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O corredor Ecológico Informativo semestral do Projeto Microcorredores e da ONG Curicaca - Setembro de 2007 - Número 001 - Ano 1 Essa foi a conclusão da audiência pública realizada no final de junho deste ano e da subseqüente reunião do Conselho do Parque, no dia 08 de agosto, após três anos de paralisação. Nesse primeiro encontro do Conselho, tratou-se de assuntos pendentes há muito tempo, como a publicação do Plano de Manejo da Unidade de Conservação (UC) e o pagamento de indenizações aos antigos proprietários da área. Também foi marcada uma nova reunião para dar continuidade aos trabalhos. Já na audiência, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA) havia demonstrado grande determinação para agilizar a implantação do Parque, apresentado à comunidade local o Plano de Manejo. Também a Prefeitura de Torres havia expressado sua preocupação com o bom funcionamento da UC, ao ressaltar que a discussão acerca da sua existência era “coisa do passado”. Isso representou uma boa notícia para a Curicaca, que desde 2004 vinha fazendo diversos pedidos para que o Conselho fosse reativado. “Até este ano, nenhuma das nossas demandas tinha sido atendida”, afirma Mateus Reck, coordenador geral da ONG. Presente nos dois momentos, a Curicaca propôs uma agenda positiva para lidar com as dificuldades em relação ao Parque, defendendo a publicação imediata do Plano de Manejo, o pagamento das indenizações, a melhoria nas condições de funcionamento do local e a definição e regulamentação das atividades permitidas na Zona de Amortecimento. Frente à necessidade de reconfiguração do Conselho, admitida pelo mesmo, a ONG sugeriu uma metodologia que garanta um equilíbrio entre governo e sociedade e a representatividade apenas dos setores realmente envolvidos com o Parque. O coordenador técnico da ONG, Alexandre Krob, que participa dos assuntos relativos à UC desde a sua criação, em 2002, está otimista. “Num primeiro momento, houve uma resistência muito grande ao Parque, que foi diminuindo. Hoje, se vê que a comunidade está percebendo os benefícios sociais e econômicos sustentáveis que a Unidade trará ao município e ao Rio Grande do Sul, além da conservação da natureza maravilhosa de Torres”, anima-se. Ele conta que o mesmo aconteceu há dez anos com o Parque Nacional de Aparados da Serra (Itaimbezinho), em Cambará do Sul, onde a ONG realizou um trabalho semelhante ao que vem fazendo em Itapeva. “Hoje a economia de Cambará é dominada por iniciativas em ecoturismo, e a conservação da natureza passou a ser um elemento chave para o desenvolvimento econômico sustentável da região. Os únicos setores de Torres que ainda estão descontentes com o Parque de Itapeva são o da especulação imobiliária e o da construção civil, que preferiria substituí- lo por uma estrada, loteamentos e condomínios, privatizando para poucos privilegiados o direito de uma ambiente saudável, que é de todos os torrenses e gaúchos”, comenta Krob. De acordo com a SEMA, três indenizações já estão a caminho. Reck se diz muito contente com as perspectivas: “Estaremos inteiramente à disposição para ajudar a Secretaria, a Prefeitura e a comunidade local na aceleração do pagamento aos proprietários. Não há nada mais justo após a criação de um Parque. Há dois anos, conseguimos mobilizar 1,3 milhões de reais das medidas compensatórias da BR-101 para ajudar nas indenizações. Nós não sabemos exatamente porque o dinheiro ainda não foi aplicado, mas estamos dispostos a ir novamente atrás dele”, Implantação dos Microcorredores Ecológicos está em curso Parque de Itapeva finalmente será efetivado Após terem sido definidos, em dezembro de 2006, os Microcorredores Ecológicos de Itapeva começam a ser implantados através de uma série de iniciativas. Entre elas, está a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em Dom Pedro de Alcântara ( confira detalhes na entrevista com o Prof, Baptista, na página 3), a educação ambiental com escolas municipais, a capacitação de agentes municipais, da EMATER e do Comando Ambiental da Brigada Militar para atuarem no processo e o desenho de um roteiro de turismo ecológico e cultural nos Corredores. Espaços prioritários e estratégicos para a promoção do ecodesenvolvimento, da valorização cultural e da conservação da biodiversidade, os Microcorredores são caminhos que conectam Unidades de Conservação (UC) e áreas naturais, proporcionando qualidade de vida para os que ali vivem e despertando o interesse dos que lá visitam. “Existem lugares com importância biológica e cultural que demandam um cuidado especial. A UNESCO, por exemplo, reconhece os lugares mais importantes do Planeta como patrimônio da humanidade, devido ao seu valor biológico e cultural e ao seu significado para a existência de todos os seres vivos”, explica Alexandre Krob, coordenador técnico da ONG Curicaca. Localizada no Litoral Norte, a região de Itapeva é o portal de entrada para a Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, possuindo áreas naturais e processos culturais de grande importância. Algumas dessas áreas estão protegidas ou tombadas. “Mas só isso não bastaria”, afirma Krob. “Os Parques e as Reservas não são viáveis se estiverem isolados e se o seu funcionamento não estiver vinculado ao que acontece no ambiente e na sociedade do seu entorno. A função dessas áreas precisa ser complexa, contribuindo tanto para a conservação da riqueza biológica, como para a valorização da personalidade cultural da região e para a promoção e o fortalecimento de economias sustentáveis para as comunidades locais. Para isso servem os Microcorredores Ecológicos, que nós definimos em parceria com os governos estadual e municipal e com técnicos de Organizações Não Governamentais”. A ONG Curicaca e seus parceiros têm buscado fortalecer o significado complexo das UC da Mata Atlântica, priorizando, nos últimos anos, o Parque Estadual de Itapeva e sua relação com a cultura da região e com outras áreas naturais, como o Parque Natural Municipal Tupancy, as Lagoas de Itapeva, do Morro do Forno e do Jacaré, a Serra do Silverão, os Parques Nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral. “Precisaríamos que as políticas e ações públicas fossem capazes de promover relações positivas entre os seres humanos e o ambiente em todas as áreas. Infelizmente, há uma incapacidade crônica para isso”, comenta Krob. “Nós não podemos desistir de reivindicar mais recursos e prioridades para o ecodesenvolvimento e a conservação da biodiversidade. Ao mesmo tempo, queremos adotar uma estratégia para sermos mais eficazes em nossa atuação. Há mais de 10 anos, a ONG Curicaca decidiu que se focaria no entorno das UC e dos Corredores Ecológicos da Mata Atlântica, os tendo como áreas prioritárias onde as mudanças positivas pudessem servir de exemplo para outros locais, e já contabilizamos resultados positivos do nosso trabalho”, diz. Viabilizado através de um financiamento do Ministério do Meio Ambiente (PDA Mata Atlântica), o Projeto dos Microcorredores já passou por duas etapas. Na primeira, uma equipe de técnicos da Curicaca, do Centro de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (IPHAE) construiu a base necessária para o desenho dos Microcorredores. Foram feitas análises de oportunidades e ameaças ao trânsito de espécies, a partir de imagens obtidas por satélite, além de um diagnóstico de campo que incluiu aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais. A partir daí, se identificaram aqueles que poderiam ser os melhores caminhos para interconectar as áreas naturais mais importantes, incorporando também os valores culturais. Depois disso, foi realizada uma oficina de planejamento em Torres, na qual a proposta técnica surgida na primeira fase foi discutida e aprimorada com outros técnicos de instituições do Governo e da sociedade civil com atuação municipal, estadual e federal. Os resultados disso foram apresentados às administrações municipais e ao Governo Estadual, o que possibilitou o início da implantação dos Microcorredores Ecológicos. “Trata-se de uma estratégia de médio e longo prazo, que só terá êxito se for gradativamente incluída na agenda das escolas, organizações sociais, prefeituras e moradores da região da Mata Atlântica. Basta valorizar e integrar as boas iniciativas existentes, fortalecer a cooperação institucional e ter coragem de inovar”, observa Krob. Estratégias de médio e longo prazo dão continuidade ao Projeto dos Microcorredores CLAUDIO FACHEL Na página 2: Saiba o que é uma Ação Cultural de Criação

O Corredor Ecológico nº 1

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Lançado em setembro de 2007, "O Corredor Ecológico" é o jornal publicado pelo Instituto Curicaca, com distribuição gratuita dirigida nos municípios de Torres, Arroio do Sal, Dom Pedro de Alcântara, Mampituba, Morrinhos do Sul, Três Cachoeiras, Porto Alegre e Região Metropolitana. Nas suas páginas, encontram-se reportagens sobre Unidades de Conservação e desenvolvimento sustentável, sobre a atuação do Curicaca e de outras instituições em políticas públicas voltadas ao meio ambiente e sobre Educação Ambiental, as Trocas de Saberes e a Ação Cultural de Criação "Saberes e Fazeres da Mata Atlântica", entre outros.

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O corredor EcológicoInformativo semestral do Projeto Microcorredores e da ONG Curicaca - Setembro de 2007 - Número 001 - Ano 1

Essa foi a conclusão da audiência pública realizada no final de junho deste ano e da subseqüente reunião do Conselho do Parque, no dia 08 de agosto, após três anos de paralisação. Nesse primeiro encontro do Conselho, tratou-se de assuntos pendentes há muito tempo, como a publicação do Plano de Manejo da Unidade de Conservação (UC) e o pagamento de indenizações aos antigos proprietários da área. Também foi marcada uma nova reunião para dar continuidade aos trabalhos. Já na audiência, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA) havia demonstrado grande determinação para agilizar a implantação do Parque, apresentado à comunidade local o Plano de Manejo. Também a Prefeitura de Torres havia expressado sua preocupação com o bom funcionamento da UC, ao ressaltar que a discussão acerca da sua existência era “coisa do passado”.

Isso representou uma boa notícia para a Curicaca, que desde 2004 vinha fazendo diversos pedidos para que o Conselho fosse reativado. “Até este ano, nenhuma das nossas demandas tinha sido atendida”, afirma Mateus Reck, coordenador geral da ONG. Presente nos dois momentos, a Curicaca propôs uma agenda positiva para lidar com as dificuldades em relação ao Parque, defendendo a publicação imediata do Plano de Manejo, o pagamento das indenizações, a melhoria nas condições de funcionamento do local e a definição e regulamentação das atividades permitidas na Zona de Amortecimento. Frente à necessidade de reconfiguração do Conselho, admitida pelo mesmo, a ONG sugeriu uma metodologia que garanta um equilíbrio entre governo e sociedade e a representatividade apenas dos setores realmente envolvidos com o Parque.

O coordenador técn ico da ONG, Alexandre Krob, que participa dos assuntos relativos à UC desde a sua criação, em 2002, está otimista. “Num primeiro momento, houve uma resistência muito grande ao

Parque, que foi diminuindo. Hoje, se vê que a comunidade está percebendo os benefícios sociais e econômicos sustentáveis que a Unidade trará ao município e ao Rio Grande do Sul, além da conservação da natureza maravilhosa de Torres”, anima-se. Ele conta que o mesmo aconteceu há dez anos com o Parque Nacional de Aparados da Serra (Itaimbezinho), em Cambará do Sul, onde a ONG realizou um trabalho semelhante ao que vem fazendo em Itapeva. “Hoje a economia de Cambará é dominada por iniciativas em ecoturismo, e a conservação da natureza passou a ser um elemento chave para o desenvolvimento econômico sustentável da região. Os únicos setores de Torres que ainda estão descontentes com o Parque de Itapeva são o da especulação imobiliária e o da construção civil, que preferiria substituí-lo por uma estrada, loteamentos e condomínios, privatizando para poucos privilegiados o direito de uma ambiente saudável, que é de todos os torrenses e gaúchos”, comenta Krob.

De acordo com a SEMA, três indenizações já estão a caminho. Reck se diz muito contente com as perspectivas: “Estaremos inteiramente à disposição para ajudar a Secretaria, a Prefeitura e a comunidade local na aceleração do pagamento aos proprietários. Não há nada mais justo após a criação de um Parque. Há dois anos, conseguimos mobilizar 1,3 milhões de reais das medidas compensatórias da BR-101 para ajudar nas indenizações. Nós não sabemos exatamente porque o dinheiro ainda não foi aplicado, mas estamos dispostos a ir novamente atrás dele”,

Implantação dos Microcorredores

Ecológicos está em curso

Parque de Itapeva finalmente será efetivado

Após terem sido definidos, em dezembro de 2006, os Microcorredores Ecológicos de Itapeva começam a ser implantados através de uma série de iniciativas. Entre elas, está a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em Dom Pedro de Alcântara (confira detalhes na entrevista com o Prof, Baptista, na página 3), a educação ambiental com escolas municipais, a capacitação de agentes municipais, da EMATER e do Comando Ambiental da Brigada Militar para atuarem no processo e o desenho de um roteiro de turismo ecológico e cultural nos Corredores. Espaços prioritários e estratégicos para a promoção do ecodesenvolvimento, da valorização cultural e da conservação da biodiversidade, os Microcorredores são caminhos que conectam Unidades de Conservação (UC) e áreas naturais, proporcionando qualidade de vida para os que ali vivem e despertando o interesse dos que lá visitam. “Existem lugares com importância biológica e cultural que demandam um cuidado especial. A UNESCO, por exemplo, reconhece os lugares mais importantes do Planeta como patrimônio da humanidade, devido ao seu valor biológico e cultural e ao seu significado para a existência de todos os seres vivos”, explica Alexandre Krob, coordenador técnico da ONG Curicaca.

Localizada no Litoral Norte, a região de Itapeva é o portal de entrada para a Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, possuindo áreas naturais e processos culturais de grande importância. Algumas dessas áreas estão protegidas ou tombadas. “Mas só isso não bastaria”, afirma Krob. “Os Parques e as Reservas não são viáveis se estiverem isolados e se o seu funcionamento não estiver vinculado ao que acontece no ambiente e na sociedade do seu entorno. A função dessas áreas precisa ser complexa, contribuindo tanto para a conservação da riqueza biológica, como para a valorização da personalidade cultural da região e para a promoção e o fortalecimento de economias sustentáveis para as comunidades locais. Para isso servem os Microcorredores Ecológicos, que nós definimos em parceria com os governos estadual e municipal e com técnicos de Organizações Não Governamentais”.

A ONG Curicaca e seus parceiros têm buscado fortalecer o significado complexo das UC da Mata Atlântica, pr ior izando, nos ú l t imos anos , o Parque Estadual de Itapeva e sua relação com a cultura da região e com outras áreas naturais, como o Parque Natural Municipal Tupancy, as Lagoas

de Itapeva, do Morro do Forno e do Jacaré, a Serra do Silverão, os Parques Nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral. “Precisaríamos que as políticas e ações públicas fossem capazes de promover relações positivas entre os seres humanos e o ambiente em todas as áreas. Infelizmente, há uma incapacidade crônica para isso”, comenta Krob. “Nós não podemos desistir de reivindicar mais recursos e prioridades para o ecodesenvolvimento e a conservação da biodiversidade. Ao mesmo tempo, queremos adotar uma estratégia para sermos mais eficazes em nossa atuação. Há mais de 10 anos, a ONG Curicaca decidiu que se focaria no entorno das UC e dos Corredores Ecológicos da Mata Atlântica, os tendo como áreas prioritárias onde as mudanças positivas pudessem servir de exemplo para outros locais, e já contabilizamos resultados positivos do nosso trabalho”, diz.

V i ab i l i zado a t ravés de um financiamento do Ministério do Meio Ambiente (PDA Mata Atlântica), o Projeto dos Microcorredores já passou por duas etapas. Na primeira, uma equipe de técnicos da Curicaca, do Centro de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (IPHAE) construiu a base necessária para o desenho dos Microcorredores. Foram feitas análises de oportunidades e ameaças ao trânsito de espécies, a partir de imagens obtidas por satélite, além de um diagnóstico de campo que incluiu aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais. A partir daí, se identificaram aqueles que poderiam ser os melhores caminhos para interconectar as áreas naturais mais importantes, incorporando também os valores culturais.

Depois disso, foi realizada uma oficina de planejamento em Torres, na qual a proposta técnica surgida na primeira fase foi discutida e aprimorada com outros técnicos de instituições do Governo e da sociedade civil com atuação municipal, estadual e federal. Os resultados disso foram apresentados às administrações municipais e ao Governo Estadual, o que possibilitou o início da implantação dos Microcorredores Ecológicos. “Trata-se de uma estratégia de médio e longo prazo, que só terá êxito se for gradativamente incluída na agenda das escolas, organizações sociais, prefeituras e moradores da região da Mata Atlântica. Basta valorizar e integrar as boas iniciativas existentes, fortalecer a cooperação institucional e ter coragem de inovar”, observa Krob.

Estratégias de médio e longo prazo dão continuidade ao Projeto dos Microcorredores

CLAUDIO FACHEL

Na página 2: Saiba o que é uma Ação Cultural de

Criação

Editor: Alexandre KrobJornalista Responsável: Romeu Finato - Mtb 12042Resportagem e diagramação: Joyce Copstein WainbergEntrevista: Tássia Carina KastnerIlustrações: Patrícia Bohrer

Tiragem: 1.000 exemplares Circulação dirigida: Torres, Arroio do Sal, Dom Pedro de Alcântara, Mampituba, Morrinhos do Sul, Três Cachoeiras e Porto Alegre

O Corredor Ecológico tem distribuição gratuita.

ONG Curicaca Coordenador geral: Mateus Arduvino ReckCoordenador técnico: Alexandre KrobCoordenadora de Educação Ambiental e Cultura: Patrícia Bohrer

Sede Administrativa: R. Dona Eugênia, 1065/303 CEP 90630-150Porto Alegre - RS Fone: (51) 33320489 http://www.curicaca.org.br [email protected]

expediente

Você já parou pra pensar o quanto nossa vida de-pende de um meio ambiente saudável e equilibrado? Já procurou saber do que depende a qualidade da água que bebemos? Percebe as mudanças que começam a acon-tecer com o clima e o quanto lhe prejudicam, aos seus parentes e amigos? Será que conseguiremos sobreviver às grandes dificuldades que estão por vir? E se sobre-vivermos, como será a nossa qualidade de vida?

Quando ouvimos falar sobre o efeito estufa e as mudanças climáticas, isso nos parece distante. Coisa de políticos internacionais que, de terno e gravata, discutem num pequeno grupo dos países da elite mundial e lá encontrarão uma saída. Essa sensação de imunidade é sorrateiramente enganadora. Os problemas não passarão ao largo ou, por uma sorte, esquecerão que existimos ali no nosso cantinho do mundo. Se não formos atingidos pelas tempestades, ressacas e ciclones devastadores ou pelas enchentes e secas prolongadas, se tivermos a sorte ou o privilégio de estarmos fora da linha de frente, não fugiremos de sofrer com a escassez de água, frio e calor intensos, doenças respiratórias, preços impossíveis da energia e da terra boa.

O quadro parece meio dramático. Como chegamos a isso? Abrindo bem os olhos e puxando pela memória percebemos boa parte dos motivos logo ali no nosso passado recente. Há pouco ouvíamos de nossos avós e bisavós histórias inspiradas nos desafios da natureza e na capacidade humana de superá-los. E foi nesse curto espaço de tempo, algumas décadas, que conseguimos transformar incrivelmente o nosso ambiente. A população deu um salto insustentável de crescimento, a agricultura e a pecuária substituíram quase que totalmente as florestas, campos e banhados, os carros tomaram conta das cidades e estradas, as indústrias acinzentaram o céu e alguns estão colocando fogo no mundo. Primeiro os impactos foram locais e agora são globais. Cada um de nós tem um pouquinho de responsabilidade nisso; consumimos o que não precisamos, cortamos ilegalmente umas árvores aqui mais outras ali, usamos o carro até pra buscar pão na esquina. Multiplicadores das forças de degradação, algumas empresas poderosas e gananciosas e políticos burros e corruptos conseguem estragar muito mais rapidamente.

Comparando a vida a um bom filme, estamos num daqueles momentos decisivos feitos para prender a atenção, amarrar-nos nas cadeiras. Alguns já antecipam o final, que se confirmado jogará a obra na vala comum e nos roubará o prêmio. Somos seus múltiplos autores. Fomos capazes de criar boa parte do que nos trouxe até esse momento e, por isso, seremos também capazes de surpreender no final. De deixar o espectador a espera da continuação, do filme II, que nós e nossos filhos escreveremos. Esse informativo semestral pretende contribuir com esse momento criativo de nossa história, assim como o projeto Microcorredores Ecológicos que lhe deu origem. Nele poderemos dividir com o leitor algumas idéias e iniciativas que podem protagonizar o próximo filme sobre a nossa existência nesse planeta e reconhecer, valorizar aqueles que aqui na região já o estão escrevendo de uma forma diferente.

que visam auxiliar o professor e não pretendem dispensar a liberdade e a autonomia, o movimento reflexivo da crítica e as diferentes leituras pessoais do que é exposto”.

Um momento importante da Ação Cultural é o das Trocas de Saberes, nas quais pesquisadores do Centro de Ecologia da UFRGS disponibilizam seus conhecimentos e aprendem com as pessoas da região. “Professores, alunos e seus familiares são estimulados a contar estórias, mitos, músicas, rituais, festas e tradições locais e a divulgar conhecimentos sobre a utilização de produtos da floresta ou formas de cozinhar, pescar, plantar e criar adequadas à conservação do ambiente”, conta Patrícia. “Também estão sendo incorporados espaços de interesse cultural das comunidades, como os engenhos de farinha”, complementa.

Em 2007, a Ação também está recebendo escolas de Mampituba e Dom Pedro de Alcântara, além dos municípios que foram contemplados no ano anterior. Além disso, estão previstos encontros para a formação de mediadores com grupos de Educação Ambiental já formados na região – o “Com a Boca no Mundo” e o “Patrulha Mirim” – e desdobramentos com Redes de Educação Ambiental, com professores de Mampituba e Morrinhos do Sul que formam o grupo TEIA. Na primeira metade do ano, a Curicaca mapeou os corredores ecológicos, os atrativos naturais e os patrimônios material e imaterial da região, e isso tem sido explorado nos encontros da Ação Cultural. Com isso, a educação ambiental da ONG desenvolveu uma nova metodologia de trabalho para este ano, fazendo dois encontros semestrais com cada turma de alunos - antes, era apenas um.

Patrícia explica ainda que a Ação Cultural

O CORREDOR ECOLÓGICO - Setembro de 2007

EditorialPor Alexandre Krob

Os saberes e os fazeres de uma

Ação Cultural de Criação

Projeto de educação ambiental propicia vivências, a valoriza-ção da cultura local e a troca de conhecimentos

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Afeto, apropriação e identificação. São esses os principais elementos de uma Ação Cultural de Criação, iniciativa aplicada pela Curicaca dentro do Pro je to dos Microcorredores Ecológicos como base da educação ambiental. “Trata-se de um processo completamente aberto, sem um fim pré-determinado. É um conjunto de possibilidades que propiciam o envolvimento, a apreensão do novo, o entendimento e a satisfação”, explica Patrícia Bohrer, responsável pela coordenação de educação ambiental e cultura da ONG. “Ao desdobrar-se em novas ações, a Ação Cultural acaba por merecer o nome de criação”, afirma.

Intitulada “Saberes e Fazeres da Mata Atlântica”, a Ação vem ocorrendo na região da Restinga de Itapeva desde 2005, quando foi inaugurada uma exposição interativa sobre a riqueza biológica e cultural da área, a importância do Parque Estadual de Itapeva e a conduta consciente em Unidades de Conservação (UC). Em 2006, a Curicaca passou a promover também encontros com estudantes da região, buscando afetar positivamente a comunidade residente no entorno das UC ali existentes. Foram realizados 16 encontros com escolas de Torres, Arroio do Sal e Morrinhos do Sul, contemplando um total de 520 alunos e 39 professores. Esses últimos passaram antes por uma Ação Educativa, através da qual se qualificaram para mediar as Ações, e receberam um livreto com orientações para as mesmas, confeccionado pela ONG.

No material, se lê que “a mediação deverá explorar as dimensões do afeto, do lúdico, do prazer e do imaginário, não apenas os aspectos cognitivos, informativos e educativos da ação cultural”. Nele também se encontram diversas atividades que podem ser realizadas com as crianças, abrindo um campo para a troca de saberes, fazeres e falares sobre a Mata Atlântica, bioma que abriga uma das maiores diversidades biológicas do planeta e uma grande riqueza cultural. Algumas delas: trilhas pela cidade, árvore genealógica, receitas de pratos típicos, brincadeiras antigas, fotografias de família e artesanato local. A Ação Cultural, porém, não se resume a isso: “Acima de receitas prontas”, enfatiza o texto, “estas são apenas sugestões

de Criação não termina ao fim dos encontros com os alunos. Há toda uma etapa posterior, conhecida como Desdobramentos (veja mais na página 4), nas quais professores e estudantes seguem aplicando o que vivenciaram junto à ONG de diversas maneiras. “Logo no momento em que termina a Ação Cultural, a gente sente que houve uma mudança”, diz Patr íc ia. “Muito mais que um simples passeio, ela progressivamente se fortalece como um processo , um processo de transformação”.Dinâmica de grupo (roda) com alunos da região

Observação da natureza no Parque de Itapeva

Apoio financeiro para este informativo:

FOTOS ACERVO CURICACA

“Eu ficaria feliz em poder educar

através das RPPNs”

O corredor ecológico - Setembro de 2007

Professor Baptista: ‘‘Nós vamos preservar a natureza porque ela é maravilhosa!’’

Criado num quintal com rosas, parreiras, cravos e algumas árvores frutíferas, que atraíam passarinhos e insetos, o professor Luís Rios de Moura Baptista lamenta não ter tido contato com outras formas de natureza durante a infância. Por satisfação pessoal, em 1972 comprou suas primeiras terras, no município de Dom Pedro de Alcântara. Professor aposentado e orientador na Pós-Graduação em Botânica da UFRGS, Baptista falou ao Corredor Ecológico sobre a importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, também conhecidas como RPPNs.

Corredores Ecológicos – Qual é a sua motivação ao fazer investimentos em terras para fins de preservação em vez de utilizá-las para destinos convencionais, que teriam retorno financeiro garantido?Professor Baptista – Essa primeira terra que eu comprei, em Dom Pedro de Alcântara, era a mesma área para a qual eu fazia saídas de campo durante a faculdade e para onde levei meus alunos também. Era uma região bem preservada, apesar de ser de fácil acesso. Um dia, chegou um colega e me disse que, se eu quisesse preservar aquela área, estava na hora de comprá-la, porque iam começar a derrubar.

CE – Como trabalhar no sentido de convencer a opinião pública, incluindo as gerações mais novas, da importância de alternativas ambientalmente responsáveis?Prof. Baptista – Olha, eu li há alguns anos uma frase que não lembro

onde foi, mas dizia assim: “Nós não vamos preservar a natureza porque nela talvez esteja a cura do câncer ou da AIDS, porque, a partir do momento em que essa substância fosse descoberta, não haveria mais sentido em preservá-la. Nós vamos fazer isso porque ela é maravilhosa”.

CE – E qual a importância das RPPNs para isso?Prof. Baptista – A criação de RPPNs pode servir de exemplo para outras pessoas. Quando os outros vêem que tem alguém tirando d inhe i ro do bo l so para comprar terras, pensam: ou é um louco, ou tem muita grana e não tem mais o que fazer com ela (risos). Mas a questão é que essas iniciativas podem servir, sim, como uma forma de conscientizar quanto à preservação. Eu ficaria muito feliz em poder educar as pessoas através das RPPNs.

CE – Mas a responsabilidade da preservação não é do governo?Prof. Baptista – Eu acho importante que a iniciativa privada invista em preservação. O governo não tem condições de manter tantas Unidades de Conservação quanto são necessárias. Então, a iniciativa privada também deve dar a sua contribuição.

CE – E qual a importância das ONGs no apoio a pessoas que pretendem

criar RPPNs?Prof. Baptista – As ONGs têm um papel fundamental na criação das RPPNs, porque a legislação é excessivamente detalhista. Uma pessoa sozinha não tem condições de fazer tudo: pagar pelas imagens georeferenciadas, conhecer e preparar toda a documentação e ainda elaborar o plano de manejo.

CE – O que o senhor pensa sobre projetos como o dos Microcorredores Ecológicos, que está sendo implantado pela ONG Curicaca?Prof. Baptista – Quando me perguntam o que eu acho mais importante, se é uma grande Unidade de Conservação ou várias pequenas, eu digo que as duas coisas. Isso porque é necessário que exista uma grande área, como, por exemplo, o

Parque Estadual do Turvo, que é o único lugar do estado onde mamíferos grandes, como a onça, conseguem sobreviver. Mas as pequenas unidades também são muito importantes, porque não é possível manter tantas áreas grandes, mas garantir que haja áreas que mantenham a biodiversidade é fundamental. Para unir isso, os corredores ecológicos são fundamentais. O maior problema do Parque do Turvo é que ele está isolado, cercado de plantações.

CE – Que benefícios a criação de uma RPPN pode trazer ao seu proprietário?Prof. Baptista – Bom, depende

do que o proprietário pretende. Cada proprietário tem um objetivo ao criar a sua Reserva. Isso fica determinado no plano de manejo, de acordo com a legislação, que prevê que a área pode ser utilizada para ecoturismo e para atividades de educação ambiental.

CE - A sua área em Dom Pedro de Alcântara já é uma RPPN?Prof. Baptista – Ainda não. Havia uma legislação semelhante à das RPPNs há muitos anos, quando eram criadas “florestas protetoras” particulares. O órgão responsável por isso era o IBDF, que hoje é o IBAMA. Eu tentei transformar a área de Dom Pedro em uma dessas florestas. Mas lá no IBDF eles me desencorajaram porque eu era muito novo e recém-casado, ainda iria ter filhos, e esses filhos não iriam poder utilizar a área no futuro... Hoje já não há mais essa oposição tão grande.

CE – Para terminar, como o senhor conheceu o trabalho da ONG Curicaca? Prof. Baptista – Mesmo depois de terem negado meu pedido de criação da floresta protetora, eu mantive contato com as pessoas do órgão e também com outras pessoas. Com isso acabei participando da criação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Nesse processo conheci o Alexandre (Krob, coordenador técnico da Curicaca). Ele me apresentou o trabalho da ONG e falou da possibilidade de apoiar a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural na área de Dom Pedro.

As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) são áreas protegidas por lei, fruto de uma proposta que estimula a iniciativa privada a colaborar na preservação dos ecossistemas brasileiros. Assim como há áreas públicas destinadas à preservação através da criação de Unidades de Conservação, o proprietário rural pode transformar sua área em uma RPPN, cuidando do meio ambiente sem abrir mão do direito de propriedade e das possibilidades de tornar a terra rentável. Como incentivo a quem pretende auxiliar na preservação ambiental, o governo oferece isenção do imposto territorial rural referente à área da reserva e prioridade na análise da concessão de crédito agrícola e na análise de projetos pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente. Além disso, o proprietário tem garantido

O que são as RPPNso auxílio de entidades públicas e privadas na proteção, na gestão e no manejo da sua RPPN.

A ampl i ação no número unidades de conservação favorece a criação dos Corredores Ecológicos, pela aproximação e pelo aumento significativo de área preservada, garantindo que mais espécies possam se reproduzir e garantir a sua sobrevivência.

Uma RPPN não deixa de ser fonte de renda para o proprietário. As terras podem ser utilizadas com diversas atividades ligadas ao ecoturismo, a pesquisas e a Educação Ambiental, gerando retorno tanto ambiental quanto econômico. O plano de manejo deve ser feito para que os interesses possam ser conciliados, garantindo a sustentabilidade da reserva, além de fortalecer a economia da região.

Glossário

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Unidade de Conservação: “Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC –Lei Fed. nº 9.985 de 18/7/2000)

Ecoturismo: “Segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.” Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo – EMBRATUR/MMA

Educação ambiental: “São os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. (Política Nacional de Educação Ambiental - Lei Fed. nº 9.795 de 27/4/1999).

Plano de Manejo: “Documento técnico mediante o qual, com fundamentos nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”. (SNUC)

Desenvolvimento sustentável: “O desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. (Relatório Brundtland/ONU). “É o desenvolvimento econômico, social, científico e cultural das sociedades garantindo mais saúde, conforto e conhecimento, sem exaurir os recursos naturais do planeta. Aquele onde todas as formas de relação do homem com a natureza devem ocorrer com o menor dano possível ao ambiente. As políticas, os sistemas de produção, a transformação, o comércio, os serviços - agricultura, indústria, turismo, mineração - e o consumo têm de existir preservando a biodiversidade”. (UnB)

Ao longo da ocupação urbana ocor-rida em áreas de reconhecida fragilidade ambiental como o Litoral Norte do RS, in-úmeros ecossistemas foram destruídos ou segmentados. Algumas áreas que abrigavam uma biodiversidade absolutamente ímpar, hoje são centros urbanos movimentados e, na maioria das vezes, sofrendo impactos sazonais cada vez mais significativos. De outra forma, áreas anteriormente abrangen-tes, que mantinham uma qualificada di-versidade genética, foram drasticamente reduzidas. O Parque Natural Municipal Tupancy, localizado em Arroio do Sal, é um exemplo de como uma pequena área (21 ha), situada em pleno aglomerado urbano, consegue preservar vasto mostruário biológico carac-terístico dos biomas Mata Atlântica e Zona Costeira. Entretanto, somente a interligação dessa área com demais áreas de preservação através de Corredores Biológicos, poderá ga-rantir as trocas genéticas e a sobrevivência de espécies. Os municípios que hoje se integram a iniciativas de interligar suas Unidades de Conservação a outras áreas de importância ambiental, resgatam uma dívida para com a vida em seu sentido mais amplo, que foi contraída quando em nome do desenvolvi-mento, definiram suas fronteiras tomando para si o que a todos pertence.

O corredor ecológico - Setembro de 2007

Ponto de Vista: Marta Maria

da Silva

Agenda Veja o que a Curicaca programou para este semestre

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Diretora de Meio Ambiente da Prefeitura de Arroio do Sal

13/09 a 15/09: Ação Cultural de Criação. Tema: APP.

29/09: Formação de mediadores através Ação Cultural de Criação sobre APP com formação de mediadores.

30/09: Troca de Saberes e Fazeres da Mata Atlântica na Feira do Livro de Torres.

Início de outubro: Ação Cultural de Criação. Tema: APP.

18/10 a 20/10: Participação no V Simpósio sobre Imigração no Litoral Norte, em Dom Pedro de Alcântara, com Apre-sentação sobre Patrimônio Imaterial do município.

27/10, sábado: Ação Educativa. Tema: Reservas Legais.

08/11 e 09/11: Ação Cultural de Criação. Tema: Reservas Legais.

10/11: Formação de mediadores através da Ação Cultural de Criação. Tema: Reservas Legais.

29/11 e 30/11: Ação Cultural de Criação. Tema: Reservas Legais.

01/12: Formação de mediadores através da Ação Cultural de Criação. Tema: Reservas Legais.

Desdobramentos da Educação Ambiental

A Professora Rosicler Tome, da Escola Estadual Professor Di-etschi, em Arroio do Sal, conta que os seus alunos estão fazendo as brincadeiras que aprenderam na Ação Cultural por iniciativa própria. Também de Arroio do Sal, os alunos da Professora Juciléia Vieira Anacleto, da Escola Estadual Santo Salvador Melo, fizeram pinturas em papel pardo, inspirados na experiência que tiveram com a ONG Curicaca. A Professora Cristiane Celau, da Escola Estadual Dimer Celau, no município de Morrinhos do Sul, solicitou que os alunos fizessem pequenos textos ilusrados que relatassem como tinham sido os momentos vividos durante a Ação Cultural. Depois, ela mandou o resultado para a ONG Curicaca. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Manoel João Machado, os estudantes estão mais interessados em questões ambientais e, inclusive, indignados com uma situação que está sendo causada por uma Pedreira (veja ao lado). É o que conta a Professora Dulcinéia Teixeira de Matos.

Comunidade revoltada no Morro São Brás

A possibilidade de ampliação da área de mineração da Pedreira deixou a comunidade local revoltada, pois o Morro ainda preserva um considerável remanescente de floresta na sua face junto à Lagoa de Itapeva. A área também está dentro de um Corredor Ecológico, que liga o Parque de Itapeva à Lagoa do Morro do Forno.

Está quase encerrada a obra do Centro de Visitantes no Parque Natural Municipal Tupancy. Com isso, se retomará a importância do Parque para o município de Arroio do Sal e para a região do Litoral Norte. Após a finalização da obra, será possível manter um técnico qualificado para a gestão ambiental de toda área da Unidade de Conservação, que hoje está limitada ao Criatório de Animais Silvestres.

Parque Tupancy: Centro de Visitantes está quase

pronto

Ações da Curicaca têm tido impactos positivos entre os estudantes