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GABRIELA COAN GABRIEL
O EFEITO DA GINÁSTICA LABORAL E DAS ORIENTAÇÕES POSTURAIS PARA
OS TRABALHADORES DA EMPRESA AREIA E MAR
Tubarão, 2004
1
GABRIELA COAN GABRIEL
O EFEITO DA GINÁSTICA LABORAL E DAS ORIENTAÇÕES POSTURAIS PARA
OS TRABALHADORES DA EMPRESA AREIA E MAR
Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina
Orientadora Prof.ª MSc. Rita de Cássia Clark Teodoroski
Tubarão, 2004
2
GABRIELA COAN GABRIEL
O EFEITO DA GINÁSTICA LABORAL E DAS ORIENTAÇÕES POSTURAIS PARA
OS TRABALHADORES DA EMPRESA AREIA E MAR
Esta monografia foi apresentada ao Curso de Fisioterapia e julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia e aprovada em sua forma final pelo Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina.
Tubarão, 29 de novembro de 2004.
___________________________________
Orientadora - Professora MSc. Rita de Cássia Clark Teodoroski
Universidade do Sul de Santa Catarina
___________________________________
Professora MSc. Luci Fabiane Scheffer Moraes
Universidade do Sul de Santa Catarina
___________________________________
Professor Esp. Rodrigo da Rosa Iop
Universidade do Sul de Santa Catarina
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe querida
Solange Coan Gabriel por todo o carinho,
atenção e compreensão em todos os mementos.
Também dedico ao meu pai Antônio S. S.
Gabriel por garantir o meu estudo, e que
mesmo trabalhando longe sempre tentou saber
de tudo o que estava acontecendo comigo.
Em memória a minha avó Norma Cardoso
Coan eterna gratidão.
4
AGRADECIMENTOS
A todos que direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa,
venho externar o meu muito obrigada.
Agradeço em particular ao meu namorado Ismael Fernandes que esteve ao meu
lado durante os momentos finais da minha vida acadêmica, pela atenção, compreensão e
companheirismo.
Aos meus pais, a minha eterna gratidão por me proporcionarem a formação na
vida acadêmica e por todo o apoio e carinho durante toda a minha vida.
A minha orientadora, professora Rita de Cássia Clark Teodoroski que contribuiu
para a formação deste trabalhando, estando sempre presente para dar uma palavra de apoio.
A todos os funcionários da empresa Areia e Mar, que estiveram dispostos para
atender aos meus pedidos e ao dono da empresa Rodnei Goulart da Silva que, disponibilizou
sua empresa para ser o objeto deste estudo.
A todos os professores, em especial a banca que irá julgar este trabalho, por
ampliarem os meus conhecimentos na área de fisioterapia e despertarem todo o meu amor por
está profissão maravilhosa.
Por fim, agradeço a Ele, que é o todo poderoso, DEUS, por ter me iluminado todo
esse tempo, e que de alguma maneira esteve ao meu lado.
5
RESUMO
O estilo de vida dos indivíduos, especialmente no campo do trabalho, está tornando-os mais inativos, realizando movimentos cada vez mais repetitivos e obrigando-os a uma maior e melhor produção. A ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. Esta pesquisa é do tipo experimental, com pré e pós-teste, tendo como objetivo avaliar os efeitos da ginástica laboral e das orientações posturais na empresa Areia e Mar. A amostra foi composta por 18 trabalhadores, com idade entre 20 a 49 anos. Realizou-se uma entrevista inicial seguida de uma palestra sobre postura no trabalho e a importância do exercício físico. Aplicou-se então o programa de ginástica laboral por 2 meses, obtendo como resultado uma diminuição dos desconfortos posturais e melhora do “estado geral” dos participantes.
Palavras chaves: ergonomia, postura no trabalho, ginástica laboral.
6
ABSTRACT
The individuals’ lifestyle, especially in the working environment, is making them become more inactive, realizing more and more repetitive movements and forcing them to a greater and better production. Ergonomics is the study of the relationship between man and his job, equipment and environment, and specifically putting into practice the knowledge of anatomy, physiology and psychology in solving problems which had arisen from this relationship. This survey is of experimental type, with pre and post-test, aiming the evaluation of the effects of labor exercise and of postural orientations in the company Areia e Mar. 18 employees composed the sample, between 20 and 49 years old. An initial interview was realized and it was followed by a lecture on posture at work and the importance of physical exercise. Then, it was applied the program of labor exercise for 2 months, achieving as a result a decrease of the postural discomfort and improvement of the “general condition” of the participants.
Key words: ergonomics, work posture, labor exercise.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Curvas fisiológicas e suas alterações ................................................................. 20
Figura 02: Postura ortostática assumida na empresa ........................................................... 24
Figura 03: Compressão nos discos intervertebrais em posturas diferentes ......................... 25
Figura 04: Postura sentada incorreta ................................................................................... 26
Figura 05: Movimento de transporte de peso ...................................................................... 27
Figura 06: Posição dos membros superiores ....................................................................... 29
Figura 07: Posição de levantamento de peso....................................................................... 29
Figura 08: Vista externa da empresa em estudo .................................................................. 33
Figura 09: Postura sentada adotada no posto de trabalho em estudo .................................. 41
Figura 10: Início do exercício 02......................................................................................... 57
Figura 11: Termino do exercício 02 .................................................................................... 57
Figura 12: Exercício 04 ....................................................................................................... 58
Figura 13: Exercício 05 ....................................................................................................... 58
Figura 14: Exercício 06 ....................................................................................................... 58
Figura 15: Exercício 07 ....................................................................................................... 58
Figura 16: Exercício 07 ....................................................................................................... 58
Figura 17: Exercício 08 ....................................................................................................... 59
Figura 18: Exercício 10 ....................................................................................................... 59
8
Figura 19: Exercício 12 ....................................................................................................... 59
Figura 20: Exercício 13 ....................................................................................................... 60
9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01: Participantes da pesquisa por idade.................................................................. 36
Gráfico 02: Postura assumida pelos participantes ............................................................... 37
Gráfico 03: Condições de trabalho ...................................................................................... 38
Gráfico 04: Relacionamento com os colegas ...................................................................... 39
Gráfico 05: Dor durante o trabalho ..................................................................................... 40
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Participantes da pesquisa por idade e sexo....................................................... 35
Quadro 02: Cargo dos participantes, tempo de atuação na empresa e tempo de atuação no
cargo .................................................................................................................................... 36
Quadro 03: Realização de exercício físico .......................................................................... 37
Quadro 04: Região do corpo com dor ................................................................................. 40
Quadro 05: Estado geral ...................................................................................................... 42
11
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................................ 05
ABSTRACT ....................................................................................................................... 06
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13
2 ERGONOMIA ................................................................................................................ 16
2.1 Postura Corporal ......................................................................................................... 18
2.1.1 Etimologia da dor em problemas posturais ............................................................... 20
2.1.2 Postura no trabalho ..................................................................................................... 22
2.1.3 Orientações posturais ................................................................................................ 26
2.2 Ginástica laboral.......................................................................................................... 29
2.2.1 Classificação da ginástica laboral............................................................................... 31
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ............................................................................. 32
3.1 Tipo de pesquisa .......................................................................................................... 32
3.2 População/amostra ...................................................................................................... 33
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados........................................................... 33
12
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados ............................................................ 33
3.5 Caracterização da empresa ........................................................................................ 34
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS..................................................................... 35
4.1 Caracterização da população .................................................................................... 35
4.2 Sintomatologia antes e após a aplicação do programa............................................. 39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 44
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 46
APENDICE ........................................................................................................................ 49
APENDICE A – ENTREVISTA INICIAL ..................................................................... 50
APENDICE B – ESCALA DE DESCONFORTO PARA AS DIFERENTES PARTES
DO CORPO........................................................................................................................ 53
APENDICE C – ENTREVISTA FINAL ......................................................................... 55
APENDICE D – PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL APLICADO
NA EMPRESA ................................................................................................................. 57
APENDICE E – TERMO DE CONSENTIMENTO ...................................................... 62
13
1 INTRODUÇÃO
A evolução tecnológica que vem ocorrendo desde a Revolução Industrial, ao
mesmo tempo que trouxe diversos benefícios, alterou o estilo de vida dos indivíduos,
especialmente no campo do trabalho, tornando-os mais inativos realizando movimentos cada
vez mais repetitivos e obrigando-os a uma maior e melhor produção.
O fato de o indivíduo encontrar facilidade na realização de suas atividades de vida
diárias (AVD’s), o torna inativo, com maior predisposição às disfunções no sistema
musculoesquelético. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2002), a saúde pode
ser comprometida por agentes agressivos ou fatores de risco como: ruído excessivo,
temperatura muito alta ou baixa, mobiliário inadequado, iluminação precária e por outros
fatores trazidos pelo mundo moderno como: sedentarismo, falta de comunicação com outras
pessoas, monotonia e principalmente ausência de desafios intelectuais. Além desses fatores
citados, tem-se ainda o medo do desemprego, o aumento da competitividade levando a um
maior estresse aos mesmos.
Segundo Bertoncello (1999), numa análise do trabalho cada vez mais
industrializado, é possível verificar o aumento da demanda por tarefas que exigem esforço e
rapidez por parte dos trabalhadores. Aos tecidos moles corporais (músculos, ligamentos,
tendões, bursas) e ao esqueleto sobrevêm diversos danos, trazendo desconforto ao trabalhador
14
e tornando-o vulnerável a traumas maiores. O tronco e os membros superiores são as regiões
que mais sofrem conseqüências de uma excessiva exposição a fatores de risco para lesões por
traumas cumulativos. Os trabalhadores que atuam nas empresas, sejam elas de pequeno ou de
grande porte, estão susceptíveis ao surgimento de doenças ocupacionais, uma vez que estão
expostos aos fatores de risco anteriormente citados.
A prática de exercícios, bem como as orientações posturais são atividades de
extrema importância no combate aos fatores de risco das doenças ocupacionais. Com a
realização destes, pode ser observada uma maior motivação do empregado na realização de
suas tarefas, diminuição no número de faltas e afastamento do trabalho e, em conseqüência
disto, ocorre um aumento na produtividade e no lucro da empresa, tendo o trabalhador
garantia de emprego.
Alvarez (2002), diz que apesar da grande preocupação com a qualidade de vida
nas empresas, pouca coisa tem sido feita quando se trata de programas de promoção de saúde
dos trabalhadores, como é o caso de Santa Catarina. Tanto nas empresas públicas quanto nas
privadas, existem poucos programas que visam a saúde dos trabalhadores no aspecto de
prevenção de desenvolvimento das doenças crônico-degenerativas. Assim, faz-se necessário
descrever e analisar os trabalhos que estão sendo realizados nas empresas.
O presente estudo teve como objetivo geral analisar os efeitos da ginástica
laboral e das orientações posturais nos trabalhadores da empresa Areia e Mar, no município
de Tubarão, SC. Os dados foram coletados na referida empresa, que tem como principal
atividade à confecção de vestimentas (biquínis, sungas, cangas, etc.), onde os trabalhadores
realizam tarefas com característica repetitiva e em posturas estáveis por períodos prolongados.
A coleta de dados foi realizada durante o período de 16 de agosto até 14 de outubro de 2004,
sendo feitos 3 atendimentos semanais com duração de 15 minutos no final do expediente. Para
alcançar o objetivo geral foi necessário identificar a população que participou da pesquisa,
15
descrever suas queixas e coletar todos os dados necessários para a realização do estudo. Por
fim, os resultados foram comparados antes e após a aplicação do referido estudo.
16
2 ERGONOMIA
O termo ergonomia se origina das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos
(regras). Segundo Iida (2000, p. 01):
Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento [...].
Dul e Weerdmeester (1998) descrevem que a ergonomia se aplica ao projeto de
máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a segurança, saúde,
conforto e eficiência no trabalho.
Couto (1995 apud GEREMIAS, 2002, p.40) define a ergonomia como sendo um
conjunto de ciências e tecnologias que visa uma interação confortável e produtiva entre o ser
humano e trabalho, procurando adaptar as condições do trabalho as características humanas.
Estas características de adaptação devem ser observadas pois irá proporcionar mais conforto e
prevenir os problemas musculoligamentares (lombalgias, tenossinovites, lesões por traumas
cumulativos), que reduzem a produtividade das pessoas e provocam afastamentos
prolongados e deixam a empresa em situação de fragilidade frente a eventuais reclamações
dos trabalhadores. Além disto, a ergonomia tem um outro fator importante em recursos
17
humanos na qual empresários e sindicalistas concordam, quando uma medida ergonômica for
bem aplicada resulta em aumento de conforto que, em conseqüência, aumenta a produtividade
e diminui riscos de lesão.
De acordo com Barbosa (2002, p. 66), a Associação Brasileira de Ergonomia
descreve que a ergonomia objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar as
atividades nele existentes às características, habilidades e limitações das pessoas com vistas
ao seu desempenho eficiente, confortável e seguro.
Para realizar o seu objetivo, a ergonomia estuda diversos aspectos do
comportamento humano no trabalho e outros fatores importantes para o projeto de sistemas de
trabalho, que são:
- O homem: características físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais do trabalhador;
influência do sexo, idade, treinamento e motivação.
- Máquina: entende-se por máquina todas as ajudas materiais que o homem utiliza no seu
trabalho, englobando os equipamentos, ferramentas, mobiliários e instalações.
- Ambiente: estuda as características do ambiente físico que envolve o homem durante o
trabalho, como a temperatura, ruídos, vibrações, luz, cores, gases e outros.
- Informação: refere-se as comunicações existentes entre os elementos de um sistema, a
transmissão de informações, o processamento e a tomada de decisões.
- Organização: é a conjugação dos elementos acima citados no sistema produtivo, estudando
aspectos como horários, turnos de trabalho e formação de equipes.
- Conseqüências do trabalho: tarefas de inspeção, estudos dos erros e acidentes, além dos
estudos sobre gastos energéticos, fadiga e estresse.
Os objetivos práticos da ergonomia são a segurança, satisfação e o bem estar dos
trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos (IIDA, 2000).
18
O esforço para solucionar estes problemas, na interação de seres humanos e
máquinas, de forma que esta combinação seja confortável, segura e eficiente é que são
motivados diversos profissionais, como fisioterapeutas, médicos, engenheiros e outros.
De acordo com Geremias (2002, p. 42) um melhor conforto para o trabalhador
muitas vezes implica numa melhoria nas condições no ambiente de trabalho. Uma intervenção
em uma determinada condição do trabalho, revela imediatamente a sua extensão, em termos
de recomendações ergonômicas, o que leva normalmente a demandas de naturezas diversas,
tais como pequenas melhorias visando ajustar posturas incorretas, melhorando disposições de
máquinas que facilita fluxos dos produtos e locais de pega e descarte dos componentes,
adicionando um programa de exercícios terapêuticos durante o período do trabalho reduzindo
os desconfortos relatados pelos trabalhadores.
A reorganização do posto de trabalho que inclui desde a adequação do mobiliário,
controle de ruídos e iluminação até a estruturação dos intervalos, turnos e pausas, são por
demais importantes na obtenção de um trabalho menos sofrido, entretanto vale ressaltar que
os problemas provenientes das atitudes dos trabalhadores são mais complicados quando
tentamos compreender o todo, adaptar o individuo ao ambiente ergonômico. As questões
atitudinais são extremamente fortes e, de modo geral, capazes de anular qualquer ajuste ou
adaptação realizada, pois de que adianta uma cadeira ergonômica se o usuário não se senta
adequadamente? Devido a isto, é necessário ensinar ao trabalhador como se comportar no
ambiente de trabalho (BARBOSA, 2002, p. 91).
2.1 Postura corporal
A postura é considerada com freqüência muito mais uma função estática do que
relacionada ao movimento. Entretanto, a postura deve ser considerada no contexto da posição
19
que o corpo assume ao preparar-se para o próximo movimento. Uma definição de postura foi
proporcionada pelo Comitê sobre Postura da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos
(HALL; BRODY, 2001, p. 71):
“A postura é definida habitualmente como o arranjo relativo das partes do corpo.
Boa postura é o estado de equilíbrio muscular e esquelético que protege as
estruturas de sustentação do corpo contra as lesões ou as deformidades
progressivas, independentemente das atitudes (ereta, deitada, agachada, inclinada)
na qual essas estruturas estão trabalhando ou repousando. Nessas condições, os
músculos funcionam mais efetivamente e as posições ótimas são proporcionadas
para os órgãos torácicos e abdominais. A postura precária é uma relação defeituosa
das várias partes do corpo que produz uma maior sobrecarga nas estruturas de
sustentação e na qual existe um equilíbrio menos eficiente do corpo sobre a sua
base de apoio.”
Bricot (2001, apud GEREMIAS, 2002) define o sistema postural com um “todo
estruturado”, com entradas múltiplas, tendo muitas funções complementares: lutar contra a
gravidade e manter a postura ereta; opor-se às forças externas; situar-nos no espaço-tempo
estruturado que nos envolve; guiar e reforçar o movimento. Para realizar tudo isso, o
organismo utiliza diferentes fontes: os exteroceptores, nos situam em relação ao nosso meio
(tato, visão, audição); os proprioceptores, situam as diferentes partes do nosso corpo em
relação ao conjunto, em uma determinada posição no espaço; os centros superiores integram
os seletores de estratégias, os processos cognitivos, e tratam os dados das duas fontes
precedentes.
Para Kisner e Colby (1998), a postura é uma posição ou atitude do corpo, o
arranjo relativo das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma maneira
característica de alguém sustentar o seu corpo. As estruturas inertes que suportam o corpo são
ligamentos, fáscias, ossos e articulações; os músculos e suas inserções tendíneas são as
20
estruturas dinâmicas que mantém o corpo em uma postura ou o movem da uma postura para a
outra. A gravidade sobrecarrega as estruturas responsáveis por manter o corpo em uma
postura ereta. Normalmente, a linha da gravidade passa através das curvas fisiológicas (Figura
01). Se o peso em uma região desloca-se para longe da linha da gravidade, o restante da
coluna compensa para recuperar o equilíbrio.
Figura 01- Curvas fisiológicas e as suas alterações. Fonte: Joseph, 1999, p. 303.
Já Enoka (2000), afirma que a postura é uma resposta neuromecânica que se
relaciona com a manutenção do equilíbrio. Um sistema está em equilíbrio mecânico quando o
somatório das forças que agem sobre o sistema é igual a zero. Entretanto, este sistema tem
estabilidade somente se após uma perturbação ele retorna a sua posição de equilíbrio. O
objetivo da atividade postural é manter a estabilidade do sistema musculoesquelético.
Enfim, não existe uma só postura para todos os indivíduos. Cada pessoa deve
pegar o corpo que possui e tirar o melhor possível dele. Para cada pessoa a melhor postura é
aquela em que os segmentos corporais estão equilibrados na posição de menor esforço
máximo (MATHENY, 1997 apud MIRANDA, 2001).
2.1.1 Etiologia da dor em problemas posturais
21
Os ligamentos, cápsulas das facetas, periósteo das vértebras, músculos, dura-máter
anterior, pregas durais, tecido adiposo areolar epidural, e parede dos vasos sanguíneos são
inervados e sensíveis a estímulos nociceptivos. É necessário resistência a fadiga muscular
para manter o controle postural. Posturas mantidas requerem continuamente pequenas
adaptações nos músculos estabilizadores para suportar o tronco contra forças flutuantes.
Grandes movimentos repetitivos também requerem músculos que respondam controlando a
atividade. Nos dois casos, quando o músculo se cansa a carga é transferida para os tecidos
inertes que suportam a coluna nos finais de amplitude. Com a manutenção da carga, ocorre
atrito e distensão nos tecidos inertes, levando a sobrecarga mecânica (KISNER; COLBY,
1998).
Sobrecarga mecânica em estruturas sensíveis à dor, como alongamento mantido
em ligamentos ou cápsulas articulares, ou compressão de vasos sanguíneos, leva a distensão
ou compressão das terminações nervosas, o que leva a dor. Esse tipo de estímulo ocorre na
ausência de uma reação inflamatória. Não é um problema patológico, porém mecânico, pois
os sinais de inflamação aguda com dor constante não estão presentes. Aliviando-se a
sobrecarga nas estruturas sensíveis à dor alivia-se o estímulo doloroso, e a pessoa logo passa
de sentir dor. Se as sobrecargas mecânicas excedem as capacidades de sustentação do tecido,
ocorre ruptura. Se isso continua sem uma cicatrização adequada, síndromes de uso excessivo
com inflamação e dor irão afetar a função sem uma lesão aparente. Além disso, as lesões
ocorrem com maior freqüência quando há fadiga muscular. É importante o alívio da
sobrecarga mecânica junto com a diminuição da inflamação (KISNER; COLBY, 1998).
Alguns fatores mecânicos que podem levar a essas alterações são:
- Alteração da força muscular: a fraqueza muscular e o baixo nível de reserva de energia
predispõem, em geral, o individuo a adotar posição de descanso com o mínimo necessário
22
para mantê-lo na posição que se encontra, com a finalidade de conservar energia e, portanto,
uma condição postural alterada (LIANZA, 1995). A disfunção postural pode ocorrer por um
encurtamento adaptativo dos tecidos moles e pode haver fraqueza muscular envolvida. A
causa pode ser maus hábitos posturais prolongados, ou pode ser resultado de contrações e
adesões formadas durante a cicatrização dos tecidos após trauma ou cirurgia. A sobrecarga
nas estruturas encurtados provoca dor. Além disso, os desequilíbrios de força e flexibilidade
pode predispor a área a lesões ou síndromes de uso excessivo que poderiam ser evitados por
um sistema musculoesquelético normal (KISNER; COLBY, 1998).
- Traumático: desequilíbrio da estrutura devido à lesão direta ou indireta de um dos
componentes do aparelho locomotor, impossibilitando, desta maneira, uma postura adequada
e perfeita.
- Hábitos: devemos ressaltar não somente os aspectos negativos observados no hábito postural
ruim adquirido, como também o bom hábito postural obtido com o crescimento e
desenvolvimento, em geral, numa atividade física esportiva regular e contínua.
O hábito postural adquirido repetindo-se muitas vezes determinado movimento ou
associações de movimentos que se tornam inconscientes ou habituais para repetir ou realizar
quando solicitados numa situação semelhante (LIANZA, 1995).
2.1.2 Postura no trabalho
Relacionando postura e saúde do trabalhador, torna-se evidente que diversas
afecções ocupacionais possam surgir em decorrência da presença de inadequação postural
(DELIBERATO, 2002). Muitos produtos e postos de trabalho inadequados provocam tensões
musculares, dores e fadiga que, às vezes, podem ser resolvidas com providências simples,
como uma alteração na altura da cadeira (IIDA, 2000).
23
A postura no trabalho é, geralmente, determinada pela natureza da tarefa ou do
posto de trabalho. Uma costureira tem uma postura estática, enquanto um carteiro passa a
maior parte do tempo andando (DUL; WEERDMEESTER, 1998).
A fisiologia do trabalho distingue duas formas de esforço muscular: o trabalho
muscular dinâmico – trabalho rítmico e o trabalho muscular estático – trabalho postural
(GRANDJEAN, 1998).
O trabalho dinâmico é aquele que permite contrações e relaxamentos alternados
dos músculos (IIDA, 2000). Na atividade dinâmica, o trabalho pode ser expresso como o
produto do encurtamento dos músculos e a força desenvolvida. No trabalho estático, o
músculo não alonga seu comprimento e permanece, ao contrário, em um estado de alta tensão,
produzindo força durante longo período (GRANDJEAN, 1998). O mesmo, é altamente
fatigante e, sempre que possível, deve ser evitado. Quando não é possível, pode ser aliviado,
permitindo mudança de posturas, melhorando o posicionamento de peças e ferramentas ou
providenciando apoios para partes do corpo com o objetivo de reduzir as contrações estáticas
dos músculos. Também devem ser concedidas pausas de curta duração (IIDA, 2000). Dessa
forma, se houver inadequações entre a postura e as características da atividade desenvolvida,
duas respostas podem surgir: perda da eficiência na execução da atividade e/ou da presença
de alterações posturais (DELIBERATO, 2002).
Em relação às posturas de trabalho, podemos analisar três situações: postura
ortostática, a postura sentada e a postura dos membros superiores.
- Postura ortostática: apresenta como característica principal o trabalho estático de quadril,
joelho e tornozelo. O aparecimento da fadiga na manutenção dessa postura ocorrerá sempre
que for mantida por longos períodos. Nesta postura, a pressão hidrostática nos membros
inferiores também não deve ser ignorada, pois freqüentemente observa-se valores próximos
de 80 mmHg de pressão no nível do tornozelo e 40 mmHg no nível da coxa. Essas pressões
24
são responsáveis pela dificuldade adicional de retorno venoso, surgimento de veias varicosas
e edemas de extremidade (DELIBERATO, 2002). A posição parada, em pé, é altamente
fatigante porque exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para manter essa
posição (Figura 02). O coração encontra maior resistência para bombear sangue para os
extremos do corpo. As pessoas que executam trabalhos dinâmicos em pé, geralmente
apresentam fadiga em relação aos trabalhadores que permanecem estáticos ou com pouca
movimentação devido às contrações isométricas serem consideradas leves (IIDA, 2000).
Figura 02- postura ortostática assumida na empresa Fonte: elaborado pela autora, 2004.
- Postura sentada: apresenta vantagens sobre a em pé. O corpo fica melhor apoiado em
diversas superfícies (piso, assento, encosto, mesa). Portanto, a posição sentada é menos
cansativa que a em pé (DUL; WEERDMEESTER, 1998). Isso ocorre porque existe uma
menor carga de peso nas articulações do quadril, joelhos e tornozelos, é menor o trabalho dos
músculos das pernas e coxas, ficam pouco mais fácil o retorno venoso. Quando há um apoio
adequado para as costas, também é menor o esforço dos músculos das costas e menor a tensão
nas articulações da coluna vertebral (BRANDIMILLER, 1999). Para Iida (2000) a posição
sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter esta posição. Praticamente
todo o peso do corpo é suportado pela pele que cobre o osso ísquio, nas nádegas. A postura
25
ligeiramente inclinada para frente é mais natural e menos fadigante que a ereta. Deliberato
(2002) acredita que a posição sentada promove uma pressão maior sobre os discos
intervertebrais lombares (Figura 03), reforçando a idéia que o corpo humano reivindica, na
verdade numa alternância entre postura em pé e postura na posição sentada. Na postura
sentada, tanto os membros superiores quanto os membros inferiores estão livres para a
execução de atividades, sendo que o assento proporciona um ponto de referência
relativamente fixo para a execução adequada de gestos da tarefa. A desvantagem desse tipo de
postura ocorre quando é mantida por períodos prolongados, pois neste caso promovesse o
enfraquecimento dos músculos abdominais e do aumento da cifose torácica, e que por sua vez
eleva o risco de desgaste dos discos intervertebrais.
Figura 03- Compressão nos discos intervertebrais em posturas diferentes Fonte: Grandjean, 1998, p. 63.
Para Brandimiller (1999) quando se está sentado numa cadeira tradicional, com
encosto reto, pode-se apoiar apenas a parte mais alta das costas no encosto. A manutenção da
postura ereta do tronco nesta situação promove desconforto na região lombar, levando a
pessoa a escorregar um pouco para a frente no assento e adotar a posição de costas
arredondadas (Figura 04).
26
Figura 04- Postura sentada incorreta Fonte: Brandimiller, 1999, p. 138.
- Postura dos membros superiores: qualquer movimento dos membros superiores acima do
nível dos ombros deve ser evitado, bem como os movimentos de extensão dessa região, pois
estas situações exigem demasiadamente dos músculos ao redor da cintura escapular,
ocasionando fadiga e favorecendo o aparecimento do quadro álgico. A amplitude de
movimento do ombro durante a realização de atividades laborais devem ser neutra, se
possível, permanecendo próximo ao eixo vertical do corpo. A movimentação do membro
superior com o ângulo abdutor entre 8 e 23 graus, cotovelo ao redor de 90 graus e antebraço e
punho em posições neutras, possibilita o melhor desempenho para as atividades manuais que
exijam velocidade de execução (GRANDJEAN, 1998 apud DELIBERATO, 2002).
2.1.3 Orientações posturais
Para um bom desempenho postural os trabalhadores necessitam de orientações
para evitar posturas inadequadas. Cabe ao orientador instruir os mesmos da maneira mais
simples possível.
De acordo com Dul e Weerdmeester (1998) as orientações devem ser as seguintes:
27
- Posturas ou movimentos inadequados produzem tensões dos músculos, ligamentos e
articulações, resultando em dores no pescoço, costas, ombros, punho e etc.
- As articulações devem ocupar posição neutra: para manter a postura ou realizar um
movimento, as articulações devem ser conservadas na posição neutra. Nesta posição, os
músculos e ligamentos que se estendem entre as articulações são estendidos menos possível, e
os músculos são capazes de liberar a força máxima.
- Conserve pesos próximos ao corpo: os pesos devem ser mantidos o mais próximo possível
do corpo. Quanto mais o peso estiver afastado do corpo, maior a força a ser realizada.
- Evite curvar-se para a frente: nos períodos prolongados com o corpo inclinado devem ser
evitados sempre que possível. A parte superior do corpo de um adulto, acima da cintura, pesa
40kg, em média. Quando o tronco se inclina para a frente, há contração dos músculos e dos
ligamentos das costas para manter está posição.
- Evite inclinar a cabeça: a cabeça de um adulto pesa de 4 a 5kg. Quando a cabeça se inclina
mais de 30 graus para a frente, os músculos do pescoço são tensionados para manter está
postura, e começam a aparecer dores na nuca e nos ombros.
- Evite torções de tronco: posturas torcidas do tronco causam tensões indesejáveis nas
vértebras. Os discos elásticos que existem entre as vértebras são tensionados, e as articulações
e músculos que existem nos dois lados da coluna vertebral são submetidos a diferentes cargas,
que são prejudiciais (Figura 05).
Figura 05- Movimento de transporte de peso.
28
Fonte: Dul; Weerdmeester, 1998, p. 17. - Evite movimentos bruscos que produzam picos de tensão: movimentos bruscos podem
produzir alta tensão, de curta duração. Sabe-se que levantamentos rápidos de peso podem
produzir fortes dores nas costas. O levantamento de peso deve ser feito gradativamente. E
necessário pré aquecer a musculatura antes de fazer uma grande força.
- Alterne posturas e movimentos e realiza pausas curtas: nenhuma postura ou movimento
repetitivo deve ser mantido por um longo período. As posturas prolongadas e os movimentos
repetitivos são muito fadigantes. A longo prazo, podem produzir lesões nos músculos e
articulações. Isso deve ser prevenido com uma alternância de posturas ou tarefas quando
possível. A fadiga muscular pode ser reduzida com diversas pausas curtas distribuídas ao
longo da jornada de trabalho. Isso é melhor que as pausas longas concedidas no final da tarefa
ou ao fim da jornada.
- Ajuste a altura do assento e a posição do encosto: existem muitas cadeiras que permitem
regular a altura do assento e ajustar a posição do encosto. Quando este material não se faz
presente, utilize acessórios como almofadas, espumas para ajustar a cadeira.
- Utilize apoio para os pés
- Evite manipulações fora do alcance: as manipulações fora do alcance dos braços exigem
movimentos do tronco.
- Evite atividades acima do nível dos ombros
- Evite trabalhar com as mãos para trás (Figura 06)
29
Figura 06- Posição dos membros superiores Fonte: Dul; Weerdmeester, 1998, p. 18.
- Utilize técnicas corretas para o levantamento de pesos (Figura 07)
Figura 07- Posição de levantamento pesos. Fonte: Dul; Weerdmeester, 1998, p. 21.
2.2 Ginástica Laboral
O potencial humano vem sendo valorizado e merecendo maior atenção e
investimentos, dentro das organizações contemporâneas. A necessidade da existência de
políticas que visem a melhoria do grau de satisfação dos colaboradores é essencial para se
30
atingir uma qualidade maior na prestação de serviços, objetivando contribuir para o
desenvolvimento pessoal e profissional de seus integrantes, bem como para melhorar a
adequação do processo de trabalho (JOVTEI; JANECZKO; MICHELS, 2003). A Ginástica
Laboral é um programa de qualidade de vida no trabalho que traz vários benefícios para os
trabalhadores e para a empresa.
De acordo com Alves (2000, apud TOKARS, 2001) a ginástica laboral é definida
como exercícios terapêuticos executados com o objetivo de prevenir distúrbios músculo-
esqueléticos ocupacionais ou de facilitar atos motores. Também tem bom resultado em outros
estados mórbidos relacionados com o trabalho (estresse, depressão), por provocarem
relaxamento mental, integração e elevação da auto-estima. Ativam a circulação periarticular
com aquecimento tecidual e neuromuscular, promovem ganho de força (restaurador do
potencial contrátil), melhorando o retorno venoso, a capacidade ventilatória, a postura e
promovem socialização.
Para Cañete (1996, apud SANTOS, 2003) entende-se a ginástica laboral como a
criação de um espaço onde as pessoas possam, por livre e espontânea vontade, exercer várias
atividades e exercícios físicos que serão muito mais do que um condicionamento mecanicista,
repetitivo, pois ela estimula o auto-conhecimento, ampliando a consciência e a auto-estima,
proporcionando melhor relacionamento consigo mesmo, com os outros e com o meio.
Alvarez (2002) descreve que a ginástica laboral é constituída por exercícios
específicos realizados no próprio local de trabalho, atuando de forma preventiva e terapêutica.
Leve e de curta duração, esta atividade visa diminuir o número de acidentes de trabalho,
prevenir doenças originadas por traumas cumulativos, prevenir a fadiga muscular, corrigir
vícios posturais, aumentar a disposição do funcionário ao iniciar e retornar ao trabalho,
promover maior integração no ambiente de trabalho.
31
A ginástica laboral também atua na prevenção e combate ao estresse, pois, durante
a atividade física o ser humano libera a endorfina, o que causa bem estar e alívio das tensões.
Os exercícios, além da compensação física, também ajudam a reavaliar o modo de pensar,
organizar seu tempo, espaço e atuação, compreensão, alimentação saudável, descontração,
fatores preventivos dos sinais de estresse. O perfil de uma pessoa estressada é bem
característico: cansaço, mau humor, dores pelo corpo e predisposição a doenças. A ginástica
laboral contribui na prevenção do combate ao estresse, pois quebra a rotina e relaxa o
indivíduo.
2.2.1 Classificação da Ginástica Laboral
Leite (1992, apud SANTOS, 2003) classificou a ginástica laboral quanto ao
horário de execução, onde a mesma pode ser aplicada em três momentos diferentes: no inicio
do expediente (preparatória), no meio do expediente (compensatória), no final do expediente
(relaxante). O mesmo autor, também, apresentou outra forma de classificação para a ginástica
laboral quanto ao objetivo que a mesma possui: ginástica corretiva, de compensação, de
manutenção e preparatória. A ginástica corretiva equilibra o antagonismo muscular; a
ginástica de compensação previne a instalação de vícios posturais; e a ginástica de
manutenção mantém o equilíbrio morfofisiológico. A ginástica laboral preparatória prepara o
trabalhador para atividades de força, velocidade ou assistência.
32
3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
3.1 Tipo de pesquisa
Esta pesquisa se classifica como pesquisa experimental, sendo uma variação do
plano clássico, porque pretende manipular as variáveis ginástica laboral e orientações
posturais para avaliar os resultados sobre os trabalhadores da empresa Areia e Mar, ou seja,
para saber os efeitos das variáveis “x” sobre “y”. Conforme Köche (2001, p.122):
[...] Pesquisa experimental é onde o investigador analisa o problema, constrói suas
hipóteses e trabalha manipulando os possíveis fatores, as variáveis que se referem
ao fenômeno observado, para avaliar como se dão suas relações preditas pelas
hipóteses. Nesse tipo de pesquisa a manipulação na quantidade e qualidade das
variáveis proporciona o estudo da relação entre causas e efeitos de um determinado
fenômeno, podendo o investigador controlar e avaliar os resultados dessas relações
[...].
Há um pré-teste aplicado a este grupo, antes da aplicação do fator experimental, e
um pós-teste, depois da aplicação do fator experimental. Neste tipo de pesquisa, para Gil
(1995), não há presença de grupo de controle, não ocorrendo base de comparação das
respostas obtidas, caracterizando esta pesquisa como “Quase Experimental”.
3.2 População////amostra
33
A amostra foi formada por todos os trabalhadores da empresa Areia e Mar
responsáveis pela confecção que estavam presente nos dias 16 e 18 de agosto. Essas datas,
foram estipuladas pela pesquisadora. Totalizando 18 indivíduos, para a realização da
entrevista individual. A população tem uma média de idade de 32,3 anos, sendo 17 indivíduos
do sexo feminino e 1 do sexo masculino.
O termo de consentimento foi assinado pelo responsável da empresa e pelos
participantes da pesquisa.
3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados
Serão utilizados para esta pesquisa os seguintes instrumentos:
• Ficha de entrevista inicial (Apêndice A);
• Ficha de entrevista final (Apêndice B);
• Escala de desconforto (MORAES, 2002);
• Máquina digital Sony;
• Elástico com um metro e meio;
• Observação in loco.
3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados
Primeiramente os indivíduos foram entrevistados contendo na ficha de entrevista
seus dados pessoais, modo como trabalha, que postura assume durante o trabalho, se realiza
algum tipo de atividade física, se é tabagista, se possui alguma patologia e se já precisou de
34
tratamento fisioterapêutico. As duas últimas perguntas da entrevista estão relacionadas com os
desconfortos posturais e qualidade de vida do indivíduo.
Após a entrevista foi realizada uma palestra demonstrando as posturas ideais
durante o trabalho e a sua importância. Também foi falado sobre a eficácia do exercício físico,
tendo uma duração total de 20 minutos. Encerrada a primeira etapa, foi iniciado a seqüência
de exercícios de alongamentos e fortalecimentos montados sob as principais queixas relatadas
durante a entrevista, envolvendo os grupos musculares dos membros superiores, membros
inferiores e tronco (Apêndice C). Os exercícios foram realizados 3 vezes por semana com
duração de 15 minutos, iniciando às 17 horas e 45 minutos, no próprio ambiente de trabalho.
Tendo em vista a limitação do horário para a realização da atividade proposta, foi necessário
fragmentar a seqüência dos exercícios. No primeiro dia foram enfatizados exercícios de
membros superiores e tronco e, no segundo dia membros inferiores e tronco, repetindo esta
seqüência. Depois de 23 atendimentos foi realizada uma nova entrevista para verificar se
houve alteração dos resultados da primeira entrevista para a segunda.
3.5 Caracterização da empresa
A empresa Areia e Mar foi fundada em 1995, desde então vem investindo em
tecnologia para acompanhar as tendências de verão. Em sete anos a Areia e Mar cresceu,
mantendo-se como uma das maiores empresas no setor da região. Localizada na região Sul do
país, no município de Tubarão, Santa Catarina (Figura 08).
Figura 08- vista externa da empresa em estudo.
Fonte: elaborada pela própria autora.
35
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Este capítulo apresenta, através de uma análise descritiva, os resultados obtidos
que permitem comprovar os benefícios alcançados com a implantação do programa de
orientações posturais e ginástica laboral, aplicado aos trabalhadores da empresa Areia e Mar
do município de Tubarão- SC.
A análise dos dados em pesquisa experimental é indispensável para dar-lhes
sentido, possibilitando quantificá-la e, assim, chegar aos resultados levantados pela hipótese
inicial, demonstrando o objetivo da busca pretendida, ou seja, de que as orientações posturais
e a ginástica laboral trazem benefícios àqueles que a praticam.
4.1 Caracterização da população
O público envolvido nesta pesquisa foi de 18 participantes, sendo 17 do sexo
feminino e 1 do sexo masculino, cuja faixa etária está entre 20 a 49 anos, conforme pode ser
visto no quadro 01 e gráfico 01. Todos os participantes estavam presentes durante todo o
período da pesquisa.
Faixa-Idade Participantes Masc. Fem. % Idade
20-30 9 1 8 50%
31-40 5 -- 5 28%
41-50 4 -- 4 22%
36
Total 18 1 17 100% Quadro 01- Participantes da pesquisa por idade e sexo. Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
9
5
4
20-30
31-40
41-50
Gráfico 01- Participantes da pesquisa por idade
Fonte: pesquisa elaborada pela autora, 2004.
Quanto ao tempo de trabalho, observou-se que a maioria dos participantes atuam
na empresa há um curto período, mas, já trabalharam com a mesma função em outros locais,
como pode ser observado no quadro 02.
Participante Cargo Tempo na empresa Tempo na função
S 1 serviços gerais 6 meses Somente na empresa
S 2 gerente de produção 10 anos Somente na empresa
S 3 Bordadeira 1 ano 2 anos
S 4 serviços gerais 1 ano Somente na empresa
S 5 serviços gerais 9 meses Somente na empresa
S6 serviços gerais 1 ano Somente na empresa
S 7 serviços gerais 2 anos Somente na empresa
S 8 Costureira 3 anos 7 anos
S 9 Costureira 6 anos Somente na empresa
S 10 serviços gerais 1 ano Somente na empresa
S 11 serviços gerais 3 anos Somente na empresa
S 12 Costureira 7 anos 20 anos
S 13 Costureira 2 anos Somente na empresa
S 14 Costureira 2anos Somente na empresa
S 15 Costureira 1 ano 30 anos
S 16 Costureira 3 anos 10 anos
S 17 Costureira 2 anos 15 anos
37
S 18 Costureira 4 anos 11 anos Quadro 02- Cargo dos participantes, tempo de atuação na empresa e tempo de atuação no cargo. Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
A postura (sentada ou de pé) adotada pela maioria dos trabalhadores é mantida
durante toda a jornada de trabalho, como é demonstrado no gráfico 02. Estes trabalhadores
possuem uma jornada de trabalho com duração de oito horas diárias.
Gráfico 02- Posturas assumidas pelos participantes Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
Todos os trabalhadores que assumem a postura sentada utilizam acessórios para
adequar seu posto de trabalho, tanto no encosto, como no assento. Com relação ao apoio de
punho e parte do antebraço, não é possível realizar o mesmo, pois o trabalho exercido pelas
costureiras exige principalmente desta região. Faz-se necessário um mobiliaria adequado para
realizar este apoio.
Durante o período de trabalho os participantes da pesquisa relataram que, além do
intervalo para o almoço, possuem apenas uma pausa de 15 minutos às 15 horas.
Quanto à realização de exercício físico, pode ser observado no quadro 03 que
apenas 4 indivíduos realizam exercícios, o que corresponde a menos de 23%.
Ex. físico Tipo Frequência
106
2
Sentada
De pé
Alternado
38
Sim 4 Caminhada ou bicicleta 3 a 5 vezes
Não 14 X X Quadro 03- Realização de exercício físico Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
Para Deliberato (2002) o sedentarismo, condição cada vez mais comprovadamente
nociva ao organismo humano, produz modificações na atividade muscular, tais como fadiga
precoce, encurtamentos adaptativos, diminuição da força e da flexibilidade, dentre outros, que
no final desencadeia uma outra série de impropriedades no funcionamento de todo o
organismo.
Dos 18 participantes da pesquisa, apenas 3 faziam o uso do cigarro, com uma
quantidade média de 11 cigarros por dia. Nenhum dos participantes relatou ter algum
problema de saúde no dia da entrevista.
No gráfico 03 é apresentada a opinião dos participantes da pesquisa em relação às
condições que o trabalho apresenta, quanto ao local, mobiliário, relação dos proprietários com
os funcionários.
4
11
3 0
Adequadas
Poderiam sermelhor
Não sãoadequadas
Completamenteinadequadas
Gráfico 03- Condições do trabalho
Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
O relacionamento entre os trabalhadores desta empresa é considerado bom pela
maioria dos participantes, como pode ser observado no gráfico 04.
39
6
12
Ótimo
Bom
Indiferente
Ruim
Gráfico 04- Relacionamento com os colegas Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
Nenhum dos participantes relataram problemas sérios de saúde.
4.2 Sintomatologia antes e após a aplicação do programa
A aplicação do programa de ginástica laboral e orientações posturais nos
trabalhadores da empresa Areia e Mar tiveram um índice de aceitação de 100%, todos os
participantes reconheceram que o programa proposto pode melhorar as condições do trabalho
e aumentar a produtividade. Segundo Nascimento e Moraes (2000, apud TOKARS, 2001),
uma das razões de se investir em programas de prevenção de doenças ocupacionais
relacionadas ao trabalho nas empresas é a relação que existe entre a saúde de seus
trabalhadores e a produtividade. Porém, também diz que não se deve priorizar somente a
produtividade, uma vez que o investimento em prevenção gera qualidade de vida e esta será
sentida em todas as dimensões da vida do trabalhador, tornando-o mais saudável e eficiente.
A prática regular de exercícios com propostas e objetivos definidos representa uma
maneira comprovadamente eficiente de promover níveis adequados de saúde física e mental.
O músculo, agente central de movimentação do corpo, possui também funções básicas como a
manutenção da postura corporal e o suporte de peso. Em condições normais, os movimentos
40
do corpo humano ocorrem de forma espontânea, sem a necessidade de esforço excessivo ou
desconforto evidente, de maneira que os músculos normalmente respondem eficientemente as
solicitações do dia-a-dia (DELIBERATO, 2002).
A proporção dos trabalhadores que relataram sentir dor durante o trabalho foi bem
maior do que os que não tem dor (Gráfico 05). Observa-se que as regiões onde mais sentem
dor são: coluna cervical (22,2%), torácica (27,7%), lombar (27,7%) e ombro (16,6%), como é
mostrado no quadro 04.
15
3
Sim
Não
Gráfico 05- Dor durante o trabalho.
Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
Região Número
Quadril 1 ( 5,5%)
Joelho 1 (5,5%)
Tornozelo 1 ( 5,5%)
Mão 2 (11,1%)
Perna 1 ( 5,5%)
Coluna lombar 5 (27,7%)
Coluna torácica 5 ( 27,7%)
Coluna Cervical 4 (22,2%)
Ombro 3 (16,6%) Quadro 04- Regiões do corpo com dor. Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
41
A intensidade da dor referida pelos participantes da pesquisa variou de intensa a
suportável. Onde 11 participantes queixaram-se de dores intensas, principalmente na coluna
torácica, cervical e ombros.
As dores relatadas pelos participantes desta pesquisa são características de quem
trabalha em uma mesma postura por toda a jornada de trabalho. De acordo com Brandimiller
(1999) as dores na nuca, dorso, região lombar e ombros, surgem por causa da contração
prolongada dos músculos para manter a mesma posição (Figura 08). E também devido a
atividade exigir desta musculatura. O trabalho da costureira tem uma grande desvantagem:
imobiliza o corpo durante o trabalho numa posição muito desfavorável para a coluna
vertebral.
Figura 09 - Postura sentada adotada no posto de trabalho em estudo
Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
Dos 11 participantes que relataram sentir dores intensas, 8 relataram que a dor que
sentiam antes (Quadro 04) diminuiu com a realização do programa, mantendo as dores nos
mesmos locais do corpo, porém com intensidade moderada. Os demais mantiveram suas
queixas. Apesar da dor ser um parâmetro de avaliação subjetiva, na prática é utilizado com
freqüência, inclusive através de escalas que classificam a intensidade, local e tipo da dor.
42
Para Knight (2000) a avaliação do quadro álgico é subjetiva, pois a dor nunca foi
objetivamente definida nem medida de modo adequado.
O estado geral dos participantes está relacionado com a qualidade de vida
(motivação e satisfação na realização das atividades laborais e pessoais, disposição para as
mesmas e conforto corporal) Quanto ao estado geral, os participantes da pesquisa deram uma
nota de 0 a 10 antes e após a aplicação do programa, obtendo uma melhora de 0,5 ponto
(Quadro 05).
Média Estado Geral
Antes 7,19
Após 7,6 Quadro 05- Estado geral Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
Para Jovtei, Janeczko e Michels (2003) a melhoria da qualidade de vida no
trabalho, é um tema complexo que envolve muitas variáveis. A ginástica laboral pode ser um
dos programas de promoção de saúde, adotado por várias empresas. Para Rocha (2001) esta
atividade visa prevenir e ou tratar os problemas ocupacionais e melhorar o bem estar geral do
participante. Nascimento (2003) relata que nos dias atuais a produtividade e o lucro são
pontos fundamentais em nossa sociedade capitalista. Devido a isto, as empresas e indústrias
investem cada vez mais na qualidade de vida dos seus trabalhadores, diminuindo assim, os
afastamentos, melhorando a socialização, aumentando a produção e mudando hábitos dos
mesmos. A mesma autora descreveu um estudo com 100 trabalhadores de uma fábrica de
pneus situada no Estado do Rio de Janeiro. Foi aplicado um programa de ginástica laboral por
8 meses tendo como resultado a diminuição de 60% dos afastamentos, diminuição de 40% nos
43
casos de dores nos membros inferiores, superiores e mudança de hábitos (como por exemplo,
parar de fumar, começar a praticar atividade física).
Após 2 meses de aplicação do programa de ginástica laboral e orientações
posturais na empresa Areia e Mar, os participantes da pesquisa relataram uma maior
disposição para a realização das atividades no trabalho e em casa, relaxamento muscular, e
alguns apresentaram mudanças em seus hábitos. Antes da aplicação do programa apenas 4
participantes realizavam exercícios físicos, agora, este número aumentou para 7. Não houve
mudança em relação ao consumo de cigarro.
Os programas de qualidade de vida, porém, não devem incluir apenas a prática
regular de exercícios durante a jornada de trabalho, pois a obtenção de resultados mais
significativos, tanto no nível coletivo como no individual, é conseguido de modo mais eficaz
quando esses exercícios são acompanhados por análises ergonômicas, antropométricas,
posturais e biomecânicas. (DELIBERATO, 2002).
44
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, na relação trabalho x empresa, a ginástica laboral praticada durante o
expediente deixaram de ser um modismo para transformar-se em uma ferramenta de aumento
da produtividade e bem-estar do trabalhador. As orientações posturais também apresentam
sua importância, pois auxiliam na adoção de posturas corretas durante toda a jornada de
trabalho, evitando assim problemas futuros. Estas atividades contribuem para garantir
benefícios a todos os trabalhadores, em todos os aspectos, como elevação da auto-estima,
preservação da saúde, melhora no relacionamento com os colegas e formação de um ambiente
harmonioso no trabalho.
O presente estudo aplicou um programa de ginástica laboral e orientações
posturais na empresa Areia e Mar, localizada no município de Tubarão, SC. Os objetivos
desta pesquisa foram alcançados, a partir do instante em que ficou evidente a aceitação e a
participação do grupo na execução do programa, bem como o relato de mudança de hábitos e
melhora do estado geral dos participantes após o início do mesmo.
O acesso à empresa foi fácil, porém o empregador aceitou a proposta apenas com a
condição de ser utilizado um pequeno período de tempo no final do expediente. Por ser uma
empresa que não apresenta uma produção constante durante o ano, houve um questionamento
do empregador no que se refere à continuidade da aplicação do programa no período de maior
produção, pois o mesmo seria limitado nesta época. Conclui-se, assim, que não ficou claro
45
que o principal objetivo de um programa desta natureza é exatamente atuar nos períodos em
que o trabalhador mais necessita, ou seja, quando ele é mais exigido física e mentalmente. O
programa passa a ser além de uma compensação, um suporte fundamental ao trabalhador.
Sugere-se para novos estudos a implantação de programas similares por um
período mais prolongado, uma avaliação minuciosa de cada trabalhador e uma preocupação
maior em conscientizar o empregador sobre a necessidade e a importância do mesmo.
46
REFERÊNCIAS
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47
GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
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IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 6. ed. São Paulo: Edgard Bllucher, 2000.
JOSEPH, H. Bases Biomecânicas do movimento. São Paulo: Manole, 1999.
JOVTEI, E. G.; JANECZKO, E.; MICHELS, G. A ginástica laboral na promoção da qualidade de vida do servidor do CEFET-PR. 4o Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde. Anais... Florianópolis, 20 a 22 de novembro de 2003.
KISNER, C.; COLBY, L.A. Exercícios terapêuticos. São Paulo: Manole, 1998.
KNIGHT, K. L. Crioterapia no tratamento das lesões esportivas. São Paulo: Manole, 2000.
KOCHE, J. C. Fundamentos da metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
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MIRANDA, E. Bases de anatomia e cinesiologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001.
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48
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SANTOS, G. V. Apresentação, análise e avaliação de resultados da aplicação de um modelo de programa de Ginástica Laboral. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Universidade Federal do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, 200 TOKAS, E. A Ginástica Laboral Proprioceptiva. Florianópolis, 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Sul de Santa Catarina.
51
ENTREVISTA INICIAL
Nome:_________________________________________ Idade:_______________________
Cargo:________________________ Tempo de atuação na empresa:____________________
Carga horária diária:_____________________ Data da avaliação:______________________
- Trabalhou com este mesmo cargo em outros locais? Quanto tempo?
- Já trabalhou com alguma outro cargo?
Postura no trabalho
- Você trabalha:
O de pé O sentado O alternado
- Se sentado, realiza:
Apoio de pé: O sim O não O no pedal da máquina
Apoio de punho e antebraço: O sim O não é possível
Rotação de tronco: O sim O não
- Você utiliza algum acessório para adequar seu posto de trabalho? Que tipo, onde?
- Se de pé, como apóia o seu peso:
O nas duas pernas O alterna O outros___________________________________________
- Realiza levantamento de peso? Como?
- Você possui intervalo? O que realiza neste?
- Realiza algum exercício físico? Qual? Freqüência?
52
- Você sente algum desconforto em seu corpo? MAPA*
O sim O não
Condições de saúde
- Você possui alguma patologia (hipertensão, diabetes...)?
O sim O não _______________________________________________________________
- Você já precisou de tratamento fisioterapêutico? Por quê?
O sim O não _______________________________________________________________
- Você faz o uso cigarro? Quantos?
___________________________________________________________________________
- Se hoje você tivesse que dar uma nota ao seu estado geral de 0 (ruim) a 10 (ótima), qual
seria?
________________________________.
Como você classifica seu relacionamento com os colegas do trabalho?
O ótimo O bom O ruim O indiferente
Com relação as condições de trabalho, você concorda que:
O são adequadas O poderia melhorar O não são adequadas O está completamente
inadequada.
56
ENTREVISTA FINAL
Após a palestra e as sessões de fisioterapia você mudou algum dos seus hábitos?
- Você continua trabalhando:
O de pé O sentado O alternado
- Se sentado, realiza:
Apoio de pé: O sim O não O no pedal da máquina
Apoio de punho e antebraço: O sim O não é possível
Rotação de tronco: O sim O não
- Se de pé, como apóia o seu peso:
O nas duas pernas O alterna O outros___________________________________________
- Realiza levantamento de peso? Como?
___________________________________________________________________________
- Realiza algum exercício físico? Qual? Freqüência?
- Você faz o uso cigarro? Quantos?
- Você sente algum desconforto em seu corpo? MAPA*
O sim O não
- Se hoje você tivesse que dar uma nota ao seu estado geral de 0 (ruim) a 10 (ótima), qual
seria?
_________________________________.
- O que você achou do programa que foi aplicado?
58
- Descrição dos exercícios:
01) De pé, os trabalhadores realizam o movimento de girar os ombros, perceber frente, trás e
meio. Associar o movimento com a respiração. Sob o ombro inspira, desce o ombro expira.
02) Membros superiores abduzidos acima da cabeça, os trabalhadores devem, manter-se na
ponta dos pés, depois relaxar. Todos os exercícios devem estar associado à respiração
(Figuras 10 e 11).
Figura 10 - Início do exercício 02 Figura 11 - Término do exercício 02
Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
03) Trabalhadores formam um círculo, ficando um de costas para os outro, realizam
caminhadas rápidas para a frente, trás e lados, movimentando os membros superiores,
dependendo do comando do orientador.
04) De frente para o centro do círculo, trabalhadores inclinam a cabeça para um dos lados,
realizando o alongamento de toda a região do pescoço (Figura 12).
05) Para o alongamento da musculatura do ombro, realizam uma adução horizontal com um dos
membros superiores, trazendo o cotovelo próximo ao peito, na direção do ombro oposto
(Figura 13).
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06) Para alongar o tríceps braquial, os trabalhadores com os membros superiores abduzidos em
aproximadamente 150o, seguram um dos cotovelos com a mão oposta, realizando flexão de
cúbito do mesmo (Figura 14).
07) Para o alongamento da musculatura do punho e antebraço, os trabalhadores realizam uma
flexão de ombro aproximadamente de 90o com um dos membros superiores e em seguida
realizam uma extensão (Figura 15) ou flexão do punho (Figura 16).
Figura 12- Exercício 04 Figura 13- Exercício 05
Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
Figura 14- Exercício 06 Figura 15- Exercício 07 Figura 16- Exercício 07
Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
08) Para alongamento da musculatura do tronco, realizam uma inclinação lateral, com um dos
membros superiores na cintura e outro abduzido (Figura 17).
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09) Alongamento da musculatura peitoral, os trabalhadores realizam uma abdução horizontal
máxima, com rotação externa, um membro de cada vez.
10) Para o fortalecimento do bíceps braquial, com a resistência de um elástico, os trabalhadores
realizavam flexão de cúbito, por 2 séries de 15 repetições (Figura 18).
11) Contração da musculatura peitoral, os trabalhadores se organizam em duplas, mantendo-se
um de lado para o outro em sentidos opostos. Estão ligados apenas pelas mãos. Cada um,
realiza uma força oposta ao outro em sua mão. Utilizadas as mesmas séries e repetições para
os exercícios de fortalecimento.
Figura 17- Exercício 08 Figura 18- Exercício 10 Figura 19- Exercício 12
Fonte: elaborado pela própria autora, 2004.
12) Alongamento de quadríceps e tibial anterior, os trabalhadores realizam flexão de joelho com
um dos membros inferiores, de pé (Figura 19).
13) Para o alongamento da musculatura posterior dos membros inferiores, o trabalhador mantém
os mesmos afastados (frente-a-frente), realizando uma flexão de quadril e joelho associada
com o membro que está à frente (Figura 20).
14) Trabalhadores realizavam exercícios circulares com os pés.
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15) Simular que está trabalhando no seu posto de trabalho, observar os seus movimentos,
velocidade, tensão muscular, ritmo. O orientador instruirá a postura correta. Fixar
mentalmente está postura e utilizá-la no dia-a-dia.
16) Deitados, os trabalhadores devem manter os membros inferiores fletidos e apoiados no
chão, com as mãos atrás da cabeça, realizar flexão de tronco com contração da musculatura
abdominal.
17) Ainda deitado, o trabalhador deve trazer um dos membros inferiores em direção ao peito,
realizando alongamento da musculatura paravertebral.
Figura 20- Exercício 13
Fonte: elaborada pela própria autora, 2004.
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Tubarão, 25 de agosto de 2004.
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, ___________________________________________________, portador (a)
de RG _________________________ autorizo por meio deste documento a publicação das
informações (prontuários, exames, imagens, depoimentos, questionários) colhidos pela
acadêmica do Curso de Fisioterapia Gabriela Coan Gabriel, com fins puramente didáticos
para confecção do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Sendo verdade o referido, isento a
aluna acima citada de quaisquer problemas por exposição dos dados colhidos, desde que
sejam para fins didáticos.
___________________________________________