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O DIALOGISMO COMO PROCEDIMENTO NA LITERATURA · professor e do aluno a leitura atenta e a pesquisa. ... pelo pensador Pedro Demo, em sua obra “O Desafio de Educar pela ... Um exemplo

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O DIALOGISMO COMO PROCEDIMENTO NA LITERATURA

Autora: Rosangela Aparecida Skrobot1

Orientadora: Anna Beatriz Silveira de Paula2

RESUMO

Com a intenção de contribuir para o estudo de obras literárias em sala

de aula, o presente trabalho traz uma proposta de ensino de literatura com

base no princípio do dialogismo de Mikhail Bakthin, aplicado ao estudo de

obras literárias através da intertextualidade e da interdiscursividade. Aliado

a isso houve um incentivo à pesquisa, enquanto metodologia de trabalho

dos próprios alunos, possibilitando uma situação de aprendizagem

motivadora, significativa e propiciadora da própria construção do

conhecimento pelo aluno.

Para tanto, foi elaborada uma seqüência de atividades que levam o

aluno a pesquisar, ler, comparar diversos textos, discutir com seus colegas

e escrever.

Nessa perspectiva, acredita-se que o ensino da literatura oportunizou

o desenvolvimento, pelo aluno, do hábito da pesquisa, da leitura de obras

literárias, do raciocínio, do trabalho em equipe, incentivando o espírito

crítico e criativo.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura; dialogismo; interdiscursividade;

intertextualidade; pesquisa.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo trata da proposta de um ensino de literatura com base no

princípio do dialogismo, de Mikhail Bakhtin - que propõe estabelecer

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relações dialógicas entre o discurso artístico e outros discursos, de

diferentes épocas e autores - através de um trabalho de intertextualidade e

interdiscursividade aliado ao trabalho de pesquisa, uma vez que o

dialogismo como procedimento no ensino da literatura exige o estudo de

possíveis pontos de intersecção entre textos diversos e isso exige do

professor e do aluno a leitura atenta e a pesquisa.

Apesar de grandes avanços na procura de alternativas metodológicas

aplicadas ao ensino de literatura e língua portuguesa, na maioria dos

contextos educacionais, a prática ainda consiste em circunscrever o

conteúdo a ser desenvolvido no ensino médio em dois domínios essenciais:

a construção de conceitos básicos de teoria literária e, feito isso, a prática

se direciona para o texto literário de época, de modo sistematizado e de

acordo com a perspectiva histórica, que perdura até o fim do Ensino Médio.

Esse cenário culmina com o baixo rendimento, além da desmotivação

em relação ao texto literário, pois, após três anos de estudo de literatura, os

jovens deixam o Ensino Médio das escolas públicas sem terem desenvolvido

certas habilidades básicas de análise e interpretação de textos literários e,

por isso, faz-se necessária a tentativa de outras formas de trabalho com a

literatura em sala de aula.

Podemos lembrar as palavras de Antônio Cândido sobre

literatura como fator de humanização. Ele diz que entende por humanização

o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos

essenciais como o exercício de reflexão, a aquisição do saber, a boa

disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade

de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da

complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura

poderia desenvolver em nós a quota de humanidade na medida em que nos

torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o

semelhante (Cândido, 1995, p.249)

Para que a literatura possa contribuir para o cumprimento desse

objetivo, seria importante que o professor refletisse sobre uma prática

centrada nas informações sobre épocas, disseminada em diferentes

contextos – públicos ou privados. O aluno deve ter meios para ampliar e

articular conhecimentos. Trata-se, prioritariamente, de formar o leitor

literário. Por isso, faz-se necessário e urgente empreender esforços no

sentido de se apropriar da literatura, pelo contato efetivo com o texto. Só

assim será possível experimentar a sensação de estranhamento que a

elaboração peculiar do texto literário, pelo uso incomum de linguagem,

consegue produzir no leitor, o qual por sua vez, estimulado, contribui com

sua própria visão de mundo para a fruição estética.

Essa proposta baseada no dialogismo como procedimento no ensino

da literatura tem como objetivo geral o desenvolvimento de habilidades de

leitura, a fim de que o aluno se transforme num leitor de textos literários,

além de trabalhar em sala de aula a literatura tanto em sua dimensão

comunicativo-interativa, dialógica e estética, quanto em sua dimensão

histórica, social e ideológica; realizar atividades de ler por prazer de ler

simplesmente; valorizar a leitura na sala de aula e ampliar as possibilidades

de leitura de obras literárias na escola.

A metodologia empregada para a implantação deste projeto, teve

como atividade primordial, de extrema importância, a pesquisa, norteada

pelo pensador Pedro Demo, em sua obra “O Desafio de Educar pela

Pesquisa na Educação Básica”. O autor defende que a base da educação

escolar é a pesquisa, pois é através dela que o aluno deixa de ser objeto de

ensino e instrução, para tornar-se sujeito do processo de ensino-

aprendizagem, parceiro de trabalho. A pesquisa pode ser internalizada

como atitude cotidiana, não apenas como atividade especial. É necessário

que o trabalho em equipe seja estimulado com o objetivo de aprimorar a

participação conjunta, e a evolução individual observada, bem como a

produtividade dos trabalhos.

As atividades foram aplicadas para três turmas (I, J, K) da 2ª. série, do

turno da manhã, do Ensino Médio do Colégio Estadual do Paraná, e todos os

alunos dessas turmas participaram da implementação desse projeto.

Nesta pesquisa, foram analisados os pontos de intersecção temáticos

das obras Esaú e Jacó de Machado de Assis e Dois Irmãos de Milton Hatoum.

Além do conto O Reencontro de Vladimir Nabokov e Elo de Irmãos de

Claude Levi-Straus.

A razão de ser Machado de Assis o escritor escolhido para a pesquisa

e desenvolvimento deste projeto é que, além de ser ele o autor de algumas

das maiores obras da literatura brasileira, também é ele objeto de estudo

no currículo da segunda série do Ensino Médio, em que este projeto foi

aplicado.

A escolha de Milton Hatoum é, primeiramente, pela temática dos

irmãos gêmeos, e pela sua reputação, pois após a publicação da obra

Relato de um certo oriente, vem sendo reconhecido pela crítica e pelos

leitores do Brasil e do exterior.

O Reencontro, de Vladimir Nabokov vem reafirmar o ponto de vista já

encontrado nas obras de Machado e Hatoum e o poema de Levi-Straus

serviu como uma antítese ao que já havia sido estudado. Também favoreceu

à análise, o fato deste autor ser um sociólogo e investigar as aldeias

indígenas do norte do Brasil, terra natal de Milton Hatoun.

Ao analisar os pontos de intersecção entre esses autores, foi possível

verificar a atualidades da temática machadiana, pois os alunos não

demonstraram ter mais facilidade com o autor mais recente ou mais

dificuldade de entendimento do autor mais antigo. Trabalharam, portanto,

todas as obras com o mesmo interesse.

O Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola

Para iniciar o trabalho com a obra de Machado de Assis, objetivando a

iniciação e familiaridade com sua obra, houve uma análise de dez de seus

contos. Em grupos de aproximadamente quatro alunos, a turma

desenvolveu uma primeira análise crítica. Os contos selecionados para esse

trabalho foram: A cartomante, Longe dos olhos, Conto de escola, O caso da

vara, A carteira, Felicidade, O Alienista, Astúcias de Marido, Entre Santos e

a Igreja do Diabo.

Esse trabalho das equipes teve a seguinte ordem: foram distribuídos

os contos - um conto para cada grupo – e houve a leitura e o estudo do

vocabulário, a discussão entre os componentes do grupo sobre o texto, a

observação da temática no contexto atual, e nos escritos de outros autores

e, por fim, a apresentação da análise realizada, para a turma toda. O tempo

para o desenvolvimento desse trabalho se dividiu em uma aula para leitura

e estudo do conto em sala, uma semana para pesquisa de outros autores e

obras possíveis como ponto de intersecção temática com o conto analisado

- fora da sala de aula - e mais três aulas para apresentação da pesquisa

realizada, para a turma.

A análise dos contos levou os alunos a refletirem sobre diferentes

temáticas, dentre elas: ética, felicidade, amizade, honestidade, corrupção.

Essa flexibilidade permitiu que cada turma evidenciasse questões diferentes

conforme sintetizo a seguir.

No estudo do conto Felicidade, os alunos da 2ª. série, turma J,

pesquisaram sobre a ideia de felicidade para vários autores, trazendo o

seguinte material para a turma: Mário Quintana entende a felicidade como

coisa simples que de tão simples, pode passar despercebida; para Carlos

Drummond de Andrade, a perda da felicidade está relacionada à anulação

ou afastamento do sofrimento e para Clarice Lispector, a felicidade é para

aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por nossas

vidas. Pearl S. Buck, pensa que a felicidade pode não ser encontrada porque

as pessoas procuram sempre a “grande felicidade”, deixando escapar as

pequenas alegrias do cotidiano. Martha Medeiros escreve que a felicidade é

construída por emoções secretas. Tati Bernardi vê a felicidade como

companhia constante. A partir dessa pesquisa, os alunos debateram sobre

esse tema; trouxeram-no para o contexto atual e constataram que a idéia

de felicidade está muito relacionada ao poder de bens materiais. Refletiram

sobre a perda da felicidade por não se julgar merecedor dela, que é o que

acontece no conto. Depois disso, construíram um conceito próprio de

felicidade, como o de que felicidade é um sentimento momentâneo e os

fatores que levam a essa sensação de bem-estar são passageiros.

Os alunos da 2ª. série, turma K analisaram a perda da felicidade pelo

temor de se amar a uma pessoa de diferente faixa etária. E a obra utilizada

como ponto de intersecção por essa equipe foi O velho da horta de Gil

Vicente:

Um exemplo de livro que trata do amor entre pessoas de diferentes idades chama-se O velho da horta, de Gil Vicente. A história gira em torno das desventuras de um homem já entrado na fase idosa e seu frustrado amor por uma jovem que vem à sua horta comprar verduras. Por meio do diálogo entre o velho e a jovem, Gil Vicente capta a crueldade de uma situação que oscila entre o ridículo e o ilusório. O velho apaixonado deixa-se levar por um amor imprudente; a moça, motivo do sonho do velho, é irônica, sarcástica e retribui as declarações com zombarias.

(2º série K)

O estudo do conto Astúcias de Marido foi, de certa forma, rejeitado

pelos alunos, pelo fato de a astúcia estar relacionada à exposição do outro

ao ridículo, o que foi condenado pela maioria. Como pontos de intersecção,

os alunos usaram fábulas de animais astutos como a raposa, o gato e outras

histórias que envolvem esperteza, porém a conclusão é a de que o bom

senso é mais valoroso que a astúcia; histórias de Guimarães Rosa –

Manuelzão e Miguilim - e Astúcias de Namorada de Pinheiro Chagas.

O Caso da Vara provocou a leitura de obras como O Seminarista de

Bernardo Guimarães, pela obrigação de seguir a carreira eclesiástica, e O

Crime do Padre Amaro como exemplo da figura do mau padre. Também foi

usado como ponto de intersecção o conto A Negrinha de Monteiro Lobato,

pelo fato de tratar de crianças escravas. A Droga da Obediência de Pedro

Bandeira proporcionou a discussão sobre o medo que os adolescentes têm

dos pais. Esse conto de Machado de Assis também provocou a discussão

sobre o momento de escolher a profissão.

O conto A Carteira produziu debates sobre a honestidade, a amizade e

a traição, tendo como pontos de intersecção outras obras de Machado como

Dom Casmurro e A Cartomante. A equipe da turma J, observou pontos de

intersecção com a história O Lenhador Honesto, texto adaptado de uma

história escrita por Emile Paulson, tendo inspiração em um poema de Jean

de La Fontaine.

Diferente do conto A Carteira, o lenhador foi honesto, a justiça de alguma forma foi feita, pois o pobre lenhador disse a verdade e acabou sendo recompensado por isso. Já no conto A Carteira, Honório foi honesto devolvendo a carteira e continuou sendo traído, ou seja, mesmo sendo honesto com os outros, não o foram com ele, porém, o que importa é ter a consciência tranqüila.

(2ª. série, turma J) “Não revele aos amigos os seus segredos, porque você não sabe se algum se tornará seu inimigo. Não cause ao seu inimigo todo o mal que lhe possa fazer, porque você não sabe se ele se tornará um dia seu amigo.” Willian Blake

No Conto de Escola, Machado de Assis critica abertamente a

corrupção, expondo-a em sua forma mais singela e ingênua de modo que,

duas crianças, um com medo de ser castigado pelo pai,e outro encantado

pela recompensa que lhe seria destinada, cometem um ato corrupto. Os

alunos da 2ª. série J, discutiram-no e trouxeram o tema para o contexto

atual e concluíram que desde muito novas as crianças são estimuladas a se

sobreporem aos outros, mesmo que isso implique em vangloriar-se por algo

feito por terceiros. Aprendem muitas vezes em desenhos, filmes, novelas a

enganar os professores e a levar vantagem sobre os colegas. Com a falta de

advertências e castigos, essas crianças tornam-se adultos corruptos que

exercem ações que se refletem em toda a sociedade.

Outro fator analisado pelos alunos foi o capitalismo. Segundo eles,

esse sistema visa o acúmulo de capital, levando muitos homens à

desonestidade, e dessa forma, prejudica toda a população que dificilmente

vê castigo ou punição para isso. Foi possível analisar também, a partir da

leitura e análise do Conto de Escola, a corrupção no cotidiano das pessoas

comuns, dissociado do poder público. O estudo desse conto possibilitou

pontos de intersecção com Gregório de Matos, um dos primeiros autores

brasileiros a confrontar o governo acerca da corrupção, incompetência e

arrogância. Como exemplo, os alunos analisaram um poema de 1691, em

que esse autor barroco faz crítica aos políticos da Bahia e de Portugal, que

não se preocupavam em tomar providências para acabar com a fome que

assolava o país naquela época. Utilizando-se de expressões pesadas,

palavrões, criticou a todos. Todas as personagens apresentadas pelo autor

possuem caráter duplo, sempre aparentando ser o que não são e revelando-

se piores, ou melhores do que aparentam, intensificando a crítica. No

cenário atual, foi analisada a obra de Gabriel Pensador (o rap do mensalão),

que faz críticas ao desvio do dinheiro público pelos políticos. Também a obra

de Nelson Rodrigues – No limiar da Corrupção – serviu de ponto de

intersecção, além de outros autores. Na análise da corrupção escolar, os

alunos constataram que, à medida que os alunos crescem, a corrupção

aumenta e a delação diminui, ou seja, que a delação é própria de crianças

menores.

O conto O Alienista teve como ponto de intersecção a obra O Mistério

da Casa Verde de Moacyr Scliar, Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos

de Lima Barreto que leva à consciência crítica e à visão humanística do

fenômeno da perturbação psíquica até o limite. A análise feita pelos alunos

foi a de que a loucura e uma temática interessante e intrigante para todas

as épocas. Ao pensarem essa temática na atualidade, chegaram à

conclusão de que ainda hoje, com toda a tecnologia e avanços conquistados

pela ciência, é difícil desvendar os mistérios da mente. Isso fica evidente no

trecho de produção dos alunos abaixo citado:

Outro exemplo é Hitler. Ele era louco, pois acreditava que a raça ariana era superior, e fazia com que as outras pessoas acreditassem nisso, devido ao seu poder, como o alienista, todos o temiam por ter o domínio sobre seus conceitos, impondo sempre a sua razão.

(2ª série, turma I)

O conto Entre Santos é uma narrativa dentro de outra narrativa, o que

gerou certa curiosidade entre os alunos, houve debates sobre o

relacionamento com Deus, o costume de fazer promessas, a avareza e as

mulheres que amam demais. Este conto - porque nele há um personagem

apegado ao dinheiro - teve como ponto de intersecção o conto de Natal de

Charles Dickens, ou mais precisamente o personagem Ebenezer Scrooge. Ao

analisarem essa obra, os alunos concluíram que a avareza é um tema

bastante antigo que frequentemente aparece na literatura personificada

como uma ave de rapina que está sempre em busca de uma presa. Dessa

forma definiram o personagem de Charles Dickens – unhas grandes, olho

maior ainda, sempre a querer mais e mais. Hoje pode ser vista de várias

formas, tanto como uma doença da alma, quanto da personalidade e da

formação. Mas é sempre vista como uma paixão do sovina, um apego

excessivo ao vil metal.

Os alunos da turma K, que também leram o Conto Entre Santos de

Machado de Assis, fizeram a seguinte análise:

Nada do que fazemos para Deus é escondido, Ele está vendo tudo, sentindo tudo. Quando entramos nas igrejas ou em qualquer lugar consagrado, devemos entrar com toda nossa alma e fervor, não entrar por entrar. A partir da hora que entramos e prometemos alguma coisa, estamos cientes do pacto que realizamos com o Senhor. Dizem que Deus não julga ninguém, cremos que não, mas a maldade sempre está presente para se aproveitar das ocasiões.

(2ª. série - turma K)

O conto A igreja do diabo teve como ponto de intersecção a

obra de Henrik Ibsen, “Um inimigo do povo”, que trata das contradições

humanas. Mesmo diante da vontade de praticar o bem comum, o dr.

Stockmann entra em choque com os interesses mesquinhos da cidade.

Vítima da maioria e da unanimidade, o homem que queria salvar a cidade

torna-se o inimigo do povo. Estas idéias de Ibsen aproximavam-se muito das

idéias anarquistas que tinham amplo apoio de importantes segmentos

intelectuais e políticos da sociedade da época. A peça é uma impiedosa

crítica às elites, aos governos, aos partidos e ao pensamento único.

O conto A igreja do diabo relata o desejo íntimo do humano de cometer pecados e ser contra as regras e mesmo quando o pecado se torna uma “lei”, as pessoas começam a fazer boas ações que eram no caso proibidas.

(2ª. série - turma J)

O conto Longe dos olhos tem sua temática focada no casamento

arranjado, o que era normal na época em que se passa a história. Como

pontos de intersecção, foram discutidas outras narrativas que tratam do

mesmo assunto como o conto Lívia de Lima Barreto, no qual há uma crítica

contundente contra os casamentos arranjados, por mera e pura

conveniência, e destinados a solucionar problemas econômicos e alavancar

socialmente as pessoas. Também foi lembrada a história de Visconde de

Taunay, Inocência, e Senhora, de José de Alencar, já analisadas no

primeiro semestre pelos alunos.

O trabalho de análise dos contos com a preocupação de trazer a

temática para o contexto atual e de dialogar com outros autores, exigiu dos

alunos e também dos professores muitas leituras e reflexões, além da

pesquisa que é essencial para esse tipo de trabalho com a literatura. A

análise em grupos proporciona a discussão, o debate e a soma de

conhecimentos, de pesquisas realizadas. A leitura é marcada pela reflexão.

Evita-se, portanto, uma leitura superficial e rasa do texto e os alunos não

ficam com aquela sensação de que Machado de Assis já nada tem a dizer ao

tempo atual.

No início da aplicação das atividades de leitura e análise dos contos

de Machado de Assis, muitos alunos apresentaram dificuldades de

interpretação, porém, à medida que foram lendo, discutindo e pesquisando,

demonstraram menos estranhamento ao estilo, vocabulário, desse autor.

Após a conclusão do trabalho com os contos, houve a análise de Esaú

e Jacó com as seguintes atividades: a leitura do primeiro capítulo do livro

em sala de aula, com o objetivo de motivar os alunos; a reflexão sobre o

quanto se pode conhecer uma cidade, ou o quanto cada um conhece de sua

própria cidade; o estabelecimento de paralelos possíveis entre a ação das

personagens femininas de Esaú e Jacó e a ação daquelas que aparecem em

outras narrativas de Machado: Sofia (Quincas Borba), Capitu (Dom

Casmurro), Virgília e Marcela (Memórias Póstumas de Brás Cubas). Como

resultado desse estudo, a equipe da turma J concluiu:

As personagens de Machado de Assis veem-se enredadas num mundo onde o homem exerce o poder. Todas elas têm um perfil diferenciado, e possuem beleza, simpatia, apelo erótico e jogos de sedução. São de personalidade e caráter forte. Já Flora, do livro Esaú e Jacó, das outras personagens, ela não é tão preocupada com o luxo e a avareza, suas características são as de uma personagem romântica. (2º. J)

O levantamento dos “tipos sociais” construídos por Machado em Esaú

e Jacó, tomando-o como ponto de partida para a análise da relação entre o

painel histórico que serve de fundo para a intriga e a criação imaginária; a

comparação entre Flora de Esaú e Jacó e Bento de Dom Casmurro, a partir

de um elemento comum a ambas as personagens: o comportamento

marcado pela dúvida e pela hesitação:

A dúvida é o principal ponto de comparação entre as duas personagens; no caso de Bento é a dúvida em relação à traição (nunca confirmada) de Capitu, no caso de Flora, há dúvida e hesitação em escolher um dos gêmeos, Pedro ou Paulo. Em ambos os casos, a dúvida continuou até a morte. (2ª. série I).

O levantamento da vida social do Rio de Janeiro na segunda metade

do século XIX, tal como esta se faz presente na obra de Machado, foi outra

atividade desenvolvida pelos alunos:

Durante a segunda metade do século XIX, a sociedade brasileira passou por mudanças fundamentais nos campos políticos, sociais. Foi nesse período que a forma de governo foi mudada, houve a constituição, e iniciou-se a substituição do trabalho escravo pela mão-de-obra assalariada. As cidades cresceram e nelas as primeiras indústrias se instalaram. Surgiram nesse tempo, as primeiras greves, pois o Operariado cujas condições de trabalho eram bastante precárias, tenta desenvolver uma ação política (...) ( alunos da 2º série I).

(...)

Entre 1850 e 1860 ocorreu o que podemos chamar de surto industrial no Brasil, pois foram inauguradas 70 fábricas que produziam chapéus, sabão, tecido de algodão e cerveja; artigos que até então, vinham do exterior. Além disso, foram criados catorze bancos, três Caixas Econômicas, vinte companhias de navegação, vinte e três companhias de seguro, oito estradas de ferro. Criaram-se ainda empresas de mineração, transporte urbano e gás. (...) (alunos da 2ª. série I)

(...)

O Rio de Janeiro era uma cidade heterogênea, com mansões e palacetes ao lado de bairros miseráveis. Na rua do Ouvidor podiam-se encontrar as últimas novidades de Paris, mas a febre amarela e a varíola dizimavam a população pobre. Uma aristocracia culta e exigente povoava os salões e os espetáculos de ópera, enquanto o desemprego empurrava milhares de pessoas para uma vida incerta de pequenos trabalhos avulsos, quando não para o baixo meretrício e a malandragem. Nos palacetes de Laranjeiras falava-se o francês nas noites de gala, enquanto não longe dali, nos cortiços, a fome e a miséria aumentavam. (...) (alunos da 2ª. série I).

Nos contos de Machado a recorrência de alguns temas essenciais de

Esaú e Jacó como a hesitação, em Missa do Galo e D. Benedita, a busca

frustrada da unidade e da perfeição, em Cantiga de esponsais e Trio em lá

menor ou a duplicidade do indivíduo, em O Espelho e A Causa Secreta:

Em O Espelho, a duplicidade de Jacobina se dá devido ao fato dele ter duas almas: a interior – antes de receber o posto de alferes, mostrava como ele realmente era por dentro - e a exterior – após receber o posto de alferes e ir passar algum tempo com sua tia que o mima. Ele se torna uma pessoa completamente diferente quando veste a sua farda. Já em A Causa Secreta, Fortunato é uma personagem que tem duas personalidades. Quando está próximo dos amigos parece ser uma pessoa calma, séria e profissional, que trata os pacientes com o maior cuidado. Mas quando está só, ou com a sua esposa, mostra-se sádico, que sente prazer em ver os outros sofrerem. Em Esaú e Jacó a duplicidade está no fato de dois indivíduos iguais que nasceram do mesmo ventre, no mesmo dia, e cresceram juntos, tomam, porém caminhos diferentes. (...)

(alunos da 2ª. série J.)

A análise da obra Dois Irmãos de Milton Hatoum foi realizada com a

proposta de questões como o levantamento da vida social de Manaus de

1910-1960, tal como se apresenta na obra desse escritor:

Durante a segunda guerra mundial, Manaus ficou às escuras; houve racionamento de energia e comida. Aviões norte-americanos traziam alimentos e, às vezes era usado o escambo. Com o fim da guerra, ergueram palafitas à beira de igarapés. Manaus cresceu assim, no tumulto de quem chegou primeiro. Havia Biblos, um ponto de encontro de imigrantes libaneses e marroquinos. O choque cultural de Yaqub, seus hábitos e língua diferentes. A ditadura militar invadindo Manaus, por volta de 1960 (na obra de Hatoum, o assassinato do professor de Francês por ter feito parte do movimento comunista). (...) (alunos da 2ª. série K).

A pesquisa da história do imigrante de origem árabe no Brasil e a

expansão comercial da região norte:

O Imperador D. Pedro II, após efetuar viagem diplomática ao Oriente Médio, mostrou-se fascinado pela cultura local e pela cordialidade do povo árabe. Consta que , por meio do Imperador, as primeiras levas de imigrantes árabes foram atraídas para o Brasil. (...) Os primeiros imigrantes árabes chegaram ao Brasil, oficialmente, por volta de 1880. Calcula-se que, até o ano de 1900, chegaram 5.400 árabes. Diferentemente de outras correntes migratórias, não vieram para trabalhar em lavouras e sim, em sua maioria, como mascates e com o tempo, tornavam-se grandes varejistas e industriais. (...) Segundo estimativas do IBGE, referenciadas pela Liga Árabe, o Brasil possui a maior colônia árabe fora de seus países de origem. Vivem no Brasil cerca de 15 milhões de árabes. Alguns pesquisadores apontam números da ordem de 20 milhões. Números substanciais, dado que a população do Líbano atualmente é de quatro milhões e da Síria é de dezenove milhões. (alunos da 2ª. série J).

A reflexão sobre a metáfora sugerida por Milton Hatoum, que vê no

imigrante um sujeito dividido, que sofre uma espécie de dualidade do lar,

da pátria. E os dois irmão como uma metáfora dessa dualidade:

Há um sentimento muito comum em grande parte dos imigrantes, o sentimento de “não pertencimento” a algum lugar. Ele sai do seu país à procura de algo melhor e, mesmo encontrando o que procura não firma raízes no país que escolheu para morar. Há certa dificuldade em se adaptar, pois tudo é diferente: a comida, o idioma, os costumes, a cultura, a religião. O imigrante traz com ele a

sua cultura e tenta vive-la no novo país. Há a tentativa de criar um país dentro do outro, o velho dentro do novo. Mas nem sempre isso é possível e surgem daí muitos conflitos. Na obra Dois Irmãos, há vários confrontos de cultura entre as personagens, a começar pelo pai de Zana que manteve as tradições de sua terra natal. Outro exemplo é Halim que foi procurar uma esposa entre as pessoas de sua descendência. Yaqub, quando retorna ao Brasil, depois de cinco anos no Líbano, demonstra mudanças na sua maneira de ser. A guerra e a solidão tornaram-no um homem sério e responsável que tem dificuldades para se adaptar novamente ao ritmo brasileiro, começando pela língua que esquecera de falar. (alunos da 2ª. série J).

O levantamento dos termos utilizados na obra, originados do árabe e

do tupi, palavras típicas do Amazonas ou da região Norte, provenientes os

não do tupi, além de uma variedade de nomes próprios e palavras que

designam alimentos e frutos característicos:

(...) Matupá: pólo urbano situado na pré-amazônica brasileira, que teve seu auge a partir de 1966, onde hoje existe a junção entre cidade e aldeia; riaçabal: conjunto de fibras de palmeira, utilizada na fabricação de vassouras; batuíra: ave de pequeno porte que vive em pequenos bandos nos mangues e áreas inundadas; tarumã: origem tupi-guarani, conhecida como azeitona do mato, fruta utilizada por índios para fazer bebida fermentada; cunhatã: menina, moça; igarapé: leito da nascente de um rio; japioçoca: ave de plumagem negra, bico amarelado e peito vermelho, muito comum na Amazônia; maloca: tipo de cabana comunitária utilizada por nativos da região amazônica; mururi: planta aquática do vale do Amazonas, conhecida como aguapé, ou ilhota flutuante; sapoti, curumim, pitomba... (alunos da 2ª. série I).

(...)

Harami: bastardo; baba: pai; Biblos: cidade fenícia, onde era comum o batismo (Zana é batizada lá, na obra); Darbuk: tambor; narguilé: um tipo de fumo de diversas essências na cultura árabe;Jabal Al Qaraquf: terra sagrada, lugar de pedra muito usado nas obras de Milton Hatoun; ibrahim: peixe muito consumido e muito comum na Arábia; Yaharam Ash-shum: expressão de lamento (...) (Alunos da 2ª. série K).

A análise comparativa do comportamento dos irmãos Pedro e Paulo

de Esaú e Jacó e de Yaqub e Omar de Os Dois Irmãos de Milton Hatoum:

Esaú e Jacó, irmão gêmeos e personagens bíblicos inspiraram Machado de Assis na construção de Pedro e Paulo. A história gira ao redor da permanente rivalidade entre os gêmeos fisicamente idênticos, mas com personalidades opostas em tudo. Paulo, mais agressivo. Pedro, conservador. Paulo agitado, republicano. Pedro, calmo, monarquista. O único ponto em comum entre seus espíritos discordantes é a paixão pela mesma mulher. (...) Da mesma forma Omar e Yaqub se odeiam, e Zana, a mãe, preocupa-se muito com a relação dos filhos. Omar, boêmio, impetuoso e sempre protegido pela mãe, indisciplinado e intempestivo, é capaz de ações inesperadas e corajosas. Yaqub, tímido, conservador e dedicado aos estudos, revela-se na juventude um grande conquistador. Parece sofrer com a preferência da mãe pelo irmão. Amam, como Pedro e Paulo, a mesma mulher. (alunos da 2ª. série J).

(...)

Pode-se relacionar principalmente a personalidade de Pedro, na história de Machado de Assis, com Yaqub, de Milton Hatoum. Ambos são mais conservadores e retraídos do que os irmãos. Já oposto a eles temos Paulo e Omar que coincidem sendo mais agitados, revolucionários e agem com ímpeto. (...). (alunos da 2ª. série J).

Para mais um trabalho de intertextualidade, foi feita a análise do

conto O Reencontro de Vladimir Nabokov, cujos personagens foram

analisados comparativamente aos das obras de Machado e Hatoum.

O conto de Nabokov reforça a ideia - de Machado de Assis e Milton

Hatoum - de que os laços entre irmãos nem sempre são fortes.

Para que pudéssemos ampliar ainda mais a discussão sobre a

relação entre irmãos, optei por um texto de Claude Lévi-Straus – Elo entre

irmãos - que traz uma visão diferente da relação entre irmãos, dos autores

antes analisados.

Lévi-Strauss realizou pesquisas que foram fundamentais para

consolidação de seu pensamento antropológico. Em sua obra “O

Pensamento Selvagem, 1962”, revela os estudos de parentesco em diversas

aldeias de tribos indígenas brasileiras. Descrevendo as teias de

relacionamento entre as famílias, descobriu que o elo de parentesco mais

importante, não está entre pais e filhos, como se supõe, mas entre irmãos.

Após o estudo do poema Elo de Irmãos, os alunos produziram um

texto dissertativo, posicionando-se a favor de uma das ideias estudadas e

para finalizar o trabalho, foi proposto aos alunos pesquisar histórias de

outros irmãos na literatura e fora dela: Caim e Abel, Fernando e Pedro

Collor, e outros.

É necessário motivá-los à leitura com atividades que tenham para os

jovens uma finalidade imediata e não necessariamente escolar, por

exemplo, que o aluno se reconheça como leitor, ou que veja nisso prazer,

que encontre espaço para compartilhar suas impressões de leitura com os

colegas e com os professores e que tornem necessárias as práticas da

leitura.

Tzvetan Todorov, que é um dos principais divulgadores da obra de

Bakhtin no Ocidente, no seu livro A Literatura em Perigo (Difel 2009, p.31-

33) afirma que é preciso ir além, que nos questionemos sobre a finalidade

última das obras que julgamos dignas de serem estudadas. Em regra geral,

o leitor não profissional, tanto hoje quanto ontem, lê essas obras não para

melhor dominar um método de ensino, tampouco para retirar informações

sobre as sociedades a partir das quais foram criadas, mas para nelas

encontrar um sentido que lhe permita compreender melhor o homem e o

mundo, para nelas descobrir uma beleza que enriqueça a sua existência; ao

fazê-lo, ele compreende melhor a si mesmo. O conhecimento da literatura

não é um fim em si, mas uma das vias régias que conduzem à realização

pessoal de cada um. O caminho tomado atualmente pelo ensino literário,

que dá as costas a esse horizonte arrisca-se a nos conduzir a um impasse –

sem falar que dificilmente poderá ter como conseqüência o amor pela

literatura.

E esta pesquisa tem como objetivo procurar um caminho - ainda que

entremeado de pedras e espinhos – que mostre outras possibilidades para a

aula de literatura, uma outra paisagem, aos alunos, ao final do Ensino

Médio. Isso ficou evidente no momento de troca de experiências

oportunizado pelo GTR.

Ao discutirmos a viabilidade da proposta, com os professores cursistas

do GTR – grupo de trabalho em rede - foram favoráveis à implementação do

projeto e enriqueceram-no com suas opiniões e valiosas indicações de

livros, leituras e filmes.

Ao analisarem o projeto e a produção didática, os cursistas trouxeram

para as discussões alguns pontos que devemos ressaltar, como por exemplo

o de que essa proposta permite a socialização, a discussão e o debate.

Outro ponto interessante é o de que a literatura permite intensificar o

diálogo com texto das mais diversas áreas de conhecimento, com a

sociologia, antropologia, filosofia, história, arte, enfim, que ela é por

excelência multidisciplinar na medida em que aborda e permite abordar

sobre os diversos condicionantes imbricados nas relações humanas.

Oferece-nos, portanto inúmeras possibilidades de um trabalho dialógico. .

CONCLUSÃO

A oportunidade de desenvolvimento e implementação desse projeto

foi bastante enriquecedora, pois proporcionou um trabalho em que

professora e alunos estiveram por alguns meses debruçados sobre obras

literárias de épocas e autores diferentes, na tentativa de descobrir nelas

encantamento, respostas, sentidos, enfim, de entrar nesse maravilhoso

mundo da literatura.

Houve momentos de dificuldade, pois o trabalho foi realizado com

adolescentes, os quais – a maior parte deles – não têm o hábito de ler livros

de literatura. Porém, o que contribuiu para que os objetivos fossem

alcançados, foi o fato de todo o trabalho de análise ter sido realizado em

grupos, pois dessa forma houve uma cobrança interna, do próprio grupo,

para que todos trabalhassem e, à medida em que as informações

pesquisadas se avolumavam, o trabalho ia tornando-se mais interessante e

conquistando até os mais resistentes.

Como a proposta do dialogismo como procedimento para o ensino de

literatura estava vinculado ao trabalho de pesquisa, todos aumentaram o

conhecimento sobre os autores e as obras estudadas.

Há alguns pontos que devem ser ressaltados após a implementação

deste projeto: esta proposta permite, sobretudo favorece a socialização, o

trabalho em equipe, a discussão e o debate. Intensifica o diálogo com o

texto das mais diversas áreas do conhecimento, é por excelência

multidisciplinar na medida em que permite abordar os diversos

condicionantes imbricados nas relações humanas. Oferece, portanto,

inúmeras possibilidades de um trabalho dialógico. O diálogo entre gêneros

literários colabora para o despertar de uma visão de que a literatura é o

resultado do ser e fazer humanos e sua produção contribui para a

humanização desses seres que são a matéria prima para sua produção.

A produção didática apresentada não extrapola as condições

materiais objetivas da escola para a concretização da prática, pois trabalha

com obras clássicas de fácil aquisição em bibliotecas públicas, visa

sobretudo à leitura, à reflexão e à discussão.

Exige mais leitura e pesquisa dos professores que terão no aluno um

companheiro para dividir conhecimentos e descobertas.

Conscientiza os professores de que, embora existam alunos

desinteressados na leitura de obras literárias, as aulas devem ser mais

significativas e inovadoras.

Desenvolver esse projeto em sala de aula proporcionou um momento

de reflexão sobre o encaminhamento que estamos dando as nossas aulas

de Literatura, e a certeza de que algo deve ser feito para que as mudanças

aconteçam.

As atividades aqui propostas, além de proporcionarem a construção

do conhecimento, favoreceram o relacionamento entre os alunos, pois

trabalharam muitas vezes de maneira coletiva, trocaram ideias, construíram

resumos e tiveram de expor seus pensamentos para mostrar aos colegas

como haviam chegado à conclusão. Enfim, esta participação individual e

coletiva melhorou a autoestima dos alunos, garantindo o clima de respeito e

amizade entre eles.

Desse modo, acreditamos que a metodologia trabalhada oportunizou

o desenvolvimento do raciocínio, da criatividade e do enfrentamento de

situações reais pelo aluno. Mostrou o valor da Literatura como instrumento

para compreender melhor o mundo em que vivemos.

Percebemos, também, que mudar metodologias de ensino, até pela

própria formação profissional de muitos dos professores é uma tarefa difícil,

mas fica aqui a expectativa de que esta proposta possa, de alguma forma,

ter causado uma inquietude nos colegas, um desejo de mudança e a visão

de que é possível a implementação de metodologia de ensino de Literatura

com base no princípio de dialogismo de Bakhtin.

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