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ATO 1 Cena 1 - Prólogo As cortinas estão abertas. Estamos no palco da Ópera de Paris. Os objetos da Ópera estão sendo leiloados. O palco é cheio de caixas de papelão inscritas com números com vários objetos dentro delas. Objetos maiores são cobertos com panos, e números inscritos nestes. Entram os personagens. Ha um leiloeiro, carregadores, ofertantes, Mme. Giry (85 anos), e Raoul, Visconde de Chagny (60 anos), sentado em uma cadeira de rodas, conduzido por uma enfermeira, estes dois entrando por ultimo, com destaque. Todos os personagens entram, se instalam no palco, e congelam. Após um momento sem movimento nenhum, a cena começa com uma batida no martelo do leiloeiro. LEILOEIRO Vendido. Seu número, senhor? Obrigado. Lote 664, senhoras e senhores: um pôster da produção desta casa, para a ópera "Hannibal" de Chalumeau. CARREGADOR (segurando) Aqui! LEILOEIRO Dez francos? Cinco então. Tenho cinco. Seis, sete. Alguém me deu sete? Oito. Oito dou-lhe uma. Oito dou-lhe duas. (bate o martelo) Vendido, para Raoul, Visconde de Chagny. Lote 665, senhoras e senhores: uma caixa de música de papel maché. Sobreposta, a figura de um macaco, vestido com um traje persa, tocando pratos. Esse item, descoberto nos porões do teatro, ainda está em funcionamento. CARREGADOR (segurando) Aqui! Raoul e Mme. Giry olham para a caixa. O carregador a coloca em movimento. Essa caixa parece ter grande valor para ambos, que se mostram tocados com a melodia tocada.

O Fantasma da Ópera - 1° ATO

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Page 1: O Fantasma da Ópera - 1° ATO

ATO 1

Cena 1 - Prólogo

As cortinas estão abertas. Estamos no palco da Ópera de Paris. Os objetos da Ópera estão sendo leiloados. O palco é cheio de caixas de papelão inscritas com números com vários objetos dentro delas. Objetos maiores são cobertos com panos, e números inscritos nestes. Entram os personagens. Ha um leiloeiro, carregadores, ofertantes, Mme. Giry (85 anos), e Raoul, Visconde de Chagny (60 anos), sentado em uma cadeira de rodas, conduzido por uma enfermeira, estes dois entrando por ultimo, com destaque. Todos os personagens entram, se instalam no palco, e congelam. Após um momento sem movimento nenhum, a cena começa com uma batida no martelo do leiloeiro.

LEILOEIROVendido. Seu número, senhor? Obrigado. Lote 664, senhoras e senhores: um pôster da produção desta casa, para a ópera "Hannibal" de Chalumeau.

CARREGADOR (segurando)Aqui!

LEILOEIRODez francos? Cinco então. Tenho cinco. Seis, sete. Alguém me deu sete? Oito. Oito dou-lhe uma. Oito dou-lhe duas. (bate o martelo) Vendido, para Raoul, Visconde de Chagny. Lote 665, senhoras e senhores: uma caixa de música de papel maché. Sobreposta, a figura de um macaco, vestido com um traje persa, tocando pratos. Esse item, descoberto nos porões do teatro, ainda está em funcionamento.

CARREGADOR (segurando)Aqui!

Raoul e Mme. Giry olham para a caixa. O carregador a coloca em movimento. Essa caixa parece ter grande valor para ambos, que se mostram tocados com a melodia tocada.

LEILOEIROPosso começar com quinze Francos? (Mme. Giry imediatamente levanta a mão.) Quinze, obrigado. (A enfermeira de Raoul levanta a mão com a mesma prontidão.) Sim, vinte de você, senhor, muito obrigado.

Mme. GIRYVinte e cinco!

LEILOEIROVinte e cinco à minha esquerda! Obrigado, senhora. Estamos em vinte e cinco.

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(novamente a enfermeira levanta a mão) Trinta? Mme. Giry olha para Raoul. Sensibilizada, percebe o quanto isso significa para o homem, doente de idade, e balança a cabeça horizontalmente em sinal de desistência.

LEILOEIROTrinta dou-lhe uma. Trinta dou-lhe duas. (bate o martelo) Vendido, por trinta francos ao Visconde de Chagny! Obrigado mais uma vez, senhor.

A caixa é entregue a Raoul. Ele a estuda atentamente. Todos os outros personagens congelam, focando a atenção no senhor por um breve momento.

RAOUL (muito discretamente, e frágil, para a caixa de música)Que relíquia, pois simTudo igual ao que ela descreveu Falava muito sobre ti Do teu veludoE estas aqui Por certo vais, sobreviver a todos nós

Os personagem descongelam. A atenção volta ao leiloeiro. Ele recomeça.

LEILOEIROLote 666, um lustre em peças. Alguns de vocês podem recordar do estranho caso do Fantasma da Ópera: um mistério nunca totalmente explicado. Soubemos, senhoras e senhores, que este é o próprio lustre que tomou parte no famoso desastre. Nossas oficinas o restauraram e o prepararam para a nova luz elétrica, de modo que podemos agora ter uma ideia de como ele vai funcionar quando aceso novamente. (com um tom crescendo e cada vez mais sombrio) Talvez possamos assustar o fantasma de muitos anos atrás com um pouco de luz. Senhores!

O leiloeiro conecta bruscamente uma tomada, e liga o lustre. Há um enorme flash, e a abertura começa. Durante a abertura, o lustre, imenso e brilhante, ergue-se magicamente ao teto. Enquanto isso, no palco quase completamente escuro, todos os objetos são retirados enquanto as cortinas lentamente se fecham. Quando o lustre finalmente paira sobre a plateia, a atenção volta-se para o palco. Entra M. Reyer, o maestro e Mme. Giry, a professora de ballet, agora jovem.Varias bailarinas entram pela cortina vermelha e se aquecem fisicamente. Logo em seguida, entram vários cantores do ensemble, que se aquecem vocalmente (em mute). Finalmente, entra Piangi, o cantor principal, sem maior efeito sobre os demais. Por ultimo, entra Carlotta, e é notado um grande respeito, e também um grande medo da parte dos outros integrantes. Identifica-se muito facilmente que ela é a “diva” do lugar. Perto das ultimas

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notas da abertura, Carlotta abre sua partitura, inspira profundamente, e ao acabar a abertura, inicia-se o ensaio com a voz soprano de Carlotta.

Cena 2 – Ensaio de “Pensa Em Mim”

CARLLOTA (com um sotaque italiano muito forte)Pensa em mim Bem lá no fundo Ao dizer adeus E vem pra mim De vez em quando Entre os sonhos teusVai passarO tempo vai passar Mas eu espero mesmo assimQue ao parar por um momentoVais pensar em mim

CORO (extremamente desafinado)Pensa em mi-

REYER (interrompendo, visivelmente irritado) Não, não, não! Senhoras e senhores, hoje é a grande noite! O futuro do teatro em suas mãos, concentrem-se! De novo! (Reyer da o tom vocalmente) 5,6,7,8 :

CARLOTTA (desconfortável e agora indiferente)Pensa em mim Bem lá no fundo Ao dizer adeus E vem pra mim De vez em quando Entre os sonhos teus Vai passarO tempo vai passar Mas eu espero mesmo assimQue ao parar por um momentoVais pensar em mim

CORO (tão desafinado quanto antes, senão pior)Pens-

CARLOTTA (de maneira extremamente arrogante)Não! (todos se calam) Monsieur Reyer, achei que tivéssemos concordado para o bem da Opera de Paris que “Pensa Em Mim” deveria ser um solo meu. (vira-se para o coro) Eu não gosto de trabalhar com iniciantes!

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REYERSim, signora! Porém, eu acho qu- (Carlotta lança olhares que parecem mortais em direção a Reyer. Com efeito fatal, Reyer muda sua fala como se nada tivesse acontecido) Muito bem! Signora?

CARLLOTA Pensa em mim Bem lá no fundo Ao dizer adeus E vem pra mim De vez em quando Entre os sonhos teusVai passarO tempo vai passar Mas eu espero mesmo assimQue ao parar por um momentoVais pensar em m-

Entra LEFEVRE, o empresário da Ópera prestes a se aposentar, com M. FIRMIN e M.ANDRE, aos quais ele acaba de passar o negócio. Carlotta demnonstra não acreditar ter sido interrompida uma terceira vez.

LEFEVRE(Para André e Firmin)Por aqui, senhores. Os ensaios, como podem ver, estão de vento em popa para a festa de gala de hoje à noite, para patrocinadores e produtores que possam se interessar em ajudar nosso querido teatro, e a investir em nossa próxima produção. O coro estará cantando a ária “Pensa Em Mim”, da opera Hannibal, de Chalumeau.

Vendo que fez uma pausa no ensaio, LEFEVRE tenta atrair a atenção. Carlotta e Reyer mostram-se particularmente nervosos.

LEFEVREUm minuto da sua atenção, por favor. Como sabem, há algumas semanas que já se ouvem rumores sobre meu iminente afastamento. Pois agora eu posso lhes contar que é tudo verdade, e é com prazer que eu lhes apresento os dois cavalheiros que agora são os novos donos da Opera Garnier: Monsieur Gilles André e Monsieur Richard Firmin.

Ambos se curvam educadamente, sob os aplausos do coro. Carlota faz sua presença sentida por endireitar sua postura, sorriso levemente, e inclinando a cabeça no ar. Lefèvre apresenta a equipe.

LEFEVRE.Monsieur Reyer é o nosso chef-repétiteur... (André e Firmin demonstrar claramente não ter entendido, e há um momento de silêncio constrangedor)

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“Maestro”. (Lefèvre deixa a palavra bem clara, e os novos gerentes, apesar de um pouco ofendidos, entendem. Aplausos educados.) Madame Giry, nossa excelentíssima mestra de ballet. (Aplausos educados.) Signor Piangi, nosso tenor principal. (Aplausos educados.)

CARLOTTA (interrompendo)Oi, eu sou a Carlotta!

Ela levanta os braços como para agradecer os aplausos. Não há aplausos . Mais um momento de silêncio constrangedor. Carlotta vira bruscamente para o coro com uma expressão ameaçadora, o que faz o coro jubilar em palmas e gritos forçados, e Carlotta voltar a posição inicial de agradecimento em sua total beleza, em contraste com sua expressão anterior.

LEFEVRE (com um tom levemente irônico)Sim, a Signora Carlotta Giudicelli, nossa primeira soprano já por cinco temporadas.

Carlotta estende sua mão a André e Firmin, para que estes a beijem. Contrariados, mas sem escolha, eles a beijam.

LEFEVRETemos também um orgulho muito particular da excelência do nosso balé. Meg, filha de Mme. Giry, é a nossa dançarina principal. (Aplausos educados, Meg agradece) Talvez os senhores queiram ver como será a apresentação de hoje à noite?

André e Firmin aceitam com a cabeça

LEFEVRESignora?

CARLOTTA (radiando alegria)Se o meu diretor quiser... Monsieur Reyer?

REYERSe a minha diva quiser...

CARLOTTAE eu quero!

Carlotta anda um pouco para a frente, se colocando em posição central, e se prepara.

REYER (garantindo que Carlotta está pronta)Signora?

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CARLLOTA (confirmando)Maestro.

CARLLOTAPensa em mimBem lá no fundoAo dizer adeusE vem pra mimDe vez em quandoEntre os sonhos teusVai passarO tempo vai passar Mas eu espero mesmo assimQue ao parar por um momentoVais pensar em mim

Carlotta faz um sinal de pausa a Reyer. Ela olha em volta, para se garantir que nada nem ninguém pretende interrompar ela. Com quase certeza de que tudo corre bem, ela continua, aliviada.

CARLOTTAPens-

Um saco de areia cai do lado de Carlotta, quase a acertando e a matando.

MEG/GAROTAS DO BALLET/COROAli! O Fantasma da Ópera (O Fantasma apareceu)

ANDRÉPor Deus! Mas onde está vossa educação?

FIRMIN (a Meg)Mademoiselle, por favor!

PIANGI (olhando para cima, furiosamente)Idiotas! (Corre para Carlotta.) Cara! Cara! Machucou-se?

LEFEVRESignora! Está tudo bem? Buquet! Onde está o Buquet?!

PIANGINinguém se preocupa com a Prima Donna?

LEFEVRETragam este homem aqui agora! (para André e Firmin) É o chefe do urdimento. Ele é o responsável por isso.

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Jospeh Buquet, um velho maquinista, aparece segurando um pedaço de corda rompido que lembra uma forca.

LEFEVREBuquet! Pelo amor de Deus, homem, o que é que está acontecendo lá em cima?

BUQUET (assustado)Oh monsieur, eu nada sei Estava ausente do meu posto, perdãoMas monsieur existe alguémE esse alguém é o coisa ruim, é o cão!

MEG (olhando para cima)Ali, o Fantasma da Ópera...

FIRMIMPor Deus, eu nunca vi uma insolência ass-

ANDRÉ (cortando-o)Signora, por favor... Essas coisas acontecem!

CARLOTTA“Essas coisas acontecem?” (crescendo o tom e a ironia) “Essas coisas acontecem?” O senhor chegou aqui há cinco minutos, o que é que o senhor sabe? Si, essas coisa acontecem o tempo todo. Nos últimos três anos essas coisas acontecem. (para Lefèvre) E você as impediu de acontecer? Não! (para André e Firmin) E vocês... Vocês são tão ruins quanto ele. “Essas coisas acontecem!” Ma! Argh! Até que essas coisas parem de acontecer, ESSA coisa (apontando para si mesma) aqui não acontece mais! Ubaldo! Andiamo!

Piangi servilmente pega os casacos dela e a segue. Piangi e Carlotta saem. Piangi imeditamente volta.

PIANGI (dando um certo suspense, aponta na cara de todos)Amadores!

Piangi sai novamente.

LEFEVRE (após uma pausa)Senhores, eu acho que não há mais nada que eu possa fazer para ajudá-los. Boa sorte. Se precisarem de mim, estarei em na Australia.

Ele deixa o palco. A companhia olha ansiosamente para os novos empresários. Momento de silêncio ocnstrangedor.

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ANDRÉ (seguro)La Carlotta vai voltar.(Silêncio constrangedor novamente. André agora parece muito menos seguro) Não vai?

Mme. Giry abaixa-se, e pega uma carta. Ela se levanta, e vai em direção aos gerentes.

GIRYEu tenho uma mensagem, senhor, do Espírito da Ópera.

As garotas rodopiam de medo.

FIRMINDeus do céu, vocês estão todos obcecados.

GIRYEle simplesmente lhes dá as boas vindas à Casa de Ópera dele, ordena que continuem deixando o camarote número 5 vazio para o seu uso, e lembra que seu salário está em atraso.

FIRMIN (estupefato)Salário?

GIRYMonsieur Lefèvre pagava-lhe dois mil francos por mês. Talvez o senhor possa dar-lhe um aumento, já que agora tem o Visconde de Chagny como patrono?

ANDRE Madame, eu esperava fazer este anúncio eu mesmo.

GIRYO Visconde estará presente na apresentação desta noite, monsieur?

FIRMINSim, em nosso camarote.

ANDREMadame, quem é a substituta para o papel?

REYER Não há substituta, ainda mais para “La Carlotta”, monsieur...

MEGChristine Daaé poderia cantar, senhor!

Christine, incrédula ao que Meg acaba de falar, paralisa de medo.

FIRMINUma garota do coro?

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MEG (para Firmin)Ela vem estudando com um grande professor.

ANDREMesmo? (Meg afirma entusiasmada com a cabeça) Quem? (Meg para de afirmar, fica em duvida, e vira para Christine.Todos então viram para Christine)

CHRISTINE (desconfortável)Eu não sei, senhor...

FIRMINOh, você também não... (Volta-se para André) Você crê nisso? Uma casa lotada de patrocinadores, produtores e gente cheia de grana, que podem salvar a Opera, e investir na próxima produção... E teremos de cancelar.

GIRYDeixe que ela cante para o senhor, monsieur. Ela foi muito bem treinada.

André e Firmin olham um para o outro.

ANDRE E FIRMINOk.

REYER (após uma pausa, e claramente insatisfeito com a escolha)Muito bem... do início da ária então, mam´selle.

CHRISTINE (cantando mal, e extremamente nervosa)Pensa em mim Bem lá no fundo ao dizer adeus E vem pra mim De vez em quando entre os sonhos teus

FIRMINAndré, isso já está me dando nos nervos.

ANDRENão fique assim, Firmin.

Antes que Christine retome a ária, Mme. Giry bate com seu grande cajado no chão, repreendendo Christine, como uma ordem de dedicação.

CHRISTINE (muito melhor, cantando perfeitamente, mas ainda nervosa)Vai passar O tempo vai passar Mas eu espero mesmo assimQue ao parar por um momentoVais pensar em mim

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Todos vibram de alegria com a bela voz de Christine, que é escolhida para substituir Carlotta. Todos entram para dentro das cortinas, Christine mais lentamente, e rodeada de pessoas lhe ensinando a letra, a maquiando, e conversando com ela. A luz se apaga, para em seguida brilhar muito mais em cima da cortina, dando a entender que a noite de gala começou. As cortinas se abrem. Christine esta no meio, sozinha, vestida em pura roupa de gala, iluminada por um único feixo de luz sobre ela, e com um belo microfone a sua frente.

Cena 3 - Gala

CHRISTINEE sim eu seiQue tudo isso, eu sei Ainda vai chegar ao fimMas até o fim eu peço Pensa um pouco em mim

Pensa em tudo que já floresceu E esquece o que apagou, morreu

Pensa em mim No meu silêncio, minha solidão Não sai de mimO teu calor me queima o coração Diz pra mim Que vais pensar em mimA toda hora aqui e ali Pois não vai haver um diaQue eu não pense em ti

Christine congela. Raoul levanta do meio do publico batendo palmas e gritando “Brava!”. Ele vai se aproximando, para ficar admirando Christine, à beira do palco.

RAOULMas será? Pode ser Christine?Bravo! Bem lá atrásHá tanto tempo atrás Nos dois tão puros bem aliEla pode não lembrarMas eu não esqueci

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CHRISTINEToda flor No tempo perde a corE nos também somos assimMas promete só que às vezesVais pensar(Christine vocaliza.)Em mim!

Christine agradece. A cortina fecha sob os aplausos.

Cena 4 – Após a Gala

As bailarinas entram pelas laterais do palco, esperando Christine. Esta entra pelo meio da cortina, e é alegremente felicitada por todas as suas amigas. Este momento de euforia dura um momento, até que se ouve um barulho muito forte do lado esquerdo da coxia. Todos paralisam de medo, e olham em direção ao ponto de onde o barulho parece ter vindo. Logo em seguida, ouve-se o mesmo barulho, porém na direção oposta (coxia direita). Todos, assustados, voltam seus olhares para esse lado. Aparece então Joseph Buquet do outro lado da coxia, andando sobre as pontas dos pés e discretamente, para assustar o coro.Chegando relativamente perto deles, ele berra monstruosamente. O coro grita de medo, fazendo Joseph rir.

BUQUETA pele dele é de papelE há um buraco pra que possa respirarEstejam sempre em prontidãoOu ele pega, e com seu laço vai matar

Mme. Giry, que estava escutando pelas costas de Buquet, então repreende o homem.

GIRYOs que falam por falarSó aprendem quando é tarde demais Joseph Buquet, (ela da um tapa na cara de Buquet) cale-se!Ou ele pega, e com seu laço vai matar

Buquet sai, humilhado, e extremamente nervoso.

(para Christine)Você foi bem. Ele (ambas olham sutilmente para baixo) vai ficar feliz. (para todos) Depois dessa noite de gala, e a apresentação de tirar o fôlego da Christine, eu não tenho duvido que vão aparecer investidores querendo produzir a próxima opera. E nosso balé esta decadente! Venham, nós vamos ensaiar. Agora!

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Ela enfatiza isso com sua bengala. As bailarinas se retiram do palco já se aquecendo. Christine move-se lentamente da multidão do coro. Despercebido por ela, Meg também se afasta e a segue. Christine ouve a voz de seu Anjo.

VOZ DO ANJOBravaBravaBravissima

MEGChristineChristine

VOZ DO ANJO (sussurando)Christine

MEG (entusiasmada)Diz-me por que é que te escondias? Foste de um tal brilho!Diz-me qual é o teu segredoQuem é o teu mestre?

A cortina abre lentamente, há um quarto/camarim na metade direita do palco.

CHRISTINE (distraída, e levando Meg para seu aposento)Meu pai falava de um anjoQue nos meus sonhos eu viHoje, ao cantar, eu entendoQue ele está aqui

E ele me chama tão suaveDe algum lugar dentroSempre comigo eu sei, eu sintoSei que ele vem, gênio

MEGTeu rosto eu vi das coxiasPor entre a grande ovaçãoÉ tua voz no escuro, e as palavras não

CHRISTINE (não ouvindo ela, em êxtase)Anjo da musica, és meu guia Dá-me do teu brilho

MEG (para si mesma)Quem é o anjo, o

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AMBASAnjo da musica, és mistérioOnde estarás, anjo?

CHRISTINESei que ele está aqui

MEG (segurando a mão de Christine)Que frias mãos

CHRISTINESempre em volta

MEGTeu rosto não tem cor

CHRISTINEAssusta-me

MEGNão se assuste

Mme. Giry entra no quarto, e bate com seu cajado para impor autoridade.

GIRYMeg Giry. Você é bailarina? Pois então venha praticar.

MEG (reclamando para si mesma)Ensaios, sempre ensaiando...

Meg se retira do palco, na mesma direção que o coro saiu anteriormente.

GIRYMinha querida, você deve se arrumar para a o jantar de gala.

Christine confirma e agradece com a cabeça. Mme. Giry se retira o quarto. Christine começa a se trocar, tirando o vestido da apresentação e colocando um elegante vestido branco para o jantar. Ela começa a arrumar seu cabelo.

Cena 5 – O Camarim de Christine

Enquanto isso, Raoul, André e Firmin são vistos caminhando em direção ao camarim. Os empresários, bastante excitados, levam um buquê de flores champanhe.

ANDREDemos a volta por cima!

FIRMINQue alívio. Os investidores pareciam muito interessadas na Christine.

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ANDRE (de uma maneira excentricamente “alegre”)Ela arrasou!

Raoul e Firmin param e olham para André. Firmin parece estar bastante incomodado, como se um segredo pessoal seu tivesse sido revelado.

ANDRE (com a voz mais grave e o jeito mais másculo possível)Acho que fizemos uma grande descoberta com a senhorita Daaé.

Silêncio constrangedor.

FIRMIN (indicando do camarim para Raoul, quebrando o clima ruim)Aqui está, monsieur Visconde.

RAOUL Sim. Senhores, se não se importam, esta é uma visita que eu prefiro fazer desacompanhado.

Ele pega o buquê de flores e o champanhe de Firmin.

RAOULObrigado.

ANDREComo quiser, monsieur.

Eles fazem uma vênia e saem.

FIRMIN (saindo)Parece que eles já se conheciam...

Eles riem excenticamente animados. Raoul bate na porta.

CHRISTINEEntre!

RAOULChristine Daaé, onde está o seu cachecol vermelho?

CHRISTINE Monsieur?

RAOULVocê não pode ter perdido ele! Depois de todo o trabalho que eu tive. Eu tinha só 14 anos e fiquei todo encharcado...

CHRISTINE (completando a frase)...porquê entrou no mar para pegar meu cachecol. Oh, Raoul. É você!

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RAOULChristine!

Eles se abraçam e riem. Ela se separa e se senta à mesa do camarim.

RAOUL“Linda Lotte, vive pensando...”

CHRISTINEVocê se lembra disso também...

RAOUL (continuando)Linda Lotte querA bonecaOu o giz

AMBOSOu a bolaOu dançar

CHRISTINECambalhota ou anel?

RAOULOs piqueniques no sótãoChocolate

CHRISTINEPapai tocando violino.

RAOULE nós lendo um pro outro histórias assustadoras do Norte.

CHRISTINEEis o que a Lotte diz enfim: “Dormir é meu grande festimPois o Anjo da Musica canta pra mim

AMBOSO Anjo da Musica canta pra mim”

CHRISTINEE papai dizia, “quando eu estiver lá em cima, filha, mandarei Anjo da Música visitar você”. Bem, papai morreu, Raoul, e o Anjo da Música tem me visitado.

RAOULMas é claro. E agora vamos jantar!

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CHRISTINE (firme)Não, Raoul, o Anjo da Música é muito severo.

RAOULMas voltamos cedo.

CHRISTINENão, Raoul...

RAOULVocê já esta linda, e com a roupa certa. Vou pegar meu chapéu. Pegue a sua capa. (Raoul pega a capa e coloca em Christine) Esta chovendo lá fora. Dois minutos... Linda Lotte.

Ele sai do camarim.

CHRISTINE (chamando)Raoul, não! (Christine senta-se na mesa e pega o pequeno espelho) As coisas mudaram, Raoul!

Musica tremula. Christine ouve a voz do “Anjo”.

VOZ DO ANJO (Christine olha pra cima)Bravo rapaz, mas que insolente! Jura que vai longeTolo infeliz, atrás da gloriaGloria que é só minha

CHRISTINEAnjo, é você!Estou te ouvindoÉs minha luz, fica Peço perdãoMinh’alma é fracaSó tu és meu mestre

VOZ DO ANJOEis que é chegado o momentoDe compreenderes quem souOlha teu rosto no espelhoEu ali estou

Uma figura se torna perceptível por trás do espelho. O “Anjo” é na verdade, o Fantasma da Opera.

CHRISTINEAnjo da Música, és meu guia Dá-me tua mão, gloria

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Anjo, de mim, não mais te escondasVem que aqui estou, Anjo

FANTASMAEu sou o Anjo da MusicaVenha ao Anjo da Musica

Raoul volta ao camarim, onde ouve uma estranha voz. Ele tenta abrir a porta, mas está trancada.

RAOULDe quem é essa voz?Quem está ai dentro?

FANTASMAEu sou o Anjo da MusicaVenha ao Anjo da Musica

Christine desaparece através do espelho, que fecha atrás dela. Só então a porta do camarim se abre. Raoul entra e não encontra nada.

RAOUL (gritando enquanto a cena se dissolve)Christine? Anjo?