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O CUMPRIMENTO DA DIVULGAÇÃO OBRIGATÓRIA DA IFRS3 NOS PAÍSES
EMERGENTES
Sónia Raquel Baptista Fernandes
Professora Auxiliar na ECEO da Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias e Professora Equiparada a Assistente na ESCE do Instituto Politécnico de
Setúbal
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Isabel Costa Lourenço
Professora Associada do ISCTE –Instituto Universitário de Lisboa
ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa
Área temática: A) Informação Financeira e Normalização Contabilística
Palavras-Chave:Divulgação Obrigatória, Combinações de Negócios, Países
Emergentes, IFRS´s
15a
O CUMPRIMENTO DA DIVULGAÇÃO OBRIGATÓRIA DA IFRS3 NOS PAÍSES
EMERGENTES
Resumo
O cumprimento divulgação obrigatória exigida pelas IFRS’s é de extrema
importância para os utilizadores da informação pois é com base nesta que tomam
decisões. Mas será que as empresas cumprem com a divulgação exigida pelas
IFRS’s?
Este estudo tem como objetivo verificar o cumprimento das divulgações exigidas
pela IFRS 3 nos países emergentes e ainda que fatores a poderão influenciar.
No estudo pôde-se constatar que em 2012 nível de cumprimento é moderado e os
dados menos divulgados estão relacionados com o goodwill. Pôde-se ainda verificar
que o leverage influencia negativamente a divulgação e a rentabilidade dos ativos
influencia positivamente.
ELCUMPLIMIENTO DE LA DIVULGACIÓN OBLIGATORIADE LAIFRS 3EN LOS PAÍSES EMERGENTES
Resumen
La divulgación obligatoria requerida por las IFRS(International Financial Reporting
Standards) es de suma importancia para los usuarios de la información.
Este estudio tiene como objetivo verificar el cumplimiento de las revelaciones
requeridas por la IFRS3(Combinaciones de negocios) en los países emergentes, y qué
factores pueden influir.
En el estudio se observó que en 2012 el nivel de cumplimiento es moderado.
También podemos confirmar que los datos reportados son menos las
correspondientes al goodwill. Todavía podemos ver que el leverage tiene una
influencia negativa sobre la divulgación y que el rendimiento de los activos tiene una
influencia positiva.
1
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................ 2
2. Revisão da Literatura ......................................................................................................... 5
3. Desenvolvimento de hipóteses ...................................................................................... 10
3.1 Leverage ......................................................................................................................... 11
3.2 Rentabilidade dos Ativos .............................................................................................. 11
3.3 Cotação no mercado dos Estados Unidos................................................................. 12
3.4 Tamanho ......................................................................................................................... 12
4. Modelo estatístico............................................................................................................. 13
4.1 Amostra e dados....................................................................................................... 13
4.2 Variáveis.......................................................................................................................... 13
4.2.1 Variável dependente .............................................................................................. 14
4.2.2 Variáveis Independentes ....................................................................................... 16
4.2.3 Modelo de Investigação......................................................................................... 17
5. Resultados......................................................................................................................... 17
5.1 Estatística Descritiva e Correlações ...................................................................... 17
6. Conclusões ........................................................................................................................ 21
Bibliografia ................................................................................................................................. 22
2
1. Introdução
O cumprimento da divulgaçãoé extremamente importante para os utilizadores da
informação, pois estes necessitam desta para tomar decisões.A divulgação é assim
um tema de investigação com vários sentidos.
Alguns estudos anteriores demonstraram que a divulgação afeta as decisões dos
investidores (Bhasin eShaikh, 2011), o custo de capital (Botosan, 1997) e da dívida
(Sengupta, 1998) e melhora a capacidade de previsão dos analistas financeiros
(Glaum, Baetge e Grothe, 2011).
Tendo em conta o impacto que a divulgação contabilística pode terde acordo com
os estudos realizados, os reguladores têm de assegurar que a informação financeira é
precisa e transparente, aumentando assimas divulgações obrigatórias e também
envolvendo os chamados mecanismos de “enforcement”.
Como aumento das divulgações obrigatórias nos últimos anos devido à crescente
necessidade de informação, a investigação sobre divulgação obrigatória também tem
aumentado, apesar de que ainda existe mais estudos sobre divulgação voluntária do
que sobre divulgação obrigatória.
Alguns estudos demonstraram que a qualidade da informação melhorou com a
adoção das normas internacionais – IFRS´s -International Financial Reporting
Standards (Leuz e Verrecchia, 2000; Daske eGebhardt, 2006) e este facto
consequentemente afetará os utilizadores da informação.
Mas será suficiente para os utilizadores da informação a aplicação das IFRS’s?
Será que o facto das empresas adotarem as IFRS’s significa que a informação
divulgada é fiável? Será que as empresas cumprem com a divulgação exigida pelas
IFRS’s? A realidade é que as IFRS’s exigem cada vez mais informação, consoante as
necessidades verificadas pelos utilizadores, no entanto, se as empresas não
cumprirem com o que é exigido poderão estar a fornecer informação errada ou até
omitir informação que poderá influenciar as decisões dos utilizadores.E é devido a esta
problemática que os estudos sobre o cumprimento da divulgação obrigatória têm
aumentado.
Como a divulgação exigida pelas normas é substancial decidimos centrar o nosso
estudo numa única norma – a IFRS 3 – Combinações de Negócios. A IFRS 3 é a
norma empregada para as combinações de negócios e tem como objetivo estabelecer
3
princípios e requisitos a utilizar pela empresa adquirente. Entre estes princípios e
requisitos temos: como a empresa adquirente deve reconhecer os ativos adquiridos e
passivos assumidos numa combinação de negócios, assim como os respetivos
interesses minoritários, goodwill ou badwill e quais a informações que se devem
divulgar nas demonstrações financeiras das empresas relativamente a esta matéria.
Consideramos que a IFRS 3 é uma norma bastante importante para os utilizadores
pois as combinações de negócios refletem o investimento das empresas em novos
mercados de modo a aumentar a competitividade, diminuem o risco e a concorrência e
criam sinergias de apoio entre empresas. As combinações de negócios poderão afetar
ainda significativamente as demonstrações financeiras das empresas, nomeadamente
com ativos e passivos adquiridos e ainda com o goodwill ou badwill reconhecido. Por
isso, é de extrema importância que os utilizadores consigam perceber este efeito.
Inclusive, Lucas e Lourenço (2011) e Glaumet. al.(2013)já realizaram estudos sobre
divulgação obrigatória com esta mesma norma devido à sua relevância.
Depois de escolhida a norma a investigar, foi necessário então selecionar o espaço
da amostra. Verificando-se que já existem estudos sobre o cumprimento da divulgação
desta norma realizados no universo europeu procura-se acrescentar evidência
empírica em locais onde provavelmente existam bastantes combinações de negócios
de forma a identificar os fatores mais influentes na divulgação deste tipo de matéria.
Analisando desta forma consideramos pertinente que a amostra deva ser recolhidaem
paísesemergentes.
Escolheu-se os mercados emergentes porque devido à globalização os mercados
de capitais estão acessíveis aos investidores do mundo inteiro o que aumenta a
procura de informação transparente e fiável, incluindo a informação acerca de
combinação de negócios.
As empresas dos mercados emergentes competem nos mercados globais e
provavelmente a maioria delas faz parte de uma “nova economia” onde existirão
hipoteticamente muitos tipos de combinações de negócios.
Num estudo realizado por Peltonenet al. (2012) demonstrou-se que o PIB e o custo
de capital são a principal determinante do investimento nos países emergentes. O
segundo fator mais determinante são as características financeiras (ex. preço das
ações) principalmente em países asiáticos e da américa latina. Como terceiro e quarto
aparece o fator do crescimento do investimento e a situação dos países em crise.
De acordo com Peltonenet al.(2012) que aponta as características financeiras como
o segundo fator determinante do investimento em países emergentes, despoletou-se
4
uma necessidade de perceção dos fatores que possam afetar o cumprimento da
divulgação obrigatória neste tipo de mercados demodo a aumentar a transparência da
informação para que se possa cumprir com as necessidades de informação dos
investidores estrangeiros.
Já existem alguns estudos neste tipo países ao nível do cumprimento da divulgação
nomeadamente os estudos deWallace e Naser (1995) Hasanet al. (2008). No entanto,
estes estudos foram realizados em países emergentes individualmente. Existe ainda
estudos sobre divulgação voluntária em mercados emergentes, nomeadamente o
estudo realizado por Kanget al. em 2011.
Dada a importância das divulgações exigidas pela IFRS 3 e o impacto que esta
pode ter nomeadamente em países de forte investimento (países emergentes)
procura-se evidência empírica sobre os fatores determinantes da divulgação
obrigatória nestes locais.
O estudo encontra-se numa fase inicial, sendo que à data encontram-se analisados
dois países emergentes, o Brasil e a Rússia.
Nestes dois países foram recolhidos os relatórios das empresas cotadas brasileiras
no índice IBOVESPA(71 empresas) e também em empresas cotadas russas nos
índices MICEX-RTS (50 empresas), nomeadamente para o ano de 2012.O índice
IBOVESPA do Brasil é composto pelas ações das empresas que proporcionam mais
liquidez e representatividade no mercado bolsista brasileiro.Por sua vez, o índice
MICEX e o índice RTS, ambos da Rússia são compostos pelas 50 ações mais líquidas
do mercado russo. Estas ações pertencem a grandes empresas russas que estão
inseridas em setores da economia russa. Estes índices estão entre os principais
índices de ações do mundo.
Foi selecionado o ano de 2012, pois o estudo foi iniciado este ano e na data em que
se iniciou a recolha somente havia relatórios de 2012 disponíveis. Note-se que este
estudo encontra-se numa fase inicial e que no futuro se tencionam introduzir mais
anos.
Depois da recolha dos relatórios foi necessário verificar em cada relatório quais as
empresas que têm combinações de negócios e com isto chegámos a uma amostra
composta por 41 empresas. No entanto, apenas se conseguiu analisar 32 empresas
(18 brasileiras e 14 russas) uma vez que algumas tiveram de ser eliminadas devido à
base de dados Datastream não ter os dados necessários e outras devido a serem
considerados como outliers estatisticamente. Consideramos que temos ainda poucos
dados, e iremos incluir futuramente mais empresas de cada um dos países já
analisados e é claro outros países emergentes como por exemplo a Africa do Sul.
5
Com os dados disponíveis nesta fase do estudo não é possível analisar muitos
fatores determinantes da divulgação. Então criou-se uma regressão em que a variável
dependente é um índice de divulgação criado de acordo com as divulgações exigidas
pela IFRS 3. E as várias variáveis independentes selecionadas foram: o Leverage,
rentabilidade dos ativos, o facto de as empresas serem cotadas no mercado bolsista
americano e ainda o tamanho das empresas.
Neste estudo pôde-se concluir que o nível de cumprimento com a divulgação
exigida pela IFRS 3 nos países em análise é moderado e que os dados que as
empresas mais divulgam é a data de aquisição da combinação de negócios, assim
como, a percentagem adquirida. Os dados menos divulgados pelas empresas estão
relacionados com o goodwill, nomeadamente a descrição qualitativa do goodwill e o
efeito deste a nível fiscal. Constatou-se ainda que o índice de divulgação é em média
maior nas empresas russas comparativamente com as empresas brasileiras.
Pôde-se ainda verificar que o leverage influencia negativamente a divulgação e a
rentabilidade dos ativos influencia positivamente. E finalmente foi ainda possível
verificar que as empresas brasileiras divulgam menos, mas se estas forem cotadas
nos Estados Unidos divulgam mais informação obrigatória.
O estudo está organizado como se segue. Na seção 2 é a revisão da literatura
sobre determinantes da divulgação, consequências da divulgação e também sobre
países emergentes. Na seção 3 desenvolvem-se as hipóteses. Na seção 5 revelam-se
os resultados e finalmente na seção 6 apresenta-se a conclusão.
2. Revisão da Literatura
Neste momento existem já muitos estudos sobre a divulgação de informação
contabilística, apesar de que ainda dominam os estudos sobre divulgação voluntária e
não obrigatória. São exemplos de estudos de informação voluntária: Banghøj e
Plenborg, (2008) analisaram de que forma o nível de divulgação voluntária pode afetar
os futuros ganhos eHussainey e Walker, (2009) analisaram o efeito nos dividendos da
divulgação voluntária e a relação entre os ganhos atuais e os ganhos futuros.
A divulgação obrigatória começou a centrar as atenções dos investigadores em
contabilidade nos últimos anos. E este fenómeno deve-se ao facto deste tipo de
divulgação ter evoluído bastante recentemente, ou seja, cada vez se compreende
6
melhor as necessidades de informação dos utilizadores e por conseguinte as normas
cada vez exigem mais informação nesse sentido. Se as normas se estão a aperfeiçoar
ao longo do tempo, exigindo o que os utilizadores necessitam para que possam tomar
decisões é provável que as empresas cada vez tenham menos necessidade de
divulgação voluntária. Então se a divulgação obrigatória vai de encontro às
necessidades dos utilizadores da informação é de extrema importância perceber se
esta é cumprida ou não pelas empresas.
É ainda de salientar que se a divulgação for obrigatória todas as empresas
deveriam divulgar o mesmo e não deveria de existir diferenças entre a divulgação das
empresas. Esta problemática já foi investigada em vários estudos em que por exemplo
se testou de que forma características empresarias como o leverage, o tamanho, a
rentabilidade, o tipo de auditor, entre outras podem afetar o nível de cumprimento da
divulgação.
Wallace e Naser (1995) testaram o impacto de características empresariais em 80
empresas cotadas no mercado de Hong Kong em 1991. Estes autores criaram um
índice de divulgação baseado nas normas vigentes naquela data e local a acharam
níveis de cumprimento divulgação situados entre os 55,3% e os 87,2%. Neste estudo
ficou demonstrado que o cumprimento está positivamente relacionado com o tamanho
e negativamente relacionado com os lucros. Outras variáveis como o retorno dos
lucros, a liquidez, o leverage não se demonstraram significativas neste estudo.
O cumprimento foi novamente testado em Hong Kong por Chen eJaggi (2000) e os
resultados indicaram uma relação positiva entre a existência de diretores
independentes e o cumprimento da divulgação. E ainda que esta relação se mostrou
mais fraca em empresas familiares comparativamente com as não familiares.
Owusu-Ansah (1998) investigou o impacto de características empresariais no
cumprimento da divulgação com uma amostra de 49 empresas cotadas no Zimbabwe
em 1994. O autor verificou que o nível de cumprimento neste país foi de 74,4% e que
as variáveis como o tamanho, a idade, a pertença a uma multinacional, a rentabilidade
e a proporção de ações detidas por insiders estão positivamente relacionados com as
práticas de divulgação neste país. No entanto, variáveis como o tipo de auditor, tipo de
indústria e liquidez demonstram-se estatisticamente insignificantes.
Street e Bryant (2000)investigaram se a divulgação exigida pelas IAS-
InternationalAccountingStandars - foi cumprida e ainda se o facto de as empresas
estarem cotadas no mercado americano influencia o cumprimento. Estes autores
chegaram à conclusão que o cumprimento está positivamente relacionado com o facto
7
de as empresas estarem cotadas no mercado americano. Os autores chegaram
também à conclusão que a divulgação é maior quando é especificado numa nota do
relatório que as normas dos IAS foram seguidas conjuntamente com as normas
internacionais de auditoria em vigor.
Street e Gray (2002)examinaram as demonstrações financeiras e as notas de
empresas a nível mundial que adotassem as IAS de modo a verificarem o nível de
cumprimento e ainda que fatores poderão estar associados a esse cumprimento. A
maior descoberta deste estudo foi que existe um grande nível de incumprimento,
essencialmente no que diz respeito às divulgações exigidas. Os autores
demonstraram que os fatores que estão positivamente ligados com o cumprimento
foram: o facto de as empresas estarem cotados nos Estados Unidos e/ou a não
cotação no mercado regional; o facto de pertencerem ao setor comercial e de
transportes, o facto de divulgarem que usam as IAS; o facto de serem auditadas pelas
cinco maiores empresas de auditoria e por último se estão sediadas na China ou na
Suíça. Verificou-se uma relação negativa com o cumprimento o facto de as empresas
estarem sediadas na França, Alemanha e outros países da Europa Ocidental e ainda
no continente africano.
Hasanet al. (2008) estudou as mudanças ao longo do tempo na divulgação exigida
em 86 empresas cotadas no Bangladesh para os períodos entre 1991 e 1998. Os
autores verificaram que as exigências de divulgação são maiores em 1998 do que em
1991. O estudo demonstrou também que a qualidade do cumprimento aumentou
durante o período em análise. Adicionalmente os autores verificaram também que
variáveis como o tamanho, a qualificação do staff de contabilidade e o tipo de auditor
está positivamente relacionado com o nível de cumprimento.
Em 2005 a Austrália adotou as normas internacionais de contabilidade (IFRS). Esta
adoção foi certamente a maior mudança ao nível de relato financeiro na história da
Austrália o que originou muitos estudos de divulgação. Palmer (2008), investigou a
qualidade da divulgação em relação ao cumprimento com o parágrafo 4.1 (b) do AASB
1047. Este parágrafo exigia uma explicação das diferenças nas políticas contabilísticas
antes e após a adoção das normas internacionais. Neste estudo foi utlizada uma
amostra de 150 empresas australianas cotadas. O autor chegou à conclusão que a
qualidade da divulgação é influenciada pelo tamanho das empresas, peloleverage e
pelo tamanho da empresa auditora. Kent e Stewart (2008) estudaram a relação entre o
nível de divulgação e a qualidade da governança corporativa em empresas
australianas para períodos antes de 30 de Junho de 2004. Eles demonstraram que a
8
quantidade de divulgação está positivamente relacionada com aspetos de governança
corporativa como a existência comité de auditoria e a escolha do auditor.
Iatridis e Valahi (2010) conduziram um estudo sobre o cumprimento voluntário das
IAS 1 antes da adoção deste tipo de normas. Os autores tentaram identificar os
motivos da adoção voluntária da IAS 1 e a relação entre a divulgação voluntária desta
norma e o aumento do capital próprio, a remuneração dos gestores e o retorno do
investimento. Os autores concluíram que as empresas com um “bom leverage” e uma
boa rentabilidade e crescimento estão mais motivadas para a divulgação voluntária.
Este estudo demonstrou ainda que as empresas que adotam voluntariamente IAS 1
têm aumentos no seu capital, remunerações de gestores mais altas e um retorno mais
elevado.
Lucas e Lourenço (2011) investigaram de que forma as características empresariais
e as características dos países podem influenciar o nível de cumprimento. Este estudo
foi realizado em empresas cotadas na Europa e foi verificado o nível de cumprimento
nomeadamente com a IFRS 3 (combinações de negócios). Os resultados
demonstraram que ambas as características podem influenciar o cumprimento
(empresariais e de países). Os resultados deste estudo apontaram que as empresas
localizadas nos países de “common-law” têm um forte nível de cumprimento da IFRS 3
e as empresas localizadas nos paises de “French-civil-law” têm um fraco cumprimento.
Os resultados sugeriram ainda que o retorno dos ativos é um forte determinante do
cumprimento.
Um dos últimos estudos nesta área foi realizado por Glaum et al. (2013). Os autores
analisaram o nível de cumprimento com a IFRS 3 (Combinações de Negócios) e a IAS
36em empresas europeias. Os autores acharam um elevado nível de incumprimento
no que diz respeito a estas normas. Os autores também determinaram que quer
características empresariais quer características dos países podem influenciar o
cumprimento. Ao nível empresarial estes autores demonstraram que a importância do
goodwill, a experiência com as IFRS’s, o tipo de auditor, a existência de um comité de
auditoria, a emissão de títulos no período em estudo, a estrutura de poder da empresa
são fatores que influenciam o cumprimento. No que diz respeito ao país, o nível de
“enforcement” e o tamanho do mercado de capitais também influenciam o
cumprimento. Finalmente eles também acharam que a cultura dos países
(conservadorismo) também pode influenciar o cumprimento.
Como pudemos verificar existem já alguns estudos sobre fatores que podem
influenciar o cumprimento da divulgação, no entanto existem também outros estudos
9
que não são menos importantes que procuram evidência empírica ao níveldo impacto
da divulgação. Estes estudos procuram demonstrar o que a divulgação pode acarretar.
Por exemplo, Diamond e Robert (1991), Botosan (1997), Sengupta (1998)
demonstraram que a revelação de informação reduz a assimetria de informação e
reduz o custo de capital, atrai investidores e aumenta a liquidez.
Gelb e Zarowin (2002) examinaram a relação entre a divulgação e o preço das
ações e demonstraram que a divulgação está associada com o preço das ações que
se revelem mais informativos quanto a futuros ganhos.
Hope (2003), Hodgonet al. (2008) e Dhaliwal (2012) demonstraram que a
divulgação influencia as previsões dos analistas financeiros.
Daskeet al. (2008) analisou as consequências económicas da adoção das normas
internacionais no mundo ao nível do custo de capital da avaliação do património, da
liquidez do mercado e concluiu que o custo de capital diminuiu com a adoção das
normas, a liquidez dos mercados aumentou e a avaliação patrimonial também, no
entanto estes benefícios só se fizeram sentir em países com um forte nível de
enforcement. Liuet al. (2011) analisou o impacto da adoção das normas internacionais
na China (obrigatórias desde 2007) e concluiu que a qualidade da contabilidade
melhorou com o aumento da relevância em medidas contabilísticas. Glaumet al.
(2011) analisaram de que forma a introdução das normas internacionais na Alemanha
melhoraram as previsões dos analistas financeiros.
Berthelotet al. (2012) demonstrou que a publicação de relatórios de
sustentabilidade também influenciam a divulgação.
E finalmente cito o estudo de Balakrishnan e Yang (2012) em que foi demonstrado
que as previsões dos analistas melhoraram em países que adotaram as normas e em
que as suas normas regionais eram bastante diferentes das normas internacionais.
Estando já demonstrado o quão importante é a correta divulgação e o impacto que
esta pode ter e sendo que até à data ainda não se fez nenhum estudo que contemple
vários espaços com culturas verdadeiramente diferentes em que a única semelhança
entre eles é o facto de serem mercados/países emergentes. Achamos que podemos
acrescentar conhecimento empírico demonstrando que fatores podem afetar o
cumprimento da divulgação mais precisamente na IFRS 3.
Kantet al.(2011) já realizou um estudo ao nível de divulgação voluntária nos
mercados emergentes nomeadamente ao nível dos intangíveis e concluiu que fatores
10
como o leverage, a adoção das normas internacionais ou americanas e o tipo de
indústria estão fortemente relacionadas com o nível de divulgação. Adicionalmente
características específicas destes países como o risco associado às políticas
económicas e aos sistemas legais deste tipo de países também influencia fortemente
a divulgação.
Existem outros estudos realizados em mercados emergentes como o estudo
realizado por Paul N. Michas (2011). Este autor analisou a importância da profissão do
auditor em mercados emergentes. Ele demonstrou que a qualidade da auditoria é
maior em empresas localizadas em países onde a profissão de auditor está mais
desenvolvida. No entanto estes resultados só se verificaram pelas empresas auditadas
pelas 4 maiores empresas de auditoria.
Poucos são os estudos sobre divulgação em países emergentes, por isso,
procuramos acrescentar evidência empírico com o nosso estudo sobre o cumprimento
nestes países.
3. Desenvolvimento de hipóteses
Como não há nenhuma teoria estabelecida sobre o cumprimento das divulgações
obrigatórias o nosso estudo é classificado como sendo exploratório (Glaumet al., 2013,
Dinget al., 2007, Bushmanet al., 2004). No entanto, existem várias teorias que
explicam as práticas de divulgação das empresas, nomeadamentea teoria da agência,
dos custos políticos, da sinalização, da legitimidade, teoria da contingência (Lopes e
Rodrigues, 2007). Baseado em considerações teóricas e em estudos empíricos sobre
divulgação (obrigatória e voluntária), serão então desenvolvidas hipóteses nesta fase
do estudo sobre características empresarias que afetem a divulgação, nomeadamente
o Leverage, a rentabilidade dos ativos, o fato de serem cotadas nos Estados Unidos e
finalmente o tamanho das empresas.
11
Note-se que o estudo está numa fase inicial e que de futuro com mais dados
analisados irá ser introduzido variáveis que permitam identificar as diferenças nos
países.
3.1 Leverage
Nós selecionamos o Leverage porque alguns autores argumentam que as
empresas com maior Leverage são suscetíveis de divulgar mais informação (Jensen e
Meckling, 1976). A partir dessa perspetiva, foram realizados estudos anterioressobre o
cumprimento da divulgação obrigatória (por exemplo, Wallace e Naser, 1995; Ali et al,
2004) e sobre divulgação voluntária (por exemplo, Lopes e Rodrigues, 2007). Nestes
estudos conclui-se que com níveis elevados de divulgação é esperado uma redução
de assimetria de informação e dos custos de agência e incentiva os investidores a
diversificar sua carteira de aliviar as preocupações relacionadas com a situação
financeira da empresa (Fergusonet al., 2002).
Ou seja, é expetável que quanto maior for o Leverage maior será a divulgação.
3.2 Rentabilidade dos Ativos
Nós selecionamos rentabilidade dos ativos porque acreditamos que este índice
mede a qualidade dos investimentos. Portanto, quanto maior a taxa de rentabilidade,
mais as empresas estão dispostas a revelar informações sobre seus investimentos.
Essa tendência é apoiada pela teoria da agência, da sinalização e dos custos políticos
(Inchausti , 1997). A teoria da agência sugere que os diretores podem usar
informações externas, a fim de obter vantagens pessoais.A teoria da sinalização
envolve a ideia de que os acionistas desejam fornecer informações favoráveis ao
mercado, com o intuito de valorizar as suas ações. A teoria dos custos políticos
argumenta que as empresas querem reduzir as assimetrias de informação de forma a
reduzir as pressões políticas e justificar os lucros obtidos (Lucas e Lourenço, 2011).
12
Existem alguns estudos anteriores que procuram explicar a ligação entre a
rentabilidade e a divulgação obrigatória e voluntária(por exemplo: Owusu- Ansah, 1998
eAli et al, 2004). No entanto, Akhtaruddin (2005)não conseguiu demonstrar nenhuma
ligação entre a divulgação e a rentabilidade.
É expetável que empresas com uma maior rentabilidade apresentem um maior
índice de divulgação.
3.3 Cotação no mercado dos Estados Unidos
O facto de as empresas serem cotadas no mercado dos Estados Unidos tem sido
apresentado como sendo um fator determinante do cumprimento da divulgação (Street
e Bryant, 2000). “Companies that list their shares in the USA voluntarily ‘opt out’ of
their local financial reporting regime and subject themselves to the strong securities
regulation and the strict public and private enforcement system of the US capital
market (e.g. Hail and Leuz 2009, Wysocki 2010)” (Glaum et al., 2013, p. 172).
É expetável que para as empresas cotadas nos Estados Unidos o índice de
divulgação seja maior.
3.4 Tamanho
O tamanho das empresas é frequentemente associado positivamente com a
divulgação quer obrigatória quer voluntária (Ali et al., 2004 e Depoers, 2000). As
grandes empresas tendem a ter mais recursos destinados aos serviços de
contabilidade do que as empresas menores, permitindo uma maior qualidade dos
relatórios financeiros.
É expetável por isso que empresas maiores apresentem um índice de divulgação
maior.
13
4. Modelo estatístico
4.1 Amostra e dados
A nossa análise foi realizada em empresas cotadas brasileiras mais concretamente
pertencentesao índice IBOVESPA e também em empresas cotadas russas mais
concretamente pertencentesaos índices MICEX-RTS.
Sendo assim, e de acordo com os índices foi necessário recolher eletronicamente
os relatórios e contas de 71 empresas brasileiras e 50 empresas russas,
nomeadamente para o ano de 2012.
Depois da recolha dos relatórios efetuada, foi necessário verificar em cada relatório
quais as empresas que possuem concentrações de negócios de modo a que se possa
apurar se estas cumprem ou não com as exigências de divulgação da IFRS 3. Esta
seleção revelou-se num processo exaustivo pois de acordo com as IFRS’s não existe
um número de nota definido à priori para divulgar as concentrações de negócios. Ou
seja, a informação que se procurava pode estar em diferentes números de nota.
Ao analisarmos os relatórios reparámos que as empresas brasileiras geralmente
colocam a informação exigida ao longo do relatório e não numa única nota, enquanto,
as empresas russas colocam a informação exigida pela IFRS 3 numa nota, sendo por
isso mais claro analisar as empresas russas.
Depois desta seleção feita chegou-se a uma amostra composta por 41 empresas
com concentrações de negócios. Destas 41 empresas só foi possível analisar dados
para 32 empresas (18 brasileiras e 14 russas), pois algumas delas tiveram de ser
retiradas devido à base de dados Datastream não fornecer os dados necessários para
análise e ainda porque ao nível estatístico foi gerado outliers (nomeadamente 3) que
destorciam a análise.
4.2 Variáveis
14
De modo a analisar a divulgação das empresas no que diz respeito a concentração
de negócios foi criado um modelo em que a variável dependente é um índice de
divulgação criado de acordo com as divulgações exigidas pela IFRS 3. E as várias
variáveis independentes selecionadas foram: Leverage, rentabilidade dos ativos, o
facto de as empresas serem cotadas no mercado bolsista americano e ainda o
tamanho das empresas.
Consideramos que como os dados nesta fase do estudo ainda são reduzidos não
podemos introduzir mais variáveis independentes.
4.2.1 Variável dependente
Para analisar a variável dependente foi necessário estudar a IFRS 3 em vigor à
data das demonstrações financeiras analisadas (2012) e quais as exigências de
divulgação que esta fazia.
Estando o nosso estudo centralizado na divulgação exigida focámos a nossa
atenção nos parágrafos 59 a 63 desta IFRS. Estes parágrafos exigem que as
empresas divulguem os efeitos nas demonstrações financeiras das combinações de
negócios que ocorram no período de relato, assim como, após o período de relato mas
antes da aprovação de contas. É ainda obrigatório que as empresas divulguem as
modificações que ocorreram nas demonstrações financeiras do período que são fruto
de combinações de negócios decorridas num período anterior ao relatório e contas.
De forma a clarificar estas exigências a norma esclarece nos parágrafos B64 a B67
o que é obrigatório divulgar.
Como grande parte da informação exigida não se consegue validar se a empresa
cumpria ou não, isto porque existem determinadas situações que por a empresa não
divulgar não significa que não está a cumprir, mas porque é possível que existam
situações que não tenham aplicação em determinadas empresas.
Então contruiu-seuma tabela onde se fez uma seleção dos itens que efetivamente
se conseguem verificar – vide Tabela nº 1 na página seguinte.
15
Tabela nº 1 – Divulgação Exigida pela IFRS 3 com possível análise
Nome e descrição da adquirida
I) Nome
II) Descrição
Data de aquisição
% de participações financeiras adquiridas com direito de voto
Principais razões da combinação de negócios Descrição qualitativa dos fatores que compõem o goodwill (sinergias esperadas, ativos intangíveis que não
se reconhecem, etc.)
Justo valor na data de aquisição da contrapartida transferida
Valores reconhecidos na data de aquisição para cada principal classe de ativos e passivos assumidos
O valor do goodwill que se espera que seja dedutível para efeitos fiscais
Goodwill negativo
i1) valor do ganho reconhecido
i2) rubrica da dem. Res. Onde foi reconhecido
ii) descrição das razões que originaram o ganho
Quando a adquirente detém menos de 100%
i1) valor da participação que não se controla reconhecida na data de aquisição
combinações de negócios por etapas i) o justo valor na data de aquisição da participação financeira na adquirida detida pela adquirente antes da data de
aquisição ii1) o valor de qualquer ganho ou perda resultante da remensuração do justo valor da participação financeira da
adquirida
ii2) rubrica da demonstração de resultados onde esse ganho ou perda foi reconhecido
outras informações
i) valores da receita, lucros e perdas da adquirida desde a data de aquisição incluídos na dem. Resultados ii) receita, lucros e perdas da entidade combinada para o período corrente, como se a data de aquisição de todas
as combinações de negócios ocorridas durante o ano tivessem ocorrido durante o início do relatório
ii1) Se esta divulgação (ii) for impraticável a entidade deve divulgar esse facto e explicar as razões
Com a tabela definida verificou-se quais as empresas da amostra que
cumpriam com cada um dos itens da tabela fazendo três classificações: 0 – não
divulga; 0,5 – divulga parcialmente (exemplo: divulga só para algumas das
combinações de negócios); e finalmente 1 – divulga.
E assim se contrui o seguinte índice (1):
16
Índice = /n (1)
Índice = índice de divulgação
Di = item do índice (0; 0,5 ou 1)
n = nº de itens
Este índice irá refletir a média de divulgação das empresas. É de salientar que esta
forma de contruir o índice não prejudica as empresas que não divulgam ou que não é
suposto divulgarem, pois a média é feita somente com o nº de itens que esta deveria
divulgar e não com o número total de itens. Se cada empresa tiver um índice próximo
de 1 é porque cumpre na maior parte com a divulgação exigida e se este for próximo
de 0 acontece o contrário.
4.2.2 Variáveis Independentes
No que diz respeito às variáveis independentes foi selecionado o leverage, a
rentabilidade dos ativos, se as empresas são cotadas no mercado de Nova Iorque e
ainda o tamanho das empresas.
No que diz respeito ao leverage (LEV) este foi calculado da seguinte forma:
LEV = (2)
A rentabilidade dos ativos (ROA) foi calculada da seguinte forma:
ROA = (3)
Para as empresas cotadas no mercado americano (ADR) foi atribuído
estatisticamente o valor “1” e “0” para as não cotadas.
E finalmente o tamanho (SIZE) foi calculado utilizando o logaritmo natural dos
ativos das empresas.
17
Foi ainda definido no modelo a distinção entre empresas russas e brasileiras,
criando duas variáveis, uma para cada país, e identificando as empresas pertencentes
a cada um dos países com o código “1” e “0 “caso pertençam e não pertençam ao país
dessa variável.
4.2.3 Modelo de Investigação
O nosso estudo irá analisar o cumprimento das divulgações da IFRS 3 nos países
emergentes e ainda como este comportamento pode ser diferente de país para país.
Foi então realizado a estatística descritiva com a seguinte equação:
Índice =
(4)
Nesta fase inicial de investigação irá-se analisar dois dos países emergentes
(Brasil e Rússia) e de acordo com a equação definida anteriormente, iremos procurar
entender de que forma o leverage (LEV), o retorno dos ativos (ROA), a cotação no
mercado americano (ADR) e o tamanho poderão influenciar o índice de divulgação
das empresas. Será ainda comparado qual dos dois países em análise cumprem mais
a divulgação exigida.
5. Resultados
5.1 Estatística Descritiva e Correlações
A tabela nº 2 apresenta a estatística descritiva das variáveis incluídas no modelo.
O nível de cumprimento com a divulgação exigida pela IFRS 3 nos países em
análise é moderado, pois a média deste índice é de 68,7%. Sendo que para este
índice temos um mínimo registado de 22,7% e um máximo de 100%, o que significa
que existem empresas que divulgam muito pouca informação mas também outras que
divulgam a informação toda necessária.
No quadro nº 2 da tabela nº 3 é possível verificar que itens de divulgação
obrigatória as empresas divulgam mais. Note-se que neste quadro só foram
considerados na amostra os dados de cada item aplicável às empresas. Ou seja,
18
quando uma informação é não aplicável à empresa não pode ser exigida. Por este
motivo é que o n (amostra) muda para cada item. Neste quadro podemos verificar que
os dados que as empresas mais divulgam é a data de aquisição da combinação de
negócios, assim como, a percentagem adquirida. Pode-se constatar também que
geralmente as empresas divulgam os ativos adquiridos e passivos assumidos nas
aquisições de negócios. É de salientar ainda que o nome da empresa adquirida na
combinação de negócios também é facultado, no entanto, nem sempre as empresas
fazem uma descrição da empresa adquirida, por isso é que para este item a média é
ligeiramente mais baixa. Os dados menos divulgados pelas empresas estão
relacionados com o goodwill, nomeadamente a descrição qualitativa do goodwill e o
efeito deste a nível fiscal. Estes dados são muito importantes para os investidores,
pois estes para analisarem a combinação de negócios necessitam de perceber a
diferença entre o valor de aquisição e o justo valor dos ativos e passivos. Ao nível do
impacto fiscal terá de se verificar futuramente o tratamento fiscal do goodwill nos
países envolvidos de forma a procurar entender o porquê das empresas não
divulgarem este tipo de informação.
Em relação ao LEV apresenta uma média de 56%, sendo o mínimo de 27% e o
máximo de 90%.
O ROA (rentabilidade dos ativos) apresenta um valor médio de 7%, sendo que há
empresas com rentabilidade negativas, pois o mínimo é – 4%.
Do total da amostra 38% das empresas estão cotadas no mercado americano e
28% está cotado no mercado americano e são ao mesmo tempo brasileiras.
No que diz respeito ao tamanho da empresa (SIZE) este tem uma média de 16,29,
sendo eu o mínimo e máximo respetivamente é 0,241 e 19,8.
Tabela nº 2 – Estatística Descritiva
Quadro 1 – Informação Geral das variáveis (n: 32)
MÉDIA DESVIO PADRÃO MEDIANA MÍNIMO MÁXIMO
ÍND. DE DIV. 0,687 0,190 0,7261 0,227 1,000
LEV 0,557 0,188 0,535 0,265 0,907
ROA 0,071 0,062 0,060 -0,043 0,241
ADRA 0,38 0,498 0,000 0,000 1,000
ADR*BRA 0,28 0,457 0,000 0,000 1,000
SIZEA 16,287 1,440 16,393 0,241 19,795
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Quadro 2 – Informação detalhada da variável dependente
Média Desvio Padrão
a) Nome e descrição da adquirida (n=32) 0,789 0,238
b) Data de aquisição (n=32) 0,970 0,177
c) % de participações financeiras adquiridas com direito de voto (n=31)
0,940 0,250
d) Principais razões da combinação de negócios (n=32) 0,580 0,477
e) Descrição qualitativa dos fatores que compõem o goodwill (n=28)
0,410 0,492
f) Justo valor na data de aquisição da contrapartida transferida (n=31)
0,920 0,261
i) Valores reconhecidos na data de aquisição para cada principal classe de ativos e passivos assumidos (n=30)
0,880 0,313
k) O valor do goodwill que se espera que seja dedutível para efeitos fiscais (n=26)
0,190 0,402
n) Goodwill negativo (n=4) 0,500 0,430
o) Quando a adquirente detém menos de 100% (n=22) 0,500 0,512
p) Combinações de negócios por etapas (n=11) 0,508 0,432
q) Outras informações (n=17) 0,530 0,468
O INDICE DE DIVULGAÇÃO demonstra o nível de cumprimento das empresas com a IFRS 3; o LEV é o total do passivo dividido pelo total do ativo de cada empresa; o ROA é a rentabilidade dos ativos e é calculado através da divisão do resultado liquido pelo ativo; o ADR classifica se a empresa é cotada nos Estados Unidos ou não com o valor 0 e 1; o ADR*BR classifica se a empresa é brasileira e ao mesmo tempo cotada nos Estados Unidos com o valor 0 e 1; SIZE é um logaritmo natural do tamanho da empresa.
A Esta média representa a percentagem de empresas cotadas nos Estados Unidos (ADR), cotadas nos Estados Unidos e Brasileiras (ADR*BR)
Na tabela nº 4 foi possível analisar as variáveis por país. O índice de divulgação é
em média maior nas empresas russas comparativamente com as empresas
brasileiras. Já seria de esperar tal facto, pois aquando da análise dos relatórios
constatámos que as empresas russas divulgam numa única nota a informação exigida
pelas combinações de negócios enquanto as empresas brasileiras dispersam essa
informação ao longo do relatório. Tal pormenor, pode afastar as empresas brasileiras
do cumprimento.
20
Pode-se ainda verificar que as empresas brasileiras analisadas estão em média
mais endividadas que as empresas russas e a rentabilidade dos ativos é em me´dia
maior nas empresas russas.
Por fim podemos acrescentar ainda relativamente a esta tabela que 50% das
empresas cotadas no índice Ibovespa também estão cotadas nos Estados Unidos. Em
relação às empresas Russas cotadas no MICEX-RTS, somente 21% destas estão
cotadas nos Estados Unidos.
A variável do tamanho das empresas (SIZE) apresenta-se semelhante nos dois
países, o que é de esperar, pois está-se a analisar os dois maiores índices dos países
do Brasil e da Rússia, logo, consequentemente, neles pertenceram grandes empresas.
Tabela nº 4 – Análise por país
n Índice LEV ROA ADRa SIZE Brasil 18 0,640 0,610 0,067 0,500 16,088 Rússia 14 0,748 0,489 0,076 0,210 16,544
O INDICE DE DIVULGAÇÃO demonstra o nível de cumprimento das empresas com a IFRS 3; o LEV é o total do passivo dividido pelo total do ativo de cada empresa; o ROA é a rentabilidade dos ativos e é calculado através da divisão do resultado liquido pelo ativo; o ADR classifica se a empresa é cotada nos Estados Unidos ou não com o valor 0 e 1; o ADR*BR classifica se a empresa é brasileira e ao mesmo tempo cotada nos Estados Unidos com o valor 0 e 1; SIZE é um logaritmo natural do tamanho da empresa. Os dados dos países foram selecionados a partir das empresas cotadas nas seguintes índices:IBOVESPA e MICEX-RTS.
A Esta média representa a percentagem de empresas cotadas nos Estados Unidos (ADR).
A tabela nº 5 mostra os resultados da regressão. Nesta tabela pode-se constatar
que o LEV influencia negativamente a divulgação, ou seja, quanto mais endividadas
são as empresas menos divulgam. Este facto não era esperado de acordo com a
revisão da literatura.
É ainda possível verificar nesta tabela que a rentabilidade dos ativos influencia
positivamente o índice, pois quanto mais rentáveis são as empresas mais divulgam o
que já era expetável.
É ainda possível verificar que as empresas brasileiras divulgam menos, mas se
estas forem cotadas nos Estados Unidos divulgam mais informação obrigatória sendo
este último facto já previsível.
Tabela nº 5 – Resultados da regressão
Índice LEVERAGE -0,500***
ROA 0,329*
ADR -0,147*
BR -0,138**
21
BR*ADR 0,243**
SIZE -0,029*
O INDICE DE DIVULGAÇÃO demonstra o nível de cumprimento das empresas com a IFRS 3; o LEVERAGE é o total do passivo dividido pelo total do ativo de cada empresa; o ROA é a rentabilidade dos ativos e é calculado através da divisão do resultado liquido pelo ativo; o ADR classifica se a empresa é cotada nos Estados Unidos ou não com o valor 0 e 1; o ADR*BR classifica se a empresa é brasileira e ao mesmo tempo cotada nos Estados Unidos com o valor 0 e 1; SIZE é um logaritmo natural do tamanho da empresa. Os dados dos países foram selecionados a partir das empresas cotadas nas seguintes índices: IBOVESPA e MICEX-RTS no ano de 2012.
***, ** E * indicam níveis de significância no 0,01, 0,05 e 0,10, respetivamente.
6. Conclusões
Neste estudo foi analisado alguns fatores que podem influenciar o cumprimento da
divulgação obrigatória prevista na IFRS 3 nos mercados emergentes, mais
precisamente no Brasil e na Rússia.
Chegou-se à conclusão que o nível de cumprimento com a divulgação exigida pela
IFRS 3 nos países em análise é moderado, pois a média deste índice nos países
analisados é de 68,7%.
Verificou-se que os dados que as empresas mais divulgam é a data de aquisição da
combinação de negócios, assim como, a percentagem adquirida. Constatou-se
também que geralmente as empresas divulgam os ativos adquiridos e passivos
assumidos nas aquisições de negócios. Os dados menos divulgados pelas empresas
estão relacionados com o goodwill, nomeadamente a descrição qualitativa do goodwill
e o efeito deste a nível fiscal.
Verificou-se ainda que o índice de divulgação é em média maior nas empresas
russas comparativamente com as empresas brasileiras.
Pôde-se ainda constatar que o leverageinfluencia negativamente a divulgação, ou
seja, quanto mais endividadas são as empresas menos divulgam. Foi ainda possível
verificar que a rentabilidade dos ativos influencia positivamente o índice de divulgação.
E finalmente foi ainda possível verificar que as empresas brasileiras divulgam menos,
mas se estas forem cotadas nos Estados Unidos divulgam mais informação
obrigatória.
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