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UCAM – Universidade Cândido Mendes Diretoria de Projetos Especiais Pós-graduação Lato Sensu Docência do Ensino Superior O Ensino da Contabilidade Face à nova Realidade do Mercado Sanderson Chaves de Oliveira Rio de Janeiro 2002

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UCAM – Universidade Cândido MendesDiretoria de Projetos Especiais

Pós-graduação Lato SensuDocência do Ensino Superior

O Ensino da Contabilidade Face à nova Realidade do

Mercado

Sanderson Chaves de Oliveira

Rio de Janeiro

2002

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SANDERSON CHAVES DE OLIVEIRA

O Ensino da Contabilidade Face à nova Realidade do

Mercado

Trabalho de Conclusão de Curso apresentadoao Curso de Pós-graduação Lato Sensu emDocência do Ensino Superior da UniversidadeCândido Mendes, para obtenção do Grau deEspecialista.

Orientador: Prof. Palmiro F. Costa

Rio de Janeiro

2002

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A FERNANDA - minha esposa,

pela colaboração, força e

estímulo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO, 6

CAPÍTULO I A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE, 8

A Entrada de Escola Americana, 9

A Situação Atual do Profissional Contábil, 11

CAPITULO II O ENSINO DA CONTABILIDADE, 15

A Reforma das Diretrizes Curriculares, 17

O Ensino da Contabilidade e o Mercado de Trabalho, 18

CAPÍTULO III A QUALIDADE NO ENSINO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 21

A Sua Aplicação no Curso de Ciências Contábeis, 22

A Tecnologia aliada ao Ensino de Contabilidade, 23

As mudanças Tecnológicas, 24

A Educação Tradicional e o Avanço Tecnológico, 25

Educação e Tecnologia uma aliança perfeita, 26

A Realidade Virtual e a Educação, 26

CAPÍTULO IV AS NOVAS TENDÊNCIAS DA CONTABILIDADE, 31Educação e Trabalho,31

CAPÍTULO V INTEGRAÇÃO ENTRE A INSTITUIÇÃO DE ENSINO E AS

EMPRESAS, 33

A Importância do Conhecimento da Rotina Profissional, 34

Governo, Instituição de Ensino e Empresariado, 36

Os Benefícios da Integração Empresa-Escola, 37

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CAPÍTULO VI PLANEJAR CURRÍCULO E PROGRAMAS PARA OS CURSOS DECONTABILIDADE, O NOVO DESAFIO, 39

BIBLIOGRAFIA, 42

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INTRODUÇÃO

Atualmente o mercado de trabalho para Bacharéis em Ciências

Contábeis está cada vez mais exigente. A boa formação exige não só uma base

acadêmica nos fundamentos de contabilidade, mais também que o profissional recém-

formado ou ainda em curso, atenda a aspectos de caráter psicológicos como perfil,

dinamismo, desembaraço, segurança, boa estrutura emocional, bom relacionamento

interpessoal, entre outros. Além disso, outras capacitações são consideradas obrigatórias

como o conhecimento de pelo menos uma língua estrangeira, sendo a mais presente,

ainda que por enquanto, a língua Inglesa. Não podemos esquecer que com a

globalização, a entrada de novas empresas, tornam-se cada vez mais evidentes, como

por exemplo, no ramo de telecomunicações, as empresas espanholas vêm participando

cada vez mais da nossa economia, tornando a língua espanhola indispensável para quem

anseie por uma colocação melhor no mercado de trabalho desse ramo.

Sólidos conhecimentos em microinformática são, já há algum tempo,

requisitos mínimos para uma boa colocação no mercado, os programas de

microinformática para contabilidade estão se tornando mais atualizados e poderosos,

necessitando de um eterno treinamento por parte dos seus usuários.

Apesar das mudanças das políticas educacionais serem evidentes, infelizmente a

sua utilização no contexto da docência do ensino superior na área contábil, na prática,

são pouco aplicados.

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O futuro profissional contábil nos dias de hoje, infelizmente, têm que

buscar esses conhecimentos fora das suas Universidades para que possa atingir

excelência no ensino que hoje é fundamental em sua formação.

As Universidades têm que atentar para isso e tomar atitudes, pois o seu

principal objetivo além de educar, é tornar o seu graduado plenamente capaz de exercer

qualquer função profissional no que tange a sua formação acadêmica.

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CAPITULO I

A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE

No Brasil, a contabilidade evoluiu sob a influência das escolas que

predominaram o mundo. As adaptações à nossa realidade proporcionaram o surgimento

de traços de uma escola verdadeiramente brasileira. Os países europeus divulgaram as

metodologias contábeis oriundas da Escola Italiana. Sob a influência desta escola, no

início deste século, surge a primeira escola brasileira a ensinar oficialmente a

contabilidade, a Escola d Comércio Álvares Penteado, fundada em 1902, com

contribuições destacadas de nomes como Francisco D’Auria e Frederico Hermann

Júnior.

Por muito tempo as normas e informações que nortearam a

contabilidade brasileira cumpriram as regras das autoridades governamentais, baseada

na doutrina contábil predominantemente no mundo na sua época. Em 1940, com o

advento do Decreto-lei no 2.627, Leis das Sociedades por Ações, é ressaltada a grande

influência exercida pela Escola Contábil Italiana, de modo específico (Escola Européia,

de modo geral), pois a referida lei é totalmente de inspiração européia.

Em 1946 foi fundada a Faculdade de Economia, Administração e

Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA – USP – e nela foi instalada o curso

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de Ciências Contábeis e Atuariais, que deu origem ao Departamento de Contabilidade e

Atuaria da FEA – USP. Grande parte dos professores do curso de Ciências Contábeis da

FEA – USP vieram da escola de Comércio Álvares Penteado.

Surge então a oportunidade de professores trabalharem em regime de

dedicação integral. Esses professores concentraram seus esforços não só na docência,

mas principalmente na pesquisa, construindo-se o primeiro núcleo de pesquisa contábil

no Brasil. Através desse núcleo iriam surgir, em 1960, os primeiros traços da influência

americana na metodologia de ensino da contabilidade.

A Entrada de Escola Americana

Uma das razões (entre várias existentes) que no campo profissional

proporcionou a mudança da Escola Italiana para a Escola Americana foi à entrada das

empresas de auditoria anglo-americanas que acompanhavam as multinacionais recém-

chegadas no Brasil. Essas empresas, detentoras de manuais de procedimentos de

auditoria em grupos empresariais, investiam em treinamentos, forneciam profissionais

de alto nível para elaboração de normas contábeis em nível de governo, influenciam as

empresas menores (e possivelmente até legisladores). Tudo isso contribuiu para a

mudança de rumo contábil no Brasil.

Com a atenção voltada para o mercado de trabalho e para a própria

tendência da contabilidade na legislação governamental (surgem às circunstâncias

número 220 e 179 do Banco Central, de tendência norte-americana) e nas empresas, a

equipe de professores do Departamento de Contabilidade e Atuaria da FEA-USP teve

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sensibilidade de adotar, em coerência com a tendência da profissão contábil, o método

didático norte-americano no ensino de Contabilidade Geral no Brasil. Isto ocorreu pela

primeira vez em 1964.

Foi com base no livro de Finey & Miller, Introductory Accounting, e

com as devidas adaptações à realidade brasileira que surge em 1971, a consagrada obra

Contabilidade Introdutória, elaborada pela equipe da USP, responsável pela difusão da

metodologia americana para todo o país.

Na transição do enfoque da Escola Italiana de Contabilidade para a

Norte-Americana, surgem as primeiras pesquisas que focalizam a contabilidade em face

da inflação. As pesquisas, elaboradas por professores da Faculdade de Economia e

Administração da Universidade de São Paulo, representaram um grande passo no

sentido da formação de uma escola brasileira de contabilidade, a escola de correção

monetária.

O advento da Lei 6.404/76, que tem sua parte contábil inspirada na

doutrina norte-americana, consolidou a Escola Americana no Brasil. A lei, além de

trazer normas de avaliação contábil, de padronização das demonstrações financeiras da

consolidação, traz também notáveis contribuições no que diz respeito à correção

monetária.

Entretanto, o ensino da contabilidade não acompanhou as

transformações. A consagração da escola norte-americana no Brasil foi decorrência da

atuação das empresas de auditoria que divulgaram os princípios básicos da escola

americana e difundiram as idéias no mercado, desenvolveram a qualificação de seu

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pessoal e exigiram, com o tempo, a revisão do ensino ministrado pelas instituições para

adequá-lo a real necessidade do mercado.

Na década de 70 e, principalmente, a partir da década de 80, os órgãos

de classe e associações ligadas à profissão tiveram uma maior atuação na emissão de

pronunciamentos sobre assuntos contábeis e também sobre os profissionais e o ensino

superior.

No entanto, foi na década de 90 que se evidenciou questão da

educação continuada. A reforma do currículo de Ciências Contábeis, através da

resolução 03/62, cria um currículo mínimo para o curso esperando com isso contribuir

para uma melhor qualificação dos futuros profissionais de Ciências Contábeis. Entre as

disciplinas que emanavam daquela resolução estavam a inclusão no currículo de

disciplinas como Ética Profissional, Perícia Contábil, Monografia e Trabalhos de

Conclusão de Curso, entre outras.

A Situação Atual do Profissional Contábil

Estamos diante de uma nova etapa na área contábil, ou seja, a fase

mecânica cedeu lugar a fase técnica e esta está cedendo lugar a fase da “informação”.

Sendo assim, fica evidente a queda nos empregos pelo fato de estarmos vivendo um

momento de transição. Para Perez (1997, p.68) o objetivo da profissão contábil:

“vai mais além de acumular cifras para preparar um balanço para

efeitos impositivos. Vai mais além de registrar automaticamente uma ou várias

operações: um software adequado pode produzir melhor as rotinas”.

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Os profissionais contábeis são necessários a estes serviços ligados à

produção (engenharia, informática, pesquisas, design...), aos serviços ligados à

distribuição (comércio), aos serviços sociais (educação, saúde, higiene, gastronomia,

segurança ...) e outros.

Um campo novo de trabalho, também com muita perspectiva para o

profissional contábil, é o chamado “terceiro setor”. São organizações privadas

autônomas, normalmente sem a finalidade de distribuir lucro aos seus proprietários ou

diretores, revertendo todo o lucro para a própria entidade buscando o bem estar da

sociedade. Algumas vezes são chamadas, também, de Organizações Não

Governamentais, ou Associações Culturais, ou Fundações Privadas, ou Entidades

Sociais Organizadas etc.

Nos Estados Unidos os recursos gerados por estas instituições estão na

ordem de US$ 660 bilhões por ano, representando um crescimento quatro vezes maior

que as empresas que distribuem lucro aos acionistas. No Brasil, este setor, que está em

estado embrionário, já representa dois por cento dos empregos. A maior multinacional

brasileira hoje é considerada uma organização eclesiástica evangélica.

A preocupação em evitar fraudes nestas instituições e a exigência das

organizações internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de

Desenvolvimento, de parecer de auditorias reconhecidas para liberarem recursos para

essas entidades, proporcionaram à Trevisan Auditores Independentes aumento da sua

clientela em torno de 10%.

A responsabilidade social destas organizações (principalmente na

prestação de contas, que é o ponto fundamental para a sua sobrevivência), a criação e a

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estruturação das fundações, os projetos e orçamentos de longo prazo, a captação de

recursos, o controle e aplicação destes recursos, a controladoria destas instituições ...

são alguns exemplos de atividades para o profissional contábil.

Em reportagem produzida pelo jornal O Globo[1], com base na

pesquisa feita pela Ray & Bernedtson, empresa especializada na busca de executivos, a

Contabilidade foi considerada uma das atividades profissionais mais promissoras nesta

transição de séculos. No artigo “Prontos para o Trabalho do Futuro” é destacado onze

profissões, que cada vez mais vem se destacando no mercado globalizado, entre elas a

Contabilidade com um novo perfil (o novo contador deve dominar economia

internacional e o processo de gestão de sua empresa, além de ter grande visão de

negócio). Na visão de Andrade (2000, p.61):

“As informações geradas pela contabilidade devem propiciar aos seus

usuários base segura às suas decisões, pela compreensão do estado em que se encontra a

Entidade, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece”.

Por repetidas vezes, temos também falado que a contabilidade é a

única profissão que oferece um leque amplo de alternativas profissionais, permitindo

mais de duas dezenas de opções de especialização. No entanto não é tão simples, de

acordo com Mussolini (1994, p. 79):

“O contador deve se conscientizar de que a valorização se

fundamenta, essencialmente, em dois pontos básicos: a) indiscutível capacidade técnica;

e b) irrepreensível comportamento ético”.

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Todavia, apesar das inúmeras vantagens, não existem milagres no

processo de obtenção de sucesso profissional nesta área ou em qualquer atividade. Há

necessidade do desenvolvimento equilibrado das “duas pernas” que permitem a

realização profissional: a competência e a ética.

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CAPITULO II

O ENSINO DA CONTABILIDADE

O desenvolvimento econômico que o Brasil viveu na década de 40

propiciou o avanço da Contabilidade, tanto no que se refere ao ensino quanto à

profissão. Pela necessidade de elevação do nível do ensino e a conseqüente valorização

profissional percebeu-se que o curso médio já não atendia as necessidades de uma

formação aprimorada. Criou-se assim o curso superior de Ciências Contábeis.

Segundo Hermann Júnior (12) “os cursos de Contabilidade Superior,

em que são formados contadores, deverão desenvolver altos estudos de Contabilidade,

de Organização e de Economia das instituições estatais, paraestatais e sociais e das

empresas industriais, bancárias, de seguro e do comércio em geral, com o fito de

preparar profissionais aptos para o desempenho de funções de direção nas grandes

empresas e instituições públicas e particulares e as de perito forenses, contadores de

sociedades anônimas, pesquisadores, professor e outros que lhe serão outorgados com

grande soma de responsabilidade pela legislação comercial e financeira vigentes. O

elevado padrão de conhecimento necessário para o exercício de tais funções não podem

ser adquirido em curso secundário (...) Somente as universidades, como indica a

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experiência de outros povos, oferecem o clima necessário para formação de técnico

com alta cultura científica”.

Em 1945, através do Decreto-lei número 7.988, de 22 de setembro,

cria-se o curso de Ciências Contábeis e Atuariais conferindo aos formandos o grau de

bacharel em Ciências Contábeis e Atuariais e o título de Doutor em Ciências Contábeis

e Atuariais aqueles que, após, no mínimo, dois anos de graduado defendessem tese

original e de excepcional valor.

O Decreto, ao criar o curso de Ciências Contábeis e Atuariais,

estabeleceu sua duração em 4 anos e especificou não só as disciplinas como também a

seqüência na qual deveriam ser ministradas.

Ainda em 1945, surge o Decreto-lei número 8.191, de 20 de

dezembro, com a finalidade definir as categorias profissionais que vigorariam após a

criação do curso de Ciências Contábeis e Atuariais. As categorias existentes foram

então agrupadas em apenas duas: técnico em contabilidade para os técnicos em

contabilidade e guarda-livros (com este decreto o diploma de guarda-livros foi

substituído pelo diploma de técnico em contabilidade) e Contador ou Bacharel para os

de nível superior atuário, contador e perito-contador.

O Decreto número 9.295, de 27 de maio de 1946, criou o Conselho

Federal de Contabilidade, determinou a criação dos Conselhos Regionais de

Contabilidade, regulamentou a profissão dos contabilistas e a estrutura de fiscalização

do curso de Contabilidade.

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Segundo Iudicíbus, “com a instalação do curso de Ciências Contábeis

e Atuariais na USP, o Brasil ganharia o primeiro núcleo efetivo, embora modesto, de

pesquisas contábil nos moldes norte-americanos, isto é, com professores dedicando-se

em tempo integral ao ensino e à pesquisa, produzindo artigos de maior conteúdo

científico e escrevendo teses acadêmicas de alto valor”.

As expectativas do ensino superior em formar profissionais altamente

qualificados para participar da cúpula administrativa das organizações foram frustradas

visto que a visão puramente escrituraria, tecnicista, manteve-se e prevaleceu nos cursos.

A permanência de concepções pedagógicas tradicionais e tecnicistas

vem dificultando uma formação mais abrangente, baseada no conhecimento

humanístico, fundamental para uma inserção consciente na sociedade. Como bem

afirma SÁ (1998:53) “como a empresa, na atualidade, já não pode isolar-se do seu

todo social ao qual pertence, isto também força-nos aos estudos de seu patrimônio sob

uma visão aberta, genérica, holística”

A Reforma das Diretrizes Curriculares

No limiar de um novo milênio abrem-se novas discussões sobre as diretrizes

curriculares do Curso de Ciências Contábeis em face às mudanças surgidas pela nova

LDB 9.394/96 pois, conforme SILVA (1980:80) “a base fundamental do

desenvolvimento de qualquer área do conhecimento humano está assentada na atuação

dos membros de sua comunidade, já que eles poderão materializar os conceitos e

princípios emanados da estrutura básica da disciplina, cristalizando, modificando ou

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criando novas teorias e práticas”. A nova orientação ainda não superou as marcas

educação contábil brasileira que necessita ser revista para que possamos apresentar

profissionais melhor qualificados para atuar no mercado de trabalho.

O Ensino da Contabilidade e o Mercado de Trabalho

Num país de dimensões continentais como o Brasil, onde a cada dia

confrontamo-nos com as mais diversas formas de fraudes, desvios de dinheiro, tanto na

iniciativa privada como na pública, parece ser de fundamental importância a atuação do

Contador, inicialmente como fator de coibir estes fatos, posteriormente como fator de

apurar, através de auditoria e perícias essas irregularidades. Assim, enquanto alguns

apregoam o fim da profissão, cada vez mais se nota a diversidade de campos que se

abrem diante do CONTADOR, oportunizando o desenvolvimento de trabalho nas mais

diversas áreas. Para Marion, (1999:97) ser contador, significa ter escolhido uma das

melhores ou talvez, a melhor profissão da virada do milênio. Porém não basta apenas ter

um diploma, faz-se necessário conhecer informática, dominar outra língua, ser criativo,

trabalhar em equipe, ter liderança, ter boa comunicação, constante atualização seja

através de cursos de atualização, pós-graduação, leituras, etc. Apesar desta boa

perspectiva da profissão, uma das questões que ainda as Universidades, de uma maneira

geral, não conseguem resolver é que tipo de profissional deve-se formar para que o

mercado absorva? Para Koliver (1999:27) os cursos de ensino superior na área

contábil, devem formar profissionais competentes, capazes de contribuir efetivamente

para a sociedade onde exerçam suas atividades. “Para isso os cursos devem supri-los de

conhecimentos, habilidades e valores profissionais, bem como de capacidade de análise

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crítica, suficientes para o exercício profissional nos primeiros anos” e posteriormente

através de aprendizado contínuo, diante das oportunidades e dificuldades que se

apresentarem, em sua vida profissional. Pesquisa recente realizada no município do Rio

de Janeiro, segundo Coelho (2001:54) apontam que tanto os profissionais da área

contábil, como as instituições de ensino superior de contabilidade e de empresários,

consideram que os currículos do curso de Ciências Contábeis não são adequados para

atender as exigências atuais do mercado de trabalho para a profissão de contador. Uma

das alternativas para melhoria dos currículos, segundo a pesquisa é a inclusão de

metodologias modernas e coerentes com os novos tempos, apoiadas em trabalhos

práticos, e em conseqüência a retirada de conteúdos ultrapassados, além de tornar o

ensino técnico-científico, mais prático e menos teórico. A mesma pesquisa demonstra

que o Contador de hoje não tem o mesmo perfil de alguns anos atrás, tendo como

principal causa, deste avanço, a sua crescente participação profissional na gestão das

empresas. O profissional contábil hoje, além de ser um especialista na área, também

deve saber fornecer as informações necessárias a administração de empresas.

Sabe-se que o sistema contábil das empresas representa um grande

banco de dados, que propicia informações capazes de gerar tomadas de decisões com

referência aos negócios da organização, ou seja, o seu principal produto atualmente

ainda é a informação econômico-financeira, basicamente e tradicionalmente em termos

monetários. Hoje este sistema de informação estuda e define quais são os modelos de

informações monetárias e quantitativas que seus clientes irão receber, porém o modelo

ideal é da concepção de um sistema onde os usuários determinem que tipo de

informações necessitam, isso em termos de informações monetárias, não monetárias,

quantitativas ou não quantitativas, o que se pode chamar de contabilidade gerencial. O

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conceito de criação ou geração de valor, também cabe à Contabilidade gerencial e ao

seu ensino em instituições de ensino superior. Segundo o IFAC apud Padoveze (1998) a

evolução e mudança na contabilidade gerencial se deu em quatro fases: o primeiro antes

de 1950 e centrava-se na determinação do custo e controle financeiro através do uso da

Contabilidade de Custos; a segunda fase ocorre por volta de 1965, quando a ênfase é o

fornecimento de informações visando o controle e planejamento gerencial, usando-se a

análise de decisão, e a contabilidade por responsabilidade entre outras; a terceira fase

dá-se em 1985 é volta-se para a redução de desperdícios de recursos utilizados nas

atividades empresariais, tendo como ferramenta à análise dos processos e administração

estratégica de custos; e finalmente a quarta fase, em meados de 1995, quando se enfatiza

a geração ou criação de valor, utilizando-se direcionadores de valor ao cliente, valor

para os acionistas e inovação organizacional. Para a empresa e acionistas gerar lucros é

gerar valor, para as instituições de ensino que forma contadores, gerar ou adicionar

valor é formar profissionais “nota nove, nota dez”. Para Marion (1999:98) “o futuro

profissional contábil será médico de empresas. Imagine se você conhecesse apenas 60%

ou 70% das técnicas de salvar empresas. Como elas não podem fugir, é provável, dessa

maneira, você se tornar um assassino de empresas. O sucesso será real para doutores

nota dez, nota nove. É importante entender que uma visão se concretiza à medida que se

trabalhe para alcança-la, Hoje, a Profissão Contábil oferece um panorama altamente

atraente. Todavia, não há lugar para aqueles que não alcançarem um bom indicador de

competência e ética”.

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CAPÍTULO III

A QUALIDADE NO ENSINO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

“Preparar o aluno com educação de alta qualidade é formar o

cidadão para a vida, construindo assim uma sociedade mais equilibrada e mais justa”

(CARREIRO:1999). A ação educativa acontece como um processo de mão dupla:

professor e aluno apropriando-se dos recursos necessários para o desenvolvimento do

ensino-aprendizagem.

Como recursos do professor podem ser considerados, entre outros: o

nível de formação profissional, a experiência docente, o nível de salário, o nível de

pesquisa própria. Como recursos dos alunos, entre outros: o estado de nutrição, o nível

de escolaridade dos pais e a classe social. Em relação aos recursos materiais, vale

mencionar: salas de aulas adequadas, arejadas, centro de excelência de estudos técnico-

contábeis, biblioteca rica e atualizada. A conjugação destes elementos, interagindo, leva

a qualidade do ensino.

A educação constitui um instrumento de vital importância paro o

homem desempenhar suas funções na sociedade. Todo processo educacional tem uma

intenção, pois educação pode ser entendida como uma ação intencional do adulto em

transformar o não adulto.

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O adulto aqui é aquele que detém determinado conhecimento e o não

adulto seria o aprendiz. O desafio é identificar que tipo de intenção perpassa a formação

dos contadores para que os profissionais possam enfrentar o mundo em mutações com

compromisso e competência técnica, atendendo aos reclames da sociedade.

A Sua Aplicação no Curso de Ciências Contábeis

A qualidade necessária aos cursos de contabilidade impõe mudança de

paradigma. Isto significa abandonar o modelo emanado da concepção pedagógica

tradicional e tecnicista e adotar uma pedagogia que busque a autonomia e a

reciprocidade entre educadores e educandos. A formação de cidadãos críticos,

responsáveis e conscientes só pode ser atingida através de uma concepção pedagógica

que possibilite ao aluno construir o conhecimento através de sua própria experiência.

A quebra do paradigma até aqui adotado no ensino da contabilidade é

fundamental para formar uma geração de educandos com pensamento crítico, com

responsabilidade sobre si e sobre a sociedade onde atua, com habilidades interpessoais

capaz de resolver problemas e propor soluções, de acompanhar as mudanças sociais e de

atuar num mercado dinâmico e competitivo. Isto, por certo, contribuirá também para a

formação de docentes/pesquisadores qualificando cada vez mais o ensino da

contabilidade.

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A Tecnologia aliada ao Ensino de Contabilidade

A tecnologia, por invadir com muita velocidade a sociedade atual,

precisou ser absorvida também pela universidade para formar indivíduos que saibam

lidar com esta realidade. A maneira mais natural do indivíduo construir conhecimento

passa pela busca, acesso, seleção e aplicação das informações.

E, para planejar e executar um ensino baseado numa flexibilidade,

tanto de currículos como de professores, exigem-se conhecimentos indispensáveis para

a formação qualificada e competente do futuro profissional. Portanto deverá haver um

equilíbrio entre a competência na disciplina ensinada e a competência pedagógica. Os

professores devem ter participação fundamental na discussão constante da proposta

deste currículo e devem estar contextualizados através das inovações tecnológicas rumo

ao alargamento das possibilidades de ser e fazer acontecimentos tanto na instituição

como nas organizações.

Para Cortella (2001), a função da educação “não é preparar alguém

para ir a algum lugar, mas para que tenha condições de ir”. Vive-se num emaranhado

de informações, através das grandes facilidades, principalmente tecnológicas, porém,

não se pode confundir informação com conhecimento, é preciso processar a informação

e transformá-la em conhecimento, criando-se, desta forma, maiores oportunidades do

mercado.

Segundo Freitas (2000), as mudanças constantes dificultam o

planejamento da construção do futuro sobre bases sólidas, trazendo grandes

inquietações. Todas essas alterações fazem as pessoas e as organizações repensarem

constantemente seus objetivos, alterando desta maneira suas culturas, comportamentos e

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atitudes, criando novas realidades, que atendam mais rápida e eficazmente que as

posturas anteriores.

Com o mundo transformado numa aldeia global, os profissionais da

contabilidade deverão estar atentos as mudanças regidas pelas informações e precisam

rapidamente transformá-las em conhecimento, pois as organizações cada vez mais se

valorizam pela agregação de capital intelectual. Cabe aos envolvidos em educação

reunir capacidade de aproveitar-se desta tecnologia disponibilizada como caminho para

manter as habilidades de cada profissional em permanente sintonia com as necessidades

de suas empresas e do mercado.

As mudanças Tecnológicas

Hoje, as mudanças tecnológicas decorrentes do uso da informática e

do desenvolvimento da comunicação, estão redirecionando o trabalho do contador. Esta

mesma tecnologia pode ser utilizada para enriquecer a organização dos ambientes

educacionais, criando uma nova forma de comunicação, expressão, interação e

aprendizagem.

Numa época de aprendizagem permanente, as universidades do

mundo industrializado ficarão marginalizadas se não tiverem eficiência e flexibilidade

suficientes para satisfazer a toda amplitude de necessidades educacionais e de

treinamento dos dias de hoje (Daniel, 1998).

A metamorfose educacional está fazendo surgir um modelo de

educação guiado pelo mercado, nascido do rápido avanço tecnológico, da necessidade

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de aprendizagem contínua, e da disponibilidade de aprender no horário que julgar mais

conveniente. Este é o desafio do novo século, o profissional não pode ter, como nos

tempos passados, um só emprego, deverá ter muitos, também passou a época somente

do conhecimento específico, é preciso conhecimento genérico e específico com uma

farta e sólida base teórica. Não estão sendo admitidos profissionais que se destacam em

determinados pontos da empresa, ou a qualificação é coletiva ou nada feito.

A Educação Tradicional e o Avanço Tecnológico

O avanço tecnológico está provocando um impacto muito grande na

sobrevivência da maioria dos profissionais, que estão sendo obrigados a ter domínio da

tecnologia, além de saber conviver num ambiente de negócios complexos,

demonstrando dessa forma, como todo esse conhecimento tecnológico se encaixa nas

necessidades do mundo do trabalho.

Os profissionais nos dias atuais buscam uma aprendizagem vinculada

as suas carreiras, e cada vez mais dissociadas das salas de aula, pressionando para que

hajam mudanças no sistema da educação tradicional.

Tapscott (1997) afirma que “as pessoas acreditam, equivocadamente,

que, depois que obtêm o diploma de uma faculdade, estão prontos para a próxima

década, quando na verdade, elas estão prontas para os próximos dez segundos”. Ficando

claro o desafio que a educação superior está a enfrentar, onde deverá deixar de lado a

educação baseada somente no campus universitário e centrado no professor, para adotar

um modelo em que o aluno é o centro, responsável pela sua própria aprendizagem,

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tendo como orientador o professor que oferece ferramentas e recursos para que o

estudante, tenha condições de aperfeiçoamento contínuo, flexível e conveniente.

Educação e Tecnologia uma aliança perfeita

A demanda tecnológica traz à tona o desenvolvimento diferenciado da

educação praticada a distância, suplementada hoje, pela sala de aula virtual, onde

palestras, comentários e tarefas são acessadas a qualquer hora do dia ou da noite.

Toda a tecnologia, no entanto, deve ser pensada de modo a melhor

alcançar os objetivos das instituições, das empresas e das organizações, pois a educação

e/ou treinamento à distância deve ter um planejamento bem estruturado para a sua

implantação, tais como estrutura do conteúdo temático, preparação pedagógica, cultural

e organizacional e uma base de avaliação do retorno do investimento.

O grande diferencial é ter consciência que o emprego dessas novas

tecnologias trará uma capacitação para a equipe, de maneira correta, na hora certa e a

um custo competitivo, aumentando o capital humano, inteligente e bem preparado da

organização como um todo.

A Realidade Virtual e a Educação

A utilização da realidade virtual no processo ensino-aprendizagem é

uma idéia recente, porém um número crescente de professores já está adotando este

novo meio rumo a melhoria do ensino nas instituições. É sabido que o computador há

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algum tempo, vem servido como ferramenta de apoio ao ensino. As novas formas de

interação vem trazendo, eficiência aos educadores e motivação aos alunos, com maior

dinamismo, inovação e grande poder de comunicação.

Segundo Mantovani (1996), a realidade virtual agrega um grande

potencial pedagógico aos ambientes educacionais, porque fornece aos usuários a

oportunidade de explorar e experimentar interativamente objetos, processos e

ambientes.

A realidade virtual como qualquer outro recurso educacional, deve ser

usada com discernimento. Ela deve ser usada para servir ao currículo, e não somente

para distrair alunos e mantê-los ocupados. É necessário pensar em realidade virtual

como uma ferramenta que possa ser utilizada como forma de atingir as áreas onde os

métodos tradicionais estão falhando (Pinho, 1996).

A atuação da educação a distância em um país, deve levar em

consideração, a democratização do saber que requisita ações que vão além das fronteiras

da educação formal, a formação e capacitação profissional, por sua grande

potencialidade e por ser um meio de comunicação de massa e, a capacitação e

atualização de professores que deverão ser desenvolvidas através de ações integradas e

permanentes, envolvendo as capacidades locais e as instituições sociais.

Exemplos das vantagens da informática nos procedimentos de

treinamentos com ajuda do computador, são os adotados pelas companhias aéreas e

setores das Forças Armadas, com a utilização de simuladores e bancos de dados

interativos.

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Nota-se que a tecnologia de comunicação não muda a relação

pedagógica, mas modifica algumas das práticas atuais do professor, onde a tarefa de

passar informações pode ser deixada nos bancos de dados, livros, vídeos, programas de

CD. A figura do professor, é de estimulador da curiosidade do aluno em querer

conhecer.

Conforme observa Moran (2001), a tecnologia “ ... será ótima para

professores inquietos, atentos a novidades, que desejam atualizar-se, comunicar-se mais.

Mas ela será um tormento para o professor que se acostumou a dar aula sempre da

mesma forma, que fala o tempo todo na aula, que impõe um único tipo de avaliação.

Esse professor provavelmente achará a Internet muito complicada – há demasiada

informação disponível – ou, talvez pior, irá procurar roteiros de aula prontos – e já

existem muitos – e os copiará literalmente, para aplicá-los mecanicamente em sala de

aula”.

Para Lévy(1999), a principal função do professor é incentivar a

aprendizagem e o pensamento, é ser um “animador da inteligência coletiva” pois a

captação dos conhecimentos agora é feita por outros meios.

Pensando em grandes investimentos, tem-se que ter o cuidado de não

buscar “soluções perfeitas” na implantação da tecnologia no processo de aprendizagem.

Cada instituição tem a sua proposta pedagógica, e diante disso deve proceder com

cautela na adoção de novas práticas educacionais, não incorrendo nem em frustração

pelo cuidado excessivo, nem em erros pela pressa, o que também pode refletir em

grandes perdas financeiras. Bom senso é o ideal.

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Passos decisivos e positivos já estão sendo dados. Deve-se ter

habilidade de produzir uma visão comum do futuro, identificar barreiras que devem ser

superadas, competências que devem ser desenvolvidas e recursos a serem dispostos.

Através dos novos meios de acesso à educação, verificam-se vantagens de formação de

alta qualidade com professores especialistas, melhor didática, melhor metodologia de

ensino, disponível em todos os lugares e em qualquer horário.

O quebra-cabeça da tecnologia encaixa aprendizagem via satélite, via

multimídia, tecnologias de aprendizagem corporativa, banco de dados de

conhecimento na Intranet, aprendizagem via Web (Internet), campus virtual,

tudo isso em prol do crescimento competente e rápido do profissional sem

fronteiras e sem barreiras na busca do seu conhecimento e crescimento

organizacional.

A intensa competição global está provocando uma profunda

reconfiguração no mercado, fazendo com que a diferença apareça na qualidade

dos sistemas humanos, nos intangíveis, inteligência e inovação são efetivamente

os únicos diferenciais para competir na sociedade do conhecimento

Para preparar o diferencial no processo educacional, os professores

devem planejar ao invés de improvisar, a interdisciplinaridade é requerida e necessária,

fazendo com que os professores trabalhem em equipes afinadas com o desenvolvimento

de um alunado exigente e crítico. A equipe deve ser competente, responsável, criativa e

leal com a própria equipe e com a instituição.

O profissional que deseja sobreviver num mercado sem fronteiras,

deverá apresentar um diploma de “40 anos de duração”, em vez de “5 anos de duração”,

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deve ter habilidade de acessar informações facilmente, assimilar, analisar e agir

rapidamente.

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CAPÍTULO IV

AS NOVAS TENDÊNCIAS DA CONTABILIDADE

O mundo vive um imenso processo de transformação em todas as

áreas, principalmente na tecnologia da informação.

A Contabilidade, cujo principal objetivo delineado é o fornecimento

de informações úteis para a tomada de decisões, não poderia isentar-se dos reflexos

dessas mudanças. Consequentemente, o contador passa a ser mais exigido no que se

refere à sua qualificação, profissional e educacional principalmente devido a perspectiva

de harmonização de normas contábeis internacionais, que atenderá os requisitos

impostos pela globalização, dentre eles o elevado número de empresas em

funcionamento ao redor do mundo, bem como a exigência crescente do mercado de

capitais. Tudo isso passa pela formação pessoal e profissional do contador, como

elemento integrado a essas mudanças.

Educação e Trabalho

Para Cattani (1997:94), ” a formação profissional, na sua acepção

mais ampla, designa todos os processos educativos que permitam ao indivíduo adquirir

e desenvolver conhecimentos teóricos, técnicos e operacionais relacionados à produção

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de bens e serviços, quer esses processos sejam desenvolvidos nas escolas ou nas

empresas”.

A globalização, de acordo com Scherer citado por Cattani (1997:114),

é considerada de forma genérica como “uma multiplicidade de fenômenos que,

sobretudo a partir da década de 70, estariam configurando uma redefinição nas

relações internacionais em diferentes áreas da vida social, como a economia, as

finanças, a tecnologia, as comunicações, a cultura, a religião, etc.”.

Surgem desses dois conceitos, o primeiro sob um enfoque micro da

escola e da empresa, o segundo representando o enfoque macro da globalização, as

novas megatendências do mercado de trabalho:

Essas megatendências afetam diretamente todos os indivíduos que se

encontram no mercado de trabalho ou que estão se preparando para ele. O importante é

ressaltar que esse mercado não é mais o mesmo, pois a expansão tecnológica, a

eliminação de fronteiras geográficas e o desemprego estrutural moldam um novo

profissional para o terceiro milênio, em todas as áreas. Surge então a pergunta

que norteará esse estudo: Qual a formação educacional e profissional do contador para

enfrentar esse novo desafio?

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CAPÍTULO V

INTEGRAÇÃO ENTRE A INSTITUIÇÃO DE ENSINO E AS

EMPRESAS

Certamente encontramos aqui um dos mais relevantes desafios para os

cursos de graduação das Instituições de Ensino Superior no sentido de criar um

ambiente de aprendizado no qual todos os elementos do sistema de integração, tanto da

empresa como da escola, tenham a consciência da importância da aprendizagem

contínua vinculada às metas empresarias.

Uma situação considerada ideal para a nossa realidade, seria ter as

instituições de ensino superior e as empresas fazendo parte simultaneamente de um

mesmo estado geral de desenvolvimento, onde a aproximação seja natural a ponto de criar

entre elas uma interdependência, mutuamente positiva, intermediadas pelo papel

incentivador do Estado com suas políticas públicas de formação de recursos humanos e de

apoio à pesquisa e ao desenvolvimento de novos processos produtivos e de bens.

Na opinião do Reitor da Universidade de São Paulo, Jacques

Marcovitch (1999, p.13), quando o assunto é parceria entre a universidade e o setor

produtivo deve-se, primeiramente, observar as peculiaridades das partes envolvidas:

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“Na academia, mesmo em áreas aplicadas, minimiza-se o fator tempo

e priorizam-se as conclusões que favoreçam a resolução de problemas e o avanço

global do conhecimento. A empresa enfrenta desafios imediatos e dificuldades urgentes,

a liberação dos mercados faz com que os dirigentes fiquem inquietos e procurem os

pesquisadores acadêmicos com expectativas equivocadas. De seu lado, o professor

universitário, que também faz pesquisa, tem sua carga didática, o planejamento de

aulas, as provas a corrigir, a orientação dos alunos, as publicações em revistas

científicas internacionais. Não há como atender às empresas em ritmo acelerado.

Acontece, então, um desencontro inevitável de percepções”.

Esse diálogo fica mais interessante quando o assunto é pesquisa, tanto

para o ensino como para as empresas, que precisando investir em pesquisa e

desenvolvimento (P&D) demanda profissionais com conhecimento inovador nas mais

variadas áreas. Esse elo de ligação depende de canais de comunicação mais rápidos e

menos burocráticos. Superadas as dificuldades administrativas, e se tem capacidade para

reverter essa realidade, o entrosamento empresa-escola é de fato favorável. Diversas

experiências de sucesso demonstram benefícios crescentes para todos os seguimentos

envolvidos.

A Importância do Conhecimento da Rotina Profissional

Observando as diversas peculiaridades que estão envolvidas nos cursos

superiores de uma instituição de ensino e limitando os exageros, conceber a idéia de ver

um aluno do curso de medicina, por exemplo, apto a colar grau sem conhecer a rotina de

uma clínica médica ou um pronto-socorro de um hospital, seria uma idéia inadmissível

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para a nossa realidade. Do mesmo modo, expor um jovem a anos de investimentos em

estudo teórico sem dar-lhe a oportunidade de envolver-se com o ambiente que o futuro

profissional efetivamente atuará, seria de se questionar a qualidade pretendida para o

ensino e a satisfação da sociedade que investe “pesado” nesses jovens.

Infelizmente, essa tem sido uma realidade constatada para os

graduados em Ciências Contábeis que recebem com insegurança o grau de Bacharel e

amargam a frustração de ter que comparecerem ao mercado de trabalho só com

embasamento conceitual.

Esta abordagem tem traído além da missão da instituição de ensino, a

disposição dos docentes que na intenção de transmitir conhecimento têm colocado os

futuros profissionais a mercê do descompasso da realidade socio-econômica.

As avaliações recentemente implantadas pelo MEC para o ensino de

Graduação, como o Exame Nacional de Cursos – ENC (PROVÃO) que já são aplicados

em alguns cursos e que atingirão a todos brevemente e o Exame de Suficiência pelo

Conselho Federal de Contabilidade – CFC para comprovar conhecimento, são uma

tentativa de proceder a uma correção de falhas. O que se defende aqui é a necessidade

de detectar as dificuldades de aprendizado no início, ou no mais tardar, no decorrer do

processo formativo. A competência de fazê-lo ao final do curso deve continuar sendo

atribuição unicamente do MEC e do CFC.

Atingir e resgatar a qualidade do ensino visando atender as

necessidades que o mercado de trabalho exige dos profissionais de hoje depende da

adoção de soluções práticas e concretas de modo a atender às expectativas tanto dos

alunos como da sociedade econômica. O êxito do aluno no mercado de trabalho em

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termo de aplicabilidade da formação profissional passa por um amplo processo de

formação em que a integração instituição de ensino e empresa é um dos principais

elementos.

Governo, Instituição de Ensino e Empresariado

Como em nossa realidade educacional a integração com o meio

empresarial não é tradição e considerando ser a missão da instituição de ensino as

atividades de ensino (transmissão de conhecimento), de pesquisa (geração de

conhecimento) e de extensão (relação com a comunidade), correções emergentes

deverão constar das pautas de discussões dos setores responsáveis, no sentido de tornar

perceptível a reversão desse quadro.

Para a efetivação da integração entre o ensino de contabilidade e o

meio empresarial é necessário, a priori, a conscientização da importância da experiência

prática na formação profissional contábil, sendo necessário que os segmentos

envolvidos (governo, instituição de ensino e empresariado) estejam dispostos a criarem

programas integrativos, com o apoio técnico e pedagógico que possibilitem um convívio

efetivo desses segmentos.

Buscando sistematizar essa integração, é preciso inicialmente que

hajam iniciativas no sentido de abrir os canais de comunicação entre o setor educacional

e o empresariado. Ao governo caberia bem essa atribuição por meio de política de

estímulo entre as partes. Ao setor educacional fica a incumbência de criar um ambiente

propício à cooperação com o empresariado local, de forma que estes conheçam o

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potencial de geração de conhecimento que as instituições de ensino são detentoras, além

de dinamizar os procedimentos, tornando-os menos burocráticos, de maneira a

aproximar-se da realidade empresarial. Cabe às empresas não somente o papel de

empregador capaz de absorver os graduados, mas abrindo espaços para que durante a

formação acadêmica, os alunos tenham possibilidades de vivenciar e aplicar o

conhecimento contábil.

O elo de ligação de maior importância nesse contexto é o aluno que,

munido de apoio pedagógico, fechará o ciclo da integração buscando no meio

empresarial experiências e levando conhecimento científico e tecnológico num fluxo

contínuo de trocas. Afinal, é quem diretamente sentirá mais próximo os benefícios desse

esforço conjunto.

Os Benefícios da Integração Empresa-Escola

A implantação da integração empresa-escola visando a qualificação

do bacharel em Ciências Contábeis vem colocar em questão uma das missões das

instituições de ensino que é a extensão e para que haja uma autêntica participação de

todos esses segmentos é preciso que os envolvidos conheçam alguns de seus benefícios,

que podem ser:

• Para os alunos: permite que estejam em contato com a realidade do mercado,

propiciando discussões mais realistas; dependendo do desempenho dos alunos nos

trabalhos e do contato obtido com os responsáveis pela empresa, pode proporcionar

uma proposta de trabalho, assessoria etc.;

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• Para os professores: possibilita a oportunidade de conhecer “por dentro” as

empresas e ainda estar em contato com as práticas do mercado;

• Para a instituição de ensino: permite o estreitamento de suas relações com o

mercado; proporciona o fomento de pesquisas entre professores e alunos, tendo

como “pano de fundo” a realidade das empresas dentro do contexto sócio-

econômico atual;

• Para as empresas: possibilita uma aproximação com a área acadêmica; pode, por

meio das discussões e trabalhos dos alunos, melhorar e/ou inovar em seus

procedimentos gerenciais etc

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CAPÍTULO VI

PLANEJAR CURRÍCULO E PROGRAMAS PARA OS CURSOS DE

CONTABILIDADE, O NOVO DESAFIO

O currículo para o Curso de Ciências Contábeis, especificamente,

deve enfatizar métodos e habilidades que permitem ao aluno questionar, analisar, julgar

e tomar decisões, proporcionando ao aluno a liberdade de expressar-se e agir, ficando o

professor como direcionador e o aluno como agente ativo. Não se descarta também, as

preocupações sobre como motivar alunos, elaborar planos de ensino, atividades

diversificadas e projetos de trabalho.

No Brasil, observamos que a metodologia adotada prioriza o ensino

do débito e do crédito já no primeiro ano, fornecendo os conceitos, demonstram suas

aplicações, parte-se para a escrituração, monta-se Balancetes, Apuração do resultado e,

ao final do ano, chega-se às Demonstrações Financeiras, prática esta fruto da herança da

Escola Italiana. Depois de todo esse processo, os alunos passam a estudar os relatórios

contábeis, estudando os lançamentos que originaram esses mesmos relatórios.

O currículo destinado aos bacharéis de Ciências Contábeis, em boa

parte das instituições de ensino, foi desenvolvido no sentido de torná-lo um técnico. Há

outras áreas do conhecimento que o tornam um pouco mais amplo tais como Psicologia

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aplicada à Contabilidade, Teoria Administrativa, Métodos Estatísticos, Ética e Filosofia

política, entre outras, mas fica claro a preocupação por parte dos docentes do fazer

contábil. Falta a ação-reflexão ou uma ação mais investigativa, possibilitando ao

professor reelaborar suas práticas direcionando o ensino para uma aprendizagem

contextualizada e significativa naquele momento. A reflexão que se transforma em ação

é possível através de um processo de educação continuada, o que tornará possível a

intervenção no processo do saber.

O professor de contabilidade revela-se um usuário do currículo para

poder ajustar a sua proposta de trabalho e no que tange aos conteúdos, estes devem estar

articulados com a totalidade do curso, conectando-os com as diversas áreas do

conhecimento e deve ser compreendido como um processo de transitoriedade

permanente.

O fundamental, em todo esse processo, é que o programa possibilite

ao aluno a visualização de todo o processo contábil começando a estudar no início, a

contabilidade de empresas prestadoras de serviços para, posteriormente estudar as

atividades comerciais, industriais, agrícolas, etc.

O Planejamento de Currículos e Programas é a peça fundamental para

a formação de egressos com qualidades e aptidões exigidas pelo mercado de trabalho.

Com um bom Planejamento de Currículos e Programas há grandes

chances de se alcançar os objetivos e metas propostas pela Instituição de Ensino

Superior, mas, se essa etapa não for bem elaborada, todo o restante estará

comprometido, mesmo que em todas as etapas subsequentes haja todas as condições

propicias para a boa formação do bacharel em Ciências Contábeis.

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É, portanto, necessária a adoção de especial cuidado e atenção na

execução do planejamento do Currículo e dos Programas, sob pena de, em não adotá-lo,

comprometer integralmente o sucesso almejado na formação do egressso.

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