O Ensino de Sociologia Na Escola Secundária Brasileira

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    1/10

    l .Quanto ao Japo; de t ~ b l h o ~ iniis minuciosos, de ser citado Jules Henry, que, em "Cultural Discontinuityand the Shadow of the Past (Sienti fio M onthly} maro de1948, pginas 248-154), salienta a alterao dos costumes einstituies em conseqncia somente da adoo dos mtodosocidentais da indstria. O direit.o, em. tais casos, no opera

    a mudana, limitando-se a emprestar a coero s mudanasintroduzidas.. As leis jurdicas no tm objeto prprio, podendo constituir contedo dessas normas quaisquer matrias, como odiz com propriedade William Seagle, em The Quest for LO W:the law is the one art which, unfortunately, has no subjectmatter of its own" (Pg. X). Assim, qualquer assunto podeser regulado pela legislao, inclusive, tambm, reformastecnolgicas, como a criao da usina de Volta Redonda ea TVA, por fra de lei. As modificaes tecnolgicas, jse lembrou o caso do Japo, podem, por sua vez prvocar

    alteraes de costumes, parcialmente previsveis, com certaprobabilidade, que, para maior eficincia, podero usar acoero organizada. Dste sucinto raciocnio conclui-se quea lei jurdica poder, em tais casos, inovar alm do mbitocultural restrito, em casos em que ela provoca a modificaomaterial.

    Concluindo e para discusso, a fim de oportuna ampliao, afirmo :a) - a lei jurdica normalmente no inova, limitando-se por via de regra, a emprestar a fra coercitiva organizada aos costumes existentes;b) - consegue inovar, as suas prprias instituies, semausncia de dificuldades, para ajust-las a mudanas ocorridas em outros setores da vida social ;c) - excepcionalmente a lei jurdica tem funo teleolgica mais ampla, quando ela altera aspectos materiais outecnolgicos, que venham a produzir mudanas sociais, parcialmente previsveis.

    l

    rI IIIljIII

    IJJI

    i'1

    O ENSINO DA SOOIOLOGIA NA ESOOLASJ JOUNDRIA BR SILEIRFLORESTAN FERNANDES

    A questo de se saber se a sociologia deve ou no serensinada no curso secundrio se coloca entre os temas demaior responsabilidade, com que precisam se defrontar ossocilogos no Brasil. Os intersses profissionais alimentama presuno de que seria uma medida prticamente importante e desejvel a introduo da sociologia no currculo daescola secundr ia brasileira. Admite-se que as oportunidades docentes concedidas aos licenciados em cincias sociaisso demasiado restritas. A ampliao do sistema de matrias do ensino secundrio permitiria garantir uma absororegular ou permanente dos licenciados nesse setor e garantiria s seces de Cincias Sociais das Faculdades de Filosofiauma certa equivalncia com as demais seces, no que concerne motivao material dos alunos, que procuram essasFaculdades porque pretendem dedicar-se ao exerccio do magistrio secundrio e normal. Tais intersses so natural mente legtimos. Nas condies brasi leiras, quase impossvel estimular o progresso das pesquisas sociolgicas semque se criem perspectivas de aproveitamento real de mo-de-obra especializada. Contudo, a questo nem mereceria serdiscutida, se somente pudesse ser encarada luz dos intersses profissionais dos socilogos, por mais nobres e louvveis que fssem os seus fundamentos ou os efeitos que dlespoderiam advir.Os estudos que foram feitos pelos especialistas sbreessa questo demonstram que, para os socilogos, o ensinoda sociologia no curso secundrio representa a forma maisconstrutiva de divulgao dos conhecimentos sociolgicos e

    9

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    2/10

    um .meio ideal, por excelncia, para atingir 'as funes quea cincia precisa desempenhar na educao dos jovens navida moderna. A difus.o .dos conhecimentos sociolgicospoder ter importncia para o ulterior desenvolvimento da sociologia. Mas, o que entra em linha de conta, no raciocnio dos especialistas, no sse aspecto pragmtico. Salienta-se, ao contrrio, que a transmisso de conhecimentossociolgicos se liga necessidade de ampliar a esfera dosajustamen tos e contrles sociais conscientes, na presente fasede transio das sociedades ocidentais para novas tcnicasde organizao do comportamento humano. As implicaesdsse ponto de vista foram condensadas por M:annheim soba epgrafe - do costume s ciBncias sociais e formuladasde uma maneira vigorosa, com as seguintes palavras: "Enquanto o costume e a tradio operam, a cincia social desnecessria. A cincia da sociedade emerge quando e ondeo funcionamento automtico da sociedade deixa de proporcionar ajustamento. A anl ise consciente e a coordenaoconsciente dos processos sociais ento se tornam necess-s" 1 O d ' a . ensmo as c1 nCias sociaiS no curso secundrioseria uma condio natural para a formao de atitudes capazes de. orientar o comportamento humano no sentido deaumentar a eficincia e a harmonia de atividades baseadasem uma compreenso racional das relaes entre os meios eos fins, em qualquer setor da vida social.

    Os Temas l t ~ o c l i z d o s no BrasilVrios especialistas procuraram discutir sse problemano Brasil. Aqui no seria possvel examinar t das as contri.buies que mereceriam considerao. Por isso, selecionamos alguns trabalhos, que ilustram possibilidades intelectuaisdiferentes de focalizao do mesmo tema. Em primeiro lugar,

    1. K MANNHEIM, Freeom, Power an Democratio PZanningOxford University Press, N York, 1950 (Part III, passimj c i t a ~extrada da pg, 175).9

    I.II

    1I

    I

    II'l

    esto as questes que permitem delimitar as funes porassim dizer universais do ensino da sociologia. Em tdas associedades modernas, que foram afetadas pela formao oupela expanso da economia capitalista, tais questes se co-locam inevitvelmente. Os educadores foram os pioneirosna apresentao e no exame dessas questes no Brasil, poisforani les os primeiros a chamar a ateno para as possibilidades da educao em face das alteraes das condiesde existncia social. A idia de preparar as geraes novaspara uma civilizao em mudana" tornou-se uma receitade considervel disseminao. Contudo, coube a Emilio Willems, atravs de artigos e de publicaes esparsos, proporproblemas dessa ordem com maior espirito de exatido cientfica. lnle no s contr ibuiu para abrir novas perspectivas, em nosso meio intelectual, para o debate da significaodo ensino das cincias sociais, quanto para assinalar certasesferas em que uma interveno racional, com apoio emconhecimentos antropolgicos e sociolgicos obtidos empiricamente, poderia favorecer a mudana de determinadas atitudes em um sentido desejvel. No que concerne funogeral do ensino das cincias sociais em um sistema educacional que o comportasse, o ponto em que insiste o relativos condies de vida poltica nas sociedades democrticas.Elas exigem capacidade pronta de escolha e de ajustamentorpido a situaes extremamente instveis, o que torna necessrio um adestramento educacional prvio para o exercciocontinuo do espirito critico com base no conhecimento histrico-sociolgico do meio social ambiente 2 Quanto oportunidade de influenciar deliberadamente os ajustamentossociais, Emilio Willems se dedicou especialmente aos resultados previsveis da manipulao de tcnicas de adestramentoe de educao em determinados setores, como o das populaes alems ou tento-brasileiras no su l do pais e o das populaes caboclas; tendo em vista introduzir maior uniformidade sociocultural na sociedade brasileira como um todo e

    2 Essas idias foram desenvolvidas em artigos publicados emO Estado de So PauZo91

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    3/10

    um mnimo de integrao social nas diversas aglomeraeshumanas regionais 8, . Com referncia t definio das funes universais dasociologia no sistema educacional, merecem uma refernciaespecial alguns trabalhos agrupados no usymposium sbre. o JJJnsVn o d Sociologia e Etnologia 4, no qual est naturalmente subjacente a considerao das possibilidades e u ~cativas do professor de sociologia no Brasil. As idias dosautores ocorrem em planos difere:n,tes de apreciao do problema, pois uns retm aquelas funes no seio do ensinosecundrio, enquanto que outros se restringem s mesmas noensino superior. Os seguintes excertos oferecem um exemplo da uniformidade que, no obstante, foi alcanada espontneamente na discusso da questo que nos interessa : 1)0 estudo e o ensino da sociologia decorrem, a nosso ver, dosprincpios gerais afirmados acima. O seu escopo deve ser,antes de tudo, munir o estudante de instrumentos de anliseobjetiva da realidade social; mas tambm, complementarmente, o de sugerir-lhes pontos de vista mediante os quaispossa compreender o seu tempo, e normas com que poderconstruir a sua atividade na vida social 11 ; 2) De tdas,a preocupao comum - e sse o escopo do ensino dasociologia na escola secundria - estabelecer um conjunto

    de noes bsicas e operativas, capazes de dar ao aluno umaviso no esttica nem dramtica da vida social, mas quelhe ensine tcnicas e lhe suscite atitudes mentais capazes delev-lo a uma posio objetiva diante dos fenmenos sociaisestimulando-lhe o esprito crtico e a vigilncia intelectuaque so social e psicologicamente teis, desejveis e recomen-3. Cf. Assimilao e Populaes Marginais no Brasil Comp. EdNac., S. Paulo, 1940; Aculturao dos Alemes no Brasil Comp. Ed.Nac., S. Paulo, 1946; o Problema Ruraz Brasileiro do Ponto de VistaAntropoZgico Secr. da Agric. Ind. e Com. do Estado de S. Paulo1944:; Assimilao e Educao In Revista Brasileira de Estudo;Pedaggicos Vol. IV, N.' 11, 1945, pgs. 173-181.4. Cf. Sociologia Vol. XI-N.' 3, 1949.

    p g ~ N T N i o CNDIDO Sociologia; Ensino e Estudo , in rev. cit.,9

    ' "l'''iI).Iil

    dveis numa era que no mais .de mudana apenas, masde crise, crise profunda e estrutural 6 ; 3) Tendo como seuobjetivo permanente, a natureza humana, a cincja do socialtraz uma contribuio importante s relaes humanas, facilitando a compreenso e a tolerncia, polindo as arestas,suavizando os conflitos entre os indivduos, por isso mesmoque lhes abre os olhos para as suas causas. A sociologiaconcorre para uma racionalizao do comportamento humano - na medida em que ste pode ser racionalizado 7 ;4) O principal objetivo da difuso da Cincia da Sociologia, como o da difuso de qualquer outra cincia, a compreenso, por parte do homem, da natureza. Especialmenteprecisa le de uma compreenso da natureza h UII IUJ,na e daatuao dos processos sociais, de modo que possa acomodar-secom xito a essa parte da realidade e assim conseguir aomenos certo grau de contrle sbre ela'' 8 ; 5) Em qualquer caso, no nvel secundrio, normal ou universitrio, abase etnolgica torna-se cada vez mais necessria para acompreenso do homem e desenvolvimento das cincias quedle se ocupam 9 Idias semelhantes foram defendidas peloautor desta comunicao, mas de um modo restrito: astransformaes ocorridas nas sociedades modernas substituram largamente os ajustamentos sociais baseados no conhecimento pessoal ntimo e em normas estabelecidas pela tra. dio por ajustamentos sociais baseados em situae es de intersses e em convices sensiveis s flutuaes dos movimentossociais ou aos influxos da propaganda. Dai a necessidadede defender a liberdade e a segurana dos indivduos, atravsde uma preparao educativa susceptvel de adestr-los, espe-

    6. L A. CosTA PINTO, Ensino da Sociologia nas Escolas Secundrias , in rev. cit., pg, 307.7. J. A. Rxos, Contribuio para uma Didtica da Sociologia ,in rev. cit., pg. 315.8 DoNALD PIERSON, Difuso da Cincia Sociolgica nas Escolas , in rev. cit., pg, 325.9. O. DA CosTA EouARoo, O Ensino dos Conceitos Bsicos daEtnologia , in rev. cit., pg. 335,

    93

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    4/10

    -clficamente, para a escolha com fundamento racional. Defato, de esperar-se que a educao pelas cincias sociaiscrie personalidades mais aptas. participa ie das atividadespoliticas, como estas se processam no estado moderno" 10Em segundo lugar, esto as questes relacionadas coma concepo que preside a integrao da sociologia em um

    determinado sistema educacional, em Uin ou mais niveis do ensino. Neste particu lar, a situao brasileira verdadeiramente catica. Um dos artigos j citados 11, demonstra quea posio da sociologia no sistema educacional brasileirooscila de maneira irregular, ao sabor de inspiraes ideolgicas de momento. Mantendo a discusso nos limi tes dasituao atual, em que a sociologia s figura no currculo dasescolas normais, constata-se que h um indisfarvel contraste entre as idias correntes sbre as funes da sociologia como fator educativo e a concepo que alimenta enorteia legalmente a atividade docente dos professres desociologia. Na verdade, o programa vigente restringe ainfluncia propriamente educativa dos professres de sociologia e no situa devidamente os alunos em face dos problemas que precisaro enfrentar futuramente, como professres de escolas primrias, em diferentes t ipos de comunidades,nas quais precisaro viver, desempenhando papeis sociaisfora do campo pedaggico mas de alcance educativo.

    Entre os trabalhos que abordaram sse problema, destacamos os de Paul Arbousse-Bastide e Antnio Cndido.O primeiro faz uma anlise exaustiva e brilhante das diversas alternativas que se colocam, necessriamente, na organizao de um programa de ensino da sociologia na escolasecundria, as quais se refletem em todos os planos possveisde programao da matria, de graduao do treinamento, defixao dos limites de idade e de critrios pedaggicos, deorientao da conduta ativa do professor em face do aluno,etc. Aborda, enfim, questes que, infelizmente, no atraem

    10. F. FERNANDES 0 Significado das Cincias Sociais no MundoModerno", in Filosotia, Oincias e Letras, 13, outubro de 1951, pg. 98.11. L. A. CosTA PINTo, art. clt., pgs. 296-303.

    9

    a devida curiosidade em nosso meio e caem na esfera dafilosofia da educao propriamente dita. Dai a fra queganham certas idias, que precisam ser includas no repertrio dos que discutem a convenincia de introduzir a sociologia no ensino secundrio. O ensino secundrio fo rmat-ivo por excelncia; le no deve visar a acumulao enciclopdica de conhecimentos, mas a formao do esprito dosque os recebem. Torna-se, assim, mais importante a maneirapela qual os conhecimentos so transmitidos, que o contedoda transmisso. Entre o ensino de teorias em conflito oude orientaes dogmticas na sociologia e "os estudos verti-cais de uma sociedade dada", Arbousse-Bastide preferia ossegundos, por abrirem aos jovens caminhos mais frutferosde conhecimento da realidade social 12 O trabalho de Antnio Cndido abre uma pista fecunda: seria conveniente esclarecei a que inspirao se prende o ensino da sociologia.Esta pode ser encarada de maneiras diferentes (como pontode vista, como tcnica social e como cWrwia partiaul(llf ) eseria de tda convenincia, para a orientao do prprioensino da matria, definir com clareza o nvel em que areflexo sociolgica considerada ou desenvolvida. penaque o autor no tenha examinado as implicaes de seu modode colocar o problema, pois le sugere um bom ngulo parase delimitar a posio da sociologia nos diferentes nveis doensino 13

    Em terceiro lugar, esto as questes que permitem evidenciar as funes por assim dizer especificas, que aconselhariam a incluso da sociologia no currculo da escola secundria brasileira. As opinies entre os socilogos estodivididas. Tanto h os que defendem a introduo da sociologia na escola secundria (mais precisamente : nos programasoficiais do colgio), quanto os que repelem categoricamenteessa soluo. justi ficao de ambas as espcies de deci-

    12. PAuL AnnoussE-BASTIDE L JJlnseignement de Za SocioZogie dansZes lcoZes Secondaires, conferncia; exemplar datilografado em poderdo autor.l3. ANTNIO CNDIDO of. art. cit

    95

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    5/10

    ses feita no plano das idias e das convices de ordemgeral; ningum tentou fundamentar sociologicamente asrazes da prp ria opinio. Somente Costa Pinto abordoualguns aspectos do problema, ao assinalar os motivos dasflutuaes da sociologia na escola secundria brasileira 14Segundo os resultados. de sua anlise, a animadverso dalegislao vigente ao ensino das cincias sociais um dosseus caractersticos centrais , atestando que a difuso denoes cientificas sbre a organizao econmica, social, politica e cultural, menosprezada como objeto de instruoe quase temida como instrumento de educao .Neste ponto, somos levados a supor que seria da maiorconvenincia que se situasse sociologicamente o problema ese procurasse refletir sbre as possibilidades da introduoda sociologia no ensino secundrio brasileiro luz de argumentos fornecidos pela prpria anlise sociolgi {a. Talvezse possam apontar algumas limitaes em tal orientao.Questes dessa complexidade nunca devem ser consideradasem trmos estritos, de dados obtidos atravs de uma disciplina cientfica; alm disso, o caminho para os princpiosgerais, dos quais dependem a prpria organizao de um sistema e a posio que dentro dle devem ocupar as diversasmatrias ensinadas, deve ficar o mais possvel livre, pois cabe filosofia da educao e politica educacional estabelec-los e p-los em prtica. De qualquer modo, os dados oferecidos pela reflexo sociolgica constituem, no caso, osmais legtimos pontos de partida para as decises que precisam ser tomadas nessa esfera da politica e da administrao.

    Diagnstico da Situao BrasileiraDo ponto de vista prtico, a questo de se saber se asociologia deve ou no ser includa no currculo oficial daescola secundria brasileira possui a mesma natureza que

    14. L. A. CosT PINTo, loc. clt., Trechos ~ t r d o s das pgs.296-297.9

    qualquer outra questo, relativa s possibilidades de introduzir-se determinada inovao dentro de um sistema dado.Quando o socilogo se prope uma questo desta ordem, lecomea pela anlise do sistema existente de fato, no qualse pretende introduzir a inovao. Depois, passa para umaanlise mais complexa, em que o sistema considerado emrel.o com as condies scio-culturais que o suportam. E,por fim, chega anlise dos efeitos presumveis da inovao . tendo em mira o grau de integrao estrutural e aso n ~ i e s de funcionamento do sistema, como uma unidaderelativamente autnoma e como um complexo de relaesdependentes no seio de unidades maiores. Embora seja impossvel seguir aqui, rigorosamente, sse procedimento metdico, achamos que nos devemos inspirar nle, na apresentao sumria de nossas reflexes e sugestes.

    O ensino secundrio preenche no sistema educacionalbrasilei ro uma funo educativa auxil iar e dependente. Seuobjetivo consiste em preparar os educandos para a admissonas escolas de nvel superior. Por sua natureza e por seusfins, tem sido descrito como um ensino aquisitivo , de carter humanstico-literrio, de extenso enciclopdica e deao propedutica, mais prso tradio dmtic herdadado passado, que s necessidades intelectuais impostas pelopresente 15 Doutro lado, a anlise sociolgica ps em evidncia as contradies que se agitam em seu seio e demonstrou que elas no so ainda suficientemente profundas paraproduzirem a neutralizao de influncias nascidas da antigamentalidade educacional e de intersses ultraconservadores 16Os efeitos de tais contradies, que estabelecem, segundoFernando de Azevedo, um contraste vivo entre duas pocase duas histrias inversas nas tendncias de evoluo doensino mdio no Brasil, se revelam no cerceamento das tentativas recentes de renovao pedaggica, as quais, apesar de

    15. Of. FERNANDO DE AzEVEDO, A ouztura Brasileira 2. ed., Oom.Ed. Nac., S. Paulo, 1944 (Parte III, caps. III-V; esp, pgs. 367-368.370, 375-376, 378-379, 394, 413-414, 429-430).16. Idem.

    97

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    6/10

    seu alcance construtivo, no tm conseguido por isso atingiros seus fins e ganhar um mnimo sequer de continuidade.A posio do ensino secundrio no sistema educacionalbrasileiro permite defini-lo sociologicamente, portanto, comoum tipo de educao esttica , que visa unicamente a conservao da ordem social 7 : claro que essa posio nasceda prpria funo por le desempenhada no sistema educacional geral e ser mantida enquanto ste no fr alteradocomo um todo, em sua estrutura e em seus fins. Doatrolado, tambm parece evidente que a persistncia da velhamentalidade educacional e a influncia dos crculos sociaisque a sustm se explicam, sociologicamente, pelo fato dastradies e de instituies sociais como a familia ou aigreja manterem ainda uma parte considervel de sua atividade educativa. As regies do pais em que isso no acontece, apesar de altamente populosas e econmicamente importantes, abrangem uma rea territorial relativamente pequena, em face das regies em que a vida social est maisprxima do padr o antigo. Mas, em conseqncia, se estabelece uma vinculao muito forte entre a defesa da estabilidade do sistema educacional brasileiro e as concepesou os intersses educacionais que orientam as intervenespolticas e administrativas de camadas conservadoras, socialmente poderosas e influentes. Eis o corolrio dessa situao : um ensino mdio s-em possibilidade de tornar-se uminstrumento consciente de progresso social , isto incapazde proporcionar uma educao dinmica'' 18

    No preciso muita sagacidade para se perceber que,mantendo-se as condies atuais, o sistema educacional brasileiro no comporta um ensino mdio em que as cinciassociais possam jogar algum papel. Onde prevalece a opiniode que os ajustamentos sociais proporcionados por meios tra-

    17. Sbre a noo de educao esttica , cf. OH. A. ELLwoovethods n Sociology Duke Unlversity Press, Durham, North CaroUna, 1933, pgs. 170-180.18. Sbre a noo de educao dinmica , cf. Oh. A. ELLWOOD,loc. cit.

    9

    dicionais so satisfatrios, o reconhecimento da necessidadeda educao pelas cincias sociais tem que ser forosamentepequeno. Dada a forma de articulao das escolas secundrias ao ensino superior, o nico critrio que poderia incentivar a introduo das cincias sociais no currculo do ensinode grau mdio o que se baseia nas necessidades impostaspelos estudos universitrios. l:sse critrio, todavia, no podeproduzir efeitos duradores seno onde a. complexidade darde do ensino superior secundada por uma certa convico,garantida por opinies firmemente estabelecidas, de que aaprendizagem das diversas matrias ou especializaes doensino superior oferece dificuldades comparveis. Foi ssecritrio que permitiu a incluso da sociologia no currculodo colgio, transitOriamente, e a razo apontada que favoreceu, do ponto de vista pedaggico, a sua rpida eliminao.O argumento de que certas disciplinas complicam ainda maisa vida escolar dos alunos possua naturalmente uma eficincia muito reduzida, em se tratando de um ensino enciclopdico. Dai o restr ito intersse que pode apresentar, no Brasil,a questo de se saber se possvel, mantendo-se o carterpropedutico do ginsio e do colgio, entrosar orgnicamenteos ensinos de grau mdio e de grau superior. Os critriosfornecidos pela tradio jurdico-literria ou pela noo villgar corrente de que os rudimentos de fsica, qumica e biologia capacitam os alunos para qualquer aprendizagem .ulterior no campo das ((ciencias excluem tda possibilidade desoluo racional. Quando esta puder ser atingida, graas transformao da mentalidade dominante no trato dos problemas pedaggicos, ento ruir a prpria concepo deensino secundrio aquisi tivo e enciclopdico , deixandode existir as razes que poderiam aconselhar a introduodas cincias sociais no currculo do ensino mdio, com fundamento nas exigncias do ensino superior.

    Is-so nos leva a considerar a questo de outro ngulo.Trata-se de saber se o sistema educacional brasileiro se ajusta estrutural e funcionalmente, s condies de existnciasocial imperantes nos tipos de comunidades em que le seintegra. A relativa preservao da antiga mentalidade edu-

    99

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    7/10

    cacional e da posio tradicional do ensino de grau mdio nosistema escolar sugere, desde logo, que algo se manteve quaseinalterado nas relaes escolas secundrias e superiores com as necessidades sociais que satisfazem. Em outras palavras, a conservao do carter aquisitivo, enciclopdico epropedutico do ensino de grau mdio se explica pela conservao do carter jurdico-profissional do ensino superior.A anlise sociolgica demonstra que ste no se alterou substancialmente, quanto sua significao e sua funo sociais.Subsiste, so.b o novo regime republicano, o velho ideal dehomem culto'', que conferia aos diplomas de ensino superior uma qualificao honorfica e dava aos seus portadoresa regalia de exercerem as ocupaes consideradas nobilitantes 19 De modo que as escolas superiores continuam a servircomo canais de asceno social ou, quando menos, como sistema de peneiramento, destinado a selecionar as personalidades aptas para a liderana poltica e administrativa. Emface das transformaes por que vem passando a sociedadebrasileira, de forma varivel conforme as regies do pais,pode-se afirmar que sse um fenmeno de demora culturale social. Procura-se assegurar para o ensino superior uma significao e uma funo que le tende a perder com relativa celeridade, em particular nas zonas onde o desenvolvimento urbano, comercial e industrial mais intenso. Dentrode certas condies de estabilidade, o ensino superior podiarealmente conferir prestigio de fundamento honorifico, operarcomo meio de seleo social dentro de certas camadas econmicamente privilegiadas e, mesmo, servir como instrumentode asceno social de personalidade cuja lealdade para coma ordem social vigente podia ser conhecida e controlada.Mas, quando essas condies de estabilidade deixam de existir como passou a acontecer nos grandes ncleos urbanos apartir da segunda dcada dste sculo (atravs principalmente da chamada democratizao do ensino ), bvio quea preservao de antigos critrios de avaliao s pode nascerde acomodaes transitrias de intersses sociais ou de equi-

    19. Cf. FERNANDO DE AzEVEDO, op. clt., esp. pgs. 375-376.1

    vocos produzidos pela fra das tradies. Chega-se por essavia a uma concluso que tem qualquer coisa de paradoxal.Em nome da tradio se mantm todo um sistema educacional arcaico, que est justamente produzindo efeitos que, cedoou tarde, acabaro de solapar a ordem social defendida pelatradio.

    O nico argumento que permitiria justificar sociologicamente o processo educativo desencadeado por sse sistemaeducacional o que diz respeito aos fins visados. De fato,a seleo e a formao de pessoal apto para o exerccio deatividades de liderana poltico-administrativa e para o desempenho de profisses como a de engenheiro, agrnomo,professor, mdico, advogado, no de somenos importnciapara um pais como o Brasil. Contudo, mesmo que as tendncias atuais de desenvolvimento do sistema educacionalbrasileiro se ampliassem, de modo a incluir nle tdas aspossibilidades de adestramento profissional pela escola e asatisfazer quaisquer exigncias de seleo racional de mode obra especializada ou tcnica, ainda se poderia dizer quetal sistema no corresponderia s necessidades gerais domeio social ambiente. As condies peculiares de formaoda sociedade brasilira exigem muito mais do ensino. :t :steno poder operar como instrumento consciente de progressosocial enquanto no fr organizado tendo em vista essascondies - seja para corrigir os seus efeitos negativos, sejapara alter-las em um sentido socialmente construtivo - eas funes dinmicas da escola, em qualquer dos seus nveis,nas comunidades brasileiras rurais ou ur.banas.

    D neste plano que o tema da incluso das cincias sociaisno currculo do ensino mdio precisa ser examinado. Existem certas necessidades gerais, inerentes vida social nassociedades civilizadas contemporneas, que recomendam a introduo das cincias sociais na escola secundria. A pedagogia moderna nasceu sob a inspirao, que no foi inventada pelos socilogos, de que impossvel form o homempara viver nessas sociedades sem desenvolver. adestramentoscomplexos dentro de uma ampla rea dos conhecimentoscientficos sbre os mveis psicolgicos e scio-culturais do

    1 1

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    8/10

    comportamento humano. Para os especialistas brasileiros,.:Porm, essas razes de ordem geral possuem uma importnciasecundria. Elas correspondem a situaes e a processosque se reproduzem na sociedade brasileira de forma mitigada ou que se localizam, dentro dela, em determinadasreas sociais. O mesmo no se pode dizer de situaes eprocessos inerentes sociedade brasileira, em seu estado.atual, os quais: exigem, por outras razes que no aquelas,um ensino capaz de orientar dinmicamente o processo educativo. l J evidente, mesmo, que a educao no poder preencher idnticas funes construtivas seno em paises econmica e socialmente subdesenvolvidos. Em suma, ns contamos com a oportunidade de utilizar certos conhecimentoscientficos para a soluo de problemas que estiveram, emoutros pases mais adiantados, nas prprias razes materiaise morais' da constituio das cincias sociais.

    No podemos discutir aqui nem as implicaes dessamaneira de encarar o assunto, nem os dados empricos emque ela repousa. Por isso, escolhemos um pequeno exemplo,que permitir ilustrar o alcance e a solidez da afirmao.l J sabido que o processo de desenvolvimento da conscinciade afiliao nacional e das obrigaes polticas resultantestem sido prejudicado, no Brasil, pelas condies sociajs emque se processaram a desagregao do regime servil, a instaurao da democracia pelo regime republicano e federativo,a formao das classes sociais e a organizao dos partidos.No decorrer de 65 anos de poltica republicana, as camadassociais que se achavam afastadas do exerccio direto do poderno tiveram oportunidades para compreender que as aesdo Govrno interessam a todos os cidados, afetando-os diretamente em seus intersses e segurana ou indiretamente porempenharem de um modo ou de outro o prprio futuro daNao, como uma comunidade politica. Isso ocorreu principalmente porque na antiga ordem senhorial e escravocrataum amplo contingente da populao no tinha acesso direto

    e responsvel a papis polticos socialmente autnomos eporque nenhuma insti tuio social (inclusive os partidos) ,se incumbiu dos adestramentos polticos que se tornaram1 2

    y

    necessrios para a coexistncia dos "cidados" em uma de-mocracia. A ateno para o fenmeno s surgiu quando severificou que sse estado de coisas comprometia o funcionamento do regime democrtico e punha em risco o futuroda Nao. As solues que se propuseram, entretanto, mesmopor autores que possuam conhecimento sociolgico e histr ico como Alberto Trres e Oliveira Vianna no situaram devidamente a importncia que a escola assumia, porimposio mesma das circunstncias histrico-sociais de formao da sociedade brasileira. Embora a escola no estejaacima do entrechoque dos intersses econmicos e das lutaspolticas, claro que ela poderia ter desempenhado um papelconstrutivo na formao da conscincia cvica dos cidados,contribuindo para criar uma tica de responsabilidade euma atitude de autonomia crtica em face do funcionamentodas instituies polticas ou das injunes personalistas dosmandatrios do poder.

    Para sse fim, poderia concorrer todo o sistema educacional brasileiro. A formao da personalidade constitui umprocesso que no comea na escola e que, portanto, noencontra nela um trmo certo. Da escola primria universidade sse processo se desenrola em continuidade, so-frendo aqui e ali interrupes de sentido ou alteraes doscontedos das experincias, mas se subordinando forma deum crescimento orgnico. Quanto escola secundria brasileira, no difcil perceber-se qual seria a contribuiodas cincias sociais para a formao de atitudes cvicas epara a constituio de uma conscincia poltica defil .ida emtrno da compreenso dos direitos e dos deveres dos cidados.Em um pas diferenciado demogrfica, econmica, culturale socialmente, um adestramento adequado, vivo e construidoatravs de experincias concretas, sbre as condies materiais e morais de existncia, constitui um meio por excelncia de socializao. A questo est em no pr os alunosdiante de "entidades'', de "idias abstratas" ou do "homemem geral". O Brasil contm um nmero suficiente de populaes para que o ensino possa progredir, gradualmente, dosdados do senso comum para as noes gerais e as constru-

    1 3

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    9/10

    .

    es comparativas. uma inovao com ~ s a e alcance contribuiria, por sua vez, para pr um paradeiro estranha anomalia que corri o ensino brasileiro, especialmente do ginsio para cima. Apesar de suas pretenses humansticas, leno forma uma concepo cosmopolita do mundo, porquelhe faltam os elementos slidos de cultura geral, que elapressupe. Apesar de ser o veiculo de transmisso do pa" .trimnio cultural no s de uma civilizao, mas de umpovo, no f o r t a l ~ e os sentimentos e as convices que resultam da aceitao plena de uma comunidade intersses, deidias, de ideais de vida e de valores existenciais de carter"nacional". Isto porque, desde o passado colonial e imperial,o ensino humanstico sempre representou uma fonte de complexos, de ressentimentos e de atitudes de insegurana dosbrasileiros em face das chamadas "naes cultas''. : :sse ensino elaborou e refinou ({sentimentos coloniais , favorecendoa aceitao expont.nea de critrios de vida intelectual e deavaliao tnico-cultural que educavam os brasileiros a sesubordinarem aos centros culturais estrangeiros ou aos seusrepresentantes.

    Duas oonseqncias decorrem dessa exposio sumria.Primeiro,. a incluso da sociologia no currculo da escolasecundria brasileira possvel. Mantendo-se as condiesatuais do sistema educacional brasileiro: com fundamentonas exigncias da diversificao do ensino superior. A criao de novas faculdades, em que o ensino de matrias comoa filosofia, a histria, psicologia, a economia, a antropologia, a politica, a sociologia, etc., feito regularmente, tornaessa necessidade real. Mas, isso seria pouco frutfero, tendo-se em vista os fins propriamente formativo da educaopelas cincias sociais. Ou, alterando-se as condies atuaisdo sistema educacional brasileiro, em sua estrutura, em seufuncionamento e na mentalidade pedaggica dominante: comfundamento na convenincia prtica de reforar os processosde socializao operantes na sociedade brasileira. sta seria a soluo ideal, tendo-se em vista que o ensino das cinciassociais na escola secundria brasileira se justifica como umfator consciente ou racional de progresso social. Segundo,

    1 4

    . iJ:f

    iITI'

    f j \

    ;

    na discusso dessa questo o socilogos no podem se isentardo exame aberto de outros temas, que seriam evitveis emuma considerao geral do assunto. ntre sses temas, doisadquirem relvo expressivo. De um lado,. qualquer que sejaa razo que fundamente a incluso das cincias sociais nocurrculo do ensino de grau mdio no Brasil, impraticvela preservao de tcnicas pedaggicas antiquadas. m particular, conviria intervir, concomitantemente, nas condiesque do a sse ensino um carter "aquisitivo". De outro,a idia de introduzir inovaes no currculo da escola secundria brasileira ganha outra significao, quando examinada luz da prpria influncia construtiva da e d u c a ~ opelas cincias sociais em um pais em formao, como oBrasil. Aos argumentos apresentados, ser ia possvel acrescentar que sse ensino possui um intersse prtico-especifico,que hoje ainda no evidente. que le poder contribuirpara preparar as geraes novas para manipular tcnicasracionais de tratamento dos problemas econmicos, politicos,administrativos e sociais, as quais dentro de pouco tempo,presumivelmente, tero que ser exploradas em larga escalano pais.

    Sugestes P'f'ticasA discusso desenvolvida no tem por objeto impor certassolues ou um ponto de vis ta pessoal. Ao contrrio, elanasceu do desejo de procurar um debate mais profundo doassunto, aproveitando a experincia dos demais especialistas brasileiros. Por isso, seria possvel reunir suas conseqncias prticas em alguns tpicos, na forma de perguntas,em que se deveria concentrar, no momento, a ateno critica dos especialistas interessados e a busca das soluesmais adequadas. : :sses tpicos podem ser reduzidos, conceptualmente, ao seguinte:1) Quais so as funes que o ensino da sociologia podepreencher na formao da personalidade e que razesde ordem geral aconselham a incluso da matriano currculo do ensino de grau mdio?

    1 5

    .

  • 8/12/2019 O Ensino de Sociologia Na Escola Secundria Brasileira

    10/10

    2) A que concepo deveria se subordinar o ensino dasociologia nos diversos graus de ensino, inclusive no secundrio?. A definio clara da concepoapresenta a maior import.ncia terica e prtica, .pois dela depende a relao a ser estabelecida entremeios e fins na educao.3) Porque se deve desejar a introduo da sociologiano ensino secundrio brasileiro: a por causa dasexigncias dos cursos universitrios, acessveis atualmente, que pressupem conhecimentos prvios damatria? b porque preciso criar condies plsticas de formao da personalidade e de preparao

    para a vida na sociedade brasileira?4) Quais so as funes que o ensino da sociologia est em condies de preencher atualmente na escola se-. cundria brasileira e em particular, em que sentido poder contribuir para alterar o sistema edu

    cacional brasileiro, de modo a fazer com que aeducao se torne um instrumento consciente deprogresso social nos diferentes meios sociais emque se integra no Brasil?5) Quais so as alteraes de ordem pedaggica, queseriam aconselhveis, tendo-se em vista as condiesde integrao estrutural e de funcionamento da es-cola secundria brasileira, para que o ensino dasociologia possa preencher as funes assina.ladas?6) Quanto ao alcance das inovaes, com fundamentosociolgico : a o ginsio comportaria ou no uma

    disciplina com o nome de UJJJlemen tos e OienciasSoaiais onde deveria ser localizada ta.l disciplina;e qual seria seu contedo ideal?; b) o colgiodeveria voltar a possuir uma estrutura mais flexvel, na qual se introduzisse, convenientemente, oensino especial de matrias como a psicologia, aeconomia e a sociologia, ou seria aconselhvel manter uma disciplina unificada, como um curso maisadiantado de u o i ~ n i s Soaiais ?1 6

    1. Ii 1f

    l

    II

    DU S EXPJJJRICNOIAS NO ENSINOD SOOIOLOGIA

    0RACY NOGUEmA

    No curso de bacharelado da Escola de Sociologia e Politica de So Paulo, o ensino da Sociologia, como o das demaisdisciplinas fundamentais, est organizado numa seqnciade programas que incluem o de introduo e os de diferentes setores de especializao do respectivo campo sendocada programa ministrado no decorrer de um semestre letivo em duas aulas semanais. Os programas da seqnciaesto distribudos, sem simultaneidade, da primeira quartasrie do bacharelado. Assim, a seqncia'' de Sociologiacompreende: Introduo Sociologia,' no primeiro ano; Organizao Social, no segundo; Desorganizao Socia.I no terceiro; Comportamento Coletivo, no terceiro; Psicologia Social,no qua rto ; e Pesquisas Sociolgicas no Brasil, igualmenteno quarto ano.Desde antes de 1948 vimos dando, no curso de bacharelado, alm do programa de Mtodos de Pesquisa Social ,colocado fora da seqncia'' de Sociologia, o de Introduo a esta disciplina. A partir de 1948, com o desdobramento do programa de Organizao e Desorganizao Socia.l , que v inha sendo dado pelo Prof. Emilio Willems,ficamos incumbidos da parte relativa DesorganizaoSocial hem como dos programas de Comportamento Coletivo e Pesquisas Sociolgicas no Brasil , o ltimo introduzido em 1951.

    O objetivo do presente trabalho expor o que nos parece mais significat:lvo da experincia que vimos colhendo,pela atividade didtica, com referncia aos programas. deDesorganizao Social e Pesquisas Sociolgicas no Brasil .1 1