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O Envelhecimento em Portugal Situação demográfica e socio-económica recente das pessoas idosas Documento preparado pelo Serviço de Estudos sobre a População do Departamento de Estatísticas Censitárias e da População

O Envelhecimento P ortugal m e - APP · em 1982, em Viena, de adoptar um plano internacional para o envelhecimento e traçar uma estratégia a longo prazo. ... Cerca de 50 anos depois

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O E n v e l h e c i m e n t o

em

Po r t u g a l

S i t u a ç ã o d e m o g r á f i c a

e s o c i o - e c o n ó m i c a r e c e n t e d a s

p e s s o a s i d o s a sDocumento preparado pelo Serviço de Estudos sobre a População do Departamento de Estatísticas Censitárias e da População

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O Envelhecimento em Portugal

3INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

NNoottaa IInnttrroodduuttóórriiaa

Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu, na sua 54ª Sessão, convocar uma IIAssembleia Mundial sobre o Envelhecimento, que terá lugar em Madrid, de 8 a 12 de

Abril de 2002, com o objectivo de avaliar os resultados da I Assembleia Mundial realizadaem 1982, em Viena, de adoptar um plano internacional para o envelhecimento e traçar umaestratégia a longo prazo.

À semelhança de acontecimentos anteriores o INE não quis deixar de se associar a esteevento, e preparou o presente documento com os dados mais recentes sobre a situação daspessoas idosas e sobre a forma como o fenómeno do envelhecimento demográfico se temprocessado nos últimos anos. O presente trabalho tem como referência o estudo sobre asgerações mais idosas, elaborado pelo INE em 1999, por ocasião do Ano Internacional dasPessoas Idosas e integra aspectos sobre as condições de vida e indicadores de pobreza,relações sociais e lazer, desenvolvidos em anteriores trabalhos oportunamente divulgados.

A intensidade do envelhecimento, os aspectos que envolve, assim como os novos desafios eoportunidades que se deparam a uma sociedade cada vez mais constituída por pessoas maisvelhas, tornam este tema sempre actual exigindo uma análise multidimensional.

As novas questões ligadas ao envelhecimento realçam a necessidade de substituição domodelo de ciclo de vida tradicional, dividido em três fases bastante distintas: educação,trabalho e reforma. A questão que envolve o envelhecimento e as pessoas idosas exige umareconceptualização, uma reforma da gestão da idade. O conceito de envelhecimento activo,criado pela Organização Mundial de Saúde, em 1997, que tem por base o princípio depermitir aos idosos que permaneçam integrados e motivados na vida laboral e social, pareceser uma solução encontrada, tornando-se indispensável difundir e implementar as medidas.

Torna-se cada vez mais necessário adaptar a idade da reforma ao prolongamento da vida eda forma saudável dos indivíduos idosos, adaptar os postos de trabalho, modificando regrase práticas em matéria de emprego, assegurar modalidades de trabalho mais flexíveis,incluindo a passagem gradual para a reforma, maximizar as potencialidades dos idosos,melhorar os ambientes de trabalho para tornar uma vida activa mais longa e, entre outros,eliminar atitudes e práticas de discriminação de idosos.

Março 2002

DECP / Serviço de Estudos sobre a População

A

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4 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

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O Envelhecimento em Portugal

5INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

ÍÍnnddiiccee

Nota introdutória ……………..……………………..…………………………… 3

I. Enquadramento geral …………………………..…………………………… 7

II. Aspectos demográficos ……………………..……………………………. 11

III. Aspectos socio-económicos ……………….…………………………… 19

IV. Relações sociais e lazer ……………………….…….…………………… 25

V. Condições de vida e indicadores de pobreza ……….……………… 31

Referências bibliográficas …………………………………………….……… 36

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6 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

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O Envelhecimento em Portugal

7INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

II.. EEnnqquuaaddrraammeennttoo GGeerraall

“Há uma idade na vida em que osanos passam demasiado depressae os dias são uma eternidade”

Virginia Wolf

envelhecimento pode ser analisado sobduas grandes perspectivas:

Individualmente o envelhecimentoassenta na maior longevidade dosindivíduos, ou seja, o aumento da esperançamédia de vida.

A este conceito estásubjacente o deenvelhecimento biológico,que a comunidade médicageralmente define como aalteração progressiva dascapacidades de adaptaçãodo corpo verificando-se,consequentemente, umaumento gradual das probabilidades demorrer devido a determinadas doenças quepodem precipitar o fim da vida.

Ainda neste contexto, podem verificar-sealterações a nível psicológico associadas àspessoas idosas. As perdas de memória oumaior dificuldade no raciocínio, são algunsexemplos. No entanto, algumas opiniões dacomunidade científica defendem que estaperda de inteligência é facilmentecompensada pela maior sabedoria que estaspessoas podem transmitir.

Por outro lado, as pessoas mais idosas estãotambém sujeitas a determinantes externosque podem desencadear algumasperturbações mentais ou comportamentais.É sabido que os idosos são muitas vezesalvo de situações de discriminação socialunicamente com base na idade, como étambém conhecido que são um dos gruposmais vulneráveis à pobreza. A estes factoresassociam-se a maior permeabilidade a

determinadas doenças físicas, bem comoalgumas características individuais que sepodem manifestar ou vivenciar de formadiferente em cada um dos sexos.

Socialmente também não é raro encontrarsituações deficitárias em relações familiaresou sociais. O isolamento, como as inúmerasformas de exclusão social de que são alvouma grande parte de pessoas idosascondicionam o desenvolvimento de umasociedade onde o envelhecimento possa servivido com maior qualidade de vida.

O envelhecimento demográfico, por seuturno, define-se pelo aumento da proporçãodas pessoas idosas na população total. Esseaumento consegue-se em detrimento dapopulação jovem, e/ou em detrimento dapopulação em idade activa1.

O fenómeno do envelhecimento resulta datransição demográfica, normalmentedefinida como a passagem de um modelodemográfico de fecundidade e mortalidadeelevados para um modelo em que ambos osfenómenos atingem níveis baixos,originando o estreitamento da base dapirâmide de idades, com redução deefectivos populacionais jovens e oalargamento do topo, com acréscimo deefectivos populacionais idosos.

1 No presente documento consideraram-se os seguintes

limites de idade em cada categoria: 0-14 anos(população jovem); 15-64 anos (população em idadeactiva ou população potencialmente activa); 65 emais anos (população idosa).

O

Individual:Maior longevidade dosindivíduos, aumento da

esperança média de vida

Demográfico:Aumento da proporçãodas pessoas idosas na

população total

Envelhecimento

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Enquadramento geral

8 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

Em Portugal, as alterações na estruturademográfica estão bem patentes nacomparação das pirâmides de idades em1960 e 2000.

Este fenómeno ocorreu em todos os paísesdesenvolvidos e verifica-se actualmente commaior intensidade nos países emdesenvolvimento.

Entre 1960 e 2000 a proporção de jovens(0-14 anos) diminuiu de cerca de 37% para30%. Segundo a hipótese média deprojecção de população mundial dasNações Unidas, a proporção de jovenscontinuará a diminuir, para atingir os 21%do total da população em 2050.

Ao contrário, a proporção da populaçãomundial com 65 ou mais anos regista umatendência crescente, aumentando de 5,3%para 6,9% do total da população, entre

1960 e 2000, e para 15,6% em 2050,segundo as mesmas hipóteses de projecção.De referir ainda que o ritmo de crescimentoda população idosa é quatro vezes superiorao da população jovem.

O envelhecimento demográfico não evoluide forma uniforme em todas as regiões doMundo. Considerando a população porregiões segundo o seu grau dedesenvolvimento 2, confirma-se que as maisdesenvolvidas iniciaram primeiro ofenómeno da transição demográfica, com apopulação jovem a evoluir segundo taxasnegativas desde 1970, enquanto o conjunto

2 Segundo a classificação das Nações Unidas, as

regiões mais desenvolvidas compreendem Europa,América do Norte, Austrália/Nova Zelândia e Japão; eas menos desenvolvidas compreendem todas asregiões de África, Ásia (excepto Japão), AméricaLatina e Caraíbas, mais Melanesia, Micronésia ePolinésia.

Figura I.1 - Pirâmide de Idades, Portugal 1960-2000

Fonte: INE/DECP, Estimativas e Recenseamentos Gerais da População

0,00,20,40,60,81,01,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

100

95

90

85

80

75

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

20

15

10

5

0

Idades

Em percentagem do total da população 1960 2000

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O Envelhecimento em Portugal

9INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

dos países menosdesenvolvidos apresenta taxasde crescimento positivas,embora relativamente baixas,aproximando-se do valor nuloa partir de 2030.

No que se refere à populaçãocom 65 e mais anos, podeobservar-se que nas regiõesmais desenvolvidas o ritmo decrescimento é bastante forteno início do período em análisecom tendência para atenuar aolongo do período (2,1%, em1960/70, 1,5%, em 1990/2000e 0,3% em 2040/50).

Ao contrário, nas regiões menosdesenvolvidas, a taxa média de crescimentoanual entre 1990 e 2000 atinge os 3,1%,

continuando a aumentar até 2040, devendoatenuar-se até 2050. Cerca de 50 anosdepois das regiões mais desenvolvidas,vive-se actualmente nas de menordesenvolvimento um aumento da proporçãode idosos a um ritmo bastante forte.

Em consequência das diferentes dinâmicasregionais, e à semelhança do que se verificano Mundo, também no território nacional adistribuição da população idosa não éhomogénea.

Numa repartição por NUTS II3 e tendo emconta os resultados provisórios dos Censos2001, verifica-se que o Norte detinha a maisbaixa percentagem de idosos no Continente.A maior importância relativa de idosospertencia ao Alentejo, seguido do Algarve edo Centro, deixando transparecer uma faixalitoral bastante menos envelhecida. ÀsRegiões Autónomas dos Açores e da Madeirapertenciam os menores níveis deenvelhecimento do país, ou seja, as zonasgeográficas com níveis de fecundidade maiselevados.

3 Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins

Estatísticos (NUTS) níveis I, II e III (Dec. Lei nº46/89, de 15 de Fevereiro)

0

10

20

30

40

1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050

R. mais desenvolvidasR. menos desenvolvidasMundo

Idosos

Jovens

em %

Figura I.2 – Evolução da proporção de jovens e idosos,Mundo, 1960-2050

Fonte: United Nations Population Division

Figura I.3 - Distribuição da Populaçãoidosa por concelhos, Portugal 2001

Fonte: INE/DME, Serviço de Geoinformação

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Enquadramento geral

10 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

As implicações do envelhecimento sãohabitualmente analisadas em duasdimensões: pela base da pirâmide temconsequências sobretudo a longo prazo, nasgerações activas futuras e no dinamismo domercado de trabalho; enquanto oenvelhecimento pelo topo se repercute acurto prazo, dependendo o seu grau damaior ou menor longevidade da população.

Este fenómeno social é um dos desafiosmais importantes do século XXI e obriga àreflexão sobre questões com relevânciacrescente como a idade da reforma, osmeios de subsistência, a qualidade de vidados idosos, o estatuto dos idosos nasociedade, a solidariedade intergeracional, asustentabilidade dos sistemas de segurançasocial e de saúde e sobre o próprio modelosocial vigente.

Por outro lado, uma sociedade constituídapor pessoas mais velhas pode criar outrasoportunidades em diversos domínios, novasactividades económicas e profissões,nomeadamente na área da prestação deserviços comunitários e de redes desolidariedade; ambientes e arquitectónicasdiferentes; padrões de consumo específicos,produtos e serviços criados à imagem dosconsumidores mais velhos com necessidadesespecíficas.

É importante ter em conta que os idosos dehoje são diferentes dos idosos de geraçõesmais antigas. Qualquer limite cronológicopara definir as pessoas idosas é semprearbitrário e dificilmente traduz a dimensãobiológica, física e psicológica da evoluçãodo ser humano. A autonomia e o estado desaúde devem ser factores a ter em conta,pois afectam os indivíduos com a mesmaidade de maneira diferente. Contudo, ademarcação é necessária para a descriçãocomparativa e internacional doenvelhecimento.

Igualmente não consensual é a designação aatribuir às pessoas idosas.

A Comissão da Comunidades Europeiasanalisou as respostas de um questionárioeuropeu que decorreu em 1992 sobre“Idade e Atitudes”. Neste estudo refere-se anecessidade de alteração do significado daexpressão “terceira idade” devido à suadesadequação, em consequência doaumento da esperança de vida, propondoque esta corresponda apenas ao grupo dos50-74 anos e uma nova designação de“quarta idade” para os 75 e mais anos.

Relativamente à designação das pessoasidosas, ou seja, o modo como cada umgostaria de ser tratado, a análise aoinquérito permite observar uma grandediversidade de respostas. A designação“pessoas mais velhas” foi a mais aceitepelos países que constituíam na altura aUnião Europeia (12). Esta é a expressãopreferida pelos idosos da Europa do Sul,com excepção dos italianos, que preferiram“pessoas de idade” ou “pessoas maisvelhas”. A designação “os mais velhos” foirejeitada por quase todos os paísesmembros, embora esta fosse a designaçãomais utilizada por políticos, gerontologistase pelos media, segundo o mesmo estudo. Aexpressão “cidadãos seniores” marcou aspreferências de alguns países da Europa doNorte, tais como, Reino Unido, Alemanha eIrlanda, enquanto os franceses e os belgaspreferiam ser chamados de “reformados”.

No presente documento, e à semelhança deanteriores estudos do INE sobre o tema,consideram-se pessoas idosas os homens eas mulheres com idade igual ou superior a65 anos, idade que em Portugal estáassociada à idade de reforma. Quanto àsdesignações, são utilizadas indiferentemente,pessoas idosas ou com 65 e mais anos,dado não existir nenhuma norma específicaa nível nacional.

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O Envelhecimento em Portugal

11INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

IIII.. AAssppeeccttooss ddeemmooggrrááffiiccooss

ntre 1960 e 2001 o fenómeno doenvelhecimento demográfico

traduziu-se por um decréscimo de cerca de36% na população jovem e um incrementode 140% da população idosa.

A proporção da população idosa, querepresentava 8,0% do total da populaçãoem 1960, mais que duplicou, passando para16,4% em 12 de Março de 2001, data doúltimo Recenseamento da População. Emvalores absolutos, a população idosaaumentou quase um milhão de indivíduos,passando de 708 570, em 1960, para1 702 120, em 2001, dos quais 715 073homens e 987 047 mulheres.

A superioridade numérica, em valoresabsolutos e relativos, da população idosaverifica-se desde 1999, segundo asestimativas de população aferidas para osresultados provisórios dos Censos 2001.

Esta análise segundo o género revela que,entre o sexo feminino, a proporção deidosas ultrapassou a de jovens do mesmosexo em meados da década de 90, enquanto

entre os efectivos do sexo masculino aproporção de jovens ainda se mantémactualmente superior à de idosos.

A superioridade numérica das mulheres, queé devida à maior esperança de vida,aumenta, naturalmente, com o avançar naidade. Por esta razão, as diferenças entre arelação de masculinidade da população totale a da população idosa são bem evidentes:93,4 e 72,4, respectivamente.

A taxa média de crescimento anual dapopulação com 65 e mais anos situou-se nos2,2%, entre 1960 e 2001 (à data dosCensos). No entanto, dentro da própriapopulação idosa o ritmo de crescimento nãoé homogéneo: no mesmo período, apopulação com 85 e mais anos registou umataxa de 3,5%, enquanto ao grupo dos 75 emais anos correspondeu uma taxa média decrescimento anual de 2,7%; revelando umritmo de crescimento bastante mais elevadoentre a população mais idosa.

Assiste-se assim, ao fenómenodo envelhecimento da própriapopulação idosa. A proporçãoda população com 75 e maisanos aumentou de 2,7% para6,7% do total da população,entre 1960 e 2000, e apopulação com 85 e maisaumentou de 0,4% para1,5%, no mesmo período. Deacordo com os resultadosprovisórios dos Censos 2001,estima-se que a importânciarelativa dos mais velhosaumente para 6,9% entre osde 75 e mais, mantendo-senos 1,5% do total dapopulação entre os de 85 emais anos.

Podem ser observados outros agrupamentosde idade utilizados normalmente emcomparações internacionais. Assim, naúltima década, a proporção de indivíduos

E

Figura II.1 – Evolução da Proporção da populaçãojovem e idosa, Portugal 1960-2001

Fonte: INE/DECP, Estimativas e Recenseamentos Gerais da População

29,1 28,5

25,5

20,0

16,0

16,413,7

11,49,7

8,0

1960 1970 1980 1990 2000

Idosos

Jovens

em %

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Aspectos demográficos

12 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

com 60 e mais anos aumentou de19,2% (1991) para 21,8%(2001), enquanto que o grupodos 80 e mais anos aumentou de2,6% da população total para3,5%, no mesmo período.Verifica-se, assim, mais uma vez,que a população mais idosaregistou um aumento maissignificativo4.

O índice de envelhecimento5

ultrapassou pela primeira vez os100 indivíduos em 1999. Esteindicador registou um aumentocontínuo nos últimos 40 anos,aumentando de 27 indivíduosidosos por cada 100 jovens, em1960, para 103, em 2001 (à data dosCensos).

As diferenças entre os sexos são bemevidentes sendo o envelhecimento maisnotório nas mulheres, em consequência dofenómeno da sobremortalidade masculina.Assim, o índice de envelhecimento traduziu-se, em 2001, em 122 mulheres e 84homens.

4 Os cálculos para 2001 (12 de Março) resultam de

estimativas com base nos resultados provisórios.5 Relação existente entre o número de idosos e o de

jovens, definido habitualmente como a relação entrea população com 65 ou mais anos e a população com0-14 anos.

O envelhecimento da população idosa,anteriormente referido, é uma realidadebem retratada pelo índice delongevidade6. Este indicador aumenta de34 para 42 indivíduos entre 1960 e 2001,segundo estimativas com base nosresultados provisórios. Mais uma vez, esteindicador é superior no caso das mulheres.

Os índices de dependência7 são tambémbastante ilustrativos do processo deenvelhecimento em Portugal.

Verifica-se que este rácio tem vindo a baixar(desceu dos 59 indivíduos em 1960 para os48 em 2001), devido exclusivamente àdiminuição do número de jovens. O declínioque se verifica no índice de dependência dejovens, implicará num futuro muito próximoo declínio da própria população em idadeactiva. 6 Relação existente entre a população com 75 e mais

anos e a população com 65 e mais anos; é umindicador adicional de medida de envelhecimento deuma população.

7 Relação existente entre o número de jovens (0-14anos) e o de idosos (65 e mais anos) e a populaçãoem idade activa (15-64 anos). O índice dedependência de jovens define-se como a relaçãoexistente entre o número de jovens e a população emidade activa; o índice de dependência de idososdefine-se como a relação existente entre o número deidosos e a população em idade activa.

Figura II.2 - Índice de Envelhecimento segundo osexo, Portugal 1960-2001

Fonte: INE/DECP, Estimativas e Recenseamentos Gerais da População

84

2127

36

56

122

3441

54

82

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000

por 100 jovens

Figura II.3 - Índice de Longevidadesegundo o sexo, Portugal 1960 e 2001

Fonte: INE/DECP, Recenseamentos Gerais da População

303836

44

1960 2001

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O Envelhecimento em Portugal

13INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

O índice de sustentabilidade potencial 8

diminuiu para metade entre 1960 (8) e2001 (4). Este rácio ilustra bem asconsequências do envelhecimentodemográfico nos sistemas de protecçãosocial.

Entre 1960 e 2001, a esperança média devida aumentou cerca de 11 anos para oshomens e cerca de 13 para as mulheres.

Como consequência da sobremortalidademasculina atinge-se o século XXI com umadiferença de 7 anos, favorável às mulheres

8 Quociente entre o número de pessoas em idadeactiva (15-64 anos) por cada indivíduo idoso (65 e maisanos).

que podem viver em média 79,4 anos(contra os 72,4 dos homens).

A diferença entre os sexos atenua-se àmedida que se avança na idade, embora avantagem do sexo feminino seja constante.Para 2000 estimou-se que os homens queatinjam os 65 anos vivam ainda, em média,mais 14,6 anos e as mulheres 18,1.

No sentido de complementar estainformação calcularam-se esperanças devida sem incapacidade física de longaduração (INE/INSRJ, 2000).

O estudo aponta para o factodo envelhecimento entre apopulação do sexo femininoter associadas um maiornúmero de incapacidades, ouseja, embora as mulheresvivam mais anos, aesperança de vida semincapacidades é bastantemais reduzida quandocomparada com a doshomens.

Esta conclusão é corroboradapelos valores dapercentagem de esperança

de vida passada sem incapacidade, de ummodo geral, sempre mais baixa nas

Figura II.5 - Esperança de vida (ex), segundo o sexo, Portugal 1960-2000

Fonte: INE/DECP, Estimativas e Recenseamentos Gerais da População

020406080

0 anos65 anos85 anos

0 20 40 60 80

1960

1970

1981

1991

2000

0 anos65 anos85 anos

Figura II.4 - Índices de Dependência segundo o sexo, Portugal 1960-2001

Fonte: INE/DECP, Estimativas e Recenseamentos Gerais da População

50 50 50 4743

3832

27 25

11 11 1314

1516

1819 21

60 61 6361

5854

4945 46

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2001

Índice de Dependência de Jovens Índice de Dependência de Idosos

43 43 43 42 38 3429 25 23

15 16 18 2021

2124

25 28

58 59 61 61 5956

5250 51

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2001

Índice de Dependência de Jovens Índice de Dependência de Idosos

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Aspectos demográficos

14 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

mulheres, com excepção para aincapacidade para a comunicação, cujosvalores se aproximam em ambos os sexos.

Segundo este estudo, em 1995/96, 44,9%dos homens com 65-69 anos e 34,9% dasmulheres do mesmo grupo etário podemesperar viver sem pelo menos um tipo deincapacidade. As diferenças entre os sexos,neste grupo etário, são mais significativasna esperança de vida sem incapacidadefuncional (12,7 pontos percentuais) eaproximam-se, como já se referiu, naesperança de vida sem incapacidade para acomunicação, em que a percentagem dehomens, neste grupo etário, atinge os70,3% e a de mulheres os 71,6% 9.

Por outro lado, os resultados dos Censos2001 permitem observar que a taxa deincidência da deficiência se agrava coma idade, pois, no grupo de população maisjovem (menos de 16 anos) aquela era cercade 1/3 mais baixa que os 6,1% de pessoascom deficiência encontrados para oconjunto da população, enquanto no grupodos idosos a taxa era mais do dobro danacional (12,5%).

9 Sobre a definição de cada uma das incapacidades

deve ser consultada a metodologia do estudoINE/INSRJ, 2000

Entre a população com deficiência o índicede envelhecimento é cerca de 5,5 vezessuperior ao da população total (por cadajovem com deficiência existem 5,5 idososnas mesmas condições).

A população idosa regista as taxas deincidência da deficiência mais elevadas emqualquer dos tipos, com excepção dadeficiência mental cuja taxa é semelhanteem todos os grupos de idade.

A relação de masculinidade da populaçãocom deficiência é superior a 100 (homenspor cada 100 mulheres) em quase todas as

Figura II.6 - Esperança de vida sem incapacidade física de longa duração,segundo o sexo, Continente 1995/96

Fonte: INE/ONSA, Caderno Temático nº 10

62,2

50,5

58,9

54,1

57,2

56,3

14,4

6,4

11,4

8,2

10,8

10,1

3,9

0,5

1,7

1,1

1,8

1,5

010203040506070

10-14 anos65-69 anos85 + anos

69,4

50,8

62,7

54,6

61,1

62,4

17,7

6,2

12,5

7,8

11,9

12,7

4,6

0,4

1,7

0,9

1,7

1,8

0 10 20 30 40 50 60 70

Esperança devida

De nenhum tipo

Para a locomoção

Funcional

Que restrinja a actividade

Para a comunicação

10-14 anos65-69 anos85 + anos

Figura II.7 – Taxa de incidência dadeficiência segundo o sexo, por tipo de

deficiência, Portugal 2001

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População

0 1 2 3 4 5

Auditiva

Visual

Motora

Mental

Paralisia Cerebral

Outra deficiência em %

Homens

Mulheres

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O Envelhecimento em Portugal

15INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

idades, excepto no grupo dos 65 e maisanos, reflectindo a superioridade numéricadas mulheres mais acentuada em idadesavançadas, à semelhança do que se verificaentre a população total. Ainda assim,comparando a estrutura da populaçãofeminina idosa total e da idosa comdeficiência, verifica-se que o número dehomens com deficiência éproporcionalmente mais elevado que o dasmulheres.

Relativamente à incidência de determinadasdoenças crónicas, o Inquérito Nacional deSaúde de 1998/1999 (Continente) permiteobservar que a hipertensão e as dores nascostas são as mais frequentes entre apopulação idosa inquirida.

Estas doenças, juntamente com a dodiabetes registam uma prevalência superiorentre as mulheres.

Noutra perspectiva, o mesmo inquéritopermite observar que o índice de massacorporal (IMC) médio da população com 65e mais anos ronda os 25,5, encontrando-sepróximo do indicador para a população total.Pode concluir-se que a obesidade não é umadoença que afecte muito este grupopopulacional, dado que, segundo a OMS, é a

partir do índice 30 que se considera umapessoa obesa.

Ainda neste contexto, refira-se que é umproblema que afecta mais as mulheres,sobretudo a partir dos 65 anos. Apercentagem de mulheres idosas com IMCacima dos 30 é de 17,2%, contra os 13,2%dos homens das mesmas idades.

Segundo a mesma fonte, a grande maioriados idosos toma 3 refeições diárias: 91,8%no caso dos homens e ligeiramente maisbaixa nas mulheres (89,9%).Consequentemente a importância relativados que tomam 2 refeições por dia é umpouco superior no caso das mulheres (9,3%contra 7,5% dos homens).

A maior parte dos idosos bebeu menos de250 ml de leite durante a semana anteriorao inquérito: 35,1% dos homens e 38,3%das mulheres, enquanto 29,1% e 23,1%,respectivamente, bebeu entre 250 e 500 ml.Acima desta quantidade os consumostornam-se muito pouco significativos. Dereferir ainda que 33,6% dos homens e27,0% das mulheres no grupo etário emanálise não bebeu leite durante o mesmoperíodo.

A maioria das mulheres idosas (68,1%)afirmou não ter consumido alguma bebidaalcoólica nos 12 meses anteriores aoInquérito Nacional de Saúde de 1998/1999.Este valor desce para 27,6% no caso doshomens com as mesmas idades. Emcontrapartida, 58,2% dos homens idososafirmaram ter consumido bebidas alcoólicasvarias vezes por semana durante o mesmoperíodo, enquanto a percentagem demulheres é bastante inferior. Os homens eas mulheres com 65 e mais anos queafirmaram consumir raramente bebidasalcoólicas registam valores muitosemelhantes.

O consumo diário de tabaco tambémregista percentagens mais elevadas entre os

0 20 40 60 80

Diabetes

Bronquiteasmática

Bronquitecrónica

Tensão alta

Dores nascostas

Homens

Mulheres

Figura II.8 – Prevalência dedeterminadas doenças crónicas

segundo o sexo, Continente, 1998/99

Fonte: INSA, Inquérito Nacional de Saúde

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Aspectos demográficos

16 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

homens, nas idades analisadas: 12,0%contra apenas 0,6% das mulheres. Osprimeiros fumam em média 15 cigarrosdiários enquanto nas mulheres fumadoraseste valor desce para 10.

Relativamente às principais causas demorte às doenças cérebro vasculares sãouma das mais importantes e incidemespecialmente sobre as mulheres. Aquelascausas, juntamente com os sintomas, sinaise afecções mal definidos, as outras doençasdo aparelho respiratório, nas quais se incluia pneumonia, e as doenças isquémicas docoração, constituem geralmente asprincipais causas de morte, estando naorigem de mais de metade dos óbitos deidosos.

Apesar de não constituir uma das principaiscausas de morte, o suicídio nestapopulação atinge proporções importantes nototal de suicídios registados anualmente. Ofenómeno foi objecto de uma análiseaprofundada durante quase toda a décadade 90, concluindo-se também que as taxasde suicídio dos idosos são mais elevadasentre os homens (INE, 1999).

A comunidade científica ligada ao estudo dapsicogerontologia aponta o facto do suicídio

ser mais frequente entre os homens comoconsequência dos seus traços depersonalidade.

Por outro lado, alguns indicadores daOrganização Mundial de Saúde (OMS)alertam para o facto de a depressãoconstituir a doença mais frequente entre asmulheres com proporções bastantesignificativas em idades avançadas. O ráciomédio é de 1,5 mulheres por cada homem,embora em determinados países estaproporção seja de 3.

O isolamento físico e psicológico a quegrande parte dos idosos estão votados,juntamente com acontecimentos fulcrais queafectam o modo de vida, tais como, a saídado mercado de trabalho sem ter sidoplaneada uma actividade alternativa, adiscriminação de que frequentemente sãoalvo no final da vida activa, a perda derelações sociais concentradas ao ambienteemprego, podem proporcionar sentimentosde solidão, baixa auto-estima, dificuldadesem enfrentar a situação e encontrar formasalternativas de ultrapassar positivamente oproblema.

Considerando, por outro lado, os dados doInquérito ao Emprego de 2001,determinaram-se os níveis de instruçãoda população idosa com base nas categoriasda International Standard Classification ofEducation (ISCED) utilizada pelas NaçõesUnidas10.

Pode verificar-se que mais de metade dapopulação com 65 e mais anos (55,1%) nãotinha qualquer nível de instrução,enquadrava-se no nível 0 do ISCED. Esta

10O nível 0 corresponde à educação pré-escolar (a não

frequência escolar também se enquadra neste nível);o nível 1 aos 1º e 2º ciclos do ensino básico; o nível 2ao 3º ciclo do ensino básico; o nível 3 ao ensinosecundário; o nível 4 não encontra correspondênciano sistema educativo nacional (corresponde a umensino pós-secundário que não é ensino superior); onível 5 corresponde ao ensino superior que englobabacharelato, licenciatura, DESE, pós-licenciatura emestrado; e o nível 6 ao grau de doutoramento.

0 20 40 60 80

Não bebeu

Várias vezespor semana

Cerca 1 vezpor semana

Cerca 1 vezpor mês

Raramente

Homens

Mulheres

Figura II.9 – Consumo de bebidasalcoólicas nos 12 meses anteriores

segundo o sexo, Continente, 1998/99

Fonte: INSA, Inquérito Nacional de Saúde

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O Envelhecimento em Portugal

17INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

proporção é superior no caso das mulheres(64,7% contra 41,3% dos homens).

Em segundo lugar surge o nível 1 detido por37,0% dos indivíduos idosos, com um pesorelativo superior no caso dos homens(48,0% contra 29,3% das mulheres).

Os níveis 2 a 6 do ISCED somam apenas7,9% da população idosa, correspondendo a3,4% os que detinham o nível 2 e a 2,4% osque detinham os níveis 5 e 6.

Pode concluir-se que apopulação idosa detém, de ummodo geral, baixos níveis deinstrução e, dentro desta, asmulheres registam níveis maisbaixos que os homens.

No que se refere à formaçãofamiliar, estudos anterioresrevelaram que a maior parteda população idosa vive com ocônjuge, embora estapercentagem seja bastantesuperior nos homens. Asobremortalidade masculina eo celibato definitivo femininosão fenómenos que podemestar na origem das diferentesformas de vivência familiar entre os doissexos (INE, 1999). A comprovar este factoestão as taxas de viuvez bastante mais

elevadas nesta população que em qualqueroutro grupo etário.

Por outro lado, a formação de uma novafamília entre a população idosa,designadamente os casamentos de segundaordem ou superior são mais frequentesentre os homens, assim como é entre estesque o tempo decorrido entre a dissolução docasamento anterior e a celebração de umanova união é mais reduzido.

Estimativas com base nos resultadosprovisórios dos Censos 2001 revelam queem 32,5% das famílias clássicas residiapelo menos um idoso e as famíliasconstituídas apenas por idososrepresentavam 17,5% do total dasfamílias11.

Entre 1991 e 2001 a proporção de famíliasclássicas com idosos (incluindo as famíliascom idosos e outros e as de só de idosos)aumentou cerca de 23%, passando de30,8% para 32,5%. Pode verificar-se,contudo, que enquanto as compostas poridosos e outros viram a sua importância

11 Sobre o conceito de família clássica e outros

conceitos censitários deve ser consultada apublicação dos “Censos 2001 – ResultadosProvisórios” (INE, 2002).

0 20 40 60 80

ISCED 0

ISCED 1

ISCED 2

ISCED 3

ISCED 5-6

Homens

Mulheres

Figura II.10 – Níveis de instruçãosegundo o sexo, Portugal 2001

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego

Figura II.11 – Evolução das famílias clássicas segundoa sua composição, Portugal 1991 e 2001

Fonte: INE, Recenseamentos Gerais da População

69,2 67,5

15,8 15,114,9 17,5

1991 2001

Sem idosos

Com idosos e outros

Só idosos

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Aspectos demográficos

18 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

relativa diminuir ligeiramente, as compostasapenas por idosos aumentaram cerca de36% no período intercensitário.

De referir ainda que do total de famílias sóde idosos a grande maioria são constituídaspor apenas um idoso (50,5%) e por doisidosos (48,1%).

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O Envelhecimento em Portugal

19INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

IIIIII.. AAssppeeccttooss ssoocciioo--eeccoonnóómmiiccooss

s resultados do Inquérito ao Empregode 2001 revelam que a maioria da

população idosa era inactiva (81%),representando cerca de 74% na populaçãomasculina e 86% na feminina.

Como é bem visível, os reformadosconstituem a parte mais importante destapopulação: 97,1% nos homens e 76,9% nasmulheres. É entre a categoria de domésticosque a diferença entre os sexos é mais visível(19,0% entre os efectivos do sexo femininoe 0,2% entre os do sexo masculino).

Estas diferenças entre os dois sexos nãosurpreendem dado que as mulheres idosaspertencem a uma geração à qual o exercícioda actividade económica era quaseexclusivamente da responsabilidade do sexomasculino.

O mesmo inquérito aponta para cerca de291,3 mil indivíduos activos com 65 e maisanos, dos quais 56,8% pertenciam ao sexomasculino e 43,2% ao feminino.

Nesta categoria, a maioria encontrava-se nasituação de empregado, sendo o número de

desempregados pouco significativo nestasidades.

Em estudos anteriores (INE, 1999) foidemostrado que há diferenças entre homense mulheres perante a idade da saída domercado de trabalho. As mulheres iniciam oprocesso de entrada na reforma no grupodos 45-49 anos, enquanto os homens o

fazem cerca de 10 anos mais tarde.

É um facto que a actividade económica estácada vez mais presente entre a populaçãoidosa. Entre 1992 e 2001, a populaçãoactiva com 65 e mais anos cresceu 64,1%,especialmente entre as mulheres, cujaproporção quase duplicou (91,8%) enquantoentre a população masculina este aumentonão ultrapassou os 47,8%.

O aumento das taxas de actividade, maisacentuado nas mulheres, durante a décadade 90 confirma esta ideia.

Os níveis de instrução da população idosasegundo a condição perante o trabalhorevelam uma estrutura bastante idêntica àencontrada para o total dos idosos(mencionada no Capítulo II), ou seja, amaioria dos idosos não tem qualquer nívelde instrução, e que esta característica é

O

Figura III.1 - Estrutura da População idosa inactiva, segundo o sexo,Portugal 2001

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego

Reformados76,9%

Estudantes0,1%

Domésticos19,0%

Outros inactivos

4,1%

Outros inactivos

2,7%

Domésticos0,2%

Reformados97,1%

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Aspectos socio-económicos

20 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

mais acentuada na população idosafeminina.

As mulheres inactivas detêm níveis deinstrução ligeiramente superiores aos dasque se encontram a exercer uma actividade.Esta diferença atinge os dois pontospercentuais no nível 2 e um pontopercentual no correspondente ao ensinosuperior. Entre a população masculinaverifica-se o mesmo com os detentores donível 2 do ISCED.

Analisando algumas características dapopulação idosa activa, que representacerca de 19% do total da população idosa,verifica-se que, em 2001, a maioria exerciaa sua actividade na área da Agricultura,produção animal, caça e silvicultura: 70,2%dos homens e 75,5% das mulheres; emseguida, mas com uma distância bastantesignificativa, surge a actividade de Comérciopor grosso e a retalho, reparação (11,0%dos homens e 8,6% das mulheres).

Neste contexto, não é de estranhar que aprofissão principal com maiorpercentagem de idosos seja precisamente ade Agricultores e trabalhadores qualificadosda agricultura e pesca com 69,0% doshomens e 73,5% das mulheres. Em segundaposição, surge a categoria de Quadrossuperiores da administração pública,dirigentes e quadros superiores de empresaentre a população masculina (8,6%) e a deTrabalhadores não qualificados entre afeminina (10,2%).

De referir ainda que a maior parte dosidosos se encontra na situação detrabalhador por conta própria: 83,6% doshomens e 75,0% das mulheres, e queapenas 11,2% e 12,5%, respectivamente,exercem uma profissão por conta de outrém.

Em termos globais, as mulheres idosastrabalham menos horas que os homens comas mesmas idades. Segundo a mesma fonte,mais de 50% das mulheres trabalha menosde 25 horas semanais, enquanto os homensregistam a maior proporção entre as 36-40horas semanais, com valores muitopróximos aos verificados entre as 16-25horas.

Durante a década de 90, a duração médiasemanal do trabalho da população idosaactiva reduziu-se cerca de 10 horassemanais.

19,5

23,2

26,4

8,1

13,9

10,3

1992 1994 1996 1998 2000

em %

Figura III.2 – Evolução das taxas deactividade segundo o sexo,

Portugal 1992-2001

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego

Figura III.3 – Níveis de instrução dapopulação idosa activa e inactivasegundo o sexo, Portugal 2001

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego

0

20

40

60

80

100

Activos Inactivos Activas Inactivas

ISCED 5-6

ISCED 3

ISCED 2

ISCED 1

ISCED 0

Homens Mulheres

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O Envelhecimento em Portugal

21INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

Considerando, por um lado, a evolução daestrutura etária da população no sentido doaumento proporcional dos efectivos maisvelhos, demonstrada no capítulo anterior e,por outro lado, a estrutura da populaçãoidosa inactiva, bem como o aumento dastaxas de actividade nas últimas décadas,especialmente entre as mulheres, é naturalque a importância relativa das despesaspúblicas da protecção social aumente.

Segundo o EUROSTAT12 as despesas com afunção velhice registam em 1999, emPortugal, a maior proporção do total dasprestações de protecção social, emborainferior à da média comunitária.

Entre 1980 e 1999, a importância relativadas despesas subjacentes a esta medida depolítica social aumentou de 34,0% para36,5% do total das prestações,representando, respectivamente, 3,7% e7,3% do Produto Interno Bruto.

Em 1997, segundo o Painel dos AgregadosDomésticos Privados da União Europeia(PAUE), as actividades diárias de 11,5%das mulheres e de 3,8% dos homens com65 ou mais anos incluíam tomar conta decrianças (dos próprios ou de outras pessoas) 12 Eurostat (2001), cálculos baseados no Sistema

Europeu de Estatísticas Integradas de ProtecçãoSocial (SESPROS)

ou cuidar de outras pessoas “comnecessidades de cuidados especiais pormotivos de velhice, doença, incapacidade,etc.”, de forma não remunerada.

Para além das actividades não remuneradaspredominarem nas mulheres, há tambémuma diferença significativa no tipo deactividades. Os cuidados com crianças e aoutras pessoas com cuidados especiais sãoprestados apenas por mulheres (0,5%).

A maior parte das mulheres idosas ocupammais de 28 horas semanais nos cuidados apessoas com necessidade de cuidadosespeciais, enquanto as que cuidam decrianças se repartem em idêntica

Figura III.5 – Actividades diárias nãoremuneradas segundo o sexo,

Portugal 1997

Fonte: INE, PAUE

1,3

5,4

2,5

5,6

0,00,5

Homens Mulheres

crianças outras pessoas crianças + outras

em %

Figura III.4 – Duração semanal detrabalho segundo o sexo, Portugal 2001

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego

0,0 10,0 20,0 30,0

Até 15 h

16-25 h

26-35 h

36-40 h

41-45 h

Mais de 45 h

Mulheres Homens

em %

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0

Menosde 14 h

De 14 a 28 h

Mais de 28 h

crianças

outras pessoas

Series5

crianças

outras pessoas

em %

Figura III.6 – Tempo despendido emactividades diárias não remuneradas

segundo o sexo, Portugal 1997

Fonte: INE, PAUE

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Aspectos socio-económicos

22 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

percentagem entre as 14 e as 28 horas e asque ocupam mais do que as 28 horas.

Os homens que cuidam de crianças são,como se viu, em número reduzido e a maiorparte ocupa menos de 14 horas semanaiscom essas actividades. Em contrapartida, osque prestam cuidados a outras pessoasdurante mais de 28 horas semanais elevam-se a 50%.

O Inquérito à Ocupação do Tempo (1999)permite confirmar as diferenças entre osdois sexos no que respeita a actividadesdomésticas e concluir que a herança deuma cultura baseada no modelopaternalista, com a responsabilidade dastarefas respeitantes ao lar a pertencer quaseexclusivamente às mulheres, está bastantepresente nas gerações idosas.

Como se pode observar, em algumas tarefastradicionalmente femininas, tais como apreparação de refeições, a limpeza regularda casa ou os cuidados com a roupa, é maisvisível a disparidade de comportamentosentre os sexos: à maior parte das mulheresque afirma fazê-lo sempre contrapõe-se aelevada proporção de homens que nunca ofazem.

Estas diferenças esbatem-se um pouco noque respeita à realização de comprashabituais. Embora a maior proporção demulheres responda sempre e a maiorproporção de homens responda nunca, aspercentagens de homens e mulheres aresponder com frequência e algumas vezespermite concluir que se verifica algumapartilha de tarefas nesta categoria.

Os trabalhos de jardinagem registam osvalores mais próximos entre os dois sexos.

Os serviços administrativos contracenam comas primeiras tarefas domésticas enunciadas,com responsabilidade quase exclusivamentefeminina, já que o número de homens quedizem ocupar-se deles sempre e comfrequência é superior ao das mulheres.

Esta análise é corroborada pela análise aotempo despendido semanalmente nestasactividades. Como se pode verificar, nasactividades em que as mulheres são asprincipais responsáveis são igualmente asque lhes ocupam mais tempo. Mais demetade das mulheres ocupa mais de 2 horassemanais a preparar refeições, a limpar acasa ou a cuidar da roupa. Nestas tarefas a

0 20 40 60 80 100

Sempre Com frequência Algumas vezesRaramente Nunca

0 20 40 60 80 100

Sempre Com frequência Algumas vezesRaramente Nunca

Preparar refeições

Limpeza regular da casa

Cuidar da roupa

Trabalhos de jardinagem

Serviços administrativos

Compras habituais

Figura III. 7 – Actividades domésticas diárias segundo o sexo, Portugal 1999

Fonte: INE, Inquérito à Ocupação do Tempo

Homens Mulheres

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O Envelhecimento em Portugal

23INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

maior parte dos homens não ocupa mais deuma hora semanal.

Da mesma forma, nas actividades em quehá maior repartição entre homens emulheres, também o tempo despendido émais repartido. É disso exemplo os trabalhosde jardinagem ou os serviçosadministrativos em que ambos os sexos seocupam semanalmente o mesmo tempo.

O grau de satisfação com o trabalho ouactividade principal entre a populaçãoidosa, é bastante positivo. Segundo o Paineldos Agregados Domésticos Privados daUnião Europeia, cerca de 37% dosindivíduos diziam estar relativamentesatisfeitos, enquanto 25% diziam-serelativamente insatisfeitos. Realça-se,

contudo, que o peso relativo dos que sesentem bastante ou totalmente satisfeitos ésuperior (21%) dos que se encontram nooposto da tabela, ou seja, os que se sentembastante ou totalmente insatisfeitos (17%).

As mulheres registam proporçõesligeiramente superiores de insatisfaçãoperante o trabalho ou actividade principal.

Entrando agora no domínio das receitas edespesas e considerando mais uma vez oPainel dos Agregados Domésticos Privadosda União Europeia, em 1997, a maioria dosidosos dependem das pensões como fontede rendimento principal: 85% dos idosos,contra apenas 6,3% da população nãoidosa. Cerca de 3% dos indivíduos com 65 emais anos dependem de outro tipo de

subsídios e cerca de 7% têm comoprincipal fonte de receitas rendimentosde alguma actividade ou deinvestimentos ou poupanças. Acresceainda que 5% da população idosainquirida afirmou não ter qualquerrendimento.

Comparativamente à vaga de 1994, osresultados do mesmo painel permitemafirmar que a percentagem relativa dapopulação idosa com pensões comoprincipal fonte de rendimento aumentoucerca de 15%. Um ligeiro aumentoverificou-se igualmente nos rendimentosde trabalho por conta própria.

No capítulo dedicado às condições devida e indicadores de pobreza, serão

Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

Menos de 1/2 hora 32,6 4,5 32,7 7,5 28,6 8,4 9,5 19,2 47,6 53,5 24,7 15,1

Entre 1/2 e 1 hora 25,3 11,9 22,8 13,7 31,1 15,8 16,1 17,9 28,5 28,6 28,6 24,9

Entre 1 e 2 horas 19,0 16,8 24,9 19,7 25,3 22,3 15,2 20,7 16,4 13,8 26,7 25,6

Mais de 2 horas 23,1 66,8 19,5 59,1 15,0 53,6 59,2 42,2 7,6 4,1 20,0 34,5

Trabalhos de jardinagem

Serviços administrativos

Compras habituais

Tempo despendido

semanalmente

Preparar refeições

Limpeza regular da casa

Cuidar da roupa

Quadro III.1 – Tempo despendido semanalmente nas actividades domésticasdiárias, segundo o sexo, Portugal 1999

Fonte: INE, Inquérito à Ocupação do Tempo

Figura III.8 – Grau de satisfaçãorelativamente ao trabalho ou actividadeprincipal segundo o sexo, Portugal 1997

Fonte: INE, PAUE

0 10 20 30 40

Totalmenteinsatisfeito

Bastanteinsatisfeito

Relativamenteinsatisfeito

Relativamentesatisfeito

Bastantesatisfeito

Totalmentesatisfeito

Homens

Mulheres

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Aspectos socio-económicos

24 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

analisados alguns aspectos dosrendimentos e das despesas dapopulação idosa, pobre e não pobre,numa perspectiva de agregado e combase nos Inquérito aos OrçamentosFamiliares.

A maioria dos homens e mulheres com65 e mais anos considera-se insatisfeitocom a sua situação financeira. O totaldas três classes de insatisfação soma70% no caso dos homens e 77% nocaso das mulheres.

A categoria que corresponde à totalinsatisfação regista 17% das respostasdo sexo masculino e 16% do feminino,e a de bastante insatisfeito, 20% e25%, respectivamente. Estes valorescontrastam com as baixas percentagens derespostas no outro extremo: menos de 1%de homens e mulheres responderam sentir-se totalmente satisfeitos e 4,4% de homense 1,8% de mulheres, consideraram-sebastante satisfeitos.

Figura III.9 – Grau de satisfaçãorelativamente à situação financeira segundo

o sexo, Portugal 1997

Fonte: INE, PAUE

0 10 20 30 40

Totalmenteinsatisfeito

Bastanteinsatisfeito

Relativamenteinsatisfeito

Relativamentesatisfeito

Bastantesatisfeito

Totalmentesatisfeito

Homens

Mulheres

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O Envelhecimento em Portugal

25INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

IIVV.. RReellaaççõõeess ssoocciiaaiiss ee llaazzeerr

participação das pessoas idosas comomembros em organizações culturais ou

sociais, tais como, clubes desportivos,recreativos, associações de bairro oupartidos políticos, regista valores poucosignificativos, embora mais elevados noshomens: 18,7% contra 5,2% de mulheres.

A frequência com que se estabelecemrelações sociais e de vizinhançaatingem, por seu turno, proporções bastantesignificativas. Como se pode verificar, amaior parte dos homens e mulheres idososconversam todos os dias quer com vizinhosquer com amigos ou familiares (semresidência comum), embora neste caso asfrequências sejam mais reduzidas.

Mais de 68% das pessoas com 65 e maisanos conversam com vizinhos diariamente.A frequência acumulada aumenta para cercade 90% em ambos os sexos se seconsiderar a classe de uma ou duas vezespor semana.

No que se refere às reuniões com amigos oufamiliares, dado que fisicamente oafastamento é maior, as proporções descempara os cerca de 36% na frequência diária e

rondam os 33% na classe de uma ou duasvezes por semana.

As diferenças entre os sexos são poucosignificativas.

De referir ainda que, segundo o Inquérito àOcupação do Tempo, em 1999, 10,2% doshomens e 16,6% das mulheres dão apoio aoutras famílias.

No que respeita a actividades de lazer, ede acordo com a mesma fonte, a quasetotalidade das pessoas mais velhas vêtelevisão (cerca de 98% de homens e 94%de mulheres), e fá-lo diariamente (cerca de89% para ambos os sexos).

A

Fonte: INE, IOT

Figura IV.3 – Frequência com que vêtelevisão segundo o sexo, Portugal 1999

0 20 40 60 80 100

Todos osdias

Comfrequência

Raramente

Homens

Mulheres

em %

Figura IV.1 – Frequência de conversascom vizinhos, Portugal 1997

Fonte: INE, PAUE

0 20 40 60 80

Praticamentetodos os dias

1 ou 2 vezespor semana

1 ou 2 vezespor mês

Menos que 1vez por mês

Nunca

Homens

Mulheres

em %

Figura IV.2 – Frequência de reuniõescom amigos/familiares, Portugal 1997

Fonte: INE, PAUE

0 20 40 60 80

Praticamentetodos os dias

1 ou 2 vezespor semana

1 ou 2 vezespor mês

Menos que 1vez por mês

Nunca

Homens

Mulheres

em %

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Relações sociais e lazer

26 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

Dos cerca de 2,3% dos homens e 6,4% dasmulheres que não vêem televisão, umapequena parte é porque não gosta,invocando os restantes razões diversas.

As mulheres registam proporções maiselevadas em quase todos os períodos emque vêem televisão, com excepção da horado almoço, cujos valores relativos sãosemelhantes em ambos os sexos, e comuma boa aproximação à hora do jantar e ànoite.

Pode concluir-se, assim, que as mulheresvêem menos televisão, mas quando vêemfazem-no por períodos de tempo maislongos que os homens. Este facto decorreprovavelmente de as mulheres regra geralse encontrarem mais tempo em casa.

O cinema não regista muitos adeptos entrea população idosa. Nos 12 mesesantecedentes ao inquérito, apenas 2,7% doshomens e 3,0% das mulheres foram aocinema.

Entre as razões apontadas para não ir aocinema, destacam-se a preferência pelatelevisão, seguida de problemas de visão edificuldades em visionar a tela. Importanteigualmente o facto de não ter companhia e,curiosamente, o não tempo disponível ter

sido apontado por cerca de 4% dosinquiridos idosos.

Os jornais são lidos sobretudo por homens(quase 50%) contra 23% de mulheres.

A maior percentagem de homens fá-lo todosou quase todos os dias, enquanto a maioriadas mulheres lê o jornal uma vez porsemana. As posições mantêm-serelativamente à leitura de jornais durante asférias, embora as proporções aumentem emambos os sexos.

Dos que responderam não ler jornais, amaioria justifica-se pela falta de interessedos mesmos ou mais uma vez pelapreferência pela televisão. O preço dosjornais também é mencionado por algunsinquiridos.

A leitura de revistas regista proporçõesligeiramente superiores de mulheres: 22,9%contra 20,4% dos homens.

As razões para não ler revistas são muitosemelhantes às apontadas para não lerjornais.

Nos 12 meses anteriores ao inquérito cercade 14% das mulheres e 16% de homensafirmam ter lido livros. Destes, a maioria leuentre 1 a 5 livros: 63,7% dos homensinquiridos e 81,4% das mulheres. De referir

0 20 40 60 80

Manhã

Almoço

Tarde

Fim de tarde

Jantar

Noite

Homens

Mulheres

em %

Fonte: INE, IOT

Figura IV.4 – Períodos em que vêtelevisão segundo o sexo, Portugal 1999

0 20 40 60

Foi aocinema

Costumaler jornais

Costumaler revistas

Leu livros

Homens

Mulheres

em %

Fonte: INE, IOT

Figura IV.5 – Lazer e actividadesrecreativas nos 12 meses anteriores

segundo o sexo, Portugal 1999

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O Envelhecimento em Portugal

27INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

ainda que 27,2% dos homens e11,6% das mulheres leu entre 6 e20 livros durante o ano precedenteao inquérito.

As razões apontadas para não lerlivros são também muito idênticas àsdas categorias anteriores.

Relativamente ao género de livrosque lêem, denotam-se algumasdiferenças entre os sexos: se é umfacto que quer homens quermulheres apontaram o romancecomo um dos géneros preferidos,enquanto os homens apontaramcomo preferido o género histórico-político, as mulheres adicionaram aoprimeiro a poesia.

Apesar da esmagadora maioria dos idososinquiridos raramente (ou nunca) passar finsde semana fora de casa (cerca de 83% dosidosos), segundo o mesmo inquérito, os queo fazem dizem ver menos televisão (cercade 6%), passear mais e conviver mais coma família ou amigos (cerca de 4% em cada).

Em estudos anteriores já foi mencionada abaixa percentagem de idosos que fazemférias fora da sua residência habitual (cercade 13% em 1998). As principais razões

apontadas para o não gozo das férias foramos motivos financeiros, seguido, a algumadistância, de não terem sentido necessidade(INE, 1999).

A maioria dos idosos não exerceu qualqueractividade sociocultural nos 12 mesesantecedentes ao inquérito. Ainda assim,cerca de 27% dos homens e 19% das

mulheres afirmam ter frequentadofestas populares algumas vezes e 12% e8%, respectivamente, afirmam tervisitado museus ou exposições, tambémalgumas vezes. De referir ainda quecerca de 17% dos homens afirmaram terjogado às cartas, xadrez ou damas, comalguma frequência.

Estes valores, que reflectem umaparticipação sociocultural relativamentebaixa entre a população com mais idade,contrastam com outras formas deconvívio com amigos ou familiares. Podeobservar-se que a maior parte doshomens e mulheres respondeu tervisitado ou ter sido visitado por amigos

ou familiares algumas vezes e mais de 30%dizem fazê-lo com frequência. Contudo, nãose pode descurar os cerca de 14% dehomens e 16% mulheres que afirmaram tal

Fonte: INE, IOT

Figura IV.6 – Género de livros que leu nos12 meses anteriores segundo o sexo,

Portugal 1999

0 10 20 30 40

Poesia

Ficção científica

Romance

Aventura e/ou policial

Histórico/político

Saúde, crianças e família

Livros técnicos

Biografia

Outro género

Homens

Mulheres

em %

0 2 4 6 8

Vê mais televisão

Vê menos televisão

Lê mais livros

Lê mais jornais

Lê mais revistas

Passeia mais

Convive com família ou amigos

Descansa mais

Homens

Mulheres

em %

Fonte: INE, IOT

Figura IV.7 – Actividades quando passa ofim de semana fora de casa segundo o

sexo, Portugal 1999

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Relações sociais e lazer

28 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

não ter acontecido durante todo o anoanterior. De facto, a solidão entre apopulação idosa é um problema bastanteactual, com efeitos geralmente perniciososrelativamente ao seu bem estar e saúde.

Estes resultados são consistentes comestudos anteriores e com outras fontes deinformação. Segundo o Inquérito Nacionalde Saúde, em 1998/1999, a maioria dosidosos 13 não praticou qualquer exercíciofísico nos 12 meses anterioresao inquérito, preferindoactividades mais sedentáriascomo ver televisão ou ler, cujacategoria recolhe 77,8% dasrespostas do sexo masculino e89,6% das do sexo feminino.

Ainda assim, 19,3% dos homensidosos e 8,7% das mulherescom as mesmas idades praticamactividades como passear a péandar de bicicleta ou praticaroutras actividades leves, pelomenos 4 horas por semana.

13 excluindo os sempre acamados, sempre sentados e

limitados à casa

Por outro lado, tendo em conta o nível deesforço físico que as actividades diáriasexigem desta população, verifica-se que amaioria das mulheres (48,1%) se situa nonível de esforço mais reduzido, quecorresponde a estar habitualmente sentado eandar pouco, enquanto a maioria dos homens(48,7%) se situa no nível 2: estar em pé ouandar bastante sem ter que levantar outransportar objectos muitas vezes.

0 20 40 60

Estar habitualmente sentado eandar pouco

Estar em pé ou andar bastante,sem ter que levantar ou

transportar objectos muitas vezes

Levantar ou transportar cargasleves ou subir e descer escadas

várias vezes

Trabalho físico pesado outransportar cargas muito pesadas

Homens

Mulheres

Fonte: INSA, Inquérito Nacional de Saúde

Figura IV.8 – Nível de esforço físico despendido nasactividades diárias segundo o sexo,

Continente 1998/1999

Quadro IV.1 – Actividades socioculturais praticadas nos 12 meses anteriores,segundo o sexo, Portugal 1999

Com frequência

Algumas vezes

Só em férias NuncaCom

frequênciaAlgumas

vezesSó em férias Nunca

3,6 2,1 0,5 93,8 Praticou desporto 0,9 0,6 0,1 98,4

7,4 17,0 1,5 74,1Jogou às cartas, xadrez,

damas (…)0,9 3,4 0,4 95,4

1,2 1,2 0,0 97,6Cantou num coro, tocar

numa banda1,5 0,3 0,1 98,1

5,4 9,8 0,4 84,5Freq. associações

recreativas0,8 2,8 0,4 96,0

2,0 27,1 2,5 68,4Freq. festas populares ou

bailes0,8 18,7 3,5 77,0

1,3 11,9 1,4 85,3Freq. museus ou

exposições1,5 7,9 1,7 89,0

0,8 3,4 0,3 95,5 Freq. bibliotecas 0,9 0,5 0,2 98,4

5,4 41,8 3,3 49,4Fez refeições fora c/ familiares ou amigos

4,2 36,8 3,0 55,9

30,2 54,9 1,2 13,7Visitou ou foi visitado por

amigos/familiares33,0 50,2 1,3 15,5

Fonte: INE, IOT

Homens Mulheres

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O Envelhecimento em Portugal

29INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

Relativamente à ocupação do tempopropriamente dito, a maior parte dapopulação nesta idade afirma não se sentirapressada: 81,3% dos homens e 77,3% dasmulheres.

No entanto, dos cerca de 21% que sesentem apressados, 35,7% dos homens e28,8% das mulheres sentem-no diariamentee 26,1% e 35,4%, respectivamente, comfrequência.

Neste sentido, regista-se um elevadonúmero de respondentes que afirmam terdificuldade em realizar todas as tarefas quepretendiam no tempo disponível,inclusivamente durante o fim de semana.

A proporção dos inquiridos que afirmam tertempo disponível sem saber o que fazer comele é, assim, relativamente baixa. Noentanto, os cerca de 8% dos homens que

afirmam ter tempo sem saber o que fazer,todos os dias ou com frequência, contrastamcom os apenas 3% das mulheres.

O tipo de ocupações que escolheriam notempo disponível ilustra bem diferentesatitudes entre homens e mulheres a esterespeito.

Com valores muito semelhantes surgem notopo o convívio com a família e a frequênciaa espectáculos. Depois as mulheresdestacam-se no exercício de trabalhovoluntário e actividades religiosas e nadedicação de mais tempo aos trabalhosdomésticos ou aos cuidados familiares e oshomens no descanso, nos hobbies e jogos,no desporto e, por fim, com umapercentagem também superior à dasmulheres, à jardinagem e cuidados deanimais domésticos.

Fonte: INE, IOT

Figura IV.9 – Ocupações que escolheriam no tempo disponível segundo o sexo,Portugal 1999

0 5 10 15 20 25

Trabalhava

Estudava

Trab. domésticose cuidados familiares

Jardinagem ou animais domésticos

Voluntariado ou activ. religiosas

Convivia com a família

Convivia com os amigos

Espectáculos, excursões ou viagens

Prativa desporto

Praticava hobbies, jogos

Meios audio-visuais

Dedicava-se à leitura

Não fazia nada, descansava

Outra ocupação

Homens

Mulheres

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Relações sociais e lazer

30 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

As características tradicionalmente maisaltruístas por parte das mulheres, adedicação aos outros e o facto doshomens tradicionalmente determinaremmais tempo para si próprios está assimbem patente.

O Painel dos Agregados DomésticosPrivados da União Europeia, de 1997,indica que cerca de 40% dos idososinquiridos, homens e mulheres, sentem-se relativamente satisfeitos com aquantidade de tempo disponível. Se seadicionarem as respostas na classe debastante satisfeito, aquela percentagemaumenta para cima dos 60%.

0 10 20 30 40 50

Totalmenteinsatisfeito

Bastanteinsatisfeito

Relativamenteinsatisfeito

Relativamentesatisfeito

Bastantesatisfeito

Totalmentesatisfeito

Homens

Mulheres

Fonte: INE, PAUE

Figura IV.10 – Grau de satisfaçãorelativamente ao tempo disponível

segundo o sexo, Portugal 1997

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O Envelhecimento em Portugal

31INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

VV.. CCoonnddiiççõõeess ddee vviiddaa eeiinnddiiccaaddoorreess ddee ppoobbrreezzaa

lguns estudos efectuados nesta áreaevidenciam que os idosos são um dos

grupos populacionais mais vulneráveis àpobreza e à exclusão social, quer por seremum grupo socialmente marginalizado, querpor, na sua maioria, usufruírem derendimentos que se situam abaixo do limiarde pobreza.

A população idosa acumula, comoevidenciado em capítulos anteriores, baixosníveis de instrução, baixos rendimentos,isolamento físico e social, baixa participaçãosocial e cívica, a que se juntam condições desaúde, de habitação e confortodesfavoráveis.

As mulheres idosas consideram que têm umestado de saúde mais precário que oshomens. Segundo o Inquérito Nacional deSaúde, em 1998/1999, ambos os sexosacumulam as maiores percentagens nascategorias de mau e razoável. No entanto,enquanto 14,5% dos homens afirmam que oseu estado de saúde é bom tal grau éapontado apenas por 6,5% das mulheres. Dereferir ainda que cerca de 12,7% dasmulheres e 7,2% dos homens indicaram terum estado de saúde muito mau.

A maior parte das mulheres com 65 e maisanos consultou entre duas e três vezes ummédico nos três meses anteriores aoinquérito (34,0%). A percentagem dasmulheres que foram uma única vez aomédico (24,9%) é ligeiramente inferior à dasque não foram (27,5%). No que se refereaos homens, a maior parte não consultoualgum médico durante aquele período(35,3%) e os que o fizeram entre duas e trêsvezes representaram 28,6%.

A maior parte dos homens e das mulheresque consultaram o médico nos três meses

anteriores ao inquérito fizeram-no por sesentirem doentes. Outras razões como fazerexames de rotina, motivados ou não poralguma doença, registaram também valoressignificativos.

A especialidade médica com maiorfrequência (na última consulta dosinquiridos) foi a clínica geral, medicina gerale familiar, quer para homens (75,7%), querpara mulheres (81,6%), com percentagensbastante distanciadas das outrasespecialidades. Das restantes salientam-seas consultas de cardiologia e urologia, com

A

Fonte: INSA, Inquérito Nacional de Saúde

Figura V.1 – Estado de saúde segundoo sexo, Continente 1998/1999

0 10 20 30 40 50

Muito bom

Bom

Razoável

Mau

Muito mau

Homens

Mulheres

0 2 4 6

Cardiologia

Estomatologia

Neurologia

Oftalmologia

Oncologia

Ortopedia

Urologia

Homens

Mulheres

(em %)

Fonte: INSA, Inquérito Nacional de Saúde

Figura V.2 – Consultas médicas poralgumas especialidades, segundo

o sexo, Continente 1998/1999

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Condições de vida e indicadores de pobreza

32 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

maior frequência entre os homens eortopedia e oncologia entre as mulheres.

Segundo a mesma fonte, a grande maioriada população inquirida, e os idosos emparticular, utiliza o subsistema do ServiçoNacional de Saúde, não registando formasalternativas nos cuidados de saúde. Apercentagem da população que tem segurode saúde é bastante baixa, especialmenteentre a população idosa.

A apreciação sobre os cuidados de saúdeprestados é mais favorável entre osinquiridos que utilizaram hospitais ou clínicasprivadas que entre os utilizadores doshospitais públicos ou centros de saúde.

Dos cerca de 32% de homens idosos e 43%de mulheres nas mesmas idades queconsultaram um centro de saúde nos trêsmeses anteriores ao inquérito, o nível derazoável recolheu cerca de 27% dasrespostas relativas aos médicos e cerca de37% no que respeita ao estado geral dasinstalações.

Por outro lado, a opinião geral dos utentesidosos dos hospitais públicos (cerca de 13%)sobe um pouco no que respeita aos médicosmas baixa relativamente ao estado geral dasinstalações.

Os utilizadores com 65 e mais anos dehospitais ou clínicas privadas, que são emnúmero bastante mais reduzido, são osúnicos cuja apreciação dos cuidados desaúde registam respostas significativas àcategoria de bom, nomeadamente no querespeita aos médicos, aos enfermeiros e aoestado geral das instalações.

Uma das formas de avaliar as condições devida de uma população passa pelacaracterização das suas condições deconforto.

Segundo os Inquéritos aos OrçamentosFamiliares (IOF) de 1989/90 e 1994/95, acaracterização dos alojamentos, o

levantamento das infra-estruturas básicasdos mesmos e dos bens de equipamentodoméstico existentes possuídos na primeirametade da década de 90, revelam umamelhoria das condições de vida da populaçãoem geral.

No entanto, apesar da melhoria em termosgerais no que respeita às infra-estruturasbásicas dos alojamentos, os agregados comidosos continuam a apresentar resultadosque reflectem piores condições quandocomparados com a população em geral.

Em 1995, 1,5% dos agregados (ADP) comidosos não possuíam quaisquer infra-estruturas básicas nos seus alojamentos, taiscomo, água canalizada, electricidade,instalações sanitárias ou sistema de esgotos.

Considerando os diversos tipos de agregadoscom idosos 14, e segundo a mesma fonte,verifica-se que os idosos sós revelam aindapiores condições: 2,8% não possuíam 14 Por Agregado Doméstico Privado (ADP) entende-se:

- o conjunto de indivíduos que reside no mesmoalojamento e cujas despesas habituais emalojamento e alimentação são suportadasconjuntamente (orçamento comum),independentemente da existência de laços deparentesco;- o indivíduo que ocupa integralmente umalojamentos ou que, partilhando-o com outrosindivíduos, não satisfaz a condição anteriormentecitada.

0 20 40 60 80

Muito bom

Bom

Razoável

Mau

Muito mau

Centros Saúde

Hosp. Públicos

Hosp/clínicas privada

Fonte: INSA, Inquérito Nacional de Saúde

Figura V.3 – Apreciação sobre osmédicos, segundo o serviço utilizado,

Continente 1998/1999

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O Envelhecimento em Portugal

33INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

cozinha; 15,1% não possuíam águacanalizada; 4,6% não tinham acesso aelectricidade; 18,3% e 18,6% nãodispunham de instalações sanitárias e desistema de esgotos, respectivamente. Dereferir ainda que, deste tipo de agregados,3,1% viviam sem quaisquer infra-estruturasbásicas nos seus alojamentos.

As consecutivas medidas de política social nosentido de melhorar as condições dehabitação permitiram que a percentagem deidosos a residir em barracas ou noutroslocais não convencionais de habitação tenhadiminuído de 3,0% para 0,9% nos períodosabrangidos pelos IOF.

Uma análise mais detalhada da populaçãoidosa que vive só, revela uma situação demaior desvantagem dos indivíduos do sexomasculino.

Por outro lado, determinados bens deequipamento básicos, como o fogão ou ofrigorífico, detêm uma cobertura que atingea quase totalidade dos alojamentos (acimados 90%). Foram identificados tambémoutros equipamentos domésticos queregistaram uma acentuada difusão entre osdois inquéritos, tanto na população em geralcomo na idosa: a televisão a cores (79,9%dos agregados com idosos em 1994/95), amáquina de lavar roupa (59,0%), a arcacongeladora (45,4%) e o telefone (65,0%),constituem um bom exemplo.

No entanto, outro tipo de bens que podemproporcionar algum conforto a quem delesusufrui, como por exemplo os aparelhos deaquecimento ou ar condicionado, ou mesmo,as máquinas de lavar e secar roupa,registam baixa representatividade em algunsdos agregados com idosos.

Mais uma vez surgem situações de claradesvantagem dentro dos agregados comidosos: os agregados constituídos por umidoso só, encontram-se numa situaçãomenos favorável quanto à posse de bens de

equipamento relativamente a outros tipos deagregados com idosos. A existência detelevisão a cores cobria 64,6% daquelesagregados, 40,4% possuíam máquina delavar roupa, 19,3% arca congeladora eapenas 50,3% possuíam telefone.

Considerando ainda este tipo de agregados,verifica-se, mais uma vez, que osconstituídos por um idoso do sexo masculinoencontram-se geralmente em desvantagemrelativamente à posse de determinados bensquando comparados com os constituídos pormulheres (a viver sós) (Figura V.4).

Estes indicadores, para além deproporcionarem um maior conhecimentosobre as condições de alojamento e confortodos agregados, e, especificamente dosagregados que contêm idosos, constituem acomponente principal na construção deíndices de pobreza, apresentados emanteriores trabalhos (Branco e Gonçalves,2000 e 2001). Aos que utilizam estainformação de base designaram-se deÍndices de Pobreza segundo as Condições deVida (IPCV) e os que utilizam o conceito dereceita líquida total designaram-se deÍndices de Pobreza segundo o Rendimento(IPR) 15.

15 O Índice de Pobreza segundo o Rendimento (IPR)

incorpora rendimentos não monetários no conceitode Receita Líquida Total sobre o qual se identifica alinha de pobreza. A linha de pobreza é traçada, deacordo com o estabelecido pelo EUROSTAT, nos 60%da mediana do valor da receita líquida total poradulto equivalente tendo sido aplicada à informaçãorelativa a indivíduos.

O Índice de Pobreza segundo as Condições de Vida(IPCV) incorpora informação relativa essencialmenteà privação de condições adequadas de alojamento,de bens de equipamento e de meios de transporte,sendo um indivíduo tanto mais pobre quanto maior aacumulação de privação no conjunto dos itensconsiderados para a elaboração do índice. Tendo ematenção a distribuição dos agregado de acordo com ograu de privação, estabeleceu-se um limiar depobreza que classificasse como pobres umapercentagem de indivíduos semelhante à indicada noIPR, partindo-se posteriormente para a respectivacaracterização dos indivíduos seleccionados.

Sobre a metodologia do cálculo dos índices depobreza deverá ser consultado o trabalho de Brancoe Gonçalves, 2001.

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Condições de vida e indicadores de pobreza

34 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

Os agregados com idosos registamsistematicamente índices de pobrezasuperiores aos encontrados para o total deagregados ou para os agregados sem idosos.

A linha de pobreza segundo o rendimentoidentificou 20,9% de agregados pobres em1989/90 e 21,1% em 1994/95. A mesmalinha, aplicada aos ADP com idososidentificou 37,4% no início da década e33,0% cinco anos depois; ou seja, uma

percentagem de pobres bastantesuperior à encontrada para ototal de agregados eespecialmente elevada quandocomparada com a dos ADP semidosos (12,6% e 13,1%,respectivamente).

Na análise por tipo de agregadopode concluir-se que osconstituídos por um único idoso eos casais de idosos eram, emqualquer dos períodos analisados,os que registavam maioresíndices de pobreza.

Os índices de pobreza segundo ascondições de vida apresentamresultados semelhantes, namedida em que os ADP com

idosos registam os maiores índices depobreza quando comparados com apopulação em geral e, especialmente,quando comparados com os agregados semidosos.

Enquanto nos ADP sem idosos foramidentificados como pobres 14,7% e 13,1%dos agregados, em 1989/90 e 1994/95,respectivamente, a percentagem de pobresaumenta para 33,4% e 36,6%, nosagregados com idosos.

0 20 40 60 80 100

Apar. aquec. gás

Apar. aquec. eléctricos

Máq. lavar roupa

Telefone

Apar. aquec. de água

Televisão a Cores

Rádio

Frigorifico

Fogão

Homens

Mulheres

em %

Fonte: INE, IOF

Figura V.4 – Alguns bens de equipamento emagregados de idosos a viver sós, segundo o sexo,

Portugal 1994/95

Fonte: INE, IOF

Figura V.5 – Índices de Pobreza dos Agregados com e semidosos, segundo o tipo de pobreza, Portugal 1994/95

0

20

40

60

Idoso só Casal deIdosos

Casal comum idoso

Rep.idoso+

familiares

OutrosADPs com

idosos

Agregadoscom idosos

Agregadossem idosos

IPR IPCV LPR LPCV

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O Envelhecimento em Portugal

35INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

Analisando por tipo de agregado verifica-seque, também segundo esta medida depobreza, os ADP constituídos por idosos sóssão os mais pobres, com índices de pobrezaque ascendem aos 56% em 1994/95,seguidos dos casais de idosos, com cerca de41% de agregados pobres, no mesmoperíodo.

A disparidade dos valores dos índices depobreza entre os ADP com e sem idosos,bem como a proximidade dos valores dosoutros ADP com idosos aos que não contêmidosos, comprova a maior vulnerabilidade aque a população idosa está sujeita.

De salientar, mais uma vez, a situaçãoadversa em que se encontram os idosos aviver sós que os coloca sistematicamente naspiores posições quando de pobreza se trata.

À semelhança do que se demonstrou emtermos de condições de alojamento e possede bens de equipamento e conforto, tambémno que se refere às taxas de pobreza entrehomens e mulheres a situação é maisdesfavorável para os primeiros.

A mesma fonte permite ainda confirmar aimportância das pensões como componenteprincipal da receita líquida total nosagregados com idosos, que atinge os 65%nos constituídos por casais de idosos e os59% dos de idosos sós. Naturalmente estacomponente perde importância relativa nosoutros tipos de agregados com recurso aoutro tipo de rendimentos.

Nos agregados de idosos sós e de casais deidosos, salienta-se ainda a categoria derendimentos não monetários, contribuindo,respectivamente, 25% e 20% para a receitalíquida total.

A importância das pensões aumenta nosagregados pobres, em detrimento sobretudodos rendimentos do trabalho e dosrendimentos privados excluindo do trabalho.

A classe das despesas com produtosalimentares, bebidas e tabaco é uma dasmais importantes em todos os agregados erepresenta cerca de 25% nos idosos sós e30% nos casais de idosos. A de habitação,aquecimento e iluminação surge em segundaposição em quase todos os agregados,excepto nos idosos a viver sós, em que é aprincipal (31%). De referir ainda que asdespesas com serviços médicos e de saúdeconstituem uma parte importante do totaldas despesas em todos os agregados comidosos, sendo bastante mais baixa nos quenão contêm idosos.

No que se refere aos agregados pobres, aclasse com produtos alimentares, bebidas etabaco ganha importância relativa emdetrimento das outras duas.

Fonte: INE, IOF

Figura V.6 – Taxas de pobreza entre osidosos a viver sós, segundo o sexo e por

tipo de pobreza, Portugal 1994/95

IPR

IPCV

0 10 20 30 40 50 60 70

Mulheres Homens Total

em %

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36 INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

RReeffeerrêênncciiaass bbiibblliiooggrrááffiiccaass ee eeddiiççõõeess mmaaiiss rreecceenntteess ssoobbrree oo tteemmaa

BRANCO, Rui, GONÇALVES, Cristina (2000) “Envelhecimento Demográfico – AspectosDemográficos, Económicos e Sociais da População Idosa em Portugal”, Instituto Nacionalde Estatística, I Congresso Português de Demografia, org. ISCTE/INESLA, Tróia,Grândola, 21-23 Setembro, Sessão Plenária: População e Envelhecimento.

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