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Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 34
O ensino do tuteo e do voseo a partir de histórias em quadrinhos da
Espanha e Argentina
Kátia Boroni
(UNI-BH)
Introdução
Ao se ensinar o uso do registro informal em língua espanhola é comum
que professores e livros didáticos privilegiem apenas o seu ensino na variedade
peninsular. Atualmente é defendido o ensino das diferentes variedades do espanhol,
porém sabemos ser este um trabalho árduo, já que muitos livros didáticos trabalham
apenas com a variedade espanhola. Portanto, é papel do professor buscar maneiras
de introduzir as demais variedades nas suas aulas, ou enriquecer os exemplos e
atividades dadas aos alunos quando o livro didático já as traz.
Refletindo sobre um material adequado ao ensino deste conteúdo,
encontramos nas histórias em quadrinhos em língua espanhola um corpus adequado a
este ensino, sendo que se trata de um material autêntico trazendo, portanto, mostras
reais de uso da língua alvo. Por ser formado pela união da linguagem verbal e não
verbal permite ainda ser trabalhado desde os níveis básicos, e uma aproximação do
aluno com a linguagem coloquial, e com o uso dos registros formal e informal.
Este artigo se limita à análise de um corpus formado por histórias em
quadrinhos da Espanha e Argentina, enfatizando os usos sócio-comunicativos dos
dois registros, nas suas respectivas variedades. Propomos também uma atividade
didática que trabalha com a introdução do voseo, a partir da leitura de histórias em
quadrinhos.
1. O Gênero HQ
No passado as histórias em quadrinhos eram vistas como prejudiciais ao
desenvolvimento intelectual das crianças, hoje esta visão mudou radicalmente, sendo
que o seu uso didático é recomendado tanto pelos PCNs de língua portuguesa e
estrangeira, quanto pelo Marco Comum Europeu de Ensino de Línguas. Este gênero
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possui, ainda, um fator motivacional muito grande, agradando crianças, jovens até
mesmo os adultos.
Atualmente este gênero é muito usado nas aulas de língua estrangeira,
assim como nos seus livros didáticos, não apenas para despertar o interesse do aluno
pelo estudo, mas especialmente para trabalhar o aspecto cultural. Hoje se defende
que as aulas de língua estrangeira não podem ignorar o ensino da cultura do povo
nativo desta língua, restringindo-se apenas ao ensino de gramática e vocabulário, já
que é impossível separar uma da outra. Aspectos culturais estão presentes nas
histórias em quadrinhos, e também o uso particular que cada país faz da língua
espanhola. Gordillo cita a importância do uso das histórias em quadrinhos em
espanhol para o ensino da língua, sob esta perspectiva cultural:
Los tebeos están cargados de ideología y de formas de ver el mundo, no son meros productores de humor, sino que a través de ellos se transmite la Cultura con mayúsculas y la cultura con minúsculas de un pueblo: reflejan los cambios históricos, sociales, económicos, los modos de vida y la manera de entender el mundo de sus habitantes, sus costumbres, sus hábitos, sus modos lingüísticos (...) (GORDILLO, 2001: 230)
O fato de que as histórias em quadrinhos não são textos produzidos com
finalidade didática também é destacado como uma das vantagens do seu emprego
nas aulas de língua espanhola, por Gordillo:
También constituyen material auténtico, de alta calidad artística, << producidos para fines comunicativos sin ninguna intención de enseñar la lengua>> (MECD, 2001: 144), es decir, no creados artificialmente para fines didáticos, un material que utiliza primordialmente la variante coloquial y refleja siempre un estado de lengua actual y próximo, adecuado al público juvenil, lo que favorece un uso auténtico de la lengua por parte de los aprendices de E/LE. (GORDILLO, 2001: 231)
Podemos perceber como as histórias em quadrinhos são importantes no
ensino de Espanhol/Língua Estrangeira, por se tratarem de material autêntico e
trazerem usos reais da variedade e da cultura do povo de seu criador. Acreditamos,
portanto, ser este o gênero ideal para introduzir aos alunos o tema dos usos da
linguagem formal e informal, em diferentes variedades do Espanhol.
Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 36
2. Tuteo ou Voseo
No primeiro momento em que o aluno tem contato com o aprendizado de
Espanhol como língua estrangeira, ele se depara com algo simples a uma primeira
vista, mas altamente complexo: o registro formal versus o registro informal.
Primeiramente é importante ressaltar a relevância do ensino desta dicotomia nas aulas
de ELE, já que nela estão incluídos valores culturais que são distintos da cultura
brasileira. É de extrema importância que o aluno saiba em quais situações sócio-
comunicativas nos países de fala hispânica se deve usar cada registro, para evitar
problemas de mal entendido cultural.
Ao se ensinar os registros formal e informal, a questão da variedade
linguistica aparece, já que a língua espanhola possui, pelo menos, seis variedades de
acordo com Herrero (2004): Peninsular, zona do México e América Central, Zona do
Caribe, Zona Andina, Zona do Chile e Zona do Rio da Prata. Surge então a dúvida
sobre qual variedade escolher neste momento, se será ensinado o tuteo ou o voseo
para o tratamento informal no singular, dentre muitos outros questionamentos
possíveis relacionados a este tema.
Na maioria das vezes os professores e livros didáticos de espanhol apenas
privilegiam o ensino do tuteo, o uso de tú, por ser o pronome de tratamento informal
mais difundido na Espanha e em grande parte da Hispanoamérica. Porém, o
fenômeno do voseo, o uso do pronome vos para tratamento informal, é muito difundido
na Hispanoamérica, e não apenas na Argentina e no Uruguai. Como geograficamente
estamos muito mais próximos dos países onde o voseo ocorre, são de extrema
relevância e importância o seu estudo e ensino para os alunos brasileiros.
De acordo com Irala (2004), o ensino do voseo não ocorre nem mesmo no
curso de Letras Espanhol, e quando ele é realizado, seja no nível superior ou
fundamental/médio, é apenas visto como curiosidade, e não como uma marca
linguística de suma importância, tendo em vista a sua larga difusão entre falantes
nativos. O seu estudo sobre a variedade adotada por professores de espanhol foi feito
no interior do Rio Grande do Sul, quase fronteira com o Uruguai. O que foi observado
pela autora é que mesmo em uma região fronteiriça, onde o uso do voseo é
predominante, seria de se esperar que o seu ensino fosse um dos primeiros conteúdos
do currículo, porém ele nem ao menos faz parte do mesmo. A justificativa pela a sua
falta de uso são, segundo Irala, as seguintes:
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O entrave da falta de material específico sobre esse aspecto da linguagem e a insegurança para passar aos alunos um determinado conteúdo que não se tem domínio ou se conhece superficialmente, são uma das principais justificativas para a ausência do “voseo” nas aulas, quando não há o preconceito quanto ao seu uso e a alegação de que não “há necessidade de ensiná-lo”, visto sua “pouca difusão”, quando na realidade, em termos geográficos, esse é o mais difundido que o plural “vosotros”, conforme considerações feitas por Bugel (1999) e totalmente pertinentes com a realidade constatada. (IRALA, 2004: 113)
Como podemos ver na citação acima, o voseo deve ser visto e ensinado
com a mesma importância do tuteo, e como os materiais didáticos raramente o trazem,
é papel do professor buscar outros veículos para o ensino deste fenômeno linguístico.
Porém esta busca deve ser criteriosa para não prejudicar o aluno ao invés de auxiliá-
lo. Segundo Ventura (2001) temos que escolher muito bem o material a ser usado
para apresentar e trabalhar as diferentes variedades aos alunos, ou então eles não
assimilarão corretamente os seus usos.
Es necesario que las variedades aparezcan contextualizadas y por medio de un hablante real o posible que muestre dicha variedad en funcionamiento. El profesor no puede sólo hablar sobre las variedades y ser la única voz que las representa, es importante que transmita la palabra a otros hablantes que mostrarán cómo funciona cada variedad. (VENTURA, 2001: 80)
Podemos perceber como a escolha do corpus para o trabalho com este
assunto deve ser criteriosa. Os alunos devem ter contato com o voseo e o tuteo, além
do vosotros e ustedes em diferentes situações comunicativas e contextos para que
eles possam compreender exatamente como os falantes nativos os utilizam. Além
disso, o material didático a ser usado para este ensino deve ser de fácil compreensão,
não podemos trabalhar com textos teóricos ou transcrições de situações
comunicativas que estão além do nível de compreensão dos alunos. É também
importante motivar os alunos ao aprendizado deste conteúdo, e levá-los a refletir sobre
as suas diferenças e variedades.
Para realizarmos este artigo tivemos que escolher apenas duas variedades
por motivos de espaço, a Peninsular e a Rio-Platense. Escolhemos como corpus
algumas histórias de Gaturro, do autor argentino Nik; e Zipi e Zape do autor Espanhol
José Escobar Valiente.
Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 38
3. Os personagens e seus criadores
Escolher apenas dois personagens, um de cada variedade do Espanhol,
não foi tarefa fácil. Apesar de serem pouco difundidos no Brasil, temos muitos
personagens e excelentes quadrinistas em todos os países de fala hispânica.
Decidimos escolher personagens jovens, pensando que na maioria das vezes o
conteúdo escolhido para ser trabalhado se dá aos alunos do ensino fundamental,
porém os personagens escolhidos agradam a todas as faixas etárias, sem distinção.
Da variedade Rio-Platense escolhemos o personagem Gaturro, do quadrinista Nik. Da
variedade Peninsular escolhemos os personagens Zipi e Zape, do quadrinista José
Escobar Valiente.
Gaturro
Gaturro é um gato criado em 1993 pelo humorista
argentino Cristian Dzwonik, conhecido como Nik. É o personagem
principal da sua tira cômica, e pode ser considerado uma junção de
dois personagens famosos, Garfield e Mafalda. Gaturro reflete sobre
a política, mas também diverte com situações do cotidiano como
tentar conquistar sua amada Ágatha, ou ir para a escola e
aprender inglês. Gaturro não fala com os humanos, apenas
pensa, porém conversa com os outros animais que fazem parte da sua turma.
Zipi e Zape
São os personagens criados pelo
quadrinista espanhol José Escobar ao final dos anos
50, e que se tornaram um clássico dos quadrinhos
espanhóis. Estes personagens apesar de muito
antigos continuam atuais, ao ponto de terem
recentemente estrelado uma animação para o cinema.
Zipi e Zape são gêmeos endiabrados e vivem aprontando travessuras. Suas histórias
Fonte: ESCOBAR, 1988.
Fonte: site www.gaturro.com
Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 39
refletem o dia a dia de uma criança normal: seu relacionamento familiar, suas
brincadeiras com os amigos, o dia a dia na escola.
4. Corpus selecionado
Para realizarmos este trabalho escolhemos algumas tiras do personagem
Gaturro, tiradas do seu site oficial: www.gaturro.com, e a história El truco, do livro Gran
Enciclopédia del Cómic (ESCOBAR, 1988).
Selecionamos diferentes situações sócio-comunicativas no corpus,
sempre confrontando as mesmas situações nas duas variedades para analisar como
cada variedade age nas mesmas situações, em relação ao tratamento formal e
informal. As situações selecionadas foram: em família, com amigos, com
desconhecidos, na escola, com a polícia e no trabalho.
5. Análise do corpus
Se compararmos as histórias de Gaturro e de Zipi e Zape no uso da
formalidade e da informalidade, podemos perceber algumas diferenças importantes:
Personagens Em família
Com os amigos
Com desconhecidos
No trabalho Na escola
Gaturro O tratamento é sempre informal, utilizando o voseo e o pronome ustedes para o plural.
Tratamento informal, uso do voseo – ustedes.
Tratamento formal – uso de usted e ustedes.
Tratamento formal – uso de usted e ustedes.
A professora trata os alunos formal-mente. Gaturro trata sua professora informal-mente.
Zipi e Zape O tratamento é sempre informal, utilizando o tuteo e o pronome vosotros para o plural.
Tratamento informal, uso do tuteo – vosotros.
Tratamento formal – uso de usted e ustedes.
Tratamento formal – uso de usted e ustedes. Só quando há intimidade entre os empregados percebemos o uso do tuteo.
O professor trata os alunos informal-mente, e os alunos o tratam formal-mente.
Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 40
Percebemos que nas histórias de Zipi e Zape o tratamento informal é
sempre o tuteo para o singular e o vosotros para o plural. Apesar de o tratamento
informal aparecer muito entre os familiares e as crianças, no caso dos adultos o
tratamento é sempre formal. Quando há diferença de idade o mais velho trata o jovem
de tú, mas o contrário não é permitido, sendo necessário o uso de usted.
Nas tirinhas do Gaturro percebemos que o tratamento informal singular é
unicamente o voseo, e no plural o uso de ustedes. Só se tratam informalmente os
amigos e familiares, sendo os conhecidos ou desconhecidos tratados sempre
formalmente. Nas situações de poder sempre o tratamento é formal, tanto do superior
(patrão) quanto do inferior (empregado). Na escola, professores e pais se tratam
formalmente, e os professores com os alunos da mesma maneira. No caso das tiras
analisadas o aluno Gaturro trata a professora informalmente, porém fica impossível
saber no corpus analisado se isto se passa por uma questão irônica, já que ele não se
comunica falando com os humanos. Outro dado interessante é o uso de gírias ou
coloquialismos entre amigos, especialmente o uso de diminutivos.
Com os dados desta análise e com os anexos, o professor de língua
espanhola pode elaborar atividades didáticas para o ensino da dicotomia formal x
informal dentro das duas variedades analisadas, enfatizando o uso do voseo em
contraste com o uso do tuteo, sendo possível trabalhar com todos os níveis e faixas
etárias. Outra proposta seria criar uma atividade onde se demonstre através das
histórias em quais situações um falante nativo utiliza o registro formal e o informal.
Para demonstrar como pensamos ser a maneira ideal de trabalhar as
tirinhas para o ensino do tuteo/voseo, propomos em anexo uma atividade introdutória
do assunto, para alunos de nível básico, com a duração de uma a duas horas de aula.
Esperamos assim contribuir dando uma sugestão, sendo que a partir dela cada
professor possa elaborar suas próprias atividades, de acordo com a sua realidade
docente. Na atividade proposta trabalhamos apenas a questão do voseo/tuteo, mas
pensamos ser importante após esta atividade que o professor amplie o assunto,
trabalhando também a dicotomia ustedes/vosotros, para o tratamento informal no
plural.
Conclusão
Este trabalho se propôs a mostrar como o gênero história em quadrinhos é
um excelente auxílio no ensino de uma língua estrangeira, em especial a língua
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espanhola. São muitos os motivos pelos quais se deve utilizá-lo na escola, desde a
sua qualidade ao fator motivador que ele exerce nos alunos. Porém, o mais importante
é o fato das histórias trazerem a cultura do povo retratado nelas, e este fator cultural
vem adquirindo cada vez mais importância no ensino de uma língua estrangeira ao
longo dos anos.
Para ensinar o uso do tuteo e do voseo não podemos apenas ensinar a
parte gramatical do conteúdo, precisamos ensinar aos alunos como os falantes nativos
os utilizam, levando em consideração, portanto, a sua cultura nativa. Além disso,
através do ensino desta dicotomia, se amplia a visão do aluno sobre a língua
espanhola, mostrando se tratar de uma língua rica em diversidade e cultura.
Apesar de ser essencial que o aluno saiba das diferentes variedades do
Espanhol, e dos diferentes usos dos registros formal e informal, o professor não pode
despejar o conteúdo nos alunos, este trabalho deve ser feito com muito cuidado. É
neste momento que acreditamos que as histórias em quadrinhos servem como o
melhor recurso para o ensino não da parte gramatical deste conhecimento, mas da
sua parte prática, dos seus usos. Como hoje é defendido o uso de material autêntico
no ensino de uma língua, não há melhor gênero para mostrar situações comunicativas
e usos reais do idioma estudado.
Através da atividade didática proposta em anexo, esperamos dar apenas
uma sugestão de como se pode trabalhar o gênero quadrinhos em sala de aula, para o
ensino da variedade linguistica, no caso do tratamento informal, no singular. A partir
desta proposta o professor pode ampliar a atividade de acordo com seu público alvo, e
também criar novas atividades com objetivos didáticos diversos.
Esperamos que este artigo contribua para a divulgação da importância do
uso didático do gênero história em quadrinhos no ensino da língua espanhola, e que
motive os professores de espanhol a utilizarem os quadrinhos com mais frequência e
com o objetivo de ensinar a cultura do povo representado neles, e não apenas como
um momento de diversão.
Referências
ESCOBAR, José. El truco. In: Zipi y Zape: Gran enciclopedia del cómic. Tomo III, p. 55-58. Madrid: Ediciones Bruch, 1988. FANJUL, Adrián (org). Gramática y práctica de Español para brasileños. São Paulo: Moderna, 2005.
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GORDILLO, Carmen Rojas. Diseño de actividades lúdicas para la clase de E/LE sobre tebeos españoles con material de internet. 2001. Disponível em: www.sgci.mec.es/br/cv/tebeo. Acesso em 05/08/2009 HERRERO, Maria Antonieta Andión. Variedades del español de América: una lengua y diecinueve países. Brasília: Thesaurus editora de Brasília, 2004. IRALA, Valesca Brasil. A opção da variedade de Espanhol por professores em serviço e pré-serviço. In: Linguagem e ensino. Volume 7, n. 2, 2004. Disponível em: http://rle.ucpel.tche.br/index.php?sCentro=php/edicoes/v7n2/v7n2.php Acesso em 05/08/2009. MARCO COMUM EUROPEU DE ENSINO DE LÍNGUAS. Disponível em: http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/marco/default.htm. Acesso em: 10/09/2009. NIK. Gaturro. Disponível em: www.gaturro.com RAE – Diccionario de la Real Academia Española. Disponível em: www.rae.es VENTURA, Rosana Pereira. Variaciones en algunos usos pronominales del Español. In: Actas del IX Seminario de Dificultades Específicas de la Enseñanza del Español a Lusohablantes: Registros de la lengua y lenguajes específicos. São Paulo: Thesaurus, 15 de Setembro de 2001. p. 75-81. Imagens: Gaturro: site www.gaturro.com Zipi y Zape: ESCOBAR, José. Zipi y Zape: Gran enciclopedia del cómic. Tomo III. Madrid: Ediciones Bruch, 1988.
ANEXO 1: atividade didática
Historietas en Español
I. Objetivos Generales
Actividad concebida para estudiantes de nivel básico I, jóvenes o adultos, después de haber estudiado el presente de indicativo (verbos regulares e irregulares). Trabaja con vocabulario básico, palabras comunes, práctica del presente de indicativo, comprensión lectora y expresión escrita.
II. Materiales
Las hojas de trabajo en anexo.
III. Duración
1 ó 2 clases de 50 minutos o de una hora
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IV. Procedimiento
A) Preactividad
1. Lectura del texto sobre los personajes Zipi y Zape y Gaturro. 2. Preguntas orales sobre el texto. 3. Explicación del vocabulario nuevo.
B) Actividad
1. Lectura de la tira de Gaturro. 2. Ejercicios de predicción del contenido nuevo (el voseo). 3. Explicación oral del profesor sobre el voseo, usando la tira de Gaturro como
ejemplo. 4. Lectura de la tira de Zipi y Zape. 5. Ejercicios de predicción del tuteo. 6. Explicación de la variedad lingüística en español, en el caso del tratamiento
informal en singular. 7. Explicación de los cambios en los verbos en presente de indicativo en el voseo y
en el tuteo, en las tiras de Gaturro y Zipi y Zape. 8. Explicación del cuadro comparativo entre voseo y tuteo.
C) Pos actividad
Como tarea final, pedir que hagan la actividad 5, rellenar los globos vacíos de la historieta de Zipi y Zape, y escribir un nuevo final para la historia, utilizando el voseo para el tratamiento informal en el singular.
V. Bibliografía
FANJUL, Adrián (org). Gramática y práctica de Español para brasileños. São Paulo: Moderna, 2005.
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¿Conocen algunas historietas en español? Vamos a trabajar hoy con dos personajes muy divertidos:
Gaturro (www.gaturro.com)
Es un personaje creado en 1993 por el humorista gráfico argentino Cristian Dzwonik, más conocido como Nik. Gaturro es un gato marrón, con unos grandes cachetes amarillos con tres bigotes en cada uno. Es el principal personaje de la tira cómica que lleva su nombre. Vive con una familia que lo adoptó de muy chiquito. Le encanta su casa, pero al mismo tiempo le gusta andar por los techos del vecindario. Es un
romántico incurable, está perdidamente enamorado de Ágatha e inventa mil y una técnicas para conquistarla,
aunque siempre fracasa.
Zipi y Zape Es una serie de historieta humorística creada y desarrollada por el autor español José Escobar a partir de 1948. Este par de gemelos, que se distinguen entre sí por ser uno moreno (Zape) y otro rubio (Zipi), se caracterizan principalmente por sus endiabladas travesuras. Son muchachos traviesos e inquietos, si bien muchas de sus travesuras no son intencionadas, la mayoría suelen acabar con alguien persiguiéndoles Vamos ahora a leer una tira cómica de Gaturro, donde él habla con su novia, Agatha.
Fonte: site www.gaturro.com
Fonte: site www.gaturro.com
Fonte: ESCOBAR, 1988.
Estudos hispânicos: língua, ensino e literatura 45
En la historieta podemos notar el uso del pronombre de tratamiento VOS. 1) Responda algunas preguntas sobre el uso del VOS, de acuerdo con la
historieta de Gaturro:
a) ¿El tratamiento con el uso del VOS es formal o informal? ____ b) ¿Cómo está conjugado el verbo SER en la tira? ___________
2) Completa el cuadro abajo con la explicación del uso del pronombre de tratamiento vos:
En Argentina, Uruguay y otros países tenemos un pronombre de tratamiento llamado _____ que se usa para el tratamiento ___________, o sea, entre familia y amigos, en el singular. En el presente del indicativo, los verbos se conjugan de manera distinta cuando el sujeto es el vos, en el caso del verbo ser, él se queda ________. El uso de este pronombre de tratamiento se llama VOSEO.
¡Muy bien! Vamos a ver otros verbos conjugados en el voseo:
3) ¿Cómo están conjugados los verbos querer y tener en la historieta al lado? ____________ ____________
En el español de España no se usa el vos. ¿Qué pronombre de tratamiento se usa en su lugar? Mira este trecho de una historieta de Zipi y Zape abajo y descubre:
Fonte: site www.gaturro.com
Fonte: site www.gaturro.com
Fonte: ESCOBAR, 1988: 83.
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4) Completa la explicación abajo:
En España, se usa el pronombre de tratamiento ____ para el tratamiento ___________ , o sea, entre familia y amigos, para el singular. Este uso se llama tuteo.
Tenemos entonces dos posibilidades para el tratamiento informal en español, en el singular: el voseo y el tuteo. El voseo ocurre en algunos países como Argentina, Uruguay, Paraguay, y el tuteo en
muchos otros, como México y España. Mira cómo conjugamos los verbos en el voseo, en el presente de indicativo:
Formación Formas de vos Formas de tú
Se quita la í de la forma de vosotros. Se mantiene la acentuación: Vosotros sabéis- vos sabés
¿Cuántas lenguas hablás? ¿Querés un té con limón? Mi mejor amiga sos vos.
¿Cuántas lenguas hablas? ¿Quieres un té con limón? Mi mejor amiga eres tú.
Apud FANJUL, A. (2005: 176)
5) ¡Ahora vamos a jugar un poco! Imagínate que Zipi y Zape pasaron un tiempo en Argentina y quieren vosear. Completa los globos en blanco con el habla de los personajes e inventa un final para la historia. ¡No te olvides de usar el voseo!
Fonte: ESCOBAR, 1988: 91.