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O exercíciO da - CBO - Conselho Brasileiro de Oftalmologia · ... vidros em brutos incolores e conservas que habilitem o aviamento das receitas de ... 4º- Um livro para o registro

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O exercíciO da OftalmOlOgia e a legislaçãO Brasileira

As Condições de

sAúde oCulAr no BrAsil - 2012

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A visão é um dos bens mais preciosos que o ser humano possui. Seu cuidado, portanto,

deve ser posto a cargo de um profissional qualificado, apto a diagnosticar os proble-

mas de visão do paciente e tratá-los em sua totalidade.

Desde a década de 30, a especialidade da Oftalmologia é regulamentada pelo Governo Federal,

que prevê como atividade exclusiva do médico oftalmologista a realização de exame de refração,

bem como a prescrição de lentes corretivas.

A garantia das melhores condições possíveis de atendimento integral à saúde de nosso povo é

prevista na Constituição Brasileira, e em toda a legislação que trata do relacionamento entre

serviços de saúde e pacientes. A defesa que o Conselho Brasileiro de Oftalmologia faz do aten-

dimento oftalmológico realizado exclusivamente por médicos oftalmologistas reflete sua preo-

cupação com o cumprimento do disposto na Lei. O oftalmologista é, antes de tudo, um médico,

que durante os seis anos dedicados à sua graduação aprendeu a teoria e a prática da Medicina

e a visão do organismo humano de modo integral, com as interfaces e influências que seus nu-

merosos aparelhos exercem uns sobre os outros. Só depois da graduação é que se especializa

em Oftalmologia, dedicando a essa especialização mais três anos de residência. Por ser médico,

o oftalmologista tem e exercita, em quaisquer das subespecialidades nas quais atue, uma exclu-

sividade indispensável: o olhar estimativo sobre o todo. Isso significa que o oftalmologista, como

médico que é, tem o conhecimento sobre a complexidade morfofuncional do olho, não como

um órgão estanque e confinado, mas como parte de um todo complexo, o qual influencia e por

ele é influenciado.

Há, no Brasil, dois Decretos que regulamentam o exercício da Oftalmologia e do comércio de lentes

de grau. O primeiro é o Decreto n.º 20.931/32, o segundo, é o Decreto n.º 24.492/34, que vem

regulamentar o primeiro: por isso chamamos o primeiro de lei e o segundo de regulamento.

São funções do médico oftalmologista: examinar os olhos e prescrever, se necessário, os óculos.

São funções do óptico: aviar e vender os óculos. A lei brasileira é sábia (decretos n° 20.931 de

11/01/1932 e 24.492 de 28/06/1934) quando determina que quem prescreve não vende e quem

vende não prescreve. Fator modulador, que neutraliza o interesse mercantil. Portanto, só se pres-

creve o que é necessário e só se vende se houver necessidade.

O Código de Ética Médica diz no seu artigo 68:

“É vedado ao médico exercer a profissão com interação de farmácia, laboratório farmacêutico,

óptica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação ou comercialização de pro-

dutos de prescrição médica de qualquer natureza”.

O fator modulador protege o consumidor e a saúde ocular da população.

O Parecer nº 1.110/2000, de 26/12/2000, da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (autarquia

do Ministério da Saúde), é suficientemente claro ao definir os dois aspectos magnos do problema:

1) que compete exclusivamente aos médicos oftalmologistas o exame de refração e a adaptação

de lentes de contato; 2) que a prática optométrica por profissionais não-médicos deve ser de-

nunciada aos Conselhos Regionais de Medicina, órgãos fiscalizadores do exercício da profissão

de médico e supervisor da ética profissional, e ainda ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia,

entidade que representa a Oftalmologia brasileira nacional e internacionalmente. Quando esse

órgão foi instado a rever sua posição, ratificou o entendimento anterior com o Ofício 553 de

17/05/2001, novamente assinado pelo então diretor-presidente, Dr. Gonzalo Vecina Neto.

Os decretos 20.931, de 1932, e 24.492, de 1934, não deixam dúvidas sobre as competências

exclusivas dos oftalmologistas.

A legislAção BrAsileirA e o exerCíCio dA oftAlmologiA

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Decreto 20.931/32

Regula e Fiscaliza o exercício da medicina, da oftalmologia, da medicina veterinária

e das profissões de farmacêutico, parteira e enfermeira, no Brasil, e estabelece penas.

O Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, de conformidade com

o art.1º do decreto n.º. 19.398, de 11 de novembro de 1930, decreta:

Disposições gerais

Art.1. O exercício da medicina, da odontologia, da medicina veterinária e das profissões de far-

macêutico, parteira e enfermeiro, fica sujeito...

Art. 38. É terminantemente proibido aos enfermeiros, massagistas, optometristas e ortopedistas,

a instalação de consultórios para atender clientes, devendo o material aí encontrado ser apre-

endido e remetido para o depósito público, onde será vendido judicialmente a requerimento da

Procuradoria dos Feitos da Saúde Pública a quem, a autoridade competente oficiará nesse sen-

tido. O produto do leilão judicial será recolhido ao Tesouro, pelo mesmo processo que as multas

sanitárias.

Art. 39. É vedado às casas de ótica confeccionar e vender lentes de grau sem prescrição médica,

bem como instalar consultórios médicos nas dependências dos seus estabelecimentos.

Art. 40. É vedado às casas que comerciam em artigos de ortopedia ou que os fabricam, vender

ou aplicar aparelhos protéticos, contensivos, corretivos ou imobilizadores, sem a respectiva pres-

crição médica.

Art. 41. As casas de ótica, ortopedia e os estabelecimentos eletro, rádio e fisioterápicos de qual-

quer natureza devem possuir um livro devidamente rubricado pela autoridade sanitária compe-

tente, destinado ao registro das prescrições médicas.

Art. 42. A infração de qualquer dos dispositivos do presente decreto será punida com a multa de

2:000$ a 5:000$, conforme a sua natureza, a critério da autoridade atuante, sem prejuízos das

penas criminais. Estas penalidades serão descriminadas em cada caso no regulamento.

Parágrafo único. Nos casos de reincidência na mesma infração dentro do prazo de dois anos, a

multa será duplicada a cada nova infração.

Art. 43. Os processos criminais previstos neste decreto, terão lugar por denúncia da Procuradoria

dos Feitos da Saúde Pública, na Justiça do Distrito Federal, ou por denúncia do órgão competente,

nas justiças estaduais, mediante solicitações da Inspetoria de Fiscalização do Exercício da Medi-

cina ou de qualquer outra autoridade competente.

Art. 44. Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 11 de Janeiro de 1932,

111.º da Independência e 44.º da República.

Getúlio Vargas.

Francisco Campos.

Decreto 24.492/34

Baixa instruções sobre o decreto n. 20.931, de 11 de janeiro de 1932, na parte relativa de ven-

das de lentes de graus.

O chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, usando das atribuições

que lhe são conferidas pelo art. 1º do decreto n. 19.398, de 11 de novembro de 1930, decreta:

Art. 1.º A fiscalização dos estabelecimentos que vendem lentes de grau em todo território da

República é regulada na forma dos arts. 38, 39, 41 e 42 do Decreto n.20.931, de 11 de janeiro de

1932, e exercida, no Distrito Federal, pela Inspetoria de Fiscalização do Exercício da Medicina, da

Diretoria Nacional de Saúde e Assistência Médica-Social, por intermédio do serviço de Profilaxia

das Moléstias Contagiosas dos Olhos, e nos Estados ficará a cargo das repartições sanitárias

estaduais competentes.

Art. 2.º Os especialistas do Serviço de Profilaxia das Moléstias Contagiosas dos Olhos, da Direto-

ria Nacional de Saúde e Assistência Médica-Social, no Distrito Federal, e a autoridade sanitária

competente nos Estados, são agentes dessa fiscalização e órgão consultivos sobre os assuntos

concernentes á venda de lentes de grau.

Art. 3.º Dos atos e decisões das autoridades sanitárias cabe recurso para o inspetor de Fiscali-

zação do Exercício da Medicina, quanto aos autos de infração, e, nos demais atos, ao diretor da

Diretoria Nacional de Saúde e Assistência Médica-Social e ao Ministro de Educação Saúde Públi-

ca, na forma da lei.

Art. 4.º Será permitido, a quem o requerer, juntando provas de competição e de idoneidade, ha-

bilitar-se a ser registrado como ótico prático na Diretoria Nacional de Saúde e Assistência Médica

Social ou nas repartições de higiene estaduais, depois de prestar exames perante peritos desig-

nados para este fim, pelo diretor da Diretoria Nacional de Saúde e Assistência Médica Social, no

Distrito Federal ou pela autoridade sanitária competente, nos Estados.

§ 1.º O registro feito na Diretoria Nacional de Assistência Médica-Social dá direito ao exercício

da profissão de ótico prático em todo o território da República e o feito nas repartições estaduais

competentes é válido somente dentro do Estado em que o profissional se habilitou.

§ 2.º Todo aquele que, na data da publicação do presente decreto fizer prova de que tem mais

de 10 anos do exercício como ótico prático no pais, e comprovar sua idoneidade profissional,

poderá requerer para, independente de exame, ser registrado na Diretoria Nacional de Saúde e

Assistência Médica-Social ou nos Serviços Sanitários Estaduais, a juízo da autoridade sanitária

competente.

Art. 5.º A autorização para o comércio de lentes de grau será solicitado à autoridade competente,

em requerimento assinado pelo proprietário ou sócio, ficando o requerente responsável pelo fiel

cumprimento deste decreto.

Art. 6.º Para a obtenção da autorização ou licença respectiva, o estabelecimento comercial é

obrigado a possuir:

1º- No mínimo um ótico prático, de acordo com o artigo 4º deste decreto:

2º- As seguintes lentes, no mínimo duas, de cada espécie:

a) esféricas positivas, em grau crescente, de 0,25 D em 0,25 D, desde 0,25 D até 10 D, e, daí por

diante de 1 D em, 1 D até 20 D;

b) esféricas negativas, em grau crescente, de 0,25 D a 0,25 D, desde 0,25 D até 10 D, e, daí por

diante de 1 D em, 1 D até 20 D;

c) cilíndricas simples positivas, em grau crescente, desde 0,25 D até 4 D;

d) cilíndricas simples negativas, em grau crescente, desde 0,25 D até 4 D;

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e) esfero-cilíndricas, positivas, desde 0,25 D, cilíndricas combinada com 0,25 D esférica e progres-

sivamente até 2 D cil. com 6 D esférica;

f) esfero-cilíndricas negativas, desde 0,25 D, cilíndricas combinada com 0,25 D esférica e progres-

sivamente até 2,50 D cil. com 10 D esférica.

g) vidros em brutos incolores e conservas que habilitem o aviamento das receitas de ótica.

Parágrafo único. A exigência do número II só se tornará efetiva para os estabelecimentos já ins-

talados, decorridos seis meses da publicação do presente decreto.

3º - Os aparelhos seguintes:

Máquina para centrar cristais, máquina para talhar superfícies com uma série de moldes para

lentes esféricas, outra série para lentes cilíndricas, que habilitem ao preparo de lentes combina-

das; aparelhamento para o controle e retificação dos moldes; pedra para rebaixar cristais; apa-

relho para verificação de grau das lentes e respectiva montagem de lentes. Um caixa completa

de lentes de ensaio.

4º- Um livro para o registro de todas as receitas de ótica legalizado com termo de abertura e en-

cerramento com todas as folhas numeradas e devidamente rubricadas pela autoridade sanitária

competente.

5º- Na localidade em que não houver estabelecimento comercial que venda lentes de grau na forma

do artigo 6º, será permitido, a título precário, às farmácias ou a outro estabelecimento devidamente

licenciado pelas autoridade sanitárias, a venda de lentes de grau, cessando, porém, esta licença seis

meses depois da instalação do estabelecimento licenciado na forma do presente decreto.

Art. 7º. No livro de registro serão transcritas textualmente as receitas de ótica aviadas, originais

ou cópias, com o nome e residência do paciente bem como do médico oculista receitante.

Art. 8º. O livro registro das prescrições óticas ficará sujeito ao exame da autoridade sanitária

sempre que esta entender conveniente.

Art. 9º. Ao ótico prático do estabelecimento compete:

a) a manipulação ou fabrico das lentes de grau;

b) o aviamento perfeito das fórmulas óticas fornecidas pelo oculista;

c) substituir por lentes de grau idêntico aquelas que lhe forem apresentadas danificadas;

d) datar e assinar diariamente o livro de registro do receituário da ótica.

Art. 10. O ótico prático assinará na Diretoria Nacional de Assistência Médico-Social, do Distrito

Federal, ou na repartição competente nos Estados, juntamente com o requerente de acordo com

o artigo 5º, um termo de responsabilidade como técnico do estabelecimento e, como proprietário,

ficará solidariamente responsável por qualquer infração deste decreto na parte que lhe for afeta.

Art. 11. O ótico registrado não poderá ser responsável por mais de um estabelecimento de vendas

de lentes de grau.

Art. 12. Nenhum médico oculista, na localidade em que exercer a clínica, nem a respectiva espo-

sa, poderá possuir ou ter sociedade para explorar o comércio de lente de grau.

Art. 13. É expressamente proibido ao proprietário, sócio, gerente, ótico prático e demais empre-

gados do estabelecimento, escolher ou permitir escolher indicar ou aconselhar o uso de lentes

de grau, sob pena de processo por exercício ilegal da medicina, além das outras penalidades

previstas em lei.

Art. 14. O estabelecimento de venda de lentes de grau só poderá fornecer lentes de grau median-

te apresentação da fórmula ótica de médico, cujo diploma se ache devidamente registrado na

repartição competente.

As Condições de

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Art. 15. Ao estabelecimento de venda de lentes de grau só é permitido, independente da recei-

ta médica, substituir por lentes de grau idêntico aquelas que forem apresentadas danificadas,

vender vidros protetores sem grau, executar consertos nas armações das lentes e substituir as

armações quando necessário.

Art. 16. O estabelecimento comercial de venda de lentes de grau não pode ter consultório médico

em qualquer de seus compartimentos ou dependências, não sendo permitido ao médico sua ins-

talação em lugar de acesso obrigatório pelo estabelecimento.

§ 1º. É vedado ao estabelecimento comercial manter consultório médico mesmo fora das suas

dependências; indicar médico oculista que dê aos seus recomendados vantagens não concedidas

aos demais clientes e a distribuir cartões ou vales que de em direito a consultas gratuitas, remu-

neradas ou com redução de preço.

§ 2º. É proibido aos médicos oftalmologistas, seja porque processo for, indicar determinado esta-

belecimento de venda de lentes de grau para o aviamento de suas prescrições.

Art. 17. É proibida a existência de câmara escura no estabelecimento de venda de lentes de grau,

bem assim ter em pleno funcionamento aparelhos próprios para o exame dos olhos, cartazes e

anúncios com oferecimento de exame da vista.

Art. 18. Os estabelecimentos comerciais que venderem por atacado lentes de grau. Só poderão

fornecer as mesmas aos estabelecimentos licenciados na forma do presente decreto e mediante

pedido por escrito, datado e assinado, que será arquivado na casa atacadista.

Art. 19. A Diretoria Nacional de Saúde e Assistência Médica-Social, fará publicar mensalmente no

Diário Oficial a relação dos estabelecimentos devidamente licenciados.

Art. 20. A infração de qualquer dos dispositivos do presente decreto será punida com a multa

de 50$000 a 5:000$000 conforme a sua natureza, cobrado executivamente no caso de falta de

pagamento da mesma no prazo da lei, sem prejuízo das demais penas criminais.

Art. 21. As multas previstas neste decreto serão impostas no Distrito Federal pelo chefe de

Serviço de Profilaxia das Moléstias Contagiosas dos Olhos, por quem suas vezes fizer, obede-

cido todo o disposto na parte Sexta, capitulo I do Regulamento n. 16.300, de 31 de dezem-

bro de 1923 e nos Estados, pelo diretor dos respectivos serviços sanitários ou pela por este

designada.

(*) Decreto n. 24.492, de 28 de junho de 1934 - Retificação pública no Diário Oficial de 12 de

junho de 1934:

Art. 4º, § 1º - O registro feito na Diretoria Nacional de Saúde e Assistência Médica-Social... (o

mais como está).

Art. 6º. Parágrafo único. - A exigência do numero II só se tornará efetiva, para os estabelecimen-

tos já instalados, decorridos seis meses de publicação do presente decreto.

3º - Os aparelhos seguintes:

Máquina para centrar cristais, máquina para talhar superfícies com uma série de moldes

para lentes esféricas, outra série para lentes cilíndricas, que habilitem ao preparo de lentes

combinadas; aparelhamento para o controle e retificação dos moldes; pedra para rebaixar

cristais; aparelho para verificação de grau das lentes e respectiva montagem de lentes (o

mais como está).

Art. 10. O ótico prático assinará, na Diretoria Nacional de Saúde e Assistência Médica-Social,

no Distrito Federal, ou repartição competente nos Estados, juntamente com o requerente, de

acordo com o art. 5º, um termo de responsabilidade, como técnico do estabelecimento, e, com

o proprietário, ficará solidariamente responsável por qualquer infração deste decreto na parte

que lhe for afeta.

Art. 21. As multas prevista neste decreto serão impostas, no Distrito Federal, pelo chefe de Ser-

viço de Profilaxia das Moléstias Contagiosas dos Olhos, ou por quem suas vezes fizer, obedecido

todo o disposto na parte Sexta. Capitulo I, do Regulamento aprovado pelo decreto n. 16.300, de

31 de dezembro de 1923, e, nos Estados, pelo diretor dos respectivos Serviço Sanitário ou pela

autoridade por este designada.

Art. 22. A verificação das infrações deste decreto poderá ser requerida a autoridade competen-

te...(o mais como está).

Retificação publicada no Diário Oficial de 21 de julho de 1934:

“Art. 6º. Parágrafo único. A exigência dos números I e II só se tornará efetiva para os estabeleci-

mentos já instalados, decorridos seis meses da publicação do presente decreto.

3º. - Os aparelhos seguintes:

Pedra para rebaixar cristais e aparelho para verificação de grau das lentes e respectiva monta-

gem de lentes.

Art. 22. A verificação das infrações deste decreto poderá ser requerida a autoridade sanitária

competente, por quem se considerar por elas prejudicado, sendo os autos de infração nestes

casos, como aos demais, lavrados de acordo com o artigo anterior.

Art.23. Os casos omissos no presente decreto serão resolvidos por instruções ao diretor da Dire-

toria Nacional de Assistência Médica-Social, aprovadas pelo Ministério da Educação da Saúde

Pública.

Art. 24. O presente decreto entrará em vigor no prazo da lei.

Art. 25. Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 28 de junho de 1934

113º da Independência e 16º da República.

Getúlio Vargas

Washington F. Pires

Os direitos assegurados por lei aos médicos oftalmologistas vêm acompanhados de uma série

de deveres que o especialista deve observar, para garantir o exercício ético da profissão. Como

médico o oftalmologista deve ter sempre em mente o interesse e o bem estar do paciente.

Muitas são as qualidades esperadas em um médico, independente de sua especialidade, para

que ele possa atender bem aos pacientes, cuidando deles da melhor maneira possível. Para os

oftalmologistas, entre essas qualidades está o combate a quaisquer tentativas de mercantiliza-

ção da profissão, respeitando sempre o Código de Ética Médico, que determina, em seus artigos

58° e 68°:

É vedado ao médico:

Art. 58. O exercício mercantilista da Medicina.

Art. 98° - Exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, laboratório farma-

cêutico, ótica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação ou comercialização

de produto de prescrição médica de qualquer natureza, exceto quando se tratar de exercício da

Medicina do Trabalho.

A legislAção BrAsileirA e o exerCíCio dA oftAlmologiA

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ações dO pOder púBlicO

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PORTARIA Nº 957, DE 15 DE MAIO DE 2008

Institui a Política Nacional de Aten-

ção em Oftalmologia, a ser implanta-

da em todas as unidades federadas,

respeitadas as competências das três

esferas de gestão.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições; e

Considerando a Constituição Federal, no capítulo saúde, em seus artigos 196 a 200 e as Leis Or-

gânicas da Saúde nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990;

Considerando a importância epidemiológica das doenças oftalmológicas no Brasil e o quadro

de morbidade do País, composto por elevada prevalência de patologias que levam às doenças

oftalmológicas;

Considerando a necessidade de se promover o atendimento integral em oftalmologia aos usuá-

rios do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a necessidade de estabelecer uma nova confor-

mação para as Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia;

Considerando a possibilidade de êxito de intervenção na história natural das doenças oftalmoló-

gicas, por meio de ações de promoção e prevenção, em todos os níveis de atenção à saúde;

Considerando a necessidade de estruturar uma rede de serviços regionalizada e hierarquizada, que

estabeleça uma linha de cuidados integrais e integrados no manejo das doenças oftalmológicas;

Considerando a necessidade de conceituar ações na Atenção Básica, nas Unidades de Atenção

Especializada em Oftalmologia e nos Centros de Referência em Oftalmologia;

Considerando a necessidade de aprimorar os regulamentos técnicos e de gestão em relação ao

tratamento em oftalmologia no País;

Considerando a necessidade de subsidiar tecnicamente o controle e a implantação de serviços

ambulatoriais e hospitalares e de estabelecer critérios e rotinas para credenciamento de Unida-

des de Atenção Especializada em Oftalmologia e Centros de Referência em Oftalmologia;

Considerando a necessidade da implantação do processo de regulação, fiscalização, controle e

avaliação da atenção em oftalmologia, com vistas à qualifição da gestão pública, conforme o

previsto na Portaria SAS/MS nº 356, de 22 de setembro de 2000, e de acordo com as legislações

vigentes; e

Considerando que essa atenção exige uma estrutura ambulatorial e hospitalar, com área física

adequada, profissionais qualificados e suporte de serviços auxiliares de diagnose e terapia, uti-

lizando-se de técnicas e métodos terapêuticos específicos capazes de realizarem procedimentos

clínicos, intervencionistas e/ou cirúrgicos de média ou de alta complexidade aos portadores de

doenças oftalmológicas, resolve:

Art. 1º - Instituir a Política Nacional de Atenção em Oftalmologia, a ser implantada em todas as

unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão.

Art. 2º - Estabelecer que a Política Nacional de Atenção em Oftalmologia seja organizada de

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forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Estado da Saúde e do Distrito

Federal e as Secretarias Municipais de Saúde, por intermédio de redes estaduais e regionais,

permitindo:

I - desenvolver estratégias de promoção da qualidade de vida, educação, proteção e recupera-

ção da saúde e prevenção de danos, protegendo e desenvolvendo a autonomia e a equidade de

indivíduos e coletividades;

II - organizar uma linha de cuidados integrais (promoção, prevenção, tratamento e recuperação)

que perpasse todos os níveis de atenção, promovendo, dessa forma, a inversão do modelo de

atenção;

III - identificar os determinantes e condicionantes das principais patologias que levam à doença

oftalmológica e desenvolver ações transetoriais de responsabilidade pública, sem excluir as res-

ponsabilidades de toda a sociedade;

IV - definir critérios técnicos mínimos para o funcionamento e avaliação das Unidades de Atenção

Especializada, públicas ou privadas que prestam atenção em oftalmologia, bem como os meca-

nismos de sua monitorização com vistas à diminuição dos riscos aos quais fica exposto o paciente

com doença oftalmológica;

V - ampliar a cobertura no atendimento aos pacientes com doenças oftalmológicas no Brasil, ga-

rantindo a universalidade, a eqüidade, a integralidade, o controle social e o acesso às Unidades

de Atenção Especializada em Oftalmologia;

VI - contribuir para o desenvolvimento de processos e métodos de coleta, análise e organização dos

resultados das ações decorrentes da Política Nacional de Atenção em Oftalmologia, permitindo que

a partir de seu desempenho seja possível um aprimoramento da gestão, disseminação das informa-

ções e uma visão dinâmica do estado de saúde das pessoas com doenças oftalmológicas;

VII - promover intercâmbio com outros subsistemas de informações setoriais, implementando

e aperfeiçoando permanentemente a produção de dados e garantindo a democratização das

informações; e

VIII - qualificar a assistência e promover a educação permanente dos profissionais de saúde en-

volvidos com a implantação e implementação da Política Nacional de Atenção em Oftalmologia,

em acordo com os princípios da integralidade e da humanização.

Art. 3º - Definir que a Política Nacional de Atenção em Oftalmologia, de que trata o artigo 1º

desta Portaria, deve ser instituída a partir dos seguintes componentes fundamentais:

I - Atenção Básica: realizar ações de caráter individual ou coletivo, voltadas à promoção da saúde

e à prevenção dos danos e recuperação, bem como ações clínicas para o controle das doenças

que levam a alterações oftalmológicas e às próprias doenças oftalmológicas, que possam ser

realizadas neste nível, ações essas que terão lugar na rede de serviços básicos de saúde;

II - Atenção Especializada em Oftalmologia: realizar atenção diagnóstica e terapêutica especializa-

da e promover o acesso do paciente portador de doenças oftalmológicas a procedimentos de média

e alta complexidade, em serviços especializados de qualidade, visando alcançar impacto positivo na

morbidade e na qualidade de vida dos usuários do SUS, por intermédio da garantia da eqüidade;

III - a organização das Redes de Atenção em Oftalmologia deverá respeitar o Plano Diretor de

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Regionalização (PDR) de cada unidade federada e os princípios e diretrizes de universalidade,

equidade, regionalização, hierarquização e integralidade da atenção à saúde, cujas ações refe-

rentes a esse nível de atenção serão realizadas em Hospitais Gerais ou Especializados, Hospitais

de Ensino, Ambulatórios Especializados em Assistência Oftalmológica, cuja normatização será

definida em portaria da Secretaria de Atenção à Saúde;

IV - Plano de Prevenção e Tratamento das Doenças Oftalmológicas, que deve fazer parte inte-

grante dos Planos Municipais de Saúde e dos Planos de Desenvolvimento Regional dos Estados e

do Distrito Federal;

V - regulamentação suplementar e complementar por parte dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, com o objetivo de regular a atenção ao paciente com doença oftalmológica;

VI - a regulação, a fiscalização, o controle e a avaliação de ações de atenção ao portador de do-

ença oftalmológica serão de competência das três esferas de governo;

VII - sistema de informação que possa oferecer ao gestor subsídios para tomada de decisão para

o processo de planejamento, regulação, controle e avaliação e promover a disseminação da in-

formação;

VIII - protocolos de conduta em todos os níveis de atenção que permitam o aprimoramento da

atenção, regulação, controle e avaliação;

IX - capacitação e educação permanente das equipes de saúde de todos os âmbitos da atenção,

a partir de um enfoque estratégico promocional, envolvendo os profissionais de nível superior

e os de nível técnico, em acordo com as diretrizes do SUS e alicerçada nos pólos de educação

permanente em saúde;

X - acesso à assistência farmacêutica disponibilizado pelo SUS; e

XI - acesso a recursos ópticos, não ópticos e outras ajudas técnicas disponibilizados pelo SUS.

Art. 4º - Determinar à Secretaria de Atenção à Saúde, isoladamente ou em conjunto com outras

áreas e agências do Ministério da Saúde, que adote todas as providências necessárias à plena

estruturação da Política Nacional de Atenção em Oftalmologia instituída por esta Portaria.

Art. 5º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogando as Portarias nº 1.311/

GM, de 29 de novembro de 2000, publicada no Diário Oficial da União (DOU) nº 230-E, de 30 de

novembro de 2000, seção 1, página 18, e as nºs 866 e 867/GM, de 9 de maio de 2002, publicadas

no - DOU nº 90, de 13 de maio de 2002, Seção 1, pág. 35.

JOSÉ GOMES TEMPORÃO

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sAúde oCulAr no BrAsil - 2012

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PORTARIA Nº. 288/SAS, DE 19 DE MAIO DE 2008 O Secretário de Atenção à Saúde, no uso de suas atribuições,

Considerando a Portaria nº. 957/GM, de 15 de maio de 2008, que institui a Política Nacional de Atenção em Oftalmologia;

Considerando a necessidade de regulamentar a atenção em oftalmologia e criar mecanismos para organização, hierarquização e implantação da Rede de Atenção em Oftalmologia, no âmbito do Sistema Único de Saúde;

Considerando a necessidade de definir ações especializadas de Oftalmologia na Atenção Básica, nas Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia e nos Centros de Referência em Oftalmologia;

Considerando a necessidade de se estabelecer um processo de educação comunitária perma-nente em oftalmologia;

Considerando a necessidade de definir as competências das Unidades de Atenção Especializada e dos Centros de Referência na Rede de Atenção Oftalmológica;

Considerando a necessidade de definir os critérios para a credenciamento/habilitação das Uni-dades de Atenção Especializada e dos Centros de Referência em Oftalmologia e adequá-los às necessidades da Atenção Especializada em Oftalmologia; e

Considerando a necessidade de apoiar os gestores na regulação, avaliação e controle da atenção especializada em oftalmologia, resolve:

Art. 1º Definir que as Redes Estaduais e Regionais de Atenção em Oftalmologia sejam compostas por:

I - Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia; e

II - Centros de Referência em Oftalmologia

§ 1º Entende-se por Unidade de Atenção Especializada em Oftalmologia aquela unidade ambulatorial ou hospitalar que possua condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de atenção especializada a portadores de doenças oftalmológicas que neces-sitem ser submetidos a procedimentos clínicos, intervencionistas e cirúrgicos especializados.

§ 2º Entende-se por Centro de Referência em Oftalmologia aquela Unidade de Atenção Especia-lizada em Oftalmologia que exerça o papel auxiliar, de caráter técnico, ao respectivo Gestor do SUS nas políticas de atenção das doenças oftalmológicas e que cumpra os critérios estabelecidos no Artigo 8º desta Portaria.

Art. 2º Estabelecer que as Secretarias Estaduais de Saúde e do Distrito Federal devam confor-mar suas Redes Estaduais e Regionais de Atenção em Oftalmologia, credenciar as Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia e os Centros de Referência em Oftalmologia; estabelecer os fluxos assistenciais, os mecanismos de referência e contra-referência dos pacientes, adotar as providências necessárias para que haja a articulação assistencial entre os serviços e, ainda, utilizar na definição dos quantitativos e na distribuição geográfica destas Unidades e Centros os parâmetros a seguir definidos:

I - População a ser atendida;

II - Necessidade de cobertura assistencial;

III - Mecanismos de acesso com os fluxos de referência e contra-referência;

IV - Capacidade técnica e operacional dos serviços;

As Condições de

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V - Série histórica de atendimentos realizados, levando em conta a demanda reprimida, nos ca-sos em que forem identificadas;

VI - Integração com a rede de referência hospitalar em atendimento de urgência e emergência, com os serviços de atendimento pré-hospitalar, com a Central de Regulação (quando houver) e com os demais serviços assistenciais - ambulatoriais e hospitalares – disponíveis no estado.

§ 1º Para fins do credenciamento de que trata o caput deste Artigo, deverão ser utilizadas/segui-das as Normas de Classificação e Credenciamento/ Habilitação de Unidades de Atenção Especia-lizada em Oftalmologia e de Centros de Referência em Oftalmologia conforme estabelecido no ANEXO I;

§ 2º Para fins de definição dos quantitativos e distribuição geográfica das Unidades e Centros deverão ser utilizados Os Parâmetros de Distribuição Demográfica Geo-referêncial para as Uni-dades de Atenção Especializadas em Oftalmologia e os Centros de Referência em Oftalmologia, conforme estabelecido no ANEXO II. Tais parâmetros de quantitativos de Unidades são indicati-vos, sendo que em caso de necessidade de ultrapassar o estabelecido o gestor deverá justificar tal necessidade.

§ 3º Para formalização do processo de credenciamento/habilitação, deverão ser utilizados os Formulários de Vistoria do Gestor, conforme estabelecido no ANEXO III.

Art. 3° Definir que o credenciamento das Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia e dos Centros de Referência em Oftalmologia de que trata o artigo anterior, é descentralizada e, portanto, de responsabilidade do gestor estadual e/ou municipal de acordo com sua compe-tência de gestão, cabendo a Comissão Intergestores Bipartite - CIB a aprovação, ou não, desse credenciamento, devendo, o gestor estadual ou municipal, de acordo com a gestão do estabele-cimento, alimentar ou registrar as informações no CNES.

§ 1º O credenciamento/habilitação das Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia, que realizarem os procedimentos de alta complexidade e dos Centros de Referência em Oftalmologia deverá ser aprovado na Comissão Intergestores Bipartite e homologado pelo Ministério da Saú-de, conforme o estabelecido na Portaria GM nº 598, de 23 de março de 2006;

§ 2º Para fins de homologação do credenciamento e habilitação pelo Ministério da Saúde, as Secretarias de Estado da Saúde deverão encaminhar os documentos a seguir descritos à Coor-denação Geral da Média e Alta Complexidade, do Departamento de Atenção Especializada, da Secretaria de Atenção à Saúde / MS, a quem compete a respectiva habilitação e homologação:

I - Cópia da Resolução da CIB aprovando o credenciamento;

II - Formulário de Vistoria do Gestor, conforme ANEXO III - este Formulário, tão logo esteja infor-matizado, poderá ser enviado por meio eletrônico;

III - Informações sobre o impacto financeiro, conforme definido na Portaria no- 598/GM, de 23 de março de 2006;

IV - Conformação da Rede de Atenção Especializada em Oftalmologia, conforme parâmetros geo-referenciais recomendados no ANEXO II;

§ 3º O credenciamento/ habilitação das Unidades de Atenção Especializada e dos Centros de Referência em Oftalmologia somente será realizado nos limites orçamentários previstos para o exercício financeiro pelo Ministério da Saúde.

§ 4º O Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Departamento de Atenção à Saúde avaliará a Rede apresentada e verificará a disponibilidade de recurso para publicação da Rede de Oftalmologia.

§ 5º Todas as Unidades que tenham sido credenciadas/habilitadas de acordo com a Portaria no-

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339/GM, de 05 de julho de 2002, nos Níveis I e II, em conformidade com as regulamentações anteriores deverão atender as exigências e critérios estabelecidos na presente Portaria.

§ 6º O prazo para o novo credenciamento\habilitação das Unidades de que trata o caput deste Artigo é de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data da publicação desta Portaria;

§ 7º As Unidades que findo prazo estabelecido no §1o- não obtiverem o novo credenciamento/habilitação, não poderão realizar/ cobrar os procedimentos de que trata esta Portaria. Art. 4º Estabelecer que as Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia e os Centros de Referência em Oftalmologia credenciados para prestar assistência oftalmológica deverão subme-ter-se a regulação, controle e avaliação do Gestor Estadual ou Municipal.

Art. 5º Estabelecer que todas as Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia e os Cen-tros de Referência em Oftalmologia credenciadas/habilitadas através deste regulamento devem organizar uma linha de cuidados integrais que perpasse todos os níveis de atenção e que envol-vam a promoção, prevenção, tratamento e recuperação da saúde; demonstrar sua integração e articulação com a rede regional e local de atenção à saúde e ainda se obrigar a oferecer consultas em oftalmologia como referência à rede de Atenção Básica, na medida da necessidade da popu-lação, definida pelo gestor de saúde.

§ 1° Na Atenção Básica deverão ser realizadas ações de promoção e prevenção em oftalmologia que permitam a identificação e o acompanhamento das famílias e dos indivíduos, sendo desen-volvidas como segue:

I - Ações educativas;

II - Teste de acuidade visual;

III - Consultas médicas;

IV - Consultas de enfermagem;

V - Ações preventivas e de investigação diagnóstica relacionadas às comorbidades, tais como diabetes e hipertensão, e que precederão o atendimento especializado em oftalmologia;

VI - Acompanhamento dos usuários contra-referenciados pelas Unidades de Atenção Especiali-zada em Oftalmologia.

§ 2° Na Atenção Especializada deverão realizar, obrigatoriamente:

I - Consulta Oftalmológica com avaliação clínica que consiste em: anamnese, aferição de acui-dade visual, refração dinâmica e/ou estática, biomicroscopia do segmento anterior, exame de fundo de olho, hipótese diagnóstica e apropriada conduta propedêutica e terapêutica.

II - Procedimentos de diagnose, terapia e acompanhamento da patologia oftalmológica identificada.

III - Seguimento ambulatorial pré-operatório e pós-operatório continuado e específico para os procedimentos cirúrgicos, incluindo os procedimentos de diagnose e terapia complementares.

IV - Atendimento das complicações que advierem do tratamento cirúrgico realizado;

V - Os procedimentos de diagnose, terapia e cirúrgicos, contidos nos anexos desta Portaria, com-patíveis com o tipo de assistência especializada ao qual se credenciar/habilitar.

Art. 6º Estabelecer que todas as Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia deverão oferecer, obrigatoriamente, os procedimentos de Assistência Especializada em Conjuntiva, Cór-nea, Câmara Anterior, Íris, Corpo Ciliar e Cristalino descritos na Tabela de Procedimentos, Medi-camentos, OPM do SUS, e, no mínimo, mais um (01) dos seguintes grupos de Assistência Espe-cializada, garantindo a integralidade da atenção:

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I - Assistência Especializada em Pálpebras, Vias Lacrimais;

II - Assistência Especializada em Músculos Oculomotores;

III - Assistência Especializada em Corpo Vítreo, Retina, Coróide e Esclera;

IV - Assistência Especializada em Cavidade Orbitária e Globo Ocular.

Art. 7º Estabelecer que as Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia que forem cre-denciadas/habilitadas a realizar procedimentos de alta complexidade deverão oferecer:

I - Atendimento de Urgência e Emergência em regime de 24 horas, de acordo com a necessidade local e ou regional;

II - Atendimento ao paciente portador de glaucoma, conforme anexo IV, desta Portaria;

III - Atendimento em reabilitação visual, na própria unidade de atenção ou referenciar a serviços que realizem este atendimento - tratamento e reabilitação visual para indivíduos com baixa visão e cegueira que consiste na avaliação clínica, avaliação funcional, prescrição de recursos ópticos e não ópticos e demais ajudas técnicas que venham a ser regulamentadas.

§ 1° - Além de todos os procedimentos previstos no Artigo 5º desta Portaria, deverão prestar assistência em uma ou mais das áreas a seguir:

I Assistência Especializada em Transplantes Oftalmológicos;

II - Assistência Especializada em Tumores Oftalmológicos;

III - Assistência Especializada em Reconstrução de Cavidade Orbitária.

§ 2° - Os procedimentos objeto do §1o- , Inciso I, deverão atender aos critérios ministeriais esta-belecidos para seu credenciamento, de acordo com as Portaria no- 3.407/GM, de 05 de agosto de 1998, e da Portaria no- 2.280/GM, de 28 de novembro de 2003, ou normativo vigente, e, garantir o acompanhamento ambulatorial pré-operatório e pós-operatório continuado e especí-fico para o transplante de córnea ou esclera, cabendo a Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplante, do Departamento de Atenção Especializada - Secretaria de Atenção à Saúde, a análise e demais providencias.

§ 3° - Os procedimentos, objeto do § 1º, Inciso II, deverão atender aos critérios ministeriais esta-belecidos para seu credenciamento, de acordo com as Portaria no- 2.439/GM, de 08 de dezem-bro de 2005, e da Portaria SAS/MS no- 741, de 19 de dezembro de 2005, ou normativo vigente, e, garantir o acompanhamento ambulatorial pré-operatório e pós-operatório continuado e es-pecífico para assistência oncológica a tumores oculares.

Art. 8º Estabelecer que os Centros de Referência em Oftalmologia sejam definidos dentre aque-las Unidades de Atenção Especializada em Oftalmologia que cumpram, cumulativamente, os se-guintes critérios:

I - Ser Hospital de Ensino, certificado pelo Ministério da Saúde e Ministério da Educação de acor-do com a Portaria Interministerial MEC/MS no- 1000, de 15 de abril de 2004 e ser contratualizado pelo gestor de acordo com a Portaria GM no- 1.006/MEC/MS de 27 de maio de 2004 e Portaria GM no- 1.702/MS de 17 de agosto de 2004;

II - Ser, preferencialmente, hospital público;

III - Participar de forma articulada e integrada com o sistema local e regional;

IV -Possuir adequada estrutura gerencial, capaz de zelar pela eficiência, eficácia e efetividade das ações prestadas;

V - Subsidiar as ações dos gestores na regulação, fiscalização, controle e avaliação, incluindo es-tudos de qualidade e estudos de custo-efetividade;

VI Participar nos processos de desenvolvimento profissional em parceria com o gestor, tendo como base a Política de Educação Permanente para o SUS, do Ministério da Saúde.Parágrafo Único - Do ponto de vista assistencial, os Centros de Referência em Oftalmologia deve-rão estar credenciados/habilitados e realizar os seguintes procedimentos nas seguintes áreas:

I - A totalidade das ações previstas no Artigo 5º desta Portaria;

II - A totalidade dos procedimentos previstos no Artigo 6odesta Portaria;

III - A totalidade dos procedimentos previstos no Artigo 7odesta Portaria;

IV - Atendimento de urgência e emergência em oftalmologia em regime de 24 horas;

V - A totalidade dos procedimentos de diagnose, terapia e cirúrgicos contidos no Anexo V desta Portaria;

VI - Oferecer atenção especializada e integral aos pacientes portadores de Retinopatia da Prema-turidade, atuando nas mais variadas modalidades assistenciais.

Art. 9º Aprovar, na forma do ANEXO IV, o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Atenção ao Portador de Glaucoma.

§ 1° - As Secretarias de Estado da Saúde e Secretarias Municipais de Saúde que tenham sob sua gestão Unidades/Centros de Referência que realizem assistência aos portadores de glaucoma devem adotar as seguintes providencias:

I - Exigir das Unidades/Centros habilitados a adoção e cumprimento do Protocolo Clínico e Di-retrizes Terapêuticas de Atenção ao Portador de Glaucoma, conforme definido no ANEXO IV, no atendimento aos portadores de glaucoma;

II - Exigir das Unidades/Centros habilitados que estas adquiram e procedam a adequada dispen-sação dos medicamentos antiglaucomatosos, conforme estabelecido no Protocolo já citado;

III - Os procedimentos referentes aos medicamentos utilizados no tratamento de paciente por-tador de glaucoma e o acompanhamento destes, devem ser apresentados como procedimentos secundários no Subsistema de Autorização de Procedimentos Ambulatoriais de Alta Complexi-dade/Custo - APAC/SIA;

IV - No processo de avaliação pelo Gestor deverá ser levado em conta que, em média, 70% de pacientes com glaucoma são tratados com medicamentos de 1o- Linha, 10 % com de 2º Linha, 10% com de 3o- Linha e 10% com associações medicamentosas;

§ 3° - A avaliação da série histórica dos procedimentos de que trata o Inciso III, do parágrafo anterior, será realizada no limite de um (01) ano a contar da data de publicação desta Portaria, após o que os recursos destinados a aquisição dos medicamentos serão incorporados no limite financeiro de Média e Alta Complexidade dos estados e municípios de acordo com a legislação vigente no período.

Art. 10 - Aprovar, na forma do ANEXO VI, as Indicações Clínicas / Tratamento Cirúrgico da Catarata.

§ 1° - As Secretarias de Estado da Saúde e Secretarias Municipais de Saúde que tenham sob sua gestão Unidades/Centros de Referência que realizem procedimentos cirúrgicos de catarata com a utilização da técnica de facoemulsificação, deverão, adotar as seguintes providencias:

I - Exigir das Unidades/Centros habilitados a adoção e cumprimento do Protocolo Clínico e Di-retrizes Terapêuticas de Atenção ao Portador de Glaucoma, conforme definido no ANEXO IV, no

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atendimento aos portadores de glaucoma;

II - Exigir das Unidades/Centros habilitados que estas adquiram e procedam a adequada dispen-sação dos medicamentos antiglaucomatosos, conforme estabelecido no Protocolo já citado;

III - Os procedimentos referentes aos medicamentos utilizados no tratamento de paciente por-tador de glaucoma e o acompanhamento destes, devem ser apresentados como procedimentos secundários no Subsistema de Autorização de Procedimentos Ambulatoriais de Alta Complexi-dade/Custo - APAC/SIA;

IV - No processo de avaliação pelo Gestor deverá ser levado em conta que, em média, 70% de pacientes com glaucoma são tratados com medicamentos de 1º Linha, 10 % com de 2º Linha, 10% com de 3º Linha e 10% com associações medicamentosas;

§ 3° - A avaliação da série histórica dos procedimentos de que trata o Inciso III, do parágrafo anterior, será realizada no limite de um (01) ano a contar da data de publicação desta Portaria, após o que os recursos destinados a aquisição dos medicamentos serão incorporados no limite financeiro de Média e Alta Complexidade dos estados e municípios de acordo com a legislação vigente no período.

Art. 10 - Aprovar, na forma do ANEXO VI, as Indicações Clínicas / Tratamento Cirúrgico da Catarata.

§ 1° - As Secretarias de Estado da Saúde e Secretarias Municipais de Saúde que tenham sob sua gestão Unidades/Centros de Referência que realizem procedimentos cirúrgicos de catarata com a utilização da técnica de facoemulsificação, deverão, adotar as seguintes providencias:

I - Utilizar a Tabela de Procedimentos do SUS com os procedimentos descritos a seguir: a) Procedimento: 04.05.05.011-9 - Facoemulsificação com Implante de Lente Intra-Ocular Rígida; b) Procedimento: 04.05.05.037-2.- Facoemulsificação com Implante de Lente Intra-Ocular Dobravel.

§ 2°- A avaliação da série histórica dos procedimentos de que trata o § 1° será realizada no limite de um 06 (seis) meses a contar da data de publicação desta Portaria, após o que os recursos des-tinados à sua realização serão incorporados ao limite financeiro de Média e Alta Complexidade dos estados e municípios de acordo com a legislação vigente no período.

Art. 11 - Incluir, conforme relação estabelecida no ANEXO VII, procedimentos relacionados à atenção ao paciente oftalmológico na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próte-ses e Materiais Especiais - OPM do Sistema Único de Saúde.

§ 1° - Os procedimentos ora incluídos deverão ser utilizados pelas unidades habilitadas conforme dispõe esta Portaria.

§ 2° - A inclusão destes procedimentos não implicará em impacto financeiro, devido a recompo-sição e exclusão dos procedimentos de média e alta complexidade em oftalmologia.

Art. 12 - Estabelecer, conforme definido no ANEXO VIII, a compatibilização de procedimentos x OPM.

Art. 13 - Excluir, conforme relação estabelecida no ANEXO IX, procedimentos relacionados à aten-ção ao paciente oftalmológico da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais - OPM do Sistema Único de Saúde.

Art. 14 - Consolidar, na forma do ANEXO V, a Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais - OPM do Sistema Único de Saúde - SUS em Oftalmologia.

Art. 15 - Redefinir, na tabela de serviços/classificações do Sistema de Cadastro Nacional de Es-tabelecimentos de Saúde - CNES, o serviço de código 131 - SERVIÇO DE OFTALMOLOGIA e suas respectivas classificações conforme tabela na próxima página.

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I - Excluir os códigos/habilitações descritos a seguir: Código Habilitação 05.01 Centro de Referência em Oftalmologia Nível I 05.02 Centro de Referência em Oftalmologia Nível II

II - Incluir os códigos/habilitações descritos a seguir: Código Habilitação 05.03 Unidade de Atenção Especializada em Oftalmologia 05.04 Centro de Referência em Oftalmologia

Art. 16 - Determinar à Área Técnica Saúde da Pessoa com Deficiência, do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção à Saúde/MS, a adoção das providencias necessárias para a elaboração de diretrizes para tratamento e reabilitação dos indivíduos com baixa visão e cegueira.

Art. 17 - Determinar ao Departamento de Atenção Básica, da Secretaria de Atenção à Saúde, a partir da publicação desta Portaria, a adoção das providencias necessárias para a elaboração de normas que norteiem as ações de prevenção e promoção à saúde oftalmológica.

Art. 18 - Estabelecer que os recursos orçamentários, necessários à implementação desta Porta-ria, correrão por conta do orçamento do Ministério da Saúde, devendo onerar o Programa de Trabalho 10.302.1220.8585 - Atenção à Saúde da População para Procedimentos de Média e Alta Complexidade.

Art. 19 - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, com efeitos financeiros e opera-cionais a contar da competência julho de 2008, revogando as Portarias SAS/MS nº 338 e 339, de 09 de maio de 2002, publicadas no Diário Oficial da União n° 128,

Seção 1, páginas 145 e 148; a Portaria SAS/MS nº 460, de 12 de julho de 2002, publicada no Diá-rio Oficial da União nº 134, de 15 de setembro de 2002, Seção 1, página 101; a Portaria SAS/MS nº 313, de 17 de outubro de 2003, publicada no Diário Oficial da União nº 203, de 20 de outubro de 2003, Seção 1, página 97.

JOSÉ CARVALHO DE NORONHA - SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE

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