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O ENSINO DE HISTÓRIA: ALGUMAS REFLEXÕES Professora PDE-2008: Cristiane Salete Bozza Galvão Orientadora: Prof Ms. Débora Andrade El-jaick Co-Orientadora: Prof. Ms. Zenaide Soares dos Santos Gatti Cecília Nascimento, Professora de Ensino Fundamental no Colégio La Salle. Ensinar História continua sendo um desafio e preocupação para todo professor de História. O conhecimento histórico adquirido e/ou construído em sala de aula é fundamental para a formação intelectual do aluno o que, através deste conhecimento, será capaz de desenvolver a compreensão histórica da realidade em que está inserido e nela atuar de forma mais contundente e decisiva, tomando para si as decisões que dizem respeito a si mesmo e a sociedade em que vive. De acordo com Paulo Freire: Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante, O grande desafio que se apresenta neste novo milênio é adequar nosso olhar às exigências do mundo real sem sermos sugados pela onda neoliberal que parece estar empolgando corações e mentes. É preciso, nesse momento, mostrar que é possível desenvolver uma prática de ensino de História adequada aos novos tempos (e alunos): rica de conteúdo, socialmente responsável e sem ingenuidade ou nostalgia. Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky, Por uma História prazerosa e

O ENSINO DE HISTÓRIA: ALGUMAS REFLEXÕES · O grande desafio que se apresenta neste novo milênio é ... de amar (FREIRE 2005, p.41). Então, assumir essa tarefa é também responsabilidade

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O ENSINO DE HISTÓRIA: ALGUMAS REFLEXÕES

Professora PDE-2008: Cristiane Salete Bozza Galvão Orientadora: Prof Ms. Débora Andrade El-jaick

Co-Orientadora: Prof. Ms. Zenaide Soares dos Santos Gatti

Cecília Nascimento, Professora de Ensino Fundamental no Colégio La Salle.

Ensinar História continua sendo um desafio e preocupação para todo

professor de História. O conhecimento histórico adquirido e/ou construído em

sala de aula é fundamental para a formação intelectual do aluno o que,

através deste conhecimento, será capaz de desenvolver a compreensão

histórica da realidade em que está inserido e nela atuar de forma mais

contundente e decisiva, tomando para si as decisões que dizem respeito a si

mesmo e a sociedade em que vive.

De acordo com Paulo Freire:

Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante,

O grande desafio que se apresenta neste novo milênio é adequar nosso olhar às exigências do mundo real sem sermos sugados pela onda neoliberal que parece estar empolgando corações e mentes. É preciso, nesse momento, mostrar que é possível desenvolver uma prática de ensino de História adequada aos novos tempos (e alunos): rica de conteúdo, socialmente responsável e sem ingenuidade ou nostalgia.

Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky, Por uma

História prazerosa e

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transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar (FREIRE 2005, p.41).

Então, assumir essa tarefa é também responsabilidade de quem se

dedica a estudar, pesquisar, ensinar, produzir conhecimentos históricos sem

perder o foco: a vida do homem através do tempo; suas conquistas, suas

derrotas, as certezas, as dúvidas, as justiças, as injustiças, as verdades, as

mentiras.

Nessa perspectiva ,vale lembrar que o ensino de História passou por

inúmeras fases dentro da escolarização brasileira e, segundo Schmidt e

Cainelli (2004, p.12), a partir da década de 80, com o fim da ditadura militar e

o início do processo de redemocratização da sociedade, ocorreu a volta da

disciplina de História a partir da concepção do aluno sujeito produtor do

conhecimento histórico, um ensino crítico de História com temáticas voltadas

para o cotidiano do aluno, seu trabalho e sua historicidade.

A forma tradicional de ensino centrada na figura do professor como

transmissor do conhecimento histórico e na do aluno como receptor passivo

do conhecimento histórico, passou a ser questionada e o ensino de História

passou a ser concebido a partir de metodologias e conteúdos que partem da

perspectiva do professor e aluno como sujeitos da História e da produção do

conhecimento histórico.

Nos anos 90, foram propostas mudanças nos currículos de História e o

MEC, em 1997, propôs os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, com

objetivo de que os mesmos fossem referência para os estados brasileiros.

Vale ressaltar que essa proposta não foi discutida com os professores de

História das universidades e, nem com os representantes da Associação

Nacional de História (ANPUH). E, ao ser apresentada pelo MEC foi debatida,

discutida e até mesmo criticada, pois foi apresentada de forma pragmática

com a função de resolver problemas imediatos e próximos do aluno. Os

conteúdos se tornaram meios para aquisição de “competências e habilidades”,

com a preocupação de formar cidadãos preparados para as exigências

Cristiane Salete Bozza Galvão

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científico - tecnológicas da sociedade contemporânea isto é, preparar o

indivíduo para o mercado de trabalho. De acordo com as DCEs do Paraná :

Essa perspectiva abriu espaço para uma visão presentista da História, porque não se ocupava em contextualizar os períodos históricos estudados. Além disso, muitos conceitos foram preteridos em nome da aquisição de competências (DCEs 2006 p.20).

Ao mesmo tempo, com as reformas democráticas ocorridas no final da

década de 80 e no início dos anos 90, o ensino de História também despontou

para novas propostas historiográficas. Surgem novas propostas curriculares,

livros didáticos e paradidáticos elaborados a partir de uma nova perspectiva

historiográfica. Entre elas, destacou-se a pedagogia histórico-crítica, tendo

como pressuposto a historiografia social pautada no materialismo histórico

dialético e com elementos da Nova História. Essa concepção valorizava as

ações do sujeito no processo histórico da sociedade e tem como principal

expressão a História das Mentalidades.

Ainda, no final da década de 80, surgiu no Brasil, também a Nova

História Cultural. Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná:

a Nova História Cultural considera as categorias de representação e apropriação para produzir conhecimento histórico. A representação é a pedra angular da Nova História Cultural, conceito superior ao de mentalidade, e é entendida como as diferentes formas pelas quais as comunidades, a partir de suas diferenças sociais e culturais, percebem que compreendem sua sociedade e a própria História (DCEs 2006 p. 25).

Dois grandes historiadores, com perspectivas diferentes, defendem

essa corrente historiográfica: Roger Chartier e Carlo Ginzburg, ambos

abandonam a noção de História das Mentalidades e optam pelo conceito de

cultura entendida como prática cultural, buscando identificar as diferentes

vozes presentes nessa prática.

Para Roger Chartier:

(...) o conceito de cultura (...) denota um padrão, transmitido historicamente, de significados corporizados em símbolos, um sistema de concepções herdadas, expressa em formas simbólicas, por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e desenvolvem o seu conhecimento e as atitudes perante a vida (CHARTIER 1987, p.67).

Cristiane Salete Bozza Galvão

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Portanto, essa corrente historiográfica valoriza o uso de documentos

como: imagens, canções, objetos arqueológicos, cartas, documentos, entre

outros, na construção do conhecimento histórico.

Essa abordagem torna o ensino de história mais atraente e significativo

com possibilidade de maior entendimento para o aluno. Segundo as DCEs de

História, no final do séc. XX e início do séc. XXI passou a ser discutida

amplamente nos meios acadêmicos brasileiros a corrente historiográfica

chamada de Nova Esquerda Inglesa, surgida em 1956, na Inglaterra, a partir

de um grupo de historiadores ingleses ligados ao Partido Comunista Inglês

que, descontentes com o regime stalinista, romperam com o partido e criaram

esse movimento. Esse movimento elaborou uma nova concepção de história,

elegendo a classe trabalhadora como centro de seus estudos empíricos,

valorizando a experiência de homens e mulheres e sua relação dialética com a

produção material e defendendo a idéia de que a consciência de classe se

constrói nas experiências cotidianas comuns. Nesse sentido, Edward

Thompson, escreve no seu livro A Formação da Classe Operária Inglesa:

Uma classe surge quando alguns homens, em decorrência de experiências comuns (herdadas ou compartilhadas), sentem e articulam a identidade de seus interesses tanto entre si quanto contra outros homens cujos interesses são diferentes dos (e normalmente opostos aos) deles (THOMPSON, 2004 p10).

De acordo com as Diretrizes Curriculares de História do Estado do

Paraná (2006 p.27) ”Os historiadores da Nova Esquerda Inglesa pautam seus

estudos na experiência do historiador, na sua dimensão social e investigativa,

o que possibilita novos questionamentos sobre o passado, a partir dos quais

têm surgido novos métodos de pesquisa histórica.” Essa concepção possibilita

aos alunos compreenderem as experiências e os sentidos que os sujeitos dão

a elas. A abordagem dada pelo professor deve estar voltada para a formação

da consciência histórica sob a perspectiva de que os sujeitos se constituem a

partir de suas relações sociais.

Como se observou o ensino da História no Brasil passou por várias

transformações. A partir de 2003, no Estado do Paraná são discutidas e

Cristiane Salete Bozza Galvão

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elaboradas, com a participação de professores de História da rede estadual as

Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica do Paraná, à luz da

Nova História Cultural e da Nova Esquerda Inglesa; o primeiro caderno das

Diretrizes como resultado dessas discussões foi publicado em 2006.

As discussões que culminaram com a produção das Diretrizes

Curriculares de História para a Educação Básica do Paraná, bem como as

novas perspectivas historiográficas, têm estimulado o debate sobre a

necessidade de um novo olhar ou um olhar diferente para os conteúdos e

métodos de ensino de História. O ensino de História deve estar diretamente

ligado à problematização dos conhecimentos históricos produzidos pelo

homem, resultado da relação dos homens entre si e deles com a natureza, em

determinadas condições, em determinada época e sociedade. A História é

feita coletivamente, com as relações que se estabelecem entre as classes e

dentro das classes.

Nesse sentido, é necessário revermos e estabelecermos novas e

diferentes metodologias, além de fazermos recortes, selecionando conteúdos

relevantes para o cotidiano do nosso aluno.

Segundo Leandro Karnal (org.):

Que seja dito e repetido à exaustão: uma aula pode ser extremamente conservadora e ultrapassada contando com todos os mais modernos meios audiovisuais. Uma aula pode ser muito dinâmica e inovadora utilizando giz, professor e aluno. Em outras palavras, podemos utilizar meios novos, mas é própria concepção de História que deve ser repensada. O recorte que o professor faz é uma opção política (KARNAL 2005, p.9).

O ensino de História ainda tem um longo caminho a percorrer no que

diz respeito à História ensinada, trabalhada, concebida no interior das nossas

escolas. Ao professor cabe o papel de responsável pela intermediação entre o

aluno e a produção do conhecimento histórico; ao aluno cabe o papel de

sujeito do seu próprio conhecimento e do conhecimento histórico. O conteúdo

deve ser incorporado a partir de novas produções históricas com conteúdos

dinâmicos, significativos, elaborados a partir das ações e relações humanas

com métodos voltados para a transposição didática entre saber cientifico,

saber a ser ensinado, saber aprendido e prática social. Cabe também ao

Cristiane Salete Bozza Galvão

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professor utilizar em sala de aula documentos históricos tecnologias de

linguagens diversificadas, valorizando o saber do aluno e utilizando conceitos

e práticas que possibilitem ao aluno produzir e aprender conhecimentos

históricos.

É importante ressaltar que, quando se discute transposição didática em

História procura-se uma significação diferente. De acordo com Maria

Auxiliadora Schmidt e Marlene Cainelli:

Busca-se a realização, na sala de aula, da atividade do historiador, a articulação dos elementos constitutivos do saber histórico com os do fazer pedagógico. Assim, o objetivo é fazer o conhecimento histórico ser ensinado de tal forma que dê ao aluno condições de participar do processo do fazer, do contar e do narrar a história (SCHMIDT e CAINELLI 2004, p.32).

Salienta-se que, ao participar do processo da construção do

conhecimento histórico, o aluno estará se envolvendo com o ensino de

História e, de certa forma, valorizando a disciplina de História como

fundamental para a formação de sua consciência histórica. Jaime Pinsky e

Carla Bassanezi Pinski escrevem:

Cabe ao professor, (...) aproximar o aluno dos personagens concretos da História, sem idealização, mostrando que gente como a gente vem fazendo História. Quanto mais o aluno sentir a História como algo próximo dele mais terá vontade de interagir com ela, não como uma coisa externa, distante, mas como uma prática que ele se sentirá qualificado e inclinado a exercer. O verdadeiro potencial transformador da História é a oportunidade que ela oferece de praticar a “inclusão histórica” (PINSKY e PINSKY 2005, p.28).

Essa aproximação do aluno com a História pressupõe,

fundamentalmente, que a experiência do aluno seja o ponto de partida para o

trabalho com os conteúdos, pois, a partir disso o aluno se identificará como

sujeito da História e da produção do conhecimento. Afirma-se, desta forma, a

premissa de que a História é construída por todos os homens.

Para que essa relação do aluno com o ensino de História se consolide

em sala de aula é necessário que o professor mantenha uma relação de

respeito com o conhecimento e experiências trazidas pelo aluno, bem como,

que o ambiente de aprendizagem seja um compartilhamento de saberes; onde

a responsabilidade do professor será de aproximar os conteúdos de História

de forma motivadora para o aluno.

Cristiane Salete Bozza Galvão

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Ensinar História pressupõe, para o professor, necessidade de constante

aperfeiçoamento, estudo, busca de metodologias e estratégias inovadoras e

adequadas aos conteúdos que serão estudados, bem como, adequadas a

realidade de sua sala de aula.

Uma das formas de desenvolver o ensino de História em sala de aula é

a problematização do conhecimento histórico a partir das experiências do

aluno. Segundo Maria Auxiliadora Schmidt e Marlene Cainelli:

No ensino da História, problematizar é, também, construir uma problemática relativa ao que se passou com base em um objeto ou um conteúdo que está sendo estudado, tendo como referência o cotidiano e a realidade dos alunos e do professor.(...) Cada conteúdo a ser ensinado permite a construção de várias problemáticas.(...) É preciso ir mais além, levantar hipóteses acerca do que aconteceu, incitando o aluno a descobrir os caminhos para desvelar mistérios que envolvem o passado e a reconstruir, por meio do saber histórico e das fontes documentais, a relação entre seu presente e outras formas ou experiências do passado(SCHMIDT e CAINELLI 2004, p.52e53).

Então, acredita-se que o ensino de História deve estar comprometido

com a realidade social, política e cultural em que o aluno está inserido, com a

igualdade de direitos, com a possibilidade de mudanças na sociedade,

oportunizando aos alunos da classe trabalhadora a luta por um espaço no

mundo contemporâneo no qual estamos inseridos. Nesse contexto, o papel do

professor de História é fundamental, exigindo dos profissionais que atuam em

sala de aula planejamento, conhecimento, dedicação, compromisso político

com o conhecimento.

Como escreveu Eric Hobsbawm:

Nessa situação os historiadores se vêem no inesperado papel de atores políticos. Eu costumava pensar que a profissão de historiador, ao contrário digamos, da de físico nuclear, não pudesse pelo menos, produzir danos. Agora sei que pode. Nossos estudos podem se converter em fábricas de bombas, como os seminários nos quais o IRA aprendeu a transformar fertilizante químico em explosivos. Essa situação nos afeta de dois modos. Temos uma responsabilidade pelos fatos históricos em geral e pela crítica do abuso político-ideológico da história em particular (HOBSBAWM 1998, p.17-18).

Nesse sentido, o professor de História tem uma grande

responsabilidade na formação da consciência histórica de seus alunos,

responsabilidade da qual não pode se furtar, pois as escolhas que se faz

enquanto professor de História podem ser determinantes para sua vida e do

Cristiane Salete Bozza Galvão

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seu aluno, partindo-se do princípio de que estas escolhas contribuem para a

construção de visão de mundo de ambos.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Atividade 01( Recomendada para alunos de 7ª e 8ª séries).

QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO:

Olá! Suas respostas às questões abaixo serão importantes para desenvolver

nossas aulas de História.

O objetivo desta atividade é fornecer elementos para que o professor

saiba o que seus alunos pensam, conhecem e as expectativas dos mesmos a

respeito do ensino de História. A partir das respostas o professor poderá

planejar, dinamizar suas aulas e com maior facilidade fazer os recortes de

conteúdos necessários para atingir seus objetivos. E, ainda estará

oportunizando um espaço para que o aluno manifeste seu ponto de vista a

respeito do ensino de História.

1- Você gosta de estudar História?

( ) sim ( ) não

Por que?________________________________________________

2- De que forma você aprende melhor os conteúdos de História? Ordene de 1

a 9 de acordo com sua preferência.

( ) aulas expositivas ( ) trabalho em grupo ( ) leitura oral

pelos alunos

( ) leitura oral pelo professor ( ) elaboração de resumos

( ) questionários ( )filmes ( ) pesquisa e debate

Cristiane Salete Bozza Galvão

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( ) diálogo e problematização dos conteúdos

( )outros__________________________

3- Você estuda, pesquisa, lê sobre conteúdos de História somente na Escola?

( )sim ( ) não

4- Que conteúdos de História você gostaria de aprender e que você considera

importantes para sua vida?

5- Na sua opinião, para que servem os conteúdos de História?

____________________________________________________________

____________________________________________________

6- Para você o que é História?

____________________________________________________________

___________________________________________________

Atividade 02 (Recomendada para alunos de 5ª a 8ª séries)

ENTREVISTA

A entrevista deve ser realizada com pessoas com mais de 65 anos de idade,

residentes no município ou região onde vive o entrevistador (alunos de

5ª a 8ª série do ensino fundamental).

Esta entrevista deve ser realizada com o objetivo de levar os alunos a

desenvolver a curiosidade, o gosto pelos acontecimentos que envolveram

e envolvem a comunidade em que vivem, fazer-se de pequeno historiador,

pesquisador. É uma forma de desenvolver o gosto pelo estudo de História.

Após a realização da entrevista os alunos deverão compartilhar com seus

Cristiane Salete Bozza Galvão

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colegas a experiência e se for do interesse do professor convidar alguns

entrevistados para participar da aula.

1- Nome do entrevistado.

2- Local de nascimento.

3- Data de Nascimento.

4- Profissão.

5- Há quanto tempo reside no município, cidade ou região?

6- O (a) senhor (a) gosta de viver aqui? Como era antigamente?

7- O (a) senhor (a) lembra de algum acontecimento importante que

ocorreu há 50 anos? Poderia contar para que possamos conhecê-lo?

8- O (a) senhor (a) gosta de contar, relembrar fatos que ocorreram na sua

época de juventude? Por quê?

9- De todas as mudanças que ocorreram nesses 50 anos quais o (a)

senhor ( a) considera mais importantes?

10-O (a) senhor (a) freqüentava a escola? Tinha aula de História?

11-Se sim: Como eram as aulas de História? O que vocês estudavam?

12-Se não: O (a) senhor (a) aprendia sobre assuntos de História? De que

forma?

13- O (a) senhor (a) gosta de ouvir ou falar sobre História?

14- O (a) senhor (a) acha importante estudar História? Por quê?

15-O (a) senhor (a) gostaria de ir na escola relatar suas experiências?

Atividade 03 (Recomendada para alunos de 7ª e 8ª séries)

CLIP de MÚSICA

Esta atividade será realizada com a letra e clip da música: ADMIRÀVEL

GADO NOVO de Zé Ramalho, disponível em <http://www.youtube.com/watch?

v=WVJ0NtEVLro>. A música foi gravada pela primeira vez em 1979, ainda em

vinil.

Cristiane Salete Bozza Galvão

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O objetivo desta atividade é refletir a respeito de que sociedade

vivemos e de que sociedade queremos e percebermos que não podemos

mudar o mundo,mas podemos fazer nossas escolhas com maior competência

e seriedade, tendo em vista o bem comum e a justiça.

“Vocês que fazem parte dessa massa

que passa nos projetos do futuro

é duro tanto ter que caminhar

e dar muito mais que receber.

E ter que demonstrar sua coragem

à margem do que possa parecer

e ver que toda essa engrenagem

já sente a ferrugem te comer.

Eh!..ô..ô...vida de gado

povo marcado e povo feliz.(...)”

1- Apresentar a música para os alunos.

2- Fazer a leitura individual da letra.

3- Compartilhar com o grupo o que cada um entendeu da música.

4- Assitir ao clip da música disponível no endereço eletrônico acima.

5- Retomar a discussão da letra destacando: “Vocês que fazem parte dessa

massa”, “vida de gado”, “e ver que toda essa engrenagem já sente a

ferrugem te comer”, “povo marcado, povo feliz”.

6- Em grupo, elaborar um painel ilustrando os versos da música com figuras,

desenhos, fotografias, palavras, dando sua interpretação expondo num

local visível para todos.

7- Produzir um texto a partir da seguinte idéia: Se nos assumirmos como

sujeitos da História, podemos deixar de ser “gado novo”? de ser “massa”?

Justifique.

8- Sugerir que os alunos pesquisem outras músicas de Zé Ramalho entre

elas: O meu País.

Cristiane Salete Bozza Galvão

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IMPORTANTE: Analisar o contexto histórico no Brasil no final da década de 70

e a origem do cantor e compositor Zé Ramalho.

Atividade 04 (Recomendada para alunos de 7ª e 8ª séries)

TEXTOS

O objetivo desta atividade é refletir que fazemos parte do mundo em que

vivemos, e, que todas as decisões tomadas por pessoas que vivem nesse

mesmo tempo e espaço nos afetam e, ainda que, para viver e/ou sobreviver

dependemos uns dos outros, das relações que se estabelecem entre todos

nós.

TEXTO 1

A toda hora rola uma história

Que é preciso estar atento

A todo instante rola um movimento

Que muda o rumo dos ventos.

Paulinho da Viola,”Rumo dos ventos”

TEXTO 2

“Cem vezes por dia eu me lembro que minha vida interior e minha vida

exterior dependem do trabalho que outros homens estão fazendo agora.

Por causa disso, preciso me esforçar para retribuir pelo menos uma parte

dessa generosidade - e não posso deixar nenhum minuto vazio.”

Albert Einstein

(Extraído do Livro Como obter sucesso em sala de aula? 2002, p 101)

1- Formar duplas e distribuir os textos.

2- Ler os textos e discutí-los, em duplas.

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3- Responder: O que vocês entenderam dos versos:

A toda hora rola uma história

Que é preciso estar atento.

4- Vocês concordam com a expressão do Texto 2:” minha vida interior

e minha vida exterior dependem do trabalho que outros homens estão fazendo

agora.” Comentem.

5- Discutam os textos e analisem as semelhanças e as diferenças no discurso

de ambos, lembrando que o texto 1 foi escrito por um artista e o texto 2 por

um cientista.

6- Após a conclusão do trabalho das duplas, apresentar para o grupo.

7- O professor deverá fazer o fechamento da atividade retomando a

discussão do homem sujeito da História e ainda levar para a sala de aula

situações, fatos, decisões políticas e econômicas que independente de

nossa vontade afetam a nossa vida.

REFERÊNCIAS

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CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1987.

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Cristiane Salete Bozza Galvão

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SUGESTÕES DE LEITURA

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Cristiane Salete Bozza Galvão