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5/9/2018 O Ensino Supletivo No Brasil - o Estado Da Arte - S HADDAD - slidepdf.com
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INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCA
CIONAIS
ENSINO SUPLETIVO NO BRASIL
o estado da arte
Sergio Haddad
Pesquisador Responsável
Brasília, 1987
REDE LATINO-AMERICANA DE INFORMAÇÃO E DOCUMENTA'
ÇÃO EM ED UC AÇ ÃO
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P r e s i d e n t e d a R e p ú b l i c a
J o s é S a r n e y
M i n i s t r o d a E d u c a ç ã o
J o r g e B o r n n a u s e n
S e c r e t á r i o - G e r a l
A l o i s i o S o t e r o
D i r e t o r - G e r a l
P e d r o D e m o
D i r e t o r a d e E s t u d o s e P e s q u i s a s
A c a c i a Z e n e i d a K u e n z e r
D i r e t o r d e P l a n e j a m e n t o e A d m i n i s t r a ç ã o
C a r m o N u n e s
D i r e t o r a d e D o c u m e n t a ç ã o e I n f o r m a ç ã o
M a g d a M a c i e l M o n t e n e g r o
C o o r d e n a d o r a d o S i s t e m a d e I n f o r m a ç õ e s B i b l i o g r á f i c a se m E d u c a ç ã o e D e s p o r t o
L i l i a M e n e z e s d e F i g u e i r e d o
C o o r d e n a d o r a d e E d i t o r a ç ã o e D i v u l g a ç ã o
J a n e t e C h a v e s
E d i ç ã o d e T e x t o
M a r i a T h e r e z a L e a n d r o N o g u e i r a
R e v i s ã o
M a r i a d e N a z a r e t h H . B a r b o s a S o a r e s
M o n i c a M a t h k e B r a g a
R o b e r t o G i c e l l o L i ma B a s t o s
C a p a
F e r n a n d o R a b e l l o C o s t aS e r v i ç o s E d i t o r i a i s A u x i l i a r e s
D j â n i a T a v a r e s d e S o u z a
K ê n i a B á r b a r a O l i v e i r a
M e r b y M a r i a A m o r i m d e S o u s a
E q u i p e d e P e s q u i s a
P e s q u i s a d o r e s
S é r g i o H a d d a d - P e s q u i s a d o r R e s p o n s á v e l
M a r i a C l a r a D i P i e r r o S i q u e i r a
M a r i a V i r g i n i a d e F r e i t a s
A u x i l i a r d e P e s q u i s a
R e g i n a C é l i a R i b e i r oS e c r e t á r i a
V e r a F e i t o s a
C o o r d e n a d o r - G e r a l d a R E D U C
L u i s B r a h m M e n g e
I N E P
C o o r d e n a d o r i a d e E d i t o r a ç ã o e D i v u l g a ç ã o
C a i x a P o s t a l O 4 / 0 3 6 6
T e l . : ( 0 6 1 ) 2 2 3 - 5 5 6 1
7 0 . 3 1 2 - B r a s í l i a - D F
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SUMARIO
INTRODUCÃO 5
BREVE HISTÓRICO DA POLITICA DE EDUCAÇÃ O DE ADULT OS NO BRASIL 9
Os primórdios de uma ação
A conquista de um espaço próprio
A conquista de um modo de pensar proprio
0 período pÓs-64 e o ensino supletivo
0 ENSINO SUPLETIVO E SUA FORMULAÇÃO LEGAL
Histórico, normas e legislação dos exames
supletivos
OS EXAMES SUPLETIVOS DE EDUCAÇÃO GERAL25
Introdução
Procedimentos dos estudos e pesquisas
Resultados das pesquisas
Conclusões e recomendações
CURS OS SUPL ETI VOS - FUNCAO SUPLENCIA 87
Introdução
Procedimentos dos estudos e pesquisas
Resultados das pesquisas
Conclusões e recomendações
ALGUMAS INDICAÇÕES A TÍTULO DE CONCLUSÃO 129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAS OBRAS CITADAS
MO TRA BAL HO 133
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INTRODUÇÃO
Este traba lho é uma versão conde nsa da do rel atório da
pesquis a Diagnos tico do Ensino Supletivo no Brasil - 1971 -8 5realizada pelo Programa Educação e Escolar ização Popular do
Centr o Ecumên ico de Docume nta ção e In formação(CEDI) e concluída em março
de 19 87 . Tal pe sq ui sa faz parte de um pr ojeto amplo que pre_
tende dar conta de rea lizar um estad o da arte sobre o ens ino
sup letiv o no Br as il , a partir de sua formul ação legal na Lei
Federal de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional de 1971.
Alem deste primeiro estudo que analisou trabalhos sobre exames
supl etivos e cursos supl etivos na modali dade de suplencia de
5a a 8a ser ies de 1º grau e 2º gr au , nov as pe sq ui sa s se encar_regarão de diag nos ticar a produção de conhecimentos sobre os
Centros de Ensino Su pl eti vo s, sobre o ensino por rá di o, tele_
visão e corr es pon di ncia , sobre a polí tica, estrutura e funcio_
namento do sistema de edu cação de adultos e, por fim, sobre a
metodo log ia no ens ino basico de ad ul tos . 0 projeto global de_
vera estar concluído em 1989.
Tomamos como criterio norteador para o desenvolvimento
do dia gnós tico da pro dução de conheci mento o sentido da demo_
cratização de opo rtun ida des ed ucaci on ai s, em suas varias ins_
tâncias.
Pro curamos inicia lmente levar em consi der ação os tra_
balhos que subs id iar am as ana lis es junto ao plano formal da
demo cratização: o seu caráter legal (conside rand o-se varios
níveis de normatização, federal e es tad ua l). Posteriormente
procura mos anal isar as considerações possíveis junto ao plano
real dessa de mocr ati zação , ou seja, em que medida o considera_
do no plano formal se real izou de maneira a p oss ibil itar umaefetiva abertura do sistema a par celas cada vez maior es da
nossa sociedade.
Tínhamos a intenção de real izar a anal ise do plano
real através de um lev antamento qua ntitativo do atendimen to
para ver ificar o cres cimento da oferta após a implantação da
le i. Isto se mos tro u impossí vel uma vez que o Sistema Suple_
tivo nunca foi dev ida mente abran gid o pelo Sistema Nacional de
Estatísticas Ed ucaci on ais , e a coleta de dados pela equipeda pesq uisa se mostrou irr ea li záve l. Os dado s que vimos cole_
tando junto as secr etar ias de edu cação dos estad os são incom
pletos e nem sempre cons is tentes . Alem dis so, não conformam
serie s históricas homogêneas suscetíveis de comparação entre
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as unidades federadas.
Dois outros aspectos no plano da de mocrati zação: a
forma como esta impla ntação se deu e o avanço das pes qui sas
lig adas es pe cifica men te às qu estões de ensi no — aprendiza_
gem, estarão sendo aval iado s em dois subprojetos da próxima
pesquisa.
A presente pesquisa tomou por base os trabalhos identi_
ficados através de um pri meiro levan tamento reali zado pelo
CEDI e concluído em agosto de 1986 sobre a produção de conheci_
mento no campo do ens ino su pl eti vo , edu cação de ad ul tos , edu_
cação pop ular e edu cação pe rma ne nte . A partir deste levanta_
mento sol icitamo s e obtive mos parte dos trabalhos diretamen_te dos pes qui sad ore s atra vés do nosso cad as tro ; parte obtive_
mos do acervo do Pro f. Osmar Fá ve ro , parte cons eg ui mos atra_
vés de cópias xero gr afad as de biblio tecas de uni vers idade s, cen_
tros de pes qu is a e ou tras ins titu içõe s. Do total de 192 títu_
los iden tificados no leva ntamento ini cial, conse gui mos obter
para analis e 53 documentos sobre cursos e exames constituído s
de tese s, dis ser tações, liv ros , artigos de per iódi cos, papers
e documentos.
De posse do mate ri al , procura mos inicialmente fazer
uma leitura coletiva sobre a legi sla ção básica federal e suas
intenções formuladas nos documentos oficiais.
Em se gu id a, todos os trabalhos sobre cursos de 53 a
8a ser ies do 1º grau e 2º g ra u , alem dos tra balho s sobre exa_
mes de educação ge ra l, passa ram por uma primeira leitura com
o objetivo de poder caracteri zá-lo s em seus traços gerais nos
seguintes aspectos: objetivos, referencial teorico, hipóteses,
metodologi a empr ega da , conclusões e reco menda ções. Tal proce_
dimento foi feito para todos os trabal hos cla ss ificad os como
di ss er tações , teses ou rela tórios oficiais e que estavam em
nossa propriedade.
Para os demais documentos, como artigos de periódicos,
documentos oficiai s, an ais , pap ers , conferências e outr os, a
leitura se restringiu aos as pecto s: colocação do problema e
apreciação.
0 criteri o no rtea dor sobre a demo cratiza ção de opor.
tunid ade s no campo da ed ucação de adu ltos se mostrou dis tante
dos pro dutos pos siv eis que os mater iai s ofe re cera m. Na verda_
de , para cada um dos su bpr oje tos , a pro dução é ainda muito
pe qu en a, local izada em poucas e não ge ner ali záve is experiên_
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cias.
Ass im, o objetivo de ter uma linha mais cons iste nte de
ve ri fica ção, mesmo que nao excl us iv a, nao se rea lizou . Opta_
mos então por veri ficar todo s os temas tra tado s em praticamen_
te todos os materi ais que pudemos obter . A demo cratiza ção de
opor tunida des edu cacionai s como linha norteadora do projeto
passa a ser então um dos temas tratados entre ou tro s, e na
medida em que foi objeto de estudos pelos p esq uis ado res .
uma pr imei ra ver são foi red igi da após se miná ri os par_
ciais de subtemas em cada um dos subprojetos.
com esta pri meira ve rs ão, dis cutimos cole tiva mente acres_
centando sugestões ã versão final.
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BREVE HISTÓRICO DA POLITICA DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO BRASIL
Os primórdios de uma ação
A ação ed uca tiv a junto a ad ol es cen tes e ad ulto s no Bra_
sil nao é no va. Sabe-se que ja no perí odo colonial os rel igi o
sos exerciam sua ação educativa missi oná ria em gra nde parte
com adultos.
com a de so rg an ização do sistema de ensi no pro duzida pela
expl usão dos jesu ítas do Brasil em 1759 , somente no Império
vamos encon trar informações sobre ações ed ucativ as no campo
da educação de adultos.
No campo for mal , a primeira constituição brasi lei ra, de
18 24, fir mara , sob forte influência eu ro péi a, a garantia de
uma "instrução p rimá ria e gra tuita para todo s os cid ad ãos ". Pou_
co ou quase nada porém foi rea lizad o neste sentid o dura nte
todo o período imperial.
Esta dis tancia entre o proclamad o e o re al iza do , no cam
po da estrutura imp er ia l, se agrav ou por dois motiv os : em pri_
meiro luga r, porque só possuía cidadania uma pequena parcela
da po pu la ção, por tanto apenas ela com dire ito à educação pri_
mar ia ; em seg und o, porque o ato adicional de 1834, determin an
do a re sp on sa bili da de por esta educação básica às pro vín cias
e res erv and o ao Gover no Imperial os dire itos sobre a educação
das elites, praticamente delegou àqueles com menores possibili_
dades de recursos o papel de educar a maioria mais carente.
Isto fez com que cheg ás se mos ao ano de 1890 com 8 2* da
po pu la ção acima de 5 anos an al fabe ta. 0 pouco que foi realiza_
do deve u-se aos esfo rços de algu mas pr ov ín cia s, tanto no ensi_
no de adolescentes e adultos como no da educação infantil. Nes_
te caso da ed ucação das cri an ças , chegar ía mos em 1890 atenden_
do apenas 250 mil de uma população global de 14 milhões de pes_
soas.
Assi m, as preocupa ções liberais expres sas na legisla ção
des te períod o acabam por não se cons ubstan ciar , condicionad as
pela estrutura social vigente.
com o adven to do período re pu bli cano , e a través da Cons_
titui ção de 18 91 , a conce pção de fede ra lis mo acabou por con_
firmar a ação sobre o ensino básico como ação descen tralizad a
sob a respon sabilidade dos estados e muni cípio s.
Mais uma vez, garantiu-se a educação das elites em detri.
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mento de uma educação para as amplas camadas sociais marginali-
zad as , quando novame nte o ensi no elemen tar foi delegado à fra_
gili dade financeir a dos estado s e aos seus interesse s regio_
nais.
Ape sar do des compro miss o da União em relação ao ensin o
elementar, o período da primeira república vai se caracterizar
pela gran de qua ntida de de refor mas edu cacion ais qu e, de algu_
ma maneira, procurou um princípio de normatização e preocupou-
se com o esta do pr ecár io do en si no bas ico . Por ém, tais preo_
cupa ções pou co efei to pra tico pr od uzi ra m, uma vez que não ha_
via uma dotação orçamentar ia vin culada que pudesse gar antir
que as propostas legais resultassem numa ação eficaz.
Chega ría mos ao censo de 1920, 30 anos após o es tabe le ce
mento da República no Pa ís , com 72 % da popu lação acima de 5
anos analfabeta.
Até es te pe rí od o, a pr eo cup ação com a edu cação de adul_
tos pra ticamente não se dis tingu e como pensamento pr ópr io , se_
parad o das pre ocup ações gera is com a esco lar ida de basica da
popula ção infantil. Tal pr eocu pa ção, na ver dad e, apenas se
formali zara na decada de 40 , quan do o espaço esp ecífico da
educação de adultos se delineou.
Isto porem não impede que possamos verificar já a partir
da década de 20, tanto no movi mento por amplia ção do número
de esco la s e na luta por sua qu al id ad e, como na ação de exi_
gir que o Estado se responsabilize definitivamente pela oferta
desse se rv iço , o nascer das condi ções favor áve is ao estabele_
cimento de uma política para a educação de adultos.
Além di ss o, o fim da 1ª Guerr a Mundia l traz a tona os
precários índices de escolarização que nosso País mantinha tan_
to em rel ação a América Latina qu anto ao resto do mun do . As
nossas el ite s, que já haviam se adia ntado no estabelecimento
cons titucio nal do dir eito à ed ucação para tod os , mesmo sem es_
tabelecer as devi das condi ções de sua re al iza ção, viam agora
esta edu cação como deve r que cada brasi lei ro deveria assu mir
com a so cied ad e. Ao "direito de edu cação que já se afirmara
nas leis do Br as il , com as gar anti as do ensin o primário gra_
tuito para todos os cida dãos , viria então ass ocia r-s e, damesma forma como ocorr era em ou tro s pa ís es , a noção de um de
ver do futuro cid adão para com a so cie da de , um deve r educacio_
nal de prepar ar-se para o exercício das respo nsabilida desda
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cidadania".
A conquista de um espaço próprio
A Revo lução de 19 30, sem dúvida al gu ma, é um marco no
pro cesso de refor mulação do papel do setor público no Br as il .
Ao contrari o do feder ali smo que prev aleceu até aquel e momen -
to, reforçando os interesses das oligarquias region ais , agora
é a Nação como um todo que está sendo reafirmada.
Isto vai se con cre tiza r de mane ir a inequívoca na Cons_
tituição de 1934.
No caso dos asp ectos edu cacion ais , a nova Constituiçãopropõe um Plano Nacional de Edu cação, fixad o, coordena do e
fiscal izad o pelo Gover no Fe de ra l, determina ndo de maneir a cla_
ra as esfera s de competência da Uni ão, dos estad os e muni cí
pios em matéria ed ucaci on al ; vincula con stitucion almen te uma
receita para a manu tenção e des env olv imen to do en si no ; reafir-
ma o direito de todos e o dever do Estado para com a educação;
e es tabel ece uma seri e de med id as que vem con fir mar este movi-
mento de entrega r ao setor público a resp on sabi lid ad e pela ma_
nutenção e desenvolvimento da educação.
0 Plano Nacional de Ed ucação , sob res pon sabi li dad e da
Un ião, e previs to pela Constituição de 1º 34, deveria incluir
entre suas normas o ensino primario integral gratuito e de fre_
güincia obri gatóri a e, pela pri meir a vez uma pr eo cup ação par_
ticular, este ensino deveria ser extensivo aos adultos.
Posteriormente, com a criação em 1938 do Instituto Nacio
nal de Estudos Peda gógicos (INEP) — e através de seus estudos
e pe sq ui sa s, instituiu- se em 1942 o Fundo Nacional de Ensino
Pri mário . Tal Fundo deveria subsidiar um programa pro gre ssi -
vo de ampli ação da edu cação primária que incluísse ensino su_
ple tivo para ado les centes e ad ul tos . Em 1945,este Fundo foi
re gu la men tad o, esta bele cend o que 25% dos recurs os de cada au_
xíli o dev eri am ser ap li cad os num plano geral de ens ino suple_
tivo destinado a adolescentes e adultos analfabetos.
Amplia ndo as dimen sões deste movimen to em prol de uma
educação supletiva, no plano inter nacio nal , a UNE SCO , criada
1 BEI SIE GEL, Celso de Rui. Estado e educação popu lar. Pion ei
r a , São Pau lo , 1974 . p .63
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em nove mbro de 1945, reforçava esta pe rs pe ctiva , den uncia ndo
ao mundo as profun das des igu ald ade s entre os país es logo apôs
a 2ª Guerra Mu nd ia l, e de stacan do o papel que dever ia desempe_
nhar a ed uca ção, em especial a edu cação de ad ul tos , no proces_
so de desenvolvimento destas nações "atrasadas".
Em 1947 foi instalad o o Ser viço de Edu cação de Ad ulto s
(S E A ), como serv iço especial do De pa rtame nto Nacional de Edu_
cação do Mi ni stér io da Edu cação e Sa úde , que tinha por finali_
dade a or ie ntação e coor de na ção geral dos trabal hos dos pla_
nos anuai s do ensi no supl etivo para ado les centes e adul tos a_
na lfa beto s. uma serie de ativi dad es foi de sen vo lvi da a par_
tir da cria ção deste órgão, i nteg ra nd o os serv iços já existen_
tes na ar ea , pro duzindo e dis tribuind o material did ático , mo
bilizando a opin ião públi ca, bem como os gov ern os estadua is,
municipais e a iniciativa particular.
Este amplo movimento em favor da edu cação de ad ul tos,
que nasceu em 1947 com o Ser viço de Ed ucação de Ad ul tos e se
este nde u até fins da dicada de 50, de no mino u- se Campan ha de
Ed ucação de Ad ol es cen tes e Ad ul tos . Sua influência foi signi_
ficativa pr in cipa lmen te por criar uma infr a- es trutur a nos es_
tados e mun icí pi os , pos terio rmente absorv ida pelas administra-
ções locais.
Duas outras campanhas ainda foram org ani zadas pelo Mi _
ni stério da Educa ção e Cu ltu ra : uma em 1 952 , a Ca mpan ha Nacio_
nal de Edu cação Ru ra l, e outra em 19 58, a Campan ha Nacional
de Err adi cação do An al fabe tis mo. Ambas tiveram vida curta e
pouco realizaram.
Os esfor ços empree ndi dos durante as décadas de 40 e 50
fizeram cair os índi ces de an al fabetis mo de pes soa s acima de
5 anos de idade para 46, 7 %, no ano de 19 60. Pe rmane ciam, no
entan to, índices elev ado s; mais do que isto, começava-se a
questionar a eficácia de tais campanhas.
A conquista de um modo de pensar próprio
Os pri meiro s anos da década de 60 , até 19 64, qua ndo o
golpe militar ocorr eu, torna ram-se bastante esp eciais no cam
po da educação de adultos.
já em 1958 , quan do da real ização do II Con gres so Nacio
nal de Educação de Ad ul tos , no Rio de Jane ir o, percebia- se uma
grande pre ocupação dos educado res em rede finir o seu espaço
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pr op ri o, bem como as caracter ísticas es pe cifica s da edu cação
de adul tos. Reconhecia-s e que a atuação dos educadore s de
adultos, apesar de organizada como sistema proprio, reproduzia
de fato as mesma s ações e car acter ís tica s da ed uca ção infan_til , consi deran do o adul to como um ign ora nte, que deveria ser
atualizado com os mesmos conteúdos formais da escola primaria,
e reforçando o preconceito contra o analfabeto.
Na verdade, este Congresso vai refletir de maneira inten
sa uma nova forma do pensa r peda gogi co que ma rco u, sem dúvida
alg uma, um momento novo dos edu cado res , deixando para trás
velhas idéias e pr econ ceito s. "Marcava o Con gre sso o início
de um novo perí odo na edu cação de adultos no Br as il , aquele que
se caracterizou pela intensa busca de maior eficiência meto do -
logica e por inovações importantes neste terreno, pela reintro
du ção da re flexão sobre o social no pens ame nto peda gog ico bra_
sileiro e pelos esfor ços real izados pelos mais dive rsos gru_
pos em favor da edu cação da pop ulação adulta para a particip a
ção na vida polìtica da Nação".
Este quadro de renovação pedagogica deve ser considerado
dentro das condi ções gerai s de turbulência que o process o po
lìtico vinha passando naquele momento histórico, onde os diver
sos grup os buscava m em suas ações junto as camadas popu lare s
formas de su ste nta ção polìtica e le gi tima ção das suas propos_
tas. A edu cação, sem dúvida alguma e de maneira pri vil egi ada ,
era a prática social qu e melhor se ofer ecia a tais mecan is mos
p o l íticos.
Assi m, as diver sas propostas ideológicas acabaram por
ser pano de fund o desta nova forma de pe nsa r a edu cação de a_
dultos, elevada agora à condição de reflexão sobre o social, a_
lêm das pre ocupa ções existen tes com o apr imor amen to dos as pe c
tos sobre o pro cesso de en si no- apr en diza ge m. Sem dúvida algu_
ma , no bojo desta ação de legitimação de pro pos tas pol iticas
junto aos grupo s pop ula res , criou-se a necessi dade permanen te
de condições favorá vei s à sua or ga ni zação, mobili zação e cons_
cientização.
É dentro desta persp ectiva que deve mos consi der ar os vá-
2 -PAIVA, Vanilda Pereir a. Educação popular e educação de ad ul _tos. Loyola, São Paulo, 1973. p.210.
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r i os a c o n t e c i m e n t o s n o c a m p o d a e d u c a ç ã o d e a d u l t o s n o p e r í o
d o q u e v a i a t é 1 9 6 4 .
G r a n d e p a r te d e s t e s p r o g r a m a s e s t a v a f u n c i o n a n d o n o
â m b i t o d o E s t a d o o u s o b s eu p a t r o cí n i o . R e p r e s e n t a v a m , p o r
u m l a d o , o a u m e n t o d a r e s p o n s a b i l i d a d e d o s e t o r p ú b l i c o p e l a
e s c o l a r i z a ç ã o b a s i c a d o s a d u l t o s e , p o r o u t r o , a d i s p u t a polí-
t i c a p o r l e g i t i m a ç ã o d e i d e a i s n o c a m p o d a p r á t i c a e d u c a c i o n a l
n o a p a r e l h o d o E s t a d o .
O p e r í o d o p ó s - 6 4 e o e n s i n o s u p l e t i v o
A a ç ã o d o s m i l i t a r e s q u e a s s u m i r a m o p o d e r c o m o gol_
p e d e 1 9 6 4 p r o d u z i u u m r e o r d e n a m e n t o p o l í t i c o , c r i a n d o a s c o nd i ç õ e s n e c e s s á r i a s a o d e s e n v o l v i m e n t o d o m o d e l o c a p i t a l i s t a g e s
t a do a o l o n g o d o p e r í o d o a p ó s 1 9 3 0 .
E s t a n o v a c o m p o s i ç ã o d a s f o r ç a s n o p o d e r p r o d u z i u , c £
m o n ã o p o d e r i a d e i x a r d e s e r , m u d a n ç a s n o c a m p o d a s p o l í t i c a s
s o c i a i s e , e m e s p e c i a l , n o c a m p o d a e d u c a ç ã o d e a d u l t o s .
T a i s m u d a n ç a s o c o r r e r a m , i n i c i a l m e n t e , c o m a r e p r e s s ã o
d i r e t a a o s g r u p o s e à s p e s s o a s q u e e s t a v a m a t é a q u e l e m o m e n t o
n o s v á r i o s t r a b a l h o s d e e d u c a ç ã o p o p u l a r .
A s n o v a s i d é i a s e d i v e r s a s p r a t i c a s e s t i m u l a d a s n o pe_
r í o d o a n t e r i o r a o g o l p e , d e p o i s d e r e p r i m i d a s , v ã o g r a da t i v a _
m e n t e s e r e c o m p o n d o e e x e r c e n d o i n f l u e n c i a s f o r a d o a p a r e l h o
d o E s t a d o , n o c a m p o d o m o v i m e n t o s o c i a l , e m e s p a ç o s d e e du ca _
ç ã o p o p u l a r j u n t o a s o c i e d a d e c i v i l .
A e s c o l a r i z a ç ã o b a s i c a p a r a a d o l e s c e n t e s e a d u l t o s fo i
d e i x a d a n a s m ã o s d o s g o v e r n o s a u t o r i t a r i o s , e n q u a n t o r e n a s c i a m ,
d u r a n t e a d é c a d a d e 7 0 , m o v i m e n t o s d e e d u c a ç ã o q u e r e i n v e n t a_v a m a ç õ e s j u n t o a o s g r u p o s p o p u l a r e s c o m o p r á t i c a s d e o r g a n i z a
ç ã o , m o b i l i z a ç ã o e c o n s c i e n t i z a ç ã o n a l u t a p o r m e l h o r e s cond_i_
ç õ e s d e v i d a .
N a v e r d a d e , e s t e s e t o r d a e d u c a ç ã o — a e s c o l a r i z a ç ã o b á
sica d e a d o l e s c e n t e s e a d u l t o s — n ã o p o d e r i a s e r a b a n d o n a d o p o r
p ar te d o a p a r e l h o d o E s t a d o . P o r u m l a d o , s e r i a i n c o m p at í v e l a
p r o p o s t a d e um g r a n d e p a í s c o m os b a i x o s í n d i c e s d e e s c o l a r i d a _
d e ; p o r o u t r o , h a v i a n e c e s s i d a d e d e d a r r e s p o s t a s a u m d i r e i t od e c i d a d a n i a c a d a v e z m a i s i d e n t i f i c a d o c o m o l e g í t i m o .
A r e s p o s t a o c o r r e u c o m a f u n d a ç ã o d o M o b r a l e m 1 9 6 7 e ,
p o s t e r i o r m e n t e , c o m o e n s i n o s u p l e t i v o e m 1 9 7 1 , q u a n d o d a pro_
m u l g a ç ã o d a L e i F e d e r a l n º 5 6 9 2 .
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Além da necessidade de formação de mão-de-obra para a
indústria em des env olv imento e da respos ta a um direi to de
cidadania, a escolarização serviria como mecanismo de suaviza_
cão de tens ões , ao possibilitar o vis lu mbre de uma ascens ão so
cial pela pr omoção ind iv id ua l. Além di ss o, o model o de desen_
vol vimen to imposto à Nação iria exigir a ra ciona lização dos
recurs os econômicos e sociais para que pude ssem servir por
inteiro ao avan ço do capitali smo na cion al . Para tan to, cola_
boram os Planos Nacionais de Des env olv imento e, posteriormen_
te, os Planos Setoriais de Ed ucação, que acabam por plan ejar
todas as ações do Estado dentro da logica imposta à Nação.
É dentro deste quadro que podemos entender a políticaedu cacion al , e, em esp ecial , a da educação de adu ltos. Temas
como o caráter educativo do de se nv ol vi men to, bem como o valor
da edu cação neste pr oces so , a tecnolo gia ed uca cio na l, modu_
los ins trucion ais , teledu cação, educação como inve stimento,
dentre outr os , passa m a estar per manen temente em pau ta.
Um exemplo disto i o Informe Brasileiro para a 3ª Con_
ferência Internacional de Educação de Adul tos pre para do pela
Secr etar ia Geral do Mi ni stério da Edu cação e Cultura em mea_dos de 1972.
A l i , em sua in tro du ção, o do cumento reafirma este ca_
rater pri ori tário da educação como fator de des env olv imento
quan do ao citar nove elemen tos caracterí sticos para um índi
ce de padrão de vida de uma nação conclui: "A educação, entre
os nove elementos acima mencionados, é essencial, sendo requi_
sito básico para a modificação de outros el emen tos. Por exem
pl o, é impossível e sper ar uma melhoria nas áreas de saúde pú
blica ou da nutri ção sem que sejam si multa ne amen te criad as
condições e pr ep ar o, através da ed ucação , para os benefícios
desta mudan ça". A edu cação é consi der ada prio ritá ria inclusi_
ve em rel ação aos aspe ctos como habi tação , ve stuár io e condi_
ções de trabalho e, ate mesmo, liberdade humana.
Mais ad ia nte, confirmando este aspe cto de alin har a
educação ao modelo global de de se nv ol vi men to, buscando racio
nalizar os recursos, planejando e estabelecendo metas, o docu_
mento afirma:
"0 sistema educacional no 3rasil, na
fase atual , vem se emp en han do nas
tarefas de dese nvolv imento. Baseia-
se na convi cção de que a ed uca ção,
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por si mes ma, em vi rtu de do longo tem
po que exige para compl etar os pro
jetos , press upõe um horizon te pros
pectivo que permita determina r suas
final ida des e obje tiv os . Foi insti_
tuído o Plano Setorial de Edu cação
pa ra o tri êni o 72/7 4 como um objeti_
vo intermediário no plano prev isto
para a 2ª década de desenvolvimento,
assim definida pelas Nações Un id as ,
sendo o ano de 1980 a data limite pa_
ra fixação de diretrizes e objetivos
na área de educação.
Desde 1964, o governo brasileiro vem
real izando grande s esforços para au
mentar o número de estabel ecimentos
es colar es e estabelecer as per centa
gens de apr ove itamento dos já exis
tentes .
A aceleração da revolução e d u ca ci o -
nal no Brasil deve base ar -se na for
mação de uma in fra -e str utu ra adequa_
da de recursos human os , apropr iada
às noss as ne cess id ad es sócio-econômi_
cas , políticas e cul tur ai s, bem como
na crescente pr od uti vi da de , rendimen_
to e eficien cia do própr io sistema
educacional .
Esta meta sera ating ida atrav és da
melhor ia da qu al id ad e de en s in o , eli-
minando a capacidade ocio sa, plane
jando um aumento qu an titativ o de
opo rtuni dad es, adaptando os currícu
los à real idad e naciona l e às pecu
liaridades reg ion ais , e pela inter
relação da ed ucação, pesquis a e tec
nologia com o des env ol vime nto global do Pais".
3 BRASIL, Ministerio da Educação e Cultura. Informe Brasileiro
para a 3ª Conferência Internacional de Educação de Adu ltos,
Revista Brasileira de Estudos Pe dag ógicos , Brasíli a, 59(131):
507, jul/set - 1973.
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Em relação à educação de adultos, afirma o documento
"No momento em que grand e incentiv o
i dado para a retomada efetiva do de_
senvolvimento, a educação de adultos
situ a-s e na linha de frente das ope_
ra ções. Sua expan são e refor mulação
estão sendo empreendidas para que se
constitua em pode rosa arma capaz de
acelerar o des env olv imen to, o pro _
gres so social e a expans ão ocu pa cio
nal , dentro do modelo proposto de
Educação Permanente.
como in stru mento para a cel er ar o de_
se nv ol vi men to, a importância da edu_
cação de ad ul tos deco rre principal_
mente de sua contribuição para o pro_
gresso tecnolo gico. Ela assegura
maio r es pe cia li zação do fator traba_
lho, melho res formas de org ani zação
e método s mais no vo s. Dev e-s e des_
tacar que os programas de desenvolvi_
mento não estão apenas condicionados
ao aumento quantitativo dos recursos
huma no s, mas também à pre par ação de
novos tipos desses recu rso s, sendo
que a edu cação de adultos eng ajad os
no trabalho é responsáv el pelos im
pactos a curto pra zo que aume ntam a
produtividade do sistema econômico.
0 sistema educacional brasi lei ro,
como ins trumen to de pro gre sso soci
al , gera opor tunidad es iguais para
todas as classe s so cia is , forma uma
sociedade democratica e garante que,
através da edu cação sistemática do
adulto, os meios do progresso social
alcan cem, ainda que tard iamen te, osind iví duo s meno s favo re cid os das ca_
madas mais baixas.
como in str ume nto de e xpa ns ão de opor_
tunidades de empr eg o, a educacão de
adultos preparara o estudante adulto
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bra si le ir o para a vida numa socieda_
de moderna, assim como o qualificara
para en fren tar as exi ge nci as , pre_
sen tes e fu tu ra s , do mer cad o de tra_Daino". 4
Por outro lad o, ape sar das intenções do Estado autori_
tiri o, o Mobral e o Ensino Suple tivo passam a ser , de maneira
contraditória, um avanço no sentido de oferta de oportunidades
educacionais a amplas parcelas da população.
Mesmo cons ide ra nd o os limites desta extensão e o cará
ter ideo lógico dos serviços ofer ecid os , limites estes impostos
pel o cará ter da so cie da de de class es br as i le ir a, um número cre_scente de pessoas foi atingido, criou-se na maioria dos estados
uma estrutura de atendi mento à educação de ad ul tos ; no plano
for mal , além de pela primeira vez en contra rmos um capí tulo in_
teiro sobre educação de adultos em uma lei federal, houve, sem
dúvida alguma, um amplo debate legislativo educacional sobre a
edu cação de adultos e as suas varias formas de mani festa ção.
Ape sar dis to, chega mos no ano de 1980 com 31,9 % da po
pul ação, aci ma de 5 an os ,a na lfa beta , a tin gi nd o um total de qua_se 33 milhões de pe ss oa s. Pr atica mente 40 milhões de adoles_
centes e ad ulto s não concluíram a e scol ar id ad e básica nesta mes
ma epoca.
Mai s do que is to, 8 milhões de crian ças não estão nas
es colas e 10 milhões estão de fasa da s em rela ção à idade e sé
rie . São elas as futuras candi datas aos prog ramas de al fabeta
zação e educação supletiva.
Faz-se necessá rio en tão, além dos esforços no aprimo
ramento do ensin o re gu la r, um balanço das ações edu cativas no
campo da educação de adultos no sentido de alinhavar propostas
de apr imor amen to e con cretiza ção de uma edu cação escol ar bási
ca para adu ltos .
4Op . cit. , p .509 .
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O ENSINO SUPLETIVO E SUA FORMULAÇÃO LEGAL
É no capí tulo IV da Lei n9 5.692, de 11 de ago sto de
19 71 , que se reg ula menta o ensi no su pl eti vo . Al i, nos arti_gos de 24 a 28 , são explicitadas as fin al id ad es , abrangência
e formas de ope racio nal ização. Mais adia nte, no artigo 32 do
capítulo V, a necessidade da adequada formação dos professores
para o ens in o su pl etiv o é in di cada . Sao estes 6 artig os aque_
les que mais diretamente tratam sobre o ensino supletivo.
Tanto no Relatório do Grupo de Trabalho, que fundamen-
ta e justifi ca a Lei nº 5.692, como, po ste ri or men te, no Pare_
cer 699/72 do Pr of. Valnir Chag as , pod emos encontrar as prin_cipais caracteristicas estabelecida s para o ensino supletivo
de maneira mais explicativa e desenvolvida.
Considerado (Parecer 699/72) como "o maior desafio pro
posto aos educadores brasileiros pela Lei nº 5.692", o ensino
su pl eti vo viso u se cons tituir em "uma nova concep ção de esco_
la" qu e, segun do Valnir Chag as , poderia moder nizar o ensino
regu lar por seu exemplo demon strativ o e pela interp ene tração
es pe rad a entre os dois si stemas . Have ria que se tomar cui_
dado para que este processo não pr odu ziss e a defor mação de
uma nova dual id ad e de sistemas evi tando "a de formação em que
importari a a existência do ensin o regu lar 'para os nossos fi
lhos 1 ao lado de um ens ino supl etiv o 'para os filhos dos ou_
tros'".
0 ensino supletivo nasce como resposta a necessidades
di ve rs as . Era necessario um reor dena mento do antigo exame de
madureza qu e, por diverso s motiv os , "encorajava a fuga da
escola regular pelos que naturalmente deveriam segui-la e con
c l u í - l a " .
Era necessar io também, na visão dos leg isl ado res , am
pli ar a oferta de formação profiss iona l "a uma clientela já
en ga jada na força de trabal ho ou a ela des tina da a curto pra_
zo".
Por fim, foram agr ega dos ao mesmo capí tulo motivos que
se apr oximav am às necess ida des fundada s na concepção de edu_cação permanente, onde se procurou responder aos objetivos de
uma "escola rização menos formal e mais 'aber ta'".
Pro curar -se -ia , assim, unir as necessi dade s de forma_
ção e pro moção individual ao esforço de de se nv olv imen to na_
cion al , com flexibil id ade , integrand o os diferentes serviços
no campo da edu cação de adu ltos e buscan do uma nova metodo lo
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gia adequada ao trabalho pedagógico.
Para tan to, deve r-s e-i a utilizar na cons trução desta
nova metodolo gia "o preparo adeq uado " para os profes sore s do
ens ino su pl eti vo (Lei n9 5.692, art. 32) e todos os meio s que
nao só o da sala de au la , como a util ização de ra di o, televi_
são , cor re sp on dên cia e outr os meios de comun icação que perm_i_
tam al can çar o mai or número de pess oas (Lei no 5.692, a rt. 25
§ 20) .
Para cumprir seus obje tiv os , o ensino sup letiv o foi
orga nizado em quatro funções , podendo ser dese nvolv ido tanto
em cursos como em exames. São elas:
A suplencia, que objetiva "suprir a escolarização re_
guia r para os ado les centes e adultos que não a tenham segui do
ou con clu íd o na idade pr ópr ia " (Lei n9 5.692, art. 22, a ) . En_
campa a idéia do antigo mad ur eza , mas a ampli a. Ag or a, além da
edu cação ge ra l, os exames podem ser real izados para efei to de
habi li tação pr ofi ss io na l de 2º gr au , e a união dos dois exa_
me s , o da ed uca ção geral e o da habili tação pr ofis sio nal pode_
rã cond uzir a um diploma de tecnico. A suplência é destina da
a alunos com 14 anos ou mais com o limite minimo de 18 anos pa_
ra concl us ão de curso s ou realização dos exames de 1º gr au . A
nível de 2º gr au , o limite míni mo para a concl usão de curso s
ou exames I de 21 anos.
O sup rimen to visa "propor cionar, mediante repetida vol
ta a escola, estudos de aperfeiçoamento ou atualização para os
que tenham seg uid o o ensin o regular no todo ou em pa rte " (Lei
n9 5.692, ar t. 24 , b ) . É, sem dúvida al gu ma, aquela que mais
se aproxima do ideário da educação permanente. E a função mais
abran gente e pode ser desenvolv ida em paralelo aos cursos em
todos os níveis de ensino.
A ap ren di zage m é a formação metódica no tra bal ho, a
cargo das empr es as e das instituições por estas criada s e man
tid as . E ofe rtad a para alu nos com mais de 14 anos e escola_
rid ade míni ma de 4a serie de 1º gr au . Esta função esta a car_
go basicamente do SENAI e SENAC.
A qualificação esta encarregada da profissionalização,
sem pr eo cup ação com a ed ucação ge ra l. Atend e ao obje tiv o pri_
oritário de formação de recursos humanos para o trabalho.
Todas estas funções , de maneiras di ver sas , e conforme
sua es tru tur ação , podem ser consid erad as com maior ou menor
grau de sup letiv ida de. Esta expre ssão, sup le tivi da de, segun_
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do o Parecer 69 9, "e no fundo a justabi lid ade , flexibil ida de,
abe rtu ra , que de modo algum exclui a escola re gu la r, antes a
vita liza ". Os graus de supletividad e vari am, e pode m, "par
tindo agora de maior ou menor compromis so com o tradicio nal ,chegar a uma escola mais e mais abe rta , já estão admitida co
mo a escola e prescin dindo ate dos qua lifica tivos ".
como pod emos perceber era intenção dos leg isl ado res
cumprir esses objetivos anteriormente descritos através de um
sistema que mesmo não sendo para lelo ao ensino regular e sim
in teg ra do , pudes se ser o para digma de uma nova esco la , uma es_
cola do futu ro . 0 ensino supl etivo seria então aquele qu e,
quan to maior seu grau de sup letiv ida de, mais proximo estaria
do novo e, po rta nto , mais dis tante do trad icio na l. A nova es_
co l a, no texto le ga l, esta colocad a em op os ição às formas sis_
temática s de ens in o- ap ren di zage m caracter ísticas do ensi no re_
gu i a r.
Neste se ntid o, a sup len cia, função esta dedicada à
sup lemen tarie dad e , tendencialmente deveria desap arecer do en_
sino su pl eti vo na me di da em que fosse m atendidas todas as cri an ças
na idade ad eq ua da . Por outro lad o, não des apa recer á a função
de su pr imen to, aquela com maior grau de suple tivi dad e, passan_
do então a representar todo o ensino supletivo.
Histórico, normas e legislação dos exames supletivos
A existência de exa mes de con clu são de es tud os secun_
dár ios remonta à segunda metade do siculo XIX. A de no min ação,
la rg ame nte util izad a ao longo do siculo XX, "exames de madure_
za ", teria sur gi do no pro jeto de refor ma do ens ino de Rui Bar_bosa em 1332 para de fini r "um exame geral de admi ssão aos cur
sos superiores, no qual se averiguasse o grau de maturidade in
telectual alcançado pelo ado les cente". Os exames de madu re za,
en tre tanto , so viriam a se incorporar efetivamente ao sistema
ed ucaci on al bras il ei ro nos pr imórd io s da Re públ ica , com a re_
forma Ben jamim Con stan t de 18 90. Dura nte tôda a Pri meira Re_
pública os exames se cons tituíam num compleme nto n ecessá rio aos
es tud os de nível me di o, na medida em que estes não tinham re
gime escola r defini do e não obedeciam ser iação. A apr ova ção
nos exames de madureza conferia dire ito ao ingresso nos raros
cursos super iores então exis tente s. Segundo a caracterização
de Josélia Saraiva de Castro (1º 7 2 ) , neste periodo os exames
guarda vam o duplo cará ter, regular — enquanto instrumento
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de conclus ão do curso se cund ar io — e sup letiv o — como meio
de certificação daqu eles que não houvess em freqüentado os li
céus públi cos , real izando os estudos em escolas priv ada s ou
na própria família.
Os exames de madur eza de caráter pr op ri amen te supleti_
vo , destin ad os a adu ltos que não pude ram segu ir o curso regu_
la r, irão sur gir na reforma Fra ncisco Campos de 19 32, e serão
se gu id amen te re for mula do s na reforma Cap anema de 1942, bem co_
mo por diversos decretos e portarias nos anos subseqüentes. De
uma forma ge ra l, essas reformula ções visavam a facilitar o
acesso aos exames em um período em que o crescimento populacio
na l, a ur bani zação e a mudança da estru tura ocupacio nal gera_
vam uma pre ssão pela ampli ação da oferta de ens ino de nívelmidi o.
0 projeto de reforma de ensin o exigido pela Con stitua
cão de 1946 só veio a cons ubstan ciar -s e na Lei de Dir etrizes
e Ba ses da Ed uca ção Na ci on al , em 19 61. A LDB n9 4.024/61 man_
teve os exames de madureza em caráter su pl etiv o, introdu zindo
como pri ncip al n ov id ad e a re du ção da idade míni ma para subme_
ter-se aos exames de gin ási o de 18 para 16 an os , e de colégio
de 20 para 19 anos.
A Lei de Dir etrizes e Bases da Edu cação Nacional pr o
mulg ada em 1971 incor por ou os antig os "exames de madu re za" em
seu Capítulo IV, dedicando ao ensino supl etiv o, alterando sua
den omina ção para "exames su pl etiv os ". A inovação introduzida
pela LDB n9 5.692 foi a criação de duas modalidades de exames:
os exames de edu cação ge ra l, que habilitam ao pro sse gui mento
de estudos em caráter regula r nos níveis su bseq üente s, e os
exames de formação es pe cia l, que pro picia m habili tação profis_sional a nível de 2º grau a quem ad qu ir ir compe tência no tra
baino ou fora dele (artigo 26 ). Ambas as moda li da de s situam-
se na função su ple ncia . Além dis so, as idades mínimas para
conclus ão do 1º e 2º gra us através de exames su ple tivos foram
no va men te ele va das de 16 e 19 anos para 18 e 21 anos respe cti
vamente.
como este estudo refere-se exclus iva mente aos exames
de educação ge ra l, não nos deteremos sobre a legis lação refe re nte 30S exa mes de forma ção especial .
0 cer tifi cad o obtido com os exa mes tem equi valência
aquele prop orcio nad o pelo ensino regu lar . Os exames são reali_
zados parcelada men te, por di scip li na s, poden do o candidato ins_
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crev er -s e em uma ou mais d el as . A lei não exige a seqüência
de gr au s, podendo inscrever-se o candidato nos exames de 2º
grau ind epe nde ntemen te de possu ir ou nao certificad o de con_
clusão do 1º grau.
A lei dete rmin a ainda que os exames pod em ser ofereci
dos por estabele cimentos oficiais ou reco nhecid os , indicados
anu alme nte pelo Cons elho de Educação da resp ectiva unidad e fe
de ra da , pod end o ser uni ficados na juri sdi ção de todo um siste_
ma ou de parte dele (artigo 26, parágrafos 2º e 39).
Ao longo da decada de 70, a uni ficação dos exa mes , a
padronização dos certificados, a exclusão dos estabelecimentos
pri vad os autori zado s a oferecer exames e o maio r rigor na fiscali zação de sua execu ção foram medi das ado tada s com o intui_
to de combater ir re gu la ri da de s, resu ltand o na sistemática atu_
ai, pela qual a execução dos exames de suplencia cabe fundamen_
talmente aos sis temas estadu ais de en si no , que os oferecem em
duas ocasiões ao ano . A esfera fed er al , rep res entada pela Sub_
secretaria do Ensino Supletivo, apenas divulga o calendário na_
cional das pr ov as , sem qu e, no en tan to, se tenha alcançado a
coincidência de datas em todo o território.
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OS EXAMES SUPLETIVOS DE EDUCAÇÃO GERAL
Introdução
Esta parte do rel atório trata dos estudos e pesq uisas
rea li zada s entre 1971 e 1985 sobre os exames sup letiv os de
edu cação geral que viera m su bstitui r, na Lei de Dire trizes e
Bases da Educação Nacional de 1971, o antigo sistema de exames
de madureza.
0 le va ntame nto das pu blica ções que tratam deste assun_
to apur ou por volta de 60 títu lo s. A analis e que se segue refere-se. mais especificamente a vinte títulos que uma seleção pré_
via indicou serem os mais sig ni fica tiv os , e cujos volu mes con_
seguimos obter para le itura.
As primeir as pes qui sas que apura mos neste levantamen_
to, publi cadas em 197 1, referem-s e aos exames real izados no
regime anter ior à LDB /7 1 , ainda denomina dos exames de madure_
za. uma delas refere -se aos"Exames de Madur eza na Guanabara",
foi realizada pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais,
e I as sin ada por L ei te, mas infe lizmen te não obtive mos seu exem_
plar para ana lis e. Ou tra, de autoria de Barros o e Oli vei ra,
pes qui sad ore s da Fund ação Carlos Chag as , refere- se a "Os Exa_
mes de Mad ure za em São Pau lo" e tem suas conclu sões expo stas
ao longo deste rel atório . Esses dois trabalhos pione iros cons_
tituíram um ponto de partida bastante cons is tente , ao qual se
remeteram quase todos os estudos subseqüentes.
Alguns anos se pass aram após a pro mulga ção da lei que
instituiu o ens ino sup leti vo sem que pes qui sas de maior ampli_
tude fossem re al izad as . A maior parte dos títulos datados de
1971 a 1975 ded icam-s e mais a expor a doutrin a e leg isl ação
que a ana lisa r pro pri amente seus re sul tado s. A prod ução cien_
tífica irá se multi pl ica r a partir de 1975, quand o o Departa_
mento de Ensino Supl etivo do MEC estabeleceu convênio com a
Univ ers idad e de Br as íl ia , e o INEP solicitou à PUC do Rio de
Janeir o leva ntamentos sobre a clientela dos exames suple tivos
de educação geral e seu des empe nho, com ênfase nos candid atosao 2º gr au. Destes convênios resultaram os relatórios "Exames
de Supl encia, Candidatos e Rendimento em Cinco Capi tais" e
"0 Enigma do Su pl eti vo ", coorde nado s res pectivamen te por Jac
quês da Rocha Velloso e Claudio Moura Castro , cujas primeira s
vers ões foram pu blica da s em 1975 e 197 7. Destes pro jetos re_
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sultaram também divers as dissertações de mestra do, defendid as
na UND ( Coelho, Fonseca, Pio s, 1977, Villasenor Sp re itze r,
1978) e na PUC-RJ (MELO, NAC CAR ATO , SORI ANO, 1977) e artigos
pu blicado s pelos coord ena dor es das pesquisas . Esses dois con_
juntos de trabal hos são de gr an de impor tância dev ido à sua
abra ng ência: aquel e coorden ado por Velloso estudou as caracte_
rísticas dos candidatos e seu rendimento em cinco capitais bra_
si lei ras , procedend o a uma analise comparativa com razoável
grau de gene rali zação para o territorio nacio nal ; a pesquisa
coordenada por Castro restrin giu- se ao Rio de Janei ro, mas
abrangeu outros itens como a aná lis e das prova s dos exames de
suple ncia de 2º grau e acres centou un estudo compara tivo de
desempenho no vestibular do Cesgranrio dos candidatos oriundosdo ensino regular e dos exames supletivos.
Novo s estud os desta ampl itud e não vol taram a ser rea_
lizados nos anos se gu in tes, dificultan do a compara ção dos re_
sul tados em séries his tóri cas . Nes te se nti do , merece desta_
que a regularidade com que a clientela e os resultados dos exa_
mes de suple ncia vim sendo ana lis ado s no Estado de São Paulo
por demand a da Se cretari a de Edu cação ou da Fu nd ação Padr e An_
chieta à Fundação Carlos Chagas.
Os es tudo s sobre os dema is estad os são es cass os e dis_
persos no tempo . A cons eqüência da d isp ersão espaço-temporal das
pesquisas i a dificuldade que ela acarreta à generalização dos
res ultado s ou ide ntificação de tend ência s. Assim se nd o, procu
raremos verificar o que há de gen era lid ade entre as pesqui sas
e as tendências por elas ap on tad as , res sal van do que estes re_
sultados podem ser válid os ape nas para algun s estado s e para
certos períodos de tempo.
Quanto aos níveis de ensino pesquisados, a maior parte
dos trabalhos aborda os exames supl etivos de edu cação geral
de 1º e 2º graus simul tanea mente. Dentre aqueles que analisam
cada um dos graus separ ada mente, há um predomínio de estudos
sobre a sup len cia de 2º gr au . Pe sq ui sa nd o nos textos as ju_s
tificativas para este pr ed omí ni o, não encon tramos razões sufi_
cientemente claras ou explícitas, mas pudemos levantar algumas
hipóteses a respeito.
Freq üentemente encontramos que stio na mentos , por par
te dos pe sq ui sa do re s (Castro et al ii , 1980) e mesmo de auto_
rid ade s educacionais , qua nto à si stemáti ca de exa mes . Alg un s
referem-se a uma possível concorrência que os exames de suplen_
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cia pud ess em vir a es tabel ecer com o ens ino re gu la r. Os au_
autores temem que o sistema de exames venha a desv iar- se de
suas finalidades e esvazie o ensino reg ula r, na medida em
que se torne um mecanismo facili tador da obtenção de cer tifi
cad os , sem contudo apr ese ntar as vantag ens que o processo re_
gui ar de es col ar iza ção pro picia em termos da formação da per_
sona lida de e aqu isição de conhe cimen tos. Esses arg umentos se_
riam igu alme nte vali dos para o 1º e 2º gr au s. En tre tan to, pa_
rece pre ocupa r esp ecia lmen te que tal fato, se con fir mad o, ve_
nha a lançar no mercado de trabalho e no rol de candidatos ao
ensino superior um contingente numeroso de indivíduos que, em
bora por tado res de certi ficad os de 2º grau eq ui va le nte s àque_
les pro pici ado s pelo ensin o re gu la r, não estejam igua lmentedotados de habilidades e capacidades cognitivas quanto os
estudantes dele ori und os. Esses au tor es , quase sempr e, re_
comend am a manute nção da idade mínima para conclu são dos exa_
mes supl etiv os de 2º grau em 21 a no s, e a ve ri ficação dos pa_
drões de excelência das provas que os compõem.
Mesmo autor es que não vêem nos exames su pl etiv os um
mecanis mo de facil itação , demonstram a pre ocupa ção de que es
ta sis tematica , ao aceler ar o fluxo es cola r, venha a aumentar a pressão de demanda pelo ensi no superio r qu e, sabidamen
te, vem sendo incapaz de acolher todos os seus candidatos. Res
su rg e, então, uma preocupa ção ja manifesta para o ensino de
2º grau regula r: aquela que remete à neces sid ade do sistema
educacional oferecer opções de qual ificação pro fiss ion al, se
ja pela neces sid ade de reduzir a demanda pelo ensino superi
or , seja para oferecer alterna tiva aque les que não obtiveram
êxito nos vestibulares.
Estas parecem se r, a nosso ve r, as poss ívei s razões
que conduzem a uma maior den sida de de pesqu isa ao nível do
2º gra u, sem qu e, no en tanto, tenhamos dados mais conclusivos
e consistentes sobre o assunto.
A caracter ização das 20 obras mencio nad as permitiu
iden tificar qua tro núcleos temáticos abordad os com maior fre
quência pelos au tor es . São el es : caracter ização da cliente-
la; des empenho dos candi datos nos exames e seus condi ciona n
tes pe sso ai s, sociais e de escol ari dad e; analise das provas
5 São ilustrativas as entrevistas realizadas por PRAXEDES(.1383)
com perso nalid ades ligadas ao ensino supletivo
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e desempenho nos vestibulares.
Procedimentos dos estudos e pesquisas
A ampla maioria das pesquisas sobre exames de suplencia
de ed ucação geral consis te em sur veys des critivos da clientela.
Os capí tulos re ferentes à metodolo gia destes trabalhos remetem-
se , quase que exclusi vamen te, à descrição do procedimento ad£
tado no tratamento estatístico dos dados.
Para delinear o perfil da clientela os autores recorre_
ram a dado s das secretaria s de educação dos -es tados (resul tan
tes de informações prestadas pelos candidatos no ato de inscri_
ção aos exa me s ), o nde estes se encon trava m di sp on ív ei s. A maior
parte dos pes qui sad ore s, entre tanto, necessitou coletar asinformações dir etamente, aplicando ques tionári os a amostras
al ea tori as de candi datos por ocasi ão das in scr ições . A ado_
ção de criter io s para a defin ição das amos tras gar antiu a re_
pr es en tabil id ad e das mes mas , compr ov ad a por testes estatísticos.
Parcela substancial dos estud os pro pôs-se a ide ntifi
car os condicionantes do desempenho nos exames, ou seja, quais
as caracteristicas da clientela que influem significativamente
no rendi mento dos cand id atos . A premissa dessa i nve stigação re_
side na s evi dênci as de que o r en dimen to acad êmico é afetado por
variáveis pes soa is, sociais e psi cológicas, alem daquelas de
índole propr iamente escola r. Bas earam-se os au tores em estudos
precedentes sobre o rendimento escolar de crianças e adolescen_
tes no ensino reg ula r, em que a ps icol ogi a, a sociologia e a
economia trouxeram constri buições à expli cação do des empenho
acadêmico.
Baseados na revisão bibliográfica os autores seleciona_
ram certas variáveis demo grá ficas, sócio-e conômicas e psicoss ociais que as pe sq ui sa s pr eced en tes ind icara m ter influência sig
nificativa sobre o desempenho es cola r. As características da
clientela foram consideradas variáveis independentes e confron_
tadas com os res ultad os dos exames (expres sos em notas ou em
termos de apr ova ção e re pr ov ação ), tomados como var iáve is de_
pe nd en tes. Observ e-s e que o indicador de ren dimento escolar são
as notas obtidas pelos candidatos em cada uma das disciplinas,
restringi ndo-s e pois ao aspecto cognitivo avaliado pelas pro
vas daquela unidade federada no ano em apreço.
Embora a abordage m qua ntitativa seja domin ante entre
os trabalhos analisados, encontramos uma dissertação que orocu_
rou acrescentar elementos qualitativos a sua análise: Hildebrand
(1984) para metrou seu estudo de dados estatís ticos gera is em
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um estudo de caso com uma subamostra de su jei tos . Embora essa
subamostra seja bastante res trita, a autora extraiu valioso s
ele mentos de natureza qua litati va tais como a per cepção dos
indivíduos de sua pro pri a trajetóri a edu cacio nal ou a introje_
cão de certos valores sociais dominantes.
Ja a pesquisa coordenada por Velloso para cinco capitais
brasileiras, e da qual resultou também algumas dissertações de
mestrado (Coelho, 1977; Fons eca, 1977; Rios , 1977; Villaseno r
Spr eitzer , 197 8) procurou abordar a questão do desempenho nos
exame s na linha de es tima tiv as de função de pro dução em educa_
cão, rel acion and o insumos e prod utos ed ucaci ona is e buscan_
do supo rte e referência na bibliogr afia nor te-ame rican a e na_
cional sobre rend imento escol ar. Esse enfoque econômico e
sociologico permitiu que, a partir dos resultados estatísticos,
os autores formulasse m hipóteses mais amp la s, e algumas incur
soes analíticas, raras nos demais trabalhos.
Poucos são os estudos que abordam a análi se das prova s
dos exames. 0 estudo de Melo (19 77 ), posteriormente incorpo
rado do trabalho de Castro et alii (1980), procurou avaliar as
pr ov as do s exames d e su plên cia de e du cação geral para o 2º grau
rea lizad as no Rio de Janeir o em 1975. A val idad e de conteúdo
dessa s pro vas foi aferid a media nte anal ise de bancas de espe_
cial is tas e confro nto com os objetivo s pr og ra máti cos , e os de_
mais aspectos — fidedi gnid ade , grau de dificulda de, poder de
di scri mina ção dos ite ns , etc. — foram av ali ad os com base em
técnicas es tatís ticas des env olv ida s por autores norte-america_
nos .
Resultados das pesquisas
A evolução da procura por exames
A analise dos textos produzidos nos últimos 15 anos acer
ca dos exames supl etivo s de educação geral per mite-n os consta_
tar três momentos distintos na evolução da produca por esta mo
dalidade de certificação.
0 início da decada de 70 é caracter izad o por um extraor
dinario aumento do número de inscritos.
"A expl osão numerica de cand ida tos ao
exame só pode ocorr er nas cond ições es_
pe cíficas de um país onde se verifica
alto índi ce de evas ão escola r e rápida
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tran sfor mação da estru tura social e do
mercado de trabal ho, com a conseqüen te
pe rce pção , por amplas camadas da popu_
la çao, de que se torna inadeq uada a
precaria qualificação adquirida no redu_
zido período em que pe rma ne cer am na es_
cola." (Barroso & Oli vei ra, 197 1, p.2-3).
Os pes qui sad ore s da Fundação Carlos Chagas de São Paulo
acres centari am ai nd a, como causas do crescimento da procura
pelos exa mes , a expans ão do número de facul da de s, a maior flexibilidade da legislação (incluindo aí a redução da idade míni_
ma exigi da em l e i ), a melhor or gan ização da Secretar ia de Edu_
cação e a div ul ga ção pro movida pela emissor a de TV educativa do
Estado .
Dur ante a pri meira metade da decada de 70 a expa ns ão daprocura foi confirmada por diversas pesquisas que analisaram o
sis tema de exame s após a pr omu lg ação da Lei n9 5.692/71 . Esta
ten dên cia , en tre tan to, se rever te a par tir de meado s da deca_
da, passa ndo a declin ar o número de candida tos inscritos aos
exames em ambos os graus de ensino no período 1975/85.
"Isto talve z se de va , de um la do, à mai_
or expans ão da rede regular de ensino,
e de outro a gra nde expa ns ão que tive_
ram os cursos supletivos autori zados a
dipl omar alunos defasado s num sistema
de curso compa cto de um ano e meio de
duração." (Gatti, 1982, p.63).
Hild ebrand compilou dados fornecidos pelo MEC para os
anos de 19 78 -1 97 9, que demon stram um acentua do declínio no nú_
mero de inscritos para os exames em todas as regiões do País:
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REGIAO
NORTE
NORDESTE
CENTRO-OESTE
SUDESTE
SUL
TOTAL
1º GRAU
1978
3 5 . 0 6 9
2 2 6 . 6 7 1
71 .939
401 .916
8 0 . 5 0 9
8 1 6 . 1 5 4
1979
5 . 2 3 6
51 .815
21 .064
1 0 1 . 2 6 9
2 3 . 9 0 2
2 0 3 . 3 0 6
2º GRAU
1973
4 4 . 4 5 7
1 9 3 . 6 4 9
1 3 9 . 3 0 0
5 9 4 . 5 3 6
1 3 3 . 9 0 9
1979
7 .31 1
4 8 . 3 7 2
29.499
1 0 6 . 9 7 5
3 8 . 3 7 6
1 . 1 0 5 . 3 5 1 2 3 1 . 0 3 6
Fonte: secretarias de educação das unidades federadas.
(citado por Hildebrand, 1984, p. 25-7)
Apesar da e loqüência dos dados acima , que indicam uma
brusca queda da pro cura pelos exames no final da década de 70
e início de 80, as obras analisadas nao se aprofundam na expli-
cação do fenômeno. Apenas Hilde brand analis a os dados para o
Rio Grande do Sul:
"(...) Ana lis and o-s e estes da do s, evi_
den ciam-s e ind aga ções qua nto a possí_
veis fator es que tenham con tri buí do pa_
ra a dimi nu ição do número de ins critos
a n u a lmente: o baixo í n dice — 2 4 , 1 7 % — d e
apro vação nos exames e de conclusão do
1º grau —- 5,8 73, a criação de outra smodali dad es de suplencia pelo Estado —
cursos de Educação Integrada /MOSRAL ; E_
ducação Geral, níveis 3 e 4; Centros de
Estudos Supl etivos — CES ; a descrença
na es cola ri da de como condi ção para as_
cencão do indiv íduo na hierarqu ia so-
ciai e ocupacional.
A ana lis e da deman da aos Exames Suple_tivos de Ed uca ção Geral do 1º gra u re_
vela que os mesmos ainda atraem gra nde
número de su jei tos , os qu ai s, por algu_
ma razão pl au sí ve l, não pude ram fre_
qüenta r e concl ui r este grau de ensi no
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no sistema esco la r. 0 decréscimo do
número de in scr itos mos tra que a cren_
ça inicial em uma es col ar iza ção facili
tada dissipa -se com o passar dos an os ,
confirman do o real objetivo dos exames
sup letivo s: mais um mecanismo seletivo.
Me cani smo que contribui para o agrava_
mento das injustiças e dis crimin ações
so ciai s, em que somente alguns eleitos
têm condições de comprovação da materia
-prima das pr ov as , ou seja, a cultura
domi nan te, e de acesso a esta resp ecti-
va cultur a." (Hil debr and , 198 4, p. 2º-
30)
Alem dos fatores apontados por Hil debra nd, consider amos
necessa rio acres centar uma variável explicativa de natureza
econ ômica. Nas viagens real izadas duran te a fase prel imina r
desta pesquisa entrevistamos os dirigentes do ensino supletivo
de div ers os esta do s. Varios deles nos informaram que a tendên_
cia de declín io do número de candi datos inscritos nos exames
de ed uca ção geral o bser va da dura nte à primei ra metad e da déca_da de 80 se rever tera no perí odo mais re cen te, tendo crescido
o número de ins critos para o ano de 198 6. Esses dado s preli_
mina res indi cam que a demand a por exames vem acompanhando, de
certa forma, os ciclos ascendentes e descendentes da economia,
manten do corr ela ção com os níveis de ativi dad e eco nômi ca, em_
prego e renda dos as sa la ri ad os . Esta hip ótes e, en tre tan to, me_
receria estudo mais cuidadoso e aprofundado.
Perfil da clientela dos exames supletivos de educação geral
Características demográficas
- idade
uma das caracterí sticas mais marcan tes da população que
acor re aos exame s de sup len cia de 1º e 2º gr aus i sua juven_
tude re la tiv a. Em tôda a década de 70 e para todas as unida_
des da federa ção es tud ad as , mais da metade dos candi datos ti
nham idade igual ou inferior a 25 anos.
Este fato suscita ana lis es contr ov er sa s. Velloso et alii
(1977 ) acre di tam que a juve ntud e dos cand ida tos revela o gran_
de número de jove ns que não tivera m acess o ou foram exclu ído s
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do sistema regular de en si no , observ ando que a suplência vem
corrig ind o pri ncipa lmente os deficits recentes de escolariza_
çao gerad os pelo sistema. Ja Castro et alii (1980) assin alam
que a estrutura étaria dos candi datos estaria indicando que
o sup letiv o compete com o sistema regula r de en si no , prevale_
cendo pois o caráter de aceleração de estudos.
As pesquisas relativas à decada de 80, referentes aos Es_
tados de Sao Paulo e Rio Grande do Sul, apontam uma tendência
à ele vação da idade media dos candi datos aos exames de 1º grau,
com índ ices mai or es de freq üência na faixa étaria de 25 a 35
anos de ida de. como não há pes quis as para os demais estados
nao foi possivel ve rifi car se esta tendência se gen eral iza em
termos nacionais.
Por outro la do , é bem peq uen a a pe rcen tage m de candida_
tos com idade igual ou su per ior aos 45 a no s. A peq uen a inci_
dência de cand id atos com idade mais avan çada e expli cada por
Gatti (1982) como conseq üência da estabil ização profissional
dos elementos desta faixa étari a, o que desmotiva ria esses
indi vídu os ao pro sse gui mento de es tudo s. Os poucos que o fa_
zem decl ar am ser motiv ado s por satis fação pessoal ou atualiza_
cão.
- sexo
Até o final da década de 70 todas as pesquisas indicavam
o predomínio de candidatos do sexo masculino para os exames de
1º e 2º grau s em nívei s próximos a 60 %. A expl icação para es_
te fato res idir ia em q ue , send o os homens a maio ria da popula-
cão econ omicamente ativa , apresentariam maiores necessidades de
escola rização para particip ar do mercado de trabalho (Vellos o
et al ii , 1 97 7) . Outra expli cação seria decor ren te de uma mai_
or per manência de el emen tos do sexo feminin o na escola regu
lar , enqu anto os meninos evad em-se mais ced o, pois também in
gress am mais cedo no mercado- de trabalho (entre 11 e 15 a n o s ),
o que lhes tira o tempo disponível para a escola regular(Gatti,
1982).
As duas últimas pesqu isa s rea lizad as na década de 80 de_
tectam a reve rsão desta tend ência tradicional para os candida_
tos aos exames suple tivos de 1º gr au , pas san do a apres entar uma
oco rr ênci a maior de su jeito s do sexo femi ni no (53% em Por to Ale
gre para 1983 e 52% no Esta do de São Pau lo em 1 9 8 1 ). Mes mo
nos exames de 2º gr au , em que a maioria masculin a continuou
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exi sti nd o, i perceptível a redução da disp arid ade entre os se_
xos : se na decada de 70 os cand ida tos do sexo mas culi no cons_
tituíam 2/3 dos inscritos, na decada de 80 sao pouco menos que
isso. Tal fato i exp li cad o, de um la do , pela maior participa-
ção feminina no mercado de trabalho na decada de 70, associada
ao crescime nto do setor de se rv iços , e de ou tro , pela exigên_
cia de uma escolarização mais elevada para que as mulheres pos_
sam competir neste mercado que tradicionalmente as discrimina.
(Hildebrand, 1984).
Não é possível por ora gen era liza r a tendência de pr edo
minio femin in o nos exames de 1º gr au , obse rva da nos dois lo_
cais em apreço.
- estado civil, situação conjugal
Nem todas as pesqu isa s que caracteri zam a clientel a dos
exames sup letivo s abarcam o ques ito estado civ il , porem todas
que o fazem demonstram o predomínio de solteiros em níveis que
oscil am de 54% a 76% para os cand id atos ao 1º grau e de 53" a
6235 para os cand id atos ao 2º gr au . 0 pr ed omín io de so ltei ros
estaria em rel ação direta à idade dos can di da tos ; sendo mui
to jov en s, os candi datos não teriam ainda consti tuído famí_
lia , o que se confirma se veri ficarmos que os candid atos ao
2º grau — cuja idade média é um pou co sup eri or — ap res enta m
uma por centagem mais alta de cas ad os .
- procedencia
Todos os lev antamen tos revel am um amplo pred omíni o de
ind iví du os or iu nd os da zona urban a em rel ação àque le s de ori_gem rural, em índices próximos a 85..
Velloso et alii abordam a questão da seguinte maneira:
"A maio r ins uficiência de oferta esco
lar nas regi ões rurais poderia sugerir
que a maioria dos candidatos aos exames
de suplencia seria prove niente destas
áre as. Ma s, por outro lad o, as cida
des ofereceriam maiores opor tunidad eseducacionais de sup len cia, através de
uma rede re la tiva mente gra nd e de cur_
sos pre par ator ios , ao mesmo tempo em
que o mercado de trabalho exigiria maio_
res níveis de escol ari zação do que as
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regiões rur ais . Os resultados mostram
que a segunda destas forças (alem de ou_
tras pos síve is) pred omina". (Velloso
et ali V, 1977a , D. 35)
Vários autores consid era m que a pequena freqüência de
ele mentos de orige m e/ou vivência rural revela que o ensi no
supletivo nao estaria atingindo seus objetivo s, consistindo
numa dis torção do sistema a ser cor ri gi da . Julian o (198 5) su_
gere para tanto a expan são dos meios de prep aro a di stância ,
como o radi o e a tel ev is ão, de mais fácil acesso às po pu la ções
rurais.
Em sua maio ria os cand id atos são or iu ndo s do própr io es_
tado em que se inscrevem aos e xame s, ou nele resi dem há mais de
cinco an os . Este dado é cons ide ra do esp era do por Gatti & Oli_
ve ir a, na medid a em que os migr an tes rura is não procuram es c£
lar ização imedia tamente após sua cheg ad a, e sim após um certo
perí odo de ad ap tação, e dep end end o de sua alocação profissio_
nal .
As pe sq uis as rev elam também que os tão pr op al ad os deslo_
camentos inter -es tadua is de candida tos aos exames têm, em verda de , propo rções praticamente despre zíveis e, quando ocorrem,
seriam motivad os pelas crescentes exig ências de escolar ida de no
mercado de trabalho. A hipótese de que tais des locamentos se
fariam para localidades em que as exigências fossem menores não
encontrou evidências que a confirmassem (Velloso et alii,1977).
Características sócio-econômicas
- escolaridade dos pais
As pesqu isas que abordam esse ques ito (Velloso et a lí i,
19 77 , e Bon itati bus, 1977) i nformam que os pais dos candi datos
aos exames de 1º grau pos sue m uma es col ar ização media de três
a quatro an os ; 52% não haviam concluí do o curso pri mário e
10 a 20% eram an al fabe tos . Esse índ ice de es col ar id ad e e in_
ferior àquele dos pais dos candid atos aos exames de 2º g r au ,
cuja medi a de freq üência à escol a i de 4 a 5 a n o s , sendo me_nor o índi ce de an al fabetos e maior o de indi víd uos com esco_
larid ade de 3º gra u. A escola rid ade dos pais de candida tos ao
2º grau ê eq ui va le nte à média da po pul ação urbana do Paí s. Es_
te seria um dado a indicar uma maior sel etivi dad e so cio- econ ô
mica para a suplencia de 2º grau.
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- ocupação dos pais
Os pais dos candidatos à suplencia de 1º grau ocupam pos_
tos de trabalho de nível baixo e medio 0, sendo mais freqüentes
as ocupações manuais nao especializadas, seguidas por ocupações
manuais especializadas e funções de supervisão de serviço manu_
al. As mães , em sua maio ria , realizam atividad es domesticas
não remune rad as, seguidas por empregos domésticos.
Confirmando a hipótese anteri ormente aventada de que os
cand id atos aos exame s de 2º grau pro vem de famílias de nível
sócio -e con ômico um pouco sup eri or aqu ela s de 1º gr au , as ocu_
pações dos pais ap re se ntam uma sutil difer ença na di re ção as_
cendente da escala ocup aci on al , surgind o com maior freqüênciaos trabalhadores manuais qua lificado s, pequenos proprietários
urbanos, administradores e técnicos.
- renda
A ampla maioria dos candidatos pertence a classes de ren_
da bai xas , de um a tris sala rios mín imo s, sendo que os candi
datos ao 2º grau apr esen tam maior concentra ção na classe de
três salarios mínimos e os de 1º grau nas classes inferiores.
As pesquisas são unanimes em constatar que as mulheres recebem
salarios inferiores aos dos homens , sendo mais numerosa s na
classe de renda ate um salári o mínimo e mino ritá ri as nas clas
ses superiores a três salários mínimos.
A pesq uisa coorden ada por Castro entre candi datos aos
exames de 2º grau no Rio de Janeiro coletou dado s adi cion ais
indi cativos do conforto e riqueza na re sid ência, r evel ando que
essa clientela possuía padrões de vida acima da população cari_oca. Suas conclus ões são as se gu in tes:
"Estes dados nos sugerem uma clientela
soli damente empre gad a, com rend imentos
modestos mas consid erav elmente acima
do mínimo legal (três v e ze s ). Parece
confi rmar -s e a su po si ção de que o su_
pletivo e pro curado após definida a
Os níveis remetem-se a uma escala ocupacional adaptada pelo
Programa ECIEL, baseada nas escalas de DIAS et alii (1967) e
de GOUVEIA & HAVIGHURST (1969).
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situação ocupacional dos ind iví duo s.
uma vez conseg uido um emprego ra zoá ve l,
o passo seguinte e conseguir a escolari_
zacão adi cion al . 0 supletivo pareceinsi nuar -se como a maneir a mais fácil
de consegu i-la . (Castro et all i, 1980,
p. 79) .
- ocupação dos candidatos
A característica sócio-econômica mais marcante dos candi_
datos aos exames de suplencia é sua condição de trabalhadores.
"A gran de p ro po rção (...) de can di da tos
trabalhando parece destacar a clientela
da suplencia como basicamente incorpora_
da à força de tra balho , apl icando -se
a ela talvez com mais prop ried ade a
expre ssão de Gouvei a e Hav ighu rst rela_
tiva ao en si no me d i o: (...) a si tua ção
par ece ser antes de um trabal hador que
es tuda do que a de es tud an te que traba_lha". (Velloso et al ii , 1977a , p. 138)
De fato, os índices de candidatos aos exames de suplencia
de 1º e 2º gra us emp re ga do s no mome nto da re al ização das pes_
quis as oscil am de 70% a 9 0% , aos quais se pode acres centar ate
10% de desempregados temporarios.
São trabalhador es que ingressam precocemen te no mercado
de tra balho , a maioria com idade i nferior aos 16 ano s, e uma
por centage m muito sig nifi cativa com menos de 13 e ate de 11anos de ida de. Os el emen tos ori und os da zona rural e do sexo
masculino ingressam na força de trabalho mais precocemente que
os provenientes da zona urbana e do sexo feminino.
A ampla maioria realiza jornada s de trabalho diarias de
mais de oito hor as , sendo que entre os cand ida tos ao 1º grau
qua se 5055 traba lham mais de dez hora s di ár ia s. As jor na da s se_
mana is os cila m en tre 43 e 46 hora s em méd ia , s endo que os can_
di da tos ao 2º grau ap re se nta m uma sutil di fere nça para jorna_
das um pouco men or es , o que deve estar ass ocia do ao tipo de
ocup ação, como veremos adi ante . A extensão das jornada s de
trabalho é considera da um dado relev ante pelos pe sq uis ad ore s,
na medid a em que condi cion a forteme nte o tempo que os candida_
tos dispõem para estudar.
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As escalas ocupacionais adotadas pelas diversas pesqui
sas variam bas tan te, mas é possível pe rceber o claro pred omí
nio de ativi dad es não manuais de rotina ligad as ao setor ter
ciário, especialmente os serviços de escritorio, funcionalismo
público buro crá tico, comercio e ban cos. Entre as mulher es , apa_
recém também,com algu ma freq üência ,as ativ id ad es li ga da s ao
setor de saúde (atendentes e auxiliares de enfermagem) e empre_
gos domésticos.
Em relação aos níveis escolare s pre tend id os , percebe-
se uma sutil diferença nas ocupações dos candidatos ao 1º grau
e ao 2º gr au : entre os pr imei ro s são mais nu mero so s os traba_
lhadores manuais de sq ual ificad os , enquan to entre os segundos,
aumen ta a po rcen tage m de traba lhad or es nao manu ai s ou que ocu_
pam posições burocráticas de nível baixo.
É i nter es sa nte notar que e na r egião da Gra nd e São Pau_
lo , a maior concentra ção industrial do Pa ís , que a maior por_
centagem de candidatos vinculados a atividades secundár ias e
verificada, em níveis que oscilam de 22% a 36%.
A maior parte dos 1evan tamentos , real izados em meado s
da década de 19 70, cons tatou que a clie ntel a dos exames daque_
le perí odo en contra va- se no mesmo empreg o há até cinco an os ,
de um número sign ifica tivo há mais de cinco a n o s , o que reve_
Ia uma certa es tabili da de no emp re go . Faz-se neces sar io con_
sid era r que esse dado é afetad o pela situa ção conjuntur al da
econ omia . É possível que as ele vad as taxas de per manência no
emprego obse rva da s neste período de crescimento econômico não
se tenham re pe tido em pe río dos po ster io re s de crise conjuntu_
ral e des empre go acentua do observ ado s no final da década de
70 e início da década de 80.
Varias pesquisas constataram que os candidatos aos exa_
mes ing res sar am no mercad o de trabal ho em ocup ações de nível
in feri or às a tu a i s , verificando-se um ace ntu ad o de sl oca men to a_s
cenden te na escala ocup acio na l. Castro et alii (1980) cara £
terizam este fenomeno como mobilid ade social a scen cion al . Vel
loso et alii (1977) dis cordam des te ponto de vi sta, optand o
7 São utilizadas as escalas adotadas pelo CENSO (1979), de GOU-
VEIA & HAVIGHURS T (19 69 ), de HATCHIN SON (19 69), do Programa
ECIEL (1976), entre outras adaptadas ou nao.
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por explicar a progressão na escala ocupacional pela precocida_
de de ingre sso no merca do de trabalho e por muda nças na estru_
tura desse mercado.
Escolaridade anterior
- nível de escolaridade atingido anteriormente aos exames
uma caracterís tica marcante dos cand ida tos aos exames
de suplencia 5 o elevado nível de escolaridade regular por eles
alca nçad o. Velloso et alíi (1977) detectaram uma media de
seis anos de escol ari dad e anterio r para os candida tos ao 1º
grau e nove anos para os cand id atos ao 2º gr au , media esta
muito superi or aquela da media da popul ação urbana do Paí s. A
quase totalida de da clientela concluiu as quatro primei ras
séries do 1º gr au , sendo inexpre ssiv o o número de candid atos
aos exames de 1º grau que nunca freqüentaram escolas (menos de
\%) ou que tiveram exper iências suple tivas anter ior es que
não aque la de pre stação de exa mes . Os candid atos oriu ndos do
Mobral não alcan çam 2% da clien tela das pes qui sas em que são
citad os. Os dados de Velloso são con fir mado s, a nível de 1º
gr au , pelos de Boni tatibus (1977) e Gatti & Olive ira (1 9 8 1) ,que também en contr ara m 90 % ou mais cand id atos com as qua tro
séries iniciais comple tas ou ma is . Também a nível de 2º grau
os dad os de todos os autor es indicam que a ampla maior ia fre
qüentou ou concluiu o antigo gi ná si o, e parcelas elevada s (de
até 40%) freqüentaram ou ainda freqüentam cursos regul ares
de 2º grau.
A su ple ncia via exames estari a se compo rtan do como com
plemen to imediato do 2º gr au , res tringi ndo- se a oferecer terminal ida de aos estud antes que não tivessem concluí do o ensino
re gu la r, sem no entanto prove r a escola rização daquele s que
a ela não tiveram acesso em idade própria.
Bon itatibus (1977 ) per gun ta por quais motivo s a popu_
lação que não u ltr ap as so u o 3º ano de es col ar id ad e (o maior con_
ting en te de eva did os do ens ino no Br asi l) não chega aos exa-
mes.
Vello so et alii (197 7) levan tam duas hip ótes es : pelaprimeira hipótese, existiria uma demanda potencial não. concre_
tizada devi do ao custo de pr epa ração não compen sar a peque na
chance de êxito ; pela se gu nd a, no sistema social atual não
existiria demanda por níveis mais elev ados de escol ari zação
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entre os que não freqüentaram a escola primaria, ja que o ensi_
no regular desempen ha um papel des estimul ado r de exper ien cias
edu cacio na is futura s para os que fraca ssa ram na pri meira eta_
pa , urna vez que o fracas so e imputad o ao ap re nd iz. As duas
hipóteses não sao exclu den tes e res ultam na ine xistência de
demanda efetiva.
- idade de ingresso na escola regular
Os pes qui sad ore s ver ificara m que a maioria — 50% a
70% — dos cand idatos aos exames ingre ssaram na escola r egula r
em idade ide al , nao sendo es te, po rta nto , o motivo de seu
retardamento nos estudos.
- repetência na escola regular
Estud and o a trajetória escola r dos cand ida tos aos exa_
mes de 1º gr au , Gatti & Oli ve ira (19 81 ) ver ifi car am que 37,5*0
dos mesmos nunca haviam sido repr ovad os no ensino re gu lar , e
dentre os repe tentes 31, 7% haviam sido repr ovad os nas quatro
primeiras series e 25,5;ó nas demais séries do 1º grau. Velloso
et alii (1977) encontra ram índi ces ainda mais ele vado s de nao
re pe ten tes , sendo a rep etência mais freqüen te nas qua tro últi_
mas séries do que nas series inicia is do 1º gr au . A conclus ão
que extra em des ta obs er va ção é que nesta clie nte la não ha pra_
ticamente eva did os das quatro pri meira s séries do 1º gr au , e
a eva são neste nível de ens ino seria pro duto em gran de par te
da re pe tência , pois os estuda ntes "tipicamente rep eten tes" do
antigo primári o não chegam aos exa mes . Os que a ele ocorrem
seria m os que se retar dar am nos es tud os em vir tude da repe tên
cia nas qua tro últimas séries do 1º grau pri ncip al mente .
Resu ltados similares foram obtidos nos estudos sobre
a clie ntel a dos exames de 2º gr au , em que gra nde parcel a nun_
ca foi rep rov ada e a maio ria que repetiu séries o fez nas qua
tro últimas séries do 1º grau (quando chegaram a cursá-lo).
- idade e motivos de abandono da escola regular
As pesq uisa s que ver ificaram a idade de abandon o da
escola reg ula r cons tatara m que este fato ocorr e antes dos 18
anos e em estreita correlação com a idade de ingresso no merca
do de tr ab al ho , re su lta do este de todo coe re nte com os mot_i_
vos declarados para o abandono, como veremos a seguir.
0 motivo de abandono da escola regular mais freqüente,
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com índ ices de 46% a 67% das pop ula ções pe sq ui sad as em ambos
os ní ve is , é a nece ssi dad e de traba lhar . Outros motivo s cita_
dos sao a falta de recursos para permanecer na escola, mudança
de local de mor ad ia , falta de vagas ou de escol as próxima s à
mor ad ia , e razões peda gógicas .falta de gosto pelos es tud os ,
des inter ess e, reprovações su cess iv as ). Observa-se que as cau_
sas esp ecificamente escola res sao mais sign ificativas para
explicar a evasão escolar dos candidatos aos exames de 1º grau
que para os candi datos ao 2º gr au , para os quais as causa s ex
plicitamente econômicas prevalecem.
Moti vaçõe s, aspirações e expectativas educacionais e ocupa cio-
nais
Perguntados sobre as motivações que os conduzem a pres
tar exames de s up le ncia , os cand ida tos ao 1º grau r esp ond em que
sao movidos pelo desejo de prosseguir estudos, associado a ele_
vação do nível de escol ari dad e as pos sibil ida des de melhoria
de emp re go . A obtenção do certifi cado de 1º grau e vista co
mo uma etapa intermediaria, na medida em que a maioria dos can_
didatos pretende cursar o 2º grau por via supletiva ou regular
e, se as condi ções econ ômicas lhes pe rmi tir em, atin gir o en_sino superior.
Res ulta dos seme lhante s foram obtidos pelos pesquisado_
res que cons ulta ram os cand ida tos de 2º grau qua nto a suas as_
pirações e motivações para prestar exames de sup len cia. A
ampla maiori a declara intenções de prestar ves tibular com o
objetivo de ingressar no ensino sup eri or, e por centagen s bem
infer ior es declara m pre star exames com o objetivo imediato de
melhoria no empre go. Al ia s, os dados sobre o grau de satisfa
ção no empreg o atual e de congr uência entre a es cola rid ade e
as exigências atuais de seu trabalho reafirmam que o certifica-
do ime di ata men te pr ete nd id o atra vés dos exame s não é uma exi_
gencia do trabalho atual,e sim fruto de expectivas de ascensão
profissional futuras.
Os autores concluem que o nível de aspiração e expecta_
tiva dos candidatos a suplência é el ev ad o, equi val ente ao ní_
vel ap res entado pelos estuda ntes do curso reg ula r. 0 2º grau
não e visto como ter min al , o que confere à supl ência um cará
ter pre domin antemen te pro ped êutico. Preocupa os autores que
esses ní veis de expe ctativa s e aspir ações venham a ser frusta_
do s, poi s a rea lid ade indica que tais pe rs pecti va s seriam bas_
tante otimistas.
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Rea lis tas ou na o, o fato é que as as pi ra ções ocupacio_
nais dos candidatos dirigem-se para funções de nível superior,
sendo pre ferid as as carreir as de en ge nha ri a, enfer mage m, medi_
cin a, di re ito , ou seja , aque las que desfrutam tradicionalmen_
ce de pre stíg io social e às qua is são as so cia do s níve is ele_
vados de status e remuneração.
"Esta pre ferencia comum, tendo em
vista as diferen ças geo- econômicas
das regiões es tuda das , parece mais
fruto de uma es colha calcada na mi s
tica do diploma uni ve rsi tari o, e na
pos sibil ida de de ascens ão social a_
tribuida a essas quatro carreiras.Esta tend ência dos es tud an tes bra_
sile iros parece ser resu ltado do
estímul o social e par ticula rmen te
da propria es cola , que sugere aos
alun os valores intr ins ecamen te edu_
cacion ais , muitas vezes dissociad os
do contexto sócio- econ ômico em que
es tão in se ri do s (...) Este es tímul o
torna-s e mais con tra di tóri o, se con_
siderarmos que esta mesma sociedade,
atra vés de seus meca ni smo s de con_
trole, vem criando barreiras à mobi_
1 idade so cia l, entre as quais a
educação pode tornar-se uma das prin_
ci pa i s, pela facil id ade de sua mani_
pul ação. (Velloso et al ii , 197 7,
p. 105-6)
Bon itatibus (1977) obtém resu ltados semelhantes e a_
crescenta as seguintes considerações.
"(...) a escala de pre ferência s dos
estud antes , assim motivado s, não
exclui o conhecimen to das condições
e tendências do mercado de trabalho.
Dentre as ocupações mais mencionadas
vamos en contr ar , ao lado de profis
siona is libera is de pr estí gi o tra_
dicional — med ico , ad vo ga do , enge_
nheiro — alg umas das ocu pa ções no_
va s, cujo pre stígio ainda esta por
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se afir mar — como i o caso de as
sistente so cia l, nutricionista ve_
terin ari o, bacharel em compu tação,
fono au di ólo go , entre ou tras ". (Boni_
tatibus, 1977, p. 58-69).
Tanto Vellodo et alii quanto Bon itatibus constataram
confiança e firmeza de pro posi to por parte dos candid atos em
alcançar os níveis de escolaridade e ocupacionais aspirados.
Preparo para os exames
- meios de preparo
A maior parte das pesq uisa s rea lizad as ao longo da
decad a de 70 cons tatam que o meio de pre par o mais frequente_
mente utilizado pelos candidatos aos exames são os cursos par_
ticulares, seguido pelo autodidatismo e freqüência a cursos pu
bli cos . A pre para ção através do ra dio , televi são e correspon
dencia era utili zada por par celas pouco expr es si va s dos can_
di d atos.
Deferindo dos resultados pre domi na ntes , algumas enque_tes com cand ida tos aos e xames de 2º grau apo ntam que pou co mais
da metade deles estud aram sozinhos (Castro et al ii , 1980 e
Gatti & Ol iv ei ra , 1 98 2). Mesmo entre estes "sutodi da tas ", Cas
tro et alii encontraram quase a metade que deixou de fazer cur
sos por falta de recu rso s (23%) ou in compa tibil id ad e do hora
rio de trabalho (1 8 %) . Assim sen do , tudo indica qua a au to
dida xia não é típica en tre a clie ntela dos exames s upl etiv os . A
conclusão extraída pelos pes qui sad ore s refere-s e à mudança
do perfil da clie ntel a: se nos antigos exames de madureza os
candi datos possuíam um claro perfil au tod id ata , nos atuais
exames supletivos a clientela majoritária necessita de estudo
orientado e preparo sistematico.
A preferência pelos cursin hos par ticulare s — qu al ifi
cad os qua se semp re como in icia tiva s mer can tis de baixa quali-
dade — e creditada à in suficien te oferta de cursos p ubli cos.
Alguns autores explicam a preferência por cursos pre par ató
rios pela sociabilidade que estes propiciam.
"Na escola, o conhecimento sistemata
zado pa rece ser fav or eci do na rela_
ção do gru po de ig ua is , com solici_
tações do gru po e av al ia ções perió_
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di cas que se tran sfo rmam em motiva_
goes extrínse cas intermitentes e
con sta nte s, o que torna o conheci_
mento pa rtici pati vo. Nunca o aluno
se sen te só na aq ui si ção do saber
e as retro infor mações constantes
proporcionam também constantes auto
-avaliações po ss ibil itada s pel o pró_
prio con texto escolar'.' (Jul ia no ,
1985, p. 93)
A peq uen a procura pela tele du cação (Projeto .Minerva e
Te le cur so , entre outr os ) e motivo de reflexão por parte dos
p e s q u i s a d o r e s:
"A recep ção da TV na res ide ncia do
aluno interessou apenas 11% dos can
di dato s, talvez por constituir uma
nova técnica de en si no , que exige
hábitos de apre ndizag em ainda não
adq uir ido s. Tradi cionalmente per
cebida como um meio de di ve rs ão, o
uso da TV como meio de ins truçãoexige uma rees truturação do espaço
percentual e uma mudança de atitudes
arra igad as. Acrescente-se a isto
que a rece pção do curso da TV pode
constituir um problema quando enfren_
ta a competição de programas que, pos
siv elmen te, atendam os interesses
de ou tros membros da famíl ia . Apre_
senta tamben a des van tage m de ser
uma atividade isolad a, destituída
das gra tificações comumente ligadas
ao conv ív io com pe sso as de interes_
ses af in s, uma das pos sí vei s atra_
ções do s cursinhos". (Ba rr os o & Oli-
ve ir a, 1971 , p. 34- 5)
Indag ando- se sobre a pequena demanda pelos pro gra mas
via radio e TV, Velloso et alii comentam:
(...) Es pe ra r- se -i a uma con cor rên cia
desses meios de ensino com os cursos
particula res como alterna tiva de
pre par o, partindo-se da premissa
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que ambas as formas sao eficazes e
que a primeira tem, para o al un o,
um custo dire to adicion al que e
pra ticamente nul o", (velloso et alii,1977a, p. 116)
como isso nao oco rr e, lev antam três hip ótes es : pela
1ª haveria uma div ers ida de de critérios e objetivo s entre os
curs os por TV e rádio e os exames de su pl en cia ; pela 2ª exis_
tiria uma infer ior ida de no prep aro ofere cido por esses proje_
tos em rel ação aos curso s públicos ou pa rti cul ar es ; pela 33,
a tecnologia utilizada na pro gra mação de TV e radio pr es su po
ria a recep ção or gan izada para se cons titui r em meio eficaz
de pr ep ar o, o que levaria a clientela potencial das tran smis
soes aos cursos par ticular es e públ ico s, ou então aos telepos_
tos e rad iop ostos onde pode riam optar pela ava liação no pro
cesso. De qualquer mane ira , lembram os autores que :
"(...) uma das gra ndes vantage ns do
ens ino por radio ou tele vis ão con_
sis tiri a na re dução dos custos uni_
tários de ensino (...) ao se estudar
a vi abil id ad e de pro jetos des te ti_
po , a expectativa de uma audiência
peq uena em geral não justi ficar ia
as de sp es as de ins talação, e de fun_
cio na men to, consi der and o-s e os cus_
tos e a eficacia relativa do empreen_
dimen to. Após instalado o pro jeto,
a constatação de uma audiência peque_
na pode aconselhar, nesta mesma pers_
pe ctiva , sua substituição por meios
conve ncion ais de ensin o ou sua uti
lização inte gr ad a a si stemas conven_
cion ai s que atinjam gr an des popula_
ções". (Velloso et al ii , 197 7a, p.
1 17-8)
Gatti & Oliveira (1982) detectam uma tendencia diferen_
te: a partir do 2º semestre de 1981, a procura por cursos pro_pa ra tórios declina no Estado de São Pa ul o, cres cend o a prefe_
rência pelo telecurso e pelo Projeto Mi ne rv a. Juliano (19 8 5),
manejando os mesmos dados, atribui esse fato a crise econômica
que teria torna do a freq üência aos cursos pr ep ar ator io s ina_
cessível a clien tela. Os cursos teriam sido substituído s por
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meios de pre par o de custos mais re du zid os , como a TV e o rá
dio.
- tempo dedicado ao preparo para os exames
Velloso et alii (1977) concluíram que, embora com gran-
des va ri ações , a media do tempo dedicado ao preparo para os
exames por par te dos cand ida tos é de apro ximad amen te cinco me_
se s, mais ou menos uma hora por dia (além das a u l a s ), sete a
nove horas por sema na, durante cinco dias por seman a, para
qua tro dis cipl ina s em med ia . Esse res ultad o não difer e daque_
le observado no Estado de São Paulo:
"A grand e maiori a dos cand ida tos seprep ara de qua tro a doze meses para
pres tar estes exames (de 1º g r a u ),
e,embora haja uma ma ior pro por ção dos
que se pre par am de quatro a seis
me se s, nao e des prezív el a porcenta_
gem até três mes es (35%) ou de sete
a doze meses (25 %). uma prepa ração
tão cur ta, para abran ger o prog rama
das oito séries do 1º gr au , embora
sin tetizad o, pare ce-nos poder real_
mente causar pro blemas de baixo de
se mpen ho nes tes exa mes ". (Gatti & O
livei ra, 1982, p. 1º)
Para o 2º grau o tempo ded icad o ao pr epar o é aind a mais
curto :
"A tabela (...) mostra que os candi_
da tos, em ger al, tendem a dedicar
pou co tempo ao pr ep ar o para os exa_
me s : cerca de qua rta parte deles de_
clara ter-se prepa rado menos de um
mês e mais de 50% decl ara m ter dedi
cad o no máxi mo três mes es 5 sua pre_
paração. (op. cit., p. 55)
É surp reen dente que nenhuma das pesqu isas tenha obser
vado corr ela ção entre o tempo ded icado ao estudo e a jorna dade trabalho dos cand ida tos. Entretanto,os estudan tes entre
vistad os por Palmeira (1 97 5), e que na ocasião freqüentev am
cursos publi cos pre par ator io s aos exames de 2º grau em Sa1va_
do r, alega vam o cansaço físico deco rre nte da jornada de traba
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1 h o como principal d ificuld ade s para freqüentar os refer idos
cursos.
Os de po ime nto s col hid os no Rio Gran de do Sul com can_
didatos do 1º grau sugerem a seguinte análise:
"Os can di da tos sao un ânime s em afir_
mar que nao basta o "cur si nho ", co_
mo forma de preparação aos exames.
Destacam que 5 impor tante dedi car
outra s hora s à re el abo ra ção e fixa_
cão da matéria se pre tende m pa ss ar .
No en tanto , poucas são as horas
ded icad as aos estud os fora das au_
las, exceto nos fins de semana, quan
do disp õem de alg um horar io para
revi são da materia dada dur ante a
seman a. Os dep oimentos sao con tro
ver tido s qua nto a es te as pe cto. As_
sim como re conhe cem a impo rtância
de dedicarem mais horas aos estudos,
mencionaram a falta de disponibilida_
de de um tempo mai or para ta nt o, de_vido à ocupação pro fissi onal , da
qual decor re m cans aço e o consequen_
te des encor ajamen to para estud ar".
(Hildebrand, 1984, p. 123)
Constatando que a maior parte dos candid atos dispõe
de condições físicas e de ambiente relativamente favoráveis ao
estudo, Velloso et alii concluem que:
"Apesar da elevada escola rid ade for
mal , o tempo em que ficara m fora
da escola e também ele vad o e pare ce
que as pou cas hora s de es tudo sema_
nais durante menos de meio an o, não
constituem prepar o suficiente para
suprir a escolari dade regular na
metade das disciplinas e, por tanto,
lograr a obtenção de certificado.
(...) Não ha qualquer teor ia ou re_
gra que nos ga ra nta esta insuficiên_
cia de de di cação ao e stud o. (...)
mas o qu ad ro geral su ge re uma prová_
vel in sufici ência de prep aro para a
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maioria dos cand ida tos" (Velloso et
alii, 1977a, p. 132).
Resumo
Em sí nte se , pode- se traçar o se gu in te perfil da clien_
tela dos exames supletivos de educação geral:
- É constituída majoritariamente por
jovens, com predomínio de indivíduos
na faixa étaria de ate 26 ano s na
de cada de 70, e de 25 a 35 anos na dé
cada de 30, veri ficando -se portanto
uma tendência à el ev ação da idade
media dos candidatos;
- Du ra nte a década de 70 predomina_
ram os ele mentos do sexo mas cul in o,
mas na decada de 80 as mul her es pas_
saram a ser maiori a na clientela aos
exames de 1º grau;
- Sao solteiros em sua maioria;
- Ha um largo pr ed omín io de indiví_
duo s de ori gem e/ou exp er iên cia ur_
bana, nascidos ou resid entes ha
mais de cinco anos na uni dad e da
federação em que prestam exames;
- Ori gin am-se de famílias de baixa
renda cujos pais exe rce m, em sua
mai or ia , ocupa ções manuais e/oude sq ua li ficad as e que pos sue m bai_
xo nível de es cola rid ade , níveis es
tes de ocupa ção e escol ari da de j a
superados pelos filhos;
-.A clien tela e cons tituí da maciça
mente por trabalhado res que ingres
aram pr eco cemen te no mer cad o de tra_
balho e, regra ge ra l, ja ascende ram
na escala ocupacional de ocupações
manua is para ocupa ções nao manuai s
lig ada s ao setor de se rv iço s, prin_
cipalmente;
- Per cebem nívei s de renda baixos, na
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sua mai or ia de um a três salar ios mi_
ni mos, e realizam jornadas semanais
de trabalho su peri ores a 4 2 hora s;
- Poss uem el eva da es cola ri da de for_mal se comp ar ad os à medi a da popula_
ção bras il ei ra , tendo em sua quase
tota li da de concluído as qu atro pri_
meir as ser ie s do 1º grau por via re_
gu ia r; par cela sig nifi cativa fre_
qüentou também as dema is seri es do
1º e 2º graus no ensino reg ul ar , o
que revel a que os exame s vim servin_
do mai s par a ofe re cer a termi nal i da_
de àqueles que não puderam concluir
es tudo s por via reg ul ar que a ofere_
cer escol ari dad e àqueles que a ela
não tiveram acesso;
- Os reprov ados e evadid os da esc£
la "primária" não chegam aos exames,
a clie ntela e cons tituíd a por aque_
les q u e , embo ra tenham tido uma tra_
jetoria es cola r marcada por reprova_
ções , es pe cia lme nte nas qua tro últi_
mas series do 1º gr au , não se evadj_
ram da "escola primária";
- 0 motivo domina nte de abandon o da
escola regul ar é a necess ida de de
tra bal har , exis tind o clara correla_
cão entre idade de abandon o da es c£la e de in gr es so na força de traba_
lho — muito pre coce — em torn o de
11 a 17 anos de idade; secundariamen_
te, são fatores de abandon o si gn ifi
cativo s a falta de vag as ou de esco_
las pr óxima s, falta de re curs os pa_
ra fre qüen ta-l as e fatores explici_
tamente escolar es com desin teresse
e reprovações seguidas;
- São ind iví duo s por tado re s de ele_
vad as exp ecta tiv as e as pi ra ções e,du_
cacionais e ocupacio nai s, desejando
freqüentar o ensino supe rior para
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exer cer aq uel as carr ei ra s que des_
frutam tradicionalmente de prestígio
social e as qua is sao ass ocia dos ní_
veis de rend a e statu s el ev ad os (en_
ge nhar i a , d i r e ito, med icin a , e tc);
- Pr ep ar am- se para os exame s prin_
cipa lmen te atra vés de "cursin hos " pri_
vad os ou pu bli cos (onde es tes exi_s
tem) e, mais re cen teme nte , também
pela TV, dedi cando a este prepar o
menos de seis meses e em torno de
uma hora diár ia de estud o (além da
freqüência e a u l a s ), tempo este
consid erad o pelos pes qui sad ore s in_
suficiente para prov er um prepa ro
adequado e uma das possíve is causas
dos ele vad os índices de repro vação
verificados nos exames.
Desempenho nos exames
- considerações iniciais
0 pri meiro fato a ser de staca do na anal ise do desempe-
nho dos candidatos aos exames e o elevado índice de reprovações
verificado para todos os anos analisados.
"A grande procura pelos examos suple_
tivo s traz como con se qüên cia um qua_
dro desolador em relação aos resulta_
dos (...) Veri fica-s e que o Índ ice
de apr ova ção nos Exames Suple tivos
de Sup lência de Edu cação Geral no
Brasil par a o 1º gra u é de 24,1735
dos ins critos . Este percentual £
mais baixo no caso do 2º gr au , que
ê de 20,51 %. Con sid era ndo os dois
ní ve is , cons tata-se que o índice ge_
ral de ap ro va ção é de 22, 06%, bas
tante baixo , cons ide ran do- se que es_
ta e uma segun da op or tun id ad e edu_
c a c i o n a 1 .
E s t e s d a d o s r e v e l a m s o m e n t e o n í v e l
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de apr ova ção nos exa mes . Os resulta_
dos sao mais des astr oso s, quando
se anal isa a conclu são de gr au s. Pa_
ra o 1º gr au , em todo o Br as il , no
ano de 1979 , obtiveram certificado s
de con clu são 5,8 7% dos que realiza_
ram os exames sup le tivo s. No 2º
gra u, 5 , 1 1 % concluíram todas as eta_
p a s , tendo cond ições de obter o res_
pectivo certificado.
Muitas sao as causas que podem expli_
car os baixos Índice s de ap rov ação
e/ou concl us ão de gra us nos exames
su pl eti vo s. Rios observa que se po
deria m lev antar duas hipóteses para
os altos índices de repr ovação nos
exames de su pl en cia : a nao exigln_
cia de escol ari dad e levando muitos
cand id atos a se inscrev ere m nos exa_
mes sem nenhuma chance de apr ovação;
a existencia de difere ntes critéri3os na elaboração das provas 1 .
Outro elemento que pode interferir
nos res ultado s é o conteúdo exigido
nas prov as. Nor malmente, apresen-a
uma cond en sa ção maciça de informa,
ções su pér flu as do con heci men to hu_
man o, que pouco ou nada contribui
para o dese nvol vimento pessoal do
candi dato, motivando-lhe um grande
de si nte re ss e. 0 uso abusivo da me_
moria quanto à simples identificação
de fato s, da do s, n úmero s, da tas , fór_
mul as , sem possibilid ade de analise
e rel ação en tre a expe riên cia e tal
con heci men to, dificulta o desempe_
nho do can di da to , pois exig e-l he fi_
xação de in for maçõe s al heia s ao mun_do real e objetivo.
Alem desse s as pe ctos , é inportante
sal ien tar o papel que rep res enta pa_
ra o candidato, sob o ponto de vista
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p s i c o s s o c i a l , a r e a l i z a ç ã o d o s exa_
mes e os resu ltad os ob ti do s. O exa_
m e é p a r a l i s a n t e p a r a o a d u l t o . O
c a n d i d a t o f i c a a n g u s t i a d o p e l a p r o -
va que lhe san cio na o p as sa do e de_
termin a o fu tur o. Ta mb ém , com mui_
t a f r e q ü ê n c i a , e s t á a n g u s t i a d o p e l a
f o l h a e m b r a n c o a p r e e n c h e r . N es_
t a s c o n d i ç õ e s , o e x a m e p e r d e s eu v ag
l o r d e s a n ç ã o d e c o n h e c i m e n t o . 9 " ( Hil_
d e b r a n d , 1 9 8 4 , p . 2 5 - 9 )
G a t t i ( 1 9 8 2 ) e C o e l h o ( 1 9 7 7 ) , o b s e r v a n d o o s d a d o s d ei n s c r i ç ã o p o r d i s c i p l i n a , c o n s t a t a r a m q u e a m a i o r i a d o s can_
d i d a t o s i n s c r e v e - s e p e l a p r i m e i r a v e z , m a s j a s e s u b m e t e u a
e x a m e s a n t e r i o r m e n t e , t e n d o s o f r i d o a l g u m t i p o d e r e p r o v a ç ã o .
C o n s i d e r a n d o - s e o s Í n d i c e s g e r a i s d e r e p r o v a ç ã o e c o n f r o n t a n d o
- o s c o m o s p o r c e n t u a i s d e c a n d i d a t o s q u e s e r e a p r e s e n t a m a o s
e x a m e s , e s s a s a u t o r a s c o n c l u e m q u e e x i s t e c o n s i d e r á v e l e v a s ã o
n e s t e s i s t e m a , r e p r o d u z i n d o o p r o b l e m a v e r i f i c a d o n o e n s i n o
r e g u l a r : g r a n d e c o n t i n g e n t e d e c a n d i d a t o s se a p r e s e n t a u m a
o u m a i s v e z e s a o s e x a m e s d e e d u c a ç ã o g e r a l , e l i m i n a a l g u m a sd i s c i p l i n a s , e r e p r o v a d o e m o u t r a s , m a s n ã o r e t o r n a p a r a con_
c l u i r s e u s c r é d i t o s e o b t e r a c e r t i f i c a ç ã o .
V e l l o s o e t a l i i ( 1 9 7 7 ) c h e g a m m e s m o a q u e s t i o n a r o s
e x a m e s e n q u a n t o i n s t r u m e n t o d e a c e l e r a ç ã o d e e s t u d o s . A t r a v é s
d o s d a d o s d e i n s c r i ç ã o p o r d i s c i p l i n a , a p r o v a ç ã o e e v a s ã o o s
a u t o r e s c a l c u l a m q u e o t e m p o m é d i o d i s p e n d i d o p e l o s c a n d i d a t o s
p a r a a o b t e n ç ã o d o c e r t i f i c a d o s e r i a d e 1,5 a 2 a n o s . C o n s i
d e r a n d o q u e a e s c o l a r e g u l a r r e q u e r 1 ,5 o u 1 a n o a m a i s , o sa u t o r e s i n d a g a m :
" ( . . . ) É lícito e n t ã o i n d a g a r s e o s
e x a m e s d e s u p l e n c i a , n a f o r m a p e l a
q u al e s t ã o a t u a l m e n t e c o n c e b i d o s , se_
r i a m o m e i o p r e f e r i d o p e l o s a t u a i s
c a n d i d a t o s e / o u a f o r m a m a i s e f i c i
e n t e d e o f e r e c e r - l h e s a o p o r t u n i d a
8 R I O S , 1 9 7 7 , p . 1 0 5 .
9 E M E R E N C I A N Û , M . S . J . e n s i n o s u p l e t i v o ; d o t r a n s i t o r i o a o pe_r
m a n e n t e . I n : P r o j e t o E d u c a ç ã o , p . 6 5 .
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de de re cup er ação que os exame s pre_
tendem dar.
Poder-s e-ia pensar em oferecer e es
timular outr as formas de atendimen_to que gradualmente substituíssem os
exames de es tad o, com ava lia ções no
pr oce ss o, de org ani zação suficiente_
mente flexível para atend er a dife
ren tes tipos de pe ss o as , mesmo aque_
las que apena s recen temente deixa
ram o en si no regular". (Vello do et
alii , 19 77 a, p. 134-5) .
Outra cons tatação de magnitud e refere- se à vari ação
das taxas de ap ro va ção que são extrema s entre os di ver sos es_
tados e ao longo do tempo. Velloso et alii descreve m o fenô
meno da seguinte forma:
"Num per íod o t i nicia -se a serie com
uma taxa de ap ro va ção que vai aumen
tando nos pe rí od os seg uin tes até que,
em de ter min ad o pe rí od o t + k, ini_
cia-se uma queda gradual ou abrupta,
seg uin do- se nova subida mais tarde
(...)
(...) Duas exp licaçõe s são possíveis
para estes ciclos. Pri meiro , a de
que os exames têm objetivo s explici
tamente defin ido s e que os padr ões
de ava lia ção são constantes de ano
para ano, mas que os grupos de candi
datos diferem consi der ave lmente, de
um perí odo para ou tro , quan to a seu
prep aro numa determin ada (ou nas vã
ri as) di sci pl in a(s ). Isto signifi_
ca que seu dese mpenho de um per íod o
para outro e extremamen te variável
em relação a um padr ão cons tante. A
segun da hip ótese e o inver so da pri_meira . Neste caso, os diferentes
grup os de cand id atos que se apresen_
tam a cada pe rí od o não di fer em con_
sid era vel men te en tre si, mas os pa_
drões de av ali ação são substancial
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mente difere ntes entre os períod os.
Isto sig nifi ca um de se mpe nho com pe_
que na s var iações no pad rão de ava_
lição" . (Val loso et ali i, 197 7b, p.
9-14).
Os autore s demonstram a maior pro babilid ade de que a
vari ância de re su ltad os seja de corr en te da os cila ção dos cri_
térios de elaboração das provas.
"(...) vemos que a flutu ação das
por centage ns de apro vação pelos di _
feren tes anos e gra nde numa mesma
di scip li na . Isto nos leva a indagar
se tais flutua ções se deve m a car a£
terís ticas da clientela ou a crité-
ri os , formato e conte údo dos exa_
me s. como as car acte ri sti cas basi_
cas dos cand id atos pa rece m ser se_
mel han tes nos três blocos considera_
do s, talvez a respos ta esteja nos
exames. No caso , dever- se-ia fazer
uma anal ise sobre os mes mos , pormeio da qual se pod eri a de tectar al_
guns ele mentos que pude ssem melhor
informar as futuras provas". (Gatti,
1982, p. Õ7-3)
Ambos os fatos acima cond uzem os pesq ui sa do res a ques_
tionar o que se está avaliando através dos exames de suplência
e o como esta ava lia ção esta se pr oces sa nd o. Concluem ainda
que a elevada varia bilidade de criterios restringe a analisee compa ração dos dad os obt id os , na medi da em que não se dis_
põe de uma homogeneidade nas medidas de rendimento adotadas.
Os resultados em termos de aprovação e reprovação
Os res ultad os obtidos pelos candi datos nos exames de.
suplen cia demons tram que estes mais repro vam do que apr ov am,
sendo possível observa r uma tendência a um des empenho melhor
no 1º grau que no 2º grau.
Quase sempre as maiores taxas de aprovação são obtidas
pelos candid atos em dis cipli nas da área de ciências huma na s,
com de staq ue espe cial para Or ga ni zação Social e Pol ítica do Bra_
sil e Edu cação Moral e Cívica (OSPB e E M C ). As discipli_
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nas que com maior freqüência repro vam por centage ns elev adas
de candid atos sao matematica e ciências físicas e biol ógica s.
Nao encontramos nas divers as obras qualqu er analise mais pro -
funda ou recomend ação no sentido de compree nde r ou sanar os
elevados índices de reprovação nestas disciplinas.
A analis e dos cond icio na ntes do des empenho nos exames
contribui para a compre ens ão, ainda que par cial , dos di fer e^
ciais de aprovação nas disciplinas.
Condicionantes do desempenho
- características demográficas
No que se refere às var iáve is de mog rá fica s, a idade
apr ese nta- se como a mais sign ificati va: os candi datos com ida_
des supe rior es a 30 ou 35 anos apres entam quase sempre um
desempenho melhor que os mais jovens, exceção feita à discipli_
na matemá tica , e mais nitid amente para o 1º gr au . Na discipli_
na de mate máti ca, e em algun s casos também em ciências físi
cas e bio lóg ica s, os candi datos mais jovens apre sentam melhor* .
rendi mento.
"Os efeitos da idade do candidato no
seu desempenho nos exa mes de suplên_
cia podem ser in terp reta do s como o
res ulta do de sua expe riên cia de vi_
da e de suas ati tud es qu an to ao es_
tudo. É possível que indi vídu os de
mais ida de, que procura m obter um
certificado e/ou des envo lver suas
habilida des cognitiv as a nível de 2º
gra u, por se encontrarem afastados
da escol a reg ula r há mais tempo do
que indi vídu os mais jovens e por
possu írem em ge ra l, maiore s respon_
sabilidad es social/familiares , ten
dam a demon strar maior serie dade e
pers ever ança em seus es tud os . Isto
resultaria num melhor desempenho nos
exames. (...)
A outra hipótese explicativ a reside
na expe ri ência de vida em rel ação
ao de se mpe nho . Esta pode represen_
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tar um apre nd izad o informal e com
efeitos igualmente posi tivos sobre
o r endime nto nos exa me s . (...) E na_
turai que os con hecime ntos de um
indi vídu o acerca da socied ade onde
vive aumentem com sua experiência de
vi da . Da mesma forma, se esta apren_
di zage m é pelo men os em pa rte cumu_
la tiv a, espe ra-s e que a sistematiza_
ção dess es conhecime ntos através do
estud o seja mais facil mente obtida
por quem já" os possui em maior quan
tida de (...)" (Vell oso et alii , 1977b, p. 1º e 22)
A variável sexo nao apre senta comportamen to homogêneo
nas diversas populações pesqui sadas senão para as discipli nas
EMC e OS PB , em que quas e sempr e os homens obtêm melho re s re
sultados que as mulheres.
"0 efe ito da variá vel sexo é revela_
dor dos pap éis socia is as su mido s pe_
los sexos nas sociedades industriaisdo oci de nte , em virtude de terem uma
cultur a que esp era do homem e da mu_
lher interesse s e compor tamentos di
ve rs os . As si m, esp era -se (e estimu_
la-s e) que os homens se interessem
por assun tos ditos masculi nos como
po lí tica, o que natura lmente leva a
desenvo lver con heci men tos relaciona_
dos à or ga ni zação social e polí tica
do País . Trata-s e aq ui , assim como
no caso dos efei tos de idade sobre
o rendimento em OSPB, dos resultados
Os autores não se detêm no fato de serem os cand id atos mais
jove ns os que melho r se de se mpen ham nos exames de matemáti-
ca e ciência s físicas e bio lóg ica s, mas observam (como vere_mos adi ante ) que o êxito nestas discip lina s está relacion a
do às formas de preparo mais sistemáticas. É provável que os
candi dato s mais jove ns sejam aqu el es que aban do nar am o ensi_
no regular há menos tempo e, por este motivo, estejam melhor
prep arad os que os de mais para esses exames atrav és deste meiosistemático de estudo.
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de um processo de aprendizagem infor_
ma l , agora como conseqüência do de
sempenho de difere ntes papeis soci
ais". (Vell os o et alii, 1977b, p .
2 3 ) .
Poucas pes qui sas consid eram a situação conjugal dos
can di da tos , e dentr e as que o fazem é a de Castro et alii que
encontra resultados mais significativos:
"Quanto ao estado civ il , observ amos
que as melho res média s em todas as
di scip lin as foram obtida s pelo s can_
didatos casa do s, embora houvesse
mai or deman da por par te de candida_
tos sol te ir os (...)
Obse rv amos que aqu ele s que têm três
ou quatro filhos alcançaram melhores
resultados em todas as dis ciplin as.
Isto su ge re que os filhos nao cons_
tituem obstá culo para melho r dese m
penho dos pais nos exames supletivos
ao 2º grau salvo qua ndo em número
superior a quatro (...)
Os dado s nos condu zem à interessan-
te cons tatação de que os candi datos
mais ve lho s, casados e com três
ou quatro filhos obtiveram melhores
medias. Naturalmente, estas variá-
veis estão pro funda mente asso ciadas
entre si , suge rindo que captam uma
cau sa como m. (...) 0 es tud o das
variáveis demográficas nos sugere
por tanto que o sucesso nos exames
supletivos de 2º grau pode associar-
se a certas condições de vida do can_
did ato. como vi mos , o melhor desem
penho coube àqueles que já têm encar_
gos fami li ar es , a julgar pelo esta_
do civ il , número de filhos e idad e.
Isto, pro vav elme nte, os levou a en
carar os exames suple tivos com mais
seri edad e ou , por outras razões da-
opo rtun id ade de conclui r o curso re_
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guia r." (Castro et al ii , 1980, p.
9 6 - 7 ) .
No que se refere à origem geográfica dos candidatos, a
pesqu isa de Barro so & Oliveir a (1971) no Estado de Sao Paulo
constatou nítida vantag em para os cand id atos da capital sobre
os do interior:
"Poder-s e-ia ser tentado a atribuir
tal dife ren ça de re su lta do s simples_
mente à exi ste nci a de mai or es recur_
sos de pr e pa ra d o para o exame, ao
dispor dos candidatos da Capital, so
bretudo a existencia de número maior
de 'cursinhos 1, à sua pr ov áv el me_
lhor qualidade, e ao impacto da Tele_
vi são, cujo alcance no interior é
re du zido , e à ação compleme ntar dos
Tel epo stos. Estes fatos , contudo,
talve z sejam a última mani fes tação de
um pro cesso mais ge ra l, no qual a
cultura urbana forma -se mais rapida_
mente na C ap i ta l , que está sob o in_fluxo direto do des env olv imen to in
dustrial .
A edu cação formal , como a co nhecemo s
hoje parece ligar-s e estrei tamente
ao processo de urbanização (...)"
(Barroso & Oliv eira , 1971, p .48 ).
Conclus ões semelhantes são obtidas em pesqu isa reali
zada em Belo Horizonte, em 1975:
"A mai or v iv ência urba na ou rura l, me_
dida pela variável Ur brur , tem um
comportamento constante nas duas fun_
ções, consistente com os resultados
das pesq uisa s todas a que se teve
ace ss o. A ur bani zação tem sido vis_
ta como um fato con di cio na nte das
chances dos indi víduo s em relaçãoao acesso e êxito escolar no Brasil.
Acred ita-s e mesmo que o ambiente
ur bano 'resulta em um tipo de socia
lização dos indi víd uos mais eficien_
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te para sua ada ptação as exig en cias
de ingresso e progr esso no sistema
escolar'. (Oliveira, 1976, p.54).
"Reafirma- se, nesta pop ula ção, que
a maio r vi vênci a urbana leva os can_
dida tos a um ren dimen to escol ar me_
lhor do que a viv ência r ur al , pare_
cendo ser valida a explicação de que
as ativ id ad es escol are s expre ssa m va_
lore s urban os com os qu ai s as clien_
telas urban izada s estão obviamen te
mais afi na da s. (...) A d mi ti n d o - s e
que a uma mai or vi ve nci a rural este_ja as so ciad a uma es col ar id ad e inici-
ai em zonas ru ra is , ond e há indica_
ções de have r um en si no qualitati_
vamente infer ior , é possível que o
efeito de Urbrur no des empe nho dos
cand id atos também esteja capta ndo
o efeito de qualidades diferentes da
escol ari zação in icial." (Coe lho, 1977,
p. 100) .
Caracteristicas sócio-econômicas
Para sur pres a dos pes qui sa dor es a rela ção entre o de_
sempe nho dos cand id atos e o nível de ins trução de seus pais
mostrou-se pouco significativa, contrariando os resultados uni_
versalmente encontrados.
"Era de se es pe ra r que a esco1arida_de dos pai s tives se um papel impor_
tante no des empe nho dos candid atos.
Isto porq ue se supõe que pais mais
instruí dos podem prover uma ajuda
mais efici en te nos trabal hos escola_
re s, maior ori enta ção qua nto ao ma_
terial ins trucio nal e também teriam
maior influência no des env olv imento
da habilidade verbal dos filhos e na
atividade em relação à escola (...)"
(Fonseca, 1977, p. 68)
Ta mbém no que se refer e à ocu pa ção dos pais dos candi_
datos não foram ver ificada s correlações sig nificativas com o
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d e s e m p e n h o no s e x a m e s :
" N a v e r d a d e , e s p e r a v a - s e e n co nt ra r c or
r eç ão m ai s s i g n i f i c a t i v a e nt re r e n d i m e n
t o e t r a b a l h o d o p a i , p o r s e t ra t ar d e
u m a o s i n d i c a d o r e s m a i s a d e q u a d o s pa_
r a o ní v el s ó c i o - e c o n ô m i c o f a m i l i a r .
£ d e s e s u p o r q u e f a m í l i a s d e n ív el s ó
c i o - e c on ô m ic o m a i s e l e v a d o e s t im u l e m m a i s
o s f i l h o s e m r e l a ç ã o à a q u i si ç ã o d e e sc o
l a r i d a d e , p r i me i ro , p o rq u e p od em a r c a r c o m
o s c u s t o s e s c o l a r e s ; s eg u nd o e nc on tr am -
- se m e l h o r i n f o r m a d o s q ua nt o à s e x i g ê n
c i a s do m e r c a d o d e t r ab a l h o, p o d e n d o o _
r i e n t a r o s f i l h os e m r el a çã o à s d i f e r e n t e s
o p o r t u n i d a d e s o c u p a ci o na i s ; t er ce ir o, p o r
q u e a s f a mí l ia s d e m a i or p o de r a q u i s i t i v o
p o d e m e s c o l h e r a s e sc ol a s m ai s e q u i p a d a s
p a r a s e u s f i l h o s , o q u e p o de ri a i n f l u e n -
c i a r n o s eu r en d im e nt o e s c o la r " . ( F o n s e c a ,
1 9 7 7 , p . 5 5 )
V e l l o s o e t a l i i ( 1 9 7 7 ) d e s e n v o l v e m a h i p ó t e s e d e q u e
e m a v a l i a ç õ e s d e d e s e m p e n h o c o g n i t i v o r e a l i z a d a s a n o s a p ô s a
i n t e r r u p ç ã o d a c o n v i v ê n c i a f a m i l i a r , c o m o i o c a s o d o s e x a m e s
d e s u p l e n c i a , a a s s o c i a ç ã o e n t r e c l a s s e s o c ia l d e o r i g e m e
h a b i l i d a d e s c o g n i t i v a s n ã o t e r i a a c o n s t â n c i a n e m a i n t en s i da _
d e o b s e r v á v e i s n a e s c o l a r e g u l a r . E s s e s e f e i t o s s o f r e r i a m u m a
d i l u i ç ã o a o l o n g o d o t e m p o , a o m e s m o t e m p o e q u e o c o r r e r i a u m
p r o c e s s o d e r e g r e s s ã o e m a l g u m a s á r e a s d o d e s e n v o l v i m e n t o cog_
n i t i v o .
C a s t r o e t a l i i ( 1 9 8 0 ) n ã o e n c o n t r a r a m t a m b é m d i f e r e n
c a s n í t i d a s d e r e s u l t a d o s e n t r e a l u n o s d e n í v e i s s ó c i o - e c o n ô m i
c o s d i v e r s o s , e s u g e r e m a h i p ó t e s e d e a u t o - s e l e ç ã o p a r a e s s e
f e n ô m e n o : o s a l u n o s p r i v i l e g i a d o s e c o n o m i c a m e n t e e q u e a b a n
d o n a r a m a e s c o l a r e g u l a r s e r i a m m e n o s p r i v i l e g i a d o s d o p o n t o
d e v i s t a d a e d u c a b i l i d a d e , a n u l a n d o - s e a s s i m a s u s u a i s v a n t a
g e n s d o n í v e l s ó c i o - e c o n ô m i c o f a m i l i a r m a i s e l e v a d o .
j á o n í v e l s ó c i o - e c o n ô m i c o a tu a l d o s c a n d i d a t o s e u m a
v a r i á v e l q u e m o s t r o u f o r t e a s s o c i a ç ã o c o m o d e s e m p e n h o n o s
e x a m e s d e s u p l e n c i a . O s a u t o r e s c o n s t a t a r a m q u e o f a t o d e tra_
b a l h a r d i m i n u i a p r o b a b i l i d a d e d e a p r o v a ç ã o d o s c a n d i d a t o s ( Coe_
l h o , 1 9 7 7 e F o n s e c a , 1 9 7 7 ) e e n t r e o s q u e t r a b a l h a m a s c h a n c e s
s ã o m a i o r e s p a r a o s q u e t ê m m a i o r e s n í v e i s d e r e n d a ( S o r i a n o ,
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19 77 ). Os candidatos cujos domicílio s possuem maior riqueza
e conforto material obtêm melhores resultados (Castro et alii,
19 80 ). Esses dados revelam qu e, à semelhança do ensino regu
la r, os exames de suple ncia tem sua função demo crati zado ra re_
duzida por mecanismos sele tivos.
- escolaridade anterior
A maior parte das pesq uisa s contin ham, como hipótese
pr ev ia , a suposição de que a escol ari dad e anterio r 2 apresen_
tação aos exames de supl encia tivess e uma corr ela ção bastan te
sign ificativa com o dese mpenho alcançado pelos cand ida tos. Os
resultados, entre tanto, surpreend eram os pes qui sad ore s. Em197 1, Barroso & Oliveira verificaram não haver pra ticamente
nenhuma relação entre incremento de escola rida de e êxito nos
exa mes . 0 perí odo de freqüência a cursos regu lare s alem do
pr imá ri o, de um modo geral não manifestav a influência alguma
sobre os re sul tado s. Tal fato suscitou nestes autores se ve
ras críticas ao ensin o mèd io , e motivou que as pes qui sas mais
recentes amplias sem a coleta de dados e aferiss em com maior
precisão as influências da escolari dad e preced ente sobre o de_
sempenho nos exames de suplencia.
Naccara to (1977) dedi cou- se a este tema , e não obteve
resultados muito diferentes:
"Con cluí mos, p ri meir amen te, que o fa_
t o r e s c o l a r i d a d e — d e f i n i d o c o m o f r e
qüência parcial a escola de ensi no
regular seriado — condicionou a
obtenção de melhor des empen ho nos e_
xames su pl eti vo s de 2º gr au . Entre_
tan to, esta cara cterís tica se mos_
trou com baixo po der de e xpli cação na
var iação das notas nos exames e foi
supla ntada por outros fatores de
índole não- acad êmica." (Naccara to,
1977, p. 11 9).
Res ul tado s seme lhan tes foram obtido s em outras pesqui_
sas :
"(...) A tendência e de que os candi_
datos com maior escolaridade regular
tenham melhore s pro babilida des de'
aprov ação nos exa mes , embora a mag
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n i t u d e d o e f e i t o d e s t a v a r i á v e l s e j a
r e l a t i v a m e n t e p e q u e n a (...)
N o c o n j u n t o , a s v a r i á v e i s r e l a t i v a s
à e d u c a ç ã o f o r m a l s u g e r e m a l g u m a
i m p o r t â n c i a d o p r o c e s s o d e e s c o l a r i_
z a ç ã o r e g u l a r , m a s s u r p r e e n d e - n o s q u e
s e u s e f e i t o s s e j a m p o r v e z e s n ã o s i g
n i f i c a t i v o s . " ( V e l l o s o e t a l i i , 1 9 7 7
b , p . 2 8 - 9 )
O u t r a v a r i á v e l r e l a c i o n a d a à e s c o l a r i d a d e e q u e m o s
t r o u - s e s i g n i f i c a t i v a e m r e l a ç ã o a o d e s e m p e n h o f oi a r ep e tê n-
c i a n a e s c o l a r e g u l a r , c o m ê n f a s e p a r a a s q u a t r o p r i m e i r a s s é
r i e s d o 1 º g r a u .
V e l l o s o e t a l i i ( 1 9 7 7 ) , C o e l h o ( 1 9 7 7 ) , R i o s ( 1 9 7 7 ) , Fon_
s e c a ( 1 9 7 7 ) e C a s t r o e t a l i i ( 1 9 8 0 ) o b s e r v a r a m q u e " o s c a nd i_
d a t o s c o m m a i o r n ú m e r o d e r e p e t ê n c i a n o p r i m á r i o t e n d e m a si_
t u a r - s e p r e d o m i n a n t e m e n t e n o g r u p o d e r e p r o v a d o s " . O b s e r v a r a m
t a m b é m q u e o s c a n d i d a t o s q u e i n g r e s s a r a m n a e s c o l a p r i m á r i a
m a i s j o v e n s a l c a n ç a r a m m e l h o r r e n d i m e n t o n os e x a m e s d e a l g u m a s
d i s c i p l i n a s .
A p e s q u i s a d o s c a n d i d a t o s a o 2 º g r a u n o R i o d e J a ne i _
r o f oi a ú n i c a q u e c o n s u l t o u os c a n d i d a t o s q u a n t o à f r e q ü ê n c i a
a n t e r i o r a c u r s o s d o S E N A I e S E N A C , e i n d i c o u u m r e s u l t a d o fa_
v o r á v e l .
" O i t o p o r c e n t o d o s c a n d i d a t o s f i z e
rara c u r s o d o S E N A I o u n o S E N A C . A s
m e l h o r e s m é d i a s e m t o d a s a s d i s c i p l i _
n a s f o r a m o b t i d a s p e l o s c a n d i d a t o s
q u e f i z e r a m a l g u m d e s s e s c u r s o s . ( . . . )
V e m o s a q u i , c l a r a m e n t e , q u e a atua_
ç ã o d o s c u r s o s m i n i s t r a d o s p e l o
S E N A I o u S E N A C f a v o r e c e r a m , d e c e £
t a f o r m a , o d e s e m p e n h o n o s e x a m e s
s u p l e t i v o s o u , p e l o m e n o s , r e v e l a
u m m e c a n i s m o i m p o r t a n t e d e a u t o - s e l e -
ç ã o c a p t a d o p o r e s s e s c u r s o s . " ( Cas_
t r o e t a l i i , 1 9 8 0 , p . 1 1 3 )
C a s t r o e t a l i i v e r i f i c a r a m t a m b é m q u e d e n t r e o s c an di _
d a t o s a o s e x a m e s d e s u p l e n c i a d e 2 º g r a u n o R i o d e J a n e i r o ,
o b t i v e r a m m e l h o r d e s e m p e n h o a q u e l e s q u e r e a l i z a r a m a m a i o r
p a r t e d e s e u s e s t u d o s n o i n t e r i o r , e m r e l a ç ã o a o s e s t u d a n t e s
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da capital.
"Este fato nos per mite lev antar a
hipótese de que a não-con tinui dad e dos
estud os de gran de parte dos candida-
tos do interior pode ser atribuida à
contingencia de nao haver, na locali-
dade, escolas ou mesmo as series sub
seqüentes de cursos que permitissem
o prosseguimento da escolaridade."
(Castro et al i i , 1980 , p. 110)
- exames anteriores e número de disciplinas
Segu ndo dados coletados por Hilde brand para 1979 , os
candid atos aos exames de suplen cia de 1º grau inscrevem-se em
3,7 disciplinas, e os de 2º grau em 4,2 disciplinas em média.
Os dad os sao muito var iáv eis para cada uma das datas
e unidades federadas estu da das , mas um contingente numero so,
que se apro xima dos 50% dos cand ida tos ins cri tos , presta exa_
mes pela primeira vez. Os demais divid em-se igualmente entre
os que ja pre stara m exames uma, duas ou três ve zes . Den treestes que ja prestaram exa mes , as discipl inas ja elimina das
para a maioria quase sempre são 0SP3 e EMC.
A por centagem de inscritos nestas duas di scip li na s,
em que as taxas de apro vação são mai or es , i sempre inferior
em rel ação às demai s maté ri as . 0 inverso ocorr e com matemáti
ca: sendo a discipli na que mais rep rov a, é aquela na qual os
ind iví duo s se rei nscr eve m com mais freqüência e na qual a por
centagem de candidatos inscritos é sempre maior.
Em rela ção as demais discipl inas ha oscilações muito
grandes de estado para estado dev ido , prova vel mente, aos dife
rentes critérios de elabora ção das prova s e às ja mencion ada s
variações nas taxas de taxas de aprovação e reprovação.
Algumas pesq uisa s procurara m avaliar a repe rcussão de
reprovações anteriores no desempenho dos candidatos.
Naccarato (1977) constatou que os candidatos que nunca
foram repro vados em exames de 2º grau anteriore s obtivera m as
melhor es médias em todas as di sci pl in as , e conclui u que o in_
sucesso estaria asso ciado a caracterís ticas es táv ei s, cujos
efeitos aumentariam a probabilidade de insucessos futuros. Vel-
loso et alii (1977) não observaram um comportamento muito níti
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do desta va ri áv el , mas constatar am que o efeito domina nte de
uma rep rov ação anteri or i nega tivo so bre o dese mpenho nas pro_
vas dos exames de sup len cia. Eles conside ram a hipótese de
que o compo rtame nto desta variáv el seja afetado por duas for_
ças agin do em dire ções op os tas : de um lad o, níveis inferior es
de cogni ção e motiva ção indu ziria m a um pior des empen ho no
pre se nte; de ou tro , a real ização de provas serviria ao ades_
tramento para exames futu ro s. Con sid era m entr etan to mais pro_
vavel que as rep ro vações an teri ore s rep res ente m níve is infe_
riores de desenvolvimento cognitivo, e que os candidatos repro_
vados tenderiam a sofrer novas experiências de reprovação.
Hil debr and (198 4) ve ri fico u, numa amostra de candida_
tos que pre stav am exames de 1º grau em Porto Ale gre pela pri_
meira ve z, que os res ultad os parcia is nega tivos não interfe_
riam na rea lização das pro vas se gu in tes . Os cand ida tos con_
sideravam esta experiência uma oportunidade de conhecer o tipo
de ques tões e conteúdos nos exa mes , redu zindo assim o nível
de ansiedade e intranqüilidade para a realização das provas.
- meios de preparo
Quase todas as pesquisas sobre os condicionantes do de_
sempen ho nos exames de suple ncia pro curar am anal isar as moda_
lidades de prep aro utilizad as pelos candid atos — cursos pú _
blicos e pri vad os , auto did atis mo, radio , TV — e sua rep ercu s
são sobre o re nd imen to nas pr ov as . Esta anal ise requ er cui_
dados metodológicos adi cion ai s, po is , como afirmavam Barroso
& 0liv ei ra ( 1971 ) :
"(...) é ne cess ár io compro var que nao
existiam difere nças pre limin are s re_lev antes entr e os grup os que se uti
lizaram de diferentes meios de prepa_
ro , para que se possa legi timamente
atr ibui r aos meio s as di fere nças en_
tre os resultados desses grupos."
(p. 78)
Os resul tados variam bastante de estado para estado
e entre os anos an al is ad os . Embora o quadro apontado pelasdiversas pesqui sas seja bastante heterog êneo, pode-se extrair
algumas tendências de caráter geral.
A freqüência a cursos par ticular es pre para tórios aos
exames apresenta quase sempre uma correlação positiva com apro
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va çao, espe cialmente nas dis cipli nas de matematica e ciências
físicas e biol ógicas , exatamente aquel as nas quais as taxas
de rep rov ação sao mais el ev ad as . Tudo indica que para obter
um re nd ime nto po sitivo nos exame s de stas dis cip li na s os cand_i_datos necessitem de estudo sistemático e orientado, que os cur
sos privados parecem oferecer de forma mais eficiente.
De maneira apare ntemente contradi tória, os cursos pú
blicos de preparação aos exames nao se mostram eficazes em ter_
mos de ap ro va ção. Seria necess ario admitir a hipótese levanta
da por RIOS (1977), de que as estatísticas estariam sofrendo a
in terfer ência de uma variáv el de n atureza sócio- econ ômica, atra_
vês da qual os candidatos cujas condições sócio-econômicas fos_sem mais favoráv eis tenderia m a ter um rend imento sup eri or, e
poderiam também pagar cursos particulares, enquanto que os can
didatos cuja situação sócio-econômica fosse inferior teriam me_
nos chances de apro vação indep end entemen te do meio de prep aro
utilizado e, não podendo pagar cursos pri va do s, freqüentariam
os preparatórios públicos.
Outra tendência facilmente observável e a menor eficá
cia relativa da preparação através de cursos pelo rádio (Proje_
to Minerva) em termos do desempenho nos exames.
0 au tod id ati smo ainda é uma moda li da de de pre par o bas_
tante utili zada e atrav és da qual muitos cand id atos obtêm re
sultado s favoráv eis nos exa mes , embora dificilmente consigam
êxito em matemática e ciências físicas e biol ógi cas . As disci_
plina s que mais frequ entemen te parecem pre scind ir de formas
sistemáticas de preparo são OSPB e EMC, nas quais, como já foi
visto anter ior mente, parecem prevale cer a aprend izagem infor
ma l , exper iênci a de vida e trabalho e expos ição a meios de co_
muni cação de massa .
A preparação através de curso via TV só foi pesquisada
no Estado de São Pa ul o, e sua eficácia - embora seja inferio r
aque la dos "cur si nhos " nas di scip li na s cujas taxas de reprova_
ção são mais ele vad as - parece cresce r. Cabe aqui consid erar
a variável s ócio- econômica mencionad a por JULIANO (19 85), que
correla ciona a redução da procura por cursos pre par atórios no
período pr eced en te aos exames de 1980 à crise econ ômica que de_
vastou o mercado de trabalho na Grand e São Paulo e reduziu a
renda de seus habi tan tes , nestas cond ições , os meios de prepa_
ro de baixo custo como o rádio e a TV tende ria m a se des tacar
em relação àqueles de custos mais elevados.
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- tempo dedicado ao preparo
Ao inve stig ar as rela ções en tre os mese s e horas sema_
nais dedicados aos estudos p elos candid atos e o dese mpenho nos
exa mes , os pe sq ui sa do re s esp era vam encon trar res ultad os nítidosdos e correl ações po si tiv as , mas nao foi exatamente isto que
ocorreu.
Coelho (1977), Villasenor Spreitzer (1978) e Castro et
alii (1980) veri ficaram que os candid atos que se prepa raram
por maior número de mese s tend em a situa r- se entre os mais re_
pr ov ad os . 0 s autor es consi der am que a expli cação mais plausí-
vel da rel ação entre o tempo de pre par o e rep rova ção seja de
que o fato de estudar por mais tempo associa-se a dificuldadespre via s com a mate ri a, ou en tão reflete uma capacidade de apren_
dizagem menor dos ind iví duo s. Um tempo maior de preparo pode
também refle tir rep rov ações anter io re s qu e, como já vi mos , re_
percutem negativamente sobre o desempenho.
Outras pesquisas não obtiveram resultados assim tão ní-
tido s. 0 compo rtamen to da variáv el "tempo ded icado aos estu_
dos " varia nas div ers as popu lações estud ada s em relação ao
de se mpe nho ; os res ultad os nao são nítido s em termos de apon_
tar ten dên cia s, e são em geral pouco si gn ifi cati vo s. Isto não
sign ifica nece ss ar ia mente que o tempo de preparo não influa so
bre o re nd im en to , senão que não foi possíve l i sola r satisfató-
riamente as inúmeras variáv eis interve nien tes no sentido de
obter resultados que apontassem tendencias nítidas e estatisti_
camente significativas.
Pode-se, entretanto, afirmar que a hipótese previa dos
pesq uisa dore s — a de um maior tempo de preparo conduziria a
um melhor desempenho — nao se confirmou em qualquer das invés
tigações realizadas.
- a dimensão afetiva: auto-confiança, atitude e aspirações
Alg umas pe sq ui sa s buscam certas cara cterí stica s subje_
tivas dos candidatos e relaciona-los ao desempenho nos exames.
Velloso et alii (1977) e Castro et alii(1980) concluí_
ram que um auto-conceito positivo, medido pelo grau de confian
ça que o indiv íduo depos ita em sua cap aci da de de agir sobre o
meio em que vi ve , esta rela cionad o favor avel mente ao desempe
nho nos exame s. Da mesma man ei ra , as melhores medias foram
obtidas por aquel es candi datos que manifestar am elev adas aspi_
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rações e expectativas ocupa ciona is, o que possi velmente os
teria comprometido mais pro funda mente com a pre par ação para
os exames su pl etiv os . (Castro et al ii , 1930)
Naccarato (1977) averi guou também as atitudes doscandi datos em relação à es cola , e concluiu que o sucesso nos
exames esta ass ociad o a uma posi ção de antag oni smo à rigid ez
e disciplinas escolares.
- outros fatores que influem no desempenho
Várias pesquisas trabalharam com outras variáveis rela_
cionadas ao desempenho que não aquelas já citadas neste relato_
rio.
Villaseñor Spreitzer (1978) e Castro et alii (1980) en_
contraram correl ações posi tivas entre dis pon ibili dad e de mate_
rial e leitura e exposi ção a meios de comuni cação e rendimen
to nos e xa me s, indi cador es de ambiência cultural dos candida_
tos e que podem ser consid erad os como um supl emento do estudo
sistemático e or ga ni zad o, como fontes de informação geral que
complementam os conhecimentos adquiridos em cursos e textos.
Castro et alii con statar am também que obtêm melhor de
sempenho nos exames suple tivos de 2º grau os candid atos que
pr eten dem fazer ves tibula r nos seis meses subseqüentes aos exa_
me s , o que estaria a indicar um "maior comp ro meti men to com os
exames su pl etiv os , cuja aprova ção constitui condição sine qua
non para possibilitar o ingresso na universidade".
Mello (1977) procurou aferir as habilida des de abs
tração e generalização dos candidatos aos exames de 2º grau do
Rio de Jane ir o através da apl icação de testes de racio cíni o verbal , encon trand o uma correla ção positiva entre o "nível de
inteligência" assim mensurado e os resultados dos exames.
RESUMO
- Os exames supletivos de educação ge
ral de 1º e 2º grau s reprov am muito
mais que aprovam, e levam à obtençãodo certificado apenas uma reduzida
par cela dos que a ele s se candida-
tarn; as caus as do baixo re nd ime nto
situ ar- se- iam , por um la do , no des_
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prepa ro dos candi datos e, por outro,
no formato e conteúdo das provas.
- As taxas de aprovação e reprovação
vari am muito de dis cipl in a para dis_cip li na , de estado para estado e de
ano para a no ; como as característi_
cas da clien tela ap re se nta m-s e rela_
tivamente homogênea s no tempo e no
es pa co, a hipótese mais provável
I que a var iância dos res ultad os se_
ja devida à osci lação de criterios
na elaboração das provas.
- As di sci pl in as que apr es enta m ta_
xas de apro vação mais elev ada s são
EMC e OSP B; matematica e ciências
físicas e biológicas são as discipli_
nas que ap re se nta m taxas mai s eleva_
das de reprovação.
- Obtêm melhor desempenho nos exames
os candi datos com idade sup erio r a
30 ou 35 an os , cas ad os , com filhos
e de origem (ou vi vênci a) ur ban a;
o sexo não influi no re nd imen to, ex
ceto para as disciplinas EMC e 0SPB,
em que os homens obtêm maior êxito que
as mulheres.
- Os efei tos da class e social de o
rigem não se fazem sen tir sobre o
rend imento nos exa mes , mas o nívelsócio -e conômi co dos cand id atos in_
flui sig nifica mente , beneficia ndo
aqu ele s que de sfru tam de um nível
mais elevado.
- As influência s da es col ar id ad e re_
guiar precedente dos candidatos é
tên ue , qua ndo não nu la , sobre o ren_
di mento nos exa mes . Obtêm melhore sres ulta dos os cand id atos que ingres_
saram mais cedo e não rep etiram sé
ries na escola pr ima ri a, bem como
aque les que nunca foram repr ovad os
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em exames supletivos realizados ante_
riormente.
- As relações entre rend imento e
meios de prep aro utilizados pelos
candidatos sao compl exas , variando
segundo as regiões e as disciplin as
em ap r eç o, com ten dên cia a um me_
lhor re ndi mento para os que se pre _
param através de cursinhos particula_
res e a um menor rend imen to para os
que se preparam através de programas
de radio.- 0 tempo dedi cado ao prepa ro para
os exames é uma variável cujo compor
tamento não é muito níti do em rela
ção ao re nd ime nto , com tend ência pa
ra beneficiar aqueles candidatos que
se pre par am por um per íodo relativa_
mente cur to, em torno de seis e do
ze mes es , em detrimento daqueles
que se pre par am por um período mais
longo.
- Fatores subjetivo s como auto -con
fia nça , conv icção na consecução das
asp ira ções ed ucaci on ai s e ocupacio_
na is , atitudes de ativismo e de opo
sição à discip lina escolar estão
pos itiva mente rela cionad as ao êxito
nos exames.
- Também favorecem o dese mpenho a
disp onibili dade de material de lei
tura, exposição freqüente a meios
de comun icação e nív eis mais eleva_
dos de intel igência , medi dos por tes_
tes de raciocínio verbal.
Analise das provas
como já observamos anter ior mente, a grande maioria
das pes qui sas re ali zada s acerca dos exames sup leti vos de edu-
cação geral versam sobre caracterização da clientela e análise
de seu de se mpe nho . Todos os autor es que pes qui sar am o rendi-
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mento dos cand ida tos aos exames e seus cond icio nan tes res_
sen tiram-s e da falta de estudo s sobre as prova s que lhes per
mitissem ponderar as medidas de rendimento ultilizadas.
Também já menci on amos que a maior ia dos auto res credi_tam a var iânci a das taxas de ap ro va ção à os cil ação dos crité_
rios de elaboração das pro vas . Pou cos, entre tanto, são os
estud os sobre as refer ida s pr ov as . No que se refere ao con_
teúdo dos exa mes , apena s a d isse rtação de Mel lo(1 977 ) faz uma
análise da vali dad e e fidedig nida de das provas apli cadas no
Rio de Jane ir o em 19 75. Os estudo s de Cas tro (1 9 7 3) , Hildebrand
(1984) e Jul ia no (19 85), entre outro s, tecem considera ções
sobre os objeti vo s, ad equ ação dos conteúd os e formato das pro_
vas dos exames de sup len cia, sem no entanto apro fundar -se no
assunto.
Soares (1978) relata a experiência pioneira de intro
dução da prova de reda ção nos exames de supl encia de 1º e 2º
graus em Minas Gerais a partir de 1976.
0 formato dos exames
A primei ra ques tão que se coloca qua nto às características das prov as dos exames de supl ência é seu for mato . Desd e
antes da vigência da LD B/7 1, quando se super punham sistemas
estadu ais e federai s de oferta de exames de madu re za, as pro -
vas ja havia m ad qu ir id o o formato "objetiv o" que as caracteri-
za nos dias atu ai s. A opção por pro vas cons tituí das por tes_
tes "objetivos" é explicad a pela nece ssi dad e de serem examina
dos grande s grupos de cand id ato s, com objetivida de e em peque_
no espaço de tempo. (Mello, 1977)
A suposta "objetividade" das questões de múltipla esco
lha é colo cada em dúvida por Ve llo so e seus cola bora do re s (1977).
Eles concord am que os pro blemas das ava li ações em larga esca
la são a comparabil idad e dos instrumentos e eqüidade de jul
ga men to, mas argumentam que testes objetivos elabora dos segun
do método s e critérios eventua lmente diversos podem gera r tan
to falta de comparabilidade quanto provas do tipo "dissertação".
0 problema das provas dissertativas reside nas dificuldades de
correção.
uma expe ri ência imp ortan te que pro curou so lucio nar es_
ses problemas foi realizada em Minas Ger ai s, quando da intro
dução das provas de redação nos exames supletivos de 1976.
Procurando contornar as dificuldades de correção e evi_
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tar a flutuação de jul ga men tos , e equipe mineira desenvol veu
uma metodol ogi a baseada na experiência de correção das prova s
de reda ção de ves tibular es pela Funda ção Ces gra nri o. Essa
metodologia incluía o estabelecimento prévio de criterios, cor_reção por equipes su per vi sio nad as , controle de concordância
por métodos estatísticos e reuniões de rev isão, obtendo-se
por resu ltado um razoável nível de concordância de julga mento
entre os ava lia dor es. A equi pe de coordena dores desenvol veu
ainda vários estudo s sobre o des empenho ling üístico dos candi_
da tos , cujos resu ltados sugerem inter ess antes reflexões sobre
a formação de indiví duos fora das pare des da es cola . (Soares
et al i i , 19 78)
Vello so et alii (1977 ) lembram que essa expe riên cia
poderia ser reproduzida em outros estados e qu e, utilizando
provas diss ertativas ou testes , seria aconselhável a uni formi
zação dos critérios de forma a assegurar a eqüidade nas opor_
tun idades de ap ro va ção.
0 conteúdo das provas
0 estudo mais sis temático do conteúdo das prova s dosexames de sup len cia foi re al izad o por Mello (1977 ) com base
nas provas para o 2º grau realizadas no Rio de Janeiro em 1975.
Ado tando critérios técnicos de vali dade de conte údo, fidedig
nidade dos esco re s, grau de dificuldade e poder discriminati
vo dos iten s, a pes qui sad ora submeteu as prov as das seis dis_
ciplina s a bancas de es pe cial is tas e os res ultado s dos exames
a um tratamen to es tatís tico que lhe per mitiram extrai r as se_
guintes conclusões:
"As pr ov as de qu ase toda s as disci_
pli nas dos exames sup letivo s podem
ser conside rada s va lid as , do ponto
de vista da validade do conteúdo, em
relação aos progra mas distribuídos
aos candi datos dur ante as in scrições
aos exa mes . De fato, a exceção da
prov a de Po rtu gu ês, os itens de to_
das as o utras cobriram o conteúdo da
maioria das unid ades desse s progra_
mas . Ad ema is , os itens de todas as
provas mostraram-se coerentes com os
objetivos formulados nos respectivos
programas (...)
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Apesa r dis so, tôdas as pr ov as , as_
sim como os pr og ra mas , com exceção
dos de His tori a, sofreram criticas
da parte dos esp ecial istas que as
examinaram na condição de juízes. As
crítica s às prov as gir ara m em torno
do número de itens qu e, na opin ião
de le s, deveria ser maior . Quanto
aos programas, as críticas foram fei_
tas em compar ação com os pro gr amas
estabel ecido s para o curso de 2º
gra u do sis tema re gu lar de ensi_
no (...)
Le va nd o em conta o car áte r seleti_
vo dos exames sup leti vos , todas as
prov as apres entaram baixa fidedi g
nidade (...)
Entre os fatos que afetam a fide di g
nid ade dos testes esta o número
de ite ns . 0 es tudo sobre este as_
pecto revelo u que as pro vas dasseis di scip li na s dos exames supleti_
vos nece ssi tari am conter um número
bem maio r que vinte itens para ati n
gir o coeficiente de fidedi gni dad e
de , por exemp lo , 0,70. Os itens a
serem acrescidos dev eri am, no entan
to, ser semel hantes aos iniciai s, quan
to à di ficul da de , ao conteúdo e as
intercorrelações.
Ainda em relação ao número de itens,
examino u-s e também a qua ntid ade ne
cessaria às provas em função do núme_
ro de alte rna tiva s. Isto mostrou
qu e, para obter um coeficiente de
fidedi gni dade de 0,70, uma prova
com itens de múltipla es col ha, com
cinco op ções , necessita ter , no mínimo , 4 5 ite ns .
Essa s infor mações evi den ciam clara_
mente que as provas dos exames suple_
tivos contendo apena s vinte itens
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cada uma nao pode ating ir um padr ão
aceitável de fide di gni da de . 0 fato
aqui dev e ser con si de ra do com aten_
ção po rq ue es se s exa mes têm como fi-nali dade sele cionar candi datos ap_
tos à obte nção de cer tifi cad o equi_
valente ao de conclusão do curso de
2º grau do sis tema re gul ar de ensi_
no. Por essa ra zão, e importan te
que os es core s obtido s em tais pr o
vas sejam de fidedignidade alta.
A anal ise da dificul dad e e do poder
discriminativo dos testes revela que,
para o grup o de cand id atos examina_
do , gran de parte dos itens das pr o-
vas pode ser consid era das difícil.
com base nas re sp os tas dos candida_
tos , ver ifica-s e que cerca de 15%
dos itens das pro vas apres entam bai_
xo poder de discriminação (...)"
(Mello, 1977, p. 117-9)
Dia nte des tes re su lta do s, Castro et alii (1980) ponde_
ram que a simples el eva ção do número de itens pode não aumen
tar suficientemente a fidedignidade, e que o grau de dificulda_
de não i uma variável man ip ul áv el , pois expressa os padrões
de excelência que devem ser atingi dos pelos can di dato s.
A opinião desses autores, segundo a qual "os níveis de
dificul dad es são exog ena mente impostos e portanto não manipu
láv eis como técnica s de exa me " e de que os "can di da tos ao su_
pletivo apresentam em várias matérias um nível de conhecimento
inferior àquele consi dera do necessár io para obter um diploma
de secundá rio" (Castro et al ii , 1980) é, entr etanto, contrada
tada por outros autores que ressaltam a necessidade de adequar
as prov as ao tipo de conhecimen to acumulad o fora dos bancos
escola res pela clientela peculi ar que acorre aos exames de
suplência .
Castro (1973) faz severas críticas ao conteúdo dos exa_mes , atribuindo -lhes um caráter academicista distanciado da
experi ência prática de jovens e adul tos trabal hado res . Citan_
do experiências alte rna tiva s, reclamando um exame que avalie
potencialidades e não conhecimentos enciclopédicos, questionan
do os conceitos de cultura e maturid ade subjacentes aos pro
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gramas vigentes, o autor concluía que as provas formuladas nes_
tes moldes pode m ser cons id era da s mera s mara tona s de memoriza_
ção.
Mai s de urna decada de po is , Hil debra nd e Julia no chega_
riam a conclusões semelhantes:
"Quanto ao conhecimento sol icitad o,
os candid atos que trabalham nao per
cebem, cla ra men te, uma vincula ção
com o conhecimento adq uir id o pela
experiência de vida e profissional.
0 conhecimento requ erid o nos exames
apóia- se funda mentalmen te na parte
geral do curr ícu lo , que reforca umsaber eru dito, aca dêmico, pseudo-ve r
dad eir o, desvinculado da realidade
social dos cand ida tos, e, conseqüen
temente inacessível a el es . 0 que
o sujei to traz de sua expe ri ência
profissional ou cultur al, aquilo
que sabe por experi ência propri a a
vive nciada não é cons ide ra do." (Hil
de bra nd , 1984 , p. 131 )
"0 tratame nto dado à clie ntel a dos
exames supl etivo s deve estar adapta_
do às suas neces sid ade s, interesses
e moti va ção pois e uma clie ntel a di_
ferente do aluno do ensino reg ula r.
Possui caracter ísti cas própria s e
não podemos simple smente transpo r
a mesma metodologia e a mesma avalia
ção feita com a cri an ça e com o alu_
no do ensino regular para a cliente
la adulta desses exames . Lo go , deve
ser repensada a avaliação dessas pro
va s, para torná-la de acordo com
quem apr end e, de maneira pra tica,
em situa ção de vida e de tra bal ho,
quand o adqui re o conhecimento infor
mal que deve ria ser sal ien tado na
prova suple tiva. (Juliano, 1985, p.
91-2)
Barros o & Olivei ra (1971 ) acredi tam que o conteúdo e
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os comportamentos medidos nas provas possam ter ampla repercus_
sao sobre o ensino em geral, pois determinarão, direta ou indi_
re tamen te, a or ie ntação a ser tomada pelos que se prep aram pa
ra os exames e contribuirão para determinar a qua lid ade , onível e o número daqu eles que se acham habilitad os a ple itear
vagas no ensino supe rio r. Sugerem que a aval iação vise aferir
apr end izagen s mais complexas como a assi milação de princípios
e ge ner ali zações e sua integra ção em sistemas glo bais coeren
tes, e não a memorização de conhecimentos enciclopédicos.
Desempenho no vestibular
uma única p e s q u i s a —a q u e l a iniciada em 1976, coorde_nada por Ca str o, e publicada em 1980 — dedi ca-se a compara r
os resultados obtidos no vestibular por candidatos oriundo s
dos exames su pl etiv os de 2º grau em rel ação àque le s provenien_
tes do ensi no re gu lar . Os autores afirmam em sua intro dução:
"As el ev ad as as pi rações a uma car-
reirá uni ver sitar ia apr ese ntada s pe_
los candi datos ao supl etivo sugerem
que essa e a gra nde motivação portrás dos esforços para consegu ir um
diplo ma de 2º gr au. De fato, na
própria percepção dos cand ida tos, o
dip loma do sup letiv o em si não tem
valor economico de maior expre ssão.
A uni ver sida de, por tanto, constitui
-se na pri ncipal re compe ns a. Conse_
qüentemente, cabe examinar o desempe_
nho dos can di da tos que vêm do suple_
tiv o, em rela ção aos demais que cur
saram alg uma das mod al id ad es regu_
lares ao secu nda rio ." (Castro et
ali i , 19 80, p. 153)
0 estudo cons tatou que den tre os cand id atos aos ves_
tibulares do Ces gran rio em 197 6, 12% eram ori und os de exames
su pl etiv os e 88% do ens ino re gu la r. 0 sexo mascul ino predomi_
nou nos dois grupos.
Os ves tibulan dos oriu ndos de exames supl etivos opta_
ra m, em sua ma i or ia , pel as carr ei ra s da área de human i dades,dis_
tribuindo-se a minoria restante igualmente pelas carreiras
técnicas e de medicina e saúde . Já os alunos pro ven ien tes
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do ensino regular manifestaram maior interesse pela area de
medicina e saúde e menor procura pelas carreira s da área de
humanidades.
Os auto res expli cam tais difer enças pelo fato de que
os cursos da área de humana s têm um meno r custo para o aluno,
dis pen san do o perí odo integral e oferecen do opções para o cur
so noturno.
No que se refere à clas si ficação nos exames vestibula_
r e s , 9% dos clas si ficad os eram pr ov eni en tes de exames supleti_
vos de 2º gr au . Toma ndo -se por refe rência o número de inscri_
to s, constatou -se que 22% dos candi datos oriun dos dos exames
suple tivos foram classi ficados no ves tibul ar, enquan to que os
que vieram do ens in o re gu la r obti ve ra m uma po rce nta ge m de clas_
si ficação de 30%. A taxa de ing res so em favor do en si no regu-
lar foi superior em 36%.
0 dese mpenho feminino foi , de forma ge ra l, melhor nos
dois gru pos . Entre os candidatos oriundos do suple tivo, os
cand ida tos do sexo mascul ino pred omin ara m nas área s de medici_
na e saúde e tecn ol og ica , ocor re ndo o inve rso na area de hu_
mani da de s. Para os alunos dos cursos re gu la re s, o sexo femi
nino sobressaiu-se nas areas de humanid ade s e tecno lógi cas, e
o sexo masculino nas carreiras de medicina e saúde.
Conclusões e recomendações
- o papel social dos exames e a problemática da democratização
das oportunidades educacionais
já ass ina lamos nas páginas introdutórias deste relató
rio que o ens ino su ple tivo em geral — e os exames em particu
lar — são vistos pe lo s autor es como i ns trume ntos de democrati_
zação das opor tunid ade s edu cacio na is . Grande parte das pes
quis as em apreço procuraram aferir até que ponto os objetivos
democra tizador es da suplencia se consubstanciam para pratica
dos exames.
As con clu sõe s, neste po nto, não são una nimes . a mai o
ria dos pesq uisa dore s conclui que o ensin o supletivo ministra
do através de exames rep rod uz uma serie de mecan ismo s seletivos prese ntes na escola reg ula r, o que restringe decerto sua
função democratizadora .
"Sabe- se (...) que a escol a re gu la r
discri mina, pri ncipal mente, os es
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tudan tes or iu nd os das carnadas sócio
-econômicas mais baixas , aqueles
que trabalham e as pop ulações de
zonas ru ra is . Era de se espe rar quena su pl en cia , dada sua função de
"suprir a esco lar ização regula r pa_
ra os adolescentes e adultos que não
tenham se gu id o ou concluí do em ida_
de pr op ri a", estes grup os se repre_
sen tasse m de modo exp re ss iv o. Ob_
serva-se entre tanto, que apenas 6%
dos can di da tos têm pais com ocupa_
ções manuai s nao qu al ifica da s. A
ana lis e do re ndi mento pe rmite veri_
ficar que o fato de tra bal har pre_
judica o des empen ho do can di da to, e,
compl eta nd o, cerca de 90% viveram a
maio r par te da vida em cid ad es . Des_
ta forma, repetem-se na Suplencia de
2º grau os mesmo s meca ni smo s seleti_
vos da escola regular.
As si m, ver ifica-se que a popu lação
da sup len cia de 2º grau não difer e
de maneir a substancial da popu lação
do ensino médio regular em relação
à maior vivência urban a, origem
pre domin ante de classe med ia , núme_
ro de rep etências na vida escolar,
carga horaria de traba lho , tipo deocupação mais freqüente e aspirações
ed uca cio na is e ocu pa cio na is (...)
Os asp ectos em que parece diferir
mais acen tuad amen te são a idade
mais ele vad a e con se qüe nte men te mai_
or popu lação de estuda ntes casados
e com fil hos , nível de escol ari dad e ,
dos pais mais baixo, menor proporçãode estudantes orig inári os da classe
mais alta e, talve z de corr en te daí,
mai or proporção de estud an tes traba_
lhando.
Estas obser vações convergem para o
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comentário anteri or. Atin gin do , em
médi a, nível rel ativa mente alto de
escolaridade regu lar, os candidatos
nao diferem substan cialmen te da
pop ula ção do ensin o med io . Isto sig
nifica que a clientela da suplencia,
pel o menos a nível de 2º gr a u, não
se constitui naquela pop ula ção que
nunca teve acesso ou que foi elimina_
da pr eco ceme nte da es col a. como e_
xempl o, apena s 0,1% dos candi datos
sao ori und os de alfabetização de
adultos". (Co el ho, 19 77 , p. 120-1)
As conclusões de Coelho acima citadas são confirmadas,
entre outro s, por Rios (19 77 ), Fonseca (19 77 ), Villasenor
Spr eitzer (1 9 7 8) , Soriano (197 7) e Velloso et alii (19 7 7). Es_
tes últimos e xpre ss am o fenômeno da seg uin te forma
"Em su ma, os exames de su pl en cia,
re pr es en tam um potencial de redis_
tribuiçao de opo rtuni dad es educacio_
na is . Na pra tica seu potencial i
in icia lmen te confir mado pelo eleva_
do per centual de cand id atos de famí
lias po bre s, mas e limitado pela
escolari dade formal dos candi datos ,
rela tivamente ele vad a, e que parece
ser a mola prop ulso ra da demanda
pe lo s ex ame s." (Vello so et alii,1977,
p. 87)
Res sal tando os aspectos de sel etivi dad e acima aponta_
dos, Hildebrand formula suas conclusões da seguintes maneira:
"Os exames su pl eti vo s, com a finali_
dade de minimizar os pro blemas cri
ados pelos altos Índices de evasão
e repetência da escola brasi lei ra,
têm contr ibu íd o — em termos soci_
ais — mais para aume nta r as discri_m i na çõe s, do que para igual izar as
oportunidades.
0 exame — mecan is mo de exclus ão do
sis tema es cola r — tem torn ad o legí_
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timas as desi gual dade s escolares
decorren tes das próprias desigualda
des so cia is . O nível sócio-econômi_
co do candi dato e de sua famíl ia ,os anos de escola rida de regular , e
a ocupação profissi onal são fatores
que influe nciam o des empen ho — com
sucess o ou fracasso — nos exa mes ,
bem como as motiv ações e as pi ra ções
decorren tes de suas persp ectivas e
planos futuros.
Con statou- se que os exames supleti
vos mais repr ovam do que ap rov am,
sendo as si m, mais um mecanismo de
con tro le do sis tema social para pri_
vil egi ar poucos a terem acesso a
pos ições de pre stígi o e, desta for
ma, manter e perpetuar a sociedade
de class es." (Hildebran d, 198 4, p.
169)
Ado tando um ponto de vista di ve rs o, os autores de
"0 Enig ma do Su pl eti vo " pre ferem mini mizar os efeitos de sele_
tivi da de sóci o- eco nômi ca que sua pesquisa revelou e relevar os aspectos
de motivação e esforço pessoal cons tatad os . Enu nciam, ass im,
suas conclusões:
"como um tod o, po rta nto , vemos o
sup letivo funcion and o como uma nova
opo rtunid ade para aqueles alunos sé
ri os , competentes e motivad os que
aband ona ram a escola por razões que
nada têm a ver com o seu re nd ime nto
escolar enquanto cursavam a escolari_
zação regular.
Já aq uel es que viam no supletivo-
uma solução fáci l, per mitindo - lhes
queimar etapas e poupar esforços,
a sor te não os ajud ou ... 0 exame
su pl etiv o, po rtan to, à revelia das
expectativas e da mitologia cria da,
cumpr e seu papel de ofere cer inde
pe nd en temen te de sua origem social
um diploma de equivalência acadêmica
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de segu ndo grau aqu ele s alu nos dedi_
cados e competentes que se viram
obr ig ad os a aban do na r a escol a . " ( Cas_
tro et al ii , 1 98 0, p. 180)
Faz-se necess ário notar que os diferen tes matizes das
conclusões enun ciadas acima devem-se menos à divers idade dos
dados cole tad os pela s difer entes pe sq ui sa s — em geral compa_
tíveis entre si — que ao pos icio na mento previo dos autore s
no que se refere i questão da edu cação enqu anto ins trumento
de pro moção ou discrimin ação so cial . Tais dis crepa ncias de_
vem ser cred itad as , pois , aos distintos referenciais teóricos
adotados pelos autores.
Muda a clientela, renovam-se as necessidades
Os estudos de caracteri zação da clientela dos exames
sup le tivo s de ed ucação geral após 1970 indicam ser esta uma
popu lação distinta daquela que acorria aos exames de madure za
nas décadas an teri or es . Os candid atos deixaram de ser típi_
cos autod ida tas para se constituí rem num conting ente cada vez
mais numer oso de indivíduo s que necess itam de prep aro sis tema
tico e estudo ori entad o. (Barroso & Oli vei ra, 1971; Velloso
et alii , 197 7; Co el ho, 1977)
Estudos sobre o rend imento nos exames e seus cond icio
nantes in dicar am também que a freq üência a curso s pre par atóri
os privados correlacionava-se a um melhor desempenho nos refe
ridos exames, introduzindo mais um fator de seletividade sócio
-econômica no acesso à suplencia.
Estas constatações conduzira m algun s autores (Vellos oet ali i, 1977; Rio s, 1977, Fons eca, 1977; Coelho, 1977) a re
clamarem a par ticipação mais efetiva dos órgãos públicos na
oferta de cursos e/ou outros meios de pr ep ar o, de forma a
redire cionar parcela da demanda observada pelos cursos priva
do s, na per spectiva de uma maior eqüid ade no acesso à suplen
cia .
Esses arg umentos são reforçado s pela constatação de
que na clien tela dos exames — es pe cia lme nte de 2º grau — es
tão sub-r epr ese ntada s as popu lações econ omicame nte mais margi
nal izad as, ori und as das zonas ru ra is , que não concluír am o
"curso pr imá ri o" e que ocupa m as categ ori as ocupa cion ai s infe_
riores (Villasenor Spre itzer, 1978; Rios , 1977 ; Fon seca , 1977 ;
entre outros).
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Reclamam os au tore s uma revi são e ampl iação da ação
dos meios de comunicação de massa e ensi no a distância — TV,
Radio e Cor respo ndência — no sen tido de atingir parcelas mais
amplas destas populações socialmente des favor ecida s, especialmente do campo, com oportunidades de acesso à suplencia (Julia
no , 19 8 5). Embora no Estado de Sao Paulo os cursos via TV ve
nham apr esen tando um desempe nho sa tisfatório (Barroso & Olivei
ra, 19 71; Gatti & Oli vei ra, 19 81; Juli ano , 1985; Gatti, 1 9 82 ),
alg uns auto res como Vell oso et alii (1977) recomend am o rees_
tudo dos inves timentos real izados na área de ensino através
da TV e do rádio (Projeto M i n e r v a ), cuja eficácia vem se mos
trand o pequ ena — es pe cia lme nte ins atisfatória no que se refe_
re i radiodifusão.
0 elev ado Índice de repr ovações nos exames e o baixo
nível de certifica ções obtida s por este sistema conduzem a
que gra nde parte dos autores sugiram a criação de mecanismos
alter nati vos de acele ração de es tud os , mais adeq uado s às ca_
racterí sticas e necess ida des dessa clie ntel a. Recomendam a
ado ção de sis temas de ensino mais siste máticos como os cursos
suple tivos com aval iação no pr oces so , combinad os de diferen_
tes modos de organização do ensi no-a pren dizagem, adequado s aritmos e formas div ers as de apre nder (Velloso et al ii , 1977 ;
Coelho, 1977; Palmeira , 19 75).
Alguns auto res , preocupados em redirecionar as expec
tativas dos candida tos aos exames — marcada mente diri gido s
ao ensino superi or — para rumos consider ados mais "real istas "
de melhorias ocupacionais, insistem na necessidade de inclusão
de alternativas profissionalizantes ou de orientação profissio-
nal no sistema de exame s sup leti vos (Bo ni tati bus , 19 77 ; Pal_
meira , 19 75).
A par das re comen daçõe s pela ampli ação da atuação do
Estado na pre para ção aos exames e formação dos candida tos à
sup lencia , os pesqu isador es recomendam uma maior fiscalização
dos org ani smos edu caciona is sobre os cursos prep aratórios pri_
vados, bem como a reformulação de seus métodos e estrutura, co
mo forma de melhorar o rendimento nos exames.
0 destino dos apro vado s: ensino superior ou profissional ização
0 cres cimento da deman da por exames sup leti vos de edu_
cação geral no início da decada de 1970 cond uziu pa rte dos
pesq uisa dor es a preverem que esta via de conclusão de estudos
pudesse vir a se constituir em um "regularizador do fluxo esco_
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lar.".
Con hecedor es do afuni lamen to das opo rtuni dad es educa_
cionais no topo da pirâmede escolar brasileira representado pe_
la barreira sele tiva dos exames vesti bula res — que veda a am
plas camadas da pop ula ção o acesso ao ensin o supe rior — os pes
quisa dores passam a questionar o destino dos aprova dos nos
exames sup letivo s de 2º gr au.
Barroso & Oli vei ra, ao redigi rem o relatório sobre os
exames de madu re za em Sao Pa ul o, antes da pr omul ga ção da le_
gislação que instituiu o ensino profis sion alizan te no 2º grau
e criou os exames supletivos profissionalizantes, manifestavam
esperança s :
"(...) A atribuição, a todo o ensino
médi o, da dupla função de formação
prop edêutica para estudos pos teri£
res e de formação pr ofis sio nal con_
se gu irá , talv ez, dese nvol ver no alu_
no dess e nível uma visão mais aber -
ta sobre as op or tun id ad es de reali-
zação pessoal que se lhe ofe re cem,
ao mesmo tempo que lhe forn ecer oeq uip amen to intelectual e tecnico
que lhe per mita si tuar -se mais cedo
no mundo do traba lho." (Sarroso &
Oliveira , 1971 , p. 76)
A instituição do ensino profissi ona lizan te a nível de
2º grau e dos exames supletivos profissio nali zantes a partir
de 1972 não pa re ce, en treta nto, ter modificado sig nificativ i
mente o quadro anteri or. Todas as enquetes sobre aspir ações
e expectativa s futuras dos candidatos revela ram ser o acesso
ao ensino superior a meta da ampla maioria dos que prestam exa_
mes sup le tivo s. A cara cterização da clientela dos exames de
2º grau reve lou também ser esta uma p op ul ação p re vi amen te enga_
jada no mercado de traba lho , onde já adqu iriu uma rela tiva es
tabilid ade ; demonstra um grau elev ado de satisfação no empre
go atual, no qual, na maior parte dos casos, ha congruencia en_
tre as qua lificações exigi das e o nível de escol ari dad e ja
ati ng id o. Tud o isso vem de mon stra r que os e xames não são uma premissa para prog ress os imediatos no campo pro fiss io nal , senão
uma etapa in termediar ia no acesso a níveis sup erio res de esco_
larização e ocupa ção as pi ra do s. Tudo isso é abso lu tamente
coere nte com as asp ira ções e expectativa s de acesso ao ens ino
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s u p e r i o r .
P a l m e i r a ( 1 9 7 5 ) e B o n i t a t i b u s ( 1 9 7 7 ) q u e s t i o n a m o "rea_
l i s m o d o s c a n d i d a t o s a o s e x a m e s e p o n d e r a m a s " f r u s t a ç õ e s " q u e
a s p i r a ç õ e s e l e v a d a s e u m a f o r m a ç ã o e s t r i t a m e n t e p r o p e d ê u t i c a
p o d e m p r o v o c a r , m a s r e s s a l t a m a n e c e s s i d a d e d e a b r i r p o s s i b i -
l i d a d e s d e a c e s s o a o e n s i n o s u p e r i o r à c l i e n t e l a p r o v e n i e n t e
d a s u p l e n c i a .
" P o r o r a q u e r e m o s r e s s a l t a r a q u i ,
p o r t u d o o q u e f o i d i t o n a c a r a c t e _
r i z a ç ã o d a c l i e n t e l a d o s c u r s o s su_
p l e t i v o s , a a s p i r a ç ã o à m o b i l i d a d e
e d u c a c i o n a l p o r e l a m a n i f e s t a d a , n ã o
d e v e s e r d e s p r e z a d a , c o m o n a o o t e m
s i d o e s t a m e s m a a s p i r a ç ã o q u a n d o e x
p r e s s a p e l a c l i e n t e l a d e c u r s o s re_
g u l a r e s .
A r e a l i z a ç ã o d e u m c u r s o u n i v e r s i t á
r i o i u m a n s e i o g e n e r a l i z a d o e n t r e
a p o p u l a ç ã o b r a s i l e i r a . T r a t a - s e
d e u m v a l o r s o c i a l d e r i v a d o d o p r e st í g i o , v a n t a g e n s e b e n e f í c i o s d e q u e
g o z a m o s q u e s e f o r m a m e m u n i v e r s i d a d e .
A s s i m , n ã o d e v e s e r s u r p r e s a , m a s
s i m , u m i n d i c a d o r d e c o m p o r t a m e n t o
r a c i o n a l o f a t o d e s t a p o p u l a ç ã o , à
q u a l s e a b r e a p o s s i b i l i d a d e d e p ro s_
s e g u i m e n t o d o s e s t u d o s , v i a s u p l e t i
v o , a s p i r a r a o m a i s a l t o n í v e l d er e a l i z a ç ã o e s c o l a r .
R e s t a s a b e r q u a i s s e r i a m a s p os si _
b i l i d a d e s d e i n d i v í d u o s , p r o v e n i e n
t e s d a s c a m a d a s s o c i a i s m a i s m od es _
t a s , c o n c r e t i z a r t a i s i d e a i s .
É e v i d e n t e q u e n e m t o d o s c h e g a r ã o
à u n i v e r s i d a d e . É d e s e s u p o r , in_
c l u s i v e , q u e u m a g r a n d e p a r c e l a d o se s t u d a n t e s e c o n o m i c a m e n t e m e n o s fa_
v o r e c i d o s s e d e s e n c o r a j e d i a n t e d a
p e r s p e c t i v a d o s Ô n u s , d i r e t o s o u in_
d i r e t o s , d e u m a e s c o l a r i z a ç ã o d o ní-
v el s u p e r i o r . M a s , p a r a q u e o p r i n
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cí pi o, da 'd emocra tização do ensi_
no seja posto em pr a tica , efetiva_
mente, e preciso que as vias de aces_
so à Un iv er si da de sejam aber tas a to_
dos os indi vídu os que aí tenham con
dições de chega r, inde pende ntemente
das des igu ald ade s sociai s de ori _
gem." (Boni tatibus , 19 77 , p. 203-4)
E mais adiante:
"Ora, se voltarmos à clientela dos
cursos supletivos e observar mos
sua id ad e, as cond ições que cerca_
ram sua esco la rid ad e regul ar (ou o
abando no d e s ta ), sua situação educa_
cional e profissio nal atu al , bem
como suas as pi ra ções, verificaremos
qu e, em defesa contra os 'peridos
que cercam uma escol ha profissio nal
pre matura', estaríamos oferecendo
a 'ausência de qua lqu er formação
pr ofis sio na l', o que nos parece tãoou mais grave que aquela.
Foram tais as cons id er ações — ali_
adas à constatação a que cheg amo s,
de que o nível ocup acio nal atual
dos es tuda ntes exer ce influ ência so_
bre suas expectativa s de mobilid ade
social — que nos leva ram a pro por
uma par ticipação mais efetiva do
Sistema Supletivo de Ensino na melho_
ria das condições profiss iona is dos
estudantes-trabalhadores.
Na medid a em que esta clien tela es
tuda ntil , ja engajada no mercado de
trabalho, seja promovida ocupacional
men te, os cursos suple tivos poderão
oferecer ao estudante algo que a for
mação acadêmica — re al izad a nos
atuais 'cursinhos de madu re za'
não pode ofer ecer : uma ascens ão pro
fissi ona l, uma poss ibilida de de
ape rfeiçoa mento que permita melhor
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colocação do estud ante - profissional
no merca do comp eti tiv o, ou até mes_
mo , em emprego 'pr ope dêutico' que
lhe dará condições de auto-financiarseus estudo s ainda que estes se pro
longuem ate a almejada Universidade."
(Bonitatibus, 1977, p. 207-8)
Analisar e rever as provas: uma necessidade
Embora escassamente pesqui sadas e ana li sa da s, as pro
vas que compõem os exames sup letiv os de edu cação geral sofrem
um verdadeiro bombardeio de críticas por par te dos pesquisado_
res.
As críti cas são das mais div ers as na tur eza s: un s, cri_
ticam-n as por serem "maraton as de memo ri zação" que se limi_
tam "à aferição de objetivos educacionais menos complexos", ao
invés de aval iarem "compre en são, ap licação de princípi os bási_
cos, analise de relações, capacidade de síntese" ou ainda "cul_
tura e maturidade" (Barroso & Oliveira, 1971; Castro, 1973,Vel_
loso et al ii , 1 97 7) ; outros reclamam ser o número de ques tõesins uficien tes, a fidedig nida de dos escores inaceitavelmente
baixa e o grau de dificuldade elevad o (Mell o,1 977 ; Castro et
al ii , 19 80); outros ainda consideram os conteúdos exigidos
el itis tas, distanciados da realid ade social dos candidatos e
portanto inacessível a eles (Castro, 1973; Hil debrand , 1984;
Juliano, 1985).
0 fato de terem prevalecido os testes de múltipla esco_
lha sobre as pr ova s di ss er tativ as é também objeto de polêmi_ca en tre os au tor es . Enq uan to uns justificam tal opção pela
necessi dade de examinar grandes grupos de candidatos com ob
jetividade em tempo e xíguo (Mello , 1977) , outros conside ram im
pres cindíve l a aferição da expre ssão escrita dos candida tos,
po r ser este um dos objetiv os do e ns ino de 1º e 2º gr au s (Soa_
res, 1978).
Gran de parte das críticas recai sobre a prová vel vari_
ância de críticas na el abor ação das pr ov as , rev ela da pela ex_trema osci lação obser vad a en tre as taxas de ap ro va ção das di_
ferentes discipl ina s, unidade s federadas e períodos em que as
provas foram realizadas (Velloso et al ii , 1977 ; Gatti, 1 98 2).
Para sanar as deficiências obse rv ad as , os pesquisado_
res recomenda m que "esses exames devem ser org ani zados e es
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truturad os de tal forma que o plane jamento e a ela boração das
prova s obedecem aos princípios e normas que orientam a co n s tr u
cão de instrumentos de medida do des empen ho acadêmico e que
permitam a ava lia ção sistematica dos resultad os com vistas ao
apri moramento e aper feiçoamento dos exames subse qüentes ", em
moldes semelhantes aque le que já e levad o à prática "por ins
tituições bras il ei ra s que gozam de el ev ad o conceito e são res_
pon sav eis pela rea lização de exames de natureza sel etiva " co
mo a Fun dação Ce sg ra nr io do Rio de Janei ro e a Fun dação Car_
los Chagas de Sao Paulo (Melo , 1 97 7). Conside ram desejável uma
uniformida de de criterios de forma a asseg urar aos candida tos
eqüidade de oportunidades de aprovação (Velloso et alii, 1977).
Suge rem ainda que os estados que dis pus ere m de recurs os paratan to, repr odu zam a expe ri en cia de inclu são da prova de reda_
cão nos exames real izada em Mina s Ger ai s, onde a metodol ogi a
de correção adotada revelou um nível razoável de concordância
de julgamento entre os avaliad ores (Velloso et al ii , 19 77 ).
No que toca ao conteúdo das provas, não há concor
dância entre os pes qui sad ore s: enqua nto uns consideram que a
man ute nção dos níveis de di ficul da de s é a manifestação dos pa_
drões de excelência a serem alcan çados pelos can di da tos , e
não constitui uma variável passível de manip ula ção (Castro et
ali i, 19 80), sendo pois um imperativo da equiva lência entre
os certificados emitidos pelos sistemas de ensin o suple tivo e
regular, outros advogam a necessidade de adoção de critérios e
conteúdos próprios ao sistema de ensino sup letiv o, adequa dos
à rea lid ade social e aos moldes informais de apr end izage m ca
racterí sticos desta clientela peculi ar (Cas tro, 197 3; Hilde_
brand, 1984; Juliano, 1985).
A universidade não pode mais se omitir
uma parcela significativa dos pesq uisad ores revela a
centuada pre ocupa ção com a omissão atual das instituições de
ensi no super ior face aos pro blemas do ensin o sup le tivo . En
fatizam os autores a necess ida de de pesq uisa no campo de en
sin o-a pre ndi zagem e de formação do pessoal docente para o en
sino supl etivo. (Palmeira, 1975; Hil debra nd, 198 4, Julia no,
1985)
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CURSOS SUPLETIVOS - FUNCAO SUPLENCIA
Introdução
O pres ente estudo busca levantar o estado da prod ução
de conhecimentos acerca dos cursos suple tivos de edu cação ge_
ral — função suplencia —, com avaliação no processo, a nível
de 1º (5ª a 8ª serie) e 2º graus, aos quais nos referiremos,no
decorrer deste relatório, por cursos de suplencia.
0 conhecimento acumula do referen te à supl encia I (de
1 a a 4ª s ér i e ), na medida em que engl oba uma vasta literatura
a respeito do processo ensino-aprendiz.agem no trabalho de alfa_
betização, seri objeto de analise de um outro estudo a ser rea_lizado na continuidade da presente pesquisa.
0 lev antamento apur ou 31 títulos refere ntes ao tema.
De ss es , apenas 16 fazem parte da pres ente an ál is e, pois os de_
mais ou não se cara cterizam como pro dução de conhe cimen to pr o
pri amente dito (5 documentos oficiais e 2 documen tos internos
da es col a) ou não foram por nos re cupe ra do s até o momen to em
que era concluído este relatório (5 dissertações, 1 pesquisa e
2 artigos de periódicos).
Os temas em estudo
São vários os temas abordados pelos estudos e cada gru_
po temático reúne poucas publicações.
Três dis ser tações podem aqui ser agr upa das sob o tema
avali ação de aspectos sig nificativos dos cursos de suplencia :
Silva (1 9 7 9 ), Práxedes (1983) e Galheigo (19 84). As três auto_
ras, ainda que com metodologias e enfoques teóricos diferencia_dos, fazem um levantamento da situação dos principais aspectos
constitutivos dos cursos de suplencia: clientela, formação dos
professores, metodologia empregada, evasão e repetência, entre
outros. São também estes estudos os que apresentam maior abran_
gência quanto às amostras pe squ is ada s, constituídas r esp ective
mente por cursos ins talados no Rio Grande do Su l, São Paulo e
Rio de Jane ir o. Poderí amos ainda incluir neste tema o re la tó
rio de pesquisa da Fundação Carlos Chagas (FCC) sobre as diver
sas ofertas de suplencia no Estado de São Paulo (Barreto,1986)e o "texto base" publicado por dire tores de escolas pri vada s
do ensino supletivo paulistano (Duarte et alii, 1979).
São quatro as publicações analisadas em que os autores
relatam suas exper iências em cursos sup le tivo s: duas delas re_
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ferem-se a exper iências de pro fessore s de língua portugu esa
(Mello , 1981 ) e edu cação artística (Oli vi er i, 1985) no curso
supl etivo CAAS O, em Sao Carlos (S P ); outros dois trabalhos re_
fletem expe ri ência s de coor de nação ou dir eção de cursos suple_
tivos priva dos mantid os por ins tituições con fes si on ai s, no ca_
so , o Col égio Santo In ácio , do Rio de Janeir o (Ferrei ra & Mar_
q uês , 197 5) e o Col égio Sa nta Cr u z, de São Paulo (Haddad ,1982 ).
E intere ss an te obse rva r que os três curso s cujas expe_
riências aqui apa recem rela tadas são cursos par ticulare s mas
mantidos por entidades que deles não esperam lucros: institui
ções católicas o u , no caso de curso de suple ncia mantido pelo
Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira, uma frente de tra_
balho político da entidade estudantil junto à população traba-
lhadora .
Os demais trabalhos ana lis ado s versam sobre temas tão
divers os como evasão (Santos, 19 82) , relações em sala de aula
(Villardi, 1980), consonância entre PEI e Cursos Supletivos de
5ª a 8a séries (Pfister, 1979), conscientização de escolha pro_
fissionai (Campbell, 1978), perfil ideal do professor (Caldas,
1 9 8 2), educação para a saúde (Jorge, 198 3) ou sobre alun as em
pregadas domésticas (Teixeira & Silva, 1973).
Os tipos de publicação
A maioria absolu ta das publicações a na li sa da s, referen_
tes a cursos de su pl en cia, é fruto de estudos desenv olvi dos nos
prog ramas de pós- gr ad ua ção. Das 16 pu bli cações , doze são dis
sertações de mestrado.
As demais publicações assim se cara cterizam: um paper
(Duarte et a l i i ); um relatório (Ferreira & M ar qu es ); e duaspesquisas (Teixeira & Silva e Barreto). A pesquisa de Teixeira
& Silva foi apresentada como trabalho final no curso de gradua
ção em serviço social pelas autoras; e a de Barreto foi desen
volvid a junto ao Dep artamento de Pesqui sas E ducaciona is da Fun
dacão Carlos Chagas, em São Paulo.
A distribuição das publicações no tempo e no espaço
Das 16 publicações analisadas apenas duas têm datas an
teriores ao ano de 1978: a pesquisa de Teixeira & Silva e o re_
latório de Ferreira & Marques.
É interessante observar que nenhuma dissertação de mes
trado referente a curso de suple ncia foi prod uzida antes de
1977.
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0 Rio de Janei ro e a unid ad e da Fede ra ção que apresen_
ta o maio r vol ume da prod ução de conhe cimen to an al is ad a a res_
peito de cursos de suplencia: 7 das publicações foram produzi
das na cidade do Rio de Janeiro. Dessas, 5 sao dissertações demestrado e — excetuand o-s e a de Santos (1982) que estuda o
problema da evasão no Rio Grande do Sul — produziram conheci
mentos sobre os cursos de suplencia no próprio Rio de Janeiro.
A segunda maior produção — ainda que sempre escassa—
é a do Estado de São Paulo : quatro di ss er taçõe s, uma pesq uisa
e um pap er. Duas das dis ser tações foram pro duzid as na cidade
de Sao Paulo e as outras duas na cidade de São Carlos.
Do Rio Grande do Sul temos duas dissertações, ambas doano de 1979. uma delas refere-se a cursos de suplencia no muni_
cípio de Vitoria do Espírito Santo.
Há, ainda, uma última dissertação do Distrito Federal.
Os níveis de ensino pesquisados
Dois dos do cumen tos an al is ad os não nos trazem contri_
buições para a compree nsão dos cursos de supl encia em termos
de seus niveis de ensino (Duarte e Teixeira & Silva).
Todos os demais estudos enfocam o 1º gr au , sendo que
quatro del es a pre sen tam dados sobre cursos de suple ncia de 1º
e 2º graus conjuntamente (Ferreira & Ma rq ue s, Had dad , Pr axedes
e Ba rr e to ). Nenhuma das publicações ana lis ada s produ ziu um co_
nhecimento específico sobre o 2º grau.
Os limites para uma generalização dos dados
Embora não ten hamo s tido aces so ao total das publica_ções que se remetem ao tema de nosso intere ss e, consi der amos
que os estudos por nós analisados são bastante representativos
da pr od ução. Mesmo assi m, torn a-se ne cessár io chamar a atenção
para o perigo de se generalizar os dados por nós apurados jun
to aos estudos e pesquisas, tornando-os como expressão da reali_
dade dos cursos de suplencia no Brasil.
Em primeiro lugar, a produção de conhecimento mostrou-
-se extremamente escassa. E mesmo entre as publicações analisa_
da s, tal prod ução mostra- se difusa — como se pode perceber a
través do exposto nos itens anteriores desta introdução.
Nem todos os documentos analisados produziram um conhe_
cimento es pe cífico sobre os curso s de sup le nci a, em alg uns ca_
sos estes cursos constitue m-se em cenário para o estudo de
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q u e s t õ e s o u t r a s . E o s e s t u d o s e p e s q u i s a s q u e t ê m o s c u r s o s d e
s u p l e n c i a c o m o o b j e t o d e e s t u d o a p r e s e n t a m u m a l t o g r a u d e va_
r i e d a d e e n t r e s i : p o u c o s s ã o o s q u e p r o c u r a m a v a l i a r a s it ua _
c ã o d e t a i s c u r s o s s o b s e u s v á r i o s a s p e c t o s . A m a i o r p a r t e d a s p u b l i c a ç õ e s d e d i c a - s e a q u e s t õ e s m u i t o p o n t u a i s , e m s i t u a ç õ e s
e s p e c í f i c a s , a p r e s e n t a n d o u m í n f i m o g r a u d e g e n e r a l i z a ç ã o . A s
p e s q u i s a s s ã o p r e d o m i n a n t e m e n t e d e s c r i t i v a s e e x p l o r a t ó r i a s ,
t r a z e n d o m a i s i n d í c i o s d e c a m i n h o s a s e r e m p e r c o r r i d o s p o r pes_
q u i s a s f u t u r a s d o q u e c o n c l u s õ e s q u a n t o a o t e m a .
D e n t r o d e s s e q u a d r o p o d e m o s d i z e r q u e p o u c o s e t e m acu_
m u l a d o d e c o n h e c i m e n t o a r e s p e i t o d o s c u r s o s d e s u p l e n c i a . A s
p u b l i c a ç õ e s m u i t o r a r a m e n t e s e r e m e t e m a e s t u d o s a n t e r i o r e s so_
b r e o t e m a ; c a d a e s t u d o o u p e s q u i s a a p r e s e n t a - s e c o m o u m a i l h a
i s o l a d a d a s d e m a i s p r o d u ç õ e s d e c o n h e c i m e n t o a r e s p e i t o d o s re_
f e r i d o s c u r s o s .
N a m e d i d a e m q u e a s p u b l i c a ç õ e s a n a l i s a d a s c a r a c t e r i _
z a m u m a s i t u a ç ã o d e c o n h e c i m e n t o t ã o f r a g m e n t a d o e d i s p e r s o ,
p o u q u í s s i m o s s ã o o s d a d o s q u e a p r e s e n t a m u m r a z o á v e l g r a u d e
g e n e r a l i z a ç ã o . A s s i m , a s o b s e r v a ç õ e s f e i t a s n o p r e s e n t e r e l a t ó
r i o d e v e m s e r t o m a d a s c o m o v á l i d a s a p e n a s p a r a a s a m o s t r a s q u e
c o m p u s e r a m o s d i f e r e n t e s e s t u d o s .
P r o c e d i m e n t o s d o s e s t u d o s e p e s q u i s a s
A i n d a q u e d e i x a n d o d e l a d o o s d o c u m e n t o s q u e n ã o e n v o l
v e r a m a t i v i d a d e s d e p e s q u i s a ( D u a r t e e F e r r e i r a & M a r q u e s ) , b e m
c o m o a q u e l e s o n d e o s c u r s o s d e s u p l e n c i a n ã o s ã o o f o c o cen_
t r a l d o s e s t u d o s ( J o r g e e T e i x e i r a & S i l v a ) , p o d e m o s o b s e r v a r
q u e a s p u b l i c a ç õ e s a n a l i s a d a s a b r a n g e m t i p o s m u i t o d i f e r e n c i a
d o s d e p r o d u ç ã o d e c o n h e c i m e n t o : p e s q u i s a d e s c r i t i v a , p e s q u i s a p a r t i c i p a n t e , e s t u d o e x p l o r a t ó r i o , r e l a t o d e e x p e r i ê n c i a s .
A l g u m a s p u b l i c a ç õ e s n ã o e x p l i c i t a m a m e t o d o l o g i a d e
p e s q u i s a u t i l i z a d a , e m e s m o a s p e s q u i s a s q u e a p r e s e n t a m u m c a
p í t u l o e s p e c í f i c o s o b r e m e t o d o l o g i a p r e o c u p a m - s e m a i s e m e xp li _
c i t a r o s p r o c e d i m e n t o s u t i l i z a d o s d o q u e f u n d a m e n t á - l o s e m vi_
s õ e s m e t o d o l ó g i c a s t e o r i c a m e n t e a r t i c u l a d a s .
A g r u p a m o s n a c a t e g o r i a d e p e s q u i s a d e s c r i t i v a o s t r a b a _
l h o s d e C a m p b e l l ( 1 9 7 8 ) , P f i s t e r ( 1 9 7 9 ) , S i l v a ( 1 9 7 9 ) , S a n t o s( 1 9 8 2 ) , C a l d a s ( 1 9 8 2 ) , P r a x e d e s ( 1 9 8 3 ) , e G a l h e i g o ( 1 9 8 4 ) . A p o i a n
d o - s e n a r e v i s ã o d a l i t e r a t u r a , o s a u t o r e s c o n s t r e m u m r e f e r e n c i a l
t e o r i c o q u e i n f o r m a o t r a b a l h o d e c a m p o r e a l i z a d o n o i n t e r i o r
d a s e s c o l a s . U t i l i z a n d o - s e d e a m o s t r a s o r a r e s t r i t a s a u m s ó
e s t a b e l e c i m e n t o , o r a a b r a n g e n d o t o d o u m e s t a d o , o s a u t o r e s p r e oc up a
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ram-se em entrev istar al un os , pr ofe ss or es , insp etores e super_
visores de en si no, adotando o questionário como instrumento
pre domi nan te. Os dados resu ltantes foram submetidos à análise
estatística descritiva.
Os relatos de experiências de Mello (19 81 ), Olivieri
(1985) e Hadda d (1982) con stitu em aná lis es da viv ência dos au_
tores a luz de referenciais teóricos determinados.
Villa rdi (198 0) de fine seu trabal ho como pes qui sa par_
ticip an te ocu lta , com base no "para dig ma de ava lia ção ilumina_
tiva numa abordag em an tro po lóg ica , etnogr áfica e quali tativa
de in ve sti ga ção". 0 foco de tal ava lia ção situo u-s e nao nos
produ tos edu caciona is mas sim no ambiente onde se dese nrol avao processo ens ino- apre ndi zagem, onde a autora p reocupou-se prin
cipalmente com a descrição e a interpretação dos fatos observa_
d o s.
Para tan to, Villa rdi r eali zou o que chamou de observa_
ção participação "oculta". Apesar do nome, sua pesquisa não se
enquadra na metodologia da pesquisa par ticipan te, onde o pes
qu is ad or tem sua ide ntida de conheci da e o tema de estudo tem
interesse direto para todo o grupo envolvido, ao qual a pesqui_sa volta no final . No caso de Vil la rd i, os "pesq uis ado s" não
tomaram conhe cimen to de sua ide ntida de pois a autora matricu_
lou-se na 7ª série de uma escola supletiva da rede es tad ua l,
usando seu nome de solteira, e freqüentou-a como aluna durante
48 dias letivos sem, em nenhum mome nto , deixar transp arecer sua
condição de pesquisadora.
A pesquisa coordenada por Barreto (1986) aprese nta-se
como um estudo exploratório qu e, no dizer da au tora , dispensa
maior rigor metod ol ógico . A anális e das diferen tes ofertas de
suplencia no Estado de São Paulo (cursos publicos e privados ,
CES, teleducação) baseia-se em dados e documentos oficiais, re_
visão biblio gr áfica , entre vistas com di ri ge ntes , análise de ma_
terial didático e observações esparsas.
Resultados das pesquisas
Caracterização da clientela dos cursos de suplencia
A maior parte dos trabalhos re fere ntes a cursos de su_
plência analisados apresentam dados de caracterização da clien
tela, sendo unânime entre os autores a preocupação em caracte
rizá-la dos pontos de vista demográ fico e sócio- econômico. Um
menor número de publicações apresenta uma caracterização da es_
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colaridade anterior e das expectativas e aspirações dos alunos.
Na maior parte das vezes sao apr ese ntad os os res ultad os esta_
tísticos dos estudos empreendidos sem nenhuma análise do signi_
ficado dos mesmos.
Lembramos aqui que os dados apres entad os a seguir não
podem ser gene rali zados p oi s, além de ser pequeno o número de
publicações (sobretudo referentes ao 2º grau), abrangeram amos_
tras muito limitadas.
Características demográficas
- idade
A população pesquisada e eminentemente jovem, tendo,nasua mai or ia , meno s de 20 anos no 1º grau e até 25 anos quan do
consid era dos alunos de 1º e 2º graus conju ntamen te. Praxedes
(1983) vê nestes dados a comprovação de qu e, neste as pe cto, o
ensino supletivo vem atingindo seus objeti vo s. A juventude da
clie nte la , por ém, e mencionada por Galheigo (1984) como prova
de um processo de seleção e discriminação que tem início no en_
sino regular e acaba alijando o adulto da escola. Considerando
as dificuldades de convivência entre os adolescentes e adultos
em sala de aula, a autora afirma:
"Desta forma a seleção e a discrimi
nação vão pr os se gu in do . Os alu nos dos
es tratos médios e pro letá rio s da es_
cola de 1º grau vão sendo expurgados
dela e vão exp ur ga r os alu nos adul_
tos do Supletivo." (Galheigo, 1984,
P .41 )
Haddad (1982) comenta que embora jov en s, os alunos da
suple ncia revelam um amad ur ecime nto precoce em vir tude dos es_
forços que realizam desde muito cedo por assumirem as responsa_
bilidades de sua vida.
- composi ção sexual
Se, com relação a idade, os estudos apontam unanimemen_
te numa mesma direção, o mesmo nao acontece com os dados rela
tivos à composição sexual da clientela. Além de ser um aspectoque pouco ocupa a atenção, os dados apontam ora uma predominân-
cia feminina ora uma predominância masculina (embora quase nun
ca acentuadas), ora uma relação de equilíbrio.
Considerando que em apenas um estudo o sexo predominan-
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te repre senta mais do que 60% da popula ção (Oliv ier i, 1985) ,
pod emos dizer que ha um razoável e qu ilí brio entre homens e mu_
lheres na clientela dos cursos de suplencia pesquisados.
Galheig o (198 4) inter pre ta a pequ ena de sva ntage m femi_
nima como conseqüência da maior evasão de elementos deste sexo
em virtude dos afazeres domésticos ou de problemas de seguran
ça.
A maior dis per são de idade em torno da médi a, no caso
das mulheres, é vista por Santos (1982) como reflexo de seu re_
torno i escola em idade mais ava nça da , uma vez qu e, qu ando jo
vens, teriam seu tempo absorvido por afazeres domésticos.
- estad o civil
Os estudos apontam que os alunos dos cursos de suplen
cia, independentemente do grau que freqüentam, são majoritária
mente solteiros, representando quase sempre mais de 30% das
amostras.
Não encontramos nas publicações nenhuma análi se sobre
o significado desta constatação.
- procedência
Pou quí ssimos estudo s trazem informações rela tivas i
procedência dos alunos.
Os poucos dados exis tentes apon tam, em ge ra l, uma pre
dominância de alunos migr ante s (todos ra di cad os , à época das
pesquisas, na região sudeste do País), embora a pesquisa de Ga
lheigo (1984) tenha encon trado uma grande maior ia de alunos
nascidos na própria cidade do Rio de Janeiro. As pesquisas queevi den ciara m uma prese nça maior de migran tes são as de Ferrei
ra & Marq ues (1 97 5), junto ao Colégio Santo Iná cio, na cidade
do Rio de Jan ei ro , a de Haddad (1 98 2), junto ao Colégio Santa
Cruz, na cidade de São Paulo, e a de Pfister (1979), junto aos
cursos de suplência em Vitória, no Espírito Santo.
Características sócio-econômicas
- escolaridade e ocupação dos pais
Apenas dois autores leva ntaram dados famil ia re s, tra
tando res pectivamen te das ocupa ções e escol ari dad e dos pais
dos estuda ntes :
"A ocupa ção dos pais des tes alu nos
podem nos ofer ecer alguns dados a
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mais para que possamos construir a
imagem do aluno médio. Entre 183 res_
postas que obtivemos em pesquisa rea_
lizada em 1976, 58 pais eram lavrado_
re s, portanto 31, 7%. Havia ainda um
garimpeiro, um tropeiro e dois peque_
nos proprietários, 27 trabalhavam na
construção civil (15%), eram encana
d o r e s , p e d r e i r o s , mestre s , a rmad o r e s ,
pintor es, serv entes, carpinteiros ,
eletricistas ou motoristas. Dezoito
exerciam serviços gerais como guarda,
zela do r, gar agi sta, faxinei ro, aju_
dante de caminhão, funcionário públi_
co. Al gu ns tinham uma peq uen a espe_
cialização dentro do setor terciário
como tapeceiro, tintureiro, auxiliar
de escritorio, auxiliar de cobrança,
pol icia l, enfe rmei ro , técnico de rá
dio, notista. Cinco eram operários .
Nenhum dos pais dos aluno s possu ía
curso superior.
A grande maioria das mães dos alunos
não exerciam nenhum trabalho remune
rado fora de casa. Representavam 77%
(...)" (Haddad, 1982, p.130)
"Em relação a seus pais, (os alunos)
já apresentaram um avanço na escola
rida de. 53, 7% dos pais e 51, 1% das
mães possuem menos escol ari dad e que
seus filho s. Até o curso gi na si al ,
não existe diferen ça sign ificativa
entre mães e pais. A partir do curso
colegial, há uma predominância em es_
larida de maio r dos pai s, não havendo
caso de mãe com instrução universitá
ria." (Galheig o, 19 84, p. 45)
- trabalho
Todos os estud os que trazem dado s a res pei to apon tam
que a grande maioria dos alunos dos cursos de suplen cia e de
trabalhadore s — em geral repre sentam 70% ou mais dos alun os
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pes qui sad os — com jornada de trabalho de 8 horas diar ias ou
mai s .
com relação às ativi dad es exercidas pelos al un os , os
dados evi denciam uma concen tração de trabalhad ore s do setorterciário da economia, sobretudo do comercio e dos serviços do_
mes tiço s. Nas diferen tes pesq uisa s os trabalhador es da indús_
tria rep res entam sempre o seg und o grup o de maior pre sen ça en_
tre os alunos. De uma forma geral, são trabalhadores com peque_
na qualificação profissional.
Os autores não se preocuparam em entender o porquê des_
sa presença de trabalhadore s do terciá rio , se ela correspond e
ou não à distribuição social das ocupações.
com relação à jorn ada de tr aba lho , os autore s chamam a
atenção para suas conseqüências aos alunos dos cursos: o cansa_
ço e a falta de tempo dis pon íve l para estudo s fora da sala de
aula.
- renda e condições de vida
Ao pesq uisa rem a real idad e das condições de vida dos
alun os dos cursos de su pl en cia , o indicador mais utilizado i
a renda pessoal ou famili ar . Os autores geralmente se depar am
com um nível de renda muito bai xo , na faixa de um a doi s salá
rios mínimos .
Cons ider and o que boa parte dos aluno s declarou colabo
rar nas despesas familiares, podemos perceber que sua disponi
bilidad e financeira é ainda mais escassa do que os dados de
renda apontam.
As pre cária s cond ições de vida e de trabalho não seevid enciam unicamente através da ren da. Haddad (19 82 ), depois
de observa r que os alu nos começaram a trabalhar antes dos 10
anos de idade, que trabalham em geral 9 horas ou mais em ativi_
dades com pequena qual ificação pro fiss ion al , lembra ainda que
muitos deles seque r des frutam dos benefícios do regis tro em
carteira e, na sua ma i o r ia , não estão org an izad os em sindica_
tos ou associações profissionais.
Galheigo (1984) en contro u em um subúrbio carioca uma
população de nível sócio-econômico mais ele vad o, predominando
es tudan tes de classe média baixa , que vivem em imóvel próprio
e cujos sal ár ios não são a pri ncipa l fonte de renda das famí_
lias.
"Este fato é importante ser ressalta
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do porque dele se pode inferir qu e,
cada vez ma i s , a ed uca ção está eli_
tista e seg rega dor a, nao marg ina li
zando do ensino de 1º grau apenas os
alunos das classes prole tarias ma s,
inclu siv e, os alunos de classe mé
dia." (Galheigo, 1984, p.46-8)
- interesses gerais e lazer
Os três estudo s que menciona m os interess es e formas
de lazer preferidos pelos estudantes (Villardi, 1980; Haddad ,
198 2; Galheigo, 19 8 3), constatam que os veículos de imprensa e
meios de comuni cação são fontes de lazer e não de infor maçãopara essa pop ula ção. As poucas horas de de sca ns o, quando não
são ocupadas pelas tarefas domesticas ou pelos estudos,são ocu_
padas com a TV ou por trabalhos manuais. A prática de esportes,
visitas aos amigos e pa re ntes , os bailes ou o cinema são as
formas de lazer mais comuns entre os es tud an tes .
Escolaridade anterior
Entre as p opul ações p esqu isad as os estudos a pontam uma
predominância, nos cursos de suplencia, de alunos provenientes
do 1º grau do ensino regular.
uma boa parte dos alunos pesq uis ados interrompeu seus
estudos po r, no mín imo , seis ano s. Na ve rd ad e, Santos (1982) e
Haddad (1982) enco ntram um número sig nifi cativo de alu nos que
estiveram por 10 anos ou mais afastados da escola. De uma for_
ma ge ra l, os alu nos interr omper am seus estud os antes de atin_
gir os 14 an os , idade em que a escol ari dad e é obriga tória por
lei e oferecida gratuitamente pelo Estado.
Quanto aos motiv os que leva ram esses alun os a inter_
romper seus estudos, estão fortemente ligados às precarias con
dições de vida: ora abandonam a escola por dificuldades finan
ceir as, ora por necessidad e de trabal har, ora por necessidade
de mig ra ção. Mas a ess es motivos juntam-s e outros que dizem
respeito à própria esco la: inúmeras vezes os alunos abandona m
o curso reg ula r por falta de esco las na loca li da de , pelo fra_
casso que repre sentam as re pr ov ações , ou porque são expulso sao completarem 14 anos. Não raro, esses fatores se somam,trans_
formando a vivência escola r num mundo de sucess ivos fracassos
que terminam por excluir crianças e jov en s. Mas nem sempre es_
ses fatores são apontados pelos alunos como motivos do abando
no do curso regular. Em geral, creditam maior peso aos fatores
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extr a- es col ar es , o q ue , na hipótese de Gal hei go , lhes seria me_
nos doloroso.
Se para algu ns jovens as vio lências sofridas dura nte
sua trajetória escolar resultam em atitudes ag re ss iv as , para
ou tros esta viv ência ê trad uzida nas s en sa ções de fra casso ,pas_
sividade, auto-conceito negativo e temor da escola.
Chamou-nos a atenção um fato que não foi objeto de aná
lise por parte dos pesquisadores: o pequeno número de alunos ,
nos cursos de supl ência a partir da 5ª sér ie , que iniciara m
sua vida escola r dentro do próprio ensino supl etivo (em geral
não excede m os 5% ) . Se os jov en s e ad ul tos que iniciam sua es_
colar ização nos pro gramas de alfabetização supl etivos (Mobrale ou tros ) qu e , sa bemo s, não são poucos — não continuam seus
estudos nos cursos de su pl ência , fica no ar a dúvida sobre o
que acontece com eles. Serão esses alunos os fortes candidatos
a constarem das listas de evasão do próprio ensino supletivo ?
Serão eles alunos duplamente excluíd os — do curso regular e
dos cursos de suplência?
Expectativas e aspirações da clientela
Predomina entre os alunos pesqui sados a aspiração de
continuar estudando e ingressar num curso uni ver sitári o. Mas
quand o são ques tiona dos s obre o que acham que vai rea lmente a_
con tecer , ou sobre a contribui ção efetiva que o supl etivo tra
rã às suas vi da s, a pe rspectiva de uma faculdade praticamente
desaparece. 0 mesmo se observa com relação à profissão: a aspi
ração e, via de regra, por uma profissão de muito prestígio so
cia l, mas as pro fissões que acredi tam que real mente acabarão
seguindo são as de pequeno prestígio social.
Esses resultados sugerem considera ções diversas para
vários au tor es , Campbell (1978) critica os cursos supletivos
por não pro por ciona rem a ori en tação necess ári a para escolhas
profiss iona is "mais rea lis tas". Práxedes (19 83), comparando as_
pirações e expectativas concl ui , ao contrár io, que os alunos
têm consciência da realidade em que vivem e das dificuldadesde
realização de suas as pir ações. Galheigo (19 84), observando o
problema de outro ponto de vista, conclui:
"A análise da situação entre expecta_
tiva e a pe rs pe ctiva do al un o (...)
permite per ceber o quanto já está
introjetada no aluno a possibilidade
de fra cas so , já qu e, com exceção do
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caso es pe cífi co das pr ofi ss ões ma_
nuais não-qualificadas, a perspecti
va é se mpr e mais baixa do que a ex_
pectativ a." (Galheigo, 19 84, p .59)
Resumo
0 prese nte le van tamento p ermi te-n os traçar o perfil dos
alun os dos cursos de supl encia que compus era m as amostr as dos
estudos que integram nossa analise:
- Sao predominantemente jovens, ten
do em sua maio ria meno s de 20 anos
no 1º grau e ate 25 anos quando con_
siderados o 1º e o 2º graus conjunta_
mente ;
- A compos ição sexual i equi libra da
- Sao majoritariamente solteiros
- Os poucos estudos que investigaram
a questão apontam, em geral, uma for.
te prese nça de migra ntes entre os
alunos
- com rel ação às car acte rí sti cas fa_
miliares dos al un os , nada se pode a_
firmar dada a exi güi da de de pesqui_
sas sobre o tema
- São , em sua maiori a abs ol uta , tra_
bal hado re s, com jornada diária de
trabalho de 8 horas ou mais, concen
trado s pa rti cul ar men te no setor ter_ciári o da econ omia (em geral no co
mércio e serviços domésticos)
- Situa m-se nas mais baixas faixas
de renda pe rcebe ndo , em ge ra l, até
dois salarios mínimos
- Os poucos estudos existen tes apon
tam que para essa população os meios
de comu ni cação con sti tue m-s e em fon_
te de lazer e não de informação
- Pre domin am, entre os alunos dos
cursos s uple tivos, jovens oriundos do
1º grau do ensino regu la r, que tive
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ram seus estud os inter rompi dos por
alg uns anos (muitas vezes por 10
anos ou ma i s ). Os motivo s que leva_
ram esse s alun os a inter rompe rem seusestud os estão forte mente ligados às
precárias condições de vida dessa po
pulação — dificuldades financeiras,
n eces s i d a d e d e trabalhar , mig r ação—
bem como a aspectos que dizem respei_
to à propria escola — falta de esco_
las na localidade, reprovações, "ex
pulsão branca"
- Quanto às as pi ra ções , predomina a
von tade de contin uar estudan do e in_
gressar num curso uni ver sitári o, em
bora nem sempre acreditem nas possi
bilid ade s reais de concre tizar tal
desejo.
Evasão e repetência nos cursos de suplencia
A maio r parte das publicações an ali sad as dedicam aten_ção às questões de evasão e repetência nos cursos de suplencia
e todas elas apontam índices elevados para ambos os problemas.
Os índi ces de rep etência apu rad os pelos dive rso s estu_
dos apr ese ntam um compor tamento mais homogêne o que os de eva_
são , e situam-se entre 1 0" e 15% dos estudantes matriculad os .
Já as taxas de evas ão oscilam bastante nas vári as clien telas
pesquisadas, variando de 10% a 39,8%.
Esses re su ltad os , conside rados altamente insatisfató_
rios pelos au tor es , cond uzem-nos a investigar suas causas com
vistas à minimização das graves conseqüências daí advindas. As
aná lis es cons ide ram fatores internos e externo s à es cola . Par_
ticula rmen te no que se refere à eva são , os es tudos apontam uma
forte predo minância de fatores extra -e sco la re s, enqua nto que
na análise da repetência os fatores de ordem interna e externa
à escola parecem equilibrar-se. Dentre os fatores extra-escola_
res destacam-se a necess idad e de trabal har, incompatibilid ade
de horários entre o trabalho e a escola, dificuldades financei
ra s, cansa ço, má ali mentação, doenças e instabilidade afetiva
e emo cio na l. Os fatores intra -es cola re s mais citados como cau_
sas de evasão e repe tência são os custos dir etos e indi retos
do ensi no , a repetência (como causa da e va s ão ), problemas dis_
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ciplinare s nas cla ss es , dese ntendi mentos com pr ofe ss or es , ina_
dequação dos conteúdos curriculares e do trabalho do professor
(Campbell, 1978; Santos, 1983; Ferreira & Marques, 1975; Praxe_
de s, 1983; Haddad, 198 2; Galheigo, 1984; Villardi , 198 0).
Para algun s au tor es , as poss ibilid ades de atuação da
escola para modificar tal quadro são limitadas pelos fatores e_
xógenos que difi cultam o acesso do trabal hado r a el a. Acredi_
tam, por ém, que uma atuação adequ ada por parte da escola am
plie as p os sibi li dad es de p erman ência do alun o (Campbell ,1978 ;
Santos, 1982; Haddad, 1982).
Para Práxedes (1983) e Villardi (1980) a principal cau_
sa das dificuldades encontradas pelo aluno é a própria escola;
que se apre senta incapaz de ofer ecer um curso ade qua do as ca_
racter ística s de seus al un os . Villardi vê como principal res_
ponsável pela evasão e repetência o professo r qu e, de acordo
com sua a ná li se , realiza um trabalho totalmente ina deq uad o.
Nenhum dos autores questionou a capacidade do aluno do
curso de suplencia para a aprendizagem.
Professores
Em pouco mais da metade das publ icações ana lis ada s en_
contramos dados ou refle xões acerca do trabalho do pro fesso r
dos cursos de sup len cia. Rara mente os autores dedicam atenção
à atuação de diretores, inspetores e supervisores escolares.
Excetuando-se os estudos que relatam experiências espe
cíficas consideradas positivas pelos autores, há uma insatisfa_
cão com relação ao desempenho dos professores. A maior insatis_
façao transp are ce na diss ertação de Villardi qu e, como vimos
no item an ter io r, atribui à inadequada atuação do professor amaior parcela da res pon sabili dad e pelos altos índices de eva
são e repetência dos cursos de suplencia.
Galheigo (1984) também considera a situação insatisfa
tória pois constatou um não envolvimento do professor com sua
ativi dad e pedago gica — apena s 25% decl ara ram gostar de lecio_
nar no supl etivo . Ma s , ainda que não exima o professor da res_
pons abilida de para com sua atuação. Galheigo analisa-a dentro
de um contexto mais amplo, realizando um levantamento das dificuldades gerais que os professores afirmaram encontrar para o
exercício de sua atividade. As dificuldades por ela destacadas
são: cansaço fís ico , dificuldad es rela cionad as ao ambiente fí
sico, horários mal preparados, ausência de serviços de datilo-
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grafia e reprografia, falta de material basico, superlotação i
nicial das turmas e evasão imediata, desconhecimento da reali
dade, insuficiência de tempo, ausência de livros adequados, au_
sência de coordenação de área, ausência de atividades de enrique cimento .
A questão que s ur ge , e ntão , ê: por que o pro fesso r ,mes_
mo declar ando não gostar e enfre ntand o todas essas dificulda-
des, continua atuando no ensino supletivo? E a resposta, razoa_
vel mente óbvi a, i que o pro fessor depende financei ramen te des_
te trabalho.
Galheigo observa, então, que o professor sentido-se im
potente frente ao problema e sentindo necessidade de responsa
bilizar alguém pelos insucessos desses cursos, joga a culpa no
aluno:
"Em nenhum momento, tanto nas entre
vistas como nos qu es tion ár io s, os
professores se posicionaram como co-
-resp onsáv eis , ou demonstraram vonta
de de in terv ir . Pelo con trá ri o, den_
tro do processo autoritário da escola, ele reproduz no seu relacionamen_
to com o aluno o comportamento que o
sistema tem com ele, quando o culpa-
biliza pelos males da educação.
Este fato ê ev id en ciad o por qua tro
comportamentos que foram observados:
a) através do discurso paternalista
do pro fessor que rotula o aluno como
care nte; b) Contrad itoriamente ao
pri meiro , o professo r desconhece a
situação sócio-e conomica do aluno
qua ndo faz exigên cias que vão se cons
tituir em di ficul da de s para os mes_
mos; c) o professor estabelece dúvi
das sobre a capacida de intelectual do
al un o ; e d) alg uns pr ofes so re s che_
gam à rejeição comple ta do al un o."
(Galheigo , 19 84, p .81 )
Con sid era ndo -se ou não o profess or como o respon sável
por uma ação educacional julgada insatisfatória, todos os auto
res que tratara m da que stão apo ntam o que cons id er am uma das
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causas dos problemas enfren tados pelos cursos de sup len cia: a
aus enci a de urna pol ítica de for mação de pr ofe ss or es para o en-
sino s up le tiv o, ou para a e du cação de ad ul tos de urna forma mais
geral (Villardi, 1980; Práxedes, 1983; Galheigo, 1984; Barreto,
1986).
Nas pesquisas efetuadas observou-se qu e, em ger al, os
pro fess ore s possuem a habili tação para a docência tal qual é
exigida no ensin o reg ul ar . Nada mai s. A gra nde maiori a nao te_
ve , durante sua formação, nem ao menos uma disciplin a voltada
para a ques tão da educa ção de ad ul tos . O ra , se se recon hece que
o ensino de adultos tem particularidades e exige uma metodolo_
gia apropriada torna-se Óbvia a necessidade de uma formação es_
pecífica para o professor que trabalha com o adulto. Na verdade, ao que parece, ninguém discorda de tal necessidade. Ela es_
tá expressa na lei; ocorre apenas que não i cumprida. A preocu_
pação com o ensi no para adu ltos está pr atica mente ausente dos
currículos de formação de pro fess or es. Dentre os progr amas de
pós-grad uação em educação no País , apenas a Universi dade Fede_
ral da Paraíba oferece "educação popular" — onde a problemáti_
ca da educação de adultos se coloca — como area de concentra
ção. E, pelo que as pesquisas puderam apurar, também as secre
tarias de edu cação muito rar amente têm ofer ecid o cursos deatualização nesse sentido.
É importan te ress alta r que , embora os autore s pouco te_
nham dado atenção, a mesma lacuna é sentida na formação e atua_
ção de diretores, inspetores e supervisores escolares (Silva ,
1979).
Vale a pena obs er va r, no enta nto , que nem todos os es_
tudos apo ntam essa mesma rea lid ade com rela ção à falta de en
volvimento do professor do curso supletivo na sua atividade docente.
Algumas publicações dedicam-se a analisar experiências
pedag ógicas po si tiv as , as quais só se tornam viáveis através
(entre outros fatores) de um comprometimento dos professores.
Mas por que os pro fesso res de alg umas escola s demons_
tram um maior grau de envolvimento com sua atividade pedagógi
ca que outro s? A ve rd ad e é que a di fer en ça está não só no cor-
po docente e sim nas propostas que embasam cada curso.
As exper iências posi tivas não acontecem apenas pelo
compromis so ou boa vo ntad e do pr ofes so r. Pudemos no tar que tais
expe riên cias — ainda que poucas — ocorr em em cursos que têm
um projeto polí tico-ped ago gico d efin id o, e que esse projeto diz
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resp eito a um compro metimento da escola com os interes ses dos
trabalhadores ou grupos populares. São essas escolas que, atra_
vis do env olv imento de toda a comuni dad e escolar e, em algu ns
casos, do envolvimento também da comunidade local, criaram con_dições propícias para a atuação docente, formando na prática e
na reflexão conjuntas os professores "especializados" na educa_
ção de adultos.
A única des sas expe ri ência s real izada em escola públi_
ca é aquela relatada por Barreto (1986), referente a uma esco
la estadu al da peri feria de São Pa ul o, em que uma série de es_
peci fi cidades concorr era m para que o projeto se de se nv ol ve ss e:
a diretora e os professores mostravam-se extremamente envolvidos com o trabalho, adotando uma atitude de recuperação da pos_
tura do educador e disp ondo -se inclusive a realizar reuniões
sem remuneração; a abertura do curso supletivo dessa escola re_
sultou da pressão da comunid ade organ izada sobre os órgãos da
Secretari a de Edu cação. Os limites para repr odu ção desse tipo
de experiência, entretanto, podem ser sentidos na elevada rota_
tividade de profes sor es (constatado por este e outros estud os )
e na ausência de reuniões pedagógicas remuneradas,impedindo as_
sim que o pro fessor acumule e troque a experiência necessá ria
ao seu aprimoramento.
Os demais cursos de supl encia anal isad os nos estudos
que puderam manter um qua dro de p rofess ore s razoa velmen te está
vel e assim contornaram o problema da falta de formação especí_
fica desses pro fesso res , são mantidos por entidades pri vad as,
já citadas anteriormente.
Podemos per ceber que os profess ores destes cursos fo
ram formados na prática da sala de aula, nas reuniões pedagógi_
cas e nos encontros com os professores das demais escolas, tri_
lhando pois caminhos outro s além da formação uni ver sitá ria e
de treinamentos eventuais.
Metodologia de ensino
Pre tende mos, neste item do rela tório, apontar algumas
considerações — feitas pelos estudos e pesquisas — que dizem
res pei to à metod ol og ia de ens ino utili zada nos cursos de su_pl ência . Tais consi de ra ções serão de caráter gen érico pois es_
te tema será por nos apr ofun da do em um outro subpr ojeto a ser
realizado na continuidade da presente pesquisa.
Um quadro insatisfatório
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Os poucos trabalhos que se preo cupara m em pesq uisar o
tema evidenciaram uma situação de muito pouca novidade.
Os estudos apontam, em geral, que a definição metodoló-
gica dos curs os fica a cargo dos pr ofe ss or es qu e , como já vi_
mo s , nor malmen te não recebem apoio nem estimu lo para ousa r ex_
periências que venham a contribuir neste sentido. Desta forma,
as aulas apóiam-se nas formas de trabalho já conhecidas — qua_
dro-negro, voz do professor e livros ou textos mimeografados—
e o aluno i muito pouco chamado à particip ação no process o en_
sino-aprendizagem.
As duas p esq uis as que mais obse rva ram a metodo log ia em_
pregada são, ambas , do Rio de Janeir o. Trata-se das pesquisas
de Villardi (1980) e Galheigo (1984).
0 relato mais vivo do que ocorr e na sala de aula i o
de Vil la rd i, de vid o à própria natureza metod ol og ica de seu es_
tudo — "observação participante oculta".
"De um modo geral, a participação do
aluno, na sala de aula, se reduzia à
rea liza ção dos exe rcí cio s, dos tes_
tes e a respostas a algumas solicita_
ções orais do pro fesso r. Durante as
cor re ções dos exercícios, al gu ns alu-
nos par ticipa vam, mas a solicitação
de respostas er a, principalmente ao
grupão e, raramente, de forma indivi_
du al . Só em Matemá tica o alun o era
convo cado para ir ao qua dro -ne gro .(. . .)
Toda s as ativ ida des eram determina_
das pelo profess or, evidenciando uma
res istência em dei xar aos alu nos uma
liberdade de expressão ou uma inicia_
tiva. As energias eram desperdiçadas
em uma roti na q ue não s ol ici tav a ,nem
desafiava para esforços maiores, tan_
to professores quanto al un os , cujas
atividades concentravam-se, exclusi
vamente no conteúdo. 0 fundamento da
metodolog ia — ser selecion ada emfunção das características do aluno,
da natureza da unidade de ensino,dos
objetivos e dos recursos disponíveis
— não foi cog ita do . (Villard i , 1980 ,
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Se Villardi assina la que a competência nos conteúdos
nao é suficiente, Práxedes afirma o mesmo com relação ao conhe_
cimento da clientela.
Também as observações de Galheigo — embora não resul
tem de observação direta — coicidem com as de Villardi:
"0 professo r coloca sempre pres ente
a necessidade de considerar a reali
dade do aluno. Ao escolher, entretan-
to, a metodol ogi a no momento em que
esta tão perto do aluno, ele nao con
sidera a sua real ida de de profess or
e muito menos a do a lu no. Ignora qu e ,
ambo s, estão começando uma jornada
com uma bagagem de alg umas horas de
trabalho anteri or e, po rtan to, com
cansaço e so no . C on si der an do e stes da_
dos, deveria partir para uma metodo
logia mais ativa e sobretudo partici_
pa tiva , o que não ocor re . 0 tipo deaula basicamente utilizado, conforme
informações dos próprios professores
nas entrevistas, i a "aula expositi
va".
0 tipo de aula exp os iti va , que foi
colocado, não obedece aos passos tra
diciona is desta técnica. Ao contrá
ri o, ela se caracteriza por dois com
por tamentos mais comu ns : ditar pon-
tos ou es crev ê-lo s no quadr o e pas_
sar exe rcí cio s, o que não significa
sistematizar, mas preencher o tempo.
A justificativa para tal procedimen
to não e stá some nte na falta de com
promisso do professor, mas muitas ve_
zes na sua insegurança ao transmitir
conteúdos que não domina bem.Outro s tipo s de tr abal ho bastan te co_
muns são as 'p esq ui sas ' e os 'traba-
lhos de grup o ' .
A 'pes quisa' cons iste em mandar o a_
luno procurar um assunto. Normalmen-
p.139-41)
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"Todo um esforço é des env olv ido na
escola no sentido de dia gno sticar o
nível de conheci mento dos alun os em
cada uma das di sci pl in as para daí par-
tir. Mas do que isso, está-se buscan_
do estabelecer o que, em cada uma de_
las, i essencial para o aluno conhe
cer a fim de que possa, posteriormen
te, caminhar sozinho. (...)
Os professores também estão tentando
pro mover a integr ação entre as vá
rias di sci pl in as , de tal forma que
Algumas experiências
Mas nem todas as pesqu isa s dep ara m-se com o mesmo qua_
dro. Se não há, entre os trabalhos analisados, relatos de expe_
riências metodol ógicas notadamente po si tiv as , alguns apresen_
tam, ao menos, o esforço empreendido nesse sentido por algumas
escol as .
A pesq uisa coor den ada por Barr eto (1986) procura evi_dencia r uma mudan ça na situação dos cursos suple tivos munici-
pais, na cidade de São Paulo, a partir do ano de 1984.
Além da situa ção dos cursos sup letiv os muni cipa is de
São Paulo, Barreto procura historiar, também, a experiência de
uma escola de su pl en cia II (5ª a 8ª se ri es ) da rede pública es_
tadual , l ocalizada na pe riferia da cidade de São Paul o. Segun
do a autora, a escola em questão, por esforço da direção e dos
professores, apresenta "um trabalho promissor, que pode ofere
cer indicações para a melhoria do atendimento nesses cursos".
te não é dada a bibliografia e nem é
ensinad o a preparar uma sín tese: o
aluno transcrev e simples mente o que
esta es crito sobre o tema no livro
que conseguiu encontrar.
No traba lho de gru po também não par_
te de uma discussão para a síntese .
Cada a luno faz uma parte esta nqu e das
outras. (...)
Hã a ausência da pa rtici pa ção, da
discussão, do lúdico, da síntese, do
raciocínio e, sobretudo, do diálo go."
(Galheigo, 1984, p.95-7)
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O aluno consiga trabalhar sobre os
conteúdos dur ante o maior número de
vêzes po ss ív el , para que haja maior
assimilação.
Algumas experiências têm-se desenvol_
vido à medi da que as di ficuld ade s a_
pare cem. Ten tou-se um trabalho de
mon ito ri a em que os al un os que sa_
biam mais au xil ia va m gru po s de alu_
nos com mai or es di ficu l da de s. Em clas_
ses de ad ul tos foi po si tivo ; nas clas_
ses onde havia alunos mais jovens,re_
centemente egressos de cursos regula_
res muito ru in s, houve rejeição da
moni tori a, tendo-se que introduzir
uma orien tação mais indi vidu alizada .
uma outra pr eo cupa ção dos professo_
res i a de trabalhar com a inseguran
ça frente ao apr end izado daqu eles a_
lunos que há muito tempo saíram da
es col a. Sua tendência i des istire mprematuramente do curs o, atribuindo
a si mesmos as dificuldades encontra_
das na compreensão dos temas de estu_
do . Nesse sentido está-se cogitando
de estabelecer períodos de adaptação
à escol a, e os pro fesso res , atentos
para o problema, tem deliberadamente
tentado oferecer assistência mais di_
reta a esses casos, procurando criarum clima que favor eça a retomada pe_
1 o al un o.
Por trás dess as dificuld ade s esta
ig ua lmen te posta a qu es tão da dosa_
gem da pro gra mação curr icul ar . A o
briga torie dad e de cumprimento dos
pro gra mas ofici os amen te pro pos tos for_
ça a uma aceler ação que desre speitaas condições em que ocorre a assimi
lação de conhecimentos pelo aluno."
(Barreto, 1986, p.56-8)
Do curso supletivo CAASO enco ntr amos , na dis sertação de
Mello, os parâmetros que orientavam o grupo nas suas ações:
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"Partia-se de qu e, ao ingressar na
escola, o aluno traz consigo sua ex
periência de vi da , apren dida nas suas
relações com a nat urez a, no trabalho,
e na sua convivência com as institui_
ções da socied ade . Entendia-s e , pois ,
que a experiência dos alunos da clas-
se trabalhadora fundamentava-se numa
concepção de mundo formada por aspec_
tos da ideolog ia domina nte e as pe£
tos da experi ência de vida da clas
se trabal hado ra , que constituem o
que Gramsci chama de senso comum.Cabe ao trabalho dese nvol vido na es
cola reforçar os aspectos veiculados
pela ideologia ou os aspectos conce
bidos a p artir da e xper iênci a da clas
se trabalhadora.
De acordo com o objetivo do grupo do
supletivo, buscava-se detectar aque
les asp ectos concebidos a partir da
pro pri a expe ri ência de vida dos alu_
nos no sentido de reforçá-los, e, pa_
ra tan to, a util ização da experiên_
cia do aluno como conteúdo de discus_
são e materia l did ático em sala de
aula era percebida como um caminho.
Na ve rd a de , (...) busca va -s e a d el i
mitação do "núcleo valido"' da expe
riência do aluno pa ra, partindo dele ,trabalhar no sentido de uma compreen
são mais ampla da rea lid ade social
onde se vive.
E se a atri bui ção social q ue se bus_
cava no Sup letiv o era o desmascara_
mento do "natur al ", do "des tino ", das
"verdades eternas", fazia-se necessá
rio a elaboração de um saber que fos
se instrumento de análise do mundo .
gCf. GRAM SC I, A. El mater ia li smo histórico y la filos ofia de
Cro cce, p.15.
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Neste sentido este saber deveria ter
como ponto de pa rti da e po nto de che_
gada a totalidade concreta, ou seja,
sua el abor ação de ve ri a leva r em con_
ta a rea lid ade social dos alun os e
ter como objeto a análise e interpre_
tação desta mesma realidade.
Além disso, fazer da experiência con_
creta dos alunos objeto de trabalho
em sala de aula significa também pos_
sibili tar-lhes a compreensão de sua
situa ção de vida pa rticul ar não como
um conjunto de problemas específicos
s e u s , mas como pro blemas que são ma_
nifes tações ind ivi dua is dos proble_
mas de classe — questão que a ideo
logia do mina nte es camoteia ao apre_
sentar-se como interesse generaliza
do para toda a socie dad e." (Mello ,
1981 , p.9 0-2)
como avan çar na questão metodo log ica
No P arecer 69 9/ 7 2, do CFE, o rel ator Valnir C hagas apon_
ta que o ensino supletivo requer uma metodolog ia apropr iada e
que, no caso da suplencia, a nova metodologia seria caracteri
zada pelo mais amplo uso da tecnologia e dos meios de comunica_
ção de massa. Segundo o texto do Parecer viver-se-ia uma situa_
ção "de cores cambiantes", onde, de um lado, a metodologia tra_
dicio nal já não satis faz por não se adeq ua r "à exp lo são dos co_
nhecimentos e ao traço de coletivismo que define cada vez mais
a vida e as relações humanas nos tempos modernos" e, de outro,
os meios de comuni cação de massa que caracter izam o moder no
"ainda não tiveram del in ead a a sua exata utili zação pe da góg i
ca."
Mas, ainda que o papel dos meios de comunicação de mas_
sa não esteja definido, Valnir Chagas afirma que "sente-se,mais
por intuição do que em face de compr ova ções obje ti va s, que ne_
les se encontra em potencial uma resposta a muitas perplexida
des de hoje."
A orientação do Parecer 699 /72, seri a, então, a de que
o ens ino supl etivo fosse cada vez mais se afastan do do ensi no
regular através do emprego da tecnologia e dos meios de comuni_
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cação de massa e, ass im, se cara cterizas se como a "escol a-fun
ção" que os novos tempos estariam a exigir.
"Partindo rea lis ticamente do que exi s-
te , p elo uso in tens iv o de cla ss es con_cebid as mais ou men os ao es til o tra_
dicional — e decerto cada vez menos
— chegar- se- á pro gre ssi vamen te àque_
la 'escola-função' que vimos contra
pondo à 'escola -end ere ço' do passado .
A Tecnologia e os Meios de Comunica
ção de Massa parecem-nos aí correta
mente situados. Em todas as modalida_
des, e certamente no Ensino Regular,pod erão ser eles empr ega do s como re_
curso auxiliar, na Qualificação, tam
bém como recurso já pr ed omi na nte , e
na Supl encia e no Su pr ime nto , como
recurso predominante ou único."*
Práxedes é a única autora que procurou ave rigu ar em
que medida os meios de comunicação têm sido utilizados pelos a_
lunos e observ ou que o material impresso tem a preferência daclientela .
como expl icar que o rád io e a te le vi são , meio s de comu_
nicação mais mode rn os , sejam preteri dos por jornais e rev istas
na preferência dos alunos?
Práxedes levanta algumas hipóteses:
"- A maior utilização de material im
press o não estaria possi vel mente li_
gada às facilida des de manip ula ção
que ele pr op ici a, pod end o o aluno uti_
lizá- lo em qua lqu er loca l, o que fa_
vorece sobretudo uma clien tela com
posta de alunos que trabalham como ê
a clientela do curso de suplencia?
- Embora sejam consi der ado s meios
mais eficientes e rápidos de aprendi
zagem, a televi são e o rádio estãosendo suficientemente divulga dos co
mo tal? Por exe mpl o, existem apare_
grifos nossos.
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lhos nas es col as , biblioteca s ou ou_
tros locais a que o aluno possa ter
acess o e a pr ov ei tar o pouco tempo des_
tinado ao estudo?
- Os horários das televisões destina_
dos a curso e outros programas educa_
tivos nao estar iam res tritos aos ho
rarios inadequados à clientela?
Outra hipótese sobre a maior utiliza_
cão de material impresso i o compor
tamento trad icio na l do al uno resis_
tindo em adotar novas tecno lo gi as,
preferindo meios semelhantes aos uti_
lizados na escola. As mudanças tecno
lógicas na educação tornam-se lentas,
segundo essa hipótese, pela resistên-
cia de alun os e pro fess or es à sua u_
tilização." (Práxedes, 1983, p.47)
Ainda que se ressaltando a limitação dos dados (frutos
de uma única pesquisa) estes nao confirmam a tendência aponta
da no texto leg al, pro duzido dez anos, an tes , de que os meios
de comunicação de massa viriam a substituir formas mais tradi
cionais de aprendizagem.
E, assim como constatou a pre ferência dos alun os por
materi al im pr es so , Prá xede s também se depa rou com uma outra pos_
tura que poderia ser vista como de apego ao tradicional: a pre_
ferência pelos cursos de suplencia, em detrimento aos exames.
"A alta incidência de alunos que não
fizeram exames, mas procuraram o Cur_
so de Sup len cia, talvez possa ser
justificada em um plano não manifes
to ou subjacente pela necessidade de
contato social que essa clientel a a_
presenta, realizada através da exis
tência física da escola." (Práxedes,
1983, p.59)
Assim, ao que parece, a orientação legal pouco tem con
tribuido para a solução do problema da metodologia adequada ao
processo ensino-aprendizagem na educação de adultos.
Ap re se ntamo s, en tão, as contribuições — muito poucas
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— que os estud os e pes qui sas apr ese ntam para uma possivel so
lução.
"como já afirmamos de um modo geral,
o ponto de partida para via bilizartal pos icion amento seria adeq uar o
curso às características e necessida_
des da clien tela." (Pr áxe de s, 1983 ,
p.51)
"Diogo Águila Martins, ex-diretor do
Serviço de Ensino Supletivo, da CENP,
diz que o nó da questão esta na meto_
dologia que contin ua, ain da , dentrode um si stema trad icio na l de educa_
cão de adultos e que a metodologia a_
dequada seria dar um tratamento indi_
vi du al iza do na medi da do poss ive l (...)
Jarbas Jovelino Barato, apresenta al-
gumas soluções para o melhor desempe_
nho metod ol ógi co do pro fess or :"(...)
para se "sacar" algu mas solu ções em
termos de ensino supletivo (todo vol_
tado para ad ole scen tes e ad ul tos ) pre_
cisamos ter mais conhecimento da psi_
cologia do adulto, principalmente da
psicologia da aprendizagem, algo ine_
xistente na praça. Hã pouca pesquisa
(...)" (Práxedes, 1983, p.69-75)
"Na rea lid ade , na educação de adul
to s, não há nece ssi da de de se repe_
tir todos os passos da educação regu_
lar, uma vez que adolescentes e adul_
tos bus cam na esco la a sistematiza_
ção dos conhecimentos que ja adquiri_
ram ass iste maticamen te , através dos
tempo s. Mas e preciso dar ao aluno
condi ções de mani pul ar a informação
recebi da .
Assim, para que as situações de ensi_
no-a pre ndi zagem sejam adeq uada s à
realidade desta clien tela, precisam
ser organizadas de tal forma que: a)
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apr ovei tem, preservem e enriqueçam
as motivações individuais; b) propi
ciem um tra bal ho coe re nte com o rit_
mo de aprendizagem de cada um; c) ampliem e instrumentem o poder de ação
e decisão; d) sistematizem e valori
zem as expe ri ências de vida de cada
aluno; e) contribuam para integrar o
aluno à cultura de seu meio e de sua
ép oc a; f) es timul em os alu nos a de_
senvolver suas próprias idéias.
Por outro lad o, ficou evid enciad o que
as aquisições dos alunos pareciam de_
pend er: a) do modo como o profess or
organizava a sua aula; b) do tipo de
atendi mento que era dado ao aluno ;
c) do estímulo recebido para freqüen_
tar a escola; d) do grau de integra
ção com o professo r e os coleg as ; e
e) da consideração dada pelo profes
sor aos pré- re qui sito s para cada in_
formação." (Villardi, 1980, p.141-2)
Além do exposto acima, Villardi faz uma revisão biblio_
gráfica a respe ito da metodolo gia a ser utilizada na educação
de ad ul tos . E embora não seja nosso objetivo apr ofund ar aqui
as vár ias visões sobre o tema (a que stão será apr ofun dad a num
outro modul o da pe sq ui sa ), julgamos importante ressa ltar algu-
mas colocações suas.
Para a au tora "não exis te um métod o ou uma técnicaideal para o ens ino de ad ul tos . A metod olo gia precisa ser bas_
tante flexível e adaptada à realid ade do al un o, da es cola , da
comunidade e do mercado de trabal ho." (Villa rdi , 19 80, p. 51 )
Diferentemente de Diogo Aguilar Martins, acima citado,
que acredita ser a metodologia adequada aquela que dá "um tra
tamento individualizado na medida do possivel", Villardi enfa
tiza a metod ol og ia que privi leg ia o grupo e a parti cipa ção ne_
le.
"A metodolo gia a ser empregad a não
deve estimular a competição e sim in_
centivar a solidariedade, a partici
pação, a cooperação, a ajuda mutua e
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o trabalho de equipe." (idem, p.53)
E, mais a di an te, a autora de monstra uma preocup ação que
se encontra de forma mais ou menos explícita em vários estudos:
o aproveitamento da experiência de vida do aluno.
Podemos dizer que há, entre os autore s dos estud os e
pesquisas analisados, uma idéia generalizada — ainda que difu
sa — de que o caminho metodológico dos cursos de suplencia de_
veria estar centrado nao no uso da tecnolog ia e dos meios de
comunicação de massa mas sim no apr ove itamento da exper iência
de vida do aluno.
Quais ser iam, então, os entraves para a efetivação de
tal pro pos ta? Acred itamos que tal re spo ns abil ida de não pode sercreditada unicamen te aos pro fesso res como algu ns trabalhos su_
gerem.
Se há uma certa ge ne ra li zação — ai nda que difusa — da
idéia do apr ove itamento da experiência de vida do alu no, por
que a mesma não se evidencia na prática?
"A rica e xpe ri ênci a de vid a que o alu_
no traz para a escola não i aprovei
tada não porqu e os pro fesso res nãoqueiram, mas porque não sabem redefi_
nir a pr oposta de suas dis ciplina s de
modo a nelas integrar a contribuição
dessas vivencias. A simples oportuni
dade para que todos os alu nos falem
de sua vida é abso lu tamente insufi
cien te. A tarefa de utilizar essas
infor mações e as val ori zações nelas
contidas para redimensionar os conhe
cimentos sistematizados que uma esco
la deve passar, não ê nada simples.
(...)
(...) Tudo in di ca , po rém, que essa
tarefa é por dema is comp lexa para ser
deixada exclus iva mente a cargo do pro
fessor isolado em sala de aula e que
se não houver o concurso das vári as
instâncias comprometidas com a educa
ção num pro jeto de rev isão curri cu
lar que incorpore também essa dimen
são, muito pouco se av an çará , como
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ja o tem de mons trad o a historia de
toda e qualquer implantação curricu
lar nesse pa ís , que evoca esses mes
mos argu mentos." (Barreto, 198 6, p.56-7)
Outros problemas
Alguns poucos au tor es , a partir de suas pesqui sas e
an ál is es , aprese ntam o que vêem como os principa is problemas
dos cursos de suplencia. Em alguns casos os problemas são apre_
sentad os como per tine ntes ao e nsin o s upl etivo em geral , sem que
o autor faca uma distinção entre o que é específico aos cursos
de suplencia e o que é do próprio sistema de ensino. Na verda
de, alguns autores, embora realizem seus estudos junto aos cur_
sos de suplencia, apresentam algumas conclusões generalizando-
-as para todo o ens in o su pl eti vo . Parece- nos então que os pro_
blemas aqui ap re se ntad os nem sempre foram obser vad os atrav és
de pesquisas, sendo antes fruto de reflexões dos autores a par_
tir de suas vivências.
A crítica que mais reúne vozes é a de que os cursos de
suplencia (ou ensino supletivo, para alguns) não se têm carac
terizado por um alto grau de diferenciação do curso regular e,
assim, não conseguiram construir uma identidade propria. (Duar_
te, 1979; Villardi, 1980; Práxedes, 1983).
Assim como os autores acima, Galheigo também critica o
fato de os cursos de su plen cia tomarem como modelo o curso re
guiar, mas vê como principal problema o fato desses cursos ofe_
recerem uma versão empobrecida da escola regular e não contem
plarem as nece ssi da des esp ecíficas da clientel a à qual se des_tinam.
"0 currículo, calcado no Ensino Regu_
lar , é esv azia do para que possa ser
real izado em menos tempo, com menos
aula e muito mais di ficu ld ad es : can_
sa co , falta de tempo para estuda r ,
fal tas , etc. Torna -se rarefeito e
não respeita nem as diferenças indi
viduais, nem o ritmo próprio de cada
um. 0 aluno se ressente desta pobre
za: não há atividades artísticas, es_
portivas e nem ocupacionais. (...)
A relação escola-trabalho não e cogi
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tada em nenhum momento.
Tanto a estrutura do curso não prevê
que o aluno tra bal he, como em nada
tenta contribuir para que ele melho
re a sua situação de trabalho." (Ga-
lheigo, 1984, p.41-42)
Também Barreto, embora não faça sua análise no ser ido
de veri ficar se o ensin o suple tivo tem-se difere nciado ou não
do ensino re gu la r, consi dera o quadro como insatifatório e pon
ta os vários problemas que a seu ver seriam responsáveis pelos
infrutíferos resultados desses cursos em São Paulo:
"Assim, além da escassez da oferta,aimprecisão da proposta ou dos objeti_
vos de muitos desses cursos, a ausen_
cia freqüente de orientação curricu
la r, o mau pr eparo dos profes sore s ,a
falta de ar ticu la ção en tre as dife_
rentes modalidades de cursos existen_
tes , a falta de ava lia ção, controle
e continuidade das experiências não
conve ncion ais de ensin o contribuem para os pobres resultado s obtidos ."
(Barretos, 1986, p.5)
A ausência do Estado na manutenção e na orientação dos
cursos de suplencia observada por Barreto também é questionada
por Práxedes.
Qual a orig em dos pro blemas? Para algu ns au tor es , essa
situação dos cursos de suplencia é fruto não do texto l e g a l ,mas sim de sua apl icação que pouco tem contri buid o para a fe-
tiva real ização do espi rito da lei (Duar te, 1979; Praxedes ,
1983).
"0 Ens ino Su pl eti vo não foi cria do pa_
ra livrar cria nças , adoles centes e
adultos da es col a; foi criado para
trazer à escola aqueles que não tive_
ram oportuni dade de freqüentá-la na
idade prevista.
É importante destacar que o Ensino
Supletivo preenche lacunas de escola_
ri zação, encaminha o educan do para
cursos regulares e pode propiciar em
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nivel de termin al id ad e, a formação
pro fiss io nal . Possibilita ainda a
perspectiva de intercomplementarida_
de entre ele mesmo, Supletivo e Ensi_no Reg ula r, corr ig in do , algumas ve_
zes deficiências entre um subsistema
e ou tro. Por todas ess as razões não
se deve pe nsa r o Ensi no Su ple tivo co_
mo "facilitador" da obtenção de cer
tificados de es cola ri zação. Não se
pode con fun di r a pro po sta e seus prin_
cípios com uma prática des vir tuada
por uma minor ia." (Duarte, 19 79, p.16)
"A realidade demonstrou que, por fal_
ta de estudos e pesquisas, os cursos
de Suplencia são normatizados e orga_
nizados desconhecendo-se o perfil da
clie ntel a e que tal conhe cimen to i
um dos pontos ess encia is para êxito
das no rmas pr o p os ta s. (...) A falha
não está, portanto, na Lei nº 5.692/
7 1 , mas si m, na mane ir a como ela es_
ta sendo execu tada ." (Práxedes , 1983 ,
p.90)
Para ou tros auto r es , tal situação ê fruto da natur eza
da própria lei:
"0 foco central é res tituir a es co
larização perdida, quando deveria se
proporcionar uma educação que permi
tisse ao homem viv er bem den tro da
sua re al id ad e. 0 referencial ê sem
pre o en si no re gu la r e nunca os in_
tere ss es e ne cess id ad es do aluno.( . . . )
Tra ta-se de se escol ari zar a qual_
quer preço em vez de educar. 0 Suple_
tivo e po is , um manancial ine sgo tável de solu ções mág ica s, criadas ar _
tificialmente por tecno crata s, para
ser vir de es coad ou ro do Ensino Regu_
lar e tentar encobrir ou alivi ar as
tensões da estratificação social."
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(Galheigo, 1984, p.38)
"Suprir a escolarização regular para
os ado le scen tes e adu ltos que nao te_
nham con se gu id o ou con clu íd o na ida_de propria.
Dentro desta perspectiva pouco resta
para o Ensino Sup leti vo. Fará ele o
papel que o Estado lhe con fer iu , es-
tar a ser viço dos gr upo s dominan-
tes ." (Hadd ad, 1982 , p.21 )
Mell o e Olivieri ana lis am os aspectos, neg ativo s do en_
sino supletivo como decorrentes da natureza mesma da escola nasociedade capitalista, de seu caráter de classe.
"Dentro do sistema educacional, a de_
sigualdade entre as classes e refor
çada na rela ção que existe entre en
sino regular e ensin o sup letiv o." ( O
Livi eri , 19 85, p. 2 35)
"(...) Fica claro, pois, que o ensi
no supletivo caracteriza a escola de
cla ss e, já que pre para a clas se tra_
balhadora separada da classe dominan
te. 0 ensino supletivo não tem outro
papel, a nível dos objetivos do Esta_
do , senão o de dar uma res pos ta for
mal à demanda que o ensin o regul ar
não absor ve e também res pon der com
uma escola de segunda categoria aos
trabalhado res que buscam na escola
uma forma de ascen der social mente,de
su per ar as bar re ir as de clas se . " (Mel_
lo , 1981 , p.78)
Conclusões e recomendações
Na medida em que grande parte dos estudos e pesqu isas
anal isad os enfocam aspectos muito espe cíficos e/ou trabalham
com amostra s muito res tritas da rea lid ade dos cursos de suplên_cia , praticamente nao existem conclusões que apre sentem um
maior grau de generalização.
Na maior parte dos es tu do s, os capí tulos conclu siv os ca_
racterizam-se como resumo do dados le va nta do s, sem conduzirem
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a nívei s de compre ens ão — ou mesmo hipóteses — de caráter
mais amplo.
Ainda ass im, apre sentare mos aqui algumas conclusões e
su ge stõe s, que nos parecera m mais si gn ifica tiva s, e que cons_
tam, par ticula rmen te, nas pesquisa s que trabalharam com as
maiores amostr as: Silva (19 79 ), Práxedes (1983) e Galheigo
(1984).
Antes de mais nada, gostaríamos de apontar uma conside_
ração feita por Prá xede s e que se encon tra subjace nte nos de_
mais estudos:
"(...) a função su pl en cia , inicial-
mente de caráter apenas emergencial
(Parecer CFE 68 8 /7 2), destinado aos
que nao tiveram oportunidade de esco_
larização ou então tiveram que aban
dona r a es cola antes de compl etar sua
escolarização, tende a perpetuar-se,
dado o número ainda elevado de anal
fabetos e se mi- al fabeti zad os em nos_
so país. Segundo o censo de 1980, 43milhões de brasileiros não consegui
ram sequer completar o 1º grau."(Pra_
xedes , p . 97 )
Feita esta con si de ra ção, ressalta a importância de se
avaliar o des envo lvimen to dos cursos de sup len cia, sobretudo se
acei tarmo s como válida a cons tatação de Práxedes de que o alu_
no tem pr efer ência por curso s em detri mento de outras formas
de organização do ensino-aprendizagem.
"Tal tend ência , po ss iv el mente , exis_
ta pelo fato de que na escola, o alu_
no pode en contr ar o espa ço social que
não lhe é dado na so cie da de , ponto
que ficou evid ente nas entrev istas
de espe cialistas e opiniões dos pro
fess ore s. Devido à maturidade dos a_
lun os, afirmam alguns entrevistados
que a escola deve oferecer não somen_
te con hec ime nto s, como também deve
dese nvolv er-l hes a capacidade de as _
sumir papéis de maneir a atuante e
transformadora, levando-os a percebe
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rem que são age ntes do pro cesso de
cultur a e que têm impo rtânci a tanto
na e sco la , quan to na soci eda de."( Pra_
xedes, 1983, p.92)
Par tind o da impo rtância do papel que os curso s de su-
plência têm a cumprir no sentido de garantir o acesso à escola
por p arte dos mi lhõe s de jov ens e a du lto s que del a foram afasta_
dos na idade pre vis ta, apres entamos , então , as conclusões dos
estudos e pesquisas que mostraram um mínimo grau de generaliza_
cão.
De uma forma ge ra l, as pes qui sas apontar am uma inade_
quação dos cursos de suplencia às necessidades da clientela na
medi da em que não têm conta do com o apo io e a ass is tência ne_
cessários por parte dos órgãos centrais do sistema educacional
brasi lei ro nem com um corpo docente pre par ado para a atuação
na educação de ad ul tos. As sim, a metodol ogia uti li zada , em ge_
ra l, não tem atend ido às necess ida des de seus aluno s sendo mais
um fator a con tri bui r para os alto s "índices de ev as ão e repe_
tência .
A formação dos recursos humanosUm dos pou cos as pe ctos cujas con clu sõe s são semelhan_
tes nas difer entes pesqu isas diz resp eito à precária formação
de profess ores e pessoal técnico-ad minis trativo para atuação
no ensino supletivo.
"uma das pri meira s concl usõe s deste
tra bal ho foi a con sta tação do defi_
ciente prep aro dos recurs os humanos
direta ou indir etamente envol vidoscom o pl an ejame nto, a execução e o
controle dos Cursos Supletivos. (Sil
va, 1979, p.267)
(...) 0 professor continua sendo pre_
parad o nas faculda des e universida_
des para lecion ar somente no ensi no
re gul ar, apesar da legisl ação fede
ral e estadual estabelecer que o pes_soal docen te do ensi no supl etivo de
vera ter preparo adequado às caracte
rísticas desse tipo de ensino." (Pra_
xedes, 1983, p.93-4)
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"O aperfeiçoamento do magistério, no
caso do Su pl eti vo , é um pouco mais
compl exo, já qu e, como já foi di to,
antes de aperfeiçoar, tem que se pen_sar em prepara-los para atuar com es_
ta modalidade de ensino, com suas pe_
culiaridades, já que não há professo
res preparados para tal.
como a ton ica da formação des tes pr o
fess ore s ser ia ap re nd er a 1er e tra_
balhar com a realidad e do al un o, na
da melhor do que se sugerir a monta
gem de tôda uma polìtica de prepara
ção do magistério, acoplada à Politi
ca de Pe sq ui sa s, além dos momentos
de preparação, prever com regularida_
de os momentos de revi sao ,av alia ção,
re pr ogr amação , como sistemática de
trabalho.
(...) a atu alização cultura l do pro_
fessor e o apro fundamen to na suaarea de es pe cia li zação são indispen_
saveis e deveriam se constituir numa
pr io rid ad e para a Polí tica Educacio_
nal, facilitando o acesso a cursos e
a eventos cul tura is : cong re ss os , ex_
pos ições, teatro s, cine mas, shows ,
etc. Desta forma, o ape rfeiçoamen to
do mag is téri o se base ari a neste tri_
pé: 1) acompan hamento de estudos e
pes qui sas ; 2) estabelecimento de uma
pol ítica de difus ão cultural para o
professor; 3) estabelecimento de cur_
sos e re cicla ge ns con sta nte s." (Ga_
lheig o, 19 84, p. 111-2)
0 conteúdo e a metodologia de ensino
Na medi da em que não se observou a e xistência de umapolítica de incentivos à pesquisa na área de metodologia de en_
sino nos cursos de suplencia, bem como se constatou que os pro_
fissionais que atuam no ensino supletivo não receberam uma for_
mação esp ecífica para tal atua ção , não se poderi a espe rar que
os cursos de suplencia estives sem utilizand o metodol ogi a ade_
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quada às características de seus alunos.
"Nesse s en tid o, uni ver sid ade s e facul_
da de s têm um papel imp or tan te a de_
se mpe nha r, assim como a Secretaria
de Educação, que já possui órgão es
pecia lizad o com a final idad e de dar
or ien tação e as si stência ao profes_
sor, na utilização de novas tecnolo
gias e métodos de avaliação." (Praxe_
des, 1983, p.94)
Os trabalhos analisados não apontam sugestões metodoló-
gicas que seriam adequadas ao ensino supletivo. A esse respeito , encontr amos uma única frase que aponta um caminho que não
se mostrou adequado:
"(...) a pre ferênci a do a lun o por cur
so nos dá uma indicação do que, pelo
menos atualmente, novas tecnologias,
como ensino por te le vi são, por exem
pl o, en con tra rão ou já estão encon-
trando re sis tências ." (Práxedes , 1980,
p.92)
De qualquer forma, o ponto de partida — ou de chegada
— para o trabalho de edu cação de adul tos i vi sto , pelos vá
rios autores, mais ou menos explicitamente, como sendo o apro
veitamento da experiência de vida dos alunos.
A saída: incentivo à criatividade
As propostas das três autoras que avaliaram a situação
dos cursos de suplencia de um ponto de vista mais amplo (Silva,
Práxedes e Galheigo) poderiam ser resumidas na idéia de incen
tivo à criatividade.
Ao mes mo tempo em que se re clama um mai or apoi o do Es_
tado no atendimento à clientela que não pode cumprir sua esco
larização basica na idade prevista por lei, as autoras apontam
que a centra liza ção das decisões a través de uma estru tura ver_
tical dos órgão s de po de r acaba por cria r um ambi ente ari do que
não contribui para a cria tivi da de neces sár ia para a busca de
soluções.
"(...) os pr ofes sor es dev em ter mais
oportunidade de opinar sobre o Curso,
procurando-se aproveitar suas contri_
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buições para o rep lan ejamento das a_
tividades, visando a melhoria do pro
cesso de ensino-aprendizagem.
(...) os alunos devem ter mais opor
tunidade de opinar sobre o desenvol
vimento do Curso, procurando-se apro
veitar suas contribuições para a rea_
limentação do processo ensino-apren
dizagem." (Silva, 1979, p.263-4)
Essa mesma au tor a, após tecer uma serie de considera_
ções aponta que:
"(...) a sol ução seria a oferta dealtern ativas metodo lógi cas aos alu-
nos do Curso Supletivo. Essas alter
nativas metodológicas iriam desde as
mais centradas no pro fessor ate as
mais centradas no educando, variando
entre mai s e menos es trutu ra da s ,usan_
do com mais ou men os in ten si da de re_
cursos tecnológicos e meios de comu
nicação." (Silva, 1979, p.283-4)
Essa idéia de oferta de al tern ativ as var iad as também
está pre sen te nas suges tões de. Galheig o sob o título de "Por
uma d ese strutur a ".
"Contrap ondo -se à estrutura atual à_
rida e de cará ter massi ficador , o ca
minho para a democratização na educa
cão em gera l (em todas as faixas de
idade) deveria começar pelo estímulo
à criatividade dos profissio nais em
ed ucação. Este estímul o consi stiria
em encorajar pr ojeto s, experiências
e alter nativa s ed uca cio na is , funda_
mentadas em pesquisas realizadas.
Entre estas expe ri ências , poderiam
ser criadas alternativas exclusivas
para os adultos que querem acelerar;alternativas para o aluno que não po-
de ter um horario fixo; alternativas
para o ad ol es cente que apr ese nta "dis_
torção séri e- id ad e" e que precisa
trabalhar; enfim, criar alternativas
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q u e e x p r e s s e m a v o n t a d e e a n e c es s i _
d a d e d a c o m u n i d a d e e o r i e n t a d a s pe_
l o s e s t u d o s f e i t o s e m n í v e l m u n ic i _
p a l .E s t a s e x p e r i ê n c i a s , d e p o i s d e s is te _
m a t i z a d a s p e l o L a b o r a t o r i o d e C u r r í
c u l o s , d e v e r i a m s e r d i f u n d i d a s , s e r
v i n d o d e e s t í m u l o p a r a q u e o u t r a s ex-
p e r i ê n c i a s s u r g i s s e m .
A s s i m , u m n o v o ' s i s t e m a ' e d u c a c i o n a l
s u r g i r i a . N ã o p a r a r e s p a l d a r u m m o d e
l o p o l í t i c o - e c o n ô m i c o a u t o r i t á r i o e
c o n c e n t r a c i o n i s t a , m a s p a r a a t e n d e rr e a l m e n t e à s n e c e s s i d a d e s p o p u l a r e s
e f a z e r c r e s c e r u m p r o j e t o s o c i a l de_
m o c r á t i c o . " ( G a l h e i g o , 1 9 8 4 , p . 1 1 3 - 4 )
R e c o m e n d a ç õ e s v á r i a s
A p r e s e n t a m o s a s e g u i r a s r e c o m e n d a ç õ e s d o s e s t u d o s e
p e s q u i s a s q u e n o s p a r e c e r a m m a i s s i g n i f i c a t i v a s . C i t a m o s a q u i
t a n t o a s r e c o m e n d a ç õ e s f e i t a s p e l a s p e s q u i s a s q u e t i v e r a m u m
c a r á t e r m a i s a m p l o , c u j a s c o n c l u s õ e s a c a b a m o s d e a p o n t a r , c o m o
a s r e c o m e n d a ç õ e s f e i t a s p o r o u t r o s e s t u d o s — a i n d a q u e n ã o te_
n h a m o s c o m e n t a d o s u a s c o n c l u s õ e s d a d a a e s p e c i f i c i d a d e d o s t e
m a s e /o u r e s t r i ç õ e s d a a m o s t r a p e s q u i s a d a .
A s r e c o m e n d a ç õ e s s ã o a r r o l a d a s n a o r d e m c r o n o l o g i c a d a
p r o d u ç ã o e m q u e s ã o r e f e r i d a s :
C a m p b l e l l ( 1 9 7 8 ) r e c o m e n d a :
" Q u e s e d e s e n v o l v a m p r o j e t o s v i s a n d oà e f e t i v a ç ã o d o S e r v i ç o d e O r i en t a_
ç ã o E d u c a c i o n a l e V o c a c i o n a l na s es_
c o l a s e s t a d u a i s s u p l e t i v a s d e 1 º
g r a u .
Q u e s e j a m o f e r e c i d a s h a b i l i t a ç õ e s pro_
f i s s i o n a i s a n í v e l d e 1 º g r a u n a s es_
c o l a s s u p l e t i v a s c o m o d i s c i p l i n a s 0 £
t a t i v a s .
Q u e s e j a i m p l e m e n t a d o o c u r s o d e 2 º
g r a u s u p l e t i v o s e l e c i o n a n d o - s e a s m o
d a l i d a d e s q u e a t e n d a m a m a i o r d e m a n
d a d a c l i e n t e l a e a p r e s e n t e p r o b a b i
l i d a d e s s a t i s f a t ó r i a s d e m e r c a d o d e
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trabalho." (p.47)
Da dissertação de Pfister (1979) temos as seguintes su
gestões relativas à integração entre o programa de educação in_
tegrada e o curso de suplencia de 5ª a 8ª séries do 1º grau:
"Que seja man tido o Curso Regu lar das
quatro últimas séries do 1º grau no
horário no tur no , parale lo ao Curso
Sup letiv o, para atender a clientela
mais jovem pri ncip alme nte com menos
de 16 anos.
Que seja man tid o o Servi ço de Orien-
tação na Educação Integrada, pois de_mons trou através da pes qui sa ser es_
sencial para a escolha de novos cur
sos.
Que haja adeq ua ção nos cu rrí culo s dos
dois curso s obje tiv an do as reais ne_
cessidades da clientela.
Que tal su ge stão seja execu tada em
convên io com a Uni ver sid ade e/ou en
tidades afins.
Que se faça uma re vi são nos pla nos
curriculares dos dois cursos visando
uma melhor integr ação.
Que os pl an ejame ntos , a nível de área
de estudo, sejam feitos entre os pro_
fessores dos dois cursos.
Que se es tud e as su ge stões dad as pe_
los professores do Curso Supletivo."(p.81 )
Silva (1979), ao final de sua avaliação de aspectos re_
lev ante s do curso sup le tivo no Rio Grande do Sul faz 17 reco-
mendações, das quais citamos as que nos pareceram mais signifi_
cativas :
"- Que o Sis tema de Ensin o es tude a
possibilidade de adotar uma política
que vise reter, no Ensino Supletivo,os recursos humanos preparados a fim
de maximizar os recursos financeiros
empregados no preparo específico de£
ses elementos e, ass im, garan tir a
qualidade do ensino;
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- que a equip e de ativ ação do DEE e
das Delegacias de Educação seja cons_
tituíd a de ele men tos q u e , ale m de ha_
bili tado s em su pe rv is ão, sejam pro_
fundos conhece do re s da filo so fia , ca_
racterísticas e metodologia do Ensi
no Supletivo* (...);
- que o Sistema de Ens ino , através
do DEE, promova um processo de educa_
ção permanente para os recursos huma_
nos que atuam nos Curso s Sup letiv os
(...);
- que os el eme nto s da eq ui pe de ati_vação do DEE e das Delegacias de Edu_
cação possam estar em permanente con
tato com a realidade, principalmente
através de visitas, procurando estar
suficie ntemente informados sobre o
funcionamento dos Cursos. (...);
- que o Sistema de Ensino s ensi bili
ze as In sti tuiçõe s de Ens ino Supe_
rior no sentido de que:
. enr iq ueça m o currí culo dos cursos
de licenciatura e as habilitações de
es pe cial is tas a fim de prep ara r re_
cursos humanos para atuarem, também,
com ad ul tos , de forma ade qua da;
. ofereçam cursos de atu al iza ção, a_
pe rfei çoame nto , esp ecial ização em e_
ducação de adultos (...);. colaborem com o DEE e com as Dele
gacias de Educação na ela bora ção de
recursos instrucionais adequados ao
Ensino Supletivo;
. realizem pesquisas na area do Ensi
no Suple tivo ;
. cola bore m na ativação dos Cursos
Suple tivos através de pales tras de
especialistas, encontros, seminários,
envolvendo os professores eo s demais
*grifo do autor.
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recursos humanos do Ens i no Supl etivo."
(p.271-75)
Da pesq uisa de Villardi (198 0) temos a segu inte re co-
mendaçao :
"Que as atividades das salas de aula
dos cursos de suplencia, bem como as
de outros cursos, sejam continuamen
te observadas e avaliadas, de modo a
contribuir para que esses cursos se
ap erfe içoe m e possam ating ir seus ob_
jetivos." (p.168)
Caldas (1982) sugere que:
"As Faculda des de Ed uca ção, através
dos re sul tado s desta pe sq ui sa , pos_
sam orientar seus estudos e direcio
nar cursos vol tado s para a formação
andr agógica do pr ofes sor , além da
formação pe da go gi ca, para que a edu_
cação brasil eir a possa contar com
profission ais habilitados a atuar ,também, junto à clientela adulta que
lota os cursos noturnos, como os alu_
nos do ensino su ple tivo , fase II I,
função suplencia." (p.68)
Práxedes (1983) apresenta algumas alternativas de solu_
ções para um maior equilibrio entre normas e pratica:
"- real ização de de bate s, simpósios
ou reu niões com a par ticipa ção dosórgãos oficiais (MEC, CFE, CEE, SE),
U n i v e r s i d a d e s , F acul d a d e s , E ntid a d es
criadas por leis específicas (SENAC,
SENA I, SESC, SE SI ), Associações de
Cla sse , empre sari os, representantes
dos meios de comunicação de mas sa ,
corpo docente e discente dos cursos,
e a criação de centro s de deba tes
permane ntes ;
- criação e instalação de um subsis
tema de Ensino Supl etivo e dentro
des te a criação e ins talação de um
sistema de comunicação e de informa-
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ç ã o e s p e c i f i c o p a r a o s u p l e t i v o ;
- d e f i n i ç ã o d e u m a P o l í t i c a E d u ca c i o _
n a l p a r a o E n s i n o S u p l e t i v o , a par_
t i r d e c o l e t a s i s t e m á t i c a d e i n f o r ma _
ç õ e s j u n t o a p r o f e s s o r e s , a l u n o s , c o r _
p o t é c n i c o e d i r e t i v o d a s e s c o l a s e
p a r t i c i p a ç ã o d e p r o f e s s o r e s e a l u n o s
n o p l a n e j a m e n t o d o s u p l e t i v o , b e m co_
m o d a u t i l i z a ç ã o d e r e s u l t a d o s d e
p e s q u i s a s j á e f e t u a d a s n a á r e a ;
- d e s e n v o l v i m e n t o d e m e t o d o l o g i a s a _
d e q u a d a s e i n c e n t i v o s à e x p e r i ê n c i a
p e d a g ó g i c a ;- r e a l i z a ç ã o d e c u r s o d e " r e c i c l a g e m "
p a r a o p e s s o a l e n v o l v i d o n a á r e a . "
( p . 9 7 - 8 )
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A L G U M A S I N D I C A Ç Õ E S A T Í T U L O DE C O N C L U S Ã O
A p e s a r d a s l i m i t a ç õ e s c o l o c a d a s e m r e l a ç ã o à g e n e r a l i .
z a ç ã o d e r e s u l t a d o s e c o n s i d e r a n d o o f a t o d e q u e o p r o j e t o g l o
b a l a i n d a n ã o e s t á c o n c l u í d o , c o n s i d e r a m o s s e r p o s s i v e l a l g u m a s
i n d i c a ç õ e s de c a r á t e r c o n c l u s i v o s o b r e o q u e f oi a t é a g o r a ana_
1 i s a d o .
P e rf i l d a c l i e n t e l a
• u m a p r i m e i r a q u e s t ã o q u e s e c o l o c o u p a r a a e q u i p e d e
p e s q u i s a d o r e s d i z r e s p e i t o à q u a n t i d a d e d e t r a b a l h o s e s c r i t o s
s o b r e o p e r f i l d a c l i e n t e l a e m r e l a ç ã o a o p e q u e n o c o n h e c i m e n t o
a c u m u l a d o c o m o p r o d u t o f i n a l . N a v e r d a d e , u m a b o a p a r t e d e t a i st r a b a l h o s e n f o c a r e a l i d a d e s m u i t o p a r t i c u l a r e s e d e d i f í c i l
g e n e r a l i z a ç ã o . Q u a n d o i s t o n ã o o c o r r e , e o p e s q u i s a d o r s e lan_
ç a a e s t a b e l e c e r l e v a n t a m e n t o s m a i s a m p l o s , a c a b a p o r d e d i c a r
t o d o s o s s e u s e s f o r ç o s n e s t e p r o j e t o e , a o f i n a l , n ã o h á c o nt i-
n u i d a d e e o s d a d o s d e s c r i t i v o s a c a b a m p o r p r e v a l e c e r p a r a o m o
m e n t o , d i f i c u l t a n d o u m a a n á l i s e m a i s q u a l i t a t i v a d o p rod ut o des_
t e s d a d o s .
D e s t a f o r m a , f a z - s e n e c e s s á r i o , c o m u m a c e r t a u r g ê n c i a ,
q u e s e c r i e u m s i s t e m a n a c i o n a l d e c o n t r o l e d e d a d o s s o b r e a
c l i e n t e l a d o e n s i n o s u p l e t i v o , o u q u e s e a d i c i o n e t a i s d a d o s
a o s s i s t e m a s j á e x i s t e n t e s . A e x e m p l o d o q u e o c o r r e n o E s t a d o
d e S ã o P a u l o , p o d e r - s e - i a , a n í v el e s t a d u a l , t e r u m s i s t e m a
m a i s a p r o f u n d a d o d e c o n t r o l e d e s t e s d a d o s , c o m o a p o r t e p a r a
a n á l i s e m a i s q u a l i t a t i v a s e c o m o b a s e p a r a p o l í t i c a s e d u c a c i o
n a i s . O s p e s q u i s a d o r e s p o d e r i a m d e s t a f o r m a d e d i c a r o s s e u s es_
f o r ç o s n a u t i l i z a ç ã o d e s t e s d a d o s p a r a o a v a n ç o d o c o n h e c i m e n _
t o e n ã o p r o p r i a m e n t e n a c o n s t r u ç ã o e c o n t r o l e d e t a i s i nf o r ma -ç õ e s , e m c o n d i ç õ e s m u i t o a q u é m d a s q u e p o s s u e m o s s i s t e m a s d o
s e t o r p u b l i c o .
P e r f i l d a i m p l a n t a ç ã o
u m a o u t r a q u e s t ã o c o m a q u a l n o s d e p a r a m o s c o m o proble_
m a é o f a t o d e q u e a p ó s 1 5 a n o s d a i m p l a n t a ç ã o d o s i s t e m a d e
e n s i n o s u p l e t i v o , a i n d a n ã o p o s s u í m o s u m b a l a n ç o m í n i m o d o per_
f i l d e s t a i m p l a n t a ç ã o . Nã o s ó nã o e x i s t e m d a d o s q u a n t i t a t i v o s so_
b r e o n ú m e r o d e p e s s o a s a t e n d i d a s n os v á r i o s e s t a d o s q u e p u de s_
s e m n o s i n f o r m a r s o b r e a a b e r t u r a d e o p o r t u n i d a d e s e du ca ci on ai s
q u e a L ei n 9 5 692/71 t er ia p e r m i t i d o c o m o e n s i n o s u p l e t i v o , C £
m o t a m b é m n ã o s e s a b e p o r q u e m e i o s - c u r s o s , e x a m e s , r á d i o ,
T V , c e n t r o s - t al i m p l a n t a ç ã o v e m o c o r r e n d o e m m a i o r o u m e n o r
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intensidade nas várias unidades da Fed er ação. Nao se sabe tam
bem, em termos de balanço geral, a forma pela qual nacionalmen
te e nas varias uni dad es da Fe der ação se configu rou a estrutu_
ra e o funcionamento das várias instâncias dedicadas ao ensinosupletivo.
Metodologia
uma apa ren te contr adi ção emerg e da anál ise dos traba_
lhos. Muito embora ser unânime por parte dos pe squ is ado res a
necessi dade de um maior des env olv imento dos estudos sobre o
campo da metodol ogi a adequa da ao ensino su pl eti vo , são prati_
camente inexistentes tais estudos a nível dos pesquisadores.
Muitas vezes, os numerosos trabalhos sobre perfil da clientelase orig inar am como parte de trabalhos que visava m ao desenvol_
vimen to de uma metod olo gi a mais coer ente com o tipo de alun o
que freqüenta o ensino supletivo. Tais análises, porém, não ul_
trapassaram, na maioria das vezes, o nível da descrição sócio
-econômica da cli en tel a, oferecend o dados pouco relev antes pa_
ra o des env olv imento de estudos em nível de ensino-aprendiza_
gem.
Ainda em relação i metodologia, pouco se tem diagnosti_cado sobre os meios utilizados, por exemplo, cursos ou exames,
como aque les mais adequ ado s aos objetivos expre sso s em lei ou
à clientela. Não se tem uma análise aprofundada das provas dos
exames de su pl en cia, bem como do funcion amento dos cursos de
maneira geral. Seria necessario um melhor sistema de acompanha_
mento e avaliação de tais meios.
Outro aspe cto dentro deste campo diz respe ito a crité
rios mais claros sobre as defi nições dos conteúdos a serem
trabalhados no campo do ensino supletivo. Não se tem uma refle_
xão mais aprofundada que pudesse uni r, além das posturas polí
tico-peda gogi cas dos pe sq ui sa do re s, dados sobre conteúdos for_
mai s, necessidades dos educandos e processos de ap rendi zagem.
Professores
0 estabelecido no Artigo 32 da Lei n9 5.692/71 apontan_
do que "o pessoal docente do Ensino Supletivo terá preparo ade_
quado às car acter ís ticas esp eciai s d esse tipo de e ns in o, de acor_do com as normas estabele cidas pelos Conse lhos de Edu cação" ,
aind a não se real izo u. Quase todos os tra balhos an ali sad os apon
tam para a precariedade com que esta formação tem sido realiza_
da , normal mente pela prática direta em sala de au la , sem acom
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panhamento ou sup erv isão. Ho je, no Br as il , sao praticamente
in exis tentes curs os que prep are m o profes sor para o ensi no su_
pl eti vo , seja no nível se cun dá ri o, seja no sup eri or ou pós-uni_
ver sitar io. Faz-se necessario o dese nvol vimento de uma política eficaz de formação e pes qui sa na area de ensino -aprend i_
zagem, sistematizando experiências já realizadas e fornecendo
subsídios para a melhoria da prática pedagógica do professor.
Meios ofertados e rendimentos
Ain da não se tem um balanço compar ativ o dos var ios
meios implantados para o desenvolvimento do ensino supletivo.
Nao há, como já afi rma mos , um perfil qua ntitativo desta im
plantação nos vários níveis do setor público, como também não
há um balanço qua litativ o destes meios que pude sse orie ntar
uma política de dese nvol vimento desta modal idad e de ensino a
nível na cion al . Seria necessá rio uma ver ificação mais sistemá
tica que pud esse incluir des de an áli se de cus to-be ne fício s ate
re sul tado s de de se mpen ho dos aluno s em cada um dos meios uti_
lizados: curs os , exames , rad io, telev isão, correspond ência e
centros de ensino supletivos.
Função social do ensino supletivo
Fin almen te, os dados anteriormente apontados não nos
permitem rea lizar uma aval iação mais signi ficativa da função
social do ens ino sup letiv o em sua prop osta de ampl ia ção de
opo rtunid ade s educacio nai s para adultos que não tenham segui_
do a escolaridade regular em idade própria.
Os estudos por nos analisados oferecem indicações pre_
liminares de que a implantação do ensino supletivo após a pro
mulg ação da Lei nº 5.692/71 teria ampliad o em termos qu an tity
tivos e formais as oportunidades de escolarização de jovens e
ad ul tos , mas revela m também níve is de eva são e rep etência ex_
tremamente ele va dos , indicativos de que mecanismos seletivos
já ide ntificad os no sistema de ens ino regu lar vêm se reprodu_
zindo na sup len cia em nívei s e intens ida de que não temos ele_
mentos suficie ntes para men su ra r. Também há ind icações preli_
minare s de que os conteúdos curricula res e as metodol ogi as
empreg adas - ao menos nos cursos e exames de suplen cia - nãovêm se mostran do adequ ados às necessida des da clie ntela . Tais
consi der ações nos levam a indicar um apr imoramen to na forma
como o ens ino s up leti vo vem sendo impla ntado ao longo dos úl_
timos 15 anos, no sentido de aproximá-lo da resposta mais ade_
quada às necessidades deste aluno adulto, oriundo em geral de
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g r u p o s p o p u l a r e s c o n s t i t u í d o s p o r t r a b a l h a d o r e s c o m p r e c á r i a
f o r m a ç ã o e s c o l a r .
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