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SEADE
O empregO e a mObilidade dO trabalhadOr na
regiãO metrOpOlitana de SãO paulO
no 4 julho 2013
Coordenação e ediçãoEdney Cielici Dias
Autores deste númeroAlexandre Jorge Loloian, Leila Gonzaga e Ligia Schiavon Duarte , pesquisadores da Fundação Seade
ISSN 2317-9953
Diretora ExecutivaMaria Helena Guimarães de Castro
Diretora Adjunta Administrativa e FinanceiraSilvia Anette KneipDiretor Adjunto de Análise e Disseminação de InformaçõesHaroldo da Gama TorresDiretora Adjunta de Metodologia e Produção de DadosMargareth Izumi Watanabe
Corpo editorial
Maria Helena Guimarães de Castro;
Silvia Anette Kneip;
Haroldo da Gama Torres;
Margareth Izumi Watanabe;
Edney Cielici Dias e
Osvaldo Guizzardi Filho
SEADEFundação Sistema Estadual de Análise de Dados
Av. Cásper Líbero 464 CEP 01033-000 São Paulo SPFone (11) 3324.7200 Fax (11) 3324.7324
www.seade.gov.br / [email protected] / [email protected]
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 3
apresentação
peSquiSaS inSeridaS nO debate públicO
O Seade é uma instituição que remonta ao século 19, com o surgimento da Repartição da Estatística e do Arquivo do Estado, em 1892. Ao longo de mais de um século, tem contribuído para o conhecimento do Estado por meio de estatísticas, com um conjunto amplo de pesquisas sobre diversos aspectos da sociedade e do território de São Paulo. Levar parte importante desse volume de informação e suas interconexões ao público é, por sua vez, uma tarefa tão relevante quanto desafiadora.
O Projeto Primeira Análise visa divulgar parte do universo de conheci-mento da instituição, ao dialogar com temas de interesse social. Os artigos que compõem o projeto procuram sinalizar, de forma concisa, tendências e apresentar uma análise preliminar do tema tratado. Trata-se de texto auto-ral, de caráter analítico e científico, com aval de qualidade do Seade.
Os textos são destinados a um público formado por gestores públicos, ao oferecer informação qualificada e de fácil compreensão; ao meio acadê-mico e de pesquisa aplicada, por meio de abordagem analítica preliminar de temas de interesse científico; e para a mídia em geral, ao suscitar pautas sobre questões relevantes para a sociedade.
Os artigos do projeto têm periodicidade mensal e estão disponíveis na página do Seade na Internet. Os temas englobam aspectos econômicos, sociais e de interesse geral, abordados em perspectiva de auxiliar na formu-lação de políticas públicas.
Desta forma, o Seade mais uma vez se reafirma como uma instituição ímpar no fornecimento de informações de importância para o conhecimen-to do Estado de São Paulo e para a formulação de suas políticas públicas.
Maria Helena Guimarães de Castro
4
Análise baseada em dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED na Região Metropolitana de São Paulo mostra redução generalizada das taxas de desemprego, mas de forma diferenciada no território, com maior intensidade nas áreas periféricas.* Assim, entre 2003 e 2012, o nível de ocupação cresceu 1,9% no município de São Paulo e 2,6% nos demais municípios da RMSP. Melhorou também, no período, o tipo de in-serção no mercado de trabalho, com ampliação do emprego assalariado com carteira de trabalho assinada e redução dos contingentes de tra-balhadores sem carteira, autônomos e empregados domésticos. Esses movimentos se fizeram acompanhar por aumentos dos rendimentos mé-dios reais, que foram mais intensos nas áreas periféricas do município de São Paulo e nos demais municípios da RMSP. Os dados mostram a capacidade das sub-regiões Sudeste (ABC), Leste (Guarulhos, Mogi das Cruzes, etc.) e Oeste (Osasco, Barueri, etc.) de manterem seus morado-res trabalhando nos seus limites territoriais e a diminuição dos desloca-mentos dos trabalhadores para fora de suas regiões. Em contrapartida, verificou-se tendência contrária nas sub-regiões Sudoeste (Cotia, Embu das Artes, etc.) e Norte (Francisco Morato, Franco da Rocha, etc.), com ampliação da parcela de moradores que precisaram buscar trabalho fora de seus limites.
O empregO e a mObilidade dO trabalhadOr na regiãO metrOpOlitana de SãO paulOEvolução em dez anos mostra redução importante do desemprego e melhoria da qualidade do trabalho; áreas da região metropolitana e da capital mostram, no entanto, dinâmicas distintas na capacidade de geração de postos de trabalho
no 4 julho 2013
* Os autores agradecem às equipes de estatística e georreferenciamento da Fundação Seade pelo processamento dos dados e pela colaboração na realização deste trabalho.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 5
ApresentAção
Nos anos recentes, o mercado de trabalho brasileiro passou por intensas
transformações e, pronunciadamente, teve forte redução do desemprego.
Entender esse processo no contexto territorial, sobretudo em uma realidade
urbana complexa como a Região Metropolitana de São Paulo, é um impor-
tante desafio de pesquisa. Com o objetivo de contribuir para esse campo
de estudos, o presente artigo utiliza informações da Pesquisa de Emprego e
Desemprego – PED, realizada na RMSP pela Fundação Seade e pelo Dieese,
desagregadas em sub-regiões,1 o que permite uma análise espacialmente
mais detalhada desse mercado de trabalho. Assim, os municípios da RMSP,
exceto a capital, foram agrupados em cinco sub-regiões (Quadro 1) e os 96
distritos do município de São Paulo, em oito zonas (Quadro 2), para as quais
serão apresentados os principais indicadores de mercado de trabalho em
2003 e 2012.
Reflexo do crescimento econômico do período, o nível de ocupação na
RMSP cresceu a taxas médias anuais de 2,2% e verificou-se redução gene-
ralizada das taxas de desemprego.2 Essa expansão se deu de forma diferen-
ciada no território, com maior intensidade nas áreas periféricas: o nível de
ocupação aumentou 1,9% no município de São Paulo e 2,6% nos demais
municípios da RMSP. O crescimento mais intenso nos demais municípios da
RMSP diminuiu a participação do município de São Paulo no total de ocupa-
dos da RMSP (de 59,1%, em 2003, para 58,3%, em 2012), bem como as
das sub-regiões Sudeste (ABC) e Oeste, aumentando aquelas referentes às
sub-regiões Leste, Sudoeste e Norte. A ampliação mais intensa da ocupação
nas regiões periféricas também ocorreu dentro do município de São Paulo,
onde as zonas Leste 2, Sul 2 e Norte 2 registraram taxas médias anuais de
crescimento de 3,5%, 3,1% e 2,4%, respectivamente, enquanto diminuiu
o nível de ocupação no Centro (-1,8% a.a.) e na zona Oeste (-0,5% a.a.).
1. “Lei Complementar no 1.139, de 16 de junho de 2011, que reorganiza a Região Metro-politana de São Paulo, cria o respectivo Conselho de Desenvolvimento e dá providências correlatas”.
2. Nesse mesmo período, e nas demais regiões onde a PED é realizada, as variações médias anuais foram diferenciadas em função de especificidades de suas bases produtivas e perfil ocupacional: 2,0% a.a. na Região Metropolitana de Porto Alegre e de 1,7% a.a. no município de Porto Alegre; 2,4% a.a. na Região Metropolitana de Belo Horizonte; 2,5% a.a. na Região Metropolitana de Salvador; 3,2% a.a. na Região Metropolitana de Recife; e de 3,9% a.a. no Distrito Federal. A Região Metropolitana de Fortaleza passou a integrar o sistema PED em 2008.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 6
Melhorou também, no período analisado, o tipo de inserção no mer-
cado de trabalho, com aumento do emprego assalariado com carteira de
trabalho assinada e redução dos contingentes de trabalhadores sem cartei-
ra, autônomos e empregados domésticos, formas que costumam ser mais
precárias e vulneráveis. Esses movimentos se fizeram acompanhar por au-
mentos dos rendimentos médios reais, que foram mais intensos nas áreas
periféricas do município de São Paulo (sobretudo nas zonas Sul 2, Leste 1 e
Norte 1) e nos demais municípios da RMSP.
A expansão dos níveis de ocupação e as melhorias do tipo de inserção
no mercado de trabalho e dos rendimentos médios observados nas regiões
mais periféricas da RMSP mostram-se consistentes com o crescimento mais
forte, no período estudado, das ocupações com menores exigências de for-
mação, em grande medida nos diversos segmentos dos serviços, e com as
políticas de valorização do salário mínimo e do piso regional paulista, que
elevaram os salários da base da pirâmide salarial.
No que se refere à questão da mobilidade, as informações permitem
concluir que o crescimento econômico e o aumento das ocupações possibi-
litaram que as pessoas buscassem maior proximidade entre os locais de resi-
dência e de trabalho. Os dados da PED mostram a capacidade das sub-regiões
Sudeste (ABC), Leste (Guarulhos, Mogi das Cruzes, etc.) e Oeste (Osasco,
Barueri etc.) de manterem seus moradores trabalhando nos seus limites terri-
toriais e a diminuição dos deslocamentos dos trabalhadores para fora de suas
regiões, resultado da maior diversidade e dinamismo de suas economias.
Em contrapartida, verificou-se tendência contrária nas sub-regiões Sudoeste
(Cotia, Embu das Artes, etc.) e Norte (Francisco Morato, Franco da Rocha,
etc.), com ampliação da parcela de moradores que precisaram buscar traba-
lho fora de seus limites, acentuando a característica de cidades-dormitório.
Os dados mostram que os maiores deslocamentos dos trabalhadores
ocorrem, principalmente, dentro do município de São Paulo, em razão de sua
dimensão geográfica, alta densidade populacional e grande oferta de trabalho
proporcionada por sua extensa base econômica. Em 2012, 95,4% dos ocu-
pados residentes na capital trabalhavam no próprio município. Além disso,
outros 25,4% dos ocupados dos demais municípios da RMSP que trabalham
em municípios distintos da sua moradia exercem atividade econômica na ci-
dade de São Paulo. A comparação com os 27,2% que se encontravam nessa
situação, em 2003, demonstra a importância do crescimento econômico e de
sua descentralização para os municípios vizinhos e para as regiões mais afas-
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 7
tadas do centro da capital paulista, no sentido de reduzir as necessidades de
deslocamentos da residência para o trabalho, ainda muito intensas na RMSP.
recorte territoriAl
A PED permite recortes geográficos e temporais em seu conjunto de infor-
mações, possibilitando apresentar um panorama do mercado de trabalho
das divisões administrativas da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP
e do município de São Paulo e suas principais transformações nos dez anos
encerrados em 2012.
Por ser um levantamento domiciliar, todas as informações captadas pela
PED referem-se ao local de moradia do entrevistado, portanto, dados sobre
setor de atividade, tipo de ocupação, remuneração, etc. estão associados às
sub-regiões em que o trabalhador reside e não às do seu local de trabalho.
A RMSP possui mais de 20 milhões de habitantes em seus 39 municí-
pios – neste estudo, agrupados nas sub-regiões Sudeste, Sudoeste, Oeste,
Norte e Leste, além do município de São Paulo, que concentra cerca de 60%
da população da RMSP e está dividido nas zonas Leste 1, Leste 2, Sul 1,
Sul 2, Oeste, Norte 1, Norte 2 e Centro (Quadros 1 e 2 e Mapa 1).
QUADRO
1
Agrupamentos dos municípios da Região Metropolitana de São Paulo (exceto município de São Paulo), por sub-regiões
Região Metropolitana de São Paulo, exceto município de São Paulo
Sub-região Sudeste (ABC)
Sub-região Sudoeste
Sub-região Oeste
Sub-região Norte
Sub-região Leste
Diadema Cotia Barueri Caieiras Arujá
Mauá Embu das Artes Carapicuíba Cajamar Biritiba Mirim
Ribeirão Pires Embu-Guaçu Itapevi Francisco Morato
Ferraz de Vasconcelos
Rio Grande da Serra
Itapecerica da Serra
Jandira Franco da Rocha
Guararema
Santo André Juquitiba Osasco Mairiporã Guarulhos
São Bernardo do Campo
São Lourenço da Serra
Pirapora do Bom Jesus
Itaquaquecetuba
São Caetano do Sul
Taboão da Serra Santana do Parnaíba
Mogi das Cruzes
Vargem Grande Paulista
Poá
Salesópolis
Santa Isabel
SuzanoFonte: Fundação Seade.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 8
Mogi das Cruzes
Juquitiba
Salesópolis
SãoBernardodo Campo
Santa Isabel
Cotia
Mairiporã
Guarulhos
Biritiba Mirim
Guararema
Suzano
SãoLourençoda Serra
Embu-Guaçu
Santanade Parnaíba
Santo André
Itapecericada Serra
Franco da RochaCajamarPirapora do
Bom Jesus ArujáCaieiras
Itapevi
Itaquaquecetuba
Embudas Artes
OsascoBarueri
FranciscoMorato
Rio Grandeda Serra
Vargem GrandePaulista
DiademaMauá
Ribeirão Pires
Carapicuíba
Taboãoda Serra
Jandira Poá
São Caetanodo Sul
Sub-região LesteSub-região NorteSub-região OesteSub-região SudesteSub-região Sudoeste
MAPA
1
Agrupamentos dos municípios e dos distritos, por sub-regiões e zonasRegião Metropolitana de São Paulo
Fonte: Fundação Seade.
Marsilac
Parelheiros
Grajaú
Tremembé
Jardim Ângela
Anhanguera
Jardim São Luís
Perus
Brasilândia
Iguatemi
Pedreira
PiritubaCangaíba
Santo Amaro
Parque do Carmo
Itaquera
SacomãSapopemba
São Rafael
Santana
ButantãRaposo Tavares
Itaim PaulistaPenha
Ipiranga
Lapa
Vila AndradeItaim Bibi
Jardim HelenaTucuruvi
GuaianasesCarrãoMoocaAlto de Pinheiros BelémSé
Centro Zona Leste1Zona Leste2Zona Norte1Zona Norte2 Zona Oeste Zona Sul1 Zona Sul2
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 9
As informações apresentadas, além de demonstrarem os avanços do
conjunto desse mercado de trabalho no período, também destacam situa-
ções bem distintas entre as sub-regiões da RMSP e entre as divisões do
município de São Paulo, como resultado de um processo histórico marcado
por desigualdades e exclusão social e espacial.
QUADRO
2
Agrupamentos dos distritos do município de São Paulo, por zonas
Município de São Paulo
Zona Leste 1
Zona Leste 2
Zona Sul 1
Zona Sul 2
Zona Oeste
Zona Norte 1
Zona Norte 2
Centro
Mooca Ermelino Matarazzo
Vila Mariana Cidade Ademar
Pinheiros Tremembé Casa Verde Sé
Água Rasa Ponte Rasa Saúde Pedreira Alto de Pinheiros
Jaçanã Limão Bela Vista
Belém Itaquera Moema Campo Limpo
Itaim Bibi Vila Maria Cachoeiri-nha
Bom Retiro
Brás Cidade Líder Ipiranga Capão Redondo
Jardim Paulista
Vila Guilherme
Freguesia do Ó
Cambuci
Pari José Bonifácio
Cursino Vila Andrade
Lapa Vila Medeiros
Brasilândia Consolação
Tatuapé Parque do Carmo
Sacomã Jardim Ângela
Perdizes Santana Pirituba Liberdade
Vila Prudente
São Mateus Jabaquara Jardim São Luís
Vila Leopoldina
Tucuruvi Jaraguá República
Sapopemba Iguatemi Santo Amaro
Socorro Jaguaré Mandaqui São Domingos
Santa Cecília
São Lucas São Rafael Campo Belo Cidade Dutra
Jaguara Perus
Aricanduva São Miguel Campo Grande
Grajaú Barra Funda Anhanguera
Carrão Jardim Helena
Parelheiros Butantã
Vila Formosa
Vila Jacuí Marsilac Morumbi
Penha Itaim Paulista
Raposo Tavares
Artur Alvim Vila Curuçá Rio Pequeno
Cangaíba Guaianases Vila Sônia
Vila Matilde Lajeado
Cidade Tiradentes
Fonte: Fundação Seade.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 10
evolução do emprego
O contingente de ocupados foi estimado em 9,75 milhões de pessoas na
RMSP, em 2012, 1,88 milhão de novas ocupações em relação a 2003. Hou-
ve desempenho positivo em todas as sub-regiões e no município de São
Paulo, embora com menor intensidade neste último. Mesmo assim, do total
de ocupados da região, mais da metade ainda se concentra no município
de São Paulo (58,3% em 2012, contra 59,1% em 2003). Entre os demais
municípios da RMSP, as regiões Sudeste (ABC) e Leste (Guarulhos, Mogi
das Cruzes, etc.) passaram a ter proporções quase idênticas de ocupados
(12,8% e 12,7%, respectivamente) (Gráfico 1).
A situação geral do mercado de trabalho da sub-região Sudeste, no
entanto, mostra-se mais favorável do que a da Leste, quando se compara-
ram as taxas de desemprego. Embora este indicador tenha se reduzido de
forma generalizada na RMSP, esta última sub-região continua com a maior
taxa (22,6%, em 2003, e 13,9%, em 2012), enquanto a da Sudeste (ABC)
manteve-se entre as menores (20,3% e 10,3%, no mesmo período) junta-
mente com a do município de São Paulo (Gráfico 2).
GRÁFICO
1
Distribuição dos ocupados, por sub-regiõesRegião Metropolitana de São Paulo – 2003-2012
Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT.
59,1
13,5
4,59,0
2,0
12,0
58,3
12,8
5,18,3
2,9
12,7
São Paulo Sudeste(ABC)
Sudoeste Oeste Norte Leste
2003 2012Em %
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 11
No município de São Paulo, as maiores proporções de ocupados en-
contram-se nas áreas de grande densidade populacional: a Leste 2, que de
19,8% do total de ocupados, em 2003, aumentou para 22,3%, em 2012;
e a Sul 2, que passou de 19,0% para 21,4%, no mesmo período. Esses va-
lores contrapõem-se às proporções bem menores das demais zonas, assim
como ao comportamento menos favorável nessas áreas, uma vez que suas
participações relativas no total de ocupados do município diminuíram, ou –
caso da Norte 2 – permaneceram praticamente estáveis (Gráfico 3).
Mesmo o fato de as zonas Leste 2 e Sul 2 apresentarem as maiores
taxas de desemprego em 2003 e 2012 (Gráfico 4) não diminui a importância
do crescimento do nível ocupacional nestas duas áreas, pois suas taxas de
desemprego reduziram-se em mais de 10 pontos porcentuais. Com isso,
foram suavizadas as grandes discrepâncias entre as divisões do município:
em 2003, a diferença entre a maior taxa de desemprego (zona Leste 2) e a
menor (zona Oeste) era de aproximadamente 90%, diminuindo para 72%,
em 2012.
GRÁFICO
2
Taxas de desemprego, por sub-regiõesRegião Metropolitana de São Paulo – 2003-2012
Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT.
19,918,7
20,322,2 21,9
20,722,6
10,9 10,2 10,3 10,7 11,4 12,213,9
RMSP São Paulo Sudeste (ABC)
Sudoeste Oeste Norte Leste
2003 2012Em %
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 12
GRÁFICO
3
Distribuição dos ocupados, por zonasMunicípio de São Paulo – 2003-2012
Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT.
GRÁFICO
4
Taxas de desemprego, por zonasMunicípio de São Paulo – 2003-2012
Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta divisão geográfica, em 2012.
2003 2012
14,3
19,8
12,4
19,0
9,3 9,1
11,6
4,4
13,9
22,3
10,9
21,4
8,0 8,8
11,7
3,0
Zona Leste 1
Zona Leste 2
Zona Sul 1
Zona Sul 2
Zona Oeste
Zona Norte 1
Zona Norte 2
Centro
Em %
2003 2012Em %
18,717,3
23,3
14,2
21,9
12,3
17,419,4
12,410,2 9,5
11,5
8,911,2
6,7
10,3 10,6
(1)
São Paulo
Zona Leste 1
Zona Leste 2
Zona Sul 1
Zona Sul 2
Zona Oeste
Zona Norte 1
Zona Norte 2
Centro
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 13
tipos de ocupAção
Conhecer o tipo de ocupação dos moradores nas sub-regiões da RMSP aju-
da a entender suas particularidades. As sub-regiões Sudeste (ABC) e Leste
(Guarulhos, Mogi das Cruzes, etc.) são justamente as de maior concentra-
ção de mão de obra na indústria de transformação da RMSP, com participa-
ções de 26,1% e 23,0% em seus respectivos totais de ocupados, em 2012
(Tabela 1). Nesse setor, predomina o ramo metalmecânico (13,9% e 9,3%,
respectivamente do total de ocupados das sub-regiões), segmento mais in-
tensivo em capital e tecnologia e com presença de empresas de maior porte,
o que vem acompanhado de maior concentração de postos de trabalho
qualificados e de organização dos trabalhadores, dois fatores que contri-
buem para uma remuneração mais elevada, em relação a outros ramos de
atividade econômica.
Em setores menos intensivos em capital, menor sofisticação tecnoló-
gica e com a presença de empresas de menor porte, como a construção e
o comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas – embora
tenham apresentado evidentes avanços nos últimos anos –, as sub-regiões
Leste, Sudoeste, Oeste e Norte registram porcentuais de ocupados mais ele-
vados do que a Sudeste.
Já a proporção de ocupados nos serviços é maior na Sudeste (51,1%)
do que na Leste (47,2%) e na Norte (49,3%), principalmente em segmentos
que, em geral, estão associados ao exercício de ocupações qualificadas, tais
como os que agregam informação e comunicação; atividades financeiras,
de seguros e serviços relacionados; atividades profissionais científicas e téc-
nicas, administração pública, defesa e seguridade social; educação, saúde
humana e serviços sociais e alojamento e alimentação; outras atividades de
serviços; artes, cultura, esporte e recreação.
As maiores proporções de ocupados nos serviços que moram nas sub-
-regiões Sudoeste (57,3%) e Oeste (56,7%) estão associadas, no primeiro
caso, aos serviços prestados ao público em geral (serviços domésticos, alo-
jamento e alimentação e administração pública, educação, saúde humana
e serviços sociais) e, no segundo, aos serviços prestados às empresas (trans-
porte e armazenagem, informação e comunicação, atividades financeiras
e profissionais científicas e técnicas, além das atividades administrativas e
serviços complementares).
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 14
No município de São Paulo, o tipo predominante de atividade exercida
pelos ocupados das zonas Leste 2 e Sul 2 é bem diverso (Tabela 1). Na zona
Leste 2 há importante proporção de ocupados no comércio (19,2%) e na
indústria de transformação (16,9%), enquanto na zona Sul 2 destacam-se
as participações de ocupados na construção (9,6%) e nos serviços (60,7%),
principalmente nos serviços de alojamento e alimentação, outras atividades
de serviços, artes, cultura, esporte e recreação, nos serviços domésticos e
nas atividades administrativas e serviços complementares.
TABELA
1
Distribuição dos ocupados, por setor de atividade econômica, segundo zonas e sub-regiõesRegião Metropolitana de São Paulo e Município de São Paulo – 2012
Em porcentagem
Zonas e sub-regiõesTotal
(1)
Indústria de transfor-
mação (2)
Construção (3)
Comércio, reparação de veículos
automotores e motocicletas
(4)
Serviços (5)
RMSP 100,0 17,5 7,4 17,6 56,4
Município de São Paulo 100,0 14,5 6,9 17,8 59,8
Zona Leste 1 100,0 18,2 5,9 19,8 55,2
Zona Leste 2 100,0 16,9 8,5 19,2 54,3
Zona Sul 1 100,0 14,9 6,1 14,3 63,6
Zona Sul 2 100,0 11,4 9,6 17,6 60,7
Zona Oeste 100,0 8,8 (6) 12,8 73,2
Zona Norte 1 100,0 16,2 4,5 19,8 58,8
Zona Norte 2 100,0 15,1 5,7 18,0 60,2
Centro 100,0 (6) (6) 18,0 67,3
Demais municípios da RMSP 100,0 21,6 8,0 17,3 51,7
Sudeste (ABC) 100,0 26,1 5,6 16,3 51,1
Sudoeste 100,0 14,9 9,3 17,5 57,3
Oeste 100,0 16,5 8,2 17,5 56,7
Norte 100,0 21,8 8,1 19,5 49,3
Leste 100,0 23,0 9,8 17,7 47,2Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT.(1) Inclui agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (Seção A); indústrias extrativas (Seção B); eletricidade e gás (Seção D); água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (Seção E); organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (Seção U); atividades mal definidas (Seção V). As seções mencionadas referem-se à CNAE 2.0 domiciliar.(2) Seção C da CNAE 2.0 domiciliar.(3) Seção F da CNAE 2.0 domiciliar.(4) Seção G da CNAE 2.0 domiciliar.(5) Seções H a T da CNAE 2.0 domiciliar.(6) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 15
Entre as demais zonas da capital, destacam-se outras duas com perfis
de ocupados mais bem delineados segundo setor de atividade econômi-
ca: a Leste 1, com ocupados na indústria de transformação (18,2%) e no
comércio (19,8%); e a Oeste nos serviços (73,2%), especialmente aqueles
de informação e comunicação, atividades financeiras, de seguros e serviços
relacionados, atividades profissionais, científicas e técnicas e administração
pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços so-
ciais, associados a profissionais com curso superior.
As características dessas atividades econômicas se refletem no tipo
de inserção no mercado de trabalho dos moradores de cada uma das sub-
-regiões da RMSP, com destaque para a concentração de assalariados nas
sub-regiões Sudeste (ABC) (72,1%) e Leste (69,5%), bem como de assala-
riados com carteira de trabalho assinada no setor privado (54,7% e 51,5%,
respectivamente), embora os maiores contingentes desses tipos de ocupa-
dos na RMSP estejam na sub-região Norte – 74,0% de assalariados e 56,0%
no setor privado com carteira de trabalho assinada (Tabela 2) –, justamente
pela baixa presença de donos de negócio familiar, profissionais liberais, au-
tônomos e empregados domésticos.
Em ocupações com menor grau de proteção da legislação trabalhista
e previdenciária e com menor remuneração, a comparação entre as sub-re-
giões Leste e Sudeste (ABC) se inverte, com a primeira apresentando maior
proporção de assalariados sem carteira de trabalho assinada no setor priva-
do (9,9% e 8,9%, respectivamente), de trabalhadores autônomos (17,6% e
14,7%) e de trabalhadores domésticos (6,0% e 5,4%). Merece destaque a
elevada presença de moradores da sub-região Sudoeste ocupados em em-
pregos domésticos e como autônomos.
O crescimento do nível ocupacional, verificado em todas as sub-regiões
no período analisado, alterou a distribuição dos ocupados pela elevação
da parcela de assalariados com carteira de trabalho assinada no setor pri-
vado e redução nas proporções de ocupações mais desprotegidas – caso
dos assalariados sem carteira assinada no setor privado e de trabalhadores
autônomos e domésticos.
Quanto ao município de São Paulo, em 2012, a zona Leste 2 registra
grande concentração de assalariados (71,0%), especialmente com carteira
de trabalho assinada no setor privado (54,4%), enquanto a zona Sul 2 apre-
senta a maior proporção, em relação às demais divisões, no emprego do-
méstico – 11,9% (Tabela 2). Coerentemente com os dados de setor de ati-
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 16
TABELA
2
Distribuição dos ocupados, por posição na ocupação, segundo zonas e sub-regiõesRegião Metropolitana de São Paulo e Município de São Paulo – 2003-2012
Em porcentagem
Zonas e sub-regiões
Posição na ocupação
Total geral
Assalariados
Autô-nomos
Empre-gados
domes-ticos
Demais (1)Total
Setor privadoSetor
públicoTotalCom
carteiraSem
carteira
2003RMSP 100,0 62,1 53,8 40,3 13,4 8,3 19,4 8,8 9,7Município de São Paulo 100,0 61,5 53,1 39,4 13,7 8,3 19,3 8,7 10,5
Zona Leste 1 100,0 61,9 52,2 37,9 14,3 9,6 20,9 5,4 11,8
Zona Leste 2 100,0 61,8 52,3 38,5 13,8 9,5 22,7 8,2 7,3
Zona Sul 1 100,0 63,0 54,6 40,9 13,7 8,3 15,8 6,5 14,8
Zona Sul 2 100,0 61,0 55,6 43,1 12,5 5,4 19,3 14,1 5,6
Zona Oeste 100,0 57,4 47,6 34,5 13,1 9,7 16,2 10,3 16,1
Zona Norte 1 100,0 63,1 53,5 38,1 15,4 9,6 17,8 6,8 12,3
Zona Norte 2 100,0 63,0 55,6 41,3 14,3 7,4 19,1 8,1 9,7
Centro 100,0 57,5 49,1 35,8 13,3 (2) 19,2 (2) 15,6
Demais municípios da RMSP 100,0 62,9 54,7 41,7 13,0 8,3 19,6 9,0 8,5Sudeste (ABC) 100,0 65,1 57,7 45,1 12,6 7,4 18,9 7,2 8,8
Sudoeste 100,0 58,9 51,1 36,6 14,5 7,7 18,1 14,3 8,8
Oeste 100,0 64,2 56,3 42,4 13,9 8,0 18,5 10,0 7,2
Norte 100,0 62,3 51,9 39,2 12,8 (2) 18,7 (2) (2)
Leste 100,0 61,1 51,8 39,5 12,3 9,3 21,8 8,1 9,0
2012RMSP 100,0 69,6 61,9 52,4 9,5 7,8 15,8 7,0 7,5Município de São Paulo 100,0 68,6 61,1 51,5 9,7 7,4 16,0 7,3 8,2
Zona Leste 1 100,0 67,6 59,8 49,5 10,4 7,7 17,5 5,1 9,9
Zona Leste 2 100,0 71,0 63,3 54,4 8,9 7,7 17,4 6,1 5,4
Zona Sul 1 100,0 68,0 59,9 48,6 11,3 8,2 14,0 7,6 10,3
Zona Sul 2 100,0 67,8 62,8 53,9 8,9 5,1 15,4 11,9 4,9
Zona Oeste 100,0 63,6 53,8 45,3 8,5 9,9 14,3 5,7 16,3
Zona Norte 1 100,0 69,0 59,8 49,0 10,8 9,2 15,6 5,1 10,4
Zona Norte 2 100,0 70,7 63,6 53,4 10,3 7,0 15,3 7,2 6,8
Centro 100,0 65,5 57,8 48,9 (2) (2) 17,2 (2) 12,7
Demais municípios da RMSP 100,0 71,1 62,9 53,6 9,2 8,3 15,7 6,7 6,5Sudeste (ABC) 100,0 72,1 63,6 54,7 8,9 8,5 14,7 5,4 7,8
Sudoeste 100,0 68,8 61,4 52,2 9,2 7,3 15,2 11,2 4,8
Oeste 100,0 72,6 64,2 55,4 8,8 8,4 15,4 6,8 5,2
Norte 100,0 74,0 65,0 56,0 9,0 9,0 13,2 (2) (2)
Leste 100,0 69,5 61,3 51,5 9,9 8,1 17,6 6,0 6,9Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT.(1) Incluem donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração salarial, profissionais universitários autônomos e outras posições ocupacionais.(2) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 17
vidade, que mostram expressiva proporção de ocupados da zona Oeste nos
serviços de informação e comunicação e administração pública, o destaque
é de assalariados no setor público (9,9%) e no agregado demais posições
ocupacionais (16,3%) – que reúne profissionais universitários autônomos,
empresários e donos de negócio familiar, entre outros.
A distribuição de ocupados no município de São Paulo apresentou
o mesmo desempenho observado nos demais municípios da RMSP, des-
tacando-se, mais uma vez, a zona Leste 2, pelo aumento da proporção de
assalariados com carteira de trabalho assinada no setor privado, bem como
pela redução das parcelas de ocupações mais vulneráveis.
Certamente, o dinamismo econômico e o movimento de formalização
das ocupações, verificados em todo o território da RMSP na última déca-
da, favoreceram os trabalhadores pela maior proteção associada à carteira
assinada e pelos benefícios que podem ser oferecidos na forma de ajuda
para transporte, refeição, assistência médica, creche/escola, cesta básica e,
em alguns casos, participação nos lucros e resultados da empresa (PLR),
assim como influenciaram positivamente o aumento da remuneração média
vinculada aos reajustes das diversas categorias de trabalhadores e aqueles
específicos do salário mínimo e do piso regional, bastante valorizados nos
últimos anos.
rendimentos
O rendimento médio do total de moradores ocupados na sub-região Su-
deste (ABC), que já era o maior entre as sub-regiões dos demais municípios
da RMSP em 2003, manteve essa posição em 2012 (R$ 1.860) e superou
a média da RMSP e da capital. Já o rendimento médio dos moradores da
sub-região Leste era o segundo menor da RMSP em 2012 (R$ 1.337), supe-
rando apenas o da Norte (R$ 1.266) (Gráfico 5).
Os ocupados residentes na zona Oeste da capital recebiam, em 2012,
o maior rendimento médio do município de São Paulo e da RMSP, equiva-
lente a R$ 3.676. Na zona Leste 2 e na Sul 2, tais valores correspondiam a
R$ 1.339 e R$ 1.290, respectivamente, os dois menores rendimentos reais
em todo o período de análise (Gráfico 6).
O aumento do rendimento médio real no município de São Paulo foi
bem menos expressivo do que nas demais áreas da RMSP e insuficiente para
reduzir de forma contundente as grandes discrepâncias existentes entre
suas zonas. Os ritmos de crescimento – que ocorreu em praticamente todas
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 18
GRÁFICO
5
Rendimento médio real (1) dos ocupados (2), por sub-regiõesRegião Metropolitana de São Paulo – 2003-2012
Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT. (1) Em reais de novembro de 2012. Inflator utilizado: ICV do Dieese.(2) Excluem os assalariados e os empregados domésticos que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os trabalhadores que ganharam exclusivamente em espécie ou benefício.
2003 2012Em R$
1.499
1.704
1.447
1.088 1.1131.037
1.122
1.6951.832 1.860
1.3591.445
1.2661.337
RMSP São Paulo Sudeste (ABC)
Sudoeste Oeste Norte Leste
as áreas – foram bastante distintos, destacando-se o maior na zona Sul 2,
de 26,1%, e o menor na Norte 2, de 8,7%.
Os aumentos dos níveis de ocupação e as melhorias do tipo de inser-
ção no mercado de trabalho e dos rendimentos médios reais, observados
nas regiões mais periféricas da RMSP, mostraram-se compatíveis com a am-
pliação das ocupações com menores exigências de formação profissional,
em grande medida nos diversos segmentos dos serviços, com as políticas de
valorização do salário mínimo e do piso regional paulista, que elevaram com
mais intensidade os salários da base da pirâmide salarial.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 19
mobilidAde do trAbAlhAdor
É amplamente reconhecido o processo de urbanização que conforma me-
trópoles com a organização espacial centro-periferia. A RMSP é talvez o me-
lhor exemplo desse processo de urbanização na América Latina. A expansão
da mancha urbana nessa região ocorreu em um processo radiocêntrico, a
partir do município de São Paulo, vinculando-se primordialmente aos siste-
mas viários que se configuram ao longo do desenvolvimento histórico do Es-
tado. A ocupação urbana difusa deu origem a bairros e municípios vizinhos
GRÁFICO
6
Rendimento médio real (1) dos ocupados (2), por zonasMunicípio de São Paulo – 2003-2012
Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT. (1) Em reais de novembro de 2012. Inflator utilizado: ICV do Dieese.(2) Excluem os assalariados e os empregados domésticos que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os trabalhadores que ganharam exclusivamente em espécie ou benefício.
2003 2012Em R$
1.704 1.638
1.139
2.701
1.023
3.374
1.6511.466
2.273
1.832 1.944
1.339
2.570
1.290
3.676
1.999
1.593
2.581
São Paulo
Zona Leste 1
Zona Leste 2
Zona Sul 1
Zona Sul 2
Zona Oeste
Zona Norte 1
Zona Norte 2
Centro
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 20
à capital, que se caracterizavam em subúrbios industriais e residenciais para
a população de baixa renda. Como resultado desse processo, criou-se um
distanciamento além do razoável entre os locais de moradia e de trabalho
para uma parcela expressiva da população, em especial a que se desloca de
áreas mais periféricas.
Essa realidade impõe longos e demorados trajetos diários ao traba-
lhador. Para avaliar esse aspecto, são utilizadas informações de duas pes-
quisas de distintas naturezas, mas que oferecem indicadores que ilustram
esse fenômeno. A primeira é a própria PED que, como já mencionado, é um
levantamento domiciliar que permite identificar as características e a inser-
ção no mercado de trabalho das pessoas moradoras das diversas áreas da
região. A segunda fonte de informações é a Relação Anual de Informações
Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, que disponibiliza dados
com base em registros administrativos fornecidos pelos estabelecimentos
com empregados contratados sob o regime da CLT.3 Assim, os dados da
Rais referem-se aos empregos e ao local do estabelecimento empregador,
considerados postos de trabalho.
Estabelecer a relação entre os dados da Rais e da PED facilita a compa-
ração entre o local de moradia dos trabalhadores e o local onde está o tra-
balho, neste caso, apenas o trabalho formal. Considerando-se a distribuição
do total de ocupados, segundo a PED, e dos postos de trabalho, segundo a
Rais, verifica-se, em primeiro lugar, que nas sub-regiões que não incluem o
município da capital, há maior proporção de ocupados em relação à propor-
ção de postos de trabalho, refletindo a importância e a centralidade que o
município de São Paulo exerce sobre a atividade econômica e os empregos
da RMSP (Gráfico 7). As maiores disparidades entre os locais de moradia e
de trabalho, no entanto, manifestam-se de forma mais intensa nas subdivi-
sões do município de São Paulo: enquanto as zonas Centro, Oeste e Sul 1
concentram grande parte dos empregos formais, em contraposição a uma
menor proporção de moradores ocupados, as zonas Leste 2 e Sul 2 apresen-
tam situação diametralmente oposta, com maior proporção de moradores
ocupados em relação aos empregos formais localizados nessas áreas.
3. As informações da PED referem-se aos valores médios anuais de 2012 e as da Rais aos vínculos empregatícios em 31 de dezembro de 2011. “Adicionalmente, a RAIS levanta dados sobre vínculos de trabalhador avulso, trabalhador temporário (Lei no 6.019, de 03.01.74), me-nor aprendiz, diretor sem vínculo que tenha optado por recolhimento do FGTS e trabalhador com contrato de trabalho por prazo determinado (Lei no 9.601, de 21.01.98)” (Anuário RAIS).
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 21
Essa situação é semelhante quando se considera cada um dos setores
de atividade econômica na correlação entre os ocupados e os empregos
formais, o que fortalece a ideia de que na RMSP e, em especial, na capital
estão demarcadas as áreas onde se concentram as empresas e os respecti-
vos empregos (zonas Centro, Oeste e Sul 1) e aquelas onde reside a maioria
dos trabalhadores que têm que se deslocar diariamente para chegar aos
seus postos de trabalho.
Uma avaliação da magnitude e intensidade dos deslocamentos ge-
rados por essa situação pode ser obtida pelas informações da Pesquisa de
GRÁFICO
7
Distribuição dos empregos formais (Rais) e dos moradores ocupados (PED), por sub-regiões e zonasRegião Metropolitana e Município de São Paulo – 2011 (Rais) e 2012 (PED)
Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT. Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. Relação Anual de Informações Sociais – Rais.
12,6
6,0
5,0
6,4
5,0
12,5
8,1
1,9
12,6
5,0
9,2
3,0
12,6
3,4
17,2
14,1
2,9
4,0
3,7
6,6
13,2
11,0
3,2
7,9
1,3
8,5
Zona Sul 2
Zona Sul 1
Zona Oeste
Zona Norte 2
Zona Norte 1
Zona Leste 2
Zona Leste 1
Centro
Sudeste (ABC)
Sudoeste
Oeste
Norte
Leste
Postos de trabalho Ocupados
Em %
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 22
Origem e Destino (OD), realizada para o Metrô de São Paulo na RMSP. Se-
gundo os dados da pesquisa, em 2007, das 8,9 milhões de pessoas que se
deslocavam diariamente para o trabalho, 58,8% o faziam dentro da própria
região em que residiam, enquanto 41,2% se dirigiam para outras áreas que
não aquelas em que moravam.
A Tabela 3 mostra que as sub-regiões Sudeste (ABC) e Leste (Guaru-
lhos, Mogi das Cruzes, etc.) são as que oferecem maiores oportunidades
de ocupação para os seus moradores, reflexo de uma estrutura econômica
e social mais diversificada e dinâmica. Essas sub-regiões foram fortemen-
te influenciadas por alguns dos principais eixos rodoviários − as Rodovias
Presidente Dutra e Carvalho Pinto e o Sistema Anchieta-Imigrantes −, pro-
porcionando a acessibilidade necessária para a localização de empresas. Se
na sub-região Sudeste consolidou-se o parque industrial da região, na sub-
-região Leste, além da expansão do seu parque industrial, foi determinante
para sua consolidação econômica a instalação do Aeroporto Internacional
de São Paulo, no município de Guarulhos, na década de 1980.
TABELA
3
Deslocamentos diários para o trabalho, por destino, segundo zonas e sub-regiõesRegião Metropolitana e Município de São Paulo – 2007
Em porcentagem
Zonas e sub-regiõesDeslocamentos para a própria
região de moradia
Deslocamentos para regiões
diferentes às da própria moradia
Município de São Paulo
Zona Leste 1 53,8 46,2
Zona Leste 2 42,6 57,4
Zona Sul 1 56,8 43,2
Zona Sul 2 40,7 59,3
Zona Oeste 67,2 32,8
Zona Norte 1 55,7 44,3
Zona Norte 2 42,7 57,3
Centro 61,3 38,7
Demais municípios da RMSP
Sudeste (ABC) 77,7 22,3
Sudoeste 60,4 39,6
Oeste 67,4 32,6
Norte 56,8 43,2
Leste 76,8 23,2Fonte: Pesquisa de Origem e Destino – OD.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 23
Vale ressaltar, ainda, a sub-região Oeste (Barueri, Osasco, etc.), que é
a terceira com maior participação de ocupados que se deslocam dentro da
própria sub-região. Com a implantação da Rodovia Castello Branco na dé-
cada de 1960, apesar de ocorrer a industrialização desse eixo, a sub-região
desenvolveu perfil mais voltado à atividade terciária, com destaque para os
serviços financeiros e de tecnologia da informação. Por esse motivo, ela é a
terceira com maior participação no valor adicionado da RMSP, ficando atrás
apenas da capital e da sub-região Sudeste. A capacidade relativamente me-
nor da sub-região Oeste de absorver moradores na própria sub-região pode
ser consequência da forte presença no seu território de condomínios de alto
e médio padrão, além de conjuntos de habitação popular construídos ao lon-
go dos anos 1970 e 1980. Isso faz com que, apesar da dinâmica econômica
local, não tenha arrefecido também a sua função de município-dormitório.
Em relação ao município de São Paulo, verifica-se que áreas mais peri-
féricas, como as zonas Norte 2, Sul 2 e Leste 2, são as que oferecem meno-
res oportunidades de trabalho aos seus moradores. Por outro lado, quando
se observam as zonas que mais recebem pessoas para o trabalho, destacam-
-se as áreas mais centrais da capital, principalmente as zonas Oeste (26,2%
do total dos deslocamentos para outras áreas que não a da residência) e
Centro (21,0%). Com menor intensidade, seguem as zonas Sul 1 (18,9%) e
Leste 1 (10,3%) da cidade (Tabela 4).
As informações sobre mobilidade entre local de moradia e de traba-
lho disponibilizadas pela PED permitem verificar as mudanças ocorridas no
período 2003-2012, no deslocamento dos trabalhadores na RMSP. Pode-se
supor que o crescimento econômico desse período, que acarretou aumento
da oferta de trabalho e refletiu positivamente nos indicadores de mercado
de trabalho, teve como resultado a possibilidade de as pessoas buscarem
maior proximidade entre residência e local de trabalho. As dificuldades com
locomoção, típicas de regiões metropolitanas – que envolvem trânsito inten-
so, estacionamentos com valores elevados ou a falta destes, trajetos longos
em transporte público, necessidade de usar mais de um transporte, número
insuficiente para o total de usuários (lotação), etc. – impactam a qualidade
de vida da população, que passa a considerar estratégicos os arranjos que
possibilitem a aproximação dos locais de moradia e trabalho.
Entretanto, as desigualdades socioeconômicas e a heterogeneidade
espacial constituem uma dimensão importante na dinâmica da mobilidade
intrarregional da RMSP. Conforme pode ser verificado pelos dados da PED,
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 24
o comportamento da mobilidade do trabalhador nas sub-regiões da RMSP
foi bem diversificado no período analisado, com aumento da proporção de
ocupados que residem e trabalham na sub-região Oeste e Leste, relativa
estabilidade na Sudeste e redução na Norte e Sudoeste.
Os dados mostram que os maiores deslocamentos dos trabalhadores
se realizam, principalmente, dentro do município de São Paulo, dadas suas
dimensões geográficas, alta densidade populacional e grande e diversificada
oferta de trabalho proporcionada pela sua base econômica. Vale destacar
que a capital do Estado responde, sozinha, por 63,1% do Valor Adicionado
(VA) da RMSP.
Em 2012, 95,4% dos ocupados moradores da capital trabalhavam no
próprio município, contra 94,8% em 2003. Cabe ressaltar que 25,4% dos
ocupados dos demais municípios da RMSP que moram e trabalham em mu-
nicípios distintos tinham ocupação na capital (em 2003 eles eram 27,2%).
Assim, no período analisado, a capital paulista passou a reter ainda mais
seus ocupados e, ao mesmo tempo, a receber relativamente menos os ocu-
pados residentes nos demais municípios da RMSP (Tabela 5).
TABELA
4
Distribuição de deslocamentos diários para o trabalho para fora da área de moradia, segundo zonas e sub-regiõesRegião Metropolitana e Município de São Paulo – 2007
Zonas e sub-regiõesDeslocamentos para regiões
diferentes às da própria moradia
Nos abs. %RMSP 3.670.312 100,0Município de São Paulo
Zona Leste 1 379.677 10,3
Zona Leste 2 90.113 2,5
Zona Sul 1 691.888 18,9
Zona Sul 2 107.136 2,9
Zona Oeste 960.491 26,2
Zona Norte 1 172.401 4,7
Zona Norte 2 87.487 2,4
Centro 771.848 21,0
Demais municípios da RMSPSudeste (ABC) 136.754 3,7
Sudoeste 56.393 1,5
Oeste 96.342 2,6
Norte 14.120 0,4
Leste 105.662 2,9
Fonte: Pesquisa de Origem e Destino – OD.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 25
De fato, a análise da mobilidade dos trabalhadores demonstra aumen-
to ainda maior da capacidade do conjunto dos demais municípios da RMSP
de conter seus ocupados ao longo do período analisado, quando compa-
rado com a capital, uma vez que o porcentual de ocupados que trabalham
e residem na mesma sub-região passou de 68,9%, em 2003, para 70,1%,
em 2012.
Os dados da PED, além de confirmarem a capacidade das sub-regiões
Sudeste, Leste e Oeste de manterem seus ocupados trabalhando nos seus
limites territoriais, conforme visto anteriormente, demonstram que foram
elas as responsáveis pela diminuição da mobilidade dos trabalhadores para
fora das suas respectivas sub-regiões, entre 2003 e 2012.
TABELA
5
Distribuição dos ocupados, por sub-região onde trabalham, segundo sub-regiões de moradiaRegião Metropolitana de São Paulo e Município de São Paulo – 2003-2012
Em porcentagem
Sub-regiões de moradiaTotal geral
Trabalha e reside na mesma sub-região
Trabalha e reside em sub-regiões distintas Trabalha
fora da RMSP ou em vários municípios
Total
No mesmo muni- cípio
Em muni- cípios
distintos
TotalTrabalha
no MSP
Trabalha fora do
MSP
2003
RMSP 100,0 84,2 78,7 5,5 14,3 11,1 3,2 1,5
Município de São Paulo 100,0 94,8 94,8 - 4,3 - 4,3 0,9
Demais municípios da RMSP 100,0 68,9 55,3 13,5 28,8 27,2 1,6 2,3
Sudeste (ABC) 100,0 78,3 58,2 20,1 19,5 18,6 (1) 2,2
Sudoeste 100,0 53,6 47,2 6,4 44,5 42,1 (1) (1)
Oeste 100,0 60,4 43,5 16,9 37,2 34,9 (1) (1)
Norte 100,0 56,4 51,3 (1) 38,1 33,8 (1) (1)
Leste 100,0 72,3 64,7 7,6 25,6 24,4 (1) 2,1
2012
RMSP 100,0 84,8 78,7 6,1 13,7 10,6 3,1 1,4
Município de São Paulo 100,0 95,4 95,4 - 4,0 - 4,0 0,7
Demais municípios da RMSP 100,0 70,1 55,5 14,6 27,4 25,4 2,0 2,5
Sudeste (ABC) 100,0 78,4 57,4 21,0 19,4 18,4 (1) 2,2
Sudoeste 100,0 50,5 43,4 7,1 47,9 43,4 4,4 (1)
Oeste 100,0 70,0 49,6 20,4 28,0 25,0 3,0 (1)
Norte 100,0 48,3 39,4 8,9 40,1 36,1 (1) 11,6
Leste 100,0 74,5 65,9 8,6 24,0 23,1 (1) (1)Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT.(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.
1a Análise Seade, no 4, julho 2013 26
O maior destaque é a sub-região Oeste, em razão da ampliação de
quase 10 pontos porcentuais de ocupados que residem e trabalham nessa
região, no período analisado, passando de 60,4% para 70,0%. Essa sub-
-região é a que apresenta o perfil produtivo mais parecido com a capital,
com grande participação da atividade terciária. Esta característica regional
sugere o espraiamento das funções polarizadoras da capital no sentido oes-
te. Enquanto os serviços financeiros se concentram no município de Osasco,
a vizinha Barueri se destaca pela presença de empresas de tecnologia da in-
formação e pela localização de grandes centros de distribuição. O Rodoanel
Mario Covas tende a dinamizar ainda mais essa área.
Com menor intensidade, fenômeno semelhante ocorreu na sub-re-
gião Leste, na qual se ampliou a parcela dos moradores ocupados que tra-
balham e residem na mesma sub-região (de 72,3% para 74,5%, no período
analisado) e diminuiu a proporção dos que se deslocam para trabalhar no
município de São Paulo (de 24,4% para 23,1%). O destaque aqui é o fato
de que esses movimentos ocorreram em circunstâncias de forte aumento do
contingente de ocupados, decorrência do dinamismo econômico das duas
porções territoriais dessa sub-região: aquela com Guarulhos como polo,
onde sobressai a importância dos serviços distributivos com a presença do
Aeroporto Internacional de Guarulhos e o terminal da Transpetro, que rea-
liza o abastecimento de querosene para as aeronaves dos dois aeroportos
da RMSP, além de uma importante e diversificada indústria em Guarulhos;
e a outra com Mogi das Cruzes como centro, que, além da presença de um
parque industrial diversificado, atividades de prestação de serviços às em-
presas e distributivos, responde pela maior parcela do VA da agropecuária
da RMSP, devido à produção de horticultura, frutas e plantas.
Com relação à sub-região Sudeste (ABC), vale destacar que a relativa
estabilidade da participação de ocupados que trabalham na própria sub-re-
gião (de 78,3%, em 2003, para 78,4%, em 2012) encobre a forte amplia-
ção do total de ocupados, principalmente na indústria de transformação,
que responde por mais de um terço do VA total da sub-região, em 2010. Os
municípios que compõem a sub-região abrigam grandes plantas industriais,
como o Polo Petroquímico de Capuava, o Polo Industrial de Sertãozinho e a
produção automobilística e de autopeças, de máquinas e equipamentos, de
produtos de borracha e plástico, de produtos de metal e metalurgia básica,
de produtos químicos e petroquímicos, de embalagens, edição, impressão e
reprodução de gravações, entre outras.
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Por outro lado, as sub-regiões com menor participação na atividade
econômica da RMSP responderam pela redução da parcela dos moradores
que se ocupavam em postos de trabalho na própria sub-região. Na sub-
-região Norte, a proporção dos que se ocupam na mesma sub-região de
residência passou de 56,4% para 48,3%, no período analisado, enquanto
na Sudoeste a participação diminuiu de 53,6% para 50,5%.
Vale ressaltar que a sub-região Sudoeste é a que mostra maior depen-
dência com a cidade de São Paulo em relação à oferta de postos de traba-
lho, uma vez que 43,4% dos ocupados que residem nos municípios desta
sub-região trabalham na capital, sendo que tal proporção aumentou 1,3%
no período analisado. Essa sub-região é a segunda de menor participação
no VA da RMSP, respondendo por 3,1%, atrás apenas da sub-região Norte.
A pequena importância relativa da sub-região Norte na produção da
riqueza regional (1,7% do VA da RMSP) se reflete na baixa capacidade de
reter seus ocupados dentro dos seus limites territoriais: apenas 48,3% de-
les trabalham na própria sub-região. O que chama atenção nesse caso é a
participação relativamente maior de ocupados que se deslocam para fora
da RMSP.
Diversos fatores contribuíram para a menor dinâmica econômica da
sub-região Norte. Um deles foi a restrição criada pelas diversas leis de pro-
teção ambiental e de patrimônio histórico em alguns dos seus municípios.
A presença da Serra da Cantareira na divisa da zona Norte do município de
São Paulo limitou a área de influência da capital nesse sentido. O traçado da
linha da Empresa Metropolitano de Transporte Urbano – EMTU, que definiu
os núcleos urbanos de Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato, cola-
borou para a caracterização da sub-região Norte como “dormitório”. Por
outro lado, a presença do eixo da Rodovia Anhanguera-Bandeirantes con-
tribui para que parte dos ocupados dessa sub-região se desloque para fora
da RMSP, atraídos principalmente para os municípios de Jundiaí e Campo
Limpo Paulista, que pertencem à Aglomeração Urbana de Jundiaí.
Conclui-se, portanto, que o crescimento econômico dos últimos anos
ampliou a possibilidade das pessoas residentes nas sub-regiões de maior
participação na geração de riqueza de encontrarem trabalho na própria re-
gião de moradia. O mesmo não ocorreu nas regiões de menor dinâmica
econômica. Pode-se afirmar que os ocupados tanto na sub-região Norte
como na Sudoeste ficaram mais dependentes de ocupações fora das suas
respectivas regiões no período 2003-2012.
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