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O EMPREGO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL NA ESCOLA: UM RECURSO DIDÁTICO OU UMA PANACÉIA DESVAIRADA THE USE OF COMUNICATION AND INFORMATION TECHNOLOGIES IN THE ACTIVITIES OF EDUCATION WITH SOCIAL CONTENT AND ENVIROMENT AT SCHOOL: AN APPEAL DIDATIC OR A UNCONTROLLED PANACEA [1] Prof. Dr. Carlos Eduardo Pilleggi de Souza Universidade Federal do Paraná- UFPR [email protected] [2] Profª Iara Grossl de Souza CEEBJA - Profª Maria Deon de Lira [email protected] Resumo Este trabalho busca discutir a relação entre o papel da escola na discussão de conteúdos socioambientais e a utilização de tecnologias de informação em sala de aula, levando-se em consideração à ainda incipiente formação satisfatória dos profissionais de educação para lidarem com estes temas, bem como a oferta limitada de material disponível para as atividades de ensino voltadas a educandos jovens e adultos. O objetivo principal é garantir que a facilitação do acesso às tais tecnologias, sirva como meio de otimização do ensino e da aprendizagem dos conteúdos socioambientais. A pesquisa é de natureza quali-quantitativa e a análise dos conteúdos levantados foi realizada através da aplicação de questionários a educadores (as) e educandos (as) do CEEBJA Profª Maria Deon de Lira, Curitiba, Paraná, Brasil abordando questões relacionadas ao acesso a recursos tecnológicos de informação e comunicação, sua freqüência de uso, dificuldades apresentadas pelos seus usuários, disponibilização dos conteúdos socioambientais em suas aulas, tempo de formação universitária, além da análise da viabilidade de uso da página web desenvolvida para ser utilizada como suporte pedagógico às atividades de educação sócioambientais. Os resultados apresentados mostram que ainda há muito por se fazer, mas que este é um caminho que deve ser trilhado, pois é capaz de encurtar as distâncias entre educadores (as), educandos (as) e os conhecimentos mundialmente elaborados, permitindo ainda, a melhora da auto-estima e o despertar de um forte sentimento de pertencer. Palavras-chave: escola, conteúdos socioambientais, tecnologias, cidadania. Abstract This work aim discuss the relationship between the role of school in the discussion of social and environmental content and use of technology information in the classroom,

O EMPREGO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS ATIVIDADES … · das origens e causas desta e pela projeção de um pensamento e ação complexos orientados no sentido

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O EMPREGO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL NA ESCOLA: UM RECURSO DIDÁTICO OU UMA PANACÉIA DESVAIRADA

THE USE OF COMUNICATION AND INFORMATION TECHNOLOGIES IN THE

ACTIVITIES OF EDUCATION WITH SOCIAL CONTENT AND ENVIROMENT AT

SCHOOL: AN APPEAL DIDATIC OR A UNCONTROLLED PANACEA

[1]Prof. Dr. Carlos Eduardo Pilleggi de Souza

Universidade Federal do Paraná- UFPR

[email protected]

[2]Profª Iara Grossl de Souza

CEEBJA - Profª Maria Deon de Lira

[email protected]

Resumo

Este trabalho busca discutir a relação entre o papel da escola na discussão de conteúdos socioambientais e a utilização de tecnologias de informação em sala de aula, levando-se em consideração à ainda incipiente formação satisfatória dos profissionais de educação para lidarem com estes temas, bem como a oferta limitada de material disponível para as atividades de ensino voltadas a educandos jovens e adultos. O objetivo principal é garantir que a facilitação do acesso às tais tecnologias, sirva como meio de otimização do ensino e da aprendizagem dos conteúdos socioambientais. A pesquisa é de natureza quali-quantitativa e a análise dos conteúdos levantados foi realizada através da aplicação de questionários a educadores (as) e educandos (as) do CEEBJA Profª Maria Deon de Lira, Curitiba, Paraná, Brasil abordando questões relacionadas ao acesso a recursos tecnológicos de informação e comunicação, sua freqüência de uso, dificuldades apresentadas pelos seus usuários, disponibilização dos conteúdos socioambientais em suas aulas, tempo de formação universitária, além da análise da viabilidade de uso da página web desenvolvida para ser utilizada como suporte pedagógico às atividades de educação sócioambientais. Os resultados apresentados mostram que ainda há muito por se fazer, mas que este é um caminho que deve ser trilhado, pois é capaz de encurtar as distâncias entre educadores (as), educandos (as) e os conhecimentos mundialmente elaborados, permitindo ainda, a melhora da auto-estima e o despertar de um forte sentimento de pertencer.

Palavras-chave: escola, conteúdos socioambientais, tecnologias, cidadania.

Abstract

This work aim discuss the relationship between the role of school in the discussion of social and environmental content and use of technology information in the classroom,

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satisfactory training of professionals in education to deal with these issues, and the limited supply of material available for activities aimed at teaching students and young adults. The main objective is to ensure that the facilitation of access to such technologies, will serve as a means of improving the teaching and learning of social content. The research is a quantitative and qualitative-analysis of the content was held raised by the application of questionnaires to educators and students of CEEBJA Prof. Maria Deon of Lira, Curitiba, Parana State, Brazil addressing issues related to access to technological resources of information and communication , its frequency of use, difficulties presented by its users, provision of social content in their classes, length of university education, in addition to examining the feasibility of using the web page designed to be used as educational support to the activities of education social content and environment. The results show that there is still much to be done, but that is a path that must be pursued because it is able to shorten the distances between educators, students and the knowledge developed world, and also, improved self-esteem and the awakening of a strong sense of belonging. Keywords: school, social content, technology, citizenship.

1 Introdução

A Lei Federal nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, alerta

para o fato de que a escola deve preparar as crianças, jovens e adultos para as

possibilidades de participação política e social.

Tanto a educação sócioambiental como as tecnologias de informação e

comunicação (TICs), são representadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs,1998) [3]como temas transversais, pois pretende-se que esses temas integrem as

diferentes áreas curriculares e influenciem de maneira eficaz o convívio escolar, por

envolverem problemáticas sociais atuais e urgentes, como o aquecimento global, a

violência, o desemprego e a fome.

Assim, é fundamental que se busque integrar a cultura tecnológica vivenciada por

educandos (as) e educadores (as) ao seu cotidiano escolar, com o intuito de facilitar a

análise e discussão das questões sócioambientais.

Reigota (1997), entende o meio ambiente como sendo tudo aquilo criado pelo próprio

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homem ao construir sua existência através dos meios de produção, dialeticamente, com o

meio natural que o circunda.

Para Freire (2003, p.13 e 14), a relação entre o mundo natural e o mundo cultural é uma

relação conflituosa onde, neste último é que se dá à práxis ético-político-ideológico-

econômico-social. Estes mundos são indissociáveis, absolutamente imbricados, embora

de naturezas diferentes: "somos tão somente um dos seus milhares de seres que,

certamente, se diferencia dos outros seres dela (natureza), simplesmente porque temos a

faculdade de saber e de saber que sabemos e que podemos saber mais". Esta é a razão

pela qual a educação ambiental deve ter uma abrangência que trate de todos os níveis e

de todos os âmbitos da formação humana. Deve ser uma educação para o caráter ético e

político dos que formamos neste mundo cultural.

Mas, como isso tem sido feito? De forma a respeitar os limites de uso dos recursos

naturais disponíveis? E a existência das outras espécies no meio natural, está sendo

levada em consideração?

Precisamos repensar os nossos hábitos a fim de tornarmos a nossa existência no planeta,

o menos impactante possível.

Para Leff (2001), a complexidade ambiental contemporânea se caracteriza como

sendo a expressão do reconhecimento da crise civilizatória atual, pelo desenraizamento

das origens e causas desta e pela projeção de um pensamento e ação complexos

orientados no sentido de reconstrução do mundo sob novas bases na relação sociedade -

natureza.

As tecnologias da informação e comunicação estão presentes em todos os ramos de

atividades humanas. Assim, precisamos adequar às práticas educacionais às exigências

de uma sociedade que privilegia as tecnologias.

Uma das maiores dificuldades encontradas nas instituições educacionais para a

concretização de atividades que envolvam as tecnologias é a formação dos (as)

educadores (as).

Muitos, por não terem convivido com algumas das tecnologias atuais durante o seu

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processo de formação, apresentam resistência em utilizá-las.

Mas, de nada adianta apenas treinar os (as) educadores (as) no uso dos recursos

tecnológicos disponíveis na escola. É preciso também, que a proposta pedagógica da

escola permita a contextualização dos conteúdos.

É importante que a ação pedagógica leve o (a) educando (a) a perceber a relação entre

os conteúdos estudados e os fatos que ocorrem diariamente no seu entorno,

principalmente no que se refere às questões socioambientais buscando assim, a uma

formação integral. É preciso ainda, que ele saiba interpretá-los e emitir a sua opinião de

forma crítica.

Pellanda (2005), nos alerta de que é preciso pensar em estratégias de inclusão

digital não estreitamente ligadas a adestramentos e acesso a serviços, mas estratégias

ampliadas de inclusão social mediante uma cultura digital com o conhecimento e a

consciência (p. 43).

Este artigo busca refletir sobre a educação sócioambiental realizada no ambiente

escolar através do uso das tecnologias, que fazem parte do cotidiano de todos nós,

através de uma abordagem interdisciplinar.

1.1 Educação e Tecnologia

Em toda a sua história a humanidade já desenvolveu muitas técnicas para facilitar a

realização das atividades diárias. Desde a pedra lascada e da alavanca, passando pela

descoberta da roda e do uso do vapor para mover máquinas até o surgimento dos

modernos computadores com acesso a internet, tudo levou-nos a um maior grau de

desenvolvimento tecnológico e de um certo grau de melhoria na qualidade de vida da

população. Embora tenha sido também, responsável pela descaracterização do meio

natural e por uma gama de excluídos sociais.

Segundo Tayra (2001), a palavra técnica é originária do verbo grego tictein que

significa “criar, produzir, conceber, dar à luz”. Os gregos davam a ela um sentido mais

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amplo, incluindo não só o aspecto físico, mas também a relação com o meio e seus

efeitos.

A autora comenta também que durante muito tempo o acesso a educação foi

permitido apenas a minorias privilegiadas. A primeira grande conquista tecnológica dessa

época, foi o livro. Os primeiros livros, na Idade Média, eram enormes e ficavam presos por

correntes. Eram lidos em voz alta para que a platéia pudesse ter acesso às informações.

Com o passar dos tempos os livros deixarem de ser produzidos em papiro e passaram a

ser escritos em papel e, somente com o desenvolvimento da prensa é que se tornou mais

acessível. Seu tamanho, volume e preço eram reduzidos.

A publicação e circulação de grande quantidade de periódicos técnicos contendo

resultados de pesquisas relacionadas à ciência e tecnologia e o desenvolvimento das

tecnologias da informação, que tem sua origem nos anos da segunda guerra e no período

seguinte, com as descobertas em eletrônica: o primeiro computador programável e o

transistor, fonte da microeletrônica, são o verdadeiro cerne da revolução da tecnologia da

informação no século XX (CASTELLS, 1999, p.50, Apud PORCARO, 2000, p.09).

Podemos conceituar tecnologia “como um conjunto de conhecimentos

especializados, com princípios científicos que se aplicam a um determinado ramo de

atividade, modificando, melhorando, aprimorando os “produtos” oriundos do processo de

interação dos seres humanos com a natureza e destes entre si” (BRITO, 2006, p.18-19).

Muitas outras tecnologias também deixaram suas marcas na cultura mundial, como:

o telégrafo, a fotografia, o telefone, o cinema, o rádio, a televisão, o computador, o vídeo

cassete, o celular, o DVD, a internet, o correio eletrônico e a recente tecnologia digital,

que tiveram a sua criação justificada pela modernidade, onde não foram levados em

consideração os efeitos que essas poderiam vir a causar ao ambiente.

Sua presença na escola era vista com ressalvas, pois se acreditava que no futuro,

isso poderia significar a substituição dos (as) educadores (as) por máquinas. Esses (as),

em seus piores pesadelos, já viam o seu lugar nas salas de aula, ocupado por televisores

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que reproduziam fitas de vídeo com aulas pré-gravadas e por computadores que

cuidavam dos descuidos ortográficos dos (as) educandos (as). Mas, com o passar do

tempo percebemos que as trocas de energia que ocorrem durante as aulas entre

educandos (as) e educadores (as), são fundamentais para o processo de ensino-

aprendizagem e que as tecnologias estão aí para nos auxiliar, para ajudar no despertar do

interesse dos (as) educandos (as) com relação aos conteúdos trabalhados. Cabe ao (a)

educador (a) reconduzir o processo educacional para que esse permita o surgimento de

uma parceria entre educadores (as) e recursos tecnológicos, de maneira que a maior

beneficiada seja a educação.

Vygotsky explicou a constituição histórico-social do desenvolvimento psicológico

humano no processo de apropriação da cultura mediante a comunicação com outras

pessoas. Tais processos de comunicação e as funções psíquicas superiores neles

envolvidas se efetivam primeiramente na atividade externa (interpessoal) que, em

seguida, é internalizada pela atividade individual, regulada pela consciência. No processo

de internalização da atividade há a mediação da linguagem, em que os signos adquirem

significado e sentido (VYGOTSKY,1984, p.59-65).

A partir de Vygotsky, entendemos que para ocorrer à apreensão dos saberes faz-se

necessário a mediação de indivíduos já portadores desses conhecimentos, o que seria o

papel dos (as) educadores (as).

Muitos profissionais da educação já sucumbiram aos efeitos do uso das tecnologias

na área educacional passando assim, a defender o seu uso, mas sob constantes

avaliações, análises e discussões sobre as formas de implementação na escola e os

efeitos pedagógicos que essas possam fornecer.

Uma questão que atualmente gera grandes polêmicas nas escolas é com relação às

”pescópias”, pesquisas em que os recursos do computador mais utilizados pelos (as)

educandos (as) são: control C (copiar), control V (colar).

A preocupação maior é com relação ao fato de que os alunos copiam sem ter a

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menor preocupação em ler os textos, deixando assim de desenvolver as capacidades de

pesquisa, análise e de síntese.

Outro fator é o da lei dos direitos autorais que estará sendo infringida.

Como resolver essas questões? Existe uma solução eficaz?

Essa é uma situação que já existia antes do surgimento dos computadores, em que

os textos das enciclopédias eram copiados tal qual se apresentavam. Na época, cada

educador (a) desenvolveu um método para avaliar se houve ou não aprendizagem.

As sugestões que surgem atualmente, são no sentido de que pais ou educadores

(as) peçam ao (a) educando (a) apresentar uma síntese oral ou escrita da pesquisa

realizada.

Estes são paradigmas que necessitam ser pensados no sentido de não se tornarem

um impedimento ao uso das tecnologias na educação.

É preciso deixar de lado a oposição ao uso das mídias na educação e passar a vê-

las como formas de enriquecer as práticas pedagógicas, mas sempre dentro de uma

visão crítica.

Divulgado pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla)[4], o

relatório Lápis, Borracha e Teclado: tecnologia da informação na educação (2007), mostra

que ao todo, 18,5% dos brasileiros possuem microcomputadores e 13,6% navegam na

rede mundial a partir da própria casa. A taxa de usuários da internet no Brasil é de 17,2%.

No ranking da União de Telecomunicações Internacionais (UTI), o Brasil aparece em 76º

lugar, atrás de Argentina, Uruguai, Costa Rica, Chile e Porto Rico. Com 16,1 micros por

100 habitantes, lidera o ranking da UTI de nações de renda média baixa. A média dos

países de maior renda é de 58,9 computadores por 100 habitantes. O Distrito Federal

lidera com 37,2% de proprietários de microcomputadores e 29% de usuários de internet.

O Maranhão tem os piores índices, com 1,7% de internautas.

Na enciclopédia livre Wikipédia, encontramos que a palavra Informática é derivada

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de duas outras palavras associadas a ela, a primeira é informação e a segunda é

automática. Essas palavras definem os principais objetivos que foram atingidos pelos

computadores. A necessidade de se obter informações automáticas fez com que surgisse

justamente esta palavra.

Dados do IBGE (2005), com relação[5] às novas tecnologias, tais como acesso à

internet e à TV a cabo, mostram que apenas 1,7% dos municípios com até 5 mil

habitantes possuem TV a cabo. Já os municípios com população entre 200 mil e 1 milhão

de pessoas, 60 % possuem TV a cabo.

Apontam ainda que 20% dos municípios possuem estações geradoras de rádio AM e

34% possuem estações geradoras de rádio FM. Sobre a existência de jornal, 72% dos

municípios possuem jornal diário, 44% possuem jornal semanal e 33% possuem jornal

com outro período de distribuição.

Segundo dados do documento Indicadores do Milênio no Paraná[6], pouco mais de

¼ da população paranaense possui um computador no domicílio; se considerado o

acesso à internet, esse percentual passa para 17,6%. Em torno de 54% das pessoas

conectaram a internet no próprio domicílio; 42%, no trabalho e 28% em um

estabelecimento de ensino. Utilizada por 71% dos entrevistados para educação e

aprendizagem e 49% para leitura de jornais e revistas, a internet constitui-se em

importante instrumento de pesquisa (ORBIS, 2007). O documento mostra ainda que na

região metropolitana de Curitiba, a freqüência de utilização predominante é uma vez por

semana, com 48%, sendo que 38% acessam diariamente a internet.

Nas escolas integrantes da Rede Estadual de Ensino do Paraná, os (as) educadores

(as) e educandos (as), têm disponíveis os computadores dos laboratórios de informática,

da rede Paraná Digital, que é gerenciada pela Companhia de Informática do Paraná –

Celepar, que estão conectados com a internet, o que amplia as possibilidades de uso do

equipamento. Todos utilizam o sistema Linux, por ser um software livre. Sendo um

sistema até então, pouco conhecido, acaba, muitas vezes, aparecendo como uma

dificuldade a mais para ser enfrentada por muitos usuários dos computadores da Rede

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Paraná Digital (Portal Dia-A-Dia-Educação, 2008).

2 As Tecnologias no Dia-a-Dia da Escola

A página web, denominada Projeto Kairós, foi desenvolvida pela necessidade de se

encontrar uma forma mais eficaz para trabalhar os conteúdos sócioambientais com alunos

jovens e adultos.

Os critérios utilizados para escolha dos conteúdos a serem trabalhados foram os de

relevância e atualidade pois, se o nosso intuito é a construção de um ambiente

democrático e inclusivo, que é um dos objetivos da educação sócioambiental, devemos

pautar as nossas práticas escolares em atividades que busquem aproximar cada vez mais

os (as) educandos (as) do conhecimento que está sendo gerado a nível global.

O Projeto Kairós apresenta jogos educativos que foram criados para serem utilizados

na revisão dos conteúdos estudados, ou mesmo, como material pedagógico no

desenvolvimento das aulas de educação sócioambiental, uma relação de filmes e livros,

sugestões de links de vídeos e de leitura online, além de um banco de imagens livres.

Nesse ambiente pedagógico, com a orientação do (a) educador (a), os (as)

educandos (as) poderão assistir a vídeos, animações ou ler textos sobre determinado

assunto relacionado à educação sócioambiental, e debater com o (a) educador (a) e

colegas, sobre os pontos que mais chamaram a sua atenção.

Para possibilitar a interatividade, há também, um ícone que permite que sejam feitos

comentários sobre o material disponível ou sugestões.

O objetivo principal desse trabalho é garantir que a facilitação do acesso às

tecnologias de informação e comunicação (TiCs), sirva como meio de otimização do

ensino e da aprendizagem dos conteúdos socioambientais na modalidade de ensino de

Jovens e Adultos, através da busca, análise e discussão dos dados obtidos e do incentivo

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ao uso das “novas tecnologias” como forma de inserção social dos (as) educandos (as).

As ações ganham significado social quando fazem parte do comportamento de um grupo

de indivíduos.

Os computadores conectados à internet são um desses recursos-parceiros que

permitem uma viagem virtual ao redor do mundo em busca de conhecimentos que

privilegiem as questões socioambientais. Mas para utilizá-los de modo a surtirem os

efeitos desejados, é preciso que os profissionais sejam preparados para isso.

“Entendemos que falar em Educação Ambiental transformadora é afirmar a educação enquanto práxis social que contribui para o processo de construção de uma sociedade pautada por novos patamares civilizatórios e societários distintos dos atuais, na qual a sustentabilidade da vida, a atuação política consciente e a construção de uma ética que se afirme como ecológica sejam seu cerne” (LOUREIRO, 2004, p. 90)

A inserção digital na educação, iniciou com a criação do Proinfo[7], em 1997, onde

as escolas públicas receberam computadores e houve a criação dos NTEs, Núcleos de

Tecnologias Educacionais, que seriam os responsáveis pela formação dos (as)

educadores (as), técnicos (as) e pelo suporte técnico, mas desde 1995, os currículos dos

cursos de Pedagogia e licenciaturas, já contavam com a disciplina de Informática na

Educação.

Alguns recursos disponíveis há muito na escola, quase não são utilizados, como o

retroprojetor, o projetor de slides e o episcópio. São considerados como obsoletos e quem

“ainda” os utiliza, é visto como antiquado, ultrapassado, um “dinossauro da educação”.

Segundo Brito (2007), o ábaco que é considerado o primeiro dos computadores, é

uma invenção simples e eficaz, mas que por ser eficiente passou inalterada de civilização

para civilização (p. 51).

O problema não se concentra no tempo de surgimento da tecnologia, mas sim no

uso que se dá a ela.

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2.1 Tecnologias na Educação, até onde vão seus benefícios?

A evolução tecnológica permite viajar ao espaço, a realização de cirurgias à

distância, a clonagem, a troca de informações entre pontos distantes do planeta em

tempo real. Mas trouxe também o controle remoto e o sedentarismo, o isolamento dos

fones de ouvido e dos vídeo - games, além de vários problemas físicos e psicológicos.

O computador facilita a vida das pessoas, mas ao mesmo tempo leva a exacerbação

das diferenças sociais, é o “analfabetismo digital”.

Essas diferenças também são perceptíveis quando comparamos o uso das

tecnologias nas escolas particulares e nas da rede pública.

As primeiras, utilizam materiais atualizados e pessoal técnico bem treinado, sendo

que os custos disso são repassados para os pais dos educandos (as) que vêem como um

ponto positivo da escola e o pagamento como um bom investimento no futuro de seus

filhos (as).

Em contrapartida, nas escolas públicas, o suporte técnico deixa a desejar, são

poucos os (as) professores (as) que desenvolvem algum conteúdo curricular envolvendo

as “novas tecnologias”, talvez por não se acharem preparados para tanto e a estrutura

física do prédio, que é adaptada à situação do momento e, portanto, longe do ideal.

Esse despreparo técnico é um dos principais fatores que dificultam a realização de

projetos interdisciplinares envolvendo as tecnologias educacionais.

Segundo Fazenda[8] (1994), a observação sob várias óticas, desperta o gosto pela

dúvida, pela pesquisa, por novos caminhos para explicar o real. A autora acredita que a

atitude interdisciplinar visa uma transgressão aos paradigmas rígidos da ciência escolar,

na forma de como ela vêm se configurando disciplinarmente.

Para Moran (1995), as tecnologias tanto servem para reforçar uma visão

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conservadora, individualista como uma progressista.

A pessoa autoritária utilizará o computador para controlar o processo, mas aquele

que o enxergar como uma forma de aumentar as possibilidades e expectativas irá utilizá-

lo como parceiro nas atividades.

As tecnologias possibilitam a ampliação do universo pessoal de educandos (as) e

educadores (as), permitindo o compartilhamento de trabalhos, o acesso às pesquisas

mais recentes em uma dada área e a interação com pessoas de várias partes do mundo

para troca de experiências.

O autor ainda finaliza colocando que o processo de ensino-aprendizagem pode, com

o estabelecimento de parceria com as tecnologias, ganhar mais dinamismo e aumentar o

poder de comunicação.

Para Mclellan (1990), na obra de Marx as inovações tecnológicas eram vistas como

elementos necessários para a transformação social.

Apesar de seu grande potencial de inovação, ainda utilizamos as tecnologias de

maneira restrita, menosprezando a sua capacidade de envolvimento e de despertar para

um mundo de possibilidades.

As novas tecnologias da informação e da comunicação, transformam espetacularmente,

não só nossas maneiras de comunicar, mas também de trabalhar, de decidir, de pensar”

(PERRENOUD apud OLIVEIRA, 2001, p. 7).

Cysneiros[9] (2006) nos apresenta no seu texto Educação,Tecnologias, Formação: O

Professor e Práticas Educativas, o relato autobiográfico de uma professora paulista que

apresenta a sua visão sobre a influência das tecnologias na vida das pessoas.

“Eu era ainda criança e, sentada nos bancos escolares, ficava encantada com tudo

que ali acontecia. A escola, um sobrado imponente no centro da cidade, era um lugar

bonito e agradável, muito limpo, com cortinas nas janelas, salão nobre com piano de

cauda e cadeiras almofadadas (...). Os professores sempre entravam na sala com

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muitos livros e materiais (...). Naquele tempo, na pequena cidade do interior em que

morava, a programação na televisão começava apenas no final da tarde (...). Também

não existiam computadores, videogames e toda essa parafernália eletrônica que

ocupa as crianças de hoje, do amanhecer ao anoitecer. Tínhamos quintal e tempo

para nele brincar...” (LAPO, 1998, págs 119-120).

Os recursos tecnológicos são benéficos desde que, utilizados de forma clara e

planejada. O computador e a internet são ferramentas complementares que podem ser

utilizadas nas atividades escolares, mas também, terão os conhecimentos técnicos

adquiridos na sua utilização, como um diferencial na busca de uma colocação no mercado

de trabalho.

Se o mundo mudou e as tecnologias são uma presença constante em nossas vidas,

a escola não pode ficar de fora. É preciso adaptar-se às mudanças.

A insegurança sobre seus usos e efeitos gerados, é inevitável, como tudo aquilo que

é novo e, portanto, se tem pouco conhecimento.

É preciso haver um constante “feedback” entre educandos (as) e educadores (as) para

que possamos diagnosticar se o uso das tecnologias nas atividades escolares está

realmente propiciando uma maior reflexão dos conteúdos e o desenvolvimento do senso

crítico.

2.2 Metodologia

A pesquisa é de natureza quali-quantitativa e a análise dos conteúdos levantados, foi

realizada através da aplicação de questionários e entrevistas individuais, a educadores

(as) e educandos (as) do CEEBJA Profª Maria Deon de Lira, abordando questões

relacionadas ao acesso a recursos tecnológicos de informação e comunicação, freqüência

de uso, dificuldades apresentadas pelos seus usuários, disponibilização dos conteúdos

socioambientais em suas aulas e tempo de formação. Os (As) educadores (as) fizeram

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ainda, uma avaliação da página web que foi desenvolvida, denominada Projeto Kairós,

para servir como mais um suporte didático, com o objetivo de concentrar materiais

pedagógicos, que por falta de tempo ou conhecimento para a utilização das tecnologias,

teriam seu acesso dificultado. O acesso a esse material pode ser realizado através do

endereço: www.aeltecnologia.com.br/Iara.

2.3 Resultados

Dos (as) educadores (as) entrevistados (as), a maioria (80%) terminou a

universidade há mais de 12 anos, uma educadora está formada há 11 anos (10%) e outra

há 5 anos (10%); (Tabela 1) sendo que 80% atua a mais de 12 anos na educação (Tabela

2).

Tabela 01 – Tempo de Formação (em anos) dos educadores do CEEBJA Profª Maria

Deon de Lira, Curitiba, PR

1 a 2 4 a 6 7 a 9 10 a 12 + de 12- 01 - 01 16

Total: 20 entrevistados (as) - 2008

Tabela 2 – Tempo de Atuação na Educação (em anos) dos educadores do CEEBJA

Profª Maria Deon de Lira, Curitiba, PR.

1 a 2 4 a 6 7 a 9 10 a 12 + de 12

- 01 - 03 16

Total : 20 entrevistados (as) - 2008

No CEEBJA Profª Maria Deon de Lira, 100% dos (as) educadores (as) entrevistados

(as) possuem computador em casa (Tabela 3), com acesso a internet. Quanto a

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finalidade, 100% utiliza para pesquisa, 90% para preparação de material didático, troca de

mensagens eletrônicas e lazer. Destes, 70% utiliza para participar de cursos.

A maioria (60%) acessa a internet todos os dias, sendo que 40% permanece

conectado (a) entre 1 a 2 horas (40%), mas alguns (as) (20%), chegam a ficar entre 4 a 5

horas em frente ao computador.

Tabela 3 – Educadores do CEEBJA Profª Maria Deon de Lira, Curitiba, PR. que possuem

computador em casa

Sim Não Internet Sem internet

20 - 20 -

Pesquisas

Materiais Didáticos Mensagens eletrônicas Cursos Online Lazer

20 18 18 14 18

Total: 20 entrevistados – 2008.

Na Tabela 4 estão relacionadas às maiores dificuldades apresentadas pelos (as)

educadores (as) para o uso das tecnologias na escola foram: 1- qualificação insuficiente

(90%), pois os cursos ofertados pelos profissionais do CRTE – Centro de Recursos

Tecnológicos do Estado do Paraná, não são capazes de suprir as necessidades dos

educadores (as); 2- falta de um local apropriado (60%), pois, com exceção do laboratório

de informática e das Tv multimídia pendrive, os equipamentos têm de ser transportados

de um lado para outro dentro da escola tendo suporte e conexões improvisadas; 3- outros

problemas (30%):

• Falta de drive de cd e gravador de DVD;

• Computadores com pouca memória, o que os torna muito lentos;

• Constantes problemas técnicos apresentados pelos computadores;

• Falta de monitores para dar suporte técnico às atividades realizadas no

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laboratório de informática e fazer manutenção constante das máquinas.

Tabela 4 – Dificuldades para Uso das Tecnologias relatadas pelos (as) Educadores (as)

do CEEBJA Profª Maria Deon de Lira, Curitiba, PR.

Qualificação Local Apropriado Outros

18 12 06

Total : 20 entrevistados (as) - 2008

É importante ressaltar que a escola possui a rede wireless o que amplia as

possibilidades de uso da internet na sala de aula.

Quando questionados (as) sobre o impacto dos recursos tecnológicos em suas

aulas, as respostas dos (as) educadores (as) foram otimistas, julgando os resultados

como bons. Duas educadoras classificaram os resultados obtidos como regulares (Tabela

5).

Tabela – 5 - Avaliação do Uso das Tecnologias pelos educadores (as) do CEEBJA Profª

Maria Deon de Lira, Curitiba, PR.

Bom Regular Ruim Indiferente

18 02 - -

Total: 20 entrevistados – 2008.

“Interesse por parte dos alunos- impacto positivo” V.M.O. (Biologia).

“Qualquer recurso visual estimula mais que gastar um monte de saliva para explicar a

aula” L.C.G.A. (Educação Física).

“São caminhos para aprender com mais facilidade. Isso melhora a auto-estima do aluno”

T. P. (Português/Inglês).

“O uso da tecnologia da imagem dá sempre a sensação de algo novo, mais atraente para

os alunos” S.T.V. (História”).

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Todos os (as) educadores (as) afirmaram (100%) que conseguem fazer, em suas

aulas, uma conexão entre os conteúdos a serem trabalhados e a realidade socioambiental

dos (as) educandos (as), através de assuntos como:

Desperdício de água;

Reciclagem de lixo;

Aquecimento global;

Fome;

Qualidade de vida;

Drogas e sexualidade.

A educadora T.P., da disciplina de Português afirma que utiliza contos e textos para

tratar assuntos da realidade do (a) educando (a), pois nem sempre essa está

escancarada e assim, exige uma análise mais profunda.

Na disciplina de Inglês, a educadora C.M.D. utiliza atividades escritas em que associa

as questões socioambientais com a sua disciplina. Outro recurso que bastante presente

em suas aulas, são os vídeos e filmes passados na TV multimídia pendrive.

Na disciplina de História a educadora S.T.V., ressalta a falta de material atualizado,

como gráficos, para trabalhar as questões sócioambientais.

Na disciplina de matemática, a educadora L.D. trabalhando as porcentagens de água no

corpo humano, no planeta e a importância de se evitar o desperdício, orientou os (as)

educandos (as) a colocarem uma bacia no box para poderem visualizar a quantidade de

água gasta durante o banho.

O setor de Ciências que comporta as disciplinas de Ciências, Biologia e Química, tem o

uso das tecnologias como uma constante em suas atividades pedagógicas. São utilizados

vídeos, apresentações em powerpoint e filmes exibidos na TV multimídia pendrive além

de aulas em que o conteúdo estudado é complementado com o uso do computador e

internet.

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Outras disciplinas como Artes e Educação Física, utilizam, além dos recursos citados, o

DVD Player em suas práticas.

Durante a semana cultural, realizada em setembro, funcionárias da secretaria da escola

ofertaram, no laboratório de informática, concorridas aulas de informática básica.

Na Tabela 6 são ilustrados os resultados obtidos entre os (as) educandos (as) quanto

a presença de computadores em casa. 60% disseram que possuem computador, sendo

que destes 20% possuem computadores com acesso a internet. As finalidades declaradas

são: para pesquisas escolares (40%), troca de mensagens e atividades relacionadas a

trabalho (30%) e para lazer (20%),

Tabela 6 – Resultados da enquête com os educandos (as) do CEEBJA Profª Maria Deon

de Lira, Curitiba, PR, quanto a presença de computador em Casa.

Sim Não Internet Sem internet

12 08 08 08

Pesquisa TrabalhoMensagens

EletrônicasLazer

08 06 06 04

Total: 20 entrevistados – 2008

Dos 40% dos (as) educandos (as) que não possuem computador, 20% afirmaram

que a primeira vez que utilizaram o computador foi durante as atividades na escola.

Assim, as dificuldades apresentadas principalmente no manuseio do mouse, foram

grandes.

Mesmo aqueles (as) que já possuíam algum conhecimento, enfrentaram dificuldades

pelo fato dos computadores do laboratório de informática utilizarem o sistema Linux.

Durante as aulas de Ciências os (as) educandos (as) utilizam a internet para buscar

definições ou imagens que permitam tornar o conteúdo mais claro, além de vídeos e

apresentações que servem tanto para ilustrar os assuntos estudados, assim como,

fornecer subsídios para debates.

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“Com o computador nós aprendemos o conteúdo da disciplina e ao mesmo tempo

adquirimos conhecimentos que vão servir pra trabalhar”. L. S.

O comentário mostra o valor atribuído pelos (as) educandos (as) a esses momentos.

O acesso às tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), permitem uma maior

integração social pelo acesso facilitado a conhecimentos que fazem parte do contexto da

sociedade atual, assim, a classe especial também realiza periodicamente, atividades no

laboratório de informática, além de outras atividades em que as tecnologias estão

presentes.

Dos (as) 8 educandos (as) da classe especial, que foram entrevistados (as), 5

afirmaram ter, em casa, computador com acesso a internet, sendo que 4 deles (as)

possuíam e-mail.

Em um trabalho conjunto com a educadora da turma, todos os (as) educandos (as)

puderam criar e-mails que serão utilizados posteriormente, para enviar aos (as)

colegas, mensagens escritas por eles.

Alguns desses (as) educandos (as) apresentam deficiências motoras o que torna o

fato de digitar, uma tarefa árdua. Mas, com persistência eles (as) aprenderam a dosar a

força aplicada às teclas, a corrigir os erros de escrita, a salvar nas suas pastas e a enviar

e-mails.

Quando perguntados sobre as aulas no laboratório de informática, a maioria disse

que gosta muito. Apenas um colocou como sendo ”mais ou menos”.

“ Serve para aprender a lição, número, tudo que não souber”. D.C.S.

“ É bom para aprender”. L.G.I.T.

“ Acho o máximo”. F.A.W.

“ Serve para fazer trabalho para a escola”. M.C.

Para poder avaliar a viabilidade da página web desenvolvida durante a implantação

do projeto, foi utilizado um quadro avaliativo baseado na escala Likert, que foi respondido

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por educadores (as) de várias escolas da rede pública estadual, onde os usuários

puderam opinar sobre :

1. Acessibilidade ; 2. Legibilidade; 3. Visual; 4. Imagens disponíveis;

5. Interatividade; 6. Navegabilidade; 7. Estrutura; 8. Conteúdos;

9. Acesso a recursos; 10. Propriedades lúdicas; 11. Utilidade.

Dois itens foram classificados como insatisfatórios por 30% dos (as) entrevistados

(as), a legibilidade, em que o tamanho da fonte foi considerado insuficiente para uma boa

leitura e a qualidade de algumas das fotografias, que não se apresentam com bom grau

de nitidez.

Uma crítica feita, a título de sugestão, foi a de disponibilização de atividades

desenvolvidas por outros educadores (as) na página web, o que já foi providenciado.

Todos (as) os (as) entrevistados (as) concordaram que, os materiais apresentados

na página web, ajudam na melhoria da compreensão dos conteúdos relacionados às

questões socioambientais, apesar de uma educadora ter acrescentado que não poderá

utilizar os materiais com seus (as) educandos (as), pois trabalha à noite em um prédio

emprestado pela Prefeitura e, portanto, não tem acesso aos recursos tecnológicos

disponíveis na escola. Assim como, as TVs multimídia pendrive que não estão disponíveis

nessas escolas, por serem recursos didáticos disponibilizados apenas às escolas

estaduais.

2.4 Conclusão

Produzimos saberes que podem contribuir, como afirma Leff (2001), para a

construção de uma nova racionalidade ambiental, orientada por princípios de democracia,

sustentabilidade ecológica, diversidade cultural, e equidade social (p. 223), mas para isso

precisamos disponibilizar recursos para que, tanto educadores (as) como educandos (as)

possam ter acesso a esses conhecimentos.

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Essa pesquisa serviu para ratificar que a não utilização dos recursos tecnológicos

disponíveis na escola, não é causada pelo desinteresse dos (as) educadores (as), mas

sim resultado da construção de um abismo profundo e silencioso entre ambos.

A grande dificuldade enfrentada tanto por educadores (as) como educandos (as) da

escola, é com relação a não qualificação para o uso das tecnologias disponíveis. Assim, é

premente a necessidade da realização de cursos que possam suprir essa demanda

pedagógica.

Outra questão é a falta de um local apropriado para a utilização de alguns

equipamentos, que têm de ser transportados de um lado para outro, conectados e

desconetados, o que toma uma boa parte do tempo da aula e exige algum conhecimento

técnico.

O sentimento de medo do desconhecido e de desamparo por não saber a quem

recorrer para pedir ajuda no sentido de buscar o domínio sobre aquelas máquinas, fez

com que muitos (as) se acomodassem e deixassem o pó acumular.

O que percebi no CEEBJA Profª Mª Deon de Lira, foi que muitas parcerias estão

sendo formadas para troca de conhecimentos a fim de dominar o medo e as máquinas,

pelo desejo de levar aos (as) educandos (as) informações mais atualizadas, de

transformar as suas aulas em algo mais interessante e atraente.

Todos (as) concordam que trabalhar os temas relacionados às questões

sócioambientais associadas aos conteúdos das suas disciplinas é importante, mas muitos

(as) não sabem onde buscar material de qualidade para tornar isso realidade ou mesmo

como fazer essa ponte.

É preciso que haja um maior empenho por parte das autoridades para vislumbrar os

benefícios que poderão advir, a curto prazo, da melhoria na qualificação dos (as)

educadores (as) para a utilização, principalmente, das “novas tecnologias”.

Para que as melhorias sociais que desejamos aconteçam precisamos nos empenhar

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em incluir, isso é desenvolver o sentimento de pertencer a algo, de ser capaz. Poder viver

em uma sociedade totalmente dependente dos recursos tecnológicos, mas sendo capaz

de usufruir desses recursos, é essencial para diminuir as diferenças sociais. As

tecnologias não são a resposta para tudo, mas um caminho que se bem trilhado, poderá

se traduzir num grande trunfo na busca da melhoria da qualidade de ensino.

Weber (1998, p.25 -27), acredita que uma relação comunitária se dá quando uma “ação

social repousa no sentimento subjetivo dos participantes de pertencer (afetiva ou

tradicionalmente) ao mesmo grupo”. Por sua vez, dá-se uma relação associativa quando a

ação funda-se “num ajuste ou numa união de interesses racionalmente motivados (com

referência a valores ou fins)” (Cf., Weber, 1998 : 25-7).

Embora o ambiente virtual “Projeto Kairós”, tenha sido avaliado positivamente, ele

não está terminado, pois assim como exigiu um grande esforço no sentido de buscar

conhecimentos para o seu desenvolvimento e exigirá ainda mais a partir desse momento,

para que possa ser mantido no ar e em condições de ser visto como um diferencial para a

motivação nas aulas de educação socioambiental. Ainda há muito a fazer para

democratizar o uso dos recursos tecnológicos na educação, mas teremos de começar em

algum momento.

Hoje, podemos afirmar que o (a) educador (a) que vislumbrar na internet uma aliada,

levará vantagem sobre aquele que a considerar como um problema e ignorá-la.

Para Bizzo (2002, p.70), existem formas modernas e mais eficientes de ensinar, e

elas podem, na verdade devem, ser incorporadas no cotidiano do professor.

Enfim, embasados nos estudos realizados e nos trabalhos de vários pesquisadores,

podemos afirmar que o uso das diversas formas de tecnologia disponíveis na escola,

pode transformar as ações pedagógicas voltadas ao estudo das questões sociais e

ambientais, o que exigirá um repensar do projeto político da escola.

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3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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<http://pt.wikipedia.org/wiki/Inform%C3%A1tica> Acesso em 08/12/2008.

[10] AGRADECIMENTOS

[1] Prof. do Departamento de Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná e

orientador deste trabalho.

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[2] Profª da Rede de Ensino Público do Paraná e participante do Programa de Desenvolvimento da

Educação – PDE, no período de 2007/2008.

[3] Referência curricular nacional para o ensino fundamental.

[4] RITLA, Rede de Informação Tecnológica Latino- Americana, organismo internacional de

caráter intergovernamental.

[5] Feita ao longo de 2005, com questionários para as prefeituras de todos os municípios

brasileiros, a pesquisa traz também informações sobre contingente de servidores,

legislação, política tributária, articulações intermunicipais, ações habitacionais e

indicadores culturais.disponíveis no site:

http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/noticias/municipios.html , acesso em: 05/08/2008.

[6] O Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis) é o responsável pelo

monitoramento dos indicadores relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio em

cada uma das 10 mesorregiões do estado do Paraná.

[7] Projeto Proinfo- Programa Nacional de Informática na Educação.

[8] I Encontro Nacional de Ensino de Biologia e III Encontro Regional de Ensino de Biologia da Regional RJ/ES, 2005,

Rio de Janeiro. Anais do I ENBIO e III EREBIO RJ/ES. Rio de Janeiro, disponível em:

http://darwin.futuro.usp.br/site/pesquisas/Artigos/enen_05.pdf .Acesso em: 26/11/2008.

[9] Texto-base para um Simpósio apresentado no XIII Endipe. Recife, 24 a 26 de Abril de

2006.

[10] Esse trabalho só foi possível pela sensibilidade dos integrantes do Governo do Estado do

Paraná, que numa ação visionária, liberaram educadores (as) de suas atividades escolares, para se

dedicarem ao desenvolvimento de pesquisas que pudessem reverter em benefício da educação nas

Escolas Públicas do Paraná, o que merece nosso reconhecimento e gratidão.

Agradeço também, à Universidade Federal do Paraná, que na figura do seu digníssimo reitor, nos recebeu de braços abertos nessa conceituada instituição de ensino. Aos (As) educadores (as), principalmente ao meu orientador Prof. Dr Carlos E. P. de Souza, e funcionários (as), que através dessa parceria pioneira, tiveram como principal objetivo propiciar subsídios para que esse projeto servisse como exemplo de esforços conjuntos pela melhoria da qualidade da educação no estado.

Estendo os meus agradecimentos à equipe do CEEBJA Mª Deon de Lira, principalmente à Profª Regina N., que apoiaram a implantação do projeto, mas agradeço de maneira mais efusiva aos educadores e educadoras que despenderam o seu precioso tempo e atenção para responder aos questionários e entrevistas, sem os quais esse artigo não existiria. Agradeço também, a Profª Zeni, por me permitir conviver com essas pessoas realmente especiais.

Um agradecimento especial ao meu sobrinho Luigi, pelo apoio e dedicação.

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