Upload
others
View
5
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
214
O ENSINO DO GÊNERO CONTO DE TERROR: UMA PROPOSTA DE
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Caio Castro1
RESUMO
Neste artigo, descrevemos a elaboração de uma sequência didática (DOLZ; NOVERRAZ &
SCHNEUWLY, 2004) para o ensino do gênero textual conto de terror. Essa atividade de extensão se materializou
através de uma oficina de escrita e de leitura, da qual participaram estudantes do ensino médio. Os resultados
permitiram perceber que há uma carência por atividades que envolvam gêneros textuais diferentes daqueles que
tradicionalmente costumam aparecer no currículo escolar. A análise dos textos (KOCH, 2003; MARCUSCHI,
2008) também nos permitiu perceber que os participantes conseguiram internalizar a sequência narrativa
(GOTLIB, 1985; GANCHO, 2008; TODOROV, 2006) do conto de suspense e manipular os elementos da narrativa
próprios desse gênero.
Palavras-chave: sequência didática; conto de terror; escrita criativa; ensino de produção textual.
1 INTRODUÇÃO
A leitura e a escrita são, no Brasil, práticas que vivenciam constantes crises; desde
tempos anteriores (LAJOLO, 1997), são um problema na sociedade brasileira, uma vez que
poucos tinham acesso à formação escolar. Esse privilégio de classe ajudou a distinguir no Brasil
ricos e pobres, brancos e negros, homens e mulheres, por exemplo. Não é, portanto,
surpreendente que ainda hoje haja reflexos na disparidade social e no comportamento dos
grupos de indivíduos. Um grupo que manifesta essa característica é o dos adolescentes e
crianças de classes mais baixas, que, em geral, têm pouco incentivo familiar à leitura e difícil
acesso a equipamentos culturais que disponibilizem livros de graça. A escola é ainda, para
muitos, o único ponto de contato com o universo literário, pois, conforme afirma Bamberger
(2010: 20), “a leitura está intimamente associada às atividades e exigências da escola; concluído
o período de escolarização, elas deixam de ler porque a ‘vida’ agora significa para elas algo
muito diferente da escola”.
A despeito dessa realidade desafiadora, a prática de ensino de literatura tem
1 Professor de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do Centro Federal Celso Suckow da Fonseca (CEFET-
RJ). Doutor em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
215
demonstrado, sobretudo no ensino médio, dificuldade em fomentar o interesse e motivar os
alunos a lerem. Em geral, as aulas de literatura são conduzidas por meio de uma historiografia
literária, com longas explanações sobre as divisões dos autores de literatura brasileira em
períodos diferentes, mas pouco ou nenhum espaço para a leitura dos textos (COSSON, 2018:
21).
Além disso, há pouco incentivo à escrita criativa em sala de aula, sobretudo no ensino
médio, período em que se privilegiam gêneros textuais de áreas acadêmicas, por exemplo.
Sendo assim, os alunos praticam muitos gêneros do domínio instrucional, embora pareça haver
uma diversidade muito maior nos livros didáticos (MARCUSCHI, 2008: 207). Essa lacuna no
ensino de língua poderia ser preenchida com a produção escrita de gêneros de domínios mais
diversos, que promovessem também a interdisciplinaridade, como um jogo que envolvesse
conhecimentos de física ou química, ou um roteiro de viagem que relacionasse conhecimentos
geográficos e históricos de um lugar.
Neste artigo, abordaremos nossa experiência na organização de uma oficina de leitura e
escrita criativa em uma escola pública federal de ensino técnico integrado ao ensino médio. A
partir dessa atividade de extensão2, foram produzidos textos cujo enredo abordava a temática
de suspense ou de terror; a análise deles será feita com base na teoria sociointeracionista da
linguagem (KOCH, 2003; MARCUSCHI, 2008). Os quinze participantes eram alunos do
ensino médio de duas escolas do município de Nova Iguaçu, na baixada fluminense, e possuíam
uma média de idade de 17 anos.
Desenvolvemos, para tal oficina, uma sequência didática que possibilitasse ao aluno (i)
dominar as sequências narrativas que compõem o gênero textual em foco, (ii) ser capaz de
identificar as palavras que devem ser usadas com o objetivo de despertar a tensão e o suspense
necessários no leitor, e (iii) perceber que há uma intencionalidade na produção desse gênero,
que gira em torno de surpreender o leitor.
O artigo encontra-se dividido da seguinte maneira: na próxima seção, apresentamos
alguns resultados teóricos e empíricos de pesquisas que se debruçaram sobre o tema da leitura
e da escrita no contexto escolar brasileiro; em seguida, descrevemos a metodologia elaborada
para a atividade de extensão; e, por fim, analisamos e discutimos os resultados dos textos
escritos, bem como da avaliação feita pelos participantes.
2 Este artigo foi escrito a partir do trabalho desenvolvido pelos bolsistas de extensão Victória dos Santos, Douglas
Barreto e Ana Beatriz Andrade, alunos dos cursos técnicos integrados ao ensino médio do CEFET-RJ.
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
216
2 O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA
Na atualidade, uma época cercada de tecnologia e moldada pela velocidade dos
acontecimentos, a leitura literária acaba sendo deixada de lado pela maior parte das pessoas, já
que é um ato que demanda tempo e dedicação (LINHARES & LOPES, 2010). Entretanto, é
paradoxal que a maior parte dos gadgets e aplicativos que cercam as pessoas requeiram a leitura
– como as mensagens de texto trocadas, as publicações em redes sociais, os memes
compartilhados diariamente, ou as instruções de jogos –, mas tão poucas pessoas, de fato,
desenvolvem o hábito de ler constante e proficuamente. De modo geral, as pessoas se entretêm
muito mais com suas ocupações em celulares, televisões e tablets do que com livros – no
formato tradicional ou digital.
O desinteresse pela leitura é um grande problema, sobretudo, durante a juventude, pois
é exatamente nessa época que o adolescente está começando a analisar e a entender o mundo
em que vive e, por consequência, a formar suas opiniões. A pesquisa Retratos da Leitura no
Brasil (INSTITUTO PRÓ-LIVRO, 2016) indicou que pouco mais da metade da população
brasileira podia ser considerada leitora, ou seja, 56% dos brasileiros (104,7 milhões de 188
milhões de habitantes, em 2015) haviam lido, pelo menos, um livro nos três meses anteriores
ao levantamento. Dentre o percentual de não leitores, os principais motivos para não terem lido
um livro nos 3 meses antecedentes à pesquisa foram: falta de tempo (32%), não gostar de ler
(28%) e não ter paciência para ler (13%). Ainda há dados que indicam que os estudantes têm
mais hábito de leitura do que as pessoas que não frequentam instituições de ensino, o que aponta
o forte vínculo entre leitura e escola. Segundo Gomes (2012: 129), a prática da leitura termina
na saída do indivíduo da escola, pois “o jovem perde a ambiência leitora, o grupo de amigos e
a convivência com os livros”.
Assim, percebe-se que ler no Brasil não é, em geral, um processo habitual, sobretudo no
seio familiar (CUNHA, 2012: 87), o que torna ainda mais importante o papel da escola em
mediar a leitura com o potencial público leitor (BRITO, 2015). Contudo há ainda barreiras a
superar no próprio contexto escolar, como pode ser observado no gráfico a seguir:
Figura 1 – frequência de leitura dos professores da educação básica
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
217
Fonte: FUNDAÇÃO LEMANN, 2015
As informações do gráfico 1 fazem parte de um levantamento realizado pelo portal
QEdu: Aprendizado em foco (FUNDAÇÃO LEMANN, 2015), com base nas respostas do
questionário socioeconômico da Prova Brasil/ INEP 2015. De acordo com o gráfico, 3% dos
docentes nunca ou quase nunca leem livros no tempo livre e 35% o fazem eventualmente. Esses
dados revelam um problema crônico que atinge não só os alunos e sua rede familiar, mas
também o corpo docente, que deveria ser um dos principais atores no incentivo da prática de
leitura literária.
No contexto escolar, a relevância da leitura se deve não apenas ao seu caráter de
entretenimento, mas também à possibilidade de desenvolver o pensamento-crítico dos alunos.
Como foi destacado por Aguiar (2012: 20), com a leitura, é possível considerar alunos que se
tornarão pensadores autônomos, que serão capazes de fazer seus próprios julgamentos e de
tomar suas próprias decisões, ao invés de permitir que outros façam isso em seu lugar.
Além disso, outro fator importante também entra nessa equação: o ensino da escrita. A
sua aquisição tem sido abordada por diferentes vertentes teóricas nas últimas décadas,
sobretudo a partir dos estudos da Linguística Textual, porém sua prática social é ainda restrita
a poucos gêneros e contextos. Embora tenha sido feito um esforço, nas últimas décadas, para
que uma variedade maior de gêneros textuais fosse considerada em sala de aula, muitas vezes
isso esbarra em necessidades mais concretas, como o foco que é dado aos gêneros da área
acadêmica, como o resumo, a resenha crítica, a redação escolar ou a própria prova. Quanto mais
o aluno avança na educação básica, mais o ensino de gêneros textuais se torna utilitarista, pois
são valorizados aqueles que têm um fim específico, como ingresso em uma universidade ou
domínio de gêneros do mundo do trabalho.
Nesse contexto, seria oportuno o ensino de escrita criativa, descompromissada com a
obtenção instantânea de uma recompensa, mas comprometida com o incentivo à prática dos
hábitos de leitura e escrita. Assim, a escrita criativa permite ao aluno uma aproximação com o
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
218
universo da leitura e da escrita, porque eles podem produzir textos com traços de menos
formalidade, além de se tornarem menos resistentes à formação leitora.
3 METODOLOGIA
Tomamos como referencial metodológico o modelo de sequência didática, proposto por
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), que sugerem um instrumento de organização das
atividades de ensino, com o objetivo de prover aos estudantes um procedimento adequado para
conhecer e dominar gêneros textuais diversos com os quais possam ter contato no seu cotidiano.
Para análise dos textos produzidos durante a oficina, foi utilizado o referencial teórico
sociointeracionista que entende o texto como um evento em que dialogam sujeitos sociais para
a ativação de sentidos (KOCH, 2003; MARCUSCHI, 2008).
3.1 COMO SURGIU A PROPOSTA DA OFICINA?
A motivação para a oficina de contos de suspense e terror surgiu de uma pesquisa que
realizamos em duas escolas públicas do município de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro.
Nosso objetivo com o questionário era entender o perfil sociocultural dos estudantes e suas
práticas de leitura e de escrita. Essas duas instituições, uma estadual e a outra federal, atendiam
alunos do ensino médio e tinham um público bastante heterogêneo: a primeira, em geral, tinha
alunos que moravam na mesma região da escola, enquanto a segunda tinha muitos alunos vindos
de outros municípios da baixada fluminense e também da cidade do Rio de Janeiro. A média
de idade dos 64 jovens que responderam ao questionário era de 18 anos e todos cursavam, na
época, o 3º ano do ensino médio. Esses questionários foram aplicados durante o primeiro
semestre de 2018 e a oficina de escrita criativa aconteceu no semestre seguinte.
Um dos resultados que obtivemos com essa pesquisa indicou que apenas 56% dos
alunos acreditavam que sua escola os estimulava a escrever de forma criativa. Como dito
anteriormente, dos alunos que estão no último ano do ensino médio, em geral, são cobrados
gêneros textuais dos domínios instrucional e jornalístico, como o artigo de opinião, a carta
argumentativa, o relatório, ou a redação de vestibular. Em geral, os gêneros dos domínios do
lazer ou da ficção, mais relacionados à possibilidade criativa, são deixados de lado nessa etapa
final da educação básica.
Ainda com relação à escrita, 77% afirmaram gostar de escrever, mas apenas 23% o
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
219
fazem com bastante frequência. Perguntados sobre o que mais gostavam de escrever, os gêneros
do domínio ficcional, como contos e poemas, tiveram destaque, com 31%, seguidos de gêneros
do domínio digital, como textos para redes sociais, com 27%. Nenhum aluno citou os gêneros
textuais com os quais as escolas costumam trabalhar nas séries finais do ensino médio, o que
indica haver um descompasso entre o que eles gostariam de realizar e o que, de fato, a escola
ensina.
Com relação à leitura, 85% dos estudantes afirmaram gostar de ler e 70% haviam lido,
ao menos, três livros no ano em que a pesquisa foi realizada. Os estilos de leitura preferidos são
de narrativas de amor, com 41%, e de suspense e terror, com 22%. Esses dados coincidem com
os enredos dos livros que fazem mais sucesso entre os jovens na atualidade, de acordo com
levantamento feito no site PublishNews3.
Com base nessas informações, elaboramos uma sequência didática (DOLZ;
NOVERRAZ & SCHNEUWLY, 2004) cujo objetivo era despertar nos participantes a prática
criativa da escrita. Além disso, pretendíamos que eles se tornassem hábeis no reconhecimento
e na produção da estrutura narrativa das histórias de terror. Para tanto, foi necessário (i) fazer
com que tivessem contato com textos do gênero conto de terror, tanto orais quanto escritos, e
(ii) perceber a importância da escolha de palavras nesse gênero.
3.2 DESCRIÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Para darmos início à oficina, foi realizada a leitura do conto de terror “Passeio Noturno”,
de Rubem Fonseca. Dispondo os alunos em círculo, lemos o texto com as luzes da sala apagadas
(utilizamos apenas a luz de uma lanterna), com a intenção de dar um ar mais sombrio ao
ambiente e resgatar a ideia de contação de histórias. Em seguida, algumas perguntas foram
feitas aos participantes, como: “o final foi do jeito que você esperava que seria?”, “vocês
ficaram surpresos com a história?” ou “vocês conseguiram perceber elementos que ativam essa
sensação de expectativa ou tensão durante o conto?”. Essas perguntas foram feitas com o intuito
de introduzir a estrutura da narrativa do gênero conto de terror e motivar os participantes a
interagirem com o texto.
Exibimos também o curta-metragem “2AM: The Smiling man”, que narra a perseguição
de um rapaz, em uma rua deserta, por um homem que dança e sorri de uma forma bastante
peculiar. Fizemos alguns questionamentos sobre o vídeo e sua estrutura, de modo que eles
3 https://www.publishnews.com.br/ranking/anual/11/2018/0/0. Acessado em 05/02/19.
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
220
percebessem as similaridades entre os textos apresentados: a estrutura narrativa do conto do
Rubem Fonseca e a do curta eram similares e, por consequência, enquadravam esses textos no
universo do suspense.
Na atividade seguinte, com a ajuda de um datashow, foi projetada uma versão do
conhecido conto de fadas “Chapeuzinho Vermelho”. No texto, havia marcações em vermelho
para destacar algumas palavras, em sua maioria adjetivos, as quais, após a leitura, foram
“retiradas”. Em seguida, pedimos aos participantes que coletassem, em uma caixa, placas em
que estavam escritas novas palavras e as colassem nas lacunas que surgiram após a retirada dos
vocábulos originais. Essas novas palavras foram selecionadas previamente pelos alunos do
projeto e tinham um sentido mais negativo, pessimista. Por exemplo, em vez de “empolgada”,
havia “apreensiva”; no lugar de “sol brilhante”, “lua fantasmagórica”; ou em vez de “bichinhos
fofos”, “vermes asquerosos”.
Sem necessariamente abordar noções técnicas, os alunos conseguiram perceber que a
simples substituição de algumas palavras poderia alterar o sentido do texto inteiro. No trecho
em (1) a seguir, retirado do texto que usamos na atividade, há três sintagmas destacados, que
foram substituídos por outros e resultaram no texto em (2).
(1) Em uma manhã gloriosa, com o sol brilhante no céu, uma menininha alegre vestida com
uma capa vermelha sobre os ombros saiu de sua casa.
(2) Em uma noite chuvosa, com a lua fantasmagórica no céu, uma menina sombria vestida
com uma capa vermelha sobre os ombros saiu de sua casa
Ao reler o texto, agora modificado, procuramos evidenciar aos participantes que o novo
texto ativava sentidos mais negativos que o original, mudando a história e o modo como ela é
entendida pelas pessoas. O objetivo dessa atividade era fazer com que os participantes
percebessem o papel fundamental dos adjetivos e da seleção adequada de palavras na produção
de um texto, principalmente de terror. Conforme salienta a literatura (KOCH, 2003;
MARCUSCHI, 2008), a seleção lexical é um relevante recurso empregado na produção da
intencionalidade, visto que resgata ideologias, ativa conhecimentos enciclopédicos e permite a
relação com elementos exofóricos.
Ainda exibimos um segundo curta-metragem de terror, intitulado “Lights Out”. Após
assisti-lo, os participantes foram novamente questionados, a fim de saber se eles conseguiram
perceber as semelhanças desse curta com tudo que já havia sido apresentado. Essa abordagem
facilitou a recuperação da estrutura subjacente das narrativas de terror por todos os
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
221
participantes. Eles foram capazes de apontar as diferentes etapas que compõem o gênero textual,
verificando as semelhanças entre todos os textos apresentados.
Por fim, os participantes foram convidados a produzir um pequeno conto de terror,
tomando por base o conteúdo desenvolvido na oficina. Para auxiliá-los nessa escrita, cada um
sorteou três papéis, os quais continham: um lugar onde a história se passaria; um personagem
principal que fosse prototípico desse gênero, como, por exemplo, um vampiro; e uma ação
caracterizadora de terror, como perseguição ou vingança. Eles ficaram livres para usar essas
informações sorteadas ou não durante a produção do texto, pois o objetivo era apenas trazer
mais subsídios que os ajudassem a escrever.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram produzidos, durante a oficina, quinze textos com a temática de suspense. Todos
tinham entre 1 e 2 laudas e foram, posteriormente, transcritos para o computador, tendo sido
preservados a ortografia e os desvios gramaticais produzidos pelos participantes.
A análise dos textos nos permitiu observar que os participantes têm um bom domínio da
tipologia textual, o que já era esperado, uma vez que o aluno já domina os textos narrativos
devido à maior frequência com que são usados nas aulas de língua. Assim, a presença dos
elementos da narrativa (GANCHO, 2008) foi verificada de maneira geral, pois, em todos os
casos, foram percebidos personagens que estão interligados por ações que se sucedem num
tempo e num espaço específicos. No trecho abaixo, retirado de um dos contos, esses elementos
são apresentados ao leitor já no primeiro parágrafo:
(3) Em uma noite sombria, um homem decidiu sair para caminhar perto de sua casa. Depois
de muito caminhar ele sentiu-se perseguido, mas quando olhava para trás só via uma
aranha, essa aranha não era comum, mas o homem não se importou somente ignorou a
presença da aranha e continuou caminhando. (Texto da participante L.F.)
Há, no texto 3, a apresentação dos personagens (homem e aranha), as ações que norteiam
os fatos relevantes do enredo (“sair para caminhar”, “sentiu-se perseguido”, “via uma aranha”
e “ignorou a presença da aranha”), tempo (“em uma noite sombria”), espaço (“perto de sua
casa”) e um narrador em 3ª pessoa. Além do mais, pode-se perceber a expectativa que é gerada
a partir da sensação de perseguição, o surgimento da aranha e a não importância dada à sua
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
222
presença; isso tudo ajuda a intensificar a carga de apreensão do texto, o que é um dos traços do
gênero de terror (TODOROV, 2006: 98). Especificamente relacionado a isso, cabe destacar o
que Todorov sinaliza como um dos aspectos relevantes em textos de suspense e drama: a relação
de causa e consequência. Primeiramente, é apresentada a causa a fim de produzir curiosidade
no leitor a respeito dos fatos que serão consequência desse ato inicial. No texto em (3), a
antecipação da causa (o surgimento da aranha) instiga no leitor a curiosidade para saber os
efeitos (o que se passará com o personagem que está caminhando?).
Travaglia (1991) também segue nessa linha de abordar uma estrutura de eventos que
funcionam como causa, antecipando as expectativas para os fatos que serão desencadeados.
Segundo o autor, todos os textos apresentam eventos encadeados que conduzem a história para
um desfecho – esquema que funciona de forma muito similar à estrutura de causa e
consequência descrita por Todorov (2006). No fragmento abaixo, podemos destacar como esses
eventos estão interligados para construir a narrativa:
(4) Era mais um dia normal para mim, estava um pouco nublado mas não estava a me
incomodar tanto, aquele dia seria especial, iria viajar para as montanhas com os meus
amigos para um lugar distante de tudo e todos, finalmente poderia me distanciar da minha
própria solidão, iria poder sorrir um pouco enquanto escuto as histórias dos meus
amigos. (Texto da participante M. P.)
No exemplo (4), temos a viagem para as montanhas como o evento que proporcionará
o desenrolar de acontecimentos no texto e a construção de personagens, nas figuras do narrador-
personagem e dos amigos. Além disso, como já foi apontado no texto (3), podemos perceber,
no texto 4, que a narrativa foi situada temporal (“Era mais um dia normal”) e espacialmente
(“iria viajar para as montanhas”). Observemos outro exemplo:
(5) Em um dia como outro qualquer Caroline se levantou de sua cama, tomou um banho
colocou sua roupa de banho tomou café e foi saltitante a praia dos corvos.
Chegando lá viu que os corvos estavam mais agitados que o normal e a praia vazia. Onde será
que as pessoas foram? pensou Caroline. (Texto da participante A. S.)
No texto 5, entendemos que o questionamento da personagem no último período – para
onde teriam ido as pessoas – abre caminho para o desenrolar de eventos, pois na sequência
ocorre um sequestro de uma personagem do texto. Destacamos também que o texto 5 recupera
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
223
os elementos que marcam as narrativas de suspense, como os corvos e um local deserto. Aliás,
o lugar ermo (rua à noite, montanhas e praia vazia, respectivamente) aparece em todos os três
fragmentos expostos anteriormente.
A seleção vocabular, como o uso de adjetivos, também foi um fator verificado nos
textos, pois tem o objetivo de produzir efeitos de tensão e apreensão no leitor. Isso ocorre, por
exemplo, em (3) quando caracteriza o tempo: “era uma noite sombria”. Do mesmo modo, em
(6), a seguir, o uso das palavras “alegria”, “sombrio” e “malignos”, que caracterizam
sentimentos e emoções, marca a descrição do espaço “floresta”:
(6) A floresta, que antes era um lugar de alegria, se tornou um lugar sombrio rodeado
de espíritos malignos, de modo que nenhuma pessoa que entrava lá, saía vivo. (Texto da
participante L.G.)
No texto a seguir, o ambiente em que se desenrola a ação (casa mal-assombrada), os
personagens (garota indefesa e fantasmas) e a descrição minuciosa dos fatos (“batidinha na
porta”, “a porta abre novamente”, “a escuridão se propaga”) evocam a presença do
desconhecido, traço típico das narrativas de suspense desde o terror gótico, com a inserção de
fantasmas, lobisomens, bruxas e vampiros (GOTLIB, 1985). Esses traços ativam a construção
do suspense, culminando no final que surpreende o leitor:
(7) Aquela casa já estava sendo moradia de espíritos há muito tempo que se concentravam
especialmente onde Lavínia ia a cada momento. Ela sente ao andar até seu quarto aquela
presença, algo ruim que a seguia, mas olhava e não via nada. Andou rapidamente até que
chegou e deitou em sua cama amedrontada. Ela fecha os olhos e dorme, mas ouve uma
batidinha na porta, que logo depois se abre.
Ela se levanta e vai em direção a porta e a fecha. Mas ao se virar, a porta abre novamente,
causando pavor em Lavínia. Virando-se, ela observa o por que disso e vê vultos cada vez
mais próximos. Ela para e vê seu coração bater mais forte, a escuridão se propaga. O
espírito agora estava atrás dela. (Texto da participante C. P.)
Percebe-se também que a ocorrência de eventos inesperados, como o espírito estar atrás
da personagem, causa o susto no leitor, o que é próprio desse gênero.
De uma forma geral, a análise dos textos trouxe indícios de que a compreensão do
gênero conto de terror foi produtiva. Nos textos, é possível perceber uma sequência narrativa
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
224
clara, composta por: uma situação inicial, que aborda, em geral, cenários, personagens e
situações, com referência a elementos presentes em textos clássicos de terror; um conflito que
envolve desaparecimentos, perseguições ou surgimento inesperado de algum personagem; e um
clímax, em que as expectativas do leitor são elevadas ao grau máximo, de modo que o suspense
e a sensação de surpresa sejam decisivos no fechamento do texto.
Para além dessa análise dos elementos textuais, fizemos um levantamento com os
participantes, ao fim da oficina, para avaliar as atividades. Elaboramos um breve questionário
com as seguintes perguntas: “qual foi sua avaliação da atividade?”; “você acredita que
conseguiu entender como se desenvolve um conto de suspense/terror?”; “como foi o processo
de escrita do texto?”; e “o conteúdo que aprendeu na oficina foi relevante na produção dos
textos?”. Havia ainda um espaço para que o participante pudesse fazer, livremente, as
considerações que julgasse necessárias.
Do ponto de vista da avaliação, o resultado foi bastante positivo, tendo sido destacados
o uso de diferentes estratégias para que eles entendessem a estrutura do gênero textual e a
apresentação do conteúdo de uma forma diferente do método tradicional. Os alunos se
mostraram interessados na leitura de contos de terror brasileiros, pois, segundo eles, a maior
parte dos textos que já leram desse segmento é estrangeira; inclusive, ao final da oficina, alguns
participantes pediram indicação de autores e de livros. Com isso, verificamos que há uma lacuna
no ensino de literatura por não ofertar a leitura e a escrita de determinados gêneros textuais,
como o conto de terror e de suspense.
Embora nem todos os participantes tenham usado o espaço para comentar livremente
sobre a atividade, pudemos observar que, no geral, a atividade foi aprovada, tendo sido
solicitada uma maior periodicidade do evento e demonstrado o interesse em participar, em
outras oportunidades, de oficinas de leitura e de escrita.
Destacamos, a seguir, dois comentários dos participantes. No primeiro, percebemos que
há uma demanda da parte dos alunos por mais eventos que abordem, de forma lúdica e
interativa, a literatura. É também bastante pertinente a sugestão de relacionar os contos de terror
com elementos da cultura pop, como o personagem It, do livro homônimo do autor norte-
americano Stephen King.
(8) Gostei muito da oficina de terror. Achei que teve uma ótima interação com os
participantes e conseguiu transmitir o conteúdo de uma forma prática, rápida e
explicativa. Uma sugestão que eu dou é relacionar o terror presente nos filmes e séries
de hoje em dia, como IT, a Coisa, com os verdadeiros e macabros contos de fadas, como
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
225
Chapeuzinho Vermelho, para mostrar as características em comum, fazendo uma
analogia com o intuito de ter um olhar diferente a partir da mesma. (Participante D. B.)
O outro comentário selecionado relata o problema que tivemos, no início da atividade,
com a caixinha de som que não estava funcionando. No entanto, o problema foi solucionado
com a substituição por outro equipamento. A participante destaca a interação nas atividades
como ponto positivo, seja na produção de um novo sentido para a história clássica da
Chapeuzinho Vermelho, seja na produção do conto de terror.
(9) O evento "Contos de terror" apresentado na semana da SEPEX foi uma das apresentações
mais elaboradas, dinâmicas e divertidas (apesar de todo o suspense e sustos). Houve todo
um cronograma do evento, o que achei bem importante e foram feitas várias atividades,
como apresentação de vídeos, história (foi apresentada a clássica história da
Chapeuzinho Vermelho, contudo os participantes tiveram a oportunidade de torná-la
mais assustadora com a mudança de apenas algumas palavras) e no final uma oficina de
produção de texto de terror feito pelos próprios participantes com o auxílio de monitores
do evento. Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a trilha sonora de terror
que deixou o clima mais assustador, assim como a decoração do ambiente e o único
problema foi o som no início, mas nada que tivesse impedido que tudo ocorresse bem e
o mesmo foi logo solucionado. Não vejo problemas no evento e eu amei participar.
(Participante N. C.)
Como se pode observar, ocorreu, de fato, um engajamento dos estudantes nas atividades
propostas, o que talvez tenha contribuído para a aprendizagem e o domínio do gênero com que
trabalhamos. O interesse que eles manifestaram por uma literatura menos canônica pode ser
visto como um caminho significativo para o ensino de produção textual e, sobretudo, para o
ensino de literatura. Despertar o interesse dos estudantes pela leitura literária deve ser um dos
principais pressupostos na formação escolar em língua materna, a fim de que os alunos
amadureçam o gosto pela leitura e encontrem suas próprias formas de praticar essa atividade.
5 CONCLUSÕES
Diante dos textos produzidos e das avaliações feitas pelos participantes, julgamos o
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
226
resultado da oficina de contos de suspense e terror bastante positivo. Acreditamos, entretanto,
que alguns pontos ainda merecem uma revisão mais cuidadosa, como a distribuição das
atividades em dias diferentes. No caso, realizamos todas as tarefas no mesmo dia, mas o tempo
dedicado à produção do texto poderia ter sido maior, se as atividades fossem divididas em mais
de um dia. Por consequência, essa distribuição facilitaria a leitura de mais textos dedicados ao
tema, o que proporcionaria uma imersão literária mais proveitosa.
Com relação aos textos produzidos, pudemos analisar que houve um bom aproveitamento
dos conteúdos trabalhados na oficina. Os participantes conseguiram criar enredos que
envolvessem os elementos típicos das narrativas do medo, mantendo o suspense e instigando o
leitor a querer descobrir o desdobramento dos acontecimentos. Além disso, o recurso lexical
(uso de palavras ou adjetivos que ativassem a ideia de terror) também foi constatado na maioria
dos textos.
De uma maneira geral, a experiência foi uma importante oportunidade para reafirmarmos
nosso compromisso com o letramento literário, que deve acontecer através de múltiplos gêneros
textuais em diferentes situações. Não se pode esquecer que, em muitos casos, o primeiro contato
com o texto literário acontece em sala de aula, por isso deve-se considerar “o potencial dessa
agência de letramento literário para a sociedade” (LIBANORI & AGUIAR, 2015: 133). É,
portanto, salutar que mais atividades desse tipo possam ser desenvolvidas no ambiente escolar,
como forma de oxigenar o trabalho acadêmico e despertar o interesse para a literatura.
LA ENSEÑANZA DEL GÉNERO CUENTO DE TERROR: UNA
PROPOSTA DE SECUENCIA DIDÁCTICA
RESÚMEN
El articulo describe la elaboración de una secuencia didáctica (DOLZ; NOVERRAZ & SCHNEUWLY,
2004) para la enseñanza del género textual cuento de terror. A través de un taller de escrita y lectura, en el que
participaron estudiantes de la enseñanza media, se pudo concretizar la actividad de extensión propuesta. Ante los
resultados, notamos la carencia por actividades que involucren géneros textuales diferentes de aquellos
tradicionalmente trabajados en los currículos escolares. A partir del análisis de los textos (KOCH, 2003;
MARCUSCHI, 2008) también pudimos comprobar que los participantes pudieron internalizar la secuencia
narrativa narrativa (GOTLIB, 1985; GANCHO, 2008; TODOROV, 2006) del cuento de terror y manipular los
elementos de la narrativa específicos de ese género.
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
227
Palabras clave: secuencia didáctica; cuento de terror; escritura creativa; enseñanza de producción textual.
REFERÊNCIAS
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 7. ed. São Paulo: Ática, 2010.
Brasil no PISA 2015: análises e reflexões sobre o desempenho dos estudantes brasileiros.
OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Fundação
Santillana, 2016.
BRITO, Claudio Marzo Cavalcanti de. Leitura e oralidade: prática dialógica de um professor
leitor na formação de leitores literários. Tese (doutorado). João Pessoa: UFPB, 2015.
COSSON, Rildo. Letramento literário. Teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2018.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. “O acesso à leitura no Brasil – os recados dos ‘retratos da
leitura’”. In: FAILLA, Zoara (org.) Retratos da leitura no Brasil 3. São Paulo: Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo: Instituto Pró-Livro, 2012.
DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; & SCHNEUWLY, B. “Sequências didáticas para o oral e a
escrita: apresentação de um procedimento”. In: SCHNEUWLY, B; DOLZ, J. Gêneros Orais e
escritos na escola. Trad. e org. ROJO, R.; CORDEIRO, G. S. Campinas: Mercado das Letras,
2004, p. 95-128.
FUNDAÇÃO LEMANN. QEdu: Aprendizado em Foco, 2015. Respostas dos professores para
Planos Municipais de Educação. Disponível em:
https://www.qedu.org.br/brasil/pessoas/professor. Acessado em 14 de mar. de 2019.
GOMES, Isis Valeria. “Retrospectiva – o acesso ao livro e à leitura pelos jovens no Brasil”. In:
FAILLA, Zoara (org.) Retratos da leitura no Brasil 3. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado
de São Paulo: Instituto Pró-Livro, 2012.
GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 2008.
GOTLIB, Nádia Batella. Teoria do conto. São Paulo, Ática, 1985.
INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da leitura no Brasil – 4ª edição. São Paulo, 2016.
KOCH, Ingedore. O texto e a construção de sentidos. São Paulo: Contexto, 2003.
LIBANORI, Evely Vânia & AGUIAR, Fabrício César de. “Abordagens de letramento: o texto
literário na sala de aula”. In: Revista Contexto. Vitória, n. 27, 2015, p.127-146.
Lights out. Direção de David Sandberg. 2013, (3 min.), son., color. Disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=adap4rzlM2I. Acessado em 20 de jan. de 2019.
LINHARES, Mara Coura & LOPES, Elisa Cristina. “A leitura no ensino médio: concepções e
práticas”. In: Revista Virtú. Juiz de Fora: 5ª edição, 2010.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São
ISSN: 2237-1648
Rev. Educ., Cult. Soc., Sinop/MT/Brasil, v. 10, n. 3, p.2014-228, Ed. Especial 2020
228
Paulo: Parábola Editorial, 2008.
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. São Paulo: Perspectiva, 2006.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Um estudo textual-discursivo do verbo no português. Tese
(Doutorado). Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1991.
2AM: The Smiling Man. Direção de Michael Evans. 2013, (4 min.), son., color. Disponível em
2https://www.youtube.com/watch?v=_u6Tt3PqIfQ. Acessado em 20 de jan. de 2019.
Recebido em 13 de abril de 2020. Aprovado em 16 de setembro de 2020.
A Revista Educação, Cultura e Sociedade é uma
publicação da Universidade do Estado do Mato Grosso,
Brasil, iniciada em 2011.