40
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL DE 0 A 3 ANOS Gislene Santos Silva Orientador Professora Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2010

O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

  • Upload
    tranque

  • View
    229

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA

EDUCAÇÃO INFANTIL DE 0 A 3 ANOS

Gislene Santos Silva

Orientador

Professora Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2010

Page 2: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA

EDUCAÇÃO INFANTIL DE 0 A 3 ANOS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicomotricidade pela aluna GISLENE SANTOS

SILVA

Page 3: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo que me deste e o que me dá todos

os dias. Em seguida ao meu marido Antonio Carlos e meu filho Patrick pelo

amor, carinho e muitas brigas que tivemos e teremos durante todas as nossas

vidas. Em relação a minha primeira monografia, agradeço a professora

Fabiane Muniz pela paciência e dedicação com o meu projeto e a todos os

meus amigos que me ajudaram dando sugestões e aos colegas que irei ajudar

com este trabalho.

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na

intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis,

coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis como a minha querida amiga,

companheira de trabalho e minha mais nova filha Daniele, obrigada.

Page 4: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

4

DEDICATÓRIA

Dedico a minha monografia, a minha grande

amiga Daniele de Oliveira Costa que muito me

ajudou na execução deste trabalho e a todos

os professores que me guiaram visando o

aperfeiçoamento de nossas habilidades e

experiências na psicomotricidade.

Page 5: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

5

RESUMO

A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e

estruturação do esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a

prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio

das atividades, as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam e se

relacionam com o mundo em que vivem. Por isso, cada vez mais os

educadores recomendam que os jogos e as brincadeiras ocupem um lugar de

destaque no programa escolar desde a Educação Infantil. A partir deste

conceito e através da nossa prática no contexto escolar, consideramos que a

psicomotricidade é um instrumento riquíssimo que nos auxilia a promover

preventivos e de intervenção, proporcionando resultados satisfatórios em

situações de dificuldades no processo de ensino-aprendizagem.

O professor deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do

aluno, colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu

trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto.

Diante desta visão, as atividades motoras desempenham na vida da

criança um papel importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas

intelectuais. Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos

sentidos, ela percebe também os meios como quais fará grande parte dos

seus contatos sociais. Portanto, a educação psicomotora na idade escolar

deve ser antes de tudo uma experiência ativa, onde a criança se confronta com

o meio.

A educação proveniente dos pais e do âmbito escolar, não tem a

finalidade de ensinar à criança comportamentos motores, mas sim permite

exercer uma função de ajustamento individual ou em grupo. Até ir para a

creche, a criança tem um relacionamento social restrito à sua casa, com os

seus pais ou responsáveis, e a alguns familiares.

Ao freqüentar um novo ambiente, ela precisa de um período para se

adaptar ao espaço, às pessoas e às novas relações que vão surgir.

O sucesso desse processo depende do acolhimento

que a instituição oferece. Na escola, a mediação do educador é determinante,

pois a ele compete introduzir o novato no grupo.

Page 6: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

6

METODOLOGIA

A expectativa em relação à pesquisa são as melhores possíveis, pois

temos a oportunidade de confrontar opiniões, pensamentos, personalidades e

histórias de vida de vários autores como André Lapierre, Filho e Sá, Jean Le

Boulch, Assunção & Coelho, e Fátima Alves que auxiliaram para o

enriquecimento da minha formação acadêmica.

O trabalho está sendo desenvolvido para auxiliar os professores no

conteúdo psicomotor adequado para crianças de 0 a 3 anos, pois o profissional

deve estar sempre atento as etapas do desenvolvimento dos seus alunos,

colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu

trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto.

A psicomotricidade precisa ser vista com bons olhos pelos profissionais

da educação, pois ela vem auxiliar no desenvolvimento motor e intelectual de

seus alunos.

Todo professor mesmo sem especialização em psicomotricidade pode

trabalhar com seus alunos independentes do conteúdo programático

utilizando-se de forma criativa a psicomotricidade em suas aulas tornando-as

mais dinâmicas e prazerosas.

Page 7: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Psicomotricidade 09

CAPÍTULO II - Esquema Corporal 15

CAPÍTULO III – Desenvolvimento psicomotor 20

CAPÍTULO IV – Jogos e Recreações 23

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

ÍNDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 41

INTRODUÇÃO

Page 8: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

8

O trabalho aborda sobre a questão da importância da psicomotricidade

no processo de aprendizagem em crianças de 0 a 3 anos para uma melhor

contribuição do desenvolvimento psicomotor e o amadurecimento intelectual

da criança e ainda outros aspectos tais como: a história da

psicomotricidade,sua definição,conceitos e seu desenvolvimento,fases e

etapas do desenvolvimento psicomotor,esquema corporal. A psicomotricidade

ocupa um lugar importante na educação infantil, sobretudo na primeira

infância, em razão de que se reconhece que existe uma grande

interdependência entre os desenvolvimentos motores, afetivos e intelectuais. A

psicomotricidade é a ação do sistema nervoso central que cria uma

consciência no ser humano sobre os movimentos que realiza através dos

padrões motores, como a velocidade, o espaço e o tempo. E de suma

importância que família e a escola ofereçam um suporte adequado de

participação e atenção, interagindo com a criança numa troca de experiência,

demonstrando segurança e elevando sua auto-estima. Deve também lembrar

que a família tem um papel importantíssimo no processo psicomotor da criança

uma vez que o primeiro contato que a criança tem são seus familiares em

especial seus pais. É imprescindível que a criança tenha uma estimulação

adequada desde seu nascimento através das atividades psicomotoras

valorizando também as brincadeiras, os jogos lúdicos e pedagógicos, inseridos

dentro das fases psicomotoras adequadas a cada faixa etárias. Ao

movimentarem-se, as crianças expressam sentimentos, emoções e

pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e

posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que simples

deslocamento do corpo no espaço: constitui - se em uma linguagem que

permite ás crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente

humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo.

As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam das interações

sociais e da relação dos homens com o meio; são movimentos cujos

significados têm sido construídos em função das diferentes necessidades.

CAPÍTULO I

Page 9: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

9

PSICOMOTRICICADE

Psicomotricidade é a relação existente, entre a motricidade, a mente e a

afetividade. Também podemos dizer que é a relação entre o pensamento e a

ação, envolvendo a emoção. É uma ciência da educação que procura educar o

movimento ao mesmo tempo em que envolve as funções da inteligência.

Portanto, o intelecto se constrói a partir do exercício físico que tem uma

importância fundamental no desenvolvimento não só no corpo, mas também

da mente e da emotividade. É a ciência que estuda o homem através do seu

corpo em movimento e em relação o seu mundo interno e externo e de suas

possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro com objetos e consigo

mesmo. Está relacionado ao processo de maturação onde o corpo é a origem

das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. A estimulação do

desenvolvimento psicomotor é fundamental para que haja consciência dos

movimentos corporais integrados com a emoção e expressados pelo

movimento o que proporciona ao ser uma consciência do indivíduo integral.

Segundo Fonseca (1989) em Psicomotricidade, o corpo não é entendido

como fiel instrumento de adaptação ao meio envolvente ou como instrumento

mecânico que é preciso educar, dominar, comandar, automatizar, treinar ou

aperfeiçoar, pelo contrário, o seu enfoque centra-se na importância da

qualidade relacional e na mediatização, visando à fluidez eutônica, a

segurança gravitacional, a estruturação somatognósica e a organização

práxica expressiva do indivíduo.

A psicomotricidade também tem como objetivo melhorar ou normalizar o

comportamento geral do indivíduo, desenvolvendo também um trabalho

constante sobre as condutas motoras, neuromotoras e perieptiva-motoras,

onde através dessas condutas o indivíduo vai se conscientizar de seu próprio

corpo desenvolver seu equilíbrio,controlar sua coordenação global e a

fina,respiração,a organizar e estruturar a orientação espaço temporal.

Segundo Vitor da Fonseca (1989, p.9) Psicomotricidade é a evolução

das relações recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurológicos,

psicológicos e sociais que intervêm na interação do movimento humano.

Page 10: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

10

O conceito de psicomotricidade é mais visível do ponto de vista do

desenvolvimento infantil, pois as crianças aprendem muito através do

movimento, do toque, do observar e tentar fazer. Toda vez em que agimos

ocorre um complexo planejamento neural prévio, ou seja, para coordenarmos

qualquer movimento precisamos antes de tudo aprender para depois

automatizar.

1.1 - Origens e definições da psicomotricidade

Historicamente, desde 1900 até o presente data o percurso e a evolução

da psicomotricidade desenvolveu-se de acordo com diferentes cortes que vão

se modificando e acionado um olhar clínico específico.

O termo psicomotricidade surgiu com Dupré pela primeira vez em 1920

significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento.

Segundo Dupré em 1920 ele define que a síndrome da debilidade

motora, através das relações entre corpo e inteligência, se dá em partida para

o estudo dos transtornos psicomotores.

O primeiro corte eptimológico procurava separar o dualismo cartesiano,

utilizando praticas reeducativas determinadas pelo conceito de

correspondências entre paralelismo mental motor. Nesta etapa a influencia da

neuropsiquiatria é determinante numa clinica centrada no aspecto motor e num

corpo instrumental servindo como ferramenta de trabalho para o reeducador

que se propõe a concertá-lo.

Nesse segundo corte, tem grande valor as contribuições do âmbito

psicológico, especialmente da psicologia genética, passando a considerar a

passagem do motor para o corpo, onde este corpo passa a ser um instrumento

de construção de inteligência humana.

Aqui o olhar já não está mais situado no motor, mas num corpo produtor

de sua ação da vida intelectiva. Já não se trata mais de uma reeducação, mas

de uma terapia psicomotora que opera num corpo que se desloca que conhece

que sente que se emociona e que cuja emoção manisfesta-se tonicamente.

Muito tem se escrito sobre o significado e a importância da

psicomotricidade.

Page 11: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

11

Ao longo de sua historia o corpo foi marcado por significações diversas,

atribuídas ora pelo social carregado de crenças, ora pela ciência.

Em sua evolução nos termos atuais a psicomotricidade como área de

conhecimento vem sido conhecida como a ciência que tem como objetivo o

estudo, o homem através do seu corpo e movimento.

Segundo Filho e Sá “A psicomotricidade como ciências da educação

procura educar o movimento ao mesmo tempo em que desenvolve as funções

da inteligência considerando todos os aspectos emocionais” (2001, p.36) com

esta afirmação, pode-se perceber que um bom desenvolvimento, motor, o

pensamento, não se desenvolverá de forma completa, permitindo o acesso e

“contato” com a abstração.

O movimento é um suporte que ajuda a criança a adquirir o

conhecimento do mundo que a cerca através de percepções e sensações, pois

o indivíduo não se constrói de uma só vez, mas paulatinamente através de

interação com o meio de suas próprias realizações.

O esquema corporal não é conceito aprendido, que se possa ensinar,

uma vez que não depende de treinamento. Ele se organiza pela

experimentação do corpo da criança, que é uma forma de expressão da

individualidade.

Um esquema corporal organizado permite que a criança sinta-se bem,

na medida em que seu corpo lhe obedece e que passa a ter domínio sobre ele.

O corpo é o ponto de referencia que a criança possui para conhecer o mundo,

servindo-lhe de referencia e de base para o desenvolvimento cognitivo e para a

aprendizagem de conceitos importantes como, por exemplo, os conceitos de

espaço: embaixo, ao lado, atrás, direita, esquerda, etc. Primeiramente a

criança visualiza esse conceito através do próprio corpo e só depois consegue

visualizá-los nos objetos entre si.

A criança descobre sua dominância e com ela seu eixo corporal passa a

ser seu corpo como um ponto de referencia para situar-se e situar os objetos

em seu espaço e tempo.

1.2 – A importância da psicomotricidade na Educação Infantil

Page 12: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

12

Na educação infantil a prioridade e ajudar a criança a ter uma percepção

adequada de si mesma compreendendo suas possibilidades e limitações reais

e ao mesmo tempo auxiliá-la a se expressar com maior liberdade conquistando

e aperfeiçoando novas competências motoras.

O movimento corporal e sua aprendizagem abrem um espaço para a

criança desenvolver:

-Habilidades motoras que levem a criança a aprender a conhecer seu próprio

corpo e a se movimentar livremente;

-possibilitar a exploração do mundo físico e o conhecimento do espaço que a

cerca;

-facilitar a comunicação e a expressão das idéias;

-habilidades motoras finas, através de diversas atividades que facilitam à

escrita;

-percepções rítmicas através de jogos corporais e danças,

A criança na escola precisa se sentir segura para que possa ter

possibilidades de se aventurar (arriscar). Trazendo conhecimento acerca de si

mesmo.

É de suma importância salientar que o movimento é a 1ª manifestação na

vida do ser humano. Pois desde a vida intra-uterina realizamos movimentos

com o nosso corpo, na qual vão se estruturando e exercendo enormes

influencias no comportamento.

Segundo Assunção & Coelho (1997, p.108) a psicomotricidade é a

“educação do movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre

pensamento e ação, englobando funções neurológicas e psíquicas”. Além

disso, possui uma dupla finalidade: “assegurar o desenvolvimento funcional,

tendo em conta as possibilidades da criança, e ajudar sua afetividade a se

expandir e equilibrar-se, através do intercambio com o ambiente humano”

Os movimentos expressam o que sentimos nossos pensamentos e

atitudes que muitas vezes estão arquivados em nosso inconsciente. Através da

ação sobre o meio físico com o meio social processa-se o desenvolvimento e a

aprendizagem do ser humano.

O professor deve estar sempre atento as etapas do desenvolvimento do aluno,

colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu

Page 13: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

13

trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto. Ele deverá estabelecer

com seus alunos uma relação de ajuda, atento para as atitudes de quem ajuda

e para a percepção de quem é ajudado. Diante disso, percebe-se a

importância do trabalho da psicomotricidade no processo de ensino

aprendizagem, pois a mesma está intimamente ligada aos aspectos com a

motricidade, com o simbólico e o cognitivo.

De acordo com Assunção&Coelho (1997,p.108) a psicomotricidade

integra várias técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo (todas as suas

partes),relacionando-o com afetividade,o pensamento e o nível de

inteligência.ela enfoca a unidade da educação dos movimentos,ao mesmo

tempo em que põem em jogo as funções intelectuais.As atividades motoras

desempenham na vida da criança um papel importantíssimo,em muitas das

suas primeiras iniciativas intelectuais. Enquanto explora o mundo que a rodeia

com todos os órgãos dos sentidos,ela percebe também os meios com os quais

fará grande parte dos seus contados sociais.

Portanto a educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de

tudo uma experiência ativa, onde a criança se confronta com o meio. As

educações provenientes dos pais e do âmbito escolar não têm a finalidade de

ensinar a criança comportamentos motores, mas sim permite exercer uma

função de ajustamento individual ou em grupo.

As atividades desenvolvidas no grupo favorecem a integração e a socialização

das crianças com o grupo, portanto propícia o desenvolvimento tanto psíquico

como motor. Os movimentos, as expressões, os gestos corporais, bem como

suas possibilidades de utilização (danças, jogos, esportes...) recebem um

destaque especial em nosso desenvolvimento fisiológico e psicológico.

Segundo Alves “O movimento assim como o exercício é de fundamental

importância no desenvolvimento físico e intelectual e emocional da criança”

(2003, p.02). Através dos exercícios que envolvam movimentos a criança

estará se desenvolvendo no aspecto motor, desenvolvimento este, que

contribuirá para o desenvolvimento dos outros aspectos social, mental e

cognitivo.

Page 14: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

14

Com base neste contexto, percebemos a importância das atividades

motoras na educação, pois elas contribuem para o desenvolvimento global das

crianças.

Entretanto as crianças passam por fases diferentes uma das outras e

cada fase exige atividades propícias para cada determinada faixa etária.

A psicomotricidade precisa ser vista com bons olhos pelo profissional da

educação, pois ela vem auxiliar o desenvolvimento motor do aluno, sendo que

o corpo e a mente são elementos integrados de sua formação. (Sandra Vaz de

lima e Fátima Alves. 2008)

CAPÍTULO II

ESQUEMA CORPORAL

Esquema corporal é a consciência do corpo como meio de comunicação

consigo mesmo e com o meio. Um bom desenvolvimento do esquema corporal

pressupõe uma boa evolução da motricidade, das percepções espaciais e

temporais, e da afetividade.

Page 15: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

15

É um elemento indispensável para a formação da personalidade da

criança sendo seu núcleo central, pois reflete o equilíbrio entre as funções

psicomotoras e sua maturidade.

Para Coste (1978) “o esquema corporal é, portanto resultado da

experiência do corpo do qual o individuo toma pouco a pouco consciência e da

maneira como o corpo se Poe em relação ao meio”

Segundo Fonseca (1983) “é uma adaptação e uma harmonia

preestabelecida que liga o homem ao seu meio, através da criação infinita de

projetos de comportamentos”

O conhecimento adequado do corpo engloba a imagem corporal e o

conceito corporal que podem ser desenvolvidos com atividades que favoreça:

• O conhecer do corpo como um todo;

• O conhecer do corpo segmentado;

• O controle dos movimentos globais e segmentados;

• O expressar corporal harmônico.

Capacidade que o homem tem de simbolizar seu próprio corpo e

interiorizar a sua imagem. Depende de:

- amadurecimento neurológico;

- os diferentes estímulos que recebe;

- está ligado a senso percepção (é através dela que é introjetada a noção

de ter diferentes partes corporais).

O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a

formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global,

diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo.

A criança que se sente bem com seu próprio corpo é capaz de situar

seus membros uma em relação aos outros, de fazer uma transposição de suas

descobertas progressivamente, localizará os objetos, as pessoas, os

acontecimentos em relação a si, depois entre eles. O conhecimento de seu

próprio corpo como uma unidade e o reconhecimento de suas diferentes partes

dá a possibilidade dela agir

Page 16: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

16

Para Jean Lebouch (1986) o esquema corporal é a organização de

sensações relativas do seu próprio corpo em relação com os dados do mundo

exterior.

Huntado (1991) no dicionário de psicomotricidade ,define esquema

corporal com elemento básico indispensável na criança para construção de

sua personalidade.É a representação mais ou menos global,mais ou menos

especifica e diferenciada que ela apresenta do seu próprio corpo

2.1 – Fase do Esquema Corporal

É a formação do “eu” da personalidade da criança, isto é o

desenvolvimento do esquema corporal, a criança toma consciência do seu

próprio corpo das possibilidades de expressar-se por meio desse corpo.

A experiência do espelho também auxilia no processo de identificação e

conscientização progressiva do “eu”. Alguns autores, com Guillarme, por

exemplo, atribuem grande importância a essa fase na formação do esquema

corporal. Na frente de um espelho, a criança começa por explorar o seu corpo

estranho colocado na frente dele, utilizando a geometria topológica que é sua.

Pouco a pouco a criança chegará à convicção de que o corpo que ela sente e

o mesmo que observa no espelho,como uma figura fechada destacada no

fundo.

1ª Fase (corpo vivido) 2 meses a 3 anos

Caracterizada por comportamento motor global com repercussões

emocionais fortes e mal controladas. A criança vai tomando consciência de

seus movimentos. E à medida que vai tomando a noção de lugar, vai virando

também para os lados.

Segundo Le Bouch (1986,p.71) “No estágio corpo vivido” a experiência

emocional do corpo e do espaço termina com a aquisição de numerosas

práxias,que permitem a criança sentir seu corpo um objeto total no mecanismo

da relação .

Page 17: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

17

Dois aspectos a serem observados nesta fase:

A) Atividades espontâneas da criança (movimentos não pensados)

-Levantar a barriga

-Pegar e levar objetos a boca

-Rolar pelo berço.

Através dessas atividades espontâneas a criança vai adquirindo

experiências.

B) Importância da experiência vivida pela criança.

- Pela experiência vivida enquanto distingue seu próprio corpo do mundo

dos objetos e que estabelece o primeiro esboço da imagem do corpo e a

criança parte para a descoberta do mundo exterior.

Corresponde a fase da inteligência sensório-motora de Piaget. Criança

não tem consciência do “eu” e se confunde com o espaço em que vive. À

medida que cresce o amadurecimento do seu SNC vai ampliar suas

experiências e pouco a pouco consegue diferenciar de seu meio ambiente.

No estagio do “corpo vivido” a experiência emocional do corpo e do

espaço termina com a aquisição de numerosas praxias, que permitem a

criança “sentir” seu coro como um objeto no mecanismo da relação.

No fim do período sensório motor de Piaget entre 15 e 18 meses, é

adquirido à permanência do objeto.

Aos 3 anos o aspecto práxico do comportamento está muito afinado no

plano global e continua aperfeiçoando-se ao ritmo do desenvolvimento da

função de ajustamento motor.Chega também ao fim o reconhecimento do seu

corpo como objeto.

2ª Fase (corpo percebido ou descoberto) de 3 a 6 anos

Page 18: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

18

É nesta fase que a dominância lateral se instala e com ela descobre seu

eixo corporal. Passa a ver seu corpo com um ponto de referencia para se

situar e situar os objetos em seu espaço e tempo. Este é o primeiro passo para

que a criança possa mais tarde chegar á estruturação espaço-temporal

(Oliveira, 1997)

Corresponde a organização do esquema corporal devido à função de

interiorização.

A criança vai descobrindo seu próprio corpo começa a estruturar seu

esquema corporal. Durante o corpo vivido, a experiência emocional do corpo e

do espaço, permite a criança sentir seu próprio corpo como objeto total no

mecanismo de relação. O reconhecimento de um objeto pelo lado dos sentidos

vai por sua vez, ser submetido a uma evolução rápida. É nesta fase que se

desenvolve:

A) Função de interiorização é uma forma de atenção perceptiva

centralizada sobre o próprio corpo, que permite a criança tomar

consciência de suas características corporais e verbalizá-las.

B) interiorização e localização

C) interiorização e controle do desenvolvimento temporal do movimento.

3ª Fase (corpo representado) de 6 a 12 anos

Por volta de 5 a 6 anos as experiências tônicas e dados visuais

produzem a primeira imagem sintética do corpo .Daí se dá a representação de

uma imagem mental do corpo em movimento.

No início a criança poderá controlar involuntariamente sua atitude sem

empregar tensões inúteis, a partir de um esquema postural, verdadeira imagem

do corpo estático. Mas é preciso atingir a idade de 10 a 12 anos para que ,no

momento das aprendizagens praxiológicas ,ela possa dispor de uma imagem

mental no corpo em movimento permitindo uma verdadeira representação

mental de uma sucessão motora. Observa-se a estruturação do esquema

corporal uma vez que a criança já apresenta a noção do todo e das pares do

Page 19: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

19

corpo. Também já reconhece as posições e mantém um maior controle do

domínio corporal.

2.2 – Imagem Corporal

Imagem corporal é a correspondência afetiva de como imagino que eu

sou. E a impressão que a pessoa tem de si mesma (alta, baixa, magra, gorda

etc.) Diferente do esquema corporal que aponta o que eu tenho, a imagem

corporal me aponta como sou, o que nem sempre corresponde com a

realidade.

Na imagem corporal estão envolvidas questões imaginarias ligada ao

me aspecto psíquico e emocional, decorrente de como foram vivenciadas

minhas questões afetivas em relacionamentos sociais conflitivos.

O ser humano é o único que consegue desenvolver uma imagem

especular, pois o homem tem a capacidade de simbolizar seu próprio corpo, de

interiorizar a sua própria imagem. A partir da junção da imagem e do esquema

corporal, que serão desenvolvidas todas as outras funções psicomotoras.

CAPÍTULO III

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE 0 A 3 ANOS

“A criança faça-se entender por gestos nos primeiros anos de sua vida, e até o

momento da linguagem o movimento constitui quase que a expressão global

de suas necessidades” (Fonseca, 1998, p.216)

A criança nasce somente com seu equipamento anátomo-fisiológico.

Seus movimentos são desordenados, por que ainda não há intencionalidade,

são apenas movimentos reflexos. A mãe ou quem cuida da criança tem uma

importância fundamental no desenvolvimento de sua noção corporal.

Page 20: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

20

Segundo Mello (1989, p.31) “Psicomotricidade é uma ciência que tem como

objetivo o estudo do homem. através do seu próprio corpo em movimento nas

relações com seu mundo externo (p.5)

O movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer

partes do corpo ou deslocar-se no espaço.

Ao nascer à criança vem com uma bagagem de sensações e

percepções proprioceptivas. Na medida em que há um novo amadurecimento

do sistema nervoso, ela vai podendo organiza as diversas sensações.

À medida que a criança vai crescendo novas habilidades vão surgindo

possibilitando cada vez mais sua independência e ganhando assim maior

autonomia.

3.1 – Etapas do Desenvolvimento Psicomotor

O desenvolvimento motor é o resultado da maturação de certos tecidos

nervosos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central,

crescimento dos ossos e músculos, portanto, são comportamentos não-

aprendidos que surgem espontaneamente, desde que a criança tenha

condições adequadas para exercitar-se. Durante o primeiro ano, a rapidez do

desenvolvimento da criança é extraordinária. Ao nascer o bebê conta apenas

com os reflexos hereditários, no entanto, ao final do primeiro ano, entre outros

comportamentos, será capaz de colocar-se na posição de pé e caminhar

alguns passos sem apoio, compreender o significado de várias palavras, e a

obedecerem a ordens simples; como Não, Vem, Tchau, etc.

As etapas do desenvolvimento psicomotor não devem ser consideradas

apenas segundo um quadro de maturação neurológica, mas como resultado de

um processo reacional. Devemos levar em conta as reações dos seres ao

ambiente que o cerca e as relações com os demais.

A partir de 3 meses: A criança começa a estabelecer ligações entre os seus

desejos e o meio externo e através das reações circulares que ocorre todo o

Page 21: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

21

processo de aprendizagem vivenciadas por meio do movimento de seu próprio

corpo.Com isto a criança descobre o prazer de brincar com seus pés e mãos.

A partir dos 5 meses: Começa a ocorrer o desaparecimento do “granping

reflex” da aquisição ,da ritmicidade e da visão muscular fina.Começa a

aparecer às primeiras apreensões voluntárias que juntamente com a

coordenação da visão acarretam um controle sobre os objetos e mais tarde a

tomada intencional dos objetos.

A partir de 6 meses: O corre uma descentralização geral através da função

sensório motora e da coordenação motora das ações e dos espaços.

A partir de 9 meses: Começa a diferenciação do sujeito objeto.Suas mãos e

que manipulam os objetos construindo com isto,um “espaço objetivo” A criança

diferencia o mundo exterior do seu mundo interior e passa a dispor do sistema

pratico da relação,onde o objeto é permanente e independente.

Aos 2 anos: Ocorrem as primeiras manifestações simbólicas,onde a criança já

é capaz de utilizar,intencionalmente um esquema “interiorizado” numa nova

situação que tenha parentesco com alguma situação anterior.

É pelas experiências vividas do movimento global que criança vai

delimitar o esquema corporal.

Nesta fase é necessário tocar, manusear, subir, descer, entrar, sair, ou

seja, vivenciar experiências para que ela possa aprender.

Antes mesmo da linguagem verbal, a comunicação se dá com o outro,

por intermédio do corpo. As reações gestuais e mímicas são feitas por meio de

uma imitação inconsciente, motivada pelo afeto. Assim se estabelece um

dialogo corporal com a “mãe”.Esta identificação prossegue até a aquisição da

linguagem,onde a criança imita seus pais,reproduzindo seu modo de falar e

suas entonações .

Aos 2 anos e meio A imitação diferenciada (modelos ausentes);passa a ser

possível através da interiorização de modelos que existem,enriquecendo sua

Page 22: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

22

bagagem gestual afinando,também com isto o seu controle tônico.Este

fenômeno afetivo de identificação,embora inconsciente encerra todo o

pensamento representativo.

Aos 3 anos: Emerge a vontade de se afirmar e a idade do não,do eu,do

meu,durante o qual a criança se conscientizará de que sua responsabilidade é

distinta dos modelos que toma para si.Se formos resumir as fases do corpo

antes de atingir a perfeição temos primeiramente um corpo percebido,depois

conhecido e finalmente vivido.

CAPÍTULO IV

JOGOS, RECREAÇÕES

As brincadeiras e jogos infantis são muito mais do que simples

entretenimento. Possibilitam a aprendizagem de várias habilidades e

desenvolvem as funções cognitivas. O jogo ganha um espaço como

ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao

interesse do aluno. Fator fundamental ao desenvolvimento das aptidões físicas

e mentais da criança, sendo um agente facilitador para que esta estabeleça

vínculos sociais com os seus semelhantes, descubra sua personalidade,

aprenda a viver em sociedade e preparar-se para as funções que assumirá na

idade adulta. Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das

atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de

Page 23: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

23

desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que

contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma:

- O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-

motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria,

fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função

das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação

das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material

conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades

intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.

(Piaget 1976, p.160).

"O jogo é para a criança um fim em si mesmo, ele deve ser para nós um meio

de educar, de onde seu nome jogo educativo que toma cada vez mais lugar na

linguagem da pedagogia maternal"

(Girard, 1908, p 199).

Platão (427-348) um dos maiores pensadores afirma que os primeiros anos da

criança deveriam ser ocupados com jogos educativos praticados em comum

pelos dois sexos, sob vigilância e em jardins de crianças e que a educação

propriamente dita deveria iniciar-se aos sete anos.

Pestalozzi (1746-1827) graças ao espírito da observação sobre o progresso do

desenvolvimento psicológico dos alunos e sobre o exílio ou fracasso das

técnicas pedagógicas empregadas, abriu um novo rumo para a educação

moderna. Segundo ele, a escola é uma verdadeira sociedade, o jogo é um

fator decisivo que enriquece o senso de responsabilidade e fortifica as normas

de cooperação.

Froebel (1782-1852) discípulo de Pestalozzi, estabelece que a pedagogia deve

considerar a criança como atividade criadora, o despertar, mediante estímulos,

suas faculdades próprias para a criação produtiva, na verdade como Frobel se

fortalecem os métodos lúdicos na educação o grande educador faz o jogo uma

arte, um admirável instrumento para promover a educação para as crianças.

Page 24: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

24

A melhor forma de conduzir a criança à atividade, auto-expressão e à

socialização seria por meio dos jogos. Essa teoria realmente determinou os

jogos como fatores decisivos na educação para as crianças.

Froebel considerava a Educação infantil indispensável para a formação

da criança e essa idéia foi aceita por grande parte dos teóricos da educação

que vieram depois dele, o objetivo das atividades nos jardins de infância era

possibilitar brincadeira criativa as atividades e os materiais escolares eram

determinados de antemão para oferecer o máximo e tirar proveito educativo da

atividade lúdica. Froebel desenhou o círculo, esferas, cubos e outros objetos

que tinham por objetivo estimular o aprendizado. Eles eram feitos de material

macio e manipulável geralmente com parte desmontável. As brincadeiras eram

acompanhadas de músicas, versos e danças; os objetos criados por Frobel

eram chamados de dons, ou presentes e havia regras para usá-los que

precisariam ser dominadas para garantir ao ar livre para que a turma

interagisse com o ambiente todo o jogo que envolvia os dons começavam com

as pessoas formando círculos movendo-se cantando, pois assim conseguiam

atingir a perfeita unidade.

Para Piaget, os jogos tornaram-se mais significativos à medida que a

criança desenvolve, pois a partir da livre manipulação de matérias variadas, ela

passa a reconstruir objetos, reinventar as coisas, o que já exige uma

adaptação mais completa. Essa adaptação, que lhe deve ser realizada pela

infância, consiste numa síntese progressiva da assimilação com acomodação.

É por isso que, pela própria evolução interna, os jogos das crianças se

transformam pouco a pouco em construções adaptadas, exigindo sempre mais

do trabalho afetivo, a ponto de nas classes elementares de uma escola ativa,

todas as transições espontâneas ocorrem entre o jogo e o trabalho. Conclui:

"que em educação das crianças exigem que se forneça a criança um material

conveniente, a fim de que, jogando chegue a assimilar às realidades

intelectuais que sem isso permanecem exteriores a inteligência infantil".

Para ele, sendo o homem o sujeito de sua própria história, toda ação

educativa deverá promover o indivíduo sua relação com o mundo por meio da

consciência crítica, da libertação e de sua ação concreta com o objetivo de

transformá-lo. Assim ninguém se atirara a uma atividade eminentemente séria,

Page 25: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

25

penosa, transformadora (visão de uma realidade futura feliz) se não tiver, no

presente, a alegria real, ou seja, o mínimo de prazer, satisfação e

predisposição para isso.

Segundo Makarenko, "o jogo é tão importante na vida da criança como é

o trabalho para o adulto" daí o fato de a educação do futuro cidadão se

desenvolver antes de tudo no jogo, não se pode fazer uma obra educativa sem

se propor um fim, um fim claro, bem definido, um conhecimento do tipo de

homem que se deseja formar. E neste sentido que o modelo pedagógico

mantém uma relação direta com o presente vivido. A coletividade infantil

recusa absolutamente viver uma vida preparatória.

AS BRINCADEIRAS NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR.

O educador que esta sempre buscando aperfeiçoar seus conhecimentos

sabe que os jogos e as brincadeiras fazem parte da vida da criança, pois elas

vivem num mundo de fantasia, encantamento, alegria e de sonhos onde as

realidades e o faz de conta se confundem, pois o jogo está no gênese do

pensamento, da descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar,

criar e de transformar o mundo, porém existem hoje vastos e amplos meios e

fontes de informações que podem atualizar e orientar o educando, para que a

mesma possa estar entrando com a criança neste mundo do real imaginário.

Não podemos deixar de lembrar que a criança está sempre perguntando:

''Professor vai brincar?

E nós nos perguntamos: ''Por que não ensinar brincando?''

“O ato de brincar é a melhor metodologia para dar a criança condições de

desenvolver suas potencialidades e caminhar, de descobertas em descoberta,

criando soluções e aprendendo a viver e a conviver com as demais. De

descoberta em descoberta, a criança aguça curiosidade, passando a

manifestar, através das formas variadas de expressões brincadeiras,

desenhos, moldagens e músicas, as bases de sua personalidade em

desenvolvimento” (Marinho, 1993, p.33)

Page 26: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

26

Questões como essas se faz presente no dia-a-dia do educador e por

inúmeras vezes nos preocupa e faz com que nos lancemos nesta aventura de

experimentar o que para nós ainda é novo. Mesmo que para tanto temos o

mínimo de espaço possível no currículo pedagógico, por esse motivo cabe

então a todos os educadores lançarem mãos de um tema importantíssimo

interdisciplinaridade onde podemos estar trabalhando temas

Como: sexualidade, meio ambiente, cidadania etc.

Pois nos referimos à educação descobrimos que são inúmeros os

desafios a serem enfrentados para que essa área possa mostrar resultados

mesmo que em longo prazo, porém positivos.

Queremos deixar claro que é de fundamental importância que todos nós

educadores entendamos que educar não se limita apenas a repassar

informações, que jogos não são só para serem jogados, brincadeiras para

serem brincados, porem sim descobrir,acreditar e aceitar que cada jogo,

brinquedo ou brincadeira tem valores e objetivos que deverão ser discutidos,

analisados e colocados em prática oferecendo variadas ferramentas para que

o educando possa escolher entre muitos caminhos,aquele que for compatível

com seu potencial de anseio,e visão de mundo,pois o lúdico é uma

necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista de

maneira nenhuma como apenas diversão, mas sim como desenvolvimento

pessoal, social e cultural,onde colabora em parte fundamental para uma

melhor preparação da saúde mental e social,facilitando os processos de

comunicação,expressão e construção do conhecimento.

A questão conhecimento é sempre recolocada e, apesar das reflexões

teóricas a respeito do processo educacional há muito a se rever e se fizermos

um paralelo entre a educação tradicional e aquela que faz uso do lúdico tanto

na formação do educador como a do aluno sempre faltará na tradicional à

última peça do quebra-cabeça, pois a formação do educador envolvendo o

lúdico se assenta em pressuposto que valorize a criatividade,cultivo da

sensibilidade,busca da afetividade,a nutrição da alma,proporcionando aos

futuros educando vivências lúdicas,experiências corporais que se utilizam da

ação,do pensamento e da linguagem,tanto no jogo sua fonte dinamizadora.

Page 27: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

27

E ao resgatarmos as funções do lúdico na formação do educador e do

educando estamos retomando a história e a evolução do homem na

sociedade, pois cada época e cada cultura têm uma visão diferente de mundo,

pois a criança não tinha a existência de hoje ela era considerada miniatura do

adulto ou quase adulto, os jogos e brinquedos, embora sendo um elemento

sempre presente na humanidade desde seu início também não tinha a

conotação que tem hoje, eram vistos como fúteis e tinha como objetivo a

distração e o recreio sendo assim dentre as contribuições mais importantes

deste estudo podemos destacar que:

·As atividades lúdicas possibilitam exercitar as resistências ''pois permitem a

formação do auto conceito positivo;

·As atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança já que

através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente, convive

socialmente e opera mentalmente.

·O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a

inserção da criança na sociedade;

·O brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a

habitação e a educação;

·O jogo é essencial para a saúde física e mental.

·O jogo simbólico permite à criança vivências do mundo adulto e isto possibilita

a meditação entre o real e o imaginário.

Em prol desta sugestão será preciso, portanto, que currículos sejam

repensados, dando aos jogos, brinquedos e brincadeiras um novo

desenvolvimento de ensino aprendizado desenvolvendo a alegria de entender

a escola como um espaço, acima de tudo prazerosa.

Segundo Oliveira (1984, P.48) “Em cada brinquedo sempre se esconde uma

relação educativa ao fazer seu próprio brinquedo, a criança aprende a

trabalhar e a transformar elementos fornecidos pela natureza ou materiais já

elaborados constituindo um novo objeto, seu próprio instrumento para brincar.

Outras vezes, ela se aproveita de artigos nem sempre concebidos como

brinquedo, adaptando-se as suas experiências lúdicas”

Page 28: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

28

Pois o jogo é para a criança o exercício, e a preparação para a vida

adulta, assim a criança aprende brincando o que a faz desenvolver suas

potencialidades, porém é importante que o educador ao utilizar um jogo,tenha

definidos,objetivos a alcançar e saiba escolher o jogo adequado ao momento

educativo.

Enquanto a criança está simplesmente brincando incorpora valores,

conceitos e conteúdos que o educador poderá estar anotando para serem

analisados e colocados em prática num futuro bem próximo.Para formar

professores com pleno conhecimento lúdico é uma tarefa árdua e difícil, pois o

educador tem que ter um conhecimento profundo e acreditar que ele é capaz

de conscientizar o ensino lúdico como uma forma de aprendizagem, mas no

entanto no mundo em que vive a criança hoje, com a modernização, (jogos

eletrônicos, a TV, se não houver um conhecimento profundo e das condições

para utilizá-los não adianta criticar os pais por não brincarem mais com os

filhos; se não oferecemos conscientização para fazê-los melhorar; da mesma

forma, não adianta falar, criticar, os problemas das escolas como evasão,

repetência, desinteresses e falta de relacionamento, denominação se não

apresentamos propostas reais e convincentes.

A FUNÇÃO PEDAGÓGICA DO JOGO.

É muito comum ouvirmos dizer que "os jogos não servem para nada e

não têm significação alguma dentro das escolas, a não ser na cadeira de

educação física". Tal opinião está muito ligada a pressupostos da pedagogia

tradicional, que exclui o lúdico de qualquer atividade séria ou formal.

Sabemos que a criança fica reconhecida pelo fato de ter se esforçado e

não apenas ter repetido: mais tarde compreenderemos que tudo o que fizemos

com ela e por ela não trará retorno no exato momento, porém em longo prazo,

compreenderemos que valeu muito a pena ter lutado sem medir esforços e que

o esforço difícil e a tensão vão culminar na alegria de compreender, pois a

criança não é apenas um ser de capricho e dispersão, mas quer entrar

vivamente no jogo, mesmo se não puder lá chegar se não com o auxilio

Page 29: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

29

externo. Ela gosta do difícil, das vitórias penosas, ainda quando se deixa

arrastar pelo fácil, pelo divertido, pelo engraçado. Podemos acreditar na

seriedade da criança que aspira a grandeza, num anseio que o adulto tem a

certeza de poder manter ainda.

Ao referir-se a intervenção do professor na prática da pedagogia

tradicional, não queremos dizer que deve haver rigidez absoluta, insistência no

pavor, no medo, no sacrifício, muito menos no livresco, no gratuito desprovido

de qualquer significação, mas no equilíbrio entre o esforço, a busca, a

disciplina como prazer e a satisfação.

Conduzir a criança à busca, ao domínio de um conhecimento mais

abstrato misturando habilmente uma parcela de esforço com uma leve dose de

brincadeiras transformaria o trabalho, o aprendizado num jogo, bem sucedido

momento em que a criança mergulha profundamente sem se dar conta disso.

É preciso não esquecer que o objetivo da escola é transmitir o conhecimento

historicamente acumulado e é por isso que fazemos constantemente uso da

reflexão, inteligência, adaptações e a capacidade de solucionar problemas,

não medindo para tanto o esforço, prazer, instrução e diversão para uma

educação que será sinônimo de vida, educação para a vida.

EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO.

No início dos anos 70, trazido para o Brasil uma corrente denominada

psicomotrocidade surge como crítica ao dualismo corpo mente predominante

na educação física escolar, fundamentadas suas ações nos jogos de

movimento e de exercitação.

O trabalho profissional passa a organizar-se em torno do

desenvolvimento psicomotor de base: coordenação motora, equilíbrio,

lateralidade, organização espaço e temporal e esquema corporal, buscando

integrar homem e espaço, corpo e alma. O desenvolvimento psicomotor torna-

se pré – requisito para aquisição de conteúdos cognitivos, e a educação do

movimento dá lugar a educação pelo movimento.

Page 30: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

30

4.1 - Sugestões para o Educador

Para que se tenha um bom relacionamento adulto – criança e que o processo

de aprendizagem revista-se de sucesso, permitindo á criança um nível

adequado de interesse e prazer, é necessário algumas atitudes e qualidades

do educador:

a) Flexibilidade: ser flexível e humildemente aceitar sugestões das crianças e

de outros adultos para mudar qualquer atitude ou programa.

b) Ter sendo de Humor: em qualquer situação saber desvencilhar-se de

imprevistos com diplomacia. As crianças não gostariam de “cara-brava” o dia

inteiro.

c) Curiosidade: que o educador aprenda a motivar as crianças para que

trabalhem sua inesgotável fonte de curiosidade. Que cada vez mais queiram

saber, aprender, buscar soluções criativas, etc.

d) Juventude: o educador deve ser jovem; entretanto é preferível uma pessoa

com mais idade e espírito aberto a alguém precocemente envelhecido.

e) Respeito e Individualidade: a aceitação de que cada criança tem seu próprio

“jeitão”, características pessoais diferentes demonstram uma capacidade do

educador de amar as crianças como elas são e não como gostaríamos que

fossem.

f) Voz: a altura e a entonação da voz do educador são importantes para a

criança ter confiança, respeito e não medo. Através da voz, é demonstrado o

grau de motivação do educador.

g) Linguagem: o uso de palavras e expressões deve ser compatível com o

nível de conhecimento das crianças. A comunicação deve ser clara, simples e

não muito longa. Às vezes uma demonstração na prática vale mais do que

muitas explicações verbais.

h) Sinceridade: a sensibilidade e c2apacidade de observação das crianças não

deixam escapar atitudes insinceras dos adultos. Seja sempre sincero nas suas

ações verbais.

i) Atenção a Todos: se você der atenção aos seus prediletos em excesso,

despertará-nos outros insegurança e ciúmes, acarretando desmotivação nas

Page 31: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

31

atividades. Dê atenção a todos indistintamente, assim gerará maior confiança e

incentivo geral.

j) Paciência e Compreensão: o mundo infantil é bem diferente do mundo

adulto. Não veja a criança como “adulto inacabado”, pois ela é um ser

completo, apenas com necessidades, capacidades, desejos, anseios,

perspectivas e atitudes diferentes das dos outros. Aceite e compreenda isto,

sem bloquear sua imaginação e suas ações.

k) Conduta: o adulto educador deve se preocupar principalmente com sua

conduta e gestos diante das crianças, pois elas são irritadoras por excelência,

e a imitação pode tornar-se hábito; sendo assim, todo cuidado é pouco.

l) Motivação: lembre-se de que se oferecer um desafio á criança e ele forem

“muito fácil” ela se distrairá e fará outra coisa qualquer, assim como se for

“muito difícil”. Ofereça a possibilidade de sucesso e ela terá a motivação.

m) Amor: conhecimento teórico é importante, mas amor e carinho espontâneo

e sincero farão bem do que qualquer ensinamento do mundo. Não negue às

crianças contato corporal e atenção.

4.2 - Sugestões de Atividades sem Elementos

As atividades sem elementos ou materiais, são importantes no início do

trabalho de estimulação, pois possibilitam às crianças exercitarem sua

consciência corporal e a relação espaço-temporal. Seus objetivos são

inúmeros e variados:

4.2.1 Promover e desenvolver:

1 - a noção de tempo e espaço;

2 - a criatividade;

3 - o equilíbrio;

4 - a sociabilidade;

5 - a coordenação psico – motora;

6 - o raciocínio;

7 - ritmo, etc.

Page 32: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

32

4.2.2 - Andar (descalços de preferência)

a) Andando em um determinado espaço, à vontade;

b) Quem consegue “inventar” uma nova forma de andar? (de lado, de costas,

etc.);

c) Quem sabe andar sem fazer barulho?

d) Quem sabe andar como um gigante? (na pontinha dos pés, passos bem

largos);

e) E agora, quem sabe andar como um anãozinho (de cócoras, passinhos

pequenos).

f) Vocês já viram alguém bêbado? Como é que ele anda?

g) E alguém com frio, muito frio?

h) E com muito calor, está muito quente!

i) E uma bem magrinha, como é, hein?!

j) Cada um criando seu caminho! Nada de andar atrás do outro!

k) Vamos fazer nossos pés gritarem? Como? Vamos bater forte no chão!

Agora batendo palmas, batendo os pés no chão e cantando! (cantar alguma

música conhecida de todos).

l) Quem sabe marchar? Somos todos soldadinhos de chumbo. Cantando

(marcha soldado...)

m) Vamos brincar de robô? Perninhas e bracinhos duros. Quando eu bater no

bumbo, nós mudamos de direção, ta?!

n) Ao ritmo do som (qualquer instrumento) vamos andar devagar, rápido e mais

rápido? Quem consegue?

o) Andando, e à batida de uma palma, ou de outro sinal qualquer, deixar o

corpo cair no chão. Levantar vagarosamente e repetir o exercício outras vezes.

p) Para perceber como são importantes os braços quando andamos, vamos

andar para frente, para os lados, para trás com os braços colados ao corpo.

Andar, parar, andar...

q) De mãos dadas, dois amiguinhos repetem alguns exercícios já

apresentados.

Page 33: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

33

r) Vamos brincar de “sombra”? O que o da frente fizer, o de trás repete. Troca

– se a ordem.

s) Quem consegue ficar com 1, 2, 3, 4, 5,... Apoios no chão?

t) Primeiro tocar você mesmo. Depois um companheiro. Andando, executar as

ordens: mão na cabeça; mão no joelho; etc.

4.2.3 - Correr, Pular, Saltitar

a) Correndo, ao sinal, parar. Continuar correndo.

b) Quem sabe correr diferente? Para trás, dos lados, na ponta dos pés, de

calcanhar. Vamos ver quem é bom motorista sem “trombar” com o amiguinho?

c) Agora sim, vamos brincar de “carrinho maluco”. Trombando com o “carrinho”

do outro. Mas cuidado para não machucar.

d) Correndo, ao sinal deitar. Outro sinal de pé. Continua correndo e desviando

do amiguinho.

e) Dividir em 02 turmas. Turma da Mônica e turma do Cebolinha.

f) Turma da Mônica deitados de barriguinha para cima, Turma do Cebolinha,

saltando sem pisar no coleguinha. Depois se trocam as funções.

g) Mesma divisão de turmas. Turma da Mônica, sentados no chão, pernas

abertas. Turma do Cebolinha saltando entre as pernas. Troca-se.

h) Turma da Mônica fazendo túnel. Turma do Cebolinha passando por baixo.

Troca-se.

i) Dois a dois, de mãos dadas. De frente, de lado, de costas, um para o outro.

Saltitar com os pés unidos. Vamos ver quem faz direitinho? Mesma formação

anterior. Exercício combinado, passos, saltita à direita, à esquerda, para frente,

para trás, para o alto. Quem consegue?

j) Dois a dois, sentados de costas um para o outro. Braços entrelaçados. Ficar

de pé. Repetir algumas vezes.

4.2.4 - Empurrar, Tradicionar

a) Dois a dois. Mãos dadas de frente um para o outro. Vamos ver quem tem

mais força? (pedir para não soltar as mãos do outro).

Page 34: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

34

b) Dois a dois. Um na frente do outro. O de trás segura na cintura do da frente,

o qual fará força para frente, andando e o de trás força para segurá – lo.

c) De costas um para o outro. Mão nos joelhos. Nádegas com nádegas, força

para desequilibrar o outro.

d) Mão direita segurando mão direita do outro. Bater no “bumbum” do outro e

não deixar bater no seu.

e) Um de frente para o outro. Mãos dadas e pisar nos pés do outro e não

deixar pisar nos seus. (devem estar descalços).

4.2.5 - Transportar, Equilibrar, Força, Coragem

a) Vamos brincar de “Reizinho no trono?”

b) E o João Teimoso, vocês conhecem?

c) Vamos ser “Carriola” (carrinho de mão)? (observe atentamente que as mãos

de quem carregam, são colocadas nas coxas; em outro lugar causa excessivo

arqueamento da coluna).

4.2.6- Observar, Imitar, Criar

Na imitação de animais, máquinas (carro, moto, etc.) a criança aguça

seu senso de observação das coisas que a rodeiam, além de sentir muito

prazer; ouvimos frases como esta: “Olha, tia eu sei!”, “É assim que o coelhinho

faz, né tia”.

a) Agora, nós todos somos carrinhos, ta? Primeiro andando devagar porque

está chovendo, e o chão fica escorregadio...

b) Xi furou um pneu do carro. Como é que fica o carro com o pneu furado?

Quem vai ser o borracheiro e arrumar os pneus furados?

c) Pronto consertamos os pneus, agora nós somos carrinhos bem velhos, um

calhambeque.

d) Eu sou a bomba de gasolina, os carros que precisarem venham abastecer!

Page 35: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

35

e) Muito bom! Vamos brincar que somos motocicletas? Cuidado, motos são de

duas rodas.

f) Vamos levar um amiguinho para passear na garupa?

Muito bem! Olha agora nós vamos até a fazenda, ta legal?! Lá

encontramos vários animais, aves, insetos. Vamos brincar de imitá-los?

a) Jóia, uma galinha, como faz uma galinha?

b) Um cavalinho! Como faz um cavalinho?

c) Na lagoa, encontramos muitos sapinhos. Como pula um sapinho?

d) Olha que lindas borboletas! Vamos voar com as borboletas? (Juninho, que

cor é sua borboleta? E você Patrícia qual a cor da sua borboleta?)

e) Vocês já viram uma abelha? Como faz uma abelha, ela bate devagar ou

rápido suas asas? Ela faz algum barulho?

f) E os coelhinhos, como saltam os coelhinhos? O coelhinho salta igual ou

diferente do sapinho?

g) Vocês já observaram como são silenciosos para andar, os gatinhos?

h) Agora os gatinhos estão com sono, vamos dormir?

i) E a galinha, vocês viram como ela toma conta dos seus pintinhos? E o qual o

barulho que ela faz quando bota seus ovos?

Observações: crianças de cidades, metropolitanas, às vezes nunca tiveram

oportunidade de observar animais, aves domésticas. O educador deve ter o

cuidado de mostrar a essas crianças o que nunca viram. Podem ser através de

slides, gravuras, fotos, filminhos, etc. Mostre primeiro o que existe em seu meio

ambiente, para depois mostrar coisas de outros lugares, estados e países

distantes. Por exemplo: criança de cidade grande pode ser que nunca tenha

visto uma vaca, uma galinha de perto, mas em compensação já pode ter

visitado no zoológico um tigre, um urso polar. Oportunize-as a conhecerem a

maior variedade de bichos possíveis.

Page 36: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

36

CONCLUSÃO

O professor de educação infantil está sempre lidando com as crianças

orientando-as em seu processo de desenvolvimento e na sua formação de sua

personalidade. A criança passa por etapas evolutivas, cada uma progride de

forma diferente. Cabe ao professor pesquisar e se orientar sobre os estágios

de desenvolvimento que a criança passa para que o mesmo possa aplicar

adequadamente os exercícios de psicomotricidade em sua turma adequando

dessa forma os exercícios psicomotores a cada faixa etária específica. É muito

importante que o professor vivencie a psicomotricidade, pois quando ele tem o

conhecimento fica mais fácil aplicar adequadamente as atividades que irão

auxiliar o educando no aproveitamento e no desenvolvimento de suas

potencialidades.

Por fim é através da educação infantil que a criança poderá expandir

seus movimentos corporais explorando seus sentimentos, seu corpo. Cabe a

escola conscientizar os profissionais da educação infantil do valor da

psicomotricidade para que os mesmos possam reconhecer através de

pequena avaliação dificuldades psicomotoras que não foram trabalhadas,

possibilitando assim o desenvolvimento integral do aluno. Enfim o professor

deve está sempre preocupado de trazer atividades corporais par alem da sala

de aula, proporcionando cada vez mais experiências para seus alunos

favorecendo a psicomotricidade fina, auxiliando os alunos de ritmo normal e de

aprendizagem lenta a vencer os obstáculos, os desafios da leitura a da escrita.

Page 37: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

37

BIBLIOGRAFIA CO�SULTADA

ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo, Ação e Emoção. RJ: WAK, 2003

AUCOUTURIER, B. e LAPIERRE, Psicomotricidade e Terapia. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1989;

AUCOUTURIER, B. A Prática Psicomotora-Reeducação e Terapia. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1986;

FÁTIMA ALVES (2008) Psicomotricidade Corpo, Ação e Emoção, 4ªed. Wak

Inara Moura (2009) Psicomotricidade internet publicação 02/04/09.

FONSECA; V (1989). Psicomotricidade 2ªed. São Paulo: Martins Fontes

(1995). Manual de observação psicomotora. Porto Alegre.

FONSECA, Vitor Da. Psicomotricidade: Filogênese, Ontogênese e

Retrogênese. Porto Alegre. Artes Médicas, 1998

LAPIERRE, André; AUCOUTURIER, Bernard. A simbologia do movimento,

psicomotricidade e educação. São Paulo: Manole, 1986.

LE BOULCH (2001) O Desenvolvimento Psicomotor: Do Nascimento até os 6

anos 7ªed. ARTMED

LE BOUCH, Jean. O Desenvolvimento psicomotor do Nascimento até os 6

anos. 2ª Ed.Porto Alegre.Artes Médicas.1984

LE BOULCH, Jean. Educação psicomotora: A psicomotricidade na idade

escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

LE BOULCH, O desenvolvimento psicomotor do Nascimento até 6 anos, a

psicocinética na idade pré escolar, 4ª Ed. Porto Alegre. Ed Artes

Médicas,1986.

MARINHO, Helena. S.Brincar e Reeducar o Folclore.RJ.Revinter,1993

OLIVEIRA, G.C. (2001. Psicomotricidade: Educação e reeducação num

enfoque psicopedagógico. 5ªed. Petrópolis: Vozes

Page 38: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

38

OLIVEIRA, P. S. 1984. O que é Brinquedo?. (2), São Paulo, Brasiliense.

VAYER, Pierre. A criança diante do mundo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

PSICOMOTRICIDADE 9

1.1 – Origens e definições 10

1.2 – Importância da psicomotricidade na educação infantil 12

CAPÍTULO II

ESQUEMA CORPORAL 15

2.1 – Fases do esquema corporal 16

2.2 – Imagem Corporal 19

CAPÍTULO III

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 20

3.1 – Etapas 20

CAPÍTULO IV

JOGOS E RECREAÇÕES

AS BRINCADEIRAS NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR 26

A FUNÇÃO PEDAGÓGICA DO JOGO 29

EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO 30

Page 39: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

39

4.1 – Sugestões para o Educador 30

4.2 – Sugestões de Atividades sem elementos 32

4.2.1 – Promover e desenvolver 32

4.2.2 – Andar 32

4.2.3 – Correr, Pular, Saltitar 34

4.2.4 – Empurrar, Tradicionar 34

4.2.5 – Transportar, Equilibrar 35

4.2.6 – Observar, imitar e criar 35

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

ÍNDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 41

Page 40: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · PDF file2 universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” instituto a vez do mestre o desenvolvimento psicomotor

40

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO

INFANTIL DE 0 A 3 ANOS

Autor: Gislene Santos Silva

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: