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8/17/2019 O CRESCIMENTO ECONÓMICO E A INFLAÇÃO EM ANGOLA. APLICAÇÃO DE UM ESTUDO ECONOMÉTRICO PARA O PE…
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CONSULTORIA ESTRATEGICA DE GESTAO EMPRESARIAL
João Maria Funzi Chimpolo PhD
Professor Universitário e Consultor de EmpresasPós Doutorado em Gestao dos Recursos Humanos - USA-2014
Doutor em Gestão e Organização de Empresas – USA 2013Doutor em ciências Técnicas na especialidade de Gestão dos Recursos Humanos (2014)
Mestre em Direcção e Administração de empresas ( Cuba – 2003 )Enginheiro Industrial ( Cuba -2000 )
Pos Graduação em Agregação Pedagógica – 2009Coordenador dos Cursos de Ciências Económica na Universidade de Belas de Angola 2007 –2009
Chefe do Departamento dos Recursos Humanos na Faculdade de Economia U.A.NSócio Gerente da Consultoria Estratégica de Gestão Empresarial - 2011
Director de empresa (2005 -2014 Angola)
TR B LHO INVESTIG TIVO
TEMA: O CRESCIMENTO ECONÓMICO E A INFLAÇÃO EM ANGOLA.
APLICAÇÃO DE UM ESTUDO ECONOMÉTRICO PARA O PERÍODO DE
2000 À 2014
Participação: MAXIMIANO MUENDE AUGUSTO MANUEL
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Luanda
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido no sentido de ajudar o executivo a ter uma visão da trajectória
da economia do país e elaborar medidas e estratégias que promovam o crescimento e
possibilitem, a médio e longo prazo, o cumprimento das metas de inflação definidas no OGE.
Nele é analisado a relação entre o crescimento económico e inflação e como o primeiro, pode
servir de base ao alcance de níveis satisfatórios de inflação e concomitantemente de redução
do custo de vida e melhoria das condições básicas da população, como por exemplo o acesso
a alimentos, transportes, energia e outros.
Se por um lado, a diversificação da economia, uma medida aprovada e levada a cabo pelo
executivo já desde 2008, apresenta – se como o principal factor de desenvolvimento
económico do país no médio e longo prazo – na medida em que cria novas oportunidades de
negócios e novos campos de exploração, novos postos de trabalhos directos e indirectos,
propícia o surgimento de uma cadeia mais alargada de pequenas e médias empresas, lançando
uma forte concorrência e competitividade entre elas, concorre para a substituição das
importações, reduzindo a inflação importada, melhorando a dieta e os hábitos alimentares da população, promove as exportações, estimula e abre portas para o surgimento e/ou
desenvolvimento da indústria transformadora, tendo como efeitos de médio e longo prazos a
queda da inflação, a melhoria do saldo da balança de transacções correntes (TBC), a
economia de divisas, o aumento do Produto Interno Bruto e das receitas fiscais do estado,
contribuindo para o aumento do rendimento e da riqueza nacionais – por outro lado, as
políticas de estabilização macroeconómicas têm sido desde décadas, o principal instrumento
utilizado pelo BNA para combater a inflação.
Tendo um carácter meramente temporário e de curto prazo, estas políticas têm sido
administradas pela entidade monetária nacional e consistem em regular e monitorar a
quantidade de moeda em circulação, de acordo com a sua procura no mercado.
Perante este cenário, aparentemente contraditório, e de modo a se obter uma evidência mais
elucidativa da realidade angolana, foram desenvolvidos os principais modelos de crescimento
e de desenvolvimento e as principais teorias de inflação, tendo sempre em linha de conta as
causas dos elevados preços e sua variação.
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Por fim, apresentamos os resultados de um estudo econométrico que visa comprovar qual é o
real impacto do crescimento da produção interna na inflação, e por essa via, avaliar os efeitos
da diversificação sobre economia angolana.
Descrição do Problema
Crescimento e estabilidade de preços são dois grandes objectivos da política económica.
A grande preocupação das economias modernas é combinar elevadas taxas de crescimentocom reduzidas taxas de desemprego e inflação, ilustrando um claro trade – off entre os dois.
É neste particular em que se baseou a nossa pesquisa, para responder as seguintes questões:
♦͘Qual é a relação entre o crescimento económico e a inflação em Angola?
♦ Que impacto tem o crescimento económico sobre a inflação em Angola?
Delimitação do Problema
A presente pesquisa delimita – se a apresentar a relação e o impacto do crescimento
económico sobre a Inflação em Angola no período de 2000 à 2014.
Hipóteses
O estímulo da procura agregada, principal factor do crescimento do produto, promove o
aumento do nível geral dos preços e como tal da inflação; aliás, o mesmo crescimento
económico é, por si mesmo, gerador de inflação, muito por via do aumento do rendimento
percapita (entenda – se dos salários), que acaba por se traduzir em aumento do rendimento
disponível das famílias, gerando maior consumo e consequentemente aumento da procura
interna.
No entanto, o aumento da produção interna(crescimento do PIB) apresenta – se como sendo a
melhor via para baixar a inflação, principalmente nas economias subdesenvolvidas, como
aliás, ocorreu com alguns países da América Latina.
Perante este cenário contraditório considerámos as seguintes hipóteses:
♦ O crescimento económico é um dos principais factores geradores de inflação em
Angola;
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♦O crescimento económico é um dos principais factores de redução da inflação em
Angola.
Objectivo Geral
♦O presente trabalho visa analisar o impacto do crescimento do PIB sobre Inflação em
Angola no período de 2000 à 2014.
Objectivos Específicos
♦ Analisar o comportamento do PIB e da Inflação ao longo do período 2000 à 2014;
♦ Medir a relação entre o PIB e a Inflação;
♦ Medir o impacto do crescimento do PIB sobre a Inflação.
Justificativa
O nosso país registou uma boa performance a nível macroeconómico nos últimos doze anos.
Essa performance comprovada pelo rápido crescimento do PIB e pelas sucessivas reduções da
inflação tem suscitado o interesse da comunidade internacional e o nosso em particular, pelo
facto de em tão pouco tempo de paz e apesar dos imensos obstáculos e limitações a que ficou
sujeito, o país ter alcançado níveis satisfatórios de desempenho dos seus principais
indicadores económicos.
O nosso interesse na exploração deste tema prende – se em saber que contributo teve o PIB na
redução do Índice de Variação do Nível Geral de Preços ao longo do período de 2000 à 2014.
Metodologia Científica
Para o desenvolvimento deste trabalho foi usado o método monográfico e o método
quantitativo.
A metodologia usada neste trabalho comporta as seguintes etapas:
■ Revisão bibliográfica:
Recolha de materiais tais como livros, monografias, boletins e relatórios económicos, jornais,
revistas, artigos.
■ Recolha de dados históricos referentes a Inflação e o PIB de Angola:
Seleccionámos as seguintes fontes: BNA, MINFIN, MINPLAN, INE, BM, FMI e CEIC.
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■ Processamento dos dados obtidos:
Para a análise econométrica e obtenção dos resultados da pesquisa foi utilizado o programa de
Estatística IBM SPSS Statistics 21.
Estrutura do Trabalho
O nosso trabalho possui três capítulos e está estruturado da seguinte forma:
O primeiro capítulo apresenta os fundamentos teóricos e práticos dos principais modelos e
teorias de crescimento e de desenvolvimento económico e das teorias de inflação.
O segundo capítulo descreve, a evolução da economia angolana ao longo do período, e analisaa participação de cada sector na formação do produto nacional. Mostra também o
comportamento e os factores que estiveram na base da redução da inflação.
No terceiroe último capítulo faz – se uma análise econométrica dos dados e a interpretação
dos resultados do estudo realizado.
Por fim, apresentámos as conclusões e as recomendações derivadas da nossa pesquisa.
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CAPÍTULO I – FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE O CRESCIMENTOECONÓMICO E A INFLAÇÃO
Nota Introdutória
Até 1950 era sustentada a ideia, imposta por várias correntes ocidentais dentre elas os
monetaristas, keynesianos e clássicos de que maior crescimento acarretava maior inflação o
que acaba apenas por nominalizar o crescimento, devido a elevação do emprego, dos salários
e da procura.
Com o surgimento de uma nova corrente de pensamento, com o objectivo de analisar o
crescimento económico e a inflação nos países latino – americanos, foram encontrados
resultados muito diferentes dos até então existentes. Desta feita, o cerne da questão passou a
residir então nas diferentes condições e características económicas e sociais de cada país.
Conceitos Fundamentais
O objectivo principal da actividade económica é o de produzir bens e serviços úteis a
satisfação das necessidades humanas. O primeiro objectivo da política económica é o
crescimento contínuo e sustentado do produto, de modo que o objectivo acima mencionado
seja eficazmente alcançado.
Define – se crescimento económico como aumento contínuo do nível geral de actividade
económica de um país em anos consecutivos.
Para medir o nível geral de actividade económica, o PIB, aparece como o principal dos
indicadores utilizados para o efeito; os outros são oPNB, o PNL, e o PIL.
Neste trabalho, nos dedicaremos a análise do crescimento do PIB como medida do
crescimento económico.
O desenvolvimento económico é o aumento contínuo e sustentado do produto que impõem
uma profunda mudança nas estruturas económicas e sociais do país, culminando com a
melhoria da qualidade de vida das suas populações e o progresso técnico e social.
O PIB é a soma dos valores monetários de todos os bens e serviços finais produzidos numa
economia, num determinado período de tempo, que em geral compreende um ano.
A Inflaçãoé o processo pelo qual ocorrem acréscimos sucessivos dos preços de todas classes
de bens e serviços durante um certo período de tempo.
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O aumento de preços de determinada classe de bens ou serviços não pode ser entendida como
inflação, mas como um canal de transmissão, fundamentalmente se estas classes forem
determinantes para o aumento de preços de outras classes de bens e se tiverem pesos relativos
elevados nos orçamentos dos agentes económicos. O processo inflacionário está relacionado a
um processo cumulativo, generalizado e persistente de aumento de preços.
Índice de Preços é uma média aritmética, geométrica ou harmónica, que representa o preço
médio de todos os bens pertencentes a uma determinada classe.
TEORIAS DE CRESCIMENTO E DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO
Os modelos de crescimento consubstanciam – se em termos mais gerais a duas teorias,
nomeadamente ateoria clássica – baseada em Adam Smith, onde se estabelece uma plena
substituição entre os factores de produção (capital e trabalho) e a operância dos mecanismos
do mercado, a que o autor chamou de mão invisível – e a teoria keynesiana – que defende a
rigidez dos preços relativos no curto prazo e como tal a necessidade da intervenção pública
para conduzir a economia ao equilíbrio e ao pleno emprego dos seus recursos.
Neste trabalho foram analisados os principais modelos e teorias de crescimento e de
desenvolvimento económico a saber:
O Modelo de Harrod – Domar
Iniciado nos anos 30 por Roy Harrod (1939) e complementado uma década depois por Evsey
Domar (1946), este modelo é originário das ideias keynesianas e foi o primeiro modelo
moderno de crescimento económico.
O modelo parte de alguns pressupostos para explicar o processo de crescimento económico,
nomeadamente:■ Não há substituição entre os factores de produção (capital e trabalho) no curto prazo,
e por conseguinte, a relação entre produto e capital é constante, o que implica que os
coeficientes técnicos são fixos;
■ Os preços relativos são rígidos de tal modo que não é possível garantir o pleno
emprego dos factores de produção;
■ O progresso tecnológico está incorporado no capital;
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■ O investimento é a variação do stock de capital . E o investimento é sempre
igual a poupança;
A equação principal do modelo parte da equação de Keynes. Donde:
O lado da Oferta:
Isolando , na equação: , sendo que , obtém-se .
Derivando o produto em função do capital, tem – se:
A partir daqui chega – se a primeira conclusão do modelo: O crescimento do produto é
directamente proporcional a acumulação do capital (∆K).
O lado da procura:
Por outro lado, assumindo que a poupança é uma função do rendimento e que toda poupança é
investida, então:
Substituindo a 2ª na 1ª equação obtém – se:
.
Dividindo ambos os membros da equação por Y, obtém – se:
Esta é a equação fundamental do modelo de crescimento económico construído por
Harrod e Domar.
Um modelo muito simples mas que chega a conclusões muito importantes, que são:
■ A acumulação de capital joga um papel decisivo no processo de crescimento e de
desenvolvimento da economia, na medida em que, por um lado aumenta a oferta agregada,
através do aumento do stock de capital e da relação capital – produto subjacente e, por outro
lado faz aumentar a procura agregada através da propensão marginal a poupar;
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■ O investimento deve ser sempre crescente para que o produto cresça e se aumente a
taxa de poupança que permite maior acumulação de capital e por conseguinte maior
investimento no período seguinte. A taxa de crescimento do produto depende positivamente
da propensão marginal a poupar e do rácio capital – produto.
■ O livre funcionamento das forças do mercado não garantem o equilíbrio automático
da economia, necessitando sempre da intervenção do estado para assegurar um crescimento
económico em equilíbrio;
■ Existe apenas uma e só uma única taxa que garante o crescimento equilibrado da
economia, porém nada garante que essa taxa seja alcançada pelos agentes económicos.
Apesar da sua simplicidade e da contribuição que este modelo teve na abordagem do
crescimento a longo prazo, algumas críticas foram dirigidas ao corpo teórico que sustentavaas conclusões do modelo.
Críticas ao modelo:
♦ O modelo considera o progresso técnico incluído no capital, quando na verdade este
não está;
♦ O modelo não prevê a depreciação nem os rendimentos decrescentes a que o capital
está sujeito;
♦ O modelo considera que o principal factor de crescimento da economia é aacumulação de capital, quando este possui rendimentos decrescentes à medida que é utilizado
no processo produtivo;
♦ Nega a existência da substituição entre os factores de produção (capital e trabalho),
quando esta existe de facto;
♦ No modelo de Harrod e Domar a economia apresenta um equilíbrio instável de tal
forma que apenas uma única taxa garante o crescimento equilibrado. E se a economia perde o
equilíbrio nunca volta a encontrar essa trajectória. No longo prazo a economia comporta – sede uma forma permanentemente instável, requerendo sempre a intervenção do estado para
evitar tais desequilíbrios.
Apesar de ter sido considerado um modelo falhado e de fio da navalha, por não promover o
crescimento no longo prazo, o modelo de Harrod – Domar foi primeiro modelo a apresentar
de forma muito simples e clara os factores determinantes do crescimento e abriu portas para
modelos mais completos capazes de explicar o crescimento das economias no longo prazo.
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O Modelo Exógeno de Crescimento Económico
Baseando – se na teoria clássica e nos modelos de crescimento de Adam Smith – que defendia
a perfeita mobilidade dos factores de produção e o ajuste automático da economia devido as
forças do mercado; de Thomas Malthus – queassegurava a necessidade do controlo da
natalidade e do crescimento da população e o perigo que esta representava para o crescimento
das economias; e de Joseph Schumpeter – que revolucionou as ideias do crescimento baseado
na acumulação do capital e destacou o papel do empresário como agente principal na criação
de ideias novas, o qual chamou de inovação e do progresso tecnológico como forma de
garantir o crescimento a longo prazo, Robert Solow formulou o mais moderno e completo
modelo de crescimento económico até então desenvolvido, onde todas as questões levantadas
acima foram cuidadosamente tratadas e incorporadas.
O modelo de Solow, desenvolvido em 1956, veio dar resposta ao modelo apresentado por
Harrod e Domar, nas décadas de 30 e 40 e procurou demonstrar que uma economia de
mercado pode crescer no longo prazo de forma permanente, sustentada, com uma
trajectória de equilíbrio relativamente estável, sem que haja a intervenção directa do
estado.
O modelo parte dos problemas fundamentais de qualquer análise dinâmica:
♦ Existe equilíbrio de longo prazo?
♦ E se existe, esse equilíbrio é estável ou instável?
♦ Se existir um choque, a economia terá capacidade de voltar ao equilíbrio?
♦ O equilíbrio é único ou múltiplo?
♦ O equilíbrio é óptimo do ponto de vista social?
Para sustentar a sua tese, Solow, estabeleceu na sua análise alguns pressupostos, a saber:
■ Afunção de produção apresenta rendimentos constantes à escala relativamente a
todos os seus factores acumuláveis ao longo do tempo, que são capital (K) e trabalho medidoem termos de eficiência ( E≡LA), sendo (L) serviços do trabalho e (A) o nível do
conhecimento tecnológico.
■ Existem rendimentos marginais decrescentes na acumulação de capital (K);
■ A força de trabalho (L) cresce a uma taxa constante, positiva e exógena (n)1;
1Com este pressuposto Solow, assegurava que a população cresce a uma taxa natural constante ao longo dotempo. Este princípio veio a ser uma das principais críticas ao seu modelo de crescimento.
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■ O conhecimento tecnológico (A) cresce também a uma taxa constante, positiva e
exógena. Sendo um bem público, encontrando – se livremente disponível em toda economia e
em todo o mundo;
■ A taxa de poupança é constante, positiva e exógena (0˂s˂1);
■ Os mercados de bens e serviços e dos factores produtivos funcionam em
concorrência perfeita, isto é, não existem lucros extraordinários e a remuneração do factores
de produção são iguais as suas produtividades marginais.
Segundo Solow, a poupança é automaticamente canalizada para o investimento,
independentemente do nível de actividade económica, de tal forma que, I≡S . Como a
poupança depende do rendimento , então , onde é a propensão marginal a
poupar. Escrevendo a equação em termos de eficiência temos:
Ostock de capital físico depende de duas forças: Do investimento bruto e da depreciação
do capital
Assim Solow apresenta as equações fundamentais do seu modelo:
representa a função de produção
representa o investimento.
representa a variação do capital
representa a variação do trabalho
representa a variação do conhecimento tecnológico
Reconhecendo que o investimento jogava importante papel na acumulação do capital e esse
no stock de capital, que se traduz em investimento e crescimento, a grande preocupação de
Solow era saber como o stock de capitalresponderia às variações do capital em períodos
sucessivos, tornando – o assim num modelo dinâmico.Concluiu então que a produção emtermos intensivos é uma função do stock de capital em termos intensivos, isto é:
Combinando todas as equações do modelo, Solow derivou então a equação fundamental do
seu modelo:
Veja o gráfico que se segue:
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Figura 1 – Modelo de Crescimento do Longo Prazo
Segundo o modelo, o equilíbrio de longo prazo é alcançado assim que se atinge o nível de
capital por unidade de trabalho eficiente (K*) para o qual o stock de capital por unidade de
trabalho eficiente não se altera.
Em termos matemáticos, isso se dá igualando a equação 1 a zero . Isto é:
sendo K* o stock de capital por unidade de trabalho eficiente (k/n) que nos dá o equilíbrio de
longo prazo do sistema estudado.
Portanto, no equilíbrio de longo prazo, o investimento, em termos absolutos, serve apenas
para compensar a depreciação do capital em termos absolutos e para repor o nível de capital
por unidade de trabalho eficiente.
Existe uma regra de ouro para a acumulação do capital, que segundo Solow consiste em
determinar a taxa de poupança (a que determina o nível de investimento e o nível de
consumo) que conduz a uma situação de equilíbrio estacionário em que o consumo per
capital é máximo. O nível máximo de consumo que os agentes económicos podem obter no
longo prazo é designado por regra de ouro da acumulação de capital .
Conclusões do modelo:
● O equilíbrio de longo prazo existe e é único;
● O equilíbrio de longo prazo segundo o modelo é estável, já que independentemente
do ponto de partida a economia converge para uma trajectória de crescimento equilibrado;
● A economia converge para uma trajectória de crescimento equilibrado de longo
prazo, que quando alcançada, cada variável cresce a uma taxa constante.
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● No equilíbrio de longo prazo, o produto e o capital percapita crescem apenas se
existir crescimento no nível tecnológico; isto é, se Portanto, a melhoria das condições
médias de vida das populações depende inteiramente da taxa de crescimento da tecnologia;
● O crescimento económico não depende de qualquer força endógena, isto é, como a
taxa de crescimento da produção é igual a , e estas duas variáveis são assumidas como
exógenas, então o estado pouco ou nada pode fazer no sentido de fomentar o crescimento no
longo prazo;
● A regra dourada da acumulação do capital é passível de ser alcançada. No entanto, é
pouco provável que os agentes privados da economia atinjam automaticamente uma taxa de
poupança capaz de maximizar o consumo entre vários equilíbrios de longo prazo possíveis.
Portanto, estado não afeta a taxa de crescimento de longo prazo mas pode intervir de forma a
maximizar o consumo na economia;
● No equilíbrio de longo prazo, os salários reais crescem à taxa de crescimento do
conhecimento tecnológico, enquanto a taxa de lucro real permanece constante;
● No equilíbrio de longo prazo, a distribuição do rendimento entre remuneração do
capital e do trabalho permanece constante;
● O modelo prevê a existência de convergência económica entre os países pobres e os
países ricos, e quando esta convergência estiver completada todas as economias terão o
mesmo nível de capital, produto e consumo em termos intensivos.
Criticas ao modelo e a contribuição de Paul Romer
Apesar de ter sido o mais completo e moderno modelo de crescimento desenvolvido até à
data, algumas críticas surgiram contra o modelo de crescimento económico de Robert Solow.
No entanto,foi a partir deste que se desenvolveu o modelo de crescimento endógeno, donde
Paul Romer se firmou como um dos pioneiros, ao endogeneizar o modelo de Solow.
As principais críticas foram:♦ Os mercados nem sempre se encontram em concorrência perfeita;
♦ Se as taxas de poupança e a força de trabalho não são uniformes, portanto a
constância do seu crescimento não é verificável na maior parte das economias; uma vez que o
produto pode variar de ano para ano, devido a diversos factores endógenos ou exógenos (nível
produção, clima económico, choques externos, etc) e a população crescer a alternadas taxas
de ano para ano, influenciadas por natalidade reduzida ou acentuada, pela emigração ou pela
imigração e pela mortalidade. Por outro lado, o crescimento da população não é nem de longe,
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proporcional ao crescimento da força de trabalho imbuída no processo produtivo, como
defende Solow. Pois se assim fosse, não haveria desemprego.2
♦ As distorções dos termos de troca e as submissões a que os países pobres estão
sujeitos aos países ricos, em termos financeiros e comerciais acrescem o grau de dificuldade
e/ou podem mesmo afastar a possibilidade de convergência das economias;
♦ O modelo prevê que a tecnologia é um bem livre no mundo e qualquer país podia ter
acesso; esta teoria foi reformulada por Paul Romer ao interiorizar a tecnologia nas economias
como um produto do investimento em actividades de P&D de cada país; Nem todos países
têm a possibilidade de desenvolvê – la e por isso têm de incorrer a importação e suportar
custos elevados. Este processo acaba por atrasar ainda mais a convergência entre as
economias dos países pobres e ricos.Este autor inclui a tecnologia na função de produção descrita por Solow, assegurando que este
elimina os rendimentos decrescentes a escala do capital.
Teoria do Desenvolvimento Equilibrado
O modelo de desenvolvimento equilibrado foi desenvolvido por economistas do BM e do
FMI,dentre eles temos a destacar Hans Singer, Paul Rosenstein – Rodan, Ragnar Nurske,
Gunnar Myrdal, Arthur Lewis, G. Colin Clark, W.W.Rostow, Albert Hirshman e outros, amaioria gravitava em torno do Departamento Económico e Social da ONU, cujo objectivo era
estudar e delinear as condições para o crescimento das economias atrasadas, visto que todos
modelos e teorias até então desenvolvidos não tinham sido eficazes nos países periféricos.
A teoria do desenvolvimento não se preocupou em elaborar e apresentar modelos teóricos ou
multiplicar funções de produção, mas em criar instrumentos de intervenção capazes de
estimular a produção e a produtividade nos países atrasados.
Não sendo propriamente uma teoria de crescimento mas sim de desenvolvimento, distanciava
– se da primeira por quanto ela não buscava o equilíbrio geral, mas compreender como
mercados incipientes e destituídos das forças dinâmicas que geram as próprias leis das
economias capitalistas (leis da oferta e da procura) pudessem absorver investimentos,
possibilitar a criação de rendimento e viabilizar o processo de desenvolvimento desses países.
A base teórica da teoria do desenvolvimento surgiu nas primeiras décadas do século XX, com
os economistas Joseph Schumpeter e Allyn Young.
2O modelo de Solow não se aplica às economias subdesenvolvidas, uma vez que admite pressuposto apenasverificáveis nos países industrializados como existência do pleno emprego do factor trabalho.
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Joseph Schumpeter fornecera os alicerces da teoria do desenvolvimento, com suas ondas de
investimento a atropelar incessantemente as condições de equilíbrio. Na sua obra A Teoria do
Desenvolvimento Económico (1950), Schumpeter defende que o capitalismo não é um
sistema estático acomodado em torno do equilíbrio criado e defendido pelos clássicos
(Walras, Adam Smith e outros), mas um sistema dinâmico, com uma vasta onda de inovações
tecnológicas, com combinações alternativas de factores de produção, saltos de produtividade e
novos produtos que geram fases de expansão e de contracção da actividade económica.
Assim o aparecimento de uma onda de investimentos com novas características (inovações)
num conjunto de indústrias resultaria num grande crescimento de bens de consumo e na
elevação do rendimento real. No entanto, a grande questão de Schumpeter era de saber como
essas ondas de inovações seriam produzidas nos países atrasados.Allyn Young retomando o conceito de produtividade, em seu artigo de 1928, ``Increasing
Returns and Economic Progress´´, assinalou que ela é importante porque joga duplo papel na
economia. Ou seja, se por um lado a produtividade afecta fortemente a oferta no sentido de
ampliá – la, por outro, ela afecta significativamente a procura no sentido de expandí – la;
quanto maior a produtividade maior o salário e, como tal, maior o poder de compra dos
consumidores, o que faz aumentar a procura individual e de mercado.
Young demonstrou que saltos de produtividade conduzem a rendimentos crescentes, principalmente a partir de economias externas, das quais se beneficiariam os novos
investimentos produtivos. Assim, o autor contrariava frontalmente a lei clássica dos
rendimentos decrescentes.
Esses autoresacabavam então de lançar as bases para o surgimento da teoria do
desenvolvimento.
Rosenstein - Rodan partia da constatação de que havia um excesso de mão – de –
obra concentrada nas actividades primárias, em particular na agricultura desses países, que os levava a um desemprego camuflado, que implicava ociosidade de
recursos, baixa produtividade, mercado restrito e modestas possibilidades de
crescimento.
Como solução, estes autores indicam o surgimento e desenvolvimento da indústria,
para que o excesso de mão – de – obra encontrada no sector agrícola, seja transferido
para o sector industrial devido as necessidades do processo de industrialização;
Como consequência, o aumento da produção interna, do rendimento percapita, o
consumo acabariam por aumentar o produto e o emprego e alargar o mercado.
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Para que se leve acabo o processo de industrialização Rosenstein – Rodan
apresentam dois modelos de:
●
Industrialização autárquica, que basea – se apenas na poupança interna, eaposta na produção de bens leves, de primeira necessidade, numa economia fechada
donde o consumo da população é claramente ferida (estratégia de substituição de
importações);
●Industrialização aberta, baseado nas fontes de poupança internas e
externas, optando na produção de bens de trabalho intensivos, beneficiando da DIT e
competindo nos mercados internacionais (estratégia de promoção das exportações).
Raul Prebish, partiu dos mesmos princípios de Rosenstein e Rodan, no seu famoso
artigo publicado em 1949. Concorda em existir um excesso de mão – de – obra na
produção primária ou seja, na agricultura. No entanto, defende que este excesso de
mão – de – obra pode ser transferida para a indústria pelo aumento da eficiência do
trabalho agrícola; isto é, melhorar os métodos e meios de trabalho e implementar
nela os mais altos padrões de tecnologia. Só assim, se poderá dotar um todo sector
pioneiro que, por indução, dará lugar ao surgimento de outras actividades – a
industrialização – que acabará por beneficiar do avanço técnico na agricultura e da
libertação da mão – de – obra, outrora camuflada, que certamente não se abster – se
- á das novas oportunidades de emprego.
Arthur Lewis defendia que o desemprego estrutural é enorme nos países
subdesenvolvidos e há neles muito desempregam disfarçado, não só na agricultura,
mas também noutros ramos de actividade (os empregados domésticos, os
carregadores dos portos, os de mercadorias, vendedores ambulantes, etc). Existe
uma oferta ilimitada de mão – de – obra o que faz com que os salários sejam
fixados a um nível de subsistência, que é apenas utilizada no consumo; e nada resta
para a poupança, sendo esta assegurada apenas pelas classes sociais mais altas.
O baixo salário propicia baixo crescimento da procura de bens e serviços. Logo,
melhores salários serviriam para deslocar a mão – de – obra desses sectores para o
sector industrial.
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Para se ultrapassar toda essa teia de subdesenvolvimento, Lewis propõem então um
modelo de desenvolvimento centrado na implementação de uma panóplia de
indústrias concatenadas e complementares de tal modo que umas empresas sejam
consumidores dos produtos das outras e vice – versa, gerando assim um conjunto
de efeitos externos positivos e sinergias necessárias para o crescimento e
manutenção das mesmas.
A tese do grande impulso
Uma das grandes contribuições de Rosenstein - Rodan para a teoria de
desenvolvimento foi a introdução do conceito de Big Push.
Toda economia atrasada precisa de um grande salto para alcançar o
desenvolvimento. E este salto só pode ser alcançado com a implementação de
grandes empresas ou parques industriais.
Para que tal ocorra é necessário que haja condições mínimas para que esses grandes
investimentos tenham lugar, a saber:
♦ Um volume de recursos que viabilize a implementação de grandes empresas;
♦ Uma massa de recursos que viabilize os investimentos em vários sectores, em
simultâneo, de modo que haja uma procura intersectorial forte; e
♦ Um mercado suficientemente grande para absolver os bens e serviços que serão
produzidos.
Havendo claramente falta de condições que garantam a implementação das grandes
empresas que são, por norma atraídas por elevadas taxas de lucratividade, é necessário que
haja uma massa de investimentos em infra – estruturas, siderurgia, petroquímica,
telecomunicações, energia, águas empresas que poderiam até operar com capacidade
ociosa na fase inicial e que buscassem taxas de lucros baixas (lucro social), quando não
prejuízos, para viabilizar o surgimento de novos investimentos com altas taxas de
lucratividade, uma vez que os insumos lhes serão fornecidos a custos baixos, donde as
economias externas e de escala seriam resultados claros do processo.
Rosenstein – Rodan considera o estado como a única instituição capaz de realizar tais
investimentos. O estado torna – se assim no grande motor do crescimento, na fase inicial
da industrialização e do desenvolvimento do país.
Ragnar Nurske na sua mais conhecida obra‘‘Problemas da Formação de Capitais nos
Países Subdesenvolvidos (1951)’’ Ragnar Nurske, faz uma súmula das ideias de
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Schumpeter, Young e Rosenstei – Rodan elaborando um modelo de crescimento
económico para as economias atrasadas.
Para Nurske, os países atrasados têm dois grandes problemas que são: A falta de capitale a pequena dimensão do mercado. Aponta então duas vias para se sair do
subdesenvolvimento: Uma primeira centrada na ampliação da poupança interna e
penalização da população, pela contracção do consumo e outra, centrada na
abertura da economia e captação de poupanças externas.
Os países atrasados encontram – se mergulhados num ciclo vicioso de pobreza e de
estagnação. Segundo Nurske nestes países os investimentos eram reduzidos e de
pequeno porte pois estava condicionado a existência de recursos e a fraca potencialidade
do mercado, que geravam baixa produção devido aos baixos níveis de produtividade,
causados pela ausência de capital na produção, e por via disso baixo rendimento, que era
maioritariamente aplicado no consumo, restando pouco ou quase nada para a poupança.
A fraca poupança por sua vez se traduzia em fracos investimentos e o fraco investimento
em baixo rendimento. Este ciclo ficou conhecido como ciclo de estagnação das
economias subdesenvolvidas. Donde apontou como principal problema dos países
subdesenvolvidos a falta de poupança interna para engendrar um maior número de
investimentos. Essa fraca poupança residia no facto das populações desses países terem
um nível de consumo muito elevado, como consequência da imitação dos hábitos de
populações dos países mais avançados (efeito demonstração de Duesemberry, publicado
no seu artigo de 1949), o que faz com que haja uma baixa propensão a poupar e uma
elevada propensão a consumir.
Tal como Rosenstei – Rodan, Nurske propõe um conjunto de novos investimentos em
indústrias diversificadas que interagem de tal modo que umas constituam mercado para
as outras, garantindo a lucratividade de todos e aponta o estado empreendedor como o
único promotor capaz de desencadear este processo.
Em conclusão a teoria do desenvolvimento equilibrado nas suas mais variadas versões,
buscou descrever os caminhos que uma economia subdesenvolvida devia tomar para
ultrapassar os constrangimentos estruturais, captar poupanças e gerar uma onda de novos
investimentos, capazes de aumentar o emprego, o alargamento do mercado, o consumo e
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gerar desenvolvimento de modo que se vencesse o ciclo da estagnação a que elas
estavam acondicionadas.
O modelo de desenvolvimento equilibrado foi amplamente utilizado Argélia, Argentina,México, Paraguai, Chile e outros países da América latina e com algum sucesso em,
especial para o Brasil, que deu assim início ao seu processo de industrialização. Com o
crescimento das economias desses países era necessária uma nova base de sustentação
teórica que garantisse a continuidade do processo de crescimento dessas economias e as
adaptasse às novas exigências dum mundo cada vez mais globalizado e
tecnologicamente avançado. No entanto, esses teóricos ficaram sumidos no tempo e não
trouxeram os subsídios novos que ela necessitava por isso, a teoria do desenvolvimento
ficou vencida.
Modelo Endógeno de Crescimento Económico
As primeiras investigações do efeito da educação sobre o crescimento económico iniciaram –
se efectivamente nos anos 60 com as publicações de Schultz (1963), sobre o valor económico
da educação e Becker (1964) com a teoria do capital humano. As diferenças observadas no
crescimento das economias e a absorção efectiva de factores de produção têm a sua
explicação atribuída às melhorias no factor trabalho que elevam sua capacidade produtiva e
geram aumentos de produtividade, os quais se refletem, em última instância em aumentos de
bem – estar da população. Desde então o conceito de capital humano passou a ser incorporado
na literatura do crescimento iniciada por Solow (1957). Uma quantidade significativa de
estudos e artigos têm sido elaborados nas últimas décadas com a finalidade de quantificar a
contribuição dos investimentos em capital humano para o crescimento da produtividade dos
factores e assim, do crescimento económico.
A teoria do capital humano é a mais recente das teorias de desenvolvimento económico. Ostrabalhos referentes a introdução do capital humano foram fortemente enfatizadospor Romer
(1986), que introduziu uma nova forma de conceber o crescimento de longo prazo das
economias através do modelo inicial de Solow, naquele que ficou conhecido como modelo
endógeno de crescimento económico. Robert Lucas (1988) inspirado na teoria de Gary Becker
(1964) introduziu um conjunto de modificações nos pressupostos básicos do modelo de
Solow, impulsionando assim um novo paradigma em matéria de modelos de crescimento
económico.
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A ideia principal centrada nos modelos de crescimento endógeno resulta da necessidade da
superação dos rendimentos decrescentes no processo de produção. Que podem ocorrer de
duas maneiras:
● A nível da economia agregada, em face das externalidades geradas pela actuação das
firmas individualmente que levariam a geração de rendimentos crescentes em termos de
economia agregada (Romer - 1986) e;
●Pela geração de externalidades que levariam a rendimentos crescentes na função de
produção agregada (Lucas – 1988), alterando assim, os resultados do modelo neoclássico de
crescimento económico.
Segundo estudos sobre o padrão de educação nos diferentes países por Barro e Lee (1993,
1996 e 2000) e as estimativas sobre os retornos da educação de Psacharopoulos (1994 e1995), tem permitido modos alternativos de modelagem do capital humano no processo de
crescimento de desenvolvimento.
Os resultados apontam que o número médio de anos de escolaridade, conforme as diferentes
medidas adoptadas, apresentam – se fortemente correlacionadas com as taxas de
produtividade. Por outro lado, estudo sobre a contabilidade do crescimento aponta para uma
grande contribuição do capital humano no crescimento da produtividade ou como factor
determinante das diferenças nos níveis de produtividade entre os países.
Teoria do Desenvolvimento Sustentável
O crescimento das constantes agressões ao meio ambiente devido a frenética velocidade da
industrialização e do crescimento das economias mundiais gerou uma nova corrente de
pensamento, que propõe a alteração dos padrões de constituição da riqueza das nações e a
preocupação que estes devem ter com o meio ambiente. Esta corrente ficou conhecida por
economistasecológicos, que fez surgir na especialidade o termo ecodesenvolvimento ou
desenvolvimento sustentável no início da década de 70, com o objectivo de estabelecer os
limites sobre os modelos e volumes de crescimento económico frente à necessidade de
preservação do meio ambiente.
Os economistas ecológicos (Marilene Santos, Edward O. Wilson, José Viega, Eduardo
Ehlers) defendem a economia ecológica como parte de um sistema muito maior, onde os
recursos naturais são complementos dos demais factores de produção existentes e que devam
ser racionalmente utilizados dado a sua condição de esgotamento e/ou de escassez.
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Em 1992, no Brasil, foi realizada a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida por Rio 92 ou Eco 92. O programa
aprovado, Agenda 21, foi a forma directa que a ONU utilizou para frear a degradação do meio
ambiente a escala mundial. O objectivo principal da Agenda 21 é a preservação do meio
ambiente, considerando que o agente principal desse cenário – o homem – é por natureza o
grande destruidor, quer por interesses económicos quer por protecção a si próprio e a seu
grupo.
Somente em 1992 com a aprovação do texto sobre as mudanças climáticas, passou – se a
discutir os acertos e responsabilidades para os maiores poluidores mundiais.
Na convenção de Quioto, no Japão ficaram estabelecidas as políticas e medidas impeditivasdo crescimento do nível internacional de poluição atmosférica, limitando a quantidade de
a ser libertada por cada país possuidor. O Protocolo de Quioto passou também a permitir que
parte do abatimento dos efeitos perniciosos dos gases com efeito estufa, possam ser realizadas
em outros países, desde que transferidos para estes recursos monetários e tecnologias limpas.
Os certificados de qualidade dos bens e serviços são também resultados do novo conceito de
desenvolvimento donde a afirmação de um novo padrão de consumidores e de consumo
claramente mais exigente e conservador do meio ambiente, possibilitando a disponibilização
dos chamados selos verdes de qualidade (certificação de qualidade - ISO) e origem dos bens.
Os custos ambientais são irreparáveis e promovem modificações directas e indirectas na
saúde, segurança e bem – estar das populações presentes e futuras, bem como interferem nas
actividades sociais económicas, sem contar com os resultados estéticos e sanitários do meio
ambiente e a qualidade dos recursos restantes, ficando dessa forma difícil avaliar,
especificamente os benefícios em relaçãoaos custos sociais.
Em resumo o desenvolvimento sustentável é aquele que se dá na base da racionalidade dos
recursos e na sustentabilidade do próprio processo de crescimento sem deixar legados de
dívidas insustentáveis às gerações vindouras, mas pelo contrário, as condições para uma
melhor qualidade de vida.
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ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO
Trazemos para esta secção as principais estratégias adoptadas pelos países hojeindustrializados e que continuam a ser adoptadas por diversos países para darem arranque ao
processo de crescimento sustentado e redução da dependência externa.
Neste particular apresentamos três estratégias mais utilizadas pelas economias e a
possibilidade de aplicação no caso doméstico.
Estratégia de Substituição das Importações
Em termos gerais este modelo visa a substituição dos bens importados por meio de uma
expansão e melhoria significativa do aparelho produtivo interno e consequente alargamento
do mercado nacional.
Os investimentos seguem uma trajectória de jusante para montante, possibilitando a
recuperação do tecido produtivo existente, partindo da produção em massa de bens de
consumo corrente, passando depois para os duradouros e em última instância os bens de
indústria pesada.
Envolve o sector agro – alimentar e a indústria ligeira. Nomeadamente a agricultura familiar e
empresarial, industria alimentar, de bebidas, têxteis, vestuário e calçados, papel e derivados,
plásticos, madeira e derivados, minerais não metálicos e a indústria de construção.
O sucesso desta estratégia de desenvolvimento reside nas inúmeras barreiras tarifárias e
aduaneiras a impor aos produtos importados, na criação de condições que favoreçam a oferta
(remoção dos obstáculos estruturais), nos incentivos ao investimentoprivado e na criação de
condições que estimulem um aumento da procura e o consequente alargamento do mercado
interno3.
As limitações apontadas a esse tipo de modelo são:
♦ Fraca dimensão do mercado e défice da procura agregada;
♦ Distorções decorrentes do agravamento das taxas aduaneiras;
♦ Escassez de divisas que leva a depreciação da moeda nacional, decorrente do
aumento da procura de divisas para fazer face as necessidades de importação de bens;
♦ Fraqueza actual do sector agrícola, que se assume como o sector da génese da
produção interna e desenvolvimento das indústrias chaves para levar a cabo o modelo;
3Em Angola por exemplo, essas condições passam por uma melhoria das políticas sociais baseadas no aumentodo salário mínimo nacional, subsídio de desemprego, segurança social e outros.
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♦ Elevada dependência externa na segunda e terceira fases do modelo de
desenvolvimento de substituição das importações;
Entre os países que utilizaram este modelo desenvolvimento, podemos citar a maioria dos países da Europa central e do norte, da América Latina como Brasil, Argentina e Chile, os
EUA, etc.
Estratégia de Promoção das Exportações
O modelo de promoção das exportações é apontado como sendo senão o modelo mais
apropriado para os países africanos, segundo as instituições de Bretton Woods.
A ideia subjacente a este modelo de desenvolvimento económico reside num grande volume
de importação de matérias – primas, na utilização de novas tecnologias para utilização na
produção visando primordialmente atingir o mercado internacional, a liberalização da
economia e nas políticas fiscais de incentivos ao investimento privado.
Os investimentos seguem a mesma trajectória que no modelo anterior, de jusante à montante,
e possui a principal vantagem de fomentar o emprego retirando o excesso da mão – de – obra
imbuída no sector agrícola (mão – de – obra ociosa)
O modelo apresenta as seguintes limitações:
● Fraqueza do sector agrícola – donde a capacidade de geração de inputs para o sector
industrial;
● Falta de experiência industrial – pela fraca industrialização do país e baixo nível de
tecnologia;
● Não atracção do investimento externo, por um lado determinado pelo baixo nível de
desenvolvimento tecnológico, por outro pela fraca dimensão do mercado e políticas
económicas restritivas;
● Dificuldade de penetração dos produtos nacionais nos países ricos (europeus e
americanos) – neste particular temos a considerar o proteccionismo dessas economias em
receber produtos transformados oriundos dos países pobres mormente da África e da Ásia.
Este modelo tem sido muito seguido pelos países do sudeste asiáticos e tem dado resultados
satisfatórios no processo de desenvolvimento daquelas economias desde a década de 60.
Para o nosso país, a aplicação deste modelo pode começar com o desenvolvimento da
indústria ligeira, tais como vestuário, calçado, produtos de couro e madeira, bebidas e outros
produtos cuja matéria – prima seja abundante e intensivo em mão – de – obra.
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Estratégia de Industrialização Baseada na Indústria Pesada
Aplicação deste modelo de desenvolvimento é sustentada pela necessidade de libertação da
dependência tecnológica externa; donde a difusão dos efeitos de aprendizagem resultantes da
disponibilidade a montante duma oferta de bens de equipamento e intermediários a baixo
preço centrada na priorização da indústria pesada (siderurgia e petroquímica) e de um sector
de bens de equipamentos.
As principais limitações apontadas a este modelo são:
São necessárias enormes quantidades de valores monetários para realizar avultados
investimentos nas áreas de actuação.
■ A reduzida dimensão do mercado interno – que acaba por proporcionar capacidade
ociosa por um lado e, por outro, o seu sucesso fica muito dependente da volatilidade dos
preços nos mercados internacionais;
■ Fraca capacidade de geração de emprego – indústrias intensivas em capital,
absorvendo muito pouca mão de – obra;
■ Ausência de capacidade inter na para absorver os efeitos intersectoriais, que são
originados pela não consolidação do aparelho produtivo e pelo deficiente funcionamento dos
restantes sectores.
Este modelo foi fortemente implementado nas décadas de 70 e 80 em países como Argélia,
Irão, Iraque, etc.
Em Angola, sua aplicação pode ser feita através do sector mineiro em especial o petrolífero e
o diamantífero. Porém, com as restrições acima identificadas devem ser definidas metas e
geradas regulamentações e medidas determinadas que atenuem os efeitos perniciosos
decorrentes da sua implementação e execução.
Concluindo e resumindo podemos afirmar que dadaas potencialidades económicas e
geográficas, o país pode optar por uma estratégia que reúna os três modelos, desde que sejamdelimitados os ramos de actividades e eleitos os produtos que, numa primeira fase, ofereçam
vantagens comparativas em relação aos produtores da região.
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INFLAÇÃO
Nota Introdutória
O processo inflacionário desencadeia – se por razões várias e os mecanismos e instrumentos
de combate variam em função das suas causas.
Porém, apesar de em linhas gerais, serem conhecidas as suas origens, sua eliminação é
praticamente impossível e inviável, primeiro por ser um fenómeno que se auto – sustenta e,
em segundo lugar porque nenhuma economia sobreviveria sem inflação, pois que em certa
medida, níveis satisfatórios de inflação são estímulos para os investimentos e expansão do
emprego.
Várias definições têm sido apontadas para a inflação. Neste trabalho, destacamos as seguintes:
a) – A inflação é um excesso da quantidade de dinheiro ou de depósitos bancários, isto
é, demasiada moeda em relação ao volume físico de negócios que se realizam. (Teoria
quantitativa de KEMMERER).
b) – A inflação é um excesso de procura global sobre a oferta global, num mercado em
que seja a oferta, seja a procura são inelásticas em relação aos preços.
c) – A inflação é o processo cumulativo de elevação dos preços que resulta, durante
um período, do combate monetário levado adiante pelos diversos agentes económicos, para
manter ou aumentar sua renda real ou seu capital real, enquanto a massa global dos bens
disponíveis na economia é insuficiente para satisfazer simultaneamente a todas as suas
exigências (LE BOURVA).
Essas três definições encerram, em termos gerais, as principais causas da inflação. A primeira
tem o seu enfoque no excesso de dinheiro no mercado para um volume de transacções
inferior; a segunda aponta para o desequilíbrio macroeconómico em que a oferta agregada não
é capaz de satisfazer o nível de procura do mercado; e a terceira explicita como os custos de
produção, via salário, desencadeiam uma espiral inflacionária.
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COMO CALCULAR A INFLAÇÃO?
Para se calcular a inflação, utilizam – se determinados índices, vulgarmente conhecidos como4 Índices de preços.
Os três índices mais utilizados são:
O Ipc
A medida mais utilizada para calcular a inflação é o índice de preços ao consumidor.
O IPC5, segundo o INE, é um indicador que regista as variações de preços de um conjunto
seleccionado de bens e serviços que representa o consumo dos agregados familiares num dado
período de tempo e num espaço geográfico determinado.
Na verdade o IPC mede o custo de compra de um cabaz de bens em distintos momentos. Para
o seu cálculo, atribui – se uma ponderação fixa a cada bem ou serviço, de acordo com a sua
importância relativa nos orçamentos mensais de cada família. Este coeficiente de ponderação
é proporcional aos gastos totais que cada família realiza no consumo do mesmo bem, que é
determinado por meio de um inquérito sobre as despesas de bens e serviços de cada família,
realizado periodicamente pelo Instituto de Estatísticas.
Deflactor do PIB
Este índice também é bastante usado para calcular a inflação. Vulgarmente conhecido por
deflactor do PIB, o índice de preço do PIB difere do IPC, por quanto engloba todos os
produtos e serviços produzidos num ano numa economia, incluindo bens como armamentos,
mineiros (ouro, cobre, diamante, petróleo, etc), casas e outros que não são directamente
consumidos ou consumíveis pela população.
O índice de preço do PIB é o rácio entre o produto nominal e o produto real, produzidos na
economia durante um ano. Representa o preço de todos os bens e serviços produzidos dentro
das fronteiras do país.
A sua fórmula de cálculo é:
4 Um índice de preços é uma média ponderada dos preços de um certo cabaz de bens e serviços. Samuelson e Nordhaus, Economia, 18ª Edição, pp 4405 Índice de Preços no Consumidor, INE – 2009, pp. 5
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O deflactor não é um bom índice para se aferir sobre o custo de vida da população, uma vez
que o pode subestimar. Enquanto o IPC, não é o melhor índice para determinar o nível de
preços da economia em geral, podendo – o sobrestimar.
O Ipp
Sendo um índice de ponderações fixas, onde as ponderações são constituídas pelas vendas
líquidas mensais de cada empresa, é amplamente utilizado pelos produtores, para determinar o
preço médio dos bens à saída da fábrica. Inclui desde bens alimentares, vestuário, máquinas,
equipamentos, mineiros e outros.
O Índice de Preços ao Produtor mede o nível de preço no produtor ou por grosso. É o preço
médio dos bens e serviços à saída da fábrica.A taxa de inflação é então dada pela variação percentual do nível geral de preços apresentado
por qualquer um dos índices acima referenciados. Qualquer que seja o índice a ser utilizado
(IPC, Deflactor ou IPP), a taxa de inflação é calculada pela seguinte fórmula:
Onde:
é a taxa de inflação no ano t
é o índice de preço no ano t
E é o índice de preço no ano t-1
CATEGORIAS DE INFLAÇÃO
A gravidade da inflação está directamente ligada a sua forma e às suas causas. O nível de
gravidade difere segundo o tipo de inflação. Em geral são considerados três tipos:
Inflação Moderada
Também chamada de inflação rastejante, caracteriza – se por apresentar um ritmo lento e
previsível de crescimento dos preços.
Os agentes económicos fazem previsões e não apresentam preocupações relativas a possíveis
alterações drásticas no valor da moeda, por isso não se preocupam em aumentar os seus bens
patrimoniais.
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Os contractos de trabalho são fixos e os salários também, pois conhece – se o ritmo de
variação dos preços e se espera que este não venha a se alterar repentina e drasticamente.
Aqui impera a chamada inflação por inércia.
Inflação Galopante
Caracteriza – se por apresentar um aumento rápido dos preços a um nível acima dos dois ou
três dígitos.
A inflação galopante constitui um problema grave para qualquer economia, na medida em que
tende a distorcer os preços relativos e a instaurar a falta de confiança na moeda local para
todos os efeitos.
Os agentes económicos passam a deter não muita quantidade de dinheiro e aumentam as suas poupanças, aguardando medidas económicas que apreciem o valor da moeda, detendo apenas
o mínimo necessário para transacções diárias.
Como consequência há uma massiva fuga de capital para o estrangeiro, taxas de juros
nominais bastantes elevadas, contractos salariais indexados a taxa de variação dos preços ou a
inflação esperada, utilização de moedas estrangeiras em detrimento da nacional e um claro
aumento da procura de bens de consumo duradouros ou de investimento sendo que a moeda
deprecia – se muito rapidamente. Na última década, o Zimbabwe (na ordem dos 1.000%) e mais recentemente a Venezuela
(principalmente depois da morte do seu presidente Ugo Chaves, a inflação atingiu os 50% em
Novembro de 2013), passaram por tipo de inflação.
Hiperinflação
Esta é de facto a mais grave de todas categorias de inflação. Nela os preços aumentam acima
dos quatro (4) dígitos, ou seja acima dos um milhão por cento (1.000.000 %).
Todos os efeitos acima descritos ocorrem, mas com maior gravidade nesta categoria de
inflação.
Grandes somas de dinheiro servem apenas para comprar reduzidas quantidades de produtos,
donde a troca directa de bens por outros bens (a permuta) é uma consequência directa e
afigura – se como melhor opção, uma vez que a moeda deixa de cumprir com as suas
principais funções (meio de troca, unidade de medida, reserva de valor).
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No ano de 1920, o estado alemão viveu um caso de hiperinflação. O índice de preços
aumentou de 1 para 10 mil milhões, de Janeiro de 1992 a Novembro de 1923. E a moeda local
deixou praticamente de existir.
TIPOS DE INFLAÇÃO
O processo inflacionário é causado por diversas razões. Apesar destas variarem de país para
país, são em linhas gerais conhecidas as suas principais causas, que podem agudizar – se em
função dos comportamentos dos agentes económicos locais e das condições e estrutura dos
mercados.
As teorias que explicativas das causas da inflação, podem ser resumidas em três:
Inflação de Procura
A inflação pela procura resulta de um desequilíbrio macroeconómico entre a oferta e a
procura agregadas, que geralmente ocorre quando se eleva uma das componentes da despesa
interna como gasto público, consumo, ou investimento.Como a oferta não responde de modo
proporcional e no mesmo instante de tempo, dá – se assim lugar ao inevitável crescimento dos
preços.
A produção de bens e de serviços é um processo demorado por quanto a produção envolve
factores como mão – de – obra, capital e tecnologia apropriada que não se encontram
disponíveis em quantidades desejadas no curto prazo.
Vejamos o seguinte gráfico que espelha hipoteticamente um equilíbrio macroeconómico
inicial entre a oferta e a procura agregadas no mercado real.
Figura 2 – Inflação pela Procura
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O gráfico acima mostra como o excesso de procura pode criar inflação na economia real. Parte – se de uma situação hipotética em que a economia se encontra em equilíbrio ( ).
Suponhamos que o governo decida elevar o seu consumo, através do aumento dos seus gastos,
causando um choque na procura agregada. Este choque deslocará a curva de para
. As novas necessidades de bens e serviços são agora maiores (passaram de para ),
o que exige uma resposta imediatadas empresas que, em geral não ocorre. Como resultado os
preços aumentam de para e posteriormente para , para um nível de procura
representado pela curva , gerando inflação.
A despesa nacional é um dos instrumentos mais utilizados para elevar o produto, mas acarreta
um custo muito elevado, a inflação.No entanto, em períodos de recessão, o aumento da
despesa (pública) é das principais políticas de estímulo à economia, apesar do risco associado.
Os Estados Unidos, Brasil, França e outros países, usaram desta medida muito recentemente,
na recessão que assolou o mundo fruto da crise financeira e económica iniciada em finais de
2007.
Inflação de Oferta
Quando a inflação resulta da elevação dos custos de produção diz – se inflação pelos custos
ou do lado da oferta.
Durante muitos anos, esta vertente foi desconhecida e considerada irreal, pois era mais
predominante a inflação pela via da procura ou por excesso de moeda, não tendo sido
registado durante muitos anos choques de oferta que justificassem o crescimento contínuo e
generalizado dos preços.
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Nas últimas décadas ficou notável que certo comportamento sindicalista que promovia
aumentos salariais e posteriormente impetuosos choques nos preços das matérias – primas nos
mercados internacionais, passou – se a considerar os efeitos do aumento dos custos de
produção sobre os preços, surgindo assim a necessidade do seu controlo e acompanhamento
para se conter novas tensões inflacionistas.
De forma geral, a inflação pelos custos pode ser causada por duas vias:
■Porelevação dos salários devidos a pressões dos trabalhadores organizados em
sindicatos;
■ Por elevação do preço das matérias – primas fundamentalmente nos mercados
internacionais, afectando estes os custos internos de produção, a BP por via de uma
desvalorização cambial (choques nos preços de petróleo e consequentemente nos seusderivados);
Uma corrente de pensamento económico desenvolvida na América Latina, investigou as
causas da inflação em dois daqueles países e concluiu que a estrutura económica era a
principal fonte do aumento dos preços e como tal apontava a inexistência de vias de acesso às
cidades, a falta de energia, água, redes de comunicação, a estrutura monopolística ou
oligopolística dos mercados, as altas taxas de impostos e de contribuições para a segurança
social, a debilidade das instituições, a burocracia e morosidade nos processos, o tráfico deinfluência e a corrupção, eram as principais causas da inflação nestes países. Esta corrente
ficou conhecida como corrente estruturalista.
O gráfico seguinte mostra como o processo inflacionário ocorre mediante contracções
sucessivas da oferta agregada.
Figura 3 – Inflação pela Oferta
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Suponhamos que a economia encontra – se no ponto em que produto total ofertado pelas
empresas é exactamente igual as quantidades procuradas pelas famílias e pelo estado, a um
preço de equilíbrio .
Suponhamos agora que devido a tensões políticas nalguns países com elevado nível de
produção de petróleo, o preço deste bem aumenta drasticamente nos mercados internacionais.
A elevação do preço do petróleo vai causar um aumento dos seus derivados (combustíveis,
gás natural) e por consequência afectará os custos de produção das empresas. A elevação dos
custos de produção, das grandes para as pequenas empresas e em cadeia, faz deslocar a curva
da oferta agregada para cima e para esquerda, significando a redução das quantidades
produzidas de para e despedimentos de pessoal. Como produzir se tornou agora mais
caro, então as empresas aumentam os preços, passando este de para . Sendo um processo
lento e prolongado, os preços crescerão até aos novos níveis de equilíbrio (ponto e ). No
final do período, o resultado será o aumento do nível de preços.
Alguns economistas hoje, como 6Samuelson, Nordhaus e 7Alves da Rocha sintetizam as
teorias explicativas das causas da inflação em duas: A Teoria por excesso da procura e a
teoria dos custos de produção.
Esta análise justifica – se porque hoje por hoje não se emitem moedas no vazio. O aumento da
massa monetária no mercado serve para suprir determinadas necessidades das economias. O
financiamento do défice orçamental ou da balança de transacções correntes, o aumento da
6 Economia – Samuelson e Nordhaus, 16ªedição, pp.676 e 6777Alguns Temas Estruturantes da Economia Angolana – crónicas no jornal Expansão 2009 – 2011, Manuel JoséAlves da Rocha, 1ªedição, pp. 64
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capacidade de conceder crédito à economia para aumentar o volume de investimentos e de
transacções anuais, todos eles componentes da despesa interna e por conseguinte da procura
agregada, são alguns dos objectivos a atingir.
Por outro lado, os constrangimentos e as limitações estruturais acabam sempre por pesar nos
custos das empresas, causando a redução das quantidades de bens e de serviços produzidos e
o aumento dos preços unitários das vendas.
Por exemplo, choques no preço de petróleo, aumento das taxas de imposto, segurança social,
falta de redes de energia, a morosidade nos processos administrativos e alfandegários, têm
consequências directas nos custos das empresas. Portanto, a corrente estruturalista é também
uma teoria dos custos de produção ou do lado da oferta.
Inflação de Inércia
Caracteriza – se por apresentar um crescimento lento, moderado e previsível dos preços
independentemente de pressões na procura ou na oferta. Ela está associada aos mecanismos
de indexação das economias; ou seja, taxas de câmbios, juros, salários, e activos financeiros
são ajustados pelo simples facto de existir inflação. Porém quando a indexação é plena, a
inflação de hoje torna – se o referencial para a inflação de amanhã.
É com este tipo de inflação que os agentes económicos se orientam para formularemexpectativas e suas estratégias de negócios. Um se não é que este tipo de inflação torna rígida
redução dos preços, criando um ambiente favorável à sua estruturalização. Por outro lado, é
boa, porque favorece o ambiente de negócios (aumento de lucros) e reduz o grau de incerteza
na economia. É a inflação desejada pelos agentes económicos.
TEORIAS EXPLICATIVAS DAS CAUSAS DA INFLAÇÃO
As teorias explicativas da inflação remontam aos mais célebres economistas da antiguidade,
como Adam Smith, David Ricardo, Malthus, Marx, mas foi David Hume que pela primeira
vez fez um estudo mais aprofundado sobre este fenómeno económico. Posteriormente foram
surgindo outros autores e escolas, todas elas com fundamentos muito próprios sobre as
origens do processo inflacionário.
A primeira escola a apresentar os resultados de uma investigação acurada sobre a inflação foi
a escola de Chicago, liderado por Irving Fisher, naquela que ficou até então conhecida como
teoria quantitativa da moeda, iniciada por David Hume.
Nesta secção, pretendemos apresentar a visão das principais escolas de pensamento
económico, sobre o desenrolar do processo inflacionário.
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Teoria Monetarista
Desenvolvida inicialmente pela escola de Chicago e encabeçada por Fisher, a teoria
monetarista, defende que a principal causa da inflação é o excesso de moeda no mercado.
Esta teoria argumenta que a injecção de moeda deve apenas servir para sustentar o
crescimento económico ou seja o volume de transacções necessárias a serem realizadas dentro
da economia anualmente. Pois é a quantidade de moeda posta em circulação que
determina o nível geral dos preços. Assim, uma elevação dessa quantidade de dinheiro não
compensada pelo aumento da produção tem como resultado imediato o crescimento dos
preços.
A teoria de Fisher ficou conhecida como Teoria Quantitativa da Moeda (TQM), por dar muito
mais ênfase à quantidade de moeda que o BC põe no mercado. Devendo este ter um maior
controlo sobre a massa monetária em circulação e monitora – lá em função das necessidades
do próprio processo de crescimento económico.
A teoria de Fisher pode ser comprovada pela equação que ficou conhecida pelo seu próprio
nome (Equação de Fisher), em que o autor demonstra a variação dos preços em função da
quantidade de moeda em circulação no mercado.
Seja a equação (EQT):
Onde: M é a quantidade de moeda posta a circular no mercado;
V é a velocidade de circulação da moeda (o número médio de vezes que uma unidade de
moeda é usada como intermediário das transacções entre os agentes económicos);
P é o índice de preço dos bens e serviços transaccionados;
T é o volume de transacções de bens e serviços finais, intermédios e de activos reais e
financeiros.
Isolando P na equação 1, obtém – se:
Como vemos, uma elevação de ou de provocaria uma elevação de . Isto é, os preços
são directamente proporcionais a massa monetária em circulação e a velocidade de circulação
da moeda. Ou seja, quanto maior for a quantidade de dinheiro na economia, maior serão os
preços.
Apesar da equação de Fisher ilustrar bem a relação directa entre e , ela não explicavacomo o aumento da moeda causaria o aumento dos preços. E para além disso, as variáveis
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utilizadas na sua equação apresentavam – se mais difíceis de medir e de pouco interesse para
a análise macroeconómica.
Estas lacunas vieram a ser cobertas e complementadas, pela escola de Cambridge
representada pelos economistas Marshall e Pigou. Estes dois autores colmataram a falha da
teoria de Fisher ao explicarem como o aumento da massa monetária gera aumentos no nível
geral de preços, e comprovaram a relação directa e proporcional entre as duas variáveis.
A EQT foi então transformada na seguinte equação:
Onde Y é o produto total corrente; isto é, o volume das transacções correntes em bens e
serviços finais produzidos durante o período; V passa a ser a velocidade do rendimento da
moeda (o número médio de vezes que uma unidade monetária é usada nas transacções com o
produto corrente).
Isolando P, obtemos:
Considerando: obtemos uma equação da forma:
Fazendo variar P em função de M , através das leis matemáticas de diferenciação de 1ª ordem,
e partindo do princípio de que M é uma variável exógena e sendo a8constante a curto prazo,
obtemos:
Como vemos o rácio entre a velocidade de circulação da moeda e o produto corrente é
positiva, o que quer dizer que uma variação da quantidade de moeda no mercado provoca uma
variação directa e proporcional dos preços. Isto é, segundo os monetaristas, um aumento de
20% na massa monetária em circulação, provocaria um aumento de 20% nos preços dos bens
e serviços caso esse aumento não fosse compensado, no mesmo instante, pela oferta de bens e
serviços,o que em geral não acontece
8 Um dos pressupostos básicos da TQM é que o rácio entre Representado por a é constante, de tal modo que só
M , é que varia no curto prazo.
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Teoria Keynesiana
O trabalho de John Maynard Keynes, ficou conhecido e amplamente utilizado, depois da
grande depressão dos anos 30. Na sua obra intitulada,Teoria geral do emprego, do juro e da
moeda, o autor procurava explicar como uma economia pode sair de um período de recessão e
retomar o crescimento aumentando o nível de emprego e produto. Keynes destacou então o
gasto público, como o único meiopara alavancar a economia numa situação de recessão
económica.
Apesar de não ter sido o seu objectivo, Keynes descreveu como a política fiscal expansionista
pode causar inflação. Segundo o autor o aumento na demanda agregada através do gasto
público deve ser acompanhada por um aumento proporcional no volume de produção; No
entanto, como este aumento não ocorre de imediato então cria – se um hiato inflacionário,
entre o novo nível de procura e o nível de oferta, e a inflação prevaleceráaté que o produto
real cresça na mesma proporção.
Teoria Estruturalista
Centrando – se na realidade das economias subdesenvolvidas da América latina, nos anos 50 e
apontou como causas da inflação as limitações estruturais.
Segundo a corrente estruturalista, a inflação resulta das limitações e da inflexibilidade daestrutura económica, em responder ao processo de desenvolvimento da economia. Devido a
restrita mobilidade dos factores produtivos e ao inadequado funcionamento do sistema de
preços, alguns sectores não respondem de imediato (ou mesmo acabam por não responder tão
cedo) a modificações na demanda de outros sectores. Um desses sectores é o agrícola. Isto
cria um desequilíbrio cada vez mais acentuado, que causa inflação.
A migração das populações rurais para os centros urbanos e consequente abandono dos
campos de cultivo, a falta recursos e de tecnologia, de energia, água, de um sistema detransportes eficiente, o crescimento demográfico e as necessidades criadas pelo próprio
processo de industrialização das economias, condicionam o ritmo de crescimento do sector.
Por outro lado, a dificuldade em aumentar as importações, decorrentes das restrições da BP,
aliado a estrutura mono ou oligopolista de alguns mercados acabam por criar a acomodação,
propagação e continuidade da progressão do nível geral de preços na economia.
Portanto, são em linhas gerais, estes os constrangimentos estruturais geradores do processo
inflacionário segundo a corrente estruturalista, que na verdade caracterizam os problemasligados aos países subdesenvolvidos.
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O DEBATE ENTRE AS CORRENTES DE PENSAMENTO ECONÓMICO
A ideia subjacente de que o crescimento exponencial é uma das principais razões para a
elevação dos preços encontrou ao longo da história, grande aceitação mesmo nas economias
saídas de guerra e subdesenvolvidas. Porém, à medida que se buscavam explicações para o
processo de crescimento económico e contenção dos processos inflacionários, a ideia
consensual foi decaindo, fruto de estudos de novas correntes de pensamento, passando as
características das economias dos países a determinar o sentido da relação entre o crescimento
económico e inflação. Porém, a realidade mesmo é que o crescimento do produto e a9Estabilidade de preços tem sido, em todo mundo, a pedra de toque das agendas políticas em
matéria económica.
Corrente Ortodoxa
A designação de ‘10Ortodoxos’ é atribuída, a todos aqueles economistas que aderem sem
qualquer oposição, aos aparelhos de análise provenientes dos países desenvolvidos, para
explicarem o surgimento do processo inflacionário.
Segundo os monetaristas, a inflação é um fenómeno típico das situações de plena ocupação
dos recursos produtivos. Ou seja, ela ocorre quando se quer manter um forte nível de
crescimento mesmo depois de a economia ter atingido o pleno emprego.A inflação não tem qualquer impacto positivo sobre a economia e a 11 poupança forçada que
ela cria, é de curto prazo, e não é capaz de estimular novos investimentos em períodos
posteriores, uma vez que sempre que os operários se apercebem do aumento dos preços,
reclamam aumentos salariais e adoptam uma escala móvel para os salários, sendo este
ajustado automaticamente em função das variações do nível geral de preços. E isto é possível
porque os sindicatos são fortes o suficiente para impor aos empregadores os direitos dos
trabalhadores.
9 Para a zona do euro, o BCE consideraestabilidade de preços, uma taxa de inflação (IPCH) abaixo dos 2% aoano. Enquanto nos EUA, o BC (FED) considerou como estabilidade dos preços uma taxa de inflação (IPC) de3% ou 4% ao ano.10Os Ortodoxos são em termos concretos, os economistas que defendem que o crescimento/desenvolvimento temuma forte influência no surgimento da inflação. Em detalhes, são os monetaristas, os clássicos, neoclássicos,keynesianos, neokeynesianos e outros. Em resumo, são os economistas dos países desenvolvidos. Ver JoãoMagalhães - Economia, vol. 2, 3ª edição, pp. 48 e 59.
11É a poupança que é criada involuntariamente quando ocorre o surto inflacionário. A inflação, actua como umimposto escondido, que actua sobre os rendimentos, fundamentalmente sobre aqueles que rigidamente seadaptam as novas realidades de preços, como os salários fixos. A inflação transfere rendimentos das classes mais pobres para as mais ricas, que após o surto aumentam o volume dos seus rendimentos e consequentemente suas poupanças.
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Uma vez atingido o pleno emprego, sucessivos estímulos da procura como o aumento do
crédito às empresas, resultarão apenas em crescimento nominal do produto e um crescimento
proporcional dos preços. Quando os factores produtivos se acham totalmente ocupados, o
aumento da demanda global ou da moeda, não pode ser compensada com aumento
correspondente e proporcional da oferta/ produção e como resultado surge a inflação.
Em conclusão, para os ortodoxos, o crescimento do produto e a inflação têm uma relação
directa. Quanto maior o produto, maior a inflação. Uma vez que o limite do crescimento é o
pleno emprego.
Corrente Heterodoxa
Esta corrente desenvolveu – se nos anos 50 na América Latina (1958)12
e visava analisar arelação entre o crescimento/desenvolvimento e inflação naqueles países. Seus resultados
foram bem interessantes e distanciados da literatura conhecida até então.
Segundo os heterodoxos, a posição assumida e defendida pelos ortodoxos não é falsa nem
ilusória e é válida para os países desenvolvidos, mas não se aplicam nos países
subdesenvolvidos, por estes reunirem condições extremamente diferentes.
Nos países subdesenvolvidos, a inflação não só tem impactos negativos sobre a economia e a
vida das populações, mas também constitui um instrumento do crescimento, devido a
poupança forçada e ao 13estímulo que dá aos investidores (estrangeiros, cujo poder de compra
nos seus países é inferior a do país subdesenvolvido).
Tal como os ortodoxos, para os heterodoxos, a inflação actua como um imposto aos
rendimentos, que diminui o rendimento disponível, baixa a propensão marginal a consumir e
aumenta a propensão marginal a poupar das famílias. Tudo porque a adopção de uma escala
móvel para os salários, nos países subdesenvolvidos é quase impossível dado que os tipos de
desemprego e os níveis de sub – empregosão muito elevados e os sindicatos têm um poder denegociação muito débil.
Na realidade, a parte do rendimento absorvido é a chamada poupança forçada, que é
transferido para o estado (através do imposto de consumo e de selo) ou para os mais ricos (os
empresários), cujos rendimentos são variáveis e ajustam – se à medida que os preços variam
12Ver, João P. A. Magalhães – Economia, vol. 2, 3ª edição, pp. 4813Apesar de seus impactos negativos no produto local, a inflação é um estímulo à entrada de capitais externos no país, por investidores estrangeiros, pois na perseguição de um lucro mais avultado e, no intuito de beneficiaremdas diferenças no poder de compra dos países, fabricam bens e/ou serviços, empregam mão – de – obra local ecriam valor acrescentado, aumentando assim o emprego e o rendimento nacional. O nosso país é um exemploclaro, destes tipos de fluxos de pessoas e de negócios.
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(lucros e juros). Uma vez terminado o surto inflacionário, quer o estado como as empresas
verão suas poupanças acrescidas e terão capacidade para investir, aumentar a mão – de – obra
e o rendimento, gerando crescimento/desenvolvimento económico e expandindo a FPP.
Portanto, para os países subdesenvolvidos, a inflação significa apenas que todo capital está
ocupado, havendo muita mão – de – obra desocupada e como tal, o aumento da demanda
global ou da quantidade de moeda é acompanhada por crescimento proporcional do produto,
não havendo lugar para a elevação dos preços.
Um estudo elaborado no Gana, com o objectivo determinar e medir a relação entre o
crescimento e a inflação mostrou que a inflação tende a decrescer à medida que cresce o PIB.
Outro estudo, com o mesmo objectivo, feito na Malásia demonstrou haver uma correlação
negativa entre inflação e crescimento económico no longo prazo; Na Índia um mesmo estudoconfirmou essa relação negativa entre inflação e crescimento económico no longo prazo. Por
outro lado a curva de Philips, ao estudar a relação entre inflação e desemprego, mostra de
forma indirecta que existe uma relação positiva entre crescimento económico e inflação no
curto prazo, uma vez que a inflação era maior quanto menor o desemprego, o que significa
que à medida que mais mão – de – obra é imbuída no processo produtivo, expandindo o
emprego e o produto, mais depressa cresciam os preços.
Muito recentemente o famoso e polémico economista norte – americano14
Robert P. Murphy,no seu livro The Politically Incorrect Guide to Captalism, descreve a relação entre
crescimento económico e inflação. Para espanto de todos, Murphy afirma que o crescimento
económico reduz a inflação. Se há aumento de um produto no mercado, o resultado é a queda
do preço deste produto e não o contrário.
No meio de tanta controvérsia, perguntámos: Afinal, crescimento económico gera inflação!?
Qual é a relação entre crescimento económico e inflação em Angola?
14PhD em Economia pela Ney York University e economista do Institute for Energy Research. Membro docentedo Mises University e autor do livro The politically Incorrect guide to capitalism.
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CAPÍTULO II – CARACTERIZAÇÃO DA ECONOMIA ANGOLANA DURANTE OPERÍODO ANALISADO
2.1. ENQUADRAMENTO GERAL
Angola é um dosmaiores e mais ricos países de África. Com uma superfície de 1.246.700
km2, e uma costa de 1.620 km e uma extensão terrestre de 4.837 km, o país é rico em recursos
naturais e possui imensas potencialidades geográficas, climáticas e abundantes recursoshídricos. Localizado na África Austral, ao sul do Sara, o país é limitado a norte pela
República Democrática do Congo, a sul pela República da Namíbia, a leste pela República da
Zâmbia e a oeste pelo Oceano Atlântico.
Independente a mais de 30 anos (1975), o país atravessou longos anos de guerra civil, o que
atrasou o processo de desenvolvimento tendo causado 15choques na produção, na poupança e
na sua estrutura demográfica. Com a escassez de produtos e o excesso de dinheiro na
economia, o país atingiu níveis alarmantes de inflação na década de 90 e viu – se dependenteda importação em larga escala e da produção e comercialização dos recursos do subsolo,
mormente o petróleo e os diamantes para sustentar as suas necessidades de bens de consumo
imediato e de bens de capital maioritariamente destinado aos esforços da guerra.
Com o alcance da paz, celebrada a 4 de Abril de 2002, o país conheceu um novo rumo. Entre
2000 e 2014, o PIB cresceu há uma taxa média anual de aproximadamente8%, tendo o ano de
2005, como o de maior performance, em que o PIB cresceu 15%. O desemprego, apesar de
elevado, foi reduzido e paira em cerca de
16
26% e a incidência de pobreza, em 36%. A taxa decrescimento da população é de, até 2013, 173,2% ao ano.
Segundo os resultados preliminares do censo realizado em 2014, o país conta com mais de 24
milhões de habitantes, sendo que 52% são mulheres e 48% homens e possui uma densidade
15Os choques na produção resultaram da quebra acentuada nos volumes de produção agrária e industrial (a percado 4º lugar como maior produtor de café a nível mundial). O choque demográfico decorre, da imigração das populações das zonas de origem para as cidades mais seguras (para a capital do país), bem como a fuga edesaparecimento de quadros nacionais; O choque de poupança, refere – se a perda da capacidade de investimentoe da aplicação dos recursos monetários e financeiros da nação para a os esforços da guerra.16African Economic Outlook. Angola 2014 – FMI17Relatório Económico 2013 – CEIC.
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estabilizar a taxa de câmbio e a reduzir a inflação. Em Outubro de 2012, foi criado o Fundo
Soberano de Angola, dotado de 5 milhões de USD, uma medida há muito defendida pelo
FMI, com o objectivo de atenuar os efeitos decorrentes da volatilidade dos preços do petróleo.
19Em 2014 o PIB real cresceu a um ritmo estimado de 4,5% nível abaixo do registado no ano
anterior, onde a economia cresceu 5,1%. Este crescimento foi estimulado pelo forte
desempenho da energia, da construção, da agricultura e das pescas e da indústria
transformadora.
A inflação acumulada foi de 7,48% tendo – se situado no intervalo desejado pelo estado.
A dívida pública angolana é sustentável apesar de crescente. O FMI classifica Angola como
um país de risco moderado de sobre – endividamento, mas o seu nível é muito vulnerável a
choquesexternos.Em 2014 a dívida interna representava 11,6% e a externa 25% do PIB, totalizando uma20dívida soberana de 36,6% do PIB, embora as estimativas apontem para um crescimento para
os 40,3 em 2016, para assegurar a continuidade dos projectos em curso e o início de projectos
prioritários em carteira, bem como para compensar a queda das receitas petrolíferas.
Figura 4– Evolução dos principais indicadores da economia angolana no triénio 2012 –2014.
Fonte:BNA, INE,FMI.
É possível concluir que o país encontra – se numa fase de contracção da sua actividade
económica em geral, como indicam os indicadores de saúde económica e financeira. O PIB e
o PIB per capita, o Saldo da BTC são decrescentes elucidando a dificuldade que a economia
19Relatório Anual: African Economic Outlook 2014 - FMI.20Uma chamada de atenção deve ser feita, no que concerne a política de endividamento do país e o seucrescimento. Apesar do FMI considerar que a dívida angolana é sustentável, há que ter em conta que os dadosapresentados são apenas do sector público (do governo) e não incluem as dívidas do sector privado,nomeadamente das empresas públicas e privadas. A Sonangol, por exemplo é um grande devedor externo e omaior do país.
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tem de retomar ao crescimento. O Stock de dívida pública é cada vez maior, sendo que o
financiamento externo tem sido a porta de saída. A inflação atingiu o seu valor mínimo pela
primeira vez desde 1975.
O país continua a enfrentar enormes desafios no que se refere as políticas de
desenvolvimento, com destaque a redução da dependência do petróleo, a reconstrução das
infra – estrutura seconómicas e sociais, a redução das assimetrias regionais, a melhoria da
capacidade institucional, do sistema de governação e de gestão das finanças públicas, o
desenvolvimento humano e as condições de vida da população.
Estes factores estão a prejudicar o ritmo de diversificação da economia e a evitar o
aparecimento de pequenas e médias empresas, a criação de emprego e constituem os
principais entraves ao crescimento económico sustentado e diversificado. No entanto, os esforços feitos pelo governo para diversificação da matriz produtiva e das
fontes de receitas é bem notório; basta olharmos para o gráfico seguinte.
Figura 5 – Estrutura da economia angolana em 2014 (% PIB)
Fonte:BNA – Relatório e contas 2014 –Elaboração do autor
Apesar de ter a contribuição mais modesta desde a independência, muito do crescimento
registado deve – se efectivamente a actividade petrolífera. O petróleo continua a deter maior
contributo no PIB com mais de 38% em 2013 e 29% em 2014 e representoumais de 70% da
receita pública e 95% das exportações totais do país neste mesmo ano.Por este facto, a
economia está desde a segunda metade de 2014 numa fase crítica devido o baixo preço do
petróleo causado pelo início da utilização das reservas e da produção de petróleo e gás dexisto pelos Estados Unidos da América, que simplesmente deixou de comprar nos mercados
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internacionais. Esta situação criou uma grande redução das receitas das empresas petrolíferas
a operar em Angola e do estado, bem como a escassez de divisas e tem gerado uma forte
tensão inflacionista, desvalorizando significativamente a moeda nacional.
Em termos relativos, o país registou um nível de crescimento médio de 7,5%que se
podeconsiderar baixo se olharmos para as necessidades reais de financiamento interno para o
desenvolvimento do tecido produtivo. No gráfico seguinte, são visíveis as fases de expansão e
de contracção da economia angolana.
Figura 6 – Crescimento do PIB (%) no período analisado
Fonte: MINPLAN, INE, FMI – Elaboração do autor.
O período de 2004 à 2008 foi o mais bem – sucedido para a economia angolana, tendo o seu
PIB atingido o pico em 2005 (15%). No entanto, registou a taxa mais baixa em 2009
(2,1%)aquando da queda do preço do petróleo até os 30 USD/barril, na crise financeira de
2008. Neste período, o PIB cresceu em média 12,6%. O período de 2009 à 2014 pode – se
considerar um período mau para a economia angolana. A economia encontra – se emestagnação. Depois de um mau período entre os anos de 2009, 2010 e 2011, a economia
recuperou apenas em 2012, onde cresceu 7,6%. No entanto, as dificuldades acima já
apontadas têm levado esse crescimento para baixo. Neste período o crescimento médio foi de
4,1%. O que mostra que em termos reais, o país cresce apenas 0,93% sendo este o valor
incrementado se deduzirmos a taxa de crescimento da população que se situa em 3,2%21.
21Segundo a teoria de crescimento neoclássico (exógeno e endógeno – R. Solow e P. Romer), uma economiacresce quando para além de repor e incrementar o stock de capital, consegue também cobrir o crescimento populacional. E neste campo pode – se dizer, que o país tem falhado, basta olharmos para o produto percapitados três últimos anos na figura 5.
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2.2.2. Política Fiscal
A política fiscal compreende a utilização deliberada do poder público, para estimularou
restringir o crescimento económico, arrefecer a economia de pressões inflacionistas ouatenuar
a magnitude do défice orçamental e todos os efeitos decorrentes.
Em Angola, as despesas públicas, têm sido o principal instrumento utilizado no âmbito da
política fiscal, para promover o emprego e o crescimento económico.
No âmbito do programa SBA, o governo fez esforços significativos para disciplinar a política
orçamental e reforçar a gestão das finanças públicas. A racionalização das despesas correntes
permitiu um “superavit” orçamental de 8,8% do PIB e possibilitou o pagamento de atrasados
internos de 7,5 mil milhões de USD que haviam sido incorridos desde 2009.
O governo implementou ainda em 2012 uma regra orçamental que defende a acumulação de
uma grande quantidade de reservas internacionais que com a criação do fundo soberano,
permitem isolar a economia do país da volatilidade dos preços do petróleo sobre as despesas
de investimento e garantir a sustentabilidade da gestão das receitas petrolíferas.
O rácio da dívida pública externa em percentagem do PIB caiu de 19,7% em 2011 para 19,5%
em 2012. No entanto, novas linhas de crédito foram assinadas, com vista a financiar o
programa nacional de reabilitação das infra – estruturas, traduzindo – se num aumento de
2,6% situando – se em 22,1% em 2013 e 25% em 2014.
Já o rácio da dívida pública interna em percentagem do PIB caiu de 11,8% em 2011 para
menos de 9% em 2012 e 9,5% em 2013, devido a racionalização nas fontes de financiamento
das despesas. Devido, a redução do preço do petróleo, o governo contraiu novas dívidas em
bancos locais, fazendo com que esta se situa – se nos 11,6% em 2014.
O governo está a desenvolver um vasto e aliciante programa de reforma tributária (PERT),
que visa o alargamento da base tributária e aumento das cobranças, de modo a permitir o
alívio da carga actual de tributação do sector petrolífero.Ao longo do período, o governo procurou sempre manter uma política orçamental
expansionista. Assim, em Janeiro de 2015, eliminou por completo os subsídios à gasolina e
outros combustíveis, uma componente que detinha um peso elevado na estrutura de despesas.
Esta medida libertou mais de 4 milhões de dólares americanos, que serviram para realizar
outras despesas.
De um modo geral, o comportamento das finanças públicas foi o que segue no quadro abaixo.
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Figura 7 – Indicadores fiscais
2010 2011 2012 2013 2014
Receitas totais (incluindo
donativos)
43,50 45,80 42,20 35,20 33,50
Receitas fiscais 6,60 5,80 5,00 6,00 6,10
Receitas petrolíferas 34,20 37,70 35,30 28,10 26,30
Despesas totais (e empréstimoslíquidos)
37,90 37,70 38,00 34,90 35,70
Despesas correntes 28,20 28,20 26,70 24,50 25,00
Sem juros 27,10 27,30 25,80 23,80 24,00
Salários 9,40 8,40 8,60 8,40 8,60
Pagamento de juros 1,20 0,90 0,90 0,70 0,20
Despesa de capital 9,70 9,50 11,30 10,40 10,70
Saldo primário 6,70 9,00 5,10 1,00 -2,00
Saldo global 5,60 8,10 4,20 0,30 -2,20
Fonte: FMI – Elaboração do autor
Os indicadores orçamentais são o reflexo da situação económica e financeira que o país
atravessa. O saldo primário e global são decrescentes (e negativos em 2014), reflectindo a
crise de crescimento que o país vive desde 2009.
O país se depara com fortes limitações a nível da gestão, racionalização e eficiência da
política fiscal, os atrasados internos, os incumprimentos, a organização empresarial, o tecido
produtivo nacional, a qualidade dos quadros e a dependência excessiva das receitas
petrolíferas são algumas das razões que influenciam a ineficiência da política fiscal angolana.
2.2.2. Política Monetária
A política monetária compreende a utilização deliberada dos instrumentos monetários pelo
estado, através do Banco Central, para garantir a estabilidade dos preços, estimular oinvestimento e, por conseguinte o crescimento económico, no curto prazo.
O BNA é o principal 22 responsável pela política monetária e dentre as suas principais funções
destacam – se: A redução do nível geral dos preços, o asseguramento da estabilidade dos
preços relativos; A gestão da base monetária; a regulação e supervisão do mercado financeiro
e a gestão das reservas líquidas internacionais.
Para cumprir com esses objectivos e tornar mais eficiente a implementação da política
monetária, o Comité de Política Monetária do BNA criou o Novo Quadro Operacional da22Lei nº 16/10 de 15 de Julho
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Política Monetária (QPM), um instrumento de gestão e controlo para o combate à inflação e
estabeleceu a luibor(taxa de juro média das operações de cedência de liquidez) como taxa de
juro de referência para as transacções interbancárias no mercado financeiro angolano.
A Política Monetária nacional conta com uma panóplia de instrumentos cuja aplicação
persegue, primordialmente com o objectivo de cumprimento das metas de inflação definidas
pelo governo.
O Banco Central complementa a sua intervenção através da taxa básica de juro que sinaliza o
mercado financeiro sobre a orientação da Política Monetária, influenciando a estrutura das
taxas de juro e realizando, em simultâneo, a gestão da liquidez do sistema bancário. 23Essa
sinalização poderá ser constatada em função das alterações da taxa básica.
Os instrumentos da Política Monetária utilizados pelo BNA são:
■ As facilidades Permanentes de Liquidez (Cedência e Absorção);
■ As operações de mercado aberto;
■ As reservas compulsórias;
■ As intervenções no mercado cambial (venda de divisas).
Em 201224 o país teve um bom desempenho a nível dos três principais objectivos
programáticos da política Monetária:
♦ As reservas internacionais brutas aumentaram em 3,3 mil milhões de USD (12,1%
acima da meta inicial);
♦ A moeda nacional manteve uma tendência de depreciação suave de apenas 1,66%
em relação ao dólar, com a taxa de câmbio a situar – se em 95,8 AOA/USD e o spread no
mercado paralelo permaneceu em 5%;
♦ A inflação caiu de 11,4% em 2011 para 9,02% em 2012, para 7,6% em 2013 e 7,4%
em 2014, ajudada por uma taxa de câmbio estável (até finais de 2014) e pelos subsídios aos
preços dos combustíveis, atingindo um dígito (2009), pela primeira vez em uma década e o
mínimo depois da independência (2014).
O CPM, que entrou em funcionamento em Outubro de 2011, baixou a taxa de juro de
referência em 25 pontos de base para 10,25%, em Janeiro de 2012. As taxas de juro do
23Uma subida da taxa BNA indica um cenário mais restritivo da Política Monetária, em que o BNA prevê um
aumento geral dos preços no curto prazo, donde o comprometimento da meta de inflação é uma questão a
considerar. Por outro lado, uma redução da taxa simboliza um curso expansionista da Política Monetária, em que
se prevê um cenário de diminuição da inflação no curto prazo.24Fonte: Relatório anual African Economic Outlook 2012
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mercado diminuíram significativamente, com a taxa dos empréstimos entre 181 dias e 1 ano a
caiu de 14,5% em 2012 para menos de 13% em Dezembro de 2013.
Por outro lado, a lei cambial aprovada pelo Parlamento, em Novembro de 2011, impõe aos
bancos nacionais manter um mínimo de 80% do seu capital em moeda nacional (AOA) até o
final de 2012. A lei apoia os esforços do BNA para reduzir o nível de dolarização da
economia e melhorar a eficácia da política monetária. Além disso uma nova lei cambial para o
sector petrolífero, aprovada em 2012, exige que as empresas internacionais de petróleo
transfiram uma parte significativa das suas transacções dos bancos “offshore” para os bancos
nacionais, o que permitiu aumentar a liquidez e a capacidade de conceder crédito à economia
nacional.
25Em 2014, o BNA interveio usando os instrumentos de gestão de política monetária. A taxade facilidade permanente de cedência de liquidez foi reduzida 0,5 p.p. para os 9,75% e um
aumento da taxa de juro de facilidade perante e absorção de liquidez em 1 p.p. para os 1,75%.
Com o objectivo de estimular o crédito e, consequentemente o crescimento económico, o
BNA reduziu a taxa de juro de referência (taxa BNA) em 0,75 p.p., passando de 9,75% para
9%. No mercado interbancário, as taxas luibor inverteram a tendência decrescente do ano
anterior, sobretudo a “ Luibor Overnight” , que em Dezembro de 2014 se fixou nos 5,19%.
Em geral as taxas de juros tiveram o comportamento seguinte.Figura 8–Evolução das taxas de juros no mercado interbancário
Fonte: Relatório e contas de 2012/2013/2014
Os gráficos acima demonstram uma política monetária prudente tendente a reduzir o custo do
dinheiro, com o objectivo de aumentar a capacidade dos bancos comerciais darem mais
créditos à economia.
25Fonte: Relatório e Contas de 2014 – BNA.
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No que se refere aos agregados monetários, a intervenção do BC foi conforme o quadro
seguinte.
Figura 9 – Principais agregados monetários
Fonte: BNA - Relatório e contas 2014
Entre 2013 e 2014 os agregados que sofreram variações mais elevadas foram os Outros
instrumentos equiparáveis a depósitos (233,3%), depósitos a Ordem e a prazo em MN 29,6%
e 29,7% respectivamente bem como Notas e Moedas em Poder do Público com 22,9%.
Como se pode ver a Política monetária tem desempenhado o seu papel na prossecução dos
objectivos macroeconómicos de estabilização e promoção do crescimento.
2.3. CARACTERIZAÇÃO SECTORIAL
Os efeitos da diversificação parecem tender a despontar no meio de tamanha exuberância do
sector petrolífero, basta olharmos para as dinâmicas de crescimento dos sectores económicos.
A contribuição relativa desses sectores acentuou – se em 2008, passando alguns como o da
construção e obras públicas, comércio e serviços, agricultura e indústria transformadora, a
deterem um crescimento relativo mais dinâmico do que do sector dominante. Numa fase em
que o petróleo se encontra em baixa, o sector não petrolífero, no seu todo, já representa um
peso maior que o sector petrolífero e tem sido crucial para o crescimento do PIB nos últimos
anos.
Figura 10 – Evolução do PIB por Sector Económico
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Fonte:INE, FMI, MINPLAN. Elaborado pelo autor.
É visível a redução da dependência do petróleo naeconomia angolana. Pode – se ver que os
sectores do comércio e serviços, construção, indústria e agricultura são os mais dinâmicos. No
entanto, não podemos deixar de frisar o fraco desempenho dos sectores dos diamantes e da
energia e águas. O que pressupõe haver uma grande necessidade de investimentos nessas
áreas para torná – las mais competitivas e cada vez mais participantes da formação da riqueza
nacional.
2.3.1. Petróleo e Gás Natural
O petróleo continua a ser o motor do crescimento económico de Angola, mesmo depois do
alcance da paz, uma vez que contribuiu em média com 45,77% do PIB, pese embora tenha
tido uma taxa média de crescimento de 6,8% ao longo do período.
O governo pretende expandir a produção e atingir 2 milhões de bpd em 2015.
A bacia em águas profundas do Kwanza (15 km a oeste da capital do país) é considerada uma
das mais ricas reservas de petróleo do mundo. O país possui ainda a segunda maior reserva de
gás natural de África (29l milhões de ). No Iº trimestre de 2013 o país começou a exportar
gás natural (LNG), no entanto viu – se obrigada a parar devido a alguns problemas técnicos.
Apesar de ser o maior contribuinte fiscal do estado, é o sector que menos emprego cria sendo
que representa apenas menos de 1% do emprego total da economia. No entanto, contribui com
mais de 75% para as receitas fiscais e 95% das exportações do país, sendo a principal fonte de
divisas da economia.
Por outro lado, o sector petrolífero constitui também um sector de enclave, que não favorece
afirmação de empresas nacionais e estrangeiras para o desenvolvimento de actividades
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inexploradas, quer a jusante como a montante e consequente geração de emprego, pelo que o
governo terá de continuar a envidar esforços para viabilizar o surgimento de pequenos novos
negócios na área.
2.3.2. Diamantes e Outros Minerais
O sector mineiro continua subdesenvolvido, apesar de muito promissor. Em 2013, o sector
contribuiu 0,79% e em 2014, 0,63% para formação do PIB; um sector que já representou mais
de 2690% das exportações de minerais em todo país.Actualmente possui apenas uma modesta
participação na entrada de divisas para a economia e na formação da riqueza nacional.
Acentuadas quebras de produção ocorreram durante o período da guerra civil, em que os
campos foram abandonados e o clima de instabilidade política e militar não favoreceu acontinuidade das explorações. O certo é que mesmo depois da paz, o sector está longe de
atingir os níveis anteriormente alcançados.
O sector voltou a ser duramente atingido com a última crise financeira, com quedas
acentuadas nos preços nos mercados mundiais e significativas quebras no volume de
produção.
Em 2012, a De Beers anunciou a descoberta de depósitos de diamantes rentáveis na província
da Lunda Norte e no mesmo ano foram descobertas duas grandiosas pedras de 38,3 e 131,5quilates respectivamente, no Lulo, nordeste de Angola, vindo apenas a comprovar o imenso
potencial que o país possui relativamente a este mineiro.
Em paralelo, Angola explora ainda o ouro, cobre, mármore, granito, cobalto, ferro e outros
minerais importantes no que tange aos valores económico e de uso a nível mundial.
Apesar de se ter firmado como o segundo produto de exportação do país, o sector dos
diamantes cresceu apenas 11%, em média durante os 15 anos analisados; um valor bastante
reduzido se recordar o peso relativo que já deteve no produto nacional.
De acordo com Global Summary de 2009 (Estatísticas Económicas e Sociais de todos os
Países do Mundo, publicados anualmente) do Esquema de Certificação do Processo de
Kimberley, Angola era o 4º maior produtor mundial de diamantes em 2012, tendo caído para
o 7º lugar em 2014.
26Ver Monografia de Angola Versão Actualizada, Dezembro de 2008
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2.3.3. Agricultura e Pesca
Com 58 milhões de hectares de terras potencialmente aráveis, um clima favorável e recursos
hídricos abundantes, Angola possui um excelente potencial agrícola. O sector da agricultura,
que responde por mais de 69,2% do emprego total, viu a sua contribuição no PIB aumentar
significativamente de 8% em 2007 para 10,1% em 2011, na sequência dos investimentos
públicos visando melhorar as infra – estruturas e promover os bens produzidos localmente.
Em 2012, a produção total do sector registou um crescimento estimado de 13,9%. Este
crescimento foi impulsionado por um forte volume de produção (milho, mandioca, cana – de
– açúcar, algodão, sisal, banana e madeira), que atingiu 27 milhões de toneladas, ou seja um
crescimento na ordem dos 8% em relação ao ano anterior, resultantes dos programas de
fomento das cooperativas e do crédito agrícola de campanha.
Quanto a pesca o país possui uma capacidade de pescado de 450 mil toneladas anuais mas
estima – se que apenas metade dessa capacidade é explorada.
O país continua dependente da importação de alimentos e a produção agrícola e os preços são
frequentemente afectados pela seca, pela obsolescência tecnológica, pela fraca participação do
sector bancário epúblico e privado empresarial (agricultura industrial), pelo baixo nível de
conhecimentos científicos e poroutros factores estruturais, que poem em causa o índice de
produtividade do sector.
2.3.4. Indústria Transformadora
A indústria afigura – se como o sector da alavancagem das economias de mercado.O sector
manufactureiro registou um ligeiro crescimento do seu peso no PIB de 8% em 2013, para
8,6% em 2014.Em termos médios a indústria representa 4,6% no período de 2000 à 2014. De
acordo com um inquérito realizado pelo INE, as empresas manufactureiras atribuem esse
desempenho lento a restrições no acesso a água e energia eléctrica, às infra – estruturas e oselevados custos logísticos, à falta de pessoal qualificado, à indisponibilidade de matérias –
primas específicas no mercado local e às dificuldades de acesso ao crédito. Apesar destes
problemas, o sector poderá gerar ganhos potenciais imediatos no desenvolvimento das
actividades de produção agrícola, no fornecimento de matérias – primas e, em particular da
madeira destinada ao sector da construção, em plena expansão (crescimento de 6.8%, em
2011 e 11,7% em 2012), e de bebidas e sua embalagem. De recordar que ao longo do período
o crescimento médio do sector industrial foi de 17,5%, com particular destaque para os anos
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de 2004, 2010 e 2011 e 2012 quando atingiu 16,6%, 19,1%, 139,5% e 10,7%
respectivamente.
É de realçar que diversas iniciativas económicas e legais têm sido feitas pelo governo no
sentido de se inverter o quadro e se garantir efectivas capacidades e condições de
investimentos no sector industrial à escala nacional. São, por exemplo, a formação dos
` ̀clauster 27 ́ ´prioritários, a criação dos Pólos de Desenvolvimento Industrial em todo país
(salientam – se aqui os Pólos de Viana, Sumbe, Catumbela e Benguela), o programa Angola
Investe, o Plano Nacional de Formação de Quadros e a criação da 28lei das MPME. É ainda de
realçar a criação do Programa de Fomento Empresarial (PFE) com o objectivo de simplificar
o processo de criação de empresas e melhorar o acesso ao crédito e do Fundo Activo de
Capital de Risco (FACRA), destinado ao financiamento de longo prazo, com vista a criaçãoou expansão de micro, pequenas e médias empresas, bem como estimular o aumento dos
empreendedores e de projectos de negócios com elevado potencial de crescimento, com
recurso ao crédito comercial e redução do custo dos empréstimos.
2.3.5. Comércio e Serviços Mercantis
O sector comercial angolano, ainda se apresenta pouco diversificado e centralizado em, bens
maioritariamente importados. Destacam – se os bens alimentares, as bebidas alcoólicas, osvestuários e calçados. Com o crescimento do sector industrial e da construção agravado com a
entrada de investimentos externos no país, a comercialização de equipamentos industriais,
sobressalentes e materiais de construção, tem vindo a assumir um lugar de destaque na
estrutura da actividade comercial. Não podemos deixar de sublinhar o crescimento do
comércio automóvel um pouco por todo país mas com particular incidência no litoral, onde as
províncias de Luanda e Benguela encabeçam a lista. Uma das questões mais pertinentes que é
preciso realçar reside no facto de que para além do sector ser um forte empregador e com
capacidade de gerar cada vez mais empregos directos, é também um grande promotor de
inflação. Se por um lado, está a inflação importada devido aos altos custos de transportação e
de desalfandegamento dos bens, por outro lado, o processo de comercialização de bens – que
se desdobra em venda e revenda dos mesmos produtos sobre os quais incidem custos de
transportação, armazenagem, distribuição e imposto de consumo – é também uma das grandes
armadilhas para o aumento contínuo dos preços.
27Clauster da Energia e Águas; Alimentação e Agro – industria; Habitação e; Transportes e Logística; comoconsta do PND 2013 – 201728Lei nº 30/11 de 13 de Setembro de 2011
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O governo angolano, através do Ministério de tutela, tem desenvolvido 29acções que visem
regular, organizar, coordenar e melhorar a actividade comercial, não só na perspectiva da
arrecadação de receitas para os cofres do estado, mas também para uma melhor organização e
concorrência das empresas no mercado, bem como garantir a conservação dos bens de modo
que estes possam chegar ao consumidor final com a qualidade desejada.
O sector dos serviços tem apresentado um forte crescimento, fundamentalmente depois do
alcance da paz. Com uma taxa estimada de 12,3% em 2012, contra os 8,7% de 2011 tem sido
dos mais dinâmicos sectores da economia angolana. A entrada de novos bancos, seguradoras e
uma vasta gama de entidades hoteleiras, tem levado aos níveis de crescimento até aqui
alcançado. A nova legislação exigindo que as companhias petrolíferas recorram aos bancos
nacionais e à contratação de micro e pequenas empresas para prestação de serviços diversos,de modo progressivo ao longo dos 12 meses a partir de Outubro de 2012, reforçou a liquidez
do sistema bancário, alargando as possibilidades de concessão de créditos e aumento de novos
produtos financeiros. O sector de turismo, hotelaria e restauração é limitado pelo controle da
imigração e pelos preços elevados, mas tem exibido um crescimento ao longo dos anos,
acolhendo sobretudo viajantes de negócios.
Em 2014 o sector de serviços mercantis representou 25,29% do PIB e cresceu 32% ao longo
do período, sendo a taxa mais alta dentre os sectores.
2.3.6. Construção e Obras Públicas
Durante o período de guerra, verificou – se a deterioração gradual das infra – estruturas
existentes. Após a conquista da paz, o governo lançou um ambicioso programa de construção
e reabilitação das infra – estruturas que têm sido a alavanca da economia e do emprego.
Porém, actualmente é dos mais dinâmicos sectores da economia nacional e o que mais cresce
a nível dos sectores não – petrolíferos.Com recurso às linhas de crédito, principalmente oriundas da China (principal credor),
Portugal, Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Noruega, Japão e outros, o país tem conseguido
dar cumprimento ao seu programa, donde se destacam a construção e reabilitação de estradas,
pontes, aeroportos, portos, redes de esgotos e de saneamento básico e outros investimentos
29Relembramos aqui, as medidas e os diversos programas do Ministério para o escoamento e conservação dos produtos do campo, o PAPAGRO; os Entrepostos Aduaneiros; A criação e organização dos mercados municipaise comunais bem como a instalação de câmaras frigoríficas para conservação de frescos; A concessão de direitosde importação apenas para os grandes distribuidores nacionais e a separação das empresas grossistas e retalhistas por forma a acabar com a concorrência desleal e garantir maior competitividade no sector, são alguns itens areter.
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capazes de melhorar o ambiente de negócios, reduzir os custos de transportação e melhorar as
condições de oferta de bens e serviços, necessários à melhoria da qualidade de vida da
população.
O governo lançou ainda, em 2008 um grande desafio de construção de 301 Milhão de fogos
habitacionais meta que, apesar de não ter sido alcançada, foi amplamente perseguida,
resultando numa grande explosão da construção de habitações nas mais diversas modalidades
como condomínios, casas sociais e cidades um pouco por todo país, porém com maior
incidência na capital.
Actualmente o sector representa 10% do PIB e cresce a uma taxa média anual de 14,1%,
influenciando pelos anos 2004, 2010 e 2012 com 24,08%, 25,95% e 25,4% respectivamente.
É também um dos principais empregadores da força de trabalho juvenil, e estima – se que o
número de postos de trabalhos gerados em 2008 rondava os 60.000 postos directos. Os
programas do governo dão uma especial atenção às obras públicas, pois acredita – se que ela
constitui uma das bases para o crescimento sustentado da economia e um dos suportes para o
desenvolvimento das actividades agropecuárias, industriais, turísticas mas também para a
reaproximação dos povos outrora separados pela guerra.
2.3.7. Energia e Águas
O processo de industrialização requer, antes de mais um sector energético bastante acutilante
capaz de suportar as necessidades não só do próprio processo de industrialização mas também
de um consumo que é cada vez maior.
O aumento da densidade populacional e o crescimento económico são dois factores principais,
que a jusante, induzem uma maior produção do sector e a montante, mais distribuição e
repartição da energia.
Em Angola, o sector elétrico funciona muito debilitadamente e não aproveita mais de 50% detoda sua potencialidade. Potencial que pode ser alcançado se forem definidas algumas
30Prometida pelo presidente do MPLA, na altura da campanha eleitoral para as primeiras eleições legislativas do país, o Presidente do partido no poder e também da República de Angola, lançou um grande desafio para o seugoverno, a promessa de construção de 1 milhão de casas para a população. Esta meta apesar de não ter sidoalcançada, desenfreou uma corrida frenética das empresas para sector quer pelas construtoras, quer pelascomercializadoras de materiais de construção, devido a redução administrativa redução de preços e de impostosaduaneiros a certos materiais de construção, bem como o aumento da produção de cimento e consequentediminuição dos preços, tornaram o sector da construção mais robusto, dinâmico e cada vez mais absolvente demão – de – obra, tornando – se assim, a par da agricultura, no sector que mais contribui para a redução dodesemprego.
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políticas e removidos os principais pontos de estrangulamento para geração, transporte e
distribuição de energia, que segundo o CEIC31 são:
♦ Défice de produção;
♦ As limitações na capacidade das linhas de transporte32;
♦ A existência de elevadas perdas técnicas e não só, nos sistemas eléctricos;
♦ A não reflexão dos custos efectivos e nem sequer dos custos operacionais nas tarifas
cobradas; e
♦ A não interligação dos sistemas eléctricos, o que constitui perdas de oportunidades
em termos de economia de escala e do aumento da fiabilidade.
Por outro lado, o sector suporta elevados encargos com a componente térmica33, que encarece
ainda mais os custos de produção. Há escassez de recursos financeiros e a qualidade da mão –de – obra é outra componente fundamental que é preciso desenvolver.
Sendo um dos mais importantes e promissores sectores da economia angolana, o sector
energético, representa apenas 0,1% do PIB e tem uma modesta taxa de crescimento de 10% ao
longo dos 15 anos analisados. Um desempenho muito pouco conseguido para um país que
quer ver a sua economia crescer sustentadamente, acelerar o processo de diversificação e de
industrialização.
O governo terá assim de adoptar as melhores políticas para o aproveitamento das grandes potencialidades energéticas fundamentalmente hidroeléctricas, das quais ressalta o CEIC:
■ Melhorar a qualidade e a fiabilidade no fornecimento de energia eléctrica, com
investimentos de capital intensivo quer na reabilitação, quer na expansão das infra –
estruturas;
■ Criar condições para que as empresas operadoras dosector funcionem, segundo os
princípios comerciais;
31 Fonte: Relatório 2010, sobre Energia em Angola, CEIC32O transporte é feito por três sistemas e são a ENE e a GAMEK, as gestoras da maior parte das linhas de
transporte. Os três principais sistemas de transporte são: i) o norte, que se prolonga do Porto de Luanda em
direcção ao leste (concentra 72%); ii) o centro, que se prolonga do Porto do Lobito ao leste (9,9%); e o sul, que
se prolonga do porto de Namibe, igualmente em direcção ao leste do país (7,7%). A distribuição é gerida pela
EDEL, principal responsável pela distribuição em Luanda (baixa tensão) e pela ENE, que abastece Luanda
(média e alta tensão) e as restantes províncias. Em 2010 Luanda concentrava 65% da produção total.
33Segundo dados da Direcção de Energia do Ministério da Energia e Águas, a capacidade instalada de produçãode electricidade em 2008 era de 1.289 MW sendo que 61% era hidroeléctrica e restante térmica.
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■ Efectivar a interligação dos sistemas eléctricos, norte, centro e sul, assim como o
sistema nacional da SADC é de capital importância porque permitirá o desenvolvimento do
potencial hidroeléctrico existente, o aumento da fiabilidade no fornecimento, ganhos em
termos de economia de escala, redução de custos de produção e exploração, redução da
poluição ambiental, promoção de projectos de capital intensivo, o desenvolvimento
económico e social, a criação de empregos, a redução do consumo da biomassa;
■ Criar um ambiente propício para o desenvolvimento das infra – estruturas eléctricas,
através de parcerias público – privadas;
■ Reformar as tarifas de forma a garantir o retorno do investimento; vi) revisão das
políticas de subsídios, uma vez que promove a ineficiência e beneficia os que mais têm;
■ E a criação um Fundo de Electrificação Rural é de extrema importância paraconstituir uma fonte de financiamento.
2.3.8. Outros Serviços não Mercantis
Entre os serviços não mercantis, destacam – se a educação, saúde, 34 protecção social,
habitação e serviços comunitários, segurança e ordem pública, defesa, protecção ambiental,
recreação, cultura e religião.
Estes sectores representam em conjunto 7,9% do PIB nacional.Em particular, gostaríamos de aflorar sobre os sectores da educação e da saúde, uma vez que
estes constituem os pilares para o desenvolvimento sustentável aclamado em todo mundo e
claro, no nosso país também.
No sector da educação desde 2006 até ao ano de 2012 foram recrutados mais de 95.000 novos
professores e o governo investiu na construção e reabilitação de escolas em todo país. Porém
os resultados não são ainda os mais esperados uma vez que a taxa de conclusão do ensino
primário foi de 33%, cerca de metade da média regional. O ensino secundário e técnico têm
conhecido uma significativa expansão com a construção de 35 novas escolas entre 2009 à
2012 e as inscrições no ensino superior cresceram mais de 50% ao ano desde 2002, mas a
qualidade diminuiu devido às lacunas registadas no quadro regulamentar.
34 Nesta categoria inserem – se os subsídios aos combustíveis e energia (que representam 7,8% do PIB) mastambém os subsídios de desemprego, por velhice, incapacidade ou doença, habitação, família, etc. Ver lei nº 7/04de 15 de Outubro. Quanto a habitação e serviços comunitários, enquadram – se os grandes projectoshabitacionais promovidos pelo governo através do Programa Nacional de Habitação. Quanto a protecçãoambiental, destacam – se a lei de bases do ambiente, as reformas no sector com vista a criação de políticas deincentivo às energias limpas e ao desenvolvimento da economia verde, bem como a construção dos centros pilotos para promoção da biodiversidade e a redução das emissões de CO2 (lembrar que Angola é signatária dos protocolos de Quioto e Montreal, tendo já reduzido as suas emissões de 1,5 kg em 2000 para 0,9 kg em 2011).
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Com vista a melhorar o desempenho do sector, o Ministério elaborou a reforma educativa em
finais de 2005 e primórdios de 2006, cuja avaliação apenas aguarda o fim do prazo
estabelecido. Por outro lado, está em curso um aliciante Plano de Formação de Quadros a
nível nacional, de modo a aliar os profissionais às melhores práticas e exigências do mercado.
Quanto a saúde, o governo fez importantes investimentos desde os recursos humanos,
sistemas de informação, melhoria dos serviços, construção, reparação e apetrechamento das
unidades hospitalares, no entanto menos de metade da população do país tem acesso a saúde.35A esperança média de vida passou de 48 em 2009 para 52 anos em 2012 , mas ainda
figura entre as mais baixas do mundo. A mortalidade materna – infantil caiu de 890 mortos
por cada 100 mil nados – vivos em 2000 para menos de 450 em 2011.
A melhoria registada na agricultura tem contribuído para reduzir a desnutrição, que caiu de67% em 2000 para menos de 41% em 2011. Angola regista um fraco desempenho em termos
de bem – estar socioeconómico tendo um IDH de 0,486 em 2011, tendo ficado em 148º lugar
entre 187 países das Nações Unidas.
A UNICEF está a apoiar algumas reformas no sector, com vista a melhorar o estado da saúde
no país, a saber:
♦ O combate a má nutrição infantil em áreas afectadas pela seca;
♦ O programa de erradicação da poliomielite, e♦ A distribuição de mosquiteiros para combater a malária.
Estima-se que 2,5% da população adulta é seropositivo, sendo a menor percentagem na
região da África Austral; o tratamento da tuberculose tem sido implementado em apenas 86%
das unidades de saúde, sendo que a malária é a principal causa de morte sendo responsável
por 35% das mortes de crianças menores de 5 anos e por 25% da mortalidade materna.
É bem visível, através da tabela acima que a aplicação dos fundos oriundos do sector
petrolífero e dos credores externos são maioritariamente aplicados nos sectores daConstrução, Comércio e serviços mercantis, indústria e agricultura, como já vimos acima.
35 IBP (2008 – 2009) e FMI (African Economic Outlook. Angola 2012).
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2.4. A INFLAÇÃO EM ANGOLA
2.4.1. O PANORAMA DA INFLAÇÃO NO PERÍODO DE 2000 À 2014
A inflação é um fenómeno existente em qualquer economia. Seja ela desenvolvida,subdesenvolvida ou via de desenvolvimento o aumento do nível geral de preços se propaga de
diferentes formas, adaptando – se as características específicas de cada uma delas.
Em Angola, a inflação foi sempre um dos grandes desafios da política económica. O país já
registou elevadas taxas de inflação, tendo mesmo passado por períodos de hiperinflação, entre
1991 e 1996. Dentre as razões mais significativas, apontam – se os défices públicos
financiados pela via monetária ``seigniorage´´ , para fazer face as necessidades da guerra e a
escassez de produtos dado que a instabilidade política que o país atravessava ditou a fuga das populações dos campos para as cidades mais seguras e como tal grandes quebras na produção
agrícola, a paralisação da indústria e vetou o país da recepção dos grandes investimentos
estrangeiros, isolando – o do resto do mundo.
Com efeito, o aumento da importação dos bens alimentares e equivalentes em larga escala, a
fuga de capitais do território nacional para outras paragens do planeta, a deterioração do valor
da moeda nacional face ao dólar e consequente dolarização da economia, o aumento dos
preços dos produtos importados e os movimentos especulativos, a elevação do custo de vida ea degradação acentuada do nível de vida da população, foram as principais consequências
ocorridas durante o período dehiperinflação.
Este panorama começou a inverter – se a partir do ano 1999 em que a inflação saiu de 3000%
em 1997 para 237%. Um grande resultado das políticas económicas aplicadas resultantes das
reformas instituídas pelo governo angolano, no sentido da sua contenção e redução.
No período analisado, as medidas adoptadas tiveram como resultado o seguinte
comportamento da inflação.
Figura 11 – O comportamento da Inflação ao longo do período
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Fonte: BNA. Elaboração do autor.
Como ilustra a figura acima, a inflação em Angola tem seguido um ritmo de decrescimento
nitidamente visível e satisfatório.
A maior redução aconteceu na transição de 2000 para 2001 onde a inflação caiu mais de 100
p.p reflectindo da melhor maneira as medidas de controlo do aumento da base monetária na
economia nacional. Em 2012, pela primeira vez o país atingiu o nível de um dígito depois de
há uma década ter registado inflação na ordem dos três dígitos.
A inflação em Angola é medida pelo IPC calculado mensalmente pelo INE. Dentre as classes
que mais contribuem para inflação destacam – se:
♦ 36A classe 01 de Alimentação e Bebidas não Alcoólicas com uma ponderação de
46,09%;
♦ A classe 04 de Habitação, Água, Electricidade, Gás e Combustíveis com 12,27%;
O desafio agora é reduzir a inflação para níveis mais baixos, porém segundo estudos do FMI,
do CEIC e do MINPLAN e alguns 37economistas da nossa praça, a inflação poderá
permanecer por muitos anos entre os 5% à 8% por razões estruturais, significando que sua
redução está directamente dependente da remoção desses obstáculos e do aumento da
produção nacional.
36Fonte: Relatório e Contas do BNA 201237Fiel Constantino- Semanário Expansão, sexta – feira, 24 de setembro de 2010; E Carlos Rosado, programaVector, Rádio LAC, 10:55 min, 03 de Março de 2014.
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2.5.OS DETERMINANTES DA INFLAÇÃO EM ANGOLA
Vários estudos foram desenvolvidos para se apurar as causas da inflação que fortemente
assolou o país em tempos de guerra e continua a assolar apesar dos avanços significativos que
alcançou neste domínio. As opiniões são várias e algumas diferem segundo as causas por elas
apontadas.
Um estudo realizado em 2000, baseado no modelo de explicação da inflação apurou que:
■ 37,7% era explicada por excesso de despesa;
■ 55,1% pelos custos produção;
■ 12,5% por razões aleatórias;
■28,5% por especulação.
Em 2012, economistas ligados ao BNA, desenvolveram um trabalho científico para apurar os
determinantes da inflação em Angola. Foram apontados os seguintes factores:
■ A taxa de câmbio;
■ A taxa de juro;
■ O IPC;
■ O nível de preços do passado;
■ A inflação importada;
■ Os agregados monetários M1 e M2.
Actualmente muitas razões podem ser apontadas como causas da inflação; Segundo a nossa
pesquisa elas foram enquadradas em três categorias de acordo com os tipos de inflação.
2.4.1. Do lado da Procura
Em Angola a maior causa da inflação reside no 38défice público, que é financiado com
emissão de moeda sendo esta não acompanhada, pela oferta global (produção interna e
importações).O excesso de despesas públicas, constituída fundamentalmente pelo investimento público,
componente da procura agregada, tem pressionado a elevação dos preços, a mercê de uma
oferta que se apresenta secularmente rígida.
38Alves da Rocha, Por Onde vai a Economia Angolana? Pag. 111, 1ª edição, Mayamba editora, 2011
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2.4.2. Do lado da Oferta
Existem na economia angolana diversos factores de estrangulamento estrutural, que afectam
os custos de produção e dificultam o crescimento da produção interna. Dentre esses factores
podemos citar:
♦ A falta sistemática de matérias – primas;
♦ Défice naprodução, distribuição e abastecimento de energia e água;
♦ Défice de quadros nacionais e elevados custos com os expatriados;
♦ Elevados custos de transporte, conservação e armazenagem dos produtos (em
especial do campo para as cidades);
♦ Elevados custos de importação (inflação importada) das mercadorias;
♦ Elevadas taxas de juros39 e acentuadas debilidades do sistema financeiro em captar
poupanças e retirar dinheiro das mãos do público em geral;
♦ A escassez sistemática de produtos, devido ao estado de subdesenvolvimento dos
demais sectores económicos.
♦ Volatilidade da taxa de câmbio de USD/AOA
♦ A baixa produtividade dos factores.
Outros Factores
A estes fenómenos podemos ainda acrescentar outros que não sendo propriamente
provenientes do lado da oferta ou da procura (de inércia), mas que têm contribuído fortemente
para o aumento e persistência da inflação, tais como:
♦ A especulação;
♦ A burocracia e a corrupção;
♦ O nível dos salários (da função pública) aliado a fraca produtividade da
administração pública em geral;♦ Os ajustes salariais anuais da função pública;
39 Que pressupõem altos custos de financiamentos e como tal uma fuga aos créditos bancários. A velocidade decirculação da moeda (v) aumenta quanto maior for a taxa de juros, induzindo assim maior inflação (ver secção1.3.4.1 – equação de Fisher). Por outro lado, a falta de educação financeira, de hábitos de poupança e as baixastaxas de remuneração do capital não têm atraído os angolanos a canalizarem seus rendimentos para o sistemafinanceiro. Uma nota importante é referir também que baixas taxas de juros, não têm estimulado o investimento(como tem sido habito dizer – se na literatura da especialidade), mas o consumo (crédito ao consumo) e tambémsão geradores de inflação pela via da despesa. Portanto, a captação de poupanças deverá fazer – se de outraforma, como defende Alves da Rocha, tais como: Pela desinformalização da economia, melhoramento dofuncionamento e da eficiência do sistema bancário, a criação da bolsa de valores, fomento da habitação,melhoramento do sistema de providência social e um maior ritmo de crescimento económico impulsionado peloaumento das actividades económicas em geral.
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♦ O nível de consumo e de despesas da classe burguesa nacional e;
♦ Os subsídios aos preços.
2.5. POLÍTICAS DE COMBATE A INFLAÇÃO EM ANGOLADurante os últimos 10 anos (2001 – 2010) assistiu – se a uma elevada volatilidade da taxa de
câmbio USD/AOA particularmente no período de 2001 à 2004, onde o câmbio variou entre os
30,5 em 2001 e os 85,9 em 2004.
Nos últimos anos se tem verificado uma relativa estabilização da referência cambial, no
intervalo entre 80 à 90 AOA/USD e a estabilidade da moeda nacional tem dado confiança aos
agentes económicos e ao mercado e tem levado não só a desdolarização da economia como
também a redução da inflação, sendo um importante instrumento de desinflação dos preços.
Uma vez identificada a principal causa da inflação no país, e sendo que esta resulta de causas
monetárias então a via para combatê – la, segundo a teoria económica, é pela via monetária.
Assim o BNA criou um conjunto de instrumentos para fazer face a essa situação.
A monitorização, controlo e acompanhamento dos agregados M1 e M2 têm sido cruciais.
Destaca – se também a venda dos títulos do banco central e as operações de open market , a
elevação das taxas de redesconto e das reservas compulsórias dos bancos comerciais junto do
banco central, são algumas das medidas utilizadas pela política monetária para reduzir a
inflação.
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CAPÍTULO III – ANÁLISE DO IMPACTO DO CRECIMENTO ECONÓMICO NAINFLAÇÃO EM ANGOLA.
3.1. ANÁLISE ECONOMÉTRICA
A econometria pode ser definida como a análise quantitativa dos fenómenos económicos
ocorridos com base no desenvolvimento corrente da teoria e das observações e com o uso de
métodos de inferência adequados (P. Samuelson, citado por Gujarati, 2007)40.
A essência da regressão centra – se na ideia de se comprovar a existência ou não de uma
relação de dependência entre duas ou mais variáveis através de indicadores econométricos.
Neste trabalho usou – se o modelo de análise de regressão linear simples para analisar arelação entre PIB e Inflação. Os dados foram processados atrvés do programa da IBM SPSS
Statistics 21.
3.2.Definição das Variáveis e dos Parâmetros do Modelo
As variáveis definidas e usadas neste estudo são as que se seguem:
P – Taxade inflação do período em análise.
– Intercepto.Representa todos os outros factores que promovam inflação quando a
produção (PIB) é nula. Englobamos aqui a inflação importada, a especulação, os factores
monetários (excesso de moeda em circulação) e outros.
– Representa o efeito da variável independente (Q), na variável dependente (P); ou seja, é o
efeito que o crescimento do produto tem sobre inflação em Angola, que constitui de facto um
dos principais objectivos desta pesquisa.
Q – Taxa de crescimento do PIB real.
u41- Perturbação aleatória subjacente à equação de regressão.
Especificação do modelo segundo o SPSS Statistics 21:
40 Econometria básica – Damodar Gujarati, pp.141É importante distinguirmos, ainda que teoricamente, perturbação aleatória (representada pela variável u) e erroestocástico ou resíduo de estimação (representado por ). A perturbação aleatória é especificada no modelo deregressão como uma das variáveis e abarca os efeitos desconhecidos e sazonais que possam influenciar a partedas variações da variável dependente não captada pelas variáveis independentes. É a parte não explicada pelomodelo. Enquanto o erro ou resíduo é a quantificação da perturbação aleatória. Ela deriva da diferença entre ovalor estimado e o valor real da variável dependente. Na perturbação aleatória estão incluídos os factoresdesconhecidos ou que não podem ser quantificados como a burocracia, corrupção e outros ou ainda pelo facto dedeixarmos de fora certas variáveis que podem ter impacto sobre inflação
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3.3. Estimação dos Parâmetros e Derivação do Modelo de Regressão
Os parâmetros nos mostram o sentido e fornecem uma ideia do impacto que a variável
independente exerce sobre a dependente.
Pelo que o modelo de regressão apresenta – se o seguinte:
Segundo o SPSS o modelo linear apresenta um ângulo de inclinação negativo, o que
significava haver uma relação inversa entre a variável independente e a variável dependente.
O mesmo não se pode dizer do intercepto, que é positivo e elevado.
A recta da equação derivada pode ver – se no gráfico a seguir.
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Figura 12 – Gráfico de Dispersão
Fonte: SPSS Statistics 21
O gráfico acima mostra uma grande dispersão entre os dados das duas variáveis observadas
no tempo. Uma relação linear entre ambos também parece um pouco difícil de se visualizar.
Porém há uma tendência das observações que nos é dada pela inclinação da recta, quedemonstra um decrescimento da inflação em função do crescimento do PIB.
O modelo derivado demonstra que (constante) tem uma relação directa e um impacto
aparentemente forteno nível de preços (89,530), o que significa que os factores subjacentes a
ela podem concorrer para o aumento significativo da inflação.
O parâmetro representa o efeito da variação do PIB sobre Inflação, e relaciona – se de
forma inversa(-3,465) com a variável independente. O que quer dizer que quanto maior o PIB
menor será a inflação.Em estatística, para que um parâmetro seja considerado significante é necessário que seja
submetido a determinados testes. Assim, para apurarmos a veracidade dos seus efeitos na
variável dependente submetemos os nossos resultados aos seguintes testes:
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3.3. 1. Testes Paramétricos
Serão testados aqui, a significância parcial dos parâmetros por intermédio da estatísticat de
studenta um nível de significância de 5%42.
● Estatística t para
. Isto é: A inflação importada, a especulação, as causas monetárias, corrupção e
outros factores têm impacto significativo sobre inflação.
. Isto é: A inflação importada, a especulação, as causas monetárias, a corrupção e
outros factores não têm impacto significativo sobre inflação.
Como cai na região crítica ou de rejeição, então devemos rejeitar a hipótese nula ( )
segundo a qual, o parâmetro não tem qualquer impacto sobre a inflação.
● Estatística t para
. Isto é: O parâmetro é estatisticamente insignificante;
. Isto é: O parâmetro é estatisticamente significante.
42O nível de significância é a probabilidade de se cometer um erro do tipo I; Ou seja, a possibilidade rejeitar ahipótese nula. Os mais usados são os de 1% e 5%. A utilização de qualquer um dos níveis de significância nãoencerra em si uma razão especial; no entanto, ela deve ser escolhida de acordo com o risco associado, que éfortemente determinado pelo julgamento profissional do técnico que constrói o modelo.
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Para o parâmetro , a estatística t mostrou que o seu impacto na variável dependente
(inflação) é insignificante; caiu na região de aceitação de que é a hipótese que
considera que o efeito do crescimento do PIB na Inflação é insignificante que estatisticamente
deve ser é igual a zero (0).
Em termos económicos este teste nos quer dizer que o aumento do PIB não tem impacto
significativo na redução da inflação em Angola, o que pressupõe que a mesma esteja a ser
combatida por outros instrumentos, principalmente monetários.
3.3.2. Testes não Paramétricos
. Isto é: O crescimento do PIB tem impacto significativo na redução da Inflação
em Angola;
. Isto é: O crescimento do PIB não tem impacto significativo na redução da
Inflação em Angola.
Figura 13 – Tabela ANOVA
Se F observado se situar na região de aceitação, devemos aceitar a hipótese nula. E se situar
na região de rejeição, então devemos rejeitar a hipótese nula.
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Como vemos, F observado é igual a 1,434 em quanto que F crítico é 4,844. A aceitação da
hipótese nula significa que a variável independente não tem efeito significativo sobre a
variável dependente; Ou seja, o nosso teste diz – nos que o efeito do crescimento do PIB em
Angola não teve impacto significativo sobre a redução da inflação durante o período analisado
(2000 à 2014).
● Estatística descritiva
O quadro abaixo apresenta os indicadores discretos das séries de dados estudadas.
Figura 14 – Principais Indicadores Discretos
Fonte: SPSS Statiscs 21
A tabela mostra os indicadores estatísticos discretos, como a média e o desvio padrão
amostral.
Pode – se dizer que o PIB cresceu em média 10,23%. O desvio quadrado dos valores
observados em relação a sua média foi de 7,32% aproximadamente. A série registou um valor
máximo, ao longo dos 13 anos (número de observações) de 23,3% e um valor mínimo de
2,4%43. Quanto a inflação, verificou uma média de 54,1% e um desvio quadrado em relação a
média dos dados de 74,67%. O nível mais alto de inflação foi de 268,4% e o mais baixo de
9,02%. Não se verificou qualquer nível de inflação que tenha perdurado ao longo do período
analisado.
43Valor alcançado em 2009, quando se deu o pior da crise em Angola.
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3.4. Heteroscedasticidade e Auto – Correlação
Duas das hipóteses do modelo de regressão linear são as de que as variáveis independentes
devem ter médias diferentes mas variância constante e esperança matemática dos erros do
modelo deve ser diferente de zero .
Quando estas hipóteses são violadas, dizemos que o modelo sofre de heteroscedasticidade e
de auto - correlação.
Essas anomalias, normais das séries de dados transversais, não serão tratadas no nosso
trabalho, por quanto elas não afectam os resultados, pela nossa pesquisa perseguidos.
3.5. Interpretação dos Resultados Obtidos
O coeficiente de correlação indica em que intensidade (nível) se dá a relação linear entre
a variável independente e a dependente, bem como o seu sentido.
O coeficiente de determinação espelha a capacidade de explicação que a variável
independente tem em relação as variações da variável dependente. Neste caso, em particular,
ela determina em que grau as variações no PIB influenciamas variações no nível geral de
preços; mais concretamente, se o aumento do PIB causa redução/aumento significativo da
inflação no país.
Segundo o nosso modelo o coeficiente de correlação e de 0,34. Este coeficiente indica queexiste uma relação inversa de aproximadamente 34%entre o crescimento económico e a
inflação em Angola.
Por outro lado, o PIB consegue explicar apenas35% da variação total da Inflação ao longo do
período.
No entanto, estatisticamente falando, esses coeficientes (34% e 35% respectivamente) não são
significativos, basta olharmos para os testes de t e Fque apresentam valores de
-1,1975 e 1,434 respectivamente abaixo dos níveis significantes.
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CONCLUSÕES
Uma vez analisado o comportamento do PIB e da Inflação ao longo do período seleccionado e
de acordo com os resultados obtidos e comprovados pelo estudo empírico a que o nosso
trabalho nos apresentou, estamos em condições de validar as nossas hipóteses e aferir sobre os
objectivos, pela pesquisa perseguidos.
Assim, chegamos as seguintes conclusões:
► A relação entre crescimento económico e a inflação em Angola existe e é inversa,
significando que quanto maior for o crescimento menor será a inflação;
► O aumento do PIB tem impacto inverso sobre a inflação, no entanto não
significante pois que apenas consegue explicar cerca de 35% da sua variação total;► Existem outros factores que influenciam fortemente e de forma directa o
comportamento da inflação, de entre os quais podemos citar: a inflação importada, o excesso
de moeda, a especulação, a burocracia e a corrupção e o nível de consumo da classe burguesa;
► O controlo e redução da inflação em Angola têm sido feitos por outras vias que não
da produção nacional, dentre as quais destacámos as vias fiscais, monetária e cambial.
Segundo, o PND 2013 – 2017, Angola está sujeita a uma inflação estrutural que ronda entre
os 5% aos 8%. Estes índices só poderão ser combatidos com uma política industrial que possibilite o aumento da produtividade dos factores de produção nos sectores reais da
economia nacional.
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RECOMENDAÇÕES
Tendo em consideração os diversos aspectos abordados nesta pesquisa, apraz – nos tecer as
seguintes recomendações:
► O aumento sustentado da produção nacional; para que tal ocorra torna – se necessário
um conjunto de acções das quais destacámos as seguintes:
Do lado da procura:
● Redução dos constrangimentos estruturais, mormente a falta de energia e água, de
vias de comunicação rodoviárias e ferroviárias (continuação dos objectivos e acções queconstam do PND 2013 – 2017);
Do lado da oferta:
● Elaboração de políticas de fomento às actividades agro – pecuárias e industriais,
formação e capacitação de quadros;
● A adopção de uma estratégia de desenvolvimento que desenvolva em paralelo as
estratégias de substituição das importações e promoção das exportações que privilegie certos
sectores chaves e/ou prioritários e causem efeitos a médio e longo prazos, quer a jusante como
a montante (como por exemplo, os sectores energético, agro – alimentar(com alguns produtos
de eleição);dos transportes e a indústria transformadora), porém tendo sempre em linha de
conta a possibilidade de produção competitiva e eficiente;
● Melhoria da eficiência e dos métodos de trabalho na agricultura, pesca e silvicultura,
nomeadamente a introdução de tecnologias novas e formação para aumentar a produtividade;
● A monitorização, acompanhamento e massificação das actividades mineiras,
fundamentalmente a produção de petróleo e gás natural (estratégia de desenvolvimento
baseada na indústria pesada), uma vez que estes constituem os mais preciosos recursos do
país e a maior fonte de entrada de divisas para a economia e receitas para os cofres do estado;
donde a aplicação dos seus excedentes deverão servir para a criação de um sector empresarial
público e privado forte e capaz de desenvolver as industrias acima mencionadas.
● A liberalização parcial da economia angolana, naqueles produtos cuja produção
pode fazer – se com alto nível de excelência e ofereça ao país vantagens comparativas em
concorrência com os outros produtores da região.
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● A mudança das prioridades decrescimento e desenvolvimento dos sectores
económicos, privilegiando os sectores geradores de mais emprego e de valor acrescentado
nacional. Verifica – se que o comércio e os serviços constituem o sector mais dinâmico.
Este crescimento não incentiva a diversificação e constitui mesmo uma armadilha à
produção e a firmação dos produtos nacionais, de tal forma que esses passam a ser preteridos
pelos consumidores.
Por outro lado, é também um forte causador da resistência da inflação e da
necessidade de importar, que debilita sobremaneira o saldo da BP.
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DORNBUSH, Rudiger Macroeconomia/Rudiger Dornbush, Stanley Fischer, Richard Startz, -
8 ed. – Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brazil Ltda., 2003 Makron Books,
2003.