais importantes blocos de remanescentes florestais de Mata Atlântica da Costa Nordestina.

Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães

A Estação Ecológica é uma categoria de Unidade de Conservação que privilegia o desenvolvimento da pes-quisa científica, garantindo que o “testemunho” do ecos-sistema protegido seja melhor conhecido, podendo fu-turamente servir de banco genético. Com uma área de 2.418 ha, a criação desta Estação Ecológica considerou a enorme diversidade biológica da área da Reserva Flores-tal de Wenceslau Guimarães, o elevado número de es-

Page 41: O condomínio da TERRA

_ �1

Page 42: O condomínio da TERRA

�2 _

pécies endémicas e a ocorrência de espécies ameaçadas de extinção nos diversos grupos estudados. Esta reserva encontra-se no núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida pela UNESCO.

SPVS protege áreas naturais no Sul do Brasil

A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – é uma ONG fundada em 1984, na cidade de Curitiba, capital do Estado do Paraná. As acções da SPVS estão hoje essencialmente dirigidas às áreas de Floresta com Araucária, e de Floresta Atlântica, com atenção espe-cial à região de Guaraqueçaba, no litoral do mesmo Estado numa área que está inserida no maior bloco remanescente da Floresta Atlântica brasileira.

A Floresta com Araucária (Floresta Ombrófila Mista), por exemplo, não é encontrada em nenhuma outra re-gião do Planeta, surgiu há mais de 250 milhões de anos e encontra-se extremamente ameaçada. Dos mais de 8 mi-lhões de hectares que originalmente cobriam dois terços do território do Estado, estima-se que existam hoje menos de 40 mil hectares (menos de 0,5%). Para ajudar a prote-ger essas poucas áreas remanescentes, a SPVS desenvol-ve desde 2003 o Programa de Adopção de Floresta com Araucária. Trata-se de uma iniciativa que ajuda a proteger quase 800 hectares de áreas em bom estado de conser-vação com empresas que reconhecem a importância de sua protecção.

Noutra área do Estado do Paraná, na região de Guara-queçaba existe o maior bloco remanescente de Floresta Atlântica (Floresta Ombrófila Densa). – É aqui SPVS man-tém 19 mil hectares de reservas próprias para protecção da Floresta Atlântica (restam hoje menos de 100 mil km2 espalhados em fragmentos, fazendo estas reservas parte da maior área continua remanescente). A instituição conse-guiu apoio financeiro para a implementação de 3 projectos de longo prazo, que incluem a aquisição de áreas degrada-das para o desenvolvimento de projectos de restauração florestal (reflorestamento com plantio de árvores nativas) e buscam, junto das comunidades locais, alternativas de rendimento compatíveis com a conservação.

Os projectos da SPVS têm, ainda, a intenção de gerar outro benefício de interesse de todos, em todo o Pla-neta: ajudar a combater o fenómeno do aquecimento global.

Reunindo dois assuntos tão actuais (conservação de áreas naturais para manutenção da biodiversidade e combate ao aquecimento global) a SPVS, tem consci-ência que afecta de forma positiva os bens ambientais de que todos dependem e usufruem, integrando assim seus esforços em um conceito de condomínio global – o Condomínio da Terra.

Cidade de Curitiba – BIOCIDADE - Programa de Biodiversidade Urbana

A Prefeitura de Curitiba desenvolve desde a déca-da de 70 uma politica de Meio Ambiente inovadora que permitiu, entre outros factores, chegar aos dias de hoje com 51,2 m2 de área verde/habitante. Para atingir as Metas de Desenvolvimento do Milénio, tri-lhando os caminhos da sustentabilidade, concebeu o Programa BIOCIDADE, que visa quebrar a voracida-de com que as cidades se desenvolvem atingindo as áreas naturais, destruindo ecossistemas e nichos de vida, levando-os muitas vezes aos limites da extinção. A evolução do triângulo de desenvolvimento urba-no concebido para a cidade – Planeamento Urbano, Transporte e Meio Ambiente - possui a sua mate-rialização nos índices de desenvolvimento humano e de qualidade de vida apresentados pela cidade, que levou a UNESCO a considerá-la a cidade mais sus-tentável do planeta.

O programa BIOCIDADE realiza-se através seguin-tes projectos e acções: Plantas Nativas Ornamentais / Unidades de Conservação / Preservação dos Recur-sos Hídricos / Arborização Viária / Qualidade do ar – Mobilidade e Transporte.

Por tudo isto, o projecto BIOCIDADE, é também um projecto, onde se cuida de par tes comuns, cons-tituindo por isso, uma Fracção do Condomínio da Terra.

Page 43: O condomínio da TERRA

_ �3

Page 44: O condomínio da TERRA

�� _

parceiros

UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Pantone 021 Pantone Black

Page 45: O condomínio da TERRA
Page 46: O condomínio da TERRA

�6 _

Contactos eInformações

Condomínio da Terra em Portugal

Rua João Maia, 5404475-643 Avioso - Maia

E-mail: [email protected]ítio: www.earth-condominium.com

Condomínio da Terra no Brasil

CASULO/Condomínio da Terra - Centro de Pesquisa em Ecologia e Conservação da Natureza da Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Departamento de Educação - DEDC - Campus VIII - Paulo AfonsoRua de Gangorra, s/n

CEP �8.600-00Paulo Afonso - Bahia

Page 47: O condomínio da TERRA

ficha técnicaFotos e texto Condomínio da Terra - Paulo MagalhãesFotos capa e página 8 - NASA Texto Condomínio da Terra em Portugal - José Paulo MartinsTexto Condomínio da Terra Brasil - Vários AutoresFotos Brasil - Paulo Hoffmann e Divulgação SPVSDesign - Paulo Lucas

Page 48: O condomínio da TERRA