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Proclamada a independência, o príncipe regente dom Pedro foi aclamado Imperador Constitucional do Brasil, no dia 12 de outubro de 1822. Restavam ainda as tarefas de organizar a administração pública e as leis do nosso país e conseguir o reconhecimento das outras nações em relação à autonomia recém – conquistada. De certo modo, a presença de dom Pedro à frente do governo tornava mais fácil obter a legitimação entre as monarquias europeias. O principal argumento para vencer a resistência dos monarcas europeus ao reconhecimento residia no fato de o novo país ter com chefe um príncipe da dinastia de Bragança, herdeiro legítimo do trono de Portugal, o que garantia a continuidade da ordem econômica, social e política brasileira. Esse argumento, contudo, não resolvia o problema da legitimidade do regime político diante da própria população brasileira. Nesse caso, o Brasil começava com uma contradição: antes mesmo de ter uma Constituição, um príncipe era aclamado Imperador Constitucional. Isso significa, de fato, que era o imperador e não a Constituição a verdadeira fonte de poder do novo Estado. Essa contradição estaria na base dos conflitos que levariam à abdicação de dom Pedro I em abril de 1831.
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O CURTO REINADO DE DOM PEDRO I Proclamada a independência, o príncipe regente dom Pedro foi
aclamado Imperador Constitucional do Brasil, no dia 12 de outubro de 1822.
Restavam ainda as tarefas de organizar a administração pública e as leis do
nosso país e conseguir o reconhecimento das outras nações em relação à
autonomia recém – conquistada. De certo modo, a presença de dom Pedro à
frente do governo tornava mais fácil obter a legitimação entre as monarquias
europeias. O principal argumento para vencer a resistência dos monarcas
europeus ao reconhecimento residia no fato de o novo país ter com chefe um
príncipe da dinastia de Bragança, herdeiro legítimo do trono de Portugal, o que
garantia a continuidade da ordem econômica, social e política brasileira. Esse
argumento, contudo, não resolvia o problema da legitimidade do regime político
diante da própria população brasileira. Nesse caso, o Brasil começava com
uma contradição: antes mesmo de ter uma Constituição, um príncipe era
aclamado Imperador Constitucional. Isso significa, de fato, que era o imperador
e não a Constituição a verdadeira fonte de poder do novo Estado. Essa
contradição estaria na base dos conflitos que levariam à abdicação de dom
Pedro I em abril de 1831.
1. A INDEPENDÊNCIA SE CONSOLIDA:
No plano externo, a tarefa imediata do imperador dom Pedro I era 0bter
o reconhecimento da independência. Os primeiros países a atender ao pedido
do governo brasileiro foram os Estados Unidos, em 1824, México, em 1825. Na
Europa, em contrapartida, havia resistência de alguns países ao
reconhecimento. Como vimos, a presença de dom Pedro I no governo
brasileiro facilitava a aceitação da independência entre os soberanos europeus.
Mas nenhum deles poderia reconhecer a emancipação do Brasil antes de
Portugal, em virtude de compromisso assumido no Congresso de Viena. Como
Portugal não admitia tal condição, a Grã-Bretanha atuou como mediadora entre
os dois países. A mediação britânica acabou dando resultado. O Brasil se
comprometeu a pagar à antiga metrópole uma indenização de 2 milhões de
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libras, importância que tomou emprestado da Grã-Bretanha e Portugal
reconheceu a independência do novo país em 29 de agosto de 1825.
A Grã-Bretanha só definiu o reconhecimento da independência após a
assinatura do Tratado de Aliança, Comércio e Amizade, concluído em 1826.
Com o acordo, o Brasil manteve a tarifa preferencial de 15% sobre os produtos
britânicos, estabelecida em 1810 pelo governo português, e garantiu que não
cobraria taxas inferiores a essa das demais nações, com exceção de Portugal.
A tarifa alfandegária de 15% sobre os produtos importados pelo Brasil teve de
ser estendida a outros países europeus, visando à formalização do
reconhecimento. A concessão acabou gerando grandes dificuldades
financeiras ao governo brasileiro, uma vez que os importados cobrados na
alfandega constituíam a principal fonte de recursos.
2. DOM PEDRO E A CONSTITUINTE:
A independência ocorreu praticamente sem participação popular.
Entretanto, dois grupos político muitos distintos se envolveram no processo.
Um deles, mais radical, defendia uma ideologia liberal democrática que
apontava na direção da República ou de uma monarquia constitucional
controlada pelo poder Legislativo. O principal representante dessa tendência
era Joaquim Gonçalves Ledo. Outro grupo reunia os liberais, conservadores,
que foram na verdade os grandes vencedores do movimento, ao qual deram
um caráter de transição conciliadora. Formado por funcionários públicos
habituados à monarquia absolutista e por comerciantes portugueses, esse
grupo defendia que a fonte de legitimidade do Estado Brasileiro deveria ser o
imperador, e não população ou uma Assembleia Constituinte.
José Bonifácio era o fiel da balança entre os dois grupos políticos. Para
ele, a tarefa de organizar o novo país estava associada à de manter a unidade
da nação contra o perigo da “fragmentação republicana”, que caracterizou a
emancipação dos países da América espanhola. Essa unidade, segundo
Bonifácio, só seria possível com uma monarquia forte, embora não absolutista,
sob a autoridade de imperador. A Assembleia Constituinte fora convocada em
junho de 1822, antes, portanto, da proclamação da independência. Já dura os
preparativos, Gonçalves Ledo e Bonifácio haviam entrado em choque.
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O primeiro queria que a Assembleia expressasse a vontade da maioria
da população. Para isso, era necessário que o voto fosse o mais amplo
possível. Bonifácio, ao contrario, temia que o sufrágio universal levasse a
agitação de rua. Sua proposta, que acabou prevalecendo, consistia em
restringir o numero de eleitores conforme a renda, ou seja, só teriam voz os
grupos mais ricos da sociedade. A Constituição começou a se reunir em 3 de
maio de 1823. Ao longo dos trabalhos, afloraram as divergências entre os
monarquistas centralizadores e os liberais radicais. As questões discutidas não
giravam em torno de temas sociais, como o regime de trabalho ou a
propriedade da terra. Todos pareciam concordar que a escravidão e o latifúndio
deveriam ser mantidos. O tema mais polemico era mesmo a questão da
legitimidade do poder monárquico. De acordo com as propostas defendidas, os
integrantes da Assembleia se dividiram no Partido Português, defensores de
dom Pedro, e no Partido brasileiro, adeptos da Constituição soberana.
Apesar de serem chamados de partidos, esses grupos não chegavam a
constituir agremiações políticas como conhecemos hoje. Eram, antes,
agrupamentos de pessoas com afinidades políticas. Além disso, havia, no
Partido Brasileiro, duas correntes políticas: a dos liberais moderados e a dos
liberais farroupilhas. O Partido Brasileiro dominava a Constituinte, cujos
trabalhos começaram a tomar rumo incômodo ao imperador, que via, seu poder
absoluto ameaçado. A resposta de dom Pedro foi drástica: em novembro de
1823, ele fechou a Constituinte e ordenou a prisão de vários deputados,
episódio conhecido como “Noite da Agonia”. Entes estes estavam Antônio
Carlos Martim Francisco de Andrade e Silva, que foram obrigados a partir para
o exílio na França, ao lado do irmão mais velho, José Bonifácio.
Constituição e autoritarismo:
Logo após fechar a Assembleia Constituinte, dom Pedro I nomeou um
Conselho de Estado de dez membros, encarregados de elaborar um novo
projeto de Constituição. Depois de quarenta dias de trabalho, o documento foi
aprovado pelo imperador, que o apresentou à nação como a primeira
Constituição do Brasil, outorgada por meio de um decreto imperial em 25 de
março de 1824. A carta definia o sistema de governo como uma monarquia
constitucional, hereditária e vitalícia, sob a forma imperial. O imperador,
auxiliado por ministros de sua escolha, era o chefe do poder executivo. Entre
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suas atribuições, ele deviria conceder títulos de nobreza não hereditária e
nomear os governos provinciais, o que tornava o Brasil um Estado unitário não
federativo, de poder fortemente centralizado.
O poder Legislativo compunha-se da Câmara dos Deputados e do
Senado. Os deputados seriam eleitos para mandatos de três anos, enquanto
os senadores teriam cargos vitalícios – cabendo ao imperador escolhê-los
entre três candidatos mais votados em cada província. O voto era censitário e o
sistema eleitoral estava organizado em duas etapas. A primeira consistia em
eleições primarias, ás quais compareciam apenas as pessoas livres do sexo
masculino, maiores de 25 anos, que provassem possuir uma renda anual de
pelo menos 100 mil-réis. Nessa etapa, escolhiam-se os chamados eleitores de
segundo grau, cuja renda devia ser de no mínimo 200 mil-réis para integrar
uma espécie de colégio eleitoral encarregado de eleger, na segunda etapa, os
deputados e os senadores. Os candidatos a esses cargos tinham de ser
católicos e comprovar um rendimento de 400 e 800 mil-réis, respectivamente.
A Constituição estabelecia ainda a igualdade perante a lei. O catolicismo
era declarado religião oficial e a Igreja Católica ficava subordinada ao Estado.
Nesse contexto, os padres e os bispos passavam a serem funcionários do
governo, do qual recebiam salários. Além do Legislativo e do Executivo, mais
poderes foram instituídos: Judiciário, exercido por um Supremo Tribunal, com
juízes nomeados pelo imperador; e o poder Moderador, exercido pelo
soberano, auxiliado por um Conselho de Estado.
A justificativa para esse quarto poder era manter o equilíbrio entre os
demais poderes. Na prática, porém, ele acabou sendo um instrumento da
vontade pessoal do imperador, que poderia intervir nos três poderes, dissolver
a Câmara, nomear senadores, juízes e presidentes de províncias, entre outras
prerrogativas.
Com algumas alterações, a Constituição outorgada de 1824 vigoraria até
a Proclamação da República, em 1889. Com ela, o que existia, na verdade, era
um tipo de absolutismo constitucional. O fato de haver uma Constituição,
mesmo que imposta e de feição centralizadora e autoritária, permitia ao Estado
apresentar-se como uma monarquia constitucional, mascarando seu
absolutismo.
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3. PERNAMBUCO, 1824:
A Dissolução da Constituinte e a imposição de uma Carta constitucional
sem consulta à nação desencadearam uma onda de protesto entre as elites e
as camadas médias urbana de diversas províncias. Em Pernambuco, onde
ainda não tinham se apagado inteiramente as chamas da insurreição de 1817,
a insatisfação assumiu a forma de rebelião. No dia 2 de julho de 1824, lideres
liberais de diversos setores da sociedade uniram-se para proclamar uma
República na região. Entre os revoltosos estavam frei Joaquim do Amor Divino
Rabelo e Caneca, que havia participado do levante de 1817, o jornalista
Cipriano Barata, participante da Conjuração Baiana de 1798, e membro da
aristocracia agrária, como Manuel de Carvalho Pais de Andrade. Logo depois,
a província obteve o apoio da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará,
com os quais constituiu a Confederação do Equador. Assim como em 1817, a
jovem República despertou o entusiasmo da população. Mas também como em
1817, os revolucionários não chegaram a abolir o trabalho escravo, e a
repressão do governo central logo se fez sentir. Em setembro de 1814, tropas
comandadas pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva, com o apoio da
esquadra do almirante britânico Cochrane, sufocaram a insurreição. Vários
líderes do movimento foram condenados à morte, entre eles Caneca, o mais
popular dos revolucionários.
4. O POVO CONTRA DOM PEDRO I:
A confederação do Equador havia sido vencida, mas os problemas do
governo central estavam apenas começando. Para as elites liberais que
reivindicavam mais liberdade para as províncias e para as camadas médias,
influenciadas pela propaganda dos jornais de oposição, dom Pedro já não era
mais o líder que se configurava após a independência. Na realidade, o
autoritarismo do imperador estava em “rota de colisão” com os anseios de
maior autonomia nas províncias. Um complicador a mais surgiu em 1826, com
a morte de dom João VI. Proclamado o sucessor do pai, dom Pedro I
renunciou ao trono português em favor da princesa Maria da Gloria, sua filha,
menor de idade.
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Enquanto a princesa não atingisse a maioridade, governaria Portugal,
como Príncipe regente, dom Miguel irmão de dom Pedro. Em 1828, porém,
dom Miguel proclamou-se rei de Portugal, atraindo a ira de dom Pedro. No
Brasil, para os oposicionistas, ficava claro que o imperador passaria a disputar
o trono português, colocando em risco a própria autonomia do Brasil. Nesse
mesmo ano, a província Cisplatina proclamou sua independência com o nome
de República do Uruguai, depois de três anos de guerra contra o governo
brasileiro. O conflito acentuou o quadro de dificuldades econômicas e
financeiras pelo qual passava o país. A crise econômica começara em 1821,
quando dom João VI, e sua corte retornaram a Portugal, levando consigo
quase toda a reserva de ouro do Banco do Brasil, criado em 1808.
A situação se agravou com a queda nos preços dos produtos agrícolas
exportados pelo Brasil para o mercado europeu e com os termos dos acordos
comerciais com a Grã-Bretanha e outros países da Europa, que levaram ao
crescimento constante das importações. Os gastos com a repressão em
Pernambuco e a guerra Cisplatina completaram o quadro. Em 1828, foi
anunciada a falência do Banco do Brasil. Todos esses problemas, somados ao
autoritarismo do imperador, à sangrenta repressão contra a Confederação do
Equador e à escandalosa vida pessoal de dom Pedro provocaram grave crise
política. Em poucos anos, dom Pedro deixara de ser “herói da independência”
para se tornar o principal alvo das criticas da população.
Dom Pedro I renuncia ao trono:
Afastado dos liberais e com a imagem muito desgastada, o imperador
apoiava-se cada vez mais no Partido Português, que estimulava seu
autoritarismo e aspirava à reunificação entre Brasil e Portugal. Ao mesmo
tempo, a oposição ao governo crescia no Legislativo e na imprensa. Os jornais
de oposição, por sinal, tornavam-se cada dia mais numerosos. Entre eles,
destacavam-se: A Sentinela da Liberdade, de Cipriano barata; Aurora
Fluminense, de Evaristo da Veiga; O Tribuno do Povo, de oliveira França;
Observador Constitucional, de Líbero Badaró. Em novembro de 1830, Líbero
Badaró foi assassinado numa rua de São Paulo. Suas últimas palavras foram
uma acusação direta ao absolutismo do imperador: “Morre um liberal, mas não
morre a liberdade”. De boca a boca, a frase percorreu rapidamente o país.
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A oposição responsabilizou de forma direta o imperador pelo
assassinato. Em dezembro de 1830, ao visitar Minas Gerais, dom Pedro foi
recebido com cerimônias fúnebres em homenagem a Líbero Badaró.
Em março de 1831, manifestantes portugueses partidários do imperador
entraram em choque com estudantes e populares no Rio de Janeiro. As
arruaças se estenderam por vários dias e culminaram no episódio conhecido
como Noite das Garrafadas, no qual portugueses e brasileiros se enfrentaram
abertamente nas ruas do Rio de Janeiro. No dia 7 de abril, acossado pela
opinião pública e sem contar com o apoio da população, dom, Pedro I
renunciou ao trono, abdicando em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, então
com cinco anos de idade. Terminava, assim, o Primeiro Reinado e tinha início o
período regencial, um dos mais conturbados da história do império.
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PARA SISTEMATIZA OS ESTUDOS1
1. Após 7 de Setembro de 1822, restava ao Brasil dar vários passos para
se consolidar como nação independente. Um deles era obter o
reconhecimento internacional. Resuma como o Brasil obteve esse
reconhecimento.
2. Outro passo importante do Brasil para constituir-se uma nação
independente era elaborar regras para o funcionamento da sociedade.
Para isso instituída uma Assembleia Constituinte, que, no entanto,
acabou fechada por dom Pedro I logo após o inicio dos trabalhos. Quais
eram as divergências entre o imperador e os parlamentares da
Assembleia Nacional Constituinte?
3. A Confederação do Equador foi o mais importante movimento de
oposição à Constituição outorgada por dom Pedro I e às suas práticas
absolutistas. Enumere três das principais características desse
movimento.
4. Quais eram os dois grandes grupos que participavam do processo
político no Brasil, após a independência, e que ideias defendiam?
5. Quais foram as principais causas da abdicação de om Pedro I ?
1 Material elaborado pelo Prof. Elicio Lima para sistematizar situações de ensino-aprendizagem na sala de aula. A intertextualidade desse trabalho se estabelece no dialogo entre as obras: História: Volume único: Divalte Garcia Figueiredo. 1. ed. São Paulo: Ática, 2005. História global volume único: Gilberto Cotrim. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. História Sociedade & Cidadania: Alfredo Boulos Júnor. 1ª ed. São Paulo: FTD 2013. Material referenciado pelos Parâmetros curriculares Nacionais e proposta curricular do Estado de São Paulo (Feitas algumas adaptações e grifos para facilidade o processo didático ensino aprendizagem - 2015). Sequencia didática. Quarto Bimestre - Segundo ano do Ensino Médio.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Situação de aprendizagem 25 – História - Prof. Elicio Lima
Nº Série Data
NOME: