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8/18/2019 O Desenvolvimento da Resiliência em crianças em situação de risco
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Josiane dos Santos Felício
Núbia de Oliveira
Paula Suelen Moro Martinez DiasPaulo Roberto Magalhães Junior
Priscila Claus
O DESENVOLVIMENTO DA RESILIÊNCIA EM CRIANÇAS
EM SITUAÇÃO DE RISCO
Americana
2014
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Josiane dos Santos Felício
Núbia de Oliveira
Paula Suelen Moro Martinez DiasPaulo Roberto Magalhães Junior
Priscila Claus
O DESENVOLVIMENTO DA RESILIÊNCIA EM CRIANÇAS
EM SITUAÇÃO DE RISCO
Projeto apresentado como parte das exigências para composição da média final das disciplinasvigentes, no 6º semestre do curso dePsicologia, do Centro Universitário Salesiano
de São Paulo, Campus Maria Auxiliadora.
Orientador: Prof.º Ms. Fernando Pessotto
Americana2014
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 31.1 Objetivo geral ............................................................................................... 4
1.2 Objetivos específicos ................................................................................... 4
1.3 Metodologia ................................................................................................. 4
1.4 Justificativa .................................................................................................. 4
2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO ................................................................. 5
3. RESULTADOS 11
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 11REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 13
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1. INTRODUÇÃO
O objetivo desse projeto é contribuir para a compreensão do conceito de resiliência eseus diversos fatores envolvidos. Para isso, faz-se necessário uma revisão de literatura,
visando identificar como diversos autores têm definido esse construto e quais as variáveis
relacionadas a ele, tanto as prejudiciais como as facilitadoras do seu processo de
desenvolvimento.
Após análise de diversos artigos, pode-se notar que existem fatores de risco e fatores
de proteção que estão relacionados ao desenvolvimento da resiliência em crianças em situação
de risco. Apesar de serem muitos os fatores de risco que comprometem negativamente a
saúde das crianças, vários autores enfatizam que muitas delas, mesmo convivendo com
experiências adversas, não desenvolvem doenças ou sofrimentos, pois conseguem superar
danos, sem comprometer o seu desenvolvimento, demonstrando uma capacidade de lidar no
cotidiano com muitas adversidades. Para isso, essas crianças contam com a proteção, tanto do
ambiente como de sua própria potencialidade para conseguir seguir sua trajetória de vida,
sendo essa capacidade denominada pelos autores de resiliência. Desse modo, buscou-se, além
de definir o conceito de resiliência, entender e identificar quais são os fatores de risco e de
proteção, assim como compreender a relação entre essas variáveis, utilizando-se das
informações encontradas nos artigos pesquisados.
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1.1. Objetivo geral
Compreender o conceito de resiliência e analisar os fatores relacionados ao seu
processo de desenvolvimento em crianças em ambientes que apresentam fatores de risco.
1.2. Objetivos específicos
Compreender, a partir de diversos autores, o conceito de resiliência.
Identificar os fatores de risco e de proteção, oriundos de aspectos individuais e
ambientais, bem como sua interação no processo de desenvolvimento da resiliência.
1.3.
MetodologiaRevisão de literatura de artigos relacionados à resiliência, empatia, competência
social, fatores de risco, fatores de proteção e vulnerabilidade, utilizando-se das bases de dados
Scielo, Pepsic e Google Acadêmico, procurando por meio das seguintes palavras: resiliência,
crianças em situação de risco, empatia, fatores de risco, fatores de proteção, competência
social, vulnerabilidade, violência intrafamiliar.
1.4.
JustificativaContribuir para a compreensão do conceito de resiliência, possibilitando a criação de
melhores formas de facilitar o desenvolvimento da mesma em crianças com fatores de risco,
observando a relação dos fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento dessa
capacidade.
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2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
A partir da existência de crianças em situação de risco, que mesmo expostas a
circunstâncias adversas, exibem comportamento adaptativo, observa-se a necessidade de
compreender os fatores envolvidos nesse processo. Atribui-se a denominação de resiliência, à
essa capacidade de superar desafios (CECCONELO E KOLLER, 2000; HUTZ, KOLLER E
BANDEIRA, 1996; MENDEL, 2004; POLETTO, 1999, 2004).
De acordo com o dicionário de língua portuguesa (HOUAISS, 2010, p. 675),
resiliência significa para a Física “propriedade que alguns cor pos têm de retornar à forma
original após terem sido submetidos a uma deformação”, em sentido figurado, “ela é a
capacidade de se recobrar ou de se adaptar à má sorte, às mudanças”. Segundo Mendel
(2004), esse termo teve origem na física e depois foi apropriado para as ciências humanas,
pois se refere à elasticidade, capacidade rápida de se recuperar, o que se assemelha ao
indivíduo resiliente. A autora ainda ressalta que o conceito em discussão vai além de apenas
voltar ao estado original, mas é também a capacidade de apresentar comportamento
adaptativo frente situações que ameaçam o desenvolvimento saudável.
Cecconelo e Koller (2000) também definem resiliência como adaptação e salientam
que a forma como essa adaptação ocorre é individual. Após a exposição a fatores de risco, os
indivíduos podem apresentar má adaptação, como também superação, pois há questões
biológicas e ambientais envolvidas nesse processo.
Pesce et al. (2004) descreve que a resiliência não pode ser considerada uma
capacidade inata, nem adquirida naturalmente durante o desenvolvimento. De acordo com os
autores, trata-se de uma característica que depende de certas qualidades do processo interativo
do sujeito com as outras pessoas e o meio, além de ter uma variação individual em resposta ao
risco, sendo que os mesmos fatores, causadores de estresse, podem ser experienciados de
formas diferentes por pessoas distintas, não sendo a resiliência um atributo estável no
indivíduo.
Poletto & Koller (2008) trazem visão ampla sobre as variáveis envolvidas no
desenvolvimento da resiliência e estabelece relação entre a forma como a pessoa percebe os
acontecimentos, o tempo de desenvolvimento, a forma como acontecem as interações sociais
e o contexto. Deve-se levar em consideração todas essas dimensões para compreender a
singularidade de cada situação e afirmar quais componentes estão de fato contribuindo com odesenvolvimento da resiliência.
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Várias são as formas de como o ambiente exerce influência sobre um indivíduo em
desenvolvimento. O conjunto de relações interpessoais que ocorrem em ambientes próximos
de um indivíduo, e que ele mantém contato direto, configura o que Bronfenbrenner & Morris,
(1998 apud POLETTO & KOLLER, 2008, p. 406) denomina por microssistema. A qualidade
desta interação, não depende unicamente de elementos envolvidos no ambiente em que se está
inserido, mas também de elementos de outros ambientes próximos. Pode-se destacar como
exemplo, a interação de relações estabelecidas na escola, que podem ser influenciadas pela
qualidade das relações estabelecidas na família, ou ainda pela vizinhança ou outro ambiente,
cujo contato é mais íntimo. A interação de microssistemas configura o mesossistema, que
sofre alteração sempre que a quantidade de microssistemas aumenta.
Bronfenbrenner & Morris, (1998 apud POLETTO & KOLLER, 2008, p. 407) também
apontam as influências de ambientes que mantém relação indireta com o indivíduo, ou seja, as
relações estabelecidas em ambientes em que o indivíduo, propriamente dito, não está inserido,
mas afeta seu desenvolvimento, indiretamente, pelo fato de pessoas próximas a ele terem
ligação. A esses ambientes, atribui o nome de exossistema e cita como exemplos, “o trabalho
dos pais, a rede social de apoio e a comunidade em que a família está inserida”.
Há ainda o macrosistema, que envolve todos os outros sistemas, representado pelas
crenças, culturas, valores, religiões, formas de governo, ideologias, que atuais ou não,
interferem na maneira como a formação de cada indivíduo acontece em interação com outros
indivíduos já formados. (POLETTO & KOLLER, 2008).
O desenvolvimento da resiliência no indivíduo só é possível se houver um equilíbrio
entre fatores de risco e fatores de proteção, por isso não se pode percebê-la em todos os
momentos, já que ambos os fatores se alteram durante o decorrer da vida, sendo que em
algumas situações haverá mais fatores de risco do que de proteção, em outras o contrário e
ainda pode acontecer o equilíbrio dos mesmos em certas circunstâncias. Também se observacaracterísticas da personalidade que propiciam a resiliência, como ter atitude otimista frente à
situações adversas, facilitando a capacidade de se recuperar dos efeitos provocados pelo
acontecimento, o que mantém o equilíbrio do indivíduo, proporcionando também
autoconfiança, um autoconceito realista e maior abertura ao novo e às mudanças (MENDEL,
2004). Além disso, a resiliência proporciona a capacidade de criar estratégias para alcançar
um objetivo previamente definido (HUTZ, KOLLER, BANDEIRA, 1996).
Como a resiliência possui relação com os fatores de risco e os fatores de proteção,torna-se necessário a compreensão de ambos para melhor entendimento do desenvolvimento
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dessa capacidade. Os fatores de risco são variáveis relacionadas a alta possibilidade de
produzir resultados que prejudiquem a saúde, o bem estar ou o desempenho social do
indivíduo, podendo eles ser atributos biológicos e genéticos, como também sociais. Além
disso, esses fatores aumentam a probabilidade de a criança desenvolver uma desordem
emocional ou comportamental (MAIA, WILLIAMS, 2005). Entende-se também por situação
de risco, como a condição de crianças que, por alguma circunstância, estão expostas à
violência, ao uso de drogas e a um conjunto de experiências relacionadas às privações de
ordem afetiva, cultural e socioeconômica que desfavorecem o pleno desenvolvimento
biopsicossocial (LESCHER et al., 2004).
Os fatores de proteção, ao contrário, são aqueles que possibilitam alterar a resposta
pessoal má adaptativa provocada por algum risco ambiental, diminuindo também a
probabilidade de o indivíduo desenvolver problemas de externalização, como o uso de drogas,
desordem de conduta, raiva, entre outros (MAIA, WILLIAMS, 2005). É possível identificar
três fatores de proteção sendo eles apoio afetivo familiar, apoio social externo e aspectos
pessoais, como inteligência emocional, autoestima, competência social e capacidade para
resolução de problemas (CECCONELLO, KOLLER, 2000).
Maia e Willians (2005) destacam quatro fatores de risco, sendo eles a pobreza,
história, personalidade e habilidades dos pais. No fator pobreza, observa-se que esta
proporciona um ambiente estressor que gera problemas situacionais que comprometem o
desenvolvimento da criança. A história dos pais se apresenta como fator importante e pode
interferir tanto no momento que precede o nascimento da criança ou após, seja pelo não
planejamento da gestação, pela ocorrência de depressão na gravidez, pela falta de
acompanhamento pré-natal, expectativa demasiadamente irrealista da criança, pai/mãe com
múltiplos parceiros, prostituição e pais adolescentes sem suporte social, ou quando os
genitores maltratam seus filhos, situação que se repetem em 70% das crianças cujos paisforam maltratados na infância.
Segundo Poletto (1999), como consequência da pobreza, é possível observar pais que
desenvolvem problemas emocionais e psicológicos, como a depressão, baixa autoestima e
falta de esperança no futuro, além de sintomas físicos, resultante de nutrição deficiente,
suscetibilidade a desenvolver doenças crônicas, possibilidade de abuso de substâncias, o que
poderá, indiretamente, afetar seus filhos. Há também consequências que afetam diretamente
as crianças, como o acompanhamento da saúde insatisfatório, baixo aproveitamento escolar,uma maior exposição à delinqüência, entre outros.
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Oposto ao conceito de resiliência, que se relaciona com os fatores de proteção, a
vulnerabilidade compreende indivíduos expostos a fatores de risco, com possibilidade de não
os superar ou não se adaptar. Quanto maior a presença desses fatores, maior a vulnerabilidade.
Hillesheim e Cruz (2008), assim como Maia e Williams (2005) e Poletto (1999), classificam
pobreza com um fator de risco bastante influente, e acrescentam que vulnerabilidade
relacionada com pobreza na infância, é o estágio anterior ao risco e ao perigo, sendo este
último citado, o dano propriamente dito. Portanto, por se tratar de um estágio primário, a
vulnerabilidade é passível de análise e intervenção.
Além de questões socioambientais, há também predisposições individuais que
contribuem para a vulnerabilidade, como o temperamento, carga genética, alterações físicas e
psicológicas nas crianças, principalmente as envolvidas em um meio classificado de alto
risco. É importante ressaltar que a existência ou não de fatores de risco e vulnerabilidade, não
determina o fracasso no desenvolvimento da resiliência, mas a mesma se desenvolve como o
resultado da interação desses elementos, com o objetivo de proporcionar a adaptação do
indivíduo no contexto em que está inserido (POLETTO, 1999).
Embora existam vários fatores de risco, há também diversos fatores de proteção,
podendo-se destacar a validade e força do suporte social, os mecanismos familiares de
proteção e o processo de resiliência individual, sendo direcionados para reduzir os fatores de
risco familiares. Como principais fatores de proteção familiares para promover
comportamentos saudáveis, aponta-se um relacionamento positivo entre pais e criança,
método positivo de disciplina, monitoramento e supervisão, comunicação de valores e
expectativas pró-sociais e saudáveis. O suporte parental pode ser compreendido como
principal fator de proteção, pois auxilia a criança a desenvolver seus sonhos, objetivos, e
propostas de vida (MAIA, WILLIAMS, 2005). Além disso, será no contexto familiar que a
criança desenvolverá o senso de permanência, que é a percepção de que aspectos centrais davida são organizados e estáveis, o que proporciona o sentimento de segurança, confiança e
bem-estar no indivíduo, auxiliando-o a adquirir autonomia e sua adaptação frente situações
aversivas (CECCONELLO, ANTONI, KOLLER, 2003).
Ao ser exposta a condições desfavoráveis, durante seu desenvolvimento, a criança, não
necessariamente terá uma vida infeliz, pois mesmo em situações em que precisa passar por
um longo período em orfanatos ou abrigo, a mesma pode sentir-se bem, desde que este seja
um ambiente que represente a função familiar, que eduque, auxiliando na superação dasdificuldades enfrentadas. Os colaboradores auxiliam na formação de seus comportamentos,
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além deles criarem vínculos afetuosos que muitos não tiveram antes de estar ali, essa
representação positiva da instituição faz com que a criança utilize sua capacidade de
resiliência (POLETTO, WAGNER, KOLLER, 2004).
Em ambientes com fatores de risco, a resiliência proporciona bons resultados para
promover o desenvolvimento saudável da criança. Os fatores associados à essa capacidade são
o relacionamento significativo positivo com pelo menos um adulto, apoio religioso ou
espiritual, alta e realista expectativa acadêmica, ambiente familiar positivo, habilidades que
possibilitem lidar com o estresse e inteligência emocional. Para que a criança torne-se
resiliente não são necessários todos esses fatores, apesar da resiliência estar associada a um
número maior dos mesmos. Além disso, existem algumas características que podem ser
observadas em crianças que possuem a capacidade de lidar de forma adequada com as
adversidades. Esses indivíduos possuem senso de eficácia e autocompetência, são socialmente
mais perceptivos e despertam atenção positiva de outras pessoas, possuem habilidades de
resolução de problemas e de solicitar ajuda, além de possuírem a crença de que podem
influenciar positivamente o seu ambiente (MAIA, WILLIAMS, 2005).
Além desses fatores de risco e de proteção, relacionam-se também com o
desenvolvimento da resiliência a empatia e a competência social, sendo ambos considerados
fatores de proteção. Segundo Cecconello e Koller (2000), a empatia é caracterizada como uma
percepção da condição de outra pessoa, o que torna possível uma resposta emocional
semelhante a do indivíduo com quem se relaciona. O desenvolvimento da mesma tem relação
com a expressividade emocional e a capacidade de perceber e expressar emoções tanto
negativas como positivas. Santos (2011) ressalta que um estilo parental ou um relacionamento
com um vínculo afetivo para as crianças, proporcionam às mesmas um comportamento
empático, além do desenvolvimento da resiliência. Estudos verificaram que as crianças mais
empáticas eram as socialmente mais competentes, apresentando mais comportamentos de proteção e revelando uma maior adaptação social e resiliência do que as outras crianças.
Outra característica importante é a competência social, que se trata de um conjunto de
habilidades utilizadas para resolução de problemas e busca por autorrealização, possuindo três
características, sendo elas a confiança nas pessoas, o controle das situações ocorridas na vida
pessoal, produzindo a autoeficácia e autoavaliação positiva, além do estabelecimento de
objetivos realistas e esforços para cumpri-los. Desse modo, crianças competentes acreditam
em suas capacidades e possuem sentimentos positivos, em relação a si mesmas, além deelaborar estratégias para alcançar seus objetivos. Podemos descrevê-la também, como a
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habilidade de identificar quais comportamentos são adequados ao ambiente em que o
indivíduo está inserido, além do esforço para emitir comportamentos que satisfaçam a
demanda ambiental. Pessoas com essa característica conseguem desfrutar suas conquistas e
lidar com seus fracassos, utilizando de ambos para elaborar modos de se adaptar e realizar
seus objetivos, podendo-se, a partir dessa variável, observar o nível de adaptação e
ajustamento. Essa habilidade é um fenômeno psicossocial, pois está relacionada à cultura em
que o indivíduo se encontra, sendo influenciada pela mesma (CECCONELLO, KOLLER,
2000, 2003).
Quando não ocorre devidamente o desenvolvimento da empatia e da competência
social, há uma tendência do indivíduo apresentar comportamento agressivo. Esse tipo de
comportamento está associado à falta de empatia, pois, ao produzir intencionalmente dano ao
outro, não se reconhece as emoções de medo ou pavor na pessoa agredida, não havendo
sensibilização por parte do agressor. O desempenho de habilidades sociais empáticas exige
autocontrole por parte do indivíduo após o comportamento emitido por outra pessoa e
percebido como aversivo, seja por meio de gestos ou da fala, colocando-se no lugar do outro,
sendo necessário ter disposição para ouvi-lo. A falta dessa habilidade r eflete um ambiente
inadequado de socialiação e educação, que pode ser resultado da insuficiente oportunidade
de aprendiagem de habilidades interpessoais e alores de não iolncia, bem como da
habilidade de lidar com a própria agressiidade (PAVARINO, DEL PRETTE, DEL PRETTE,
2005).
As manifestações iniciais da empatia aparecem já nos primeiros meses de vida. As
condições ambientais que a criança vivencia na família, em especial as características
interpessoais dos pais e dos procedimentos que estes adotam na educação dos filhos, são
consideradas fundamentais para que os comportamentos pró-sociais e empáticos sejam
fortalecidos ou enfraquecidos. Os procedimentos mais utilizados pelos pais, na educação dosfilhos, são os de fornecer instrução, oferecer modelos (reais ou simbólicos) e dar sequência,
de forma positiva ou negativa, aos comportamentos dos filhos. O oferecimento de modelos
assenta- se nas características interpessoais dos pais e, assim como os demais procedimentos,
em um repertório elaborado de habilidades sociais educativas, ou seja, habilidades que
colaboram com o desenvolvimento e aprendizagem do outro (GARCIA-SERPA, DEL
PRETTE, DEL PRETTE, 2006).
Para melhor compreensão da relação entre fatores de risco e fatores de proteção,Pesce, et al. (2004), realizaram um estudo em que observou-se que não há relação entre um
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indivíduo resiliente e acontecimentos traumáticos (fatores de risco). Portanto, vivenciar
situações negativas não necessariamente proporcionará habilidades para lidar com os
mesmos. Identificou-se também que ser vítima de violência, apesar de não necessariamente
causar prejuízos, tende a aumentar a dificuldade de superar essas adversidades, mas ainda
assim é possível resistir a esses fatores. Os fatores de proteção, ao contrário, possuem relação
com a resiliência, o que permite compreender que a presença dos mesmos facilita a
identificação e articulação de modos de lidar com as circunstâncias aversivas.
3.
RESULTADOS
Com base nos textos revisados, pode-se constatar semelhança entre os conceitos
apresentados sobre resiliência. Há maior ênfase na relação entre resiliência e fatores de
proteção. Quanto maior os fatores de proteção e a qualidade das relações afetivas que
envolvem os indivíduos em desenvolvimento, melhor a capacidade de percepção do mundo
externo e melhor condições de lidar eventos estressores presentes em quase todos os
ambientes e que nem sempre são evitáveis.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das informações encontradas nesse estudo, por meio de uma revisão de
literatura, pode-se concluir que a resiliência é desenvolvida não apenas por características
genéticas ou biológicas do indivíduo (CECCONELLO, KOLLER, 2000), mas também está
relacionada a fatores ambientais, sendo eles tanto de risco como de proteção, de modo que os
primeiros podem interferir negativamente na capacidade da criança de se adaptar no contexto
em que está inserida, enquanto os segundos auxiliam e facilitam a mesma que atribua
significado aos acontecimentos ao seu redor, o que proporciona uma confiança maior nas
pessoas e em si mesma, além da crença de ser capaz de modificar positivamente sua vida
(MAIA, WILLIAMS, 2005; MENDEL, 2004; PESCE, et al., 2004).
Com base nesses dados, observa-se a necessidade de criar formas de minimizar os
fatores de risco no ambiente de crianças em situação de risco, assim como orientar familiares,
escolas e demais grupos que façam parte do ciclo social onde esses indivíduos estão inseridos,
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para que seja possível promover fatores de proteção, o que contribui para o desenvolvimento
da empatia, competência social e, consequentemente, da resiliência (MAIA, WILLIAMS,
2005; CECCONELLO, ANTONI, KOLLER, 2003; PESCE, et al. 2004).
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