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UNIVERSIDADE GAMA FILHO Coordenação de Pós-Graduação e Atividades Complementares ( CEPAC ) MBA PORTOS E LOGÍSTICA O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS NO COMÉRCIO INTERNACIONAL E NOS PORTOS Autor: Guilherme Accioly Fragelli Orientador: Eduardo Martins Fernandes Rio de Janeiro 2004

O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

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UNIVERSIDADE GAMA FILHO

Coordenação de Pós-Graduação e Atividades Complementares

( CEPAC )

MBA PORTOS E LOGÍSTICA

O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO

E SEUS EFEITOS NO COMÉRCIO

INTERNACIONAL E NOS PORTOS

Autor: Guilherme Accioly Fragelli

Orientador: Eduardo Martins Fernandes

Rio de Janeiro

2004

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O Desenvolvimento de conteinerização e seus efeitos no

comércio internacional e nos portos

Guilherme Accioly Fragelli

Monografia submetida ao corpo docente da Coordenação de Pós-Graduação e

Atividades Complementares da Universidade Gama Filho como requisito parcial para

a conclusão do MBA PORTOS E LOGÍSTICA ( curso de pós-graduação lato sensu )

Aprovada por:

_________________________________________

Prof. Eduardo Martins Fernandes - OrientadorM.Sc. em Administração - COPPEAD/UFRJ

Rio de Janeiro

2004

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Fragelli, Guilherme Accioly

O desenvolvimento da conteinerização e seus efeitos no comércio

internacional e nos portos / Guilherme Accioly Fragellli - Rio de

Janeiro, 2004.

vii, 100 f.:il

Monografia MBA Portos e Logística (Pós-Graduação Lato Sensu).

Universidade Gama Filho, 2004.

Orientador: Eduardo Martins Fernandes

1. Conteinerização 2. Portos 3. Transporte Marítimo 4. Logística (

MBA - CEPAC / UGF ) I. Fernandes, Eduardo Martins (Orientador). II.

Universidade Gama Filho. III. O desenvolvimento da conteinerização e

seus efeitos no comércio internacional e nos portos.

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FRAGELLI, Guilherme Accioly Fragelli . O desenvolvimento da conteinerização e

seus efeitos no comércio internacional e nos portos. Orientador: Eduardo Martins

Fernandes. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 2004. Monografia (MBA Portos

e Logística - Pós- Graduação Lato Sensu).

Prezado leitor,

Este trabalho apresenta o desenvolvimento da conteinerização e seus efeitos na

indústria marítima de carga geral e portuária, e consequentemente, no comércio

internacional, pois foi o contêiner que possibilitou a interligação entre os diversos

modais de transporte, aprimorando entrega de mercadorias no tempo previsto sem

falhas, avarias e perdas. A conteinerização vem ampliando o desenvolvimento do

comércio internacional à medida que os navios conteneiros vêm crescendo no

tamanho e capacidade, e do aprimoramento das conexões de terra e mar,

diminuindo os custos dos fretes em razão do ganho de escala das embarcações e

da competição entre empresas marítimas. As estruturas das rotas marítimas e dos

portos vêm sofrendo alterações em seus papéis à medida que navios maiores

entram no mercado e prestadores de serviços no setor marítimo e portuário se

tornam operadores globais, exercendo influencia das mudanças nas estruturas

gerenciais/políticas dos setores portuários e marítimo dos países. Assim sendo,

espero que esta monografia possa ajudá-lo a compreender as mudanças atuais no

comércio internacional em relação à evolução da conteneirização.

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FRAGELLI, Guilherme Accioly Fragelli . O desenvolvimento da conteinerização e

seus efeitos no comércio internacional e nos portos. Orientador: Eduardo Martins

Fernandes. Rio de Janeiro: Universidade Gama Filho, 2004. Monografia (MBA Portos

e Logística - Pós- Graduação Lato Sensu).

Dear reader,

This work introduces the development of containerization and its effects in the

maritime industry of general load and port load. The container system in the

international commerce enabled the connection among several means of

transportation; improving the delivery of goods in due time without the occurrence

of failures, damages and losses. Containerization has increased the development of

the international commerce, considering full container ships have grown in size and

capacity; as well as the refinement of the land and sea connections causing the

cheapening of freights due to the scale gain of the vessels and to the competition

among maritime companies. The structures of maritime routes and harbors have

changed roles, as larger ships enter the market and service suppliers in the

maritime and port sector become global operators; influencing changes in the

structures of management/policy ports and maritime sectors of the countries.

Finally I hope this monograph can assist you to fully comprehend the current

changes in the international commerce regarding the evolution of containerization.

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Sumário

Intro. Introdução ................................................................................ 71. Desenvolvimento da Conteinerização............................................. 91.1 As razões à Conteinerização ........................................................ 101.2 O surgimento da Conteinerização................................................... 121.3 Os impactos da Conteineração....................................................... 172 Os custos, as despesas e ganho de escala de Conteinerização............ 202.1 Custos e receita de uma empresa de navegação.............................. 202.2 Os Running Costs......................................................................... 202.3 Os custos de operação do navio.................................................... 212.4 Os custos de viagem.................................................................... 212.5 Despesas Portuárias..................................................................... 222.6 Operação de Contêineres.............................................................. 232.7 Custos dos Contêineres................................................................ 242.8 Custo de Administração................................................................ 25

2.9 Cenário de Ganho de Escala. ....................................................... 27

3 Empresas de Navegação e Navios Conteneiros................................. 333.1 Os ciclos do mercado e sua atual fase............................................. 33

3.2A composição da frota de conteneiros e sua previsão decrescimento................................................................................

37

3.3 As vinte maiores empresas de navegação....................................... 403.4 As alianças, Fusões e aquisições de empresas................................. 45

3.5Os serviços de rotas Pendulares, ao Redor do Mundo e de MultiplasConexões....................................................................................

53

3.6 Os tráfegos marítimos ................................................................. 553.7 Uma perspectiva de cenário para o futuro....................................... 57

4O Desenvolvimento dos Portos em função do TransporteMultimodal..................................................................................

60

4.1 Novas estratégias Marítimas e sua influência nos Portos.................... 614.2 O surgimento das divisões dos Portos Concentradores...................... 644.3 Requisitos de um porto concentrador.............................................. 664.4 As vantagens e desvantagens de um porto concentrador................... 714.5 A Cabotagem / feeder no Brasil..................................................... 804.6 Operadores Portuários Globais....................................................... 915 Conclusão................................................................................... 1006 Referencias Bibliográficas.............................................................. 106

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por ter me concedido suporte e esperança para viver e construir

uma vida melhor para minha família e para mim, onde incluo este trabalho como

um parte significativa do meu aprendizado nesta vida. Também sou grato a minha

esposa e meus filhos pela alegria que me trazem diariamente e aos meus pais, pelo

ensinamento e carinho que trouxeram a minha formação.

Agradeço à Diretoria de Portos e Costas, pela bolsa de ensino que proporcionou-

me, ao amigo e coordenador do curso Eduardo Fernandes por apoiar me e

compreender as dificuldades que atravessei durante o período de elaboração desta

monografia.

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Introdução

O desenvolvimento da conteinerização e seus efeitos no

comércio internacional e nos portos

A Conteinerização de cargas gerais revolucionou o comércio internacional,

distribuindo e aumentando as riquezas mundiais, fazendo com que a movimentação de

mercadorias num berço de carga geral crescesse acentuadamente. Acelerou a

movimentação do transito da cargas, reduzindo o `Transit time` , proporcionando as

empresas a possibilidade de um maior controle de estoque e sua redução, confiabilidade

nos prazos de recebimento das matérias-primas e da distribuição do seu produto final.

Desta forma reduziu o tempo de permanência dos navios nos portos e elevou o volume

de produtos movimentados no porto.

Entretanto, a conteinerização desde do início vem provocando grandes

transformações na atividade marítima e portuária, estimulando uma intensa competição

entre armadores, portos e terminais, que vem se intensificando ano a ano com a

conseqüente redução gradativa do número de empresas de navegação no setor e de

operadores portuários a nível mundial. Este fato proporcionou uma concentração de

ofertas de espaço e de navios na mão de poucos armadores.

O objetivo deste trabalho é descrever o desenvolvimento da conteinerização, as

conseqüências para indústria marítima e sua contribuição para o desenvolvimento do

comércio mundial.

O primeiro capítulo tratará do desenvolvimento da conteinerização e seus efeitos

nas atividades marítimas e portuárias. O segundo capítulos abordará os custos, as

despesas e o ganho de escala no setor marítimo. O terceiro capítulo apresentará o

cenário atual, com sua intensa competitividade e a diversidade de produtos e serviços

das empresas de navegação para manter market share . O quarto capítulo tratará do

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porto, as suas necessidades para atender as demandas dos seus clientes e atrair as linhas

de navegação. O quinto capítulo apresentará a conclusão de cenário cada vez mais

competitivo e destrutivo em certos casos.

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Primeiro Capítulo

Desenvolvimento da Conteinerização

Os navios conteinerizados movimentaram 60% de todos os

valores transportados via marítima no ano de 1997 (Stopford, 1997,

pg.338). Em 2002, a frota de navios full container atingiu o

patamar 85 milhões de DWT, o equivalente a 10% de toda a frota

mundial de navios mercantes (Salles, 2002, pg.79). A conteinerização

revolucionou o transporte marítimo, cada vez mais cargas são

movimentadas de um ponto ao outro no mundo, dentro de

contêineres e a medida que o tempo passa novas mercadorias são

atraídas para dentro destas caixas, conforme tabela 1. Impressiona a

evolução da conteinerização e seus efeitos no comércio marítimo em

tão pouco tempo de existência.

Tabela 1Movimentação de Conteineres nos Portos

ANO Movimentação deTEU (Milhões)

%TEU

Transbordo

% Participaçãona Carga Geral

1980 38.8 11.2 21.81985 57.3 13.9 31.51990 87.6 18.4 36.31995 144.1 22.1 46.42000 230.5 24.7 57.4

Fonte: Drewry Shipping Consultants

A conteinerização de carga alterou o transporte marítimo,mudou os padrões do comércio, as rotas oceânicas, otamanho e o desenho dos navios de carga geral, oequipamento de movimentação das cargas e sua operação, otransporte terrestre os terminais, as práticas comerciais eprocedimentos alfandegados, sistemas de comunicação,trabalho no porto e navios. Essas razões levaram os portosmundiais a evoluir, para atender as novas necessidades dotransporte marítimo .(Thomas, 2001, pg. 1)

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1.1 As razões à conteinerização

O término da segunda guerra mundial fez com que o cenário

marítimo sofresse modificações profundas, os países europeus

perderam as suas colônias e com isso os seus tráfegos mais

lucrativos. Simultaneamente o comércio marítimo ficava mais

intensivo em mão-de-obra e capital. Para que as empresas de

navegação de carga geral pudessem continuar competitivas era

necessário, o ganho de escala. Com o propósito de alcançar esse

objetivo começaram a surgir navios especiais de transporte de

graneis líquidos e sólidos, que movimentavam volumes de cargas

maiores com custos menores por cada tonelada a mais transportada,

essas embarcações a medida que o tempo passava e a tecnologia

evoluía cresciam em tamanho e na capacidade de transporte de

carga , possibilitando um frete menor e imbatível. Desse período em

diante, as antigas empresas de linhas regulares, que transportavam

graneis começaram gradativamente a perder esse tipo de produto,

pois não tinham como oferecer fretes competitivos, surgindo assim à

nova indústria de comércio marítimo de granéis, com navios próprios

e especialmente desenvolvidos para o transporte desse tipo de carga.

Logo, os comércios marítimos de carga geral e granel tomaram

rumos distintos.

Na década de 50 e 60, o grande crescimento industrial da

Europa, Japão e Estados Unidos proporcionaram um aumento na

troca de mercadorias entre esses centros indústrias que crescia ano a

ano, desenvolvendo aceleradamente o comércio marítimo entre essas

nações. Os embarcadores, a fim de atender esse mercado exigente e

em expansão, necessitavam de linhas regulares que pudessem

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oferecer-lhes velocidade, confiabilidade e segurança no transporte de

seus produtos.

No entanto, a medida que o volume de carga transportada

crescia, as falhas e a ineficiência deste modelo antiquado

aumentavam com maior freqüência, provocando grandes prejuízos

aos embarcadores. Desta forma, os custos, a complexidade e o baixo

desempenho de entrega de mercadorias pelas linhas regulares se

tornou um grande empecilho para o desenvolvimento do comércio

marítimo. Além disso, havia a falta de confiabilidade se as datas das

escalas seriam cumpridas corretamente e a longa espera pelo o

transporte marítimo lento que passava por diversos portos, para

enfim chegar ao seu local de destino, com o inconveniente de a

mercadoria chegar freqüentemente avariada.

Por sua vez as empresas de navegação que realizavam tráfegos

regulares sentiam que seus serviços estavam a quem da necessidade

do mercado e do seu sucesso no futuro, pois haviam desenvolvidos

navios especiais, mas pouco eficazes, para atender essa demanda

crescente do transporte de carga geral, mas pouco eficazes,

objetivando ter economia de escala com essas novas embarcações.

No entanto, o tempo que este navio permanecia no porto chegava até

50 % do período de viagem, não possibilitando o ganho de escala e

sufocando assim o investimento feito na embarcação.

Não havia gerenciamento ou construção naval que pudesse

realizar a operação de embarque e desembarque de 10.000 à 15.000

tons num porão do navio com eficiência e velocidade. Essa situação

agrava-se com crescimento do volume de cargas movimentadas no

início da década 60. Nesta época, os armadores tinham custos

bastante elevados para a manutenção de seus navios, além da

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dificuldade na movimentação de carga, fez com que a concepção

existente de linhas regulares precisasse sofrer modificações

profundas afim de atender às necessidades do comércio marítimo

crescente.

1.2 O surgimento da conteinerização

Novos conceitos de transporte foram apresentados a

comunidade marítima, sendo a unitização de carga com a sua

padronização o princípio adotado pelas empresas de navegação para

atenderem com eficiência e dinamismo os seus clientes. (Stopford,

1995, pg.191/ 1997, pg.341)..Essa nova tecnologia permitiu que as

linhas de navegação investissem em um novo sistema mecanizado e

em equipamentos que proporcionassem uma agilização do transporte

de carga, elevando a produtividade e a integração nos diversos

sistemas modais.

Entretanto, nada disso foi fácil de ser implementado, havia a

grande soma de investimentos a serem feitos neste novo sistema de

transporte e o questionamento sobre a sua eficiência e praticidade

era grande, além disso, a definição de qual seria o padrão da carga

unitizada não havia sido definido claramente até a padronização

estabelecida pela ISO ( International Standards Organization ) e a

própria resistência da natureza humana a mudança, que não

acreditaram na conteinerização de cargas, fez com que diversos

portos e empresas de navegação não investissem em instalações ou

embarcações apropriadas para atender esse método de

movimentação de mercadorias. Por exemplo algumas empresas de

navegação deixaram rapidamente de existir, o porto de Antuérpia,

que foi até a década de 60 o principal porto de carga geral da Europa,

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perdeu essa posição para Roterdã, porque não acreditou na

conteinerização das cargas.

Por essas razões foi necessário estruturar um plano de

implementação da conteinerização, com três frentes: (Stopford,

1997, pg.340)

O Produto - a carga geral,precisava deuma unidade padrão, que proporcionasseaos diversos seguimentos do transportemarítimo a confiança para investir numsistema global de cargas;

A integração dos modais - oscomponentes desse novo sistema detransporte deveriam ser desenvolvidos detal maneira que houvesse integração dosdiversos modais de transporte,objetivando a vantagem da padronizaçãona unitização da carga e da economia deescala; e

Instalações apropriadas - construirinstalações apropriadas para amovimentação de cargas unitizadas comgrande eficiência e produtividade, visandotransferir o contêiner de um sistema detransporte ao outro com grandevelocidade e presteza.

Foram primordiais para o desenvolvimento da conteinerização as

padronizações das dimensões dos contêineres, visto que existiam

nesta época diversa tamanhos dessas caixas no mercado,

principalmente as de 35 pés da empresa marítima Sealand . A

organização internacional de padronização (ISO International

Standards Organization ) estabeleceu inicialmente as seguintes

dimensões para o contêiner: altura e largura de 8 pés e o

comprimento de 10, 20, 30 e 40 pés. Nos anos subsequentes foram

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introduzidos novos padrões de altura de 8,6 pés e posteriormente 9,6

pés. : (Stopford, 1997, pg.341)

No mês de abril de 1966, o primeiro tráfego de longo curso foi

estabelecido no Atlântico Norte entre os portos americanos e

europeus (Stopford, 1997, pg.341). Muitas empresas de navegação

começaram investir nos consórcios a fim de estabelecer serviços

regulares em navios conteinerizados, podendo citar como exemplo o

Overseas Containers Limited (OCL) ou a TRIO que foi constituído

por diversas empresas. As razões para estabelecimento dos

consórcios foram: (Thomas, 2001, pg.10)

Risco comercial de investir numa novatecnologia de sistema de transportemarítimo sem sua eficiência testada, quesignificava um grande risco financeiro queprecisava ser dividido entre diversascompanhias marítimas;

Um enorme investimento necessário àconstrução de navios, equipamentos e osistema de suporte, que significava queeste investimento deveria ser divididoentre as empresas;

A introdução de novas capacidades etecnologias nos tradicionais tráfegosmarítimos deveria ser introduzida nomercado com cuidado para nãoproporcionar excesso de oferta e com issouma competição destrutiva num momentode significativas mudanças no transportemarítimo com investimentos pesados quepudesse se tornar um prejuízoirrecuperável; e

Melhoria dos serviços demandadospelos embarcadores realizando escalasregulares para colaborar com suasnecessidades de produção.

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Já no início da conteinerização começou a surgir os benefícios de se

embarcar cargas em navios full container , com o tempo de

permanência dos navios no porto sendo reduzido em um terço

quando comparado aos navios de carga geral (tabela 2). Os navios

conteinerizados podiam carregar aproximadamente seis vezes a

carga em DWT de uma embarcação regular do mesmo porte e com a

redução do tempo de permanência no porto, esses navios realizavam

a tarefa de 8 a 9 embarcações tradicionais de carga gerais (Stopford,

1995, pg. 269).

Tabela 2

Comparação entre performance operacional dosnavios de carga regulares e do full container

Classe Priam denavios regulares

Classe Liverpoolde navios full

containerDWT 22.000 DWT 25.0000 DWT

Tempo no mar(dias)

216 300

Tempo no porto(dias)

149 64

Fonte: M. Meck, ´Operating experience of large container ships`, material do Ìnstitute of Enginers andShipbuilders in Scotland`- 1985

As instalações em terra também sofreram diversas alterações.

Antes da conteinerização os portos tinham extensos cais com

armazéns logo atrás na retroárea, onde os navios ficavam parados

por longos períodos realizando as operações de embarque e

desembarque de carga. Com a conteinerização só precisavam de

poucos berços para atracação de navios e sua retro área era livre de

construções, transformando-se no pátio de contêineres. As operações

foram agilizadas devido ao intenso uso de equipamentos, tais como:

transteiner, chassis, empilhadeiras de grande porte, ´straddle

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carrier` na retro área e na área do cais os porteineres, equipamento

especialmente desenhado para movimentar essas versáteis caixas. A

conseqüência disso foi o aumento de produtividade de carga

movimentada no cais. Um típico berço de carga geral movimentava

por ano 100.000 a 200.000 toneladas, o berço para navios celulares

passou operar 1.000.000 a 2.000.000 toneladas ano. (Stopford,

1997, pg. 342).

No entanto, para que a conteinerização fosse um sucesso, era

preciso buscar a racionalização do transporte, visto que os

investimentos em navios, instalações e sistemas de suporte foram

bastante elevados. Para se alcançar tais objetivos foi necessário a

redução do tempo despendido nos portos, agilizando as operações de

cais e a redução do número de escalas numa viagem. Essas ações

reduziram diversos dias de uma viagem, proporcionando ao armador

uma diminuição dos custos operacionais, pois menos serviços, tarifas

portuárias, taxas de faróis e outras despesas eram realizadas. Além

disso, os embarcadores ficavam mais satisfeitos com o recebimento e

entrega de seus produtos em um tempo mais rápido e preciso, sem

as avarias comuns do transporte de carga geral.

A diminuição do número de paradas de um navio nos portos

durante uma viagem regular, provocou uma intensa competição entre

os portos de uma região, principalmente nos países do leste europeu,

onde geralmente a embarcação escala um porto por país. Durante as

décadas de 70 e 80 os portos começaram a investir maciçamente em

suas estruturas para ser um centro de consolidação de cargas a fim

de atrair as empresas de navegações para utilizar assiduamente as

suas instalações. (Thomas, 2001, pg. 4)

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1.3 Os impactos da conteinerização

Nas décadas de 70 e 80 a conteinerização participam

ativamente da maioria dos tráfegos marítimos, por meio de seus

navios, instalações e interligações com diversos modais em terra e

ar, introduzindo diversas mudanças nos serviços das linhas regulares

e do mundo marítimo, tais como: (Stopford, 1997, pg. 342/343)

A unitização da carga proporcionou ascompanhias de navegação prestar oserviço porta a porta ao embarcador,oferecendo um transporte da origem aodestino, abrindo um novo campo paraatuação dos operadores portuários eempresas marítimas;

O tráfego de linhas de regularesconcentrou-se em poucas companhias,sendo que centenas de empresas denavegação que trabalhavam neste tipo detransportes desapareceram, devido aoselevados investimentos ou a aquisição decompanhias de navegação por seus pares,ou foram para outros setores específicosdo setor marítimo como a área navios RO-RO;

Os tempos de grande movimentação detrabalhadores e embarcações nos portosde carga geral caíram verticalmente emvirtude do surgimento dos terminais decontêineres que reduziram o seu quadrode mão-de-obra devido automatização desuas instalações/equipamentos e aunitização de cargas, ao mesmo tempocomeçaram a operar um número menorde navios, pois à medida que cresciam asembarcações o volume de cargatransportada também aumentava; e

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O mercado de tráfego tramp para o

transporte de contêineres desapareceu,fazendo com os armadores dessasembarcações voltassem seus esforçospara cargas graneis sólidas e líquidas.

Por sua vez, os portos não puderam ficar imunes às

transformações marítimas, passando por grandes mudanças. Não

apenas na redução da área de atracação, mas também na sua

posição em referencia ao tráfego marítimo, havendo assim uma

divisão de categorias de portos. (Thomas, 2001, pg. 4)

Portos concentradores ( pivot ports , hub ports e load

centre ports ) são portos que recebiam em suas instalações

navios de última geração e que atendiam as principais rotas

marítimas. Esses portos transferem os contêineres dos principais

tráfegos para embarcações de menor porte que atendem os

mercados regional ou nacional e no sentido inverso, para sustentar as

rotas marítimas de longo curso, recebem as caixas dos portos

feeder ou dos diversos modais terrestres que tem como destino

final as suas instalações.

Portos Secundários ou feeder São portos que só alcançam as

principais rotas marítimas por meio de navios feeder , que

transportam seus contêineres para serem transbordados para/dos

portos concentradores.

Portos com escala direta São portos que mantém o seu tráfego,

porém sem ser um porto secundário ou um concentrador de

contêineres. No entanto, para que esse porto mantenha-se nesse

papel, necessita um volume de carga para gerar um mercado que

permita rota(s) direta(s) entre as suas instalações com seus parceiros

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no outro extremo, sem uma alternativa mais barata a esse tráfego.

Caso os custos se tornem incompatíveis com as alternativas este

porto torna- se - a um porto secundário.

Essa divisão de categorias de portos é bastante corriqueira no

Extremo Oriente, Sudeste Asiático, Mediterrâneo, Noroeste da

Europa, Oriente Médio e Caribe, e esta se espalhando para Sul da

Ásia, Leste da África e a América Central e Latina. Entretanto é

importante mencionar, que um simples porto pode simultaneamente

incluir-se nessas três categorias, da seguinte forma: (Thomas, 2001,

pg.4)

Pode ser um porto concentrador paradeterminados tráfegos marítimo, emvirtude de ser escala marítima desta rota;

Pode ser um porto de escalas diretaspara alguns mercados locais; e

Pode servir para algumas rotas comoum porto secundário.

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Segundo CapítuloOs custos, as Despesas e o Ganho de

Escala na Conteinerização

2.1 Custos e Receita de uma empresa de navegação:

As empresas de navegação possuem duas formas de gerar

receita. A primeira é o frete marítimo:

A receita do navio, pode ser gerada peloseu afretamento a um terceiro ou o freteque é arrecadado pela embarcaçãooperada pelo próprio dono (Fragelli,2000, pg.13).

A segunda forma é a venda do navio para outro armador ou para o seu

desmanche.

Os custos de um navio são divididos em dois:

Running Costs, que compreendem asdespesas do navio com as suas viagens(Voyage Costs) e operação (OperatingCosts) (Fragelli, pg.14).

Capital Costs , podem sercompreendidos como a forma pela qual ofinanciamento foi obtido pelo armador, afim de comprar ou construir o navio(Fragelli, pg.14).

2.2 Os Running Costs

Não existe uma padronização internacional para definir os

running costs , o padrão que utilizarei como parâmetro foi

apresentado Martin Stopford em seu livro Maritime Economics de

1997 (Stopford, 1997, pg.351 a 356).

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2.3 Os Custos de Operação do Navio

Os custos operacionais de um navio sãoas despesas do dia-a-dia do mesmo, taiscomo: custo de tripulação, provisões (óleopara lubrificação e peças sobressalentes,provisões e pequenos equipamentos debordo), reparo e manutenção do navio,seguros (Seguro de casco e máquinasH&M e P&I e outros) e administração.Além disso, existem os custos com adocagem do navio que ocorrem a cadadois anos para reparos e a cada quatroanos para o serviço da classificadora queatesta a segurança da embarcação paranavegação. Esses custos são todosrelacionados como item manutenção ereparos . À medida que os navios vãoenvelhecendo os custos com reparos emanutenções vão crescendo.(Fragelli,2000, pg.14 a 15)

2.4 Os Custos de Viagem

Os custos da viagem são compostos pelasseguintes variáveis: combustível (paramáquinas principais e auxiliares), taxas defarol, taxas portuárias, rebocadores,práticos e, quando passar por algum canalcomo Suez ou Panamá , taxa de travessiaetc. (Fragelli, pg. 17)

Além desses custos, existem também as despesas portuárias,

operação de contêineres, custos dos contêineres e o custo de

administração, que fazem parte do voyage costs , que

posteriormente serão explicados. Sendo importante ressaltar o custo

do combustível ( bunker ) que é despesa extremamente alta.

Usualmente o custo do bunker de um navio conteineiro é

substancialmente mais elevado do que um navio graneleiro, devido a

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22

sua maior velocidade, gerando um consumo maior (Stopford, 1997,

pg.354).

2.5 Despesas Portuárias

As despesas portuárias de um navio começam a partir do

instante em que a embarcação notifica a administração do porto que

está apta para atracar e só termina no momento em que o prático

deixa o navio, para que este prossiga a sua viagem (Fragelli, pg. 21).

Sendo este o item dos custos que o armador possui menos controle,

pois depende dos valores estabelecidos pela autoridade portuária de

cada localidade (região, porto, país). As taxas portuárias usualmente

são cobradas baseadas na tonelagem do navio, por essa razão, o

desenvolvimento da construção naval de navios conteneiros tem

como meta construir navios com menor tonelagem relativa para sua

capacidade em transporte de carga (TEU), incentivando a construção

de navios com baixa deadweight *1 e gross tonnage por TEU, de

forma a proporcionar um ganho de escala, pois os custos portuários

/TEU caem a medida que o navio aumenta. (Stopford, 1997, pg.

354)

As despesas portuárias de um armador referem-se ao uso da

infra-estrutura e dos serviços que o porto lhe oferece. As taxas

*1 Deslocamento ou seja, o que a embarcação desloca em peso de água quando flutuando em águas tranquilas. Toda embarcação tem umdeslocamento máximo quando com óleo, água, tripulantes, etc. a bordo; e um deslocamento mínimo, quando inteiramente descarregada. Odeslocamento é expresso normalmente em toneladas de 1.000kg. Tonelagem de Porte Bruto- nada mais é do que a diferença entre odeslocamento máximo e o deslocamento mínimo. A tpb é também conhecida como tonelagem deadweight (tdw). Peso Máximo de Carga(PMC) - a tonelagem de porte bruto (tpb), diminuída do peso do combustível , de água , gêneros etc., nos dará o PMC da embarcação (emfunção do qual é calculada a lotação máxima). (Barros, 1999, pg.11)

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portuárias são as despesas que o armador tem quando utiliza

instalações do porto como: dragagens, eclusas que fornecem acesso

ao porto, atracação, utilização do porto, energia e água e outros.

(Fragelli, pg.21)

Já os serviços portuários, comumente realizados por órgãos

privados são: práticos, rebocadores, movimentação de carga

(capatazia/ estiva), entre outros. Usualmente, a cobrança se faz por

meio de três critérios básicos: pelo volume da carga (TEU); pelo

peso da carga (tons); pelo GRT Gross Registered Tonnage of Vessel

(Fragelli, pg.21).

2.6 Operação de Contêineres

O custo de operação dos contêineres seria o valor empreendido

pelo armador referente ao ciclo do uso do contêiner. Podemos citar

como exemplo o ciclo do contêiner na modalidade ´house to house`,

da origem até o destino, que abrange a entrega do contêiner vazio ao

embarcador seguido de seu retorno às instalações portuárias para o

seu transporte via marítima e a entrega ao seu destinatário e,

posteriormente, o seu reposicionamento para a próxima viagem.

(Stopford, 1997, pg. 354)

Deve se ter em mente que nenhum tráfego marítimo possui um

equilíbrio na entrega / retorno do mesmo número e tipos de

contêineres de um destino ao outro, por essa razão é usual a

movimentação de contêineres vazios de um porto ao outro, a fim de

proporcionar aos embarcadores contêineres vazios disponíveis aos

clientes. Normalmente, nesses casos as empresas navegação a fim

de reduzir os seus custos, transportam cargas de valor agregado

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baixo que cubram as taxas referentes à movimentação do contêiner.

Usualmente, essa modalidade de transporte de contêineres é

denominada de Ships convinience . (Stopford, 1997, pg. 355).

Como foi escrito anteriormente, o desequilíbrio é um fator

comum nas rotas marítimas, podemos citar como exemplo o tráfego

de cabotagem na costa brasileira que é realizado por três empresas

de navegação: Docenave, Mercosul Line e Aliança, onde as duas

primeiras companhias carregam 100% da capacidade de seus navios

na direção northbound , já na direção southbound o nível de

ocupação é de 70% a 90% . No caso da Aliança 90% a 100% para o

norte e 60% para o sul (WARD, pg. 69)

2.7 Custos dos Contêineres

Nos custos dos contêineres devem ser considerados os custos

médios diários do contêiner, tais como: manutenção/reparo, custo do

terminal para movimentar o contêiner, transbordo mar/terra e o

cargo claims . Na década de 90, um contêiner de quarenta pés tinha

um custo médio diário de US$ 1,40. (Stopford, 1997, pg. 355). Outro

fator de custo que varia muito é o custo de movimentação de um

contêiner nos portos marítimos / secos e terminais de contêineres,

pois depende das tarifas portuárias e das taxas dos terminais de

contêineres que possuem valores distintos de um porto a outro.

Normalmente, o transbordo do contêiner é apresentado de três

formas, conforme Stopford (Stopford, 1997, pg.356) :

no mar, do cais do porto a umaembarcação que está fazendo serviçosfeeder e o inverso ou de uma chata ao

barco e vice-versa;

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na terra por meio dos transportes

intermodais com destino ou origem deoutro porto ; e

na reposição de contêineres vazios em

outro porto.

2.8 O Custo de Administração

O custo de administração de uma empresa de navegação é

composto de cinco atividades básicas, de acordo com Stopford

(Stopford, 1997, pg. 356):

Operação Marítima que compreende oagenciamento do navio, escalas,armazenagem da carga e gerenciamentodo terminal;

Logística que é responsável por toda amanutenção e controle da frota dacompanhia e de todos os contêinerespróprios e os adquiridos por meio de´Leasing`, incluindo a manutenção, oreparo e as escalas;

Financeiro, a sua principal atividade éconta de viagem (exemplo: reserva docontêiner - booking, cobrança , trackinge outros), gerenciamento das contas eorçamento;

Comercial, responsável pelas reservase documentação das cargas e lida com asconferências de frete, quando necessário;e

Vendas que determina o preço,divulgação e acordos com os agentes.

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Usualmente, faz-se a cobrança deste custo por cada navio

proporcionalmente.

Logo, o Custo Unitário de um Contêiner se estabelece da

seguinte forma: somam-se todos os custos do navio, incluindo os

seus contêineres num período que, usualmente, é de um ano, e

divide-se o resultado pela capacidade nominal de TEU que o full-

container pode transportar.(Fragelli, pg.28)

CUt = COt + CCt + CVt

TEU

CU = Custo UnitárioCO = Custo OperacionalCC = Custo de CapitalCV = Custo de Viagemt = Período

Deve se destacar que o frete marítimo é definido pelo mercado,

sendo esta a principal receita da Linha de Navegação, e para que o

dono do navio possa avaliar a cotação do mercado é preciso que ele

saiba o seu custo unitário por TEU.

Se o frete for superior ao custo unitário, o armador obterá lucro.

Caso contrário o armador estará tendo prejuízo. No entanto, nem

sempre o mercado oferece ao Armador um frete que remunere

totalmente os seus custos. Se o frete cobrir os Running Costs de sua

embarcação, o navio realizará a viagem, caso contrário será encostado,

só voltando ao mercado quando o mercado melhorar a cotações.

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2.9 Cenário de Ganho de Escala

A estrutura de ganho de escala que será apresentada foi

baseada totalmente no modelo exposto Stopford (Stopford, 1997, pg.

352 a 353). As premissas iniciais são dividas no primeiro quadro em

seis blocos:

Escalas de serviços

Custo do Navio

Taxas Portuárias

Operações de contêineres

Custos dos contêineres

Custos de administração

No segundo quadro em sete blocos:

Os custos fixos do navio

Custo por contêineres

Custo de administração

Movimentação da carga e o custo do transporte

Custo total de viagem

Receita total da viagem

Lucro

O objetivo é demonstrar o ganho de escala num tráfego

regular, operado numa rota do Atlântico Norte, escalando sete portos,

realizando um serviço semanal e para tal utilizando quatro navios no

tráfego. São apresentados quatro diferentes tamanhos de navios, a

fim de constatarmos o ganho de escala. O frete marítimo médio na

viagem de ida é de US$ 820,00 e na volta US$ 750,00. Utilizamos na

sua maioria o contêiner de 20 pés (TEU) nos tabelas 3A e 3B a serem

expostos, sendo os valores cotados em dólar.

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TABELA 3A

1.200 TEU 2.600 TEU 4.000 TEU 6.500 TEU

(1) SERVIÇOS DE ESCALADistancia da viagem inteira 8.500 8.500 8.500 8.500Freqüência do serviço Semana

lSemana

lSemana

lSemanal

Número de escalas 7 7 7 7Média de velocidade (Knots) 19 19 19 19Dias para atracação e desatracação 1,35 1,35 1,35 1,35Dias no mar 18,6 18,6 18,6 18,6Dias no porto 9,5 9,5 9,5 9,5Total número de dias da viagem 28,1 28,1 28,1 28,1Capacidade de utilização na viagemde ida

80% 80% 80% 80%

Capacidade de utilização na viagemde volta

90% 90% 90% 90%

No. de TEU embarcados na viagem deida

960 2.080 3.200 5.200

No. de TEU embarcados na volta devolta

1.080 2.340 3.600 5.850

Capacidade anual transportada emTEU

106.371 230.471 354.571 576.179

(2) CUSTO DO NAVIOCusto de Operação ($/dia) 5.500 6.650 8.550 9.500Valor do capital $ mil 25 25 25 25Período de depreciação (ano) 20 20 20 20Custo de Capital ($/dia) 8.904 14.959 20.658 28.493Consumo de óleo diário (tons.) 50 65 80 95Preço médio do Bunker ($/ton.) 110 110 110 110Custo do Bunker ($/dia) 5.500 7.150 8.800 10.450Custo unitário por TEU ($/dia) 16.6 11.1 9.5 7.5(3) TAXAS PORTUÁRIASCusto portuário/ $ TEU 18 11 9 7Custo portuário / $ escala 22.000 29.000 35.000 43.000(4) OPERAÇÕES DECONTÊINERESSlot de 20 pés (% da capacidade donavio)

37% 37% 37% 37%

Número de unidades embarcadas 444 962 1.480 2.405Slot de 40 pés (% da capacidade donavio)

57% 57% 57% 57%

Número de unidades embarcadas 342 741 1.140 1.853Slot de refrigerado (% da capacidadenavio)

6% 6% 6% 6%

Número de unidades embarcadas 72 156 240 390No. De unidades embarcadas no navio 858 1.859 2.860 4.648Ciclo do contêiner (dias/viagem) 75 75 75 75

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Reposição de contêiner 10% 10% 10% 10%(5) CUSTOS DOSCONTÊINERESCustos do contêiner $/diário 20 pés

0,9 0,9 0,9 0,9

40 pés 1,4 1,4 1,4 1,4Refrigerado 20 pés 8,5 8,5 8,5 8,5

Reparo e manutenção ($/ viagem) 75 75 75 75Custo de movimentação de contêiner emTECON por $/ movimento

200 200 200 200

Custo de contêiner refrigerado($/TEU)

150 150 150 150

Transbordo ($/TEU) 225 225 225 225Custo de transporte intermodal($/TEU)

150 150 150 150

Custo de Reposição ($/TEU) 150 150 150 150Cargo Claims ($/Contêiner/viagem) 25 25 25 25

(6) CUSTO DE ADMINISTRAÇÃOProdutividade Administrativa (TEU/empregado)

400 550 700 950

No. de empregados 266 419 507 607Custo/ empregados por ano 40.000 40.000 40.000 40.00

0Custo de administração ($/ TEU) 100 73 57 42

Fonte: Maritime Economics

TABELA 3B

1.200 TEU 2.600TEU

4.000TEU

6.500TEU

$ 000 $ 000 $ 000 $ 000

(1) CUSTOS FIXOS DO NAVIOCusto de Operação 154 187 240 267Custo de Capital 250 420 580 800Bunkers 154 203 245 301Portos 103 133 164 195TOTAL 661 943 1.229 1.563% do custo da viagem 42% 33% 30% 26%(2) CUSTOS POR CONTÊINERESCusto de entrega do contêiner 125 272 418 679Reparo e manutenção de contêiner 90 195 300 488TOTAL 215 467 718 1.167% do custo da viagem 14% 16% 18% 19%(3) CUSTO DE ADMINISTRAÇÃOCusto administrativo relativo a viagem 120 189 229 274% do custo da viagem 8% 7% 6% 4%(4) MOVIMENTAÇÃO DA CARGA EO CUSTO DO TRANSPORTECusto de movimentação de contêiner noTECON

172 372 572 930

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Custo de contêiner refrigerado 11 23 36 59Custo do transporte intermodal 306 663 1.020 1.658Custo de Reposição 36 78 120 195Cargo Claims 51 111 170 276

TOTAL 575 1.247 1.918 3.117% do custo da viagem 37% 44% 47% 51%(5) CUSTO TOTAL DE VIAGEM 1.572 2.846 3.696 5.570Custo por TEU na viagem de ida ($) 819 684 640 588Custo por TEU na viagem de volta ($) 728 608 569 523Custo médio por TEU 771 644 602 554% redução do custo/TEU utilizandonavios maiores

-16% -6% -8%

(6) RECEITA TOTAL DA VIAGEMFrete por TEU na viagem de ida 820 820 820 820Frete por TEU na viagem de volta 750 750 750 750Receita por viagem de ida 787 1.706 2.624 4.264Receita por viagem de ida 810 1.755 2.700 4.388Receita Total 1.597 3.461 5.324 8.652(7) LUCROLucro por viagem 25 615 1.230 2.531% 2% 18% 23% 29%

Fonte: Maritime Economics

Podemos notar que à medida que os navios crescem os seus

custos relativos diminuem proporcionando, assim, um ganho de

escala significativo, com exceção dos itens dois (Custo dos

contêineres) e quatro (Movimentação da carga e o custo do

transporte), onde estes custos não beneficiam-se da economia de

escala, conforme afirma Stopford (1997, pg. 358). No entanto, um

grande operador de navios que movimenta uma quantidade

significativa de contêineres num ou mais portos consegue uma

redução nas suas taxas de movimentação de contêiner no terminal,

podendo também conseguir isso no transporte multimodal. Além

disso, o custo total de um navio de 6.500 TEU é aproximadamente

três vezes maior que um navio de 1.200 TEU, porém o volume

transportado é aproximadamente 5,5 vezes superior a mesma

embarcação com capacidade de 1.200 TEU. Logo, a receita e o lucro

são bem mais elevados, como podemos verificar na última linha do

quadro II.

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Na realidade, quando um navio com capacidade de transportar

6.500 TEU entra no mercado, o seu objetivo é atrair carga para

preencher toda a sua capacidade de transporte, e a fim de alcançar

tal meta reduz o frete. O que é extremamente ruim para os

armadores de navios menores que não tem "gordura" para queimar e

por isso muitas vezes tem que se retirar do mercado ou introduzir

novos navios com maior capacidade de transporte. Por outro lado, a

redução do frete possibilita o transporte de cargas de menor valor

agregado, que anteriormente não tinham condições de serem

estufadas num contêiner. Por essa razão, à medida que o frete

marítimo se reduz mais cargas gerais são transportadas em

contêineres, conforme tabela I.

Podemos ilustrar esse fato com o exemplo ocorrido no ano de

2001, onde o mercado marítimo estava com excesso de oferta de

espaço, decorrente da entrada de novos navios conteineiros com

maior capacidade de transporte de contêineres, com uma entrega

média de seis dias de um navio de tamanho elevado, denominado

como overpanamax ship (Salles, 2002, pg.75), o que significa que

este tipo de embarcação não está apta a navegar no canal do

Panamá em condições normais. Esta situação levou uma redução

significativa nos fretes marítimos, proporcionando, assim, o

transporte em contêineres de cargas de valor agregado baixas e

usualmente de elevado peso, tais como: arroz em sacarias, produtos

siderúrgicos (tubos pequenos, arames de aço), rolos de alumínio,

produtos florestais (Salles, 2002, pg.76).

Importante destacar que o crescimento desses navios e sua

redução de custos são decorrentes de avanços tecnológicos que

proporcionaram o desenvolvimento de navios como Carsten Maersk ,

que possui a capacidade nominal de transportar 6.600 TEU*2 .

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Embora esse grande navio custe mais deUS$ 100 milhões, sua vantagemeconômica é simples: O consumo deBunker e demais custos operacionais nãocrescem tão rápido quanto a suacapacidade de transporte. Comcomputadores e 8.000 sensoreseletrônicos de um tipo ou de outro, oCarsten Maersk , opera com uma

tripulação com cerca do mesmo tamanhodos navios menores, os navios da classeS ou Carsten Maersk ,pode

seguramente ser tripulados por 13pessoas uma tripulação menor do queos primeiros navios A P MOLLER(Maersk)*3 de 2.200 tons quetransportavam carvão no báltico.Os competitores da Maersk estimam que

um navio postpanamax corte os custos demovimentação dos contêineres quecruzam o Pacífico em aproximadamente1/5. Mas isso só ocorre se o navio estácarregando próxima a sua capacidademáxima. (Siekman, pg. 3)

O aumento do tamanho dos navios conteneiros e o excesso de

capacidade de espaços nas embarcações, vêm proporcionando a

queda de fretes e permitindo o transporte de cargas em contêineres

de valor agregado baixo, que anteriormente não teriam condições de

serem embarcadas em contêineres.

*2 A revista AMERICAM SHIPPER estima a capacidade dos navios classe S , da Maersk , como Carsten Maersk, em 7.100 TEU.(Siekman, p. 3). Já Salles menciona que a capacidade aproximada dos classes S é de 8.000 TEU. (Salles, 2002, p.78)*3 A empresa A P MOLLER é a empresa que é dona da companhia marítima MAERSK-SEALAND.

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Terceiro CapítuloEmpresas de Navegação e Navios

Conteneiros

3.1 Os ciclos do mercado e sua atual fase.

O mercado da indústria das linhas regulares é cíclico e muitas

vezes extremamente penoso aos seus participantes, fazendo com que

os armadores sofram períodos financeiros ruins e bons. Além disso,

os últimos dez anos não têm sido favorável ao setor, conforme

afirmativa do Sr. Dan Claque, diretor da Societe Generale , o setor

marítimo como um todo não proporciona o retorno adequado a curto

e médio prazo. E no longo prazo o declínio dos fretes aniquilou

qualquer interesse pelo setor. Houve apenas um período bom nos

últimos 10 anos, em (1999/2000), porém existem diversas outras

indústrias onde se conseguiria melhor retorno se comparado ao setor

marítimo (Dekker,2003, pg. 48).

Podemos comprovar essa situação verificando o frete

TIMECHARTER de janeiro de 1993 com janeiro de 2003, na tabela

do Lloyd´s Register & Ocean Shipping Consultants Ltd (Ver Quadro

abaixo) e compararmos os fretes marítimos de um navio conteneiro

que possuí a capacidade de transporte de 3.500 TEU, o seu frete até

Janeiro de 1997 estava acima dos US$25.000,00/dia , depois deste

período o frete declinou e só retornou ao mesmo patamar em janeiro

de 2000 até julho de 2001. Nos períodos subseqüentes houve uma

queda brusca atingindo patamares nunca visto antes, chegando

alcançar um nível de frete abaixo dos US$ 10.000,00/dia,

posteriormente esse frete voltou a subir.

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As variações de fretes são conseqüências da demanda e da

oferta de espaços nos navios conteineiros ao mercado, quando do

excesso de capacidade de oferta de espaço ocorre à redução do frete

marítimo, muitas vezes as crises mundiais, como a crise asiática

1997/1998 e 11 de Setembro 2001, provocaram uma redução

acentuada no crescimento do comércio mundial, afetando

brutalmente e negativamente o mercado de frete.

Fonte: Lloyd´s Register & Ocean Shipping Consultants LTD, 2003

Podemos acrescentar a essas informações, o quadro da

indústria de oferta e demanda de navios conteneiros relacionada com

crescimento do Produto Interno Bruto Mundial (PIBM). Pode ser

observado que a oferta e a demanda de contêineres são sempre

superiores ao crescimento (PIBM). Nos anos que a oferta de espaços

nos navios conteineiros é mais elevada do que as demandas, são os

períodos que os fretes tiveram quedas grandes, principalmente em

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1997, 1998 e 2001, são os anos das crises mundiais (Ver Quadro

abaixo)

Fonte: Morgan Stanley/ IMF Outubro 2003; Clarkson Outubro 2003; Drewy Setembro 2003

Atualmente o mercado de frete vem recuperando a sua força,

como podemos observar na tabela 4, aonde o frete médio por

contêiner de 20 pés(TEU) vem crescendo gradativamente , nos

principais tráfegos marítimos de contêineres : Transpacific ,

Europa/Ásia e Transatlatic . O frete médio, no tráfego

Transpacific , na direção Ásia para EUA, cresceu 35% no terceiro

trimestre de 2003 se comparado ao mesmo período do ano anterior,

alcançando o mesmo nível de frete no ano de 2000, o qual foi

considerado um bom ano para indústria marítima de contêineres.

Isso aconteceu pois os navios que partiam para os EUA, muitas

vezes, estavam cheios. Por outro lado, a direção inversa deste

tráfego, os conteneiros atravessam o oceano Pacífico parcialmente

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vazio, por essa razão o frete não vem crescendo como desejado

nessa direção, crescendo apenas 15% no terceiro semestre de 2003

se comparado ao mesmo período de 2002. Os demais tráfegos

apresentaram crescimento no seu frete médio por TEU, sendo que

algumas rotas alcançaram os patamares de frete semelhantes a ano

de 2000. (Freightrates, Dezembro 2003, pg. 9)

Tabela 4

Evolução da Taxa de Frete Médio, nos principaistráfegos marítimos, por trimestre nos anos 2002 e

2003 em US$/TEU

Rotas/Períodos 2º. Trimestre/2002

3º. Trimestre/2002

4º.Trimestre/2002

3º. Trimestre/2003

Ásia/ USA 1463 1476 1520 1995USA/ Ásia 749 757 764 871Europa/ Ásia 646 694 712 795Ásia/ Europa 1105 1208 1304 1672USA/ Europa 805 815 843 911Europa/ Ásia 1154 1181 1215 1444

Fonte: Conteinerization International / Dezembro 2003/ Março 2003 e Decembro 2002 - São fretesall-in e de armadores selecionados

Podemos observar também a melhoria no mercado de

afretamento. Por exemplo em janeiro de 2003, navios de 1.600/TEU

e 2.050/TEU estavam sendo afretados respectivamente a

US$7.000/dia e US$11.500/dia, em outubro do mesmo ano,

passaram a ser afretados a US$15.500/dia e US$24.000/dia.

(Keynumber, dezembro 2003, pg. 5)

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37

3.2 A composição da frota de conteneiros e suaprevisão de crescimento

A frota de conteneiros está prevista crescer 6% em 2004 (Ver

Tabela 5). Aparentemente havia intenção de ampliar as encomendas,

para se obter um maior crescimento, porém a grande parte dos

estaleiros estava incapacitada de aceitar novas construções. No ano

de 2005 a previsão de crescimento é de 9%, já incluindo nesse

número a previsão de desmanche histórica de 1% ao ano, logo o

crescimento em capacidade da frota em contêineres deverá extender-

se em 755.063 TEU. No ano de 2006, há previsão de crescimento da

capacidade de 779.229 TEU (Ver Tabela 6). O crescimento da frota

de conteneiros no ano de 2003 foi aproximadamente de 9%, a frota

de navios conteneiros em primeiro de novembro atingiu a capacidade

de 6.4 milhões de TEU. Além disso, a capacidade de navios acima de

5.000 TEU cresceu 18,5% , mas o crescimento da frota de navios

com capacidade abaixo de 2.000 TEU foi apenas de 3%.

Provavelmente, os pedidos desses tipos de navio devem crescer

futuramente, caso contrário haverá maiores serviços diretos do que

há dois anos atrás (Keynumber, dezembro 2003, pg. 2003). Podemos

verificar que o frete de navios que podem e muitas vezes prestam

serviço feeder cresceu bastante no período de Janeiro a Outubro de

2003 (Ver tabela 7).

Page 39: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

38

Tabela 5

FROTA DE NAVIOS CELULARES em PRIMEIRO DEMAIO DE 2003 e suas encomendas

TAMANHO EM SERVIÇONúmero de

navios

EM SERVIÇOTEU

Encomendadosem 2003

Número deNavios

Encomendadosem 2003

TEU

000-499 422 132.724 0 0500-999 559 397.766 30 23.1371.000-1.999 899 1.263.198 24 34.7302.000-2.999 471 1.164.194 34 86.7063.000-3.999 275 943.981 6 19.0824.000-4.999 209 916.707 28 122.4425.000-5.999 135 744.403 10 55.692Acima de 6.000 93 609.197 14 92.502TOTAL 3.063 6.172.170 146 434.291

Fonte Containerisation International , Junho 2003, pg 4

TAMANHO Encomendadosem 2004

Número deNavios

Encomendadosem 2004

TEU

Encomendadosem 2005

Número deNavios

Encomendadosem 2005

TEU

000-499 4 1.800 0 0500-999 18 14.732 2 1.7041.000-1.999 12 20.316 0 02.000-2.999 18 44.406 2 4.9563.000-3.999 2 6.182 0 04.000-4.999 27 122.383 3 12.4705.000-5.999 28 149.000 13 66.102Acima de6.000

25 184.664 20 160.016

TOTAL 134 543.483 40 245.248Fonte Containerisation International , Junho 2003, pg 4

Tabela 6

PROJEÇÃO DO CRESCIMETO DA FROTA de primeiro deJaneiro de 2003 a primeiro de Janeiro de 2005

Frota 1º de Jan.2003

Frota 1º de Jan.2003

Entregas em 03a 04

Entregas em 03a 04

Projeção daFrota

Número denavios

TEU Número denavios

TEU

> 5.000 207 1.254.00 82 516.0004.000 / 4.999 223 973.000 51 225.0003.000 / 3.999 249 851.000 17 55.0002.000 / 2.999 484 1.198.000 59 150.0001.500 / 1.999 400 672.000 20 34.000

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39

1.000 / 1.499 498 583.000 25 29.000500 / 999 568 404.000 41 32.000100 / 499 424 133.000 0 0TOTAL 3.053 6.068.000 295 1.041.000

Fonte: IAPH/ BRS- Alphaliner

Frota 1º de Jan.2005

Frota 1º de Jan.2005

Participação em Participação em

Projeção daFrota

Número denavios

TEU 2003 2004

> 5.000 289 1.770.000 20.7 % 24.8 %4.000 / 4.999 274 1.198.000 16 % 16.9 %3.000 / 3.999 266 906.000 14 % 12.7 %2.000 / 2.999 543 1.348.000 19.7 % 19 %1.500 / 1.999 420 706.000 11.1 % 10 %1.000 / 1.499 523 612.000 9.6 % 8.6 %500 / 999 609 436.000 6.7 % 6.1 %100 / 499 424 133.000 2.2 % 1.9 %TOTAL 3.348 7.109.000

Fonte: IAPH/ BRS- Alphaliner

Tabela 7

Crescimento no mercado de afretamento no valor dofrete TIMECHARTER de Jan. a Out em 2003

Navios \ Períodos Jan-Out2003

Ago-Out2003

Frete Jan. de2003

Frete Out de2003

1.000 TEU/ 12.000 dwt 51% 15%1.600 TEU/ 25.000 dwt 120% 24% US$

7.000/diaUS$

15.500/dia2.050 TEU/ 30.000 dwt 122% 9% US$

11.500/diaUS$

24.000/dia2.900 TEU/ 35.000 dwt 113% 3%3.500 TEU/ 45.000 dwt 72% 5% US$

27.500/diaFonte Containerisation International , Junho 2003, pg 4

O que impressiona no crescimento da frota de navios

conteineiros foi o número de encomendas de navios com capacidade

acima de 8.000 TEU, foram mais de 100 navios em um ano

(Hevyweight boxes, janeiro 2003, pg.22). Sendo que este tipo de

navios para alcançar a redução de custos e conseguir a economia

escala que compense a sua construção deve escalar um número

reduzido de portos. Por essa razão, devem ter uma rede de

transporte que proporcione carga suficiente para sua viabilidade

Page 41: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

40

(IAPH, 2003, pg.7). Outro fator que sobre salta o crescimento da

frota de embarcações Fullcontainer é o crescimento das

embarcações acima de 4.000 TEU e sua maior participação na frota,

em 2003 foi 36.7% e em 2005 está previsto 41,7% (Ver tabela 6).

Outro fator que vem sobre saindo na indústria de linhas

regulares é a concentração da frota na mão das vinte maiores

empresas de navegação no setor (Ver tabela 8).

Tabela 8

A participação das 20 maiores empresas denavegação na capacidade de oferta de espaço na

frota mundial

Ano Participação na capacidade total das linhas regulares1986 35%1990 39%1992 42%1993 44%1994 46%1998 53%2000 Aprox. 56%2002 59,8%2003 62,9%

Fonte: Productivity commision (pg.13) / Meyrick & Associates / Containerisation International (Top20 Ocean carriers, Julho 2003, pg. 9)

3.3 As vinte maiores empresas de navegação

Na apresentação feita pelos senhores Neil Aplin , Steve Meyrich e

Sra. Anya Richards sobre o tema Liner Freight Shipping

apresentaram alguns dados estatísticos referentes a 20 maiores

empresas de navegação do ramo de linhas regulares, que

impressionam pelo o poder de seu crescimento e de competição.

Page 42: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

41

58% da tonelagem total da frota de

navios celulares;

73% da tonelagem total dos novos

pedidos navios; e

100% de todos os navios pós-

panamá. (Meyrich & Associates, Liner FreightShipping)

A indústria de linhas regulares tem aproximadamente 300 grupos

de operadores (Salles, 2003, pg. 80). No entanto, a concentração de

grande parte da indústria encontra-se na mão de poucas. Em Junho

de 2003 as vinte maiores empresas do ramo ofereciam 62,9% da

capacidade mundial de TEU (Top 20 ocean carriers, pg. 10). Logo, a

situação das demais empresas é delicada, pois é difícil concorrer com

as maiores (Ver tabela 9). Já que estas possuem os maiores navios e

estão associadas com outras empresas de navegação por meio de

alianças nos principais tráfegos marítimos ( Transpacific ,

Europa/Ásia e Transatlatic ) ou fazem aquisições, fusões ou join

em mercados primários ou secundários como no caso do Brasil a

Hamburg Sud que adquiriu a empresa Aliança. Outro exemplo é a

Compania Sud-American de Vapores (CSAV) que adquiriu a Libra

Navegação em 1999. Ambas, Hamburg Sud e CSAV, por meio de

suas filiadas brasileiras podem operar no tráfego brasileiro, na

cabotagem, que é de exclusividade da bandeira nacional, e no longo

curso utilizando as suas empresas e as subsidiárias para transportar

contêineres ao hemisfério norte por meio de viagens diretas aos

portos destinos ou com conexões em portos concentradores, onde

carga será transbordada para navios feeder e distribuída aos seus

destinos final.

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42

Tabela 9

As vinte maiores empresas de navegação em 1992

Empresa Capacidade em TEU Número de NaviosSealand 136.729 84Evergreen 132.386 68Maersk 117.194 57NYK 110.198 67Mitsui OSK (MOL) 95.764 64Nedlloyd 78.781 49OOCL 67.536 33Zim Israel 66.010 51APL 65.638 33K Line 65.589 42Hanjin 65.458 30P & O 63.460 32COSCO 60.526 55Hapag-Lloyd 60.281 26Yangming 59.644 24CGM 42.133 37United Arabian 41.062 35Baltic 39.540 63Neptune Orient 39.188 22SCAC-Delmas 36.655 46Frota Mundial 3.447.218 5.016

Fonte: Trace Globalization of Container Shipping: Implications for the North-South Liner ShippingTrades

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43

Tabela 9

As vinte maiores empresas de navegação em 2001

Frota Total Frota Total Encomendados

Encomendados

EMPRESA TEU Número denavios

TEU Número denavios

Maersk Sealand 663.245 273 113.080 28P & O Nedlloyd 367.415 140 33.700 9MSC 266.293 143 98.960 15APL 253,892 94 59,903 15Evergreen 215,946 66 31,660 5COSCO 206,840 118 32,580 8Hanjin 181,550 51 75,788 15K-Line 153,809 63 61,868 12CMA-CGN 148,477 59 68,153 16NYK 145,400 65 88,386 16OOCL 144,030 48 70,424 13Hyundai MM 143,797 39 7,615 3Yangming 140,427 51 - -China ShippingContainer Line

126,661 74 112,134 27

MOL 140,238 57 73,802 14Zim Israel 117,213 56 38,580 8Hapag-Lloyd 116,901 31 55,800 8Senator 115,248 36 - -Lloyd Triestibo 83,122 22 - -Wan Hai 68,375 60 19,477 9Frota Mundial 6.985.546 7.105

Fonte: Trace Globalization of Container Shipping: Implications for the North-South Liner ShippingTrades

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44

Tabela 9

As vinte maiores empresas de navegação em 2003

EMPRESA TEU Navios próprios ouafretados

Maersk Sealand (Incluindo Saftmarine) 842.163 333

Mediterraneam Shipping Company (MSC) 468.468 194

Evergreen Group 427.449 146

P & O Nedlloyd 409.012 154

Hanjin 288.597 83

APL 250.018 75

COSCO Container Line 240.336 115

CMA-CGN Group 237.138 119

NYK 220.150 88

CP Ships Group 195.883 87

K-Line 186.805 61

Mitsui Osk Line (MOL) 166.635 58

China Shipping Container Line 166.213 85

Zim Israel 165.026 79

OOCL 156.173 49

Hapag-Lloyd 152.937 42

Yang Ming Line 136.236 47

Hyundai MM 125.474 34

CSAV Group 118.024 51

Hamburg-Sud Group 111.955 55Fonte: IAPH Trade Affairs Committee on Ships Trends / Biennal report on Ship Trends 2003

No entanto, muitas das empresas de navegação de grande

porte estão passando por períodos financeiros delicados, de baixa

rentabilidade e alguns casos com prejuízos, como a PONL e APL que

obtiveram perdas na ordem de US$ 305 e US$ 330 milhões

respectivamente no ano de 2002. Isto é um reflexo de um mercado

de grandes variações de frete e de resultado incerto (DEKKER, maio

2003,pg.48). Esse ambiente instável fez com que a suas práticas

comerciais fossem reavaliadas, sendo assim, várias tendências ou

novas estratégias surgiram. Alguns armadores pequenos vêm

absorvendo contínuas perdas, outros grandes armadores estão

incorporando pequenas subsidiárias a fim de reduzir custos e outros

Page 46: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

45

se retiram de tráfegos que geram prejuízos. Também ocorreu a

saídas de empresas do mercado, como a empresa Wallenius

Wilhemsem e a National Shipping Company que decidiram

concentrar os seus esforços em outros setores marítimos como o

RORO. Além disso, várias empresas foram privatizadas, objetivando a

redução de custos e ampliar de sua competitividade (DEKKER, maio

2003, pg.49).

O ano de 2002 foi um ano de recuperação de fretes, porém o

nível deste continuava baixo, por essa razão não foi um ano bom

para indústria. No mercado da indústria de linhas de navegação

conteinerizadas houve algumas aquisições de empresas marítimas

pequenas pelas maiores, sem grande alvoroço para o mercado,

acredita-se que as maiorias das compras foram feitos relativamente a

preços baixos, aproximadamente US$ 30 milhões, evidenciando que a

pequenas empresas não estão conseguindo manter-se num mercado

extremamente competitivo (DEKKER, maio 2003,pg.49).

3.4 As Alianças, Fusões e Aquisições de empresas

O mercado de linhas regulares foi sempre um mercado de risco

e de alta competitividade, onde inicialmente as empresas se uniam

em forma de consórcios para fortalecer-se economicamente visando

ter recursos para investir na aquisição de novos navios e para dividir

os riscos. Da década de 90 para os dias atuais as empresas se

juntaram por meio de join service , alianças, fusões e aquisições

objetivando de forma geral reduzir custo, aumentar e ampliar a sua

freqüência de serviços e manter se competitiva num mercado

dinâmico e altamente arriscado devido suas flutuações de fretes.

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46

No ano de 1990 existiam ainda 54 consórcios em atividade, 193

empresas envolvidas operando em 25 rotas, no entanto os acordos

operacionais existentes eram de âmbito muito limitado (Brooks, pg.

2). As alianças entre empresas tinham metas mais amplas e

audaciosas, visando expandir os seus serviços para um mercado a

nível mundial oferecendo aos seus clientes, uma rede de transporte

que leve sua mercadoria a qualquer local do mundo, utilizando

apenas os seus serviços e de seus parceiros.

A partir da década de 90 as alianças se estabelecem a fim de

oferecer aos clientes uma rede logística de transporte a nível global.

As cinco principais alianças e diversos pequenos grupos dominaram o

tráfego de carga conteinerizadas. As empresas começaram colaborar

mais entre si, proporcionando ao mercado grandes operadores,

objetivando aumentar o seu poder de competitividade e expandindo

a freqüência de seus serviços e rotas, enquanto se reduz o

investimento em navios. Algumas alianças empregam mais de 80

navios, proporcionando um poder de barganha grande para redução

de tarifas portuárias (Thomas, 2001, pg. 10). De acordo com

Thomas ( Thomas, pg 10-12 ), as alianças foram estabelecidas para

prestar as seguintes facilidade aos seus operadores e usuários :

Reduzir os custos das empresas;

Oferecer maior freqüência de escalas eproporcionar aos seus clientes novosdestinos mundiais (estabelecendo umarede global de serviços);

Reduzir investimentos em novosnavios;

Aumentar o poder competitivo daslinhas a nível mundial e local;

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47

Proporcionar maior poder de barganha

em acordos comerciais com seus clientes e/prestadores de serviços (embarcadores,portos e terminais); e

Principalmente, uma maior

racionalização dos seus serviços,proporcionando uma mudança radical nosserviços portuário mundiais, objetivandoreduzir os números de portos escaladosnos principais tráficos marítimos.

No ano de 1995 estabeleceu-se a primeira aliança, Global

Alliance , com os seguintes componentes: American President Line

(APL), OOCL, MOL e Nedlloyd (Brooks, pg. 2). No mesmo ano outras

alianças foram estabelecidas (ver tabela 10). A indústria de linhas

regulares sofreu grande guinada em sua estrutura, entrando numa

nova fase, onde muitos dos seus principais membros buscavam

alcançar os mercados globais para os clientes desejosos de um

serviço global.

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48

Tabela 10

ALIANÇAS

Aliança Membros de1995

Membros de1997

Membros de2003

CapacidadeAprox. em2003

GLOBALALLIANCE

APL, MOL,OOCL,Nedlloyd

APL (NOL),Hyundia e MOL

APL (NOL),Hyundia e MOL(5)

513.000TEU

GRANDALLIANCE(1)

Hapag Lloyd,NOL, NYK eP&O

Hapag Lloyd,MISC (2), NYK,OOCL e P&ONedlloyd

Hapag Lloyd,MISC (2), NYK,OOCL e P&ONedlloyd

902.000TEU

MAERSK/SEA-LAND

MAERSK eSEA-LAND

MAERSK eSEA-LAND

MAERSK e SEA-LAND (6)

720.000TEU

TRICON/HANJIN(UNITEDALLIANCE)

Cho Yang,DSR-Senator eHanjin (3)

Cho Yang,DSR-Senator eHanjin

Cosco,Yangming,Hanjin/Senatore K-line

813.000TEU

Cosco/ K-line/Yamgming(4)

Cosco, K-line eYangming

Fonte: Brooks e Transmodal containership databank (Fevereiro 2003)Observações:

(1) O acordo original da Grand Alliance foi cancelado em 29 de Julho de 1996.(2) Só em algumas rotas (participação limitada)

(3) Não está incluído nas 20 maiores(4) Essa aliança é mais restrita do que as outras, onde seus membros inicialmente

fizeram a troca de slot, muitas vezes sem divisão de navios ou gerenciamento de escalas.(5) Mudou o nome da aliança para New World Alliance

(6) Incluindo nesse período a frota da Safmarine

No mesmo ano outras mudanças começaram a surgir no

mercado, aquisições e fusões de empresas acrescentavam mais um

variável a uma indústria em transformação, entre março de 1995 a

novembro de 1997, ocorreram seis fusões e quinze aquisições (ver

tabela 11) (Brooks, pg. 4). As principais fusões envolveram grandes

operadores Sea Land, que foi adquirida pela Maersk que eram, na

ocasião, a duas maiores companhias do mundo no setor conteneiro;

P&O e Nedlloyd que se fundiram por meio de um join venture;

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Neptune Orient Line (NOL) adquiriu American President Line (APL); e,

finalmente, Hanjin que também adquiriu a DSR-Senator. Todas essas

empresas faziam parte do seleto grupo das vinte maiores empresas

de navegação (Brooks, pg 4).

Tabela 11

Principais fusões e aquisições

Data Companhias envolvidas Valor emMilhões

Janeiro 97 P&O containers e Nedlloyd Lines (fusão) US$ 175 (1)Março 95 CP Ships adquiri Cast CAN$ 150Abril 95 Pyramid Ventures adquiri Navieres de Puerto

RicoUS$ 140

Fevereiro97

Hanjin Shipping Co. adquiri DSR-Senator Linie Aprox.US$75

Julho 97 CP Ships adquiri Lykes Lines US$ 34Agosto 97 Petronas adquiri MISC (3) US$ 700

750Agosto 97 Preussag adquiri Hapag Lloyd AG (3) US$ 1.50097 CMA adquiri CMGNovembro97

NOL adquiri APL US$ 825

98 Evergreen adquiri Lloyd TriestinoJulho 99 Maersk e Sea Land (aquisição) US$ 80099 CSAV adquiri o Grupo Libra de Navegação99 Hamburg sud adquiri South Pacific Container

Line e Aliança Navegação99 Maersk e Safmarine

Fonte: Brooks/ Velasco & Lima/ Trace

A razão para essas fusões e aquisições foi à busca da

otimização de sua estrutura organizacional a fim de se atingir a

economia de escala que proporcionasse as empresas uma maior força

competitiva num mercado cheio de desafios. As empresas partiram

para uma estratégia de consolidação , que objetivava formar

unidades operacionais maiores e melhorar a eficiência das operações,

Page 51: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

50

fortalecer balancetes da empresa, mas acima de tudo melhorar a

rentabilidade e proporcionar um retorno aceitável aos acionistas.

Para Thomas ( Thomas, pg 12-13, 2001 ), as fusões tentam alcançar

esses fins pelos seguintes meios:

Redução dos custos operacionais eadministrativos;

Alcançar economia de escala por meioda integração dos serviços marítimos ,particularmente a amalgação de serviços;

Fortalecimento do poder de barganhacom os seus prestadores de serviços ealcançando redução de custo nas taxas deserviços, exemplo: renegociação de taxase tarifas de portos e terminais;

Expandido ganho das receitas criandocapacidade suficiente para prover umarede global dos principais serviços, comfreqüência apropriada e prestação deserviços feeder para as conexõesnecessárias; e

Estabelecendo as empresas fundidas,um dos principais operadores do mercado,com suficientes recursos financeiros e umforte poder de marketing para competire manter a sua participação percentual domercado .

Uma boa maneira de visualizar economicamente as intenções

de uma fusão pode ser expressa pela narrativa de Velasco e Lima

sobre a fusão entre a P&O e a Nedlloyd:

A motivação da junção dessas duasempresas foi a expectativa de redução decustos em cerca de US$200 Milhõesdólares. Desse total, 130 milhões seriamobtidos com a redução de pessoal, de 9200para 8000 empregados. Outro itemconsiderado foi a racionalização nautilização dos contêineres pela empresaremanescente. O que resultou em umaredução de 500.000 contêineres a serem

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51

administrados anualmente. Houve tambéma racionalização da rede de agencias derepresentação comercial, a redução namovimentação para reposição decontêineres vazios, a integração dossistemas de computação e a redução dosgastos com combustível e arrendamentode contêineres ( Velasco e Lima, pg. 176)

A medida que as empresas de navegação se fundiam, as

alianças foram mudando a suas composições para atender aos

interesses das novas companhias que adentravam a essa união.

Podemos verificar pela apresentação, do Sr. James I. Newsome III ,

20 de maio de 2003, na conferencia internacional do comércio que

foi realizado na Carolina do Sul, a composição do percentual da

capacidade de oferta das frotas das empresas de navegação e

alianças, referente a fevereiro de 2003, ficou assim: Grand

Alliance 13% da oferta ao mercado, United Alliance 11%, Maersk-

Sl 10% , New World Alliance 7%, MSC /Evergreen / CMA-CMA /

CP Ships (grandes operadores globais que usualmente trabalham

sozinho) 18%, as demais empresas de navegação oferecem 41% da

capacidade TEU restante, demonstrando que o designo do tráfego

marítimo é influenciado pelas decisões das grandes alianças e

empresas de navegação. No grupo restante existem grandes

operadores como a ZIM, Hamburg Sud, CSAV e China Shipping

Container Line que fazem parte das vinte maiores empresas do setor,

que por sua vez , também, têm um poder barganha alto na hora da

negociação por melhores contratos com seus prestadores de

serviços, principalmente os portos.

Quando da ocorrência de fusões entre empresas, a expectativa

é que os custos dessa união sejam cobertos em um ou dois anos com

Page 53: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

52

a economia gerada pela unificação. No entanto, Sr. Claude ( apud

Double, pg. 61, 2003) sugere cuidados com as fusões:

Os embarcadores e clientes são tão forteque quase sempre reduzem o valoreconomizado por meio de acordos. Emmuitas fusões , incluindo a PONL, o custobenefício da fusão foi parcialmenteperdido pela queda das taxas de fretes,que são passados diretamente aosembarcadores .

Importante mencionar que as empresas , as vezes, adquirem

outra empresa visando ter acesso a um mercado ou tráfego ou

atender as necessidades de seus clientes, para oferecer-lhes um

serviço de melhor qualidade, para tal necessitando amalgar serviços.

Por exemplo, a NOL adquiriu a GATX Logistica a fim de aumentar a

sua presença do mercado logística (Double, pg. 61). Outro exemplo,

é a compra de empresas nacionais brasileiras que permitem o acesso

ao mercado de cabotagem brasileiro, como é o caso da Hamburg Sud

que adquiriu a empresa de navegação Aliança.

Mais é significativo a situação delicada que se encontram as

pequenas empresas do setor, muitas preferem passar o seu negócio

adiante em razão da incerteza do mercado e pouca possibilidade de

competir com grandes operadores e alianças. A empresa de

navegação Andrew Weir Shipping vendeu a empresa Ellerman Line

para Hamburg Sud e MacAndrews e UBC para a CMA CGM, tendo

também vendido os seus serviços de curta distância entre o Norte da

Europa , Portugal, Espanha e Polônia para CMA CGM e mais os

serviços entre o Norte da Europa, Mediterrâneo, Índia, Israel e Leste

da África para Hamburg Sud. Provavelmente, essas ações vem

ocorrendo pela dificuldade em se manter num mercado

extremamente competitivo e que se consolida cada vez mais na mão

Page 54: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

53

de alianças e de grandes operadores e da volatilidade do mercado,

como podemos constatar na declaração do Sr. Michael Parker (apud

Dekker, pg. 48-49, 2003 ), diretor-gerente da Andrew Weir Shipping,

como podemos ler a seguir:

Por meio de uma revisão de estratégia denossos negócios, nós chegamos àconclusão de que o futuro dos nossosnegócios referente contêineres dependeráda nossa participação em um grandegrupo, mesmo que já tenhamosconseguido lucros consistentes.Prevalecendo as condições do mercado eda indústria que se movimenta paraconsolidação, faz com que todas asempresas que operem nesse mercado seobriguem a se concentrar e rever as suasatividades comerciais .

3.5 Os serviços de rotas Pendulares, ao Redor doMundo e de Múltiplas conexões.

Os armadores objetivando maximizar o uso de seus navios e a

utilização de seus slots foram obrigados a desenvolver estratégias de

serviços diversificadas como, Pendulares, ao Redor do Mundo, que é

conhecido pela sigla, RTW ( round the world ) e as múltiplas

conexões.

Os serviços RTW, são caracterizados por navios que circulam o

planeta na direção leste ou oeste ligando os portos da América do

Norte Europa Ásia atendendo os principais tráfegos marítimos do

mundo ( Transpacific , Europa/Ásia e Transatlatic ). A primeira

empresa a realizar rota RTW foi a United State Lines que possuía uma

frota de 12 navios full-container com a capacidade de 4.400 TEU

(Worldbank,2001, pg. 22 ), outras empresas posteriormente

adotaram a mesma estratégia, como a Evergreen, que estabeleceu

Page 55: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

54

uma frota de doze navios para cada direção (Leste e Oeste),

realizando em setenta sete dias uma viagem completa, ofertando aos

seus clientes um freqüência semanal em cada direção (Stopford, pg.

36, 1997), porém no meado de fevereiro de 2002 substituiu o seus

serviços RTW por serviços Pendulares utilizando navios pós-panamax,

visto que é comum no serviços RTW usar navios que passem pelo

canal do Panamá (Trace, 2002, pg. 7)

Os serviços pendulares são realizados por um grande número

de armadores, que normalmente operam uma porção ou toda a rota

que liga a Costa Leste do Norte da América, via Europa e Ásia, a

Costa Oeste do Norte da América, usualmente retornando pela

mesma rota. Como os navios que fazem serviços pendulares não

precisam passar pelo canal do Panamá, por essa razão são utilizados

navios pós-panamax.

Os armadores que adotaram os serviços de múltiplas conexões

oferecem aos seus clientes diversas ligações diretas a portos por

meio de várias rotas secundárias que operam a partir de uma rota

principal, onde esta concentra grandes volumes de contêineres em

um Hub port (porto concentrador). Do porto concentrador surge

diversas rotas secundárias que atendem aos portos menores

realizando a distribuição e a coleta de contêineres. Outra forma de

compreender o serviço de múltiplas conexões: é um porto

concentrador, que é utilizado pelo armador como o ponto de

concentração de carga para sua posterior distribuição a outros portos

menores, portos feeder , que são atendidos em períodos regulares

por navios que prestam escalas exclusivas a este tráfego. Então,

quando você possui distintos tráfegos saindo de um ou mais portos

concentradores, os exportadores possuem um serviço de múltiplas

conexões para diversos destinos. No entanto, o sistema vem

Page 56: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

55

demonstrando que está evoluindo com as constantes mudanças no

padrão nas linhas principais e nos serviços feeder . (Trace, 2003,

pg. 7-9).

Os serviços de múltiplas conexões envolvem o uso de muitos

navios. Numa conexão do tráfego Trans-Pacifc , no mínimo utiliza-

se cinco navios para essas rotas. O autor Gilman ( apud Trace, 2002,

pg 8) argumenta que a vontade dos armadores em ofertar os

serviços de conexões múltiplas foi uma das principais razões para o

crescimento das alianças.

3.6 Os tráfegos marítimos

Como foi escrito anteriormente os principais tráfegos marítimos

se encontram no hemisfério Norte nas direções leste e oeste, ligando

as principais economias mundiais, como NAFTA, Comunidade

Européia e APEC. No entanto, os tráfegos que ligam as região Norte e

Sul do planeta, juntos são responsáveis por aproximadamente 20%

de toda a movimentação global de contêineres no ano de 1997, que

foi um pouco abaixo dos 8 milhões de TEU (Trace, pg. 17). Por essa

razão, devem ser levada em consideração a sua importância para o

crescimento global e regional.

Na década de 80, a maioria das empresas que prestavam

serviços para América Latina, África e Austrália eram especializadas

neste tráfego, empregavam embarcações de pequeno porte e a

competitividade neste tráfego era menos intensa do que no

hemisfério Norte. O equilíbrio existente no mercado foi desfeito com a

chegada das grandes empresas da época Evergreen, Hyundai, Maersk

e Sea Land, que inicialmente entraram no mercado realizando serviço

feeder para os seus serviços de rotas pendulares e RTW, os quais se

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56

localizavam no hemisfério norte. Para tal, algumas empresas

realizaram join-venture com empresas locais, como por exemplo o

Join entre a Sea Land e empresa Transroll Navegação, ou utilizaram

as suas subsidiárias como a Uniglory que pertencia ao grupo

Evergreen. Aparentemente, o objetivo foi estabelecer uma rede nível

global de navegação. A partir daí se estabeleceu uma intensa

competição entre os novos operadores contra os antigos no que

consiste a sua participação no mercado. (Trace, pg. 17-18, 2002).

A forte competição nos mercados Leste-Oeste e Norte-Sul

trouxeram grandes mudanças principalmente ao último tráfego. Por

exemplo, a medida que são introduzidos navios maiores no tráfego

do hemisfério Norte, embarcações menores e antigas vão perdendo a

sua competitividade e procuram outros mercados onde possam ser

competitivos. Por essa razão, alguns desses navios são aproveitados

no tráfego Norte Sul, o que vem provocando o aumento de

tamanho das embarcações nessa rota. No ano de 2002 já haviam

navios com capacidade maior do que 4.000 TEU no hemisfério Sul

(Salles, 2003, pg. 78). Além disso, a entrada de grandes operadores

no tráfego entre os hemisférios trouxe mudanças nos serviços

ofertados, como a substituição de serviços direta entre Austrália e

Europa, como exemplo, por rotas que utilizem portos concentradores

onde o transbordo de carga para navios menores seja um fato

comum, e serviço feeder entre portos hub e alimentadores se

tornem parte do cotidiano do comércio marítimo. Outra mudança

que ocorreu foi causada pelo excesso de navios no tráfego que

provocou a redução de fretes (Trace, 2003, pg. 18) (Ver Tabela 12).

Page 58: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

57

Tabela 12

Redução de fretes nos Tráfegos Norte - Sul

Rota Período Taxa deRedução

Europa Costa Leste da América do Sul(AS)

1990 94 40%

Costa Leste da América do Sul -Europa

1990 - 93 50%

Europa Costa Oeste da AS Europa 1993 - 95 20%Costa Leste dos EUA Costa Norte daAS

1991 - 94 25%

Costa Leste dos EUA Costa Leste daAS

1992 - 94 30 35%

Extremo Oriente - Costa Leste da AS 1993 - 94 33%Extremo Oriente - Costa Oeste da AS 1992 - 93 15%Extremo Oriente África do Sul 1991 - 92 20%

Fonte: Drewry Shipping Consultants, North-South Container Trades Will Global Carriers Destroy theMarket?, 1997 . (Trace, pg 18)

No entanto, deve se notar, conforme observação de Thomas

(2001, pg 11), que a queda do frete tem sido em parte compensada

pela elevação da taxa de Terminal Handling Charge (THC), que é

recolhida pelas empresas de navegação.

3.7 Uma perspectiva de cenário para o futuro

As empresas de navegação devida a grande concorrência do

mercado e objetivando manter a sua participação no mercado, vem

amalgando a sua atividade marítima serviços de logística (ferrovias,

rodovias, hidrovias), tecnologia da informação (localizar a sua carga a

qualquer momento da viagem , liberação antecipada da carga pela

alfândega, um único conhecimento de embarque para trajeto toda da

viagem), e operação de terminais (P&O Ports , AP Moller terminais), a

fim de prestar o melhor serviço de porta a porta para os seus

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clientes. Fazendo com que o transporte de contêiner seja visto de

uma forma singela, como pipeline de contêineres, onde estes antes

de chegar ao seu destino final passem por dois ou três portos

concentradores. (Salles, 2003, pg. 80 )

Um cenário provável que vai de encontro com a visão da

pipeline de contêineres foi apresentado por Gustaf de Monie

(ECLAD, 1998, pg. 14), do departamento Policy Research

Corporation N.V. da Bélgica. Ele apresenta uma estrutura de rotas

marítimas que ligam os tráfegos Leste Oeste aos do Norte Sul por

meio de diversos portos concentradores de carga onde essas

ligações entre portos serão feitas por diferentes tamanhos de navios,

conforme a movimentação do volume de carga transportada (Ver

Figura 3), podendo projetar, uma situação de mercado que combina

os serviços de rotas pendulares e de múltiplas conexões (ECLAD,

1998, pg. 15), proporcionando um serviço global de porta a porta aos

clientes.

Page 60: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

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Fonte: Policy Research Corporation N.V. , Antuérpia, Bélgica, como relatório ECLAC, Bulletim da FAL ,No. 142 de Abril 1998

Esse cenário de portos Feeder e portos concentradores

regionais e globais vem se desenhando lentamente em nossa costa.

Hoje, portos como Suape e Santos vem recebendo cargas de outros

portos brasileiras, criando assim um sistema de cabotagem não só

voltado para o mercado interno, mas também para o externo, por

meio de linhas de longo curso que coletam contêineres que são

transportados para portos no Caribe para serem transbordados para

outros portos por outros navios.

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60

Quarto CapítuloO desenvolvimento dos portos em função

do transporte multimodal

A conjuntura mundial com o desenvolvimento e o crescimento do

comércio global vem modificando o papel do porto. O porto até a

década de 60 era o ponto de distribuição das cargas marítimas da

região localizada ao seu redor. A medida que, a conteinerização foi

crescendo, o sistema de transporte foi se desenvolvendo ao redor dos

portos, abrindo novas opções de entrega de produto ao seu destino

final, sendo que as distâncias começaram ser transpostas em função

da modernização dos meios de transporte e do aumento do volume

de mercadoria.

O transporte começou a ficar interligado pelos diferentes tipos de

modais (dutos, ferrovias, rodovias, hidrovias, transporte marítimo e

aéreo), proporcionando assim uma gama de rotas para as

mercadorias, que começaram a ser estabelecidas baseadas na

relação de custos e benefícios do uso do transporte terrestre em

relação ao transporte marítimo ou vice versa ou da combinação do

uso de ambos modais proporcionaram o surgimento de novos

caminhos (Thomas, pg. 3), estabelecendo assim, novas rotas e redes

de transporte distintos da movimentação tradicional das cargas gerais

solta. Por essa razão, as dimensões dos serviços do porto não ficaram

limitadas a região ao seu redor, mas sim pela sua posição geográfica

e da rede de transporte multimodal que interliga a suas instalações

as demais localidades, podendo distribuir e coletar mercadorias num

raio de 1.000 KM ou mais. (Agha, 2001, pg. 12-13)

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A medida que os portos foram conquistando cargas de outras regiões,

a competição entre eles foi surgindo e estes passaram a se tornar

uma peça chave na cadeia logística do transporte de contêineres,

onde a fidelidade dos usuários e empresas de navegação com um

porto especifico deixou de existir (Thomas, pg 2). Sendo assim, o

porto a fim de continuar a ser competitivo precisava ser atrativo aos

clientes e para alcançar essa meta, muitos portos, precisaram mudar,

oferecendo serviços e instalações melhores aos seus usuários,

tornando se uma fonte de facilidades e resultados aos seus clientes e

não um entrave. Daí a necessidade do porto vir a ser um parceiro de

seus clientes, para que estes possam ter condições de competirem

num mercado global (World Bank, pg 43).

4.1 Novas estratégias marítimas e sua influência nos

portos

Hoje, em razão das principais empresas de navegação estabelecerem

como estratégia que os seus mais importantes itinerários (Leste e

Oeste) centralizem os seus principais serviços e os navios em portos

com localizações centrais, a distribuição para os demais portos

passou a ser realizada por terra (rodovias/ferrovias) ou por mar e

rios ( feeder / navios com menor capacidade de transporte de

contêineres ou barcaças) (Thomas, pg. 6-7). Além disso, diversas

empresas de navegação decidiram integrar os seus serviços

marítimos Leste a Oeste e Norte a Sul, proporcionando os seus

clientes uma rede global de transporte, visando a utilização de navios

maiores objetivando a redução de custos por contêiner, uma vez que

os navios conteneiros com capacidade de 8.000 TEU, por exemplo,

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são 25% mais baratos do que um navio de 6.000 TEU no requisito

slot/milha (Thomas, pg. 7). No entanto, introduzir navios maiores nos

tráfegos significa também melhorar a racionalização dos seus

serviços (Thomas, pg. 7-8), para alcançar a meta de redução de

custo que compense a utilização de tais navios.

Deve ser mencionado que desde o início da conteinerização a redução

das escalas dos portos foi fundamental para o seu desenvolvimento e

a otimização do transporte marítimo. Para atingir tais metas era

necessário reduzir o tempo despendido nos portos, agilizando as

operações de carregamento e descarregamento de contêineres e a

redução do número de paradas numa viagem, gerando para a linha

de navegação a diminuição dos custos operacionais, tão necessário

para sua implementação. Portanto, a redução de escalas nos portos

vem do início da conteinerização.

A implementação dessa nova estratégia global dos armadores

objetiva viabilizar a entrada de navios com maior capacidade de

transporte de contêineres que possuem maior ganho de escala. No

entanto, para otimização destes navios é necessário uma redução

drástica de escalas de portos, além de uma quantidade enorme de

cargas (contêineres) disponíveis nos portos escalados que

compensem a sua parada. Por essa razão, estes portos necessitam de

uma rede de suprimentos de contêineres oriundos de outros portos e

de uma rede multimodal de transporte terrestre, pois dificilmente um

porto sozinho será capaz de proporcionar localmente um volume de

carga necessário para atender as demandas destes grandes navios. A

fim de se ter uma perspectiva das dimensões dos navios conteneiro

do presente e do futuro (projetos) são apresentados algumas dessas

embarcações com seus respectivos valores na tabela 12.

Page 64: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

63

TABELA 12

Principais dimensões de navios conteneiros

Tipos de Navios Capacidade Comprime

nto

Boca Calado No. de

rows *

Existentes Panamax 4.500 TEU 295

metros

32,3

metros

12

metros

8 x 5 x 13

Maersk SL S 7.500 TEU 347

metros

42,8

metros

14,5

metros

9 x 6 x 17

Sansung 9.200 TEU 340

metros

45,6

metros

15,5

metros

10 x 6 x 18

Maersk SL rumour 12.500 TEU 404

metros

54

metros

15

metros

10 x 6 x 22

Suezmax *** 12.000 TEU 400

metros

50

metros

17.4

metros

10 x 6 x 21

Verimax ** 12.500 TEU 400

metros

54,2

metros

14,5

metros

10 x 7 x 21

Novos Panamax **** 12/15.000

TEU

385

metros

55,2

metros

14,5

metros

9/10 x 6 x

22

Vickerman, Zachary,

Miller

15.000 TEU 400

metros

69

metros

14

metros

10/11x6/7 x

28

Malacamax 18.000 TEU 396

metros

60

metros

21

metros

13 x 8 x 23

Fonte: IAPH. Trade Affairs Committee on Ships Trends / Biennal report on Ship Trends 2003.

* Número de camadas de contêineres abaixo do convés x número de camadas de contêineres acima do

convés x fileira de um bordo ao outro

** Projeto do Bureau Veritas

*** A profundidade do canal de Suez é de 58 pés mais logo será de 62 pés

**** Esse novo navio panamax está prevendo a ampliação das comportas do canal do Panamá

envolvendo calado e boca

Page 65: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

64

Porém, na introdução da conteinerização o objetivo dos armadores

era reduzir drasticamente o número de portos escalados a fim de

obter uma maior racionalização dos tráfegos marítimos. A estratégia

era escalar um ou dois portos concentradores em cada continente,

com a distribuição dos contêineres para os demais portos sendo feita

por meio dos transportes feeder . Entretanto, essa meta nunca foi

alcançada na prática, uma vez que os navios escalam três ou quatro

portos por continente. Apesar disso, houve uma expressiva redução

de portos escalados se comparado ao tráfego regular de carga geral

existente anteriormente. (Thomas, pg. 5-6)

Os Sr Aplin Neil , Sr. Steve Meyrich e Sra. Anya Richards

demonstraram que nos anos de 1990 e 2000 nos tráfegos Trans-

Pacific e Europa - Extremo Oriente o número de escalas em portos

são quase iguais, com um leve aumento para o último ano (NEIL,

MEYGRICK e RICHARDS, Liner Freight Shipping, slide 24). O número de

escalas no tráfego Trans-Pacific e Europa - Extremo Oriente, fica em

torno de 8 a 9 e 12 a 13 escalas, respectivamente. Comprovando que

mesmo com a evolução da conteneirização não houve a redução de

escalas, como esperado inicialmente a introdução do contêiner no

mercado marítimo.

4.2 O surgimento das divisões dos portos

concentradores

Atualmente, as estratégias dos armadores são semelhantes a

apresentada na figura 3 do terceiro capítulo, modificando

significativamente o conceito de porto concentrador de carga e

feeder, visto que, alguns portos concentradores se tornam feeder dos

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65

portos maiores. Segundo Thomas (Thomas, pg. 8), logo haverá uma

divisão de portos concentradores, tal como:

"Os portos concentradores globais: Localizados no

hemisfério norte, atendendo às necessidades de um

ou mais continentes e que fique estrategicamente

localizado para atender os tráfegos leste a oeste e

norte a sul. Podemos citar como exemplo os portos de

Singapura ou Colombo que servem as necessidades do

Sul da Ásia e Oceania, incluindo o Extremo Oriente e a

costa leste da África;

Os portos concentradores regionais: Localizados

em ambos hemisférios, atendem ao comércio marítimo

da costa de um continente. Podemos citar como

exemplo o porto de Bahamas que serve as

necessidades da costa do continente da América do

Norte, Central e Sul; e

Os portos concentradores sub-regionais:

Localizados em ambos os hemisférios, atendem a uma

parte do continente. Podemos citar como exemplo

Durban que tende as necessidades da África do Sul e

dos portos Africanos da Costa Leste."

Os mega navios conteineiros fazem o tráfego entre os principais

portos concentradores (globais), onde se pretende maximizar o uso

das mega embarcações, enquanto se provê um mercado para atender

um número máximo de portos. Isto é conseguido por meio de uma

rede de conexões de portos concentradores regionais e sub-regionais,

que prestam serviços a localizações afastadas. Grandes navios de

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66

linhas regulares, com capacidade entre 3.000 a 5.000 TEU, prestam

serviços entre os portos concentradores regionais e globais e

progressivamente navios menores prestarão serviços entre os portos

concentradores regionais e sub-regionais e depois navios menores de

que estes serão empregados em tráfegos regulares entre o porto

sub-regionais e os demais portos. (ECLAD, pg. 14-15, 1998)

4.3 Requisitos de um porto concentrador

Os armadores consideram como principais requisitos para um porto

ser atraente e se tornar um concentrador de contêineres a sua

posição estratégica em relação a origem e o destino final do tráfego

de contêineres, e a diversificação de uma rede multimodal que

proporcione uma distribuição e concentração de contêineres nas suas

instalações, sendo importante também a sua posição geográfica para

atender o mercado regional . Outros requisitos que também são

fundamentais para o porto vir a ser concentrador são: habilidade de

receber com segurança grandes navios; extensas e apropriadas

instalações para o recebimento de navios conteinerizados e taxas

operacionais favoráveis. (World Bank, pg. 39, 40 e 41).

Conforme a visão do Sr. Gustaaf de Monie expressa no livro

Strategies for global and regional ports e do Sr. Jan Hoffmann

apresenta os seguintes critérios para que um porto possa ser

concentrador de cargas (Contêineres)

Page 68: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

67

A visão de Gustaaf de Monie :

"Localização: O porto deve estar geograficamente

localizado em uma posição apropriada. Precisa estar

numa posição central com respeito aos demais portos

para distribuir contêineres por meio de serviços

feeder ;

Mínimo de desvio: Os portos concentradores serão

diferenciados dos demais possíveis concorrentes, caso

permitam um desvio mínimo das rotas principais.

Este desvio devia ser medido em termos de tempo e

não de distância;

Acesso: O porto deve dispor de um canal profundo

e adequado à atender os grandes navios que trafegam

conectando-o aos portos concentradores regionais e

globais;

Terminais de contêineres: Com o crescimento

global do transbordo de contêineres, os portos

concentradores têm que possuir instalações

adequadas para atender a grandes exigências, em

termos de equipamento e espaço para

armazenamento;

Operação 24 horas por dia: Ter capacidade de

prestar serviço 24 horas por dia o ano inteiro e

disponibilizar todos os serviços de suporte, como

praticagem, rebocadores e ancoradouros que são

elementos críticos para eficiência do porto;

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68

Tempo de retorno: O porto que desejar ser

concentrador na sua região de influência deve

minimizar o tempo de retorno do navio. Portos

concentradores devem oferecer uma posição central

para os demais portos feeder . Presume-se que o

porto preste uma serviço operacional com alta

produtividade e eficiência;

Custos: A capacidade de oferecer preços

competitivos dos serviços portuários e de terminais,

que sejam idealmente menores do que a média da

indústria da região;

Meio ambiente favorável a negócios: O porto

selecionado deve ser localizado num ambiente que

tenha estabilidade política e que possa proporcionar

garantias que não ocorrerá interrupções na operação

portuária em razão da paralisação da mão-de-obra;

Eliminação de regulamentações burocráticas: A

eliminação da regulamentação, regras, normas,

práticas e procedimentos burocráticos elevam a

produtividade portuária; e

Alta freqüência de serviços feeder : Objetivandoatender as exigências da indústria marítima, o portodeve oferecer um serviço feeder freqüente e queproporcione uma larga distribuição/centralização decontêineres a diversos portos alimentadores. Alémdisso, disponibilizar vastas conexões intermodaisterrestres que proporcionem benefícios ao porto namovimentação de volume significativo de cargadoméstica.

(BOSKE, 2003, slide 8-9).

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69

A visão do Sr. Jan Hoffmann:

Possuir uma localização estratégica em relação a

diversas rotas de tráfegos e do mercado desejado;

Cobrar taxas e tarifas determinadas conforme o

mercado;

Ser cercado por uma economia local dinâmica que

proporcione uma base de volume de carga de

equilíbrio (com a exceção dos casos dos megaportos

concentradores de carga posicionados fora dos limites

regionais);

Disponibilizar uma infra-estrutura moderna

cercada de berços com comprimentos de 900 a 1.100

pés;

Possuir pelo menos 3 a 4 portêineres;

Possuir terminais ou conexões ferroviárias

contíguas ao porto;

Possuir um calado mínimo de 14 a 15 metros;

Reduzir ao mínimo possível o tempo de trânsito do

mar ao porto;

Ser atendido por serviços competitivos de

feeder marítimo e de transporte terrestre; e

Page 71: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

70

Ser conhecido por possuir uma relação

harmoniosa e produtiva com a mão-de-obra.

(BOSKE, 2003, slide 10)

Algumas informações apresentadas acima precisam de um

maior detalhamento para uma maior compreensão. Deve ficar claro

que o tempo de retorno de um navio é medido pelo horário de

entrada do navio no porto, mais o tempo gasto na operação do navio

e a hora saída do porto (World Bank, pg. 40). As instalações devem

ser compatíveis com os navios que receberá, por exemplo em um

porto concentrador, o cais tem que ter pelo menos 1.000 metros de

extensão e uma retro área de no mínimo 400 a 500 metros de

comprimento, o terminal tem que estar apto a receber pelo menos

dois dos maiores navios das rotas principais, simultaneamente e as

suas respectivas embarcações feeder . Além disso, deve-se ter em

mente que o tamanho do pátio a fim de armazenar os contêineres

dependerá da forma de armazenamento (a que altura os contêineres

serão disponibilizados e a forma da disposição da armazenagem no

pátio) e do período de armazenagem permitido.

Outro fator importante para diminuir o tempo de permanência do

navio no porto é a produtividade do terminal. Atualmente, uma boa

produtividade média é de 25 a 30 contêineres por portêiner/hora,

porém, para atender eficientemente os super navios que entrarão no

mercado em breve a média de movimentação por berço deverá ser

de 200 TEU/hora (World Bank, pg 25). Além disso, com o

crescimento da capacidade de carga dos navios conteneiros as suas

dimensões estão aumentando, como o seu comprimento, calado e

boca, em função disso alguns operadores portuários já estão

encomendado portêineres que atinjam 22 contêineres de uma borda

Page 72: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

71

a outra do navio (22 rows1), sendo que alguns armadores vem

solicitando o aumento de calado dos portos par o mínimo de 16

metros (World Bank, pg. 39-42).

TABELA 13

Padrões das dimensões da boca de navio conteneiro

e sua relação a quantidade de contêineres

emparelhados lado a lado

Boca (metros) 32.2 34.9 37.6 40.2 42.9 45.6 48.2 51 53.

6

56.3

Número de

rows

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Fonte: IAPH.. Trade Affairs Committee on Ships Trends / Biennal report on Ship Trends 2003.

4.4 As vantagens e desvantagens de um porto

concentrador

O porto concentrador ganha duplamente com o contêiner

transbordado, porque o movimenta em duas fases. Além de prover a

indústria local com diversas facilidades, tais como: acesso direto aos

principais serviços das linhas de navegação, redução do tempo de

transporte da matéria-prima para suas fábricas e de seus produtos

acabados para os demais mercados, redução de fretes marítimos e

uma maior opção de empresas marítimas que proporciona uma

1

Row: significa a fileira de contêineres de uma bordo a outra

Page 73: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

72

concorrência direta a novos mercados (World Bank, pg 41-42). Um

porto concentrador também atraí novas instalações indústrias para

região na qual está inserido, como por exemplo o porto de Suape que

tende a ser um porto concentrador de cargas, no qual mais de 70

empresas já se instalaram em seu complexo industrial ou estão em

fase de implantação, sendo que os investimentos estão na ordem de

US$ 1,7 bilhão, gerando para região desenvolvimento e empregos

(SDEET, 2003, Complexo de Suape).

A maioria dos portos concentradores operam num mercado altamente

competitivo, onde a lealdade das empresas de navegação e

embarcadores é cada vez menores, e onde existem outras opções de

portos que oferecem instalações e preços diferenciados

periodicamente aos seus clientes. Adicionalmente a essa

competitividade, e como descrito no capítulo anterior, as grandes

empresas de navegação e as alianças marítimas possuem uma

parcela grande do mercado mundial de linhas regulares, tendo assim

um substancial poder de negociação por melhores serviços,

instalações e tarifas dos portos e terminais. Outro fator que influencia

a escolha do armador é o seu desejo de expandir as suas atividades

comerciais e operacionais na área da operação portuária e do

transporte terrestre, por essa razão vários armadores já

disponibilizam terminais de contêineres e empresas de logística no

âmbito do transporte multimodal (ESCAP, pg. 12).

Desta forma, quando um armador ou aliança representa uma porção

significativa da carga movimentada no terminal/porto, ele tem um

poder de pressioná-lo para que amplie o nível dos serviços oferecidos

e ao mesmo tempo reduza as taxas. Esta pressão pode chegar até as

ameaças do armador ou aliança de retirar-se para outro porto,

Page 74: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

73

podendo proporcionar ao terminal/porto uma perda significativa para

a sua receita e atividade.

Portanto, a situação dos portos em negociação com grandes

empresas de navegação ou alianças, muitas vezes é desfavorável

para o porto, sendo este o elo mais fácil de ceder. Quando não existe

acordo o porto normalmente saí perdendo. Este foi o caso que

ocorreu recentemente com o porto de Singapura e a empresa de

navegação Maerk/ Sealand, onde esta trocou o uso das instalações

deste porto pelo porto de Tanjung Pelegas (Terminal gerido pelo

grupo APM Terminals que faz parte do Holding AP MOLLER, dona da

empresa de navegação Maersk/Sealand), o que provocou uma perda

aproximada de 15% dos negócios do porto de Singapura (ESCAP, pg.

12).

Outro exemplo clássico do poder de negociação das empresas de

navegação com o porto envolveu a Maersk-Line e autoridade

portuária do porto de Nova York/Nova Jersey nos anos de 1998-99.

Em 1998, a empresa marítima notificou a autoridade portuária de

Nova York/Nova Jersey que ao fim do seu contrato de concessão em

2000 estaria considerando transferir a suas operações para outro

porto, e anunciou que estava em negociação com diversos portos da

costa leste dos Estados Unidos para determinar qual seria o seu porto

concentrador nesta região. Inicialmente, sete portos se mostram

interessados em ser o novo porto concentrador da Maersk/Sealand,

sendo que no final de 1998 a lista se resumia a três portos ( o próprio

porto de Nova York/Nova Jersey, além dos portos de Baltimore e de

Halifax).

Caso a mudança ocorresse, o porto de Nova York/Nova Jersey

perderia 20% do volume de contêineres movimentados em suas

Page 75: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

74

instalações, além de 3.000 empregos permanentes que, segundo

estimativa, seriam gerados pelo volume futuro do tráfego originado

por essa empresa. Por esta razão, houve uma campanha intensiva

em ambos os estados para a permanência desta empresa em suas

instalações portuárias. Finalmente, a empresa marítima decidiu que

permaneceria no porto de Nova York/ Nova Jersey, após acordo em

que ambos os estados comprometeram-se em investir US$ 450

milhões em melhorias no porto, e o estado de Nova Jersey

comprometeu-se a despender mais US$ 100 milhões em dragagem e

mais US$ 20 milhões em melhorias na infra-estrutura. (World Bank,

pg 38).

Outro exemplo, envolvem o porto de Roterdã e a Grand Aliance no

período de 1999/2000. Em 1999, o porto de Roterdã divulgou que

haveria uma elevação de tarifas portuárias, por sua vez, a Grand

Alliance notificou ao porto que um dos seus tráfegos não escalaria

mais as dependências deste, mudando para o porto de Antuérpia,

sendo que essa alteração resultaria em uma perda na ordem de

125.000 TEU/ano na movimentação de contêineres do porto de

Roterdã. Coincidência ou não, o conselho municipal do porto de

Roterdã decidiu não aumentar as taxas portuárias no ano de 2000 e a

Grand Alliance não mudou nenhum dos seus tráfegos de porto.

(WORLD BANK, pg. 37)

Desta forma, o porto que desejar investir em novas instalações

portuárias sem a parceria de grandes armadores corre o risco de ter

as suas novas dependências vazias, gerando prejuízo.

A maioria dos portos concentradores realizam o transbordo de

contêineres, sendo que existem alguns portos concentradores que

dependem em grande parte do volume de contêineres transbordados.

Page 76: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

75

Esta dependência os deixam em desvantagem em relação a outros

portos que possuem um mix de contêineres, constituído por um

expressivo volume de carga originada na própria região,

ultrapassando o volume de contêineres transbordados no porto.

Usualmente, as cargas originadas na própria região geram a receita

para subsidiar os contêineres transbordados, permitindo que os

portos que possuem uma mistura de cargas locais e de transbordo

freqüentemente estabeleçam tarifas de transbordo mais baixas para

atrair os navios principais para o porto. Sendo assim, os portos

concentradores que possuem maior percentual de transbordo na

movimentação total de contêineres do terminal, terão menor

potencial de adicionar receita aos seus ganhos (World Bank, pg 43).

São essas as razões pelas quais os portos concentradores com

maiores percentuais de contêineres transbordados não elevam as

suas tarifas operacionais, com receio da perda de cargas para os

demais portos concorrentes. Como podemos verificar na tabela

abaixo existem grandes portos concentradores no mundo onde o

percentual de contêineres transbordado é expressivo.

Page 77: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

76

Tabela 14

Percentual de contêineres transbordados em relação a

movimentação total dos Principais portos de Transbordo do

Mundo no ano de 1996

Portos Percentual de contêineres

transbordados

Malta 92

Algeciras 90

Damietta 90

Singapura 78

Kingston 75

Colombo 72

Gioia Tauro 65

Dubai 48

Kaohsiung 43

Roterdã 40

Antuérpia 35

Hamburgo 35

Busan 30

Felixstowe 28

Bremerhaven 25

Hong Kong 20

Kobe 15

Fonte: ECLAD. Concentration in Liner Shipping Its causes and impacts for portsand shipping services in developping regions./(Drewry Shipping Consultants,Options for fiche operators)

Page 78: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

77

Tabela 15 - Os maiores portos do mundo em movimentação de

contêineresRakin

g

Porto

País

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

1

Hong Kong

China

5 101

6 162

7 972

9 204

11 050

12 550

13 460

14 567

14 582

16 211

18 100

17 900

18.600

2

Singapura

Singapur

a

5 224

6 354

7 560

9 046

10 399

11 846

12 944

14 135

15 136

15 945

17 040

15 520

16.941

3

Busan

Korea

2 348

2 571

2 751

3 071

3 826

4 503

4 725

5 234

5 946

6 440

7 540

8 073

9.330

4

Kaohsiung

China

3 495

3 913

3 961

4 636

4 900

5 232

5 063

5 693

6 271

6 985

7 426

7 540

8.493

5

Shanghai

China

456

576

717

900

1 130

1 527

1 930

2 520

3 066

4 216

5 613

6 340

8.620

6

Roterdã

Holanda

3 667

3 783

4 125

4 161

4 540

4 787

4 971

5 495

6 011

6 343

6 280

6 102

6.515

7

Los Angeles

USA

2 116

2 038

2 289

2 319

2 519

2 555

2 683

2 960

3 378

3 829

4 879

5 184

6.106

8

Shenzhen

China

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

3 994

5 076

7.614

9

Hamburgo

Alemanh

a

1 969

2 189

2 268

2 486

2 726

2 890

3 054

3 338

3 547

3 738

4 284

4 689

5.374

10

Long Beach

USA

1 598

1 768

1 829

2 079

2 574

2 390

3 007

3 505

4 098

4 408

4 601

4 463

11

Antwerp

Bélgica

1 549

1 761

1 836

1 876

2 208

2 329

2 654

2 969

3 266

3 614

4 082

4 218

4.777

12

Port Klang

Malásia

497

608

678

772

944

1 134

1 410

1 685

1 820

2 550

3 207

3 760

13

Dublai

UAE

916

1 255

1 482

1 679

1 882

2 073

2 247

2 600

2 804

2 845

3 059

3 502

14

N.Y/N.J

USA

1 872

1 865

2 014

1 973

2 034

2 276

3 518

2 519

2 466

2 863

3 050

3 316

15

Bremen/Bremerhav

en

Alemanh

a

1 198

1 278

1 308

1 358

1 502

1 526

1 543

1 706

1 812

2 181

2 712

2 896

2.999

16

Felixstowe

U.K.

1 436

1 434

1 543

1 639

1 735

1 898

2 042

2 251

2 462

2 697

2 853

2 800

2.732

17

Yantian

China

12

14

17

25

35

60

52

638

1 038

1 588

2 148

2 700

18

Qingdao

China

135

184

222

264

430

600

810

1 030

1 214

1 540

2 120

2 640

19

Tokyo

Japão

1 555

1 784

1 729

1 538

1 805

2 177

2 311

2 322

2 169

2 696

2 899

2 536

20

Gioia Tauro

Itália

,,

,,

,,

,,

,,

16

572

1 449

2 126

2 253

2 653

2 488

2.955

21

Laem Chabang

Tailândia

,,

1

34

219

377

529

820

1 024

1 559

1 828

2 105

2 312

22

Yokohama

Japão

1 648

1 796

1 887

2 168

2 317

2 757

2 348

2 348

2 091

2 173

2 317

2 304

23

Manila

Filipinas

1 039

1 048

1 158

1 251

1 502

1 668

1 972

2 121

1 846

2 147

2 292

2 296

24

Tanjung Priok

Indonésia

644

736

908

1 000

1 252

1 300

1 422

2 091

1 898

2 273

2 476

2 222

25

Algeciras

Espanha

553

762

780

807

1 004

1 155

1 307

1 538

1 826

1 833

2 009

2 152

2.229

26

Tanjung Pelepas

Malásia

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

418

2 049

Page 79: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

78

27

Kobe

Japão

2 596

2 635

2 608

2 696

2 916

1 464

2 229

1 944

2 101

2 176

2 266

2 010

28

Tianjin

China

286

339

390

482

631

702

800

,,

1 018

1 302

1 708

2 010

29

Nagoya

Japão

898

1 001

1 098

1 155

1 224

1 477

1 469

1 498

1 458

1 565

1 912

1 872

30

San Juan

Porto

Rico

1 381

1 584

1 564

1 553

1 598

1 593

1 600

1 915

2 071

2 085

1 884

1 830

31

Keelung

Taiwan

1 828

2 008

1 941

1 856

2 050

2 170

2 109

1 384

1 704

1 666

1 960

1 816

32

Guangzhou

China

81

116

118

131

160

,,

,,

,,

,,

1 180

1 430

1 730

33

Colombo

Sri Lanka

584

669

676

858

973

1 029

1 356

1 687

1 714

1 704

1 733

1 727

34

Oakland

USA.

1 124

1 195

1 287

1 305

1 491

1 550

1 498

1 531

1 575

1 664

1 777

1 644

35

Jawaharlal Nehru

Índia

34

55

109

143

173

244

423

504

669

890

1 190

1 574

36

Charleston

USA.

807

809

804

838

971

1 031

1 079

1 151

1 278

1 483

1 633

1 528

37

Genoa

Itália

310

344

338

342

512

615

826

1 180

1 266

1 234

1 501

1 527

1.531

38

Le Havre

França

858

919

746

895

873

970

1 020

1 185

1 319

1 378

1 465

1 525

1.720

39

Valencia

Espanha

387

364

371

385

467

672

708

832

1 005

1 170

1 308

1 507

1.821

40

Osaka

Japão

483

541

633

680

795

1 159

1 177

1 204

1 156

1 273

1 474

1 503

41

Barcelona

Espanha

448

489

552

501

605

689

767

972

1 093

1 235

1 388

1 411

42

Tacoma

USA

938

1 021

1 054

1 075

1 028

1 092

1 074

,,

1 156

1 271

1 376

1 320

43

Seattle

USA.

1 171

1 155

1 151

1 151

1 414

1 479

1 474

1 456

1 545

1 490

1 488

1 315

44

Virginia

USA.

789

827

846

786

896

1 078

1 141

1 233

1 252

1 307

1 348

1 304

45

Xiamen

China

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

645

850

1 085

1 290

46

Melbourne

Austrália

623

605

659

724

801

852

905

970

1 016

1 145

1 274

1 276

47

Durban

África Sul

512

579

570

635

724

869

919

942

1 080

969

1 205

1 228

48

Cristobal

Panamá

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

1 354

1 211

49

Dalian

China

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

427

475

740

1 011

1 210

50

Ningbo

China

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

350

600

902

1 210

Outros

30 433

32 510

36 323

40 550

45 328

46 727

51 312

52969

55 503

69 633

75 860

75 042

Total no mundo

85 597

93 646

102 906

113 212

128 320

137 239

150 753

160721

174 880

203 207

231 689

236 698

Unidade: 1.000 TEU Fonte: KMI Statistics world container throughtput e Rotterdam - Port Statistics 2002

Observação relacionadas a última coluna referente ao ano de 2002 não estão condizentes com o ranking dos maiores portos informações

Page 80: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

79

Tabela 16 - Movimentação de contêineres nos

principais portos brasileiros

Portos 2001 2000 1999 1998 1997

Santos 1.047.685 800.898 774.959 799.476 829.489

Rio Grande 346.321 316.972 261.929 224.577 194.963

Paranaguá 281.891 252.879 194.939 161.569 139.141

Rio de Janeiro 252.071 217.333 204.289 198.197 202.763

Itajaí 243.554 176.815 136.062 129.563 118.822

São Francisco do

Sul

176.222 168.334 151.111 116.707 95.394

Salvador 106.761 95.307 79.116 51.375 52.496

Manaus 102.448 88.807 48.553 44.076 60.783

Vitória 93.203 91.738 86.810 76.196 62.472

Suape 75.816 62.822 39.142 44.076 30.642

Fonte : MT- Anuário Estatístico 2000 e ANTAQ Anuário Estatístico 2001

Podemos verificar que seis dos dez maiores portos do mundo

movimentam uma quantidade expressiva de contêineres

transbordados. Como os dados apresentados na tabela 14 são de

1996 e o porto de Shenzhen , na China não movimentava ainda

contêineres neste período, este porto hoje deve, provavelmente,

movimentar uma quantidade significativa de contêineres

transbordado e o mesmo deve acontecer com o porto de Shaghai

localizado no mesmo país. Logo, somente os portos de Long Beach e

Los Angeles não movimentam uma quantidade expressiva de

contêineres, provavelmente em razão da sua legislação ser

extremamente rígida em relação a cabotagem, que deve ser feita

exclusivamente por navios de empresas americanas, construídos nos

EUA e tripulados por americanos, conforme a lei Ocean Shipping

Reform Act 1998 - OSRA (ESCAP, pg. 6).

Page 81: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

80

Portanto, o transbordo de contêineres é uma fonte importante de

atração e distribuição de contêineres para o porto concentrador.

Quanto maiores as suas conexões de serviços feeder para os

demais portos da região, mais atrativo este se torna ao tráfego

regular das principais rotas de navegação. O transbordo pode não ser

uma fonte de receita grande, no entanto é um forte atrativo para o

desenvolvimento do porto e da indústria local.

4.5 A cabotagem/ feeder no Brasil

Verificamos que até o ano 2001 nenhum porto brasileiro se

encontrava entre os cinqüenta maiores portos em movimentação de

contêineres do mundo. No entanto, o Brasil é o 21º país em

movimentação de contêineres, como podemos verificar na tabela

abaixo:

Toda operação feeder se transforma em transbordo, pois representa

a concentração de contêineres em portos concentradores, para

posteriormente serem transportados a outros portos de outras

regiões, por meios de navios menores, estas mesmas embarcações

na viagem de volta trazem os contêineres dos portos feeder para o

porto hub que serão posteriormente embarcados em navios maiores

que distribuíram as cargas a portos concentradores de outras regiões.

A cabotagem muitas vezes pode se tornar uma forma de feeder se for

acompanhada do transbordo dos contêineres de um navio menor para

um maior ou vice-versa.

Page 82: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

81

A cabotagem no Brasil vem crescendo ano a ano, conforme pode ser

observado pela tabela 18, ampliando assim a operação portuária dos

portos brasileiros. Atualmente, apenas três empresas de navegação

realizam cabotagem de contêineres em nosso país: Aliança

Navegação, Docenave Navegação e Mercosul Line (Desafio

multimodal, 2003, pg. 38). Essas mesmas empresas de navegação

realizam também os serviços feeder entre a Argentina, Uruguai e

Brasil.

Page 83: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

Tabela 17 - Os cinqüenta países com maior movimentação de contêineres do mundo

Ranking

País

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

1

China

1 204

1 506

2 011

2 785

4 064

17 232

18 698

19 929

24 708

29 392

40 984

43 970

2

USA.

15 245

15 546

16 889

17 390

18 442

19 104

21 777

21 766

24 165

25 165

27 315

27 036

3

Singapura

5 224

6 354

7 560

9 046

10 399

11 846

12 944

14 135

15 136

15 999

17 096

15 604

4

Japão

7 956

8 782

8 965

9 349

10 417

10 604

11 033

10 847

10 523

12 104

13 130

12 981

5

Taiwan

5 451

6 130

6 179

6 795

7 310

7 849

7 866

7 919

8 343

9 758

10 511

10 456

6

Korea

2 348

2 571

2 751

3 071

3 826

4 503

5 078

5 637

6 460

7 303

9 030

9 888

7

Alemanha

3 267

3 512

3 595

3 870

4 260

4 451

4 766

5 916

6 128

6 662

7 696

8 299

8

Itália

1 803

1 870

1 891

2 293

2 623

2 992

3 768

4 690

5 857

6 022

6 919

7 131

9

Holanda

3 762

3 856

4 204

4 261

4 638

4 880

5 117

5 638

6 062

6 529

6 407

6 227

10

Malásia

888

1 074

1 218

1 398

1 746

2 075

2 550

2 843

3 026

3 978

4 642

6 225

11

U.K.

4 042

4 088

4 409

4 398

4 667

4 726

5 676

6 111

6 525

6 120

6 435

6 212

12

Espanha

1 930

2 270

2 274

2 343

2 696

3 165

3 455

4 102

4 757

5 171

5 790

6 153

13

Bélgica

1 901

2 090

2 399

2 405

2 827

2 863

3 211

3 616

4 053

4 475

5 058

5 110

14

UAE

1 563

2 073

2 506

2 935

3 203

3 512

3 750

10 225

4 448

4 850

5 056

5 082

15

Austrália

1 637

1 672

1 851

2 004

2 230

2 280

2 484

2 668

2 845

3 092

3 543

3 620

16

Indonésia

924

1 153

1 397

1 611

1 912

2 048

1 764

2 479

2 000

3 552

3 798

3 492

17

Tailândia

1 078

1 172

1 337

1 492

1 772

1 962

2 052

2 124

2 639

2 892

3 179

3 382

18

Filipinas

1 408

1 441

1 158

1 663

2 016

1 892

2 336

2 492

2 442

2 966

3 032

3 091

19

França

1 565

1 594

1 298

1 558

1 550

1 693

1 841

2 168

2 496

2 663

2 923

2 984

20

Canada

1 507

1 434

1 389

1 451

1 539

1 740

1 996

1 331

2 355

2 703

2 928

2 871

21

Brasil

691

679

874

934

1 151

1 414

1 424

1 377

1 437

2 182

2 413

2 616

22

Índia

687

699

793

1 017

1 257

1 360

1 506

1 738

1 989

2 064

2 451

2 591

23

Panamá

180

238

289

308

353

484

617

1 581

1 426

2 840

2 370

2 171

24

Porto Rico

1 381

1 615

1 594

1 589

1 651

1 626

1 630

1 972

2 071

2 150

1 946

1 886

25

África do Sul

776

881

877

977

1 094

1 360

1 431

1 467

1 658

1 342

1 847

1 818

26

Sri Lanka

584

669

676

858

973

1 029

1 356

1 687

1 714

1 704

1 733

1 727

27

Egito

350

576

737

990

1 117

1 063

911

994

805

1 415

1 626

1 709

28

Arábia Saudita

789

1 071

1 154

1 219

1 183

1 090

1 148

1 287

1 367

1 448

1 503

1 677

Page 84: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

83

29

Turquia

352

399

447

581

605

738

555

369

1 262

1 325

1 592

1 555

30

Grécia

480

549

645

703

691

811

737

845

1 120

1 187

1 391

1 430

31

México

307

346

444

461

483

557

684

832

669

1 127

1 316

1 358

32

Oman

168

156

116

90

88

96

101

109

139

774

1 162

1 325

33

Vietnã

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

,,

1 190

1 291

34

Chile

178

205

288

500

500

540

633

711

759

1 099

1 253

1 209

35

Malta

136

197

288

319

428

554

632

704

1 119

1 091

1 082

1 206

36

Nova Zelândia

471

511

546

627

732

793

895

950

887

994

1 067

1 144

37

Argentina

209

255

350

450

532

254

530

720

807

1 122

1 145

1 058

38

Ilhas Havaianas

,,

,,

,,

,,

862

577

731

875

844

545

1 021

1 047

39

Ilhas Canárias

150

370

420

402

573

536

577

843

739

1 002

1 029

1 033

40

Finlândia

306

291

340

483

509

548

651

767

712

657

928

1 019

41

Venezuela

,,

,,

,,

,,

161

215

245

606

830

755

675

925

42

Jamaica

145

165

189

265

339

395

478

497

671

608

766

889

43

Suécia

472

481

516

621

765

734

770

797

780

849

884

857

44

Portugal

411

437

468

441

449

444

511

522

596

611

670

804

45

Irlanda

364

339

497

413

471

506

524

759

597

663

721

750

46

Costa Rica

,,

123

278

,,

362

195

,,

,,

,,

590

574

564

47

Dinamarca

377

395

409

410

452

467

476

412

446

497

569

549

48

Cote d'lvoire

181

180

189

239

248

261

212

,,

469

354

434

544

49

Peru

,,

98

,,

,,

,,

,,

244

322

378

378

461

538

50

Colômbia

111

129

119

,,

,,

,,

,,

,,

50

730

792

531

Outros

10 638

11 405

14 082

16 196

18 155

7 177

8 379

342

3 571

9 708

9 611

9 067

Total Mundial

85 597

93 646

102.906

113.212

128.320

137.239

150.753

160.721

174.880

203.207

231.689

236.698

Unidade: 1.000 TEU

Fonte: KMI Statistics world container

Page 85: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

Aparentemente, em pequena escala a cabotagem vem prestando

serviço feeder ao nosso comércio marítimo de longo curso, tanto para

a concentração de contêineres como também para a sua distribuição

para os demais portos Brasileiros, por meio de portos como Santos,

Suape e Rio Grande. Infelizmente, como não existem dados oficiais

sobre o transbordo no Brasil fica difícil afirmar e comprovar essa

evolução.

Tabela 18

Evolução da Cabotagem no Brasil (em TEU)

ANO 1999 2000 2001 2002 2003*

TEU 23.800 90.700 146.000 165.400 184.000

Fonte: Desafio Multimodal Portos e Navios (*) Previsão

No entanto, os itinerários de cabotagem e feeder da Aliança

Navegação, da Docenave e da Mercosul Line envolvem os três portos

brasileiros mencionados, conforme podemos verificar a seguir:

a) Aliança Navegação (Aliança Navegação, 2004, sailing schedule)

No transporte feeder do Mercosul oferece dezesseis navios com

escala diária

Mercosul Direção Sul ( Southbound )

Page 86: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

85

Portos escalados : Manaus - Fortaleza - Salvador -

Sepetiba - Santos - Montevidéu - Buenos

Aires

Mercosul Direção Norte ( Northbound )

Portos escalados : Buenos Aires - Montevidéu - Rio Grande

- São Francisco do Sul - Santos - Sepetiba -

Suape - Fortaleza - Manaus

No serviço de Cabotagem oferece 4 navios com freqüência

semanal:

Direção Sul ( Southbound )

Portos escalados : Manaus - Fortaleza - Salvador -

Sepetiba - Santos - Rio Grande

Direção Norte ( Northbound )

Portos escalados : Rio Grande - São Francisco do Sul -

Santos - Sepetiba - Suape - Fortaleza -

Manaus

b) Docenave Navegação (Docenave, 2004, navegação de

cabotagem)

Cabotagem e Mercosul

Page 87: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

86

Portos escalados : Rio Grande - São Francisco do Sul -

Paranaguá - Santos - Vitória - Salvador -

Maceió - Suape - Fortaleza

Feeder a cada duas semanas

Portos escalados : Itajaí - São Francisco do Sul -

Paranaguá - Santos - Sepetiba - Rio de Janeiro

- Vitória - Salvador

c) Mercosul Line (Mercosul Line, 2004, itinerários)

No itinerário, utiliza dois navios próprios

Portos escalados : Manaus - Fortaleza - Recife - Vitória -

Rio de Janeiro - Santos (*1) - Montevidéu -

Buenos Aires (*2) - Vitória (*2) - Salvador

(*2) - Recife (*2) - Fortaleza (*2) - Manaus

(*2)

(*1) para sempre na decida na direção Sul Southbound

(*2) para sempre na subida na direção Norte Northbound

O porto de Suape por sua posição geográfica, com um canal de

acesso de 16,5 metros de profundidade e um terminal de contêineres

(TECON) gerido por um operador global (ICTSI - International

Container Terminal Services), com larga experiência no ramo

(SDEET, 2004, estrutura portuária-tecon ), vem concentrando cargas

dos portos brasileiros, uruguaios e argentinos, e atraindo atenção de

grandes empresas de navegação que fazem o tráfego de longo curso

(APL, Aliança Navegação, Crowley Americam Transport, Evergreen,

Page 88: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

87

Hamburg Sud, Lykes, Maersk, P&O Nedlloyd) e que já possuem

contrato com a ICTSI (ICTSI, 2004, Suape terminal Suape Brazil).

Todos esses armadores fazem parte das 20 maiores empresas de

navegação regular do mundo ou fazem parte de um grupo que as

compõe.

Além disso, o crescimento que este porto vem demostrando com o

aumento da movimentação de contêineres é significativo. Por

exemplo: Se compararmos a movimentação de contêineres, de

fevereiro de 2003 para o mesmo período do ano anterior, podemos

notar que a carga conteinerizada cresceu 1.459 % e os navios full-

container 500% (SDEET, 2004, Portos Pernambucanos). Entretanto,

a movimentação de contêineres em fevereiro de 2003 foi de apenas

798 contêineres, enquanto que no mesmo período do ano seguinte

foi de 10.399, sendo que o número de navios de todos os tipos

também cresceu de 29 navios para 53 navios. (SDEET, 2004, Portos

pernambucanos apresentam crescimento na movimentação de carga

total no mês de fevereiro).

É prematuro afirmar que o porto de Suape será o porto concentrador

do Nordeste, visto que o porto de Salvador e Fortaleza vem também

aumentando a sua movimentação de contêineres, além de fazerem

parte do tráfego marítimo de cabotagem e feeder das três empresas

de navegação que realizam esse tipo de serviço na costa brasileira.

Apesar de Suape só ser atendido por duas empresas de navegação

que fazem o tráfego de cabotagem e feeder, a outra empresa,

Mercosul line, escala Recife, porto extremamente próximo a Suape,

tanto no sentido Norte quanto Sul. Deste modo, a carga pode ser

deslocada via transporte rodoviário, objetivando levá-la até Suape

para atender os navios da P&O Nedlloyd no longo curso. A Mercosul

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88

Line é uma empresa brasileira subsidiária da P&O Nedlloyd, logo o

mais provável é que realize serviço feeder para a empresa mãe.

Também é visível o crescimento do porto de Suape em

movimentação de contêineres e o interesse as grandes empresas de

navegação neste porto, principalmente por possuir um bom calado e

instalações especialmente desenvolvidas para movimentação de

contêineres, o que nenhum concorrente tem até o momento no

Nordeste.

Os portos de Salvador e Fortaleza possuem, respectivamente,

calados de 8,2 metros e 10 metros de profundidade, e por não ter

nenhum espaço para expandir a suas instalações tem a necessidade

da realização de grandes obras, o que implicaria no

deslocamento/destruição das estruturas já existentes. Por essa

razão, os seus respectivos estados estão investindo em novos portos

de Pecém e Aratu (CODEBA, 2004, Localização Geográfica e

Características)(Companhia Docas do Pará, 2004, característica

físicas do porto).

O calado existente no porto de Salvador e Fortaleza não é profundo o

suficiente para atender os maiores navios panamaz, com capacidade

4.500 TEU e calado de 12 metros, o que favorece o porto de Suape

que pode movimentar navios ainda maiores, proporcionando assim o

ganho de escala das empresas de navegação no emprego destas

embarcações.

Outro porto que se destaca na cabotagem é Santos, em virtude

de ser localizado em São Paulo, o mais rico estado do país, além de

possuir a melhor malha rodoviária do país e uma das maiores redes

ferroviárias do Brasil. O estado e suas conexões modais proporcionam

Page 90: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

89

um grande volume de cargas ao porto, transformando-o no maior

porto em movimentação de contêineres do Brasil. Atraindo para suas

instalações as principais linhas de navegação nos tráfegos marítimos

nas direções norte e sul no longo curso, cabotagem e feeder. Todas

as três empresas de navegação que realizam serviços feeder e

cabotagem na costa brasileira, e que vão a Argentina e Uruguai,

escalam o porto de Santos em todas as suas rotas. No ano de 2003,

Santos, movimentou 1.560.201 TEU, incluindo 124.193 TEU da

cabotagem. (CODESP, 2004, Estatística Mensal de Movimentação

Dezembro de 2003 / Tabela 11).

Os portos de Rio Grande, Itajaí, Paranaguá e São Francisco,

localizados na região sul do país, vem tendo um crescimento

expressivo na movimentação de contêineres (ver Tabela 19),

principalmente os primeiros dois portos.

O porto de Rio Grande se destaca na movimentação de contêineres

em decorrência do TECON RG, que foi o primeiro terminal de

contêineres a ter as suas operações privatizadas, e vem obtendo

resultados expressivos nos últimos anos, sendo considerado um dos

melhores terminais em movimentação de contêineres do Brasil

(32,86 mov./hrs em 2003), tendo inclusive construído um relação

harmoniosa entre capital e trabalho, sendo em muitos casos o

primeiro a conseguir acordos trabalhistas que auxiliam o

desenvolvimento de sua estrutura e a melhoria de sua produtividade.

Em 2003, o TECON-RG movimentou a maioria dos contêineres do

porto de Rio Grande, 542.639 TEU, incluindo 15.013 contêineres

cheios de cabotagem e 18.535 contêineres na navegação interior, e

realizou 33.570 operações de transbordo, recebendo em suas

instalações 974 navios e barcaças (TECON-RG , 2003, pg.2-3).

Page 91: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

90

O porto de Rio Grande é o caminho marítimo natural da indústria da

Região de Porto Alegre e demais localidades em volta da Lagoa dos

Patos, sendo essa a razão que realiza movimentação de contêineres

na navegação interior, e com isso parte de seu transbordo. Além

disso, os tráfegos da empresa Aliança Navegação na cabotagem e

nos serviços feeder escalam nas suas dependências em todas as suas

rotas, o mesmo ocorre com a Docenave Navegação nos itinerários da

cabotagem e do Mercosul.

O calado do canal do porto é aproximadamente de 13,2 metros,

existindo ainda muita área para expansão de suas instalações

(DEPREC, 2004, Condições de navegação e manobra ), o que

representa uma vantagem em relação aos demais portos da Região

Sul, pois os portos de São Francisco do Sul, Paranaguá e Itajaí

possuem, respectivamente, calados de 11, 12,8 e 9,9 metros de

profundidade, não possuindo grandes áreas anexas as instalações

portuárias para expansões futuras (AAPA, 2004, Infra-

estrutura/APSFS ,2004, Característica/ ITAJAÍ , 2004, Estrutura

Física).

O porto de Rio Grande poderá crescer ainda mais com a melhoria de

sua malha ferroviária e rodoviária. Outro fator que pode contribuir

muito para o maior desenvolvimento das suas atividades portuárias é

a zona de processamento de exportação (ZPE), localizada próxima as

dependências portuárias. Diversos países em fase de

desenvolvimento criaram zonas de processamento de exportações ou

de livre comércio, próximas aos portos com grande volume de carga.

A China é um bom exemplo de desenvolvimento do porto acoplado a

ZPE e vice-versa. (World Bank, 2001, pg.41)

Page 92: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

91

Tabela 19

Grandes Portos da Região Sul na Movimentação de

Contêineres

Anos/ Portos Rio Grande Itajaí Paranaguá S. Francisco do

Sul

2003 554.253 466.751 309.924 281.057

2002 454.779 334.726 270.865 258.826

Fontes: DEPREC Estatística movimentação mensal 2003 de contêineres cheios de importação e

exportação TECON Porto Novo e Estatística movimentação Geral de contêineres TEUs 1998/2002 /

AAPA Estatística Resumo Geral / APSFS Estatística Movimentação de contêineres 2003 e

Estatística Movimentação de contêineres 2002 / ITAJAÍ Estatísticas 2003 Movimentação de

contêineres TEU (cais público + TECONs) e Estatísticas 2002 Movimentação de contêineres TEU

(cais público + TECONs)

4.6 Operadores Portuários Globais

No início da década de 90, apesar da pressão crescente da sociedade

para que o porto torna-se mais eficiente, a falta de recursos dos

governos não permitia a realização dos investimentos necessários

para o desenvolvimento da atividade portuária, de forma a atender o

crescimento do comércio internacional. Novas fontes de

financiamento eram necessárias para que a indústria portuária

pudesse desempenhar a sua função com dinamismo e eficiência.A

partir deste período, as empresas privadas começaram a tomar conta

das operações portuárias, por meio da privatização dos terminais,

onde a administração governamental adotou o sistema Land Lord ,

com regras regulamentando a exploração das instalações portuárias.

Normalmente, quanto maior o investimento do setor privado maior o

tempo de sua concessão (World Bank, 2001, pg.46)

Page 93: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

92

De forma geral, desde de 1990 até o final década foram realizadas

112 privatizações na área portuária, gerando investimentos que

superam a marcar de US$ 9 bilhões, que renovaram e melhoraram

as superestruturas e infra-estruturas dos TECON ou de outros tipos

de terminais (World Bank, 2001, pg.47).. Várias empresas com

ampla experiência no setor e de reconhecida competência

começaram a expandir as suas atividades operacionais, provendo aos

terminais e portos privatizados a oportunidade de eliminar os

tradicionais controles e procedimentos operacionais burocráticos, e

proporcionar novas fontes de recursos financeiros para a melhoria

das instalações portuárias e de seus equipamentos. Deste modo

começaram a surgir os operadores portuários globais. Porém, foram

poucas as empresas que se aventuraram a conquistar novos

mercados fora de seus países ou de seu porto de origem, como

podemos ver na tabela abaixo, que reflete a situação dos operadores

globais ao final da década de 90.

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Tabela 20

Operadores Portuários Globais e suas instalações

portuárias

Operadores Portuários Portos

Hutchinson Port

Holding (HPH)

Hong Kong, Felixstowe, Thamerport, Harwich, Freeport,

Balboa, Cristobal, Shanghai, Xiamen, Yantian, Shantou,

Nanhai, Jiangmen, Delta Ports (Gaolan, Jiuzhou, Shanshan,

Zhuchi, Gaosha), River Terminal e Rangoon

P&O Ports Sydney, Melbourne, Brisbane, Fremantle, Southampton,

Tilbury, Genova, Cagliari, Nhava Sheva, Qasim, Colombo,

Bangkok (Bangkok Modern Terminals), Laem Chabang,

Shekou, Manila, Buenos Aires, Vostochny (com Sealnad) e

Maputo

Port of Singapore

Corporation (PSA)

Aden, Genova, Dalian, Fuzhou, Tuticorin, Singapura, Nandong

e Veneza

ICTSI Manila, Karachi, Buenos Aires, Vera Cruz, Ensanada,

Dammam e Rosário

Stevedoring Services

of America (SSA)

Manzanillo (Panama), Manzanillo (México), vários terminais

em portos americanos incluindo America em Seattle (Em

parceria com a COSCO). Tacoma, Oakland, São Francisco, Los

Angeles, Charleson, Savannah e Jackonsiville

Europe Combined

Terminal (ECT)

Roterdã, Trieste e Duisburg (Barcaças)

Hessenatie Antuérpia e Zeebruge

Eckeelmann Eurokai Hamburgo, Gioia Tauro (em parceria com a Contship)

Ceres Terminal Montreal, Halifax, Nova Scotia, Baltimore, Nolfolk, Charleston,

Savannah, Houston, Nova Orleans, Odessa e Amsterdã

Sealand Hong Kong, Kaohsiung, Yokohama, Roterdã, Algeciras, Long

Beach, Oakland, Nova York, Baltimore, Tacoma, Rio Haina,

Adelaine, Salalah e Tianjin

Page 95: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

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Maersk Salalah (em parceria com Sealand), Dalian (Em parceria com

a PSA), Yiantin, Qingdao, Nova York, Oakland, Long Beach e

Montevidéu

Evergreen Los Angeles, Charleston, Tacoma, Coco Solo (Panamá),

Kaohsiung, Laem Chabang e Taranto

Cosco Participação em diversos portos com a HPH e P&O Ports,

Nápoles e Long Beach

Neptune Orient Lines/

Americam President

Lines

Karachi, Oakland, Seattle, Los Angeles, Kaohsiung,

Yokohama, Kobe e Ho Chi Minh

Contship Italia

/Associ.British Ports

La Spezia, Savoria, Cardiff, Grimsby, Immirgham,

Southampton e Tilbury

Hamburger Haten e

Lagerhaus-AG

Hamburgo e Buenos Aires

Fonte : ADB Developing best practises for promoting private sector investiment in infrastructure

Ports

Como podemos notar, nenhum porto brasileiro estava nessa relação.

No entanto, posteriormente o terminal de Suape veio a ser arrendado

pela ICTSI. Vários desses operadores fazem parte de uma Holding

que congrega empresas de navegação, terminais e outros serviços,

como por exemplo a Maersk, que posteriormente incorporou grande

parte dos ativos da Sealand, tornando-se a empresa

Maersk/Sealand.

Atualmente, diversos outros operadores deixarem de existir, em

razão de terem sidos adquiridos por operadores globais ou por

empresas de navegação, alguns desses casos serão mencionados

adiante.

De acordo Brian Thomas (THOMAS , pg 19), os operadores portuários

têm os seguintes objetivos:

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95

- "Estratégico: O objetivo é poder

oferecer aos armadores uma rede de portos e

instalações a nível mundial, para que navios

atraquem nas instalações dos operadores e

utilizem os seus serviços. Isso possibilitará

aos operadores globais estabelecerem uma

escala apropriada de operações e negociar

pelo mundo o fornecimento de instalações e

serviços a nível mundial a empresas de

navegação. Podendo habilitá-los ao

fechamento de acordos com as linhas

marítimas por longos períodos;

- Marketing: Responder a intensa

competitividade que existe entre os

operadores portuários e proteger a sua

participação no mercado; e

- Financeiro: O desejo de ampliar os

negócios e instalações portuárias, para

melhorar a sua rentabilidade e ganhos para

alcançar uma taxa de investimento

satisfatória.

Os grandes operadores Globais, conhecidos como os The Big Four ,

dominavam 30% do mercado de movimentação de contêineres no

ano de 2000 (Woodbridge, 2002, pg. 86), passando para 33,6% no

ano de 2002 (More terminal consolidation foreseen, 2003, pg. 33),

sendo que a expectativa para o 2010 é de que passem a controlar

42%, o que significará uma movimentação de 182 milhões de TEU.

(More terminal consolidation foreseen, 2003, pg. 33)

Page 97: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

96

Tabela 21

Operadores Portuários Globais em volume de milhões

de TEU

Companhias 1999 2000 2001

HPH 18.0 25.3 29.0*

PSA 17.9 19.8 19.12

APM Terminals 12.5 13.3 18.0*

P&O Ports 6.2 8.3 9.81

EUROGATE 6.32 7.03 8.61

SSA 3.6 4.5 6.0

CSX World Terminals - 3.5 3.3

Fonte: The Big Four - Contenerization International

A HPH, a maior operadora portuária de contêineres do mundo, é

subsidiária da empresa Hutchinson Whampoe, que possui negócios na

área de telecomunicação e comércio internacional, com sede em

Hong Kong. Possui 178 berços espalhados pelo mundo todo em 32

portos e movimentou 35,8 milhões de TEU em 2003 (HPH, 2004,

introduction).

Da mesma forma como os quatro grandes, a HPH investe bastante

em novos projetos, e muitas vezes com parceiros locais. Além da

aquisição de concorrentes, no ano de 2001, a empresa adquiriu oito

terminais da ICTSI acrescentando a sua movimentação 1,7 milhões

de TEU, sendo que ainda naquele ano comprou ECT (Woodbridge, pg.

86). Hoje tem presença nos seguintes países:

Hong Kong, China (11 portos), Tanzânia, Arábia Saudita,

Argentina (Buenos Aires Buenos Aires Container Terminal

), Bahamas, México (quatro portos), Panamá (dois portos),

Page 98: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

97

Indonésia, Korea (dois portos), Malásia, Myanmar,

Paquistão, Tailândia, Holanda, Reino Unido (três portos).

(HPH, 2004, port overview)

O grupo PSA só começou a sua expansão em 1996, partindo de

Singapura para conquistar novos mercados. Atualmente, opera em

nove países e é o único dos grandes operadores que não tem

presença nas Américas. Está presente hoje nos seguintes países:

Singapura, China (quatro portos), Bélgica (dois portos),

Itália (dois portos), Portugal, Brunei, India (dois portos),

Korea e Yemen. (PSA, 2004, PSA home)

No ano de 2001 o grupo PSA comprou o operador portuário Belga

HesseNordNatie, que anteriormente tinha sido criado por meio de

uma fusão de dois grandes operadores portuários que atuavam no

porto de Antuérpia e de Zeebrugge (Woodbridge, pg. 87).

APM Terminals,faz parte do grupo AP Moller , dona da maior

empresa de navegação de contêineres do mundo, como descrito no

capítulo anterior. O APM terminals surgiu da fusão de dois grandes

operadores portuários e transportadores marítimos Maersk e

Sealand, onde a última passou grande parte dos seus ativos em

navios e terminais para o AP Moller , sendo que a parte referente

ao transporte de terra, como as ferrovias, permaneceu na mão do

grupo americano CSX Wolrd Terminals , que ficou com alguns

terminais portuários da Sealand. Hoje, essa empresa é uma das

maiores operadores de logística dos Estados Unidos ( CSXWT, 2004,

company overview).

Page 99: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

98

O APM Terminals, terceiro maior operador global do mundo, opera 30

terminais e movimentou 18 milhões de TEU em 2003. Esse operador

possui independência administrativa da Holding a fim de diversificar

o seus clientes e não depender somente das empresas do grupo,

visando adquirir novas receitas e outros armadores (APM , 2004,

APM Terminals) / (Woodbridge, 2002, pg. 87). Atualmente possui

terminais nos seguintes países:

Estados Unidos (14 portos), Argentina (Buenos Aires

Terminal 4), Dinamarca, Espanha, Alemanha, Romênia,

Itália, Holanda, Nigéria, Egita, Japão (dois portos), Taiwan,

Tailândia, Malásia, India, Oman e China. (APM , 2004,

Global Terminals)

O último dos grandes operadores portuários a nível mundial é P&O

Ports, que opera 27 terminais de contêineres, e está presente no

segmento de logística atuando em 100 portos do mundo, tendo

movimentado 12,3 milhões de TEU em 2002. (P&0 Ports, 2004,

General Overview). Opera terminais nos seguintes países:

Estados Unidos (sete portos), Canadá, Moçambique,

Austrália (quatro portos), Filipinas, Indonésia, Tailândia,

China (três portos), Sri Lanka, India (quatro portos),

Paquistão, Bélgica, França (três portos), Reino Unido (dois

portos), Argentina (Buenos Aires Terminates Rio De Le

Plate) (P&O Ports, 2004, Operations)

A empresa de navegação NYK vem crescendo muito no ramo de

operações portuárias e em 2002 adquiriu o grupo Ceres Terminal.

Sendo assim, a partir do ano 2004 deverá ter operando mais de 6

milhões de TEU, além de expandir as suas redes de terminais para

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99

Holanda e Canadá, e de ampliar o número de instalações nos

Estados Unidos. (Ceres Terminal, 2004, corporate information)

Como podemos verificar diversas empresas operadoras portuárias

que atuavam no final da década de 90 foram adquiridas. O setor de

operação portuária, como de empresas de navegação, vem

concentrando grandes volumes na mão de poucas empresas, o que

preocupa as empresas de navegação e as autoridades portuárias e

marítimas de alguns países, podendo provocar futuramente

restrições a essas empresas (Woodbridge, pg. 91).

Os operadores portuários vem adquirirndo terminais em pontos

estratégicos como por exemplo nas duas entradas do canal do

Panamá pela operadora HPH (terminais em Balboa e Cristobal); ou as

duas entradas/saídas do Mar do Mediterraneo onde os terminais de

Algecira na Espanha e o novo terminal na saída do Canal de Suez

localizado no Egito ( Port Said East ) são ambos geridos pela

empresa APM Terminals; ou ainda, o Porto de Singapura gerido pela

PSA e geograficamente posicionado entre os tráfegos marítimos da

Ásia e Europa, e próximo aos mercados de destino e origem do

Sudeste Asiático (World Bank,2001, pg. 3).

Como podemos notar, todos esses portos são bem posicionados,

sendo próximos ao tráfego marítimo e, em função disso, muitos dos

terminais que fazem parte dos ativos dos operadores globais ficam

distribuídos semelhantemente ao modelo de

portos concentradores apresentado pela ECLAD.(ECLAD, pg. 14-15,

1998)

Fonte: LIM 2004

Page 101: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

100

Quinto CapítuloCONCLUSÃO

O presente trabalho tentou demonstrar, por meio do que foi o

exposto nos capítulos anteriores, a relevante contribuição da

conteinerização para o desenvolvimento do comércio exterior. A

medida que esta extraordinária invenção progredia o mundo se

beneficiava de uma forma de transporte que cada vez mais se

aperfeiçoava e barateava as importações e exportações de produtos,

provendo segurança, dinamismo, facilidades e oportunidades ao

transporte de mercadorias.

Antes, as mercadorias chegavam ao porto de destino com

perdas e avarias, e muita vezes num prazo longo e incerto, o que

forçava as empresas a manterem grandes estoques. Graças ao

contêiner, hoje as empresas podem manter estoque pequenos, e o

modo de operação/produção just in time é uma realidade. Além

disso, as novas tecnologias permitem que a carga possa ser

acompanhada a qualquer momento do dia por meio de um

computador. Os navios que levavam dias nos portos, hoje passam

horas e movimentam um volume de produtos muitas vezes maior do

que no passado, além de empregar um número bem menor de mão-

de-obra na sua operação.

Os preços dos fretes de contêineres, que eram altos no início

desta nova fase do transporte marítimo, nos dias atuais

proporcionam as várias mercadorias de baixo valor agregado um

despesa reduzida com o frete, graças aos grandes navios conteneiros

que evoluíram tecnologicamente e em capacidade de transporte de

cargas, gerando um significativo ganho de escala.

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101

De fato, a evolução do contêiner continua a atender a

demanda do comércio internacional e, para tal, novos navios com

capacidade para abrigar maior número de contêineres são

construídos. Os próprios contêineres, por sua vez, também estão

evoluindo, por meio de mudanças na sua estrutura sem a

necessidade de ampliação das suas dimensões, proporcionando o

aumento no número de pallets transportados e, com isso, um

aumento de 22 a 27 % no volume de cargas nos contêineres de 20

pés e de 40 pés de comprimento. Também não podemos esquecer o

surgimento do contêiner de 45 pés de comprimento com maior

capacidade de cubagem e carga, e que a cada dia fica mais comum

no tráfego mundial.

Algumas informações que foram apresentadas podem gerar

uma série de perguntas do tipo: Será que existirão navios com

capacidade de 18.000 TEU, os famosos Malamax? O frete marítimo

continuará crescendo? O modelo de portos concentradores

apresentados pela ECLAD será realmente implementado? O que

ocorrerá com a concentração do comércio marítimo de contêineres

nas mãos de poucas empresas marítimas? E das operações de

embarque e desembarque de contêineres na mão de poucos

operadores? E, principalmente, onde ficará o Brasil nesse contexto de

crescimento global?

Infelizmente somente o tempo proporcionará respostas

adequadas a essas questões.

No entanto, cabe a nós nos prepararmos para o futuro olhando

e estudando o passado, para identificarmos erros e acertos e

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102

refletirmos sobre as suas conseqüências, juntando a nossa

experiência com informações recentes que contribuam para uma

melhor análise da situação presente e futura do comércio marítimo.

Desta forma, talvez cheguemos as seguintes conclusões:

Não adianta construir grandes navios, como Malamax, se

não houver carga suficiente para carregá-lo plenamente. No

momento a demanda por espaço é superior à oferta, logo o

frete deve crescer neste ano, não muito, senão muitas

mercadorias deixarão de ser competitivas para o mercado

internacional. Além disso, as encomendas de navios para os

anos de 2005 e 2006 superam a perspectiva do crescimento

da demanda da conteinerização, por isso preve-se um

equilíbrio entre a demanda e oferta de espaço que não

provocará grandes elevações de fretes.

Os navios crescerão a medida que a demanda permitir , e

em diversos países industrializados o nível de

conteinerização da carga geral atingiu 80%. Portanto, talvez

não exista mercado para navios do porte Malamax . Outro

fator que poderá restringir o crescimento dos navios é a

tecnologia existente que pode não ser eficiente o suficiente

para atender o nível de produtividade (TEU/hora) necessário

para viabilizar a construção dessas embarcações. Acredito

que somente com a grande automação das operações

portuárias, principalmente da operação dos equipamentos,

será possível alcançar as metas desejáveis de produtividade.

Além disso, o sistema de balanço e lastro dos navios deve

ser extremamente dinâmico e eficiente para adequar as

operações de embarque e desembarque de grandes volumes

de contêineres às altas velocidades.

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103

A concentração do comércio marítimo de contêineres deve se

intensificar nas mãos das maiores empresas de navegação,

sendo que, provavelmente, as pequenas empresas deverão

sair do mercado, pois as condições para competirem com as

maiores serão cada vez menores, e somente sobreviverão

aquelas que tiverem algum tipo de nicho de mercado, como

cabotagem. Os fretes não deverão crescer, e dependerão da

concorrência entre as empresas de navegação, da demanda

e da oferta do espaço nos navios.

A concentração das operações portuárias na mão de grandes

operadores globais não é um problema, mas sim uma

solução para países que não tem recursos próprios para

investir na infra-estrutura e na superestrutura portuária,

uma vez que trazem experiência e eficiência para a melhoria

das operações portuárias. O que deve ser feito é estimular

uma concorrência não predatória entre as empresas.

Todo modelo tem como objetivo mostrar tendências futuras.

O modelo da subdivisão de portos concentradores da ECLAD

não foge a regra, uma vez que na realidade ele visa

demonstrar que essas subdivisões em portos concentradores

proporcionará contêineres suficientes aos meganavios

conteneiros, viabili-zando-os operacionalmente, pois estes

navios só são viáveis se pararem em poucos portos e

encontrarem grandes volumes de contêineres para o

transporte. Acredito que algo semelhante ao modelo

apresentado irá existir, visto que o mercado de empresas de

navegação e operadores globais estão tomando certas

atitudes neste sentido. Porém, os itinerários e a subdivisão

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104

de portos apresentados pelo modelo não serão seguidos

pelas empresas de navegação, pois estas irão fazer as rotas

de navegação que melhor convier às suas necessidades e

obrigações.

O Brasil é um país que deve repensar o que quer ser. Não

adianta apresentar modelos antigos, que só mudam de

nome, para o desenvolvimento de uma marinha mercante,

baseado numa indústria naval que não tem condições

tecnológicas e de eficiência para competir com estaleiros

internacionais, estes possuindo capacidade de entregar

qualquer navio num período de 9 a 18 meses com tecnologia

de ponta, que nossa indústria não possui. Não adianta

construir navios no Brasil, sem saber quando terá o início a

sua construção e muito menos quando será concluída.

Sendo assim, o princípio de nossas linhas de navegação, que

são os seus navios, já saem atrás da concorrência, pois o

que possuímos são embarcações obsoletas tecnologicamente

e extremamente caras, possuindo custos elevados que só

serão cobertos com fretes altos. Logo, os custos de nossas

exportações são mais elevados se utilizarem os navios

nacionais, o que contribui para reduzir a sua competitividade

no mercado mundial. Por essa razão, se desejarmos ser

competitivos, possuindo uma marinha mercante brasileira,

devemos esquecer a indústria de construção naval nacional.

Além disso, não há condição de entrar no comércio

internacional de igual para igual com as grandes operadoras

marítimas globais. Inicialmente, a empresa deverá ser o

braço de uma aliança de armadores no Brasil, a nível de

Page 106: O DESENVOLVIMENTO DA CONTEINERIZAÇÃO E SEUS EFEITOS …€¦ · Containerization has increased the development of the international commerce, considering full container ships have

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pequena e grande cabotagem, para posteriormente tentar

saltos maiores. Caso contrário logo estará pedindo socorro!

Por outro lado, se não tivermos uma marinha mercante

brasileira em momentos críticos, que podem acontecer com

qualquer país, o nosso comércio internacional sempre

dependerá da vontade das empresas estrangeiras.

Porém, deve ficar claro que o frete marítimo é determinado

pela demanda e pela oferta de espaço em navios, e qualquer

variação será repassada aos exportadores e importadores

brasileiros pelas empresas nacionais de navegação.

Bom ! Como já foi dito anteriormente, só o tempo nósproporcionará as respostas, porém nem sempre satisfatórias.