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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORA
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
WAYRONE KLAITON LUIZ SILVA
O FCO COMO INSTRUMENTO NA PERPETUAÇÃO DAS
DESIGUALDADES REGIONAIS EM GOIÁS
IPORÁ
2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
WAYRONE KLAITON LUIZ SILVA
O FCO COMO INSTRUMENTO NA PERPETUAÇÃO DAS
DESIGUALDADES REGIONAIS EM GOIÁS
Trabalho de conclusão apresentado à
Universidade Estadual de Goiás, Unidade
Universitária de Iporá, como exigência parcial
para a conclusão do curso de graduação em
Geografia, modalidade Licenciatura.
Orientador: Prof. Ms. Julio César Pereira
Borges
IPORÁ
2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
O FCO COMO INSTRUMENTO NA PERPETUAÇÃO DAS
DESIGUALDADES REGIONAIS EM GOIÁS
DE
WAYRONE KLAITON LUIZ SILVA
Monografia submetida à banca examinadora designada pela coordenação de
Trabalhos de Curso de geografia da universidade estadual de Goiás. UnU – Iporá como parte
dos requisitos necessários a obtenção do grau de licenciados em geografia, sob a orientação
do Professor e Mestre Julio Cesár Pereira Borges.
Iporá,........... de .....................de.....................
Banca Examinadora:
______________________________________________________________________
Prof. Julio Cesár Pereira Borges – Presidente da banca – UEG Iporá
______________________________________________________________________
Prof.................................................................... – Arguidor – UEG Iporá
______________________________________________________________________
Prof.................................................................... – Arguidor – UEG Iporá
Dedico
Dedico esse trabalho científico, em primeiro
lugar, à Deus, meu melhor amigo e
inteligência suprema. Ao meu Pai, Vanderlan,
Minha Mãe Esley e minha irmã Wildinara,
pelo amor e compreensão que tiveram todos
estes anos comigo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que me deu forças para levar este meu sonho em diante.
Ao meu pai, que é tem um coração enorme e disposição enorme para me ajudar e
por tão companheiro na minha vida. A minha Mãe pela compreensão, pelo amor, pela
amizade.
A minha irmã Wildinara e seu Marido Tharses que tiveram sua contribuição me
ajudando em muitos momentos do trabalho, com ótimos “toques”.
A meu orientador Julio Cesar que, ao me aceitar como orientando, dado o pouco
tempo em questão, que acreditou que eu poderia enfrentar os desafios propostos pelo
Graduação e sempre esteve disposto a me ajudar.
Aos colegas do Banco, em especial Cícero, Elisângela, Letícia, pela compreensão
e pelos os momentos de felicidade que passamos juntos na faculdade.
A todos os meus familiares que se angustiaram comigo no decorrer deste trabalho
e que se alegram agora quando se aproxima o final de mais uma etapa da minha vida.
"A regra da igualdade não consiste senão em
quinhoar desigualmente aos desiguais, na
medida em que se desigualam. Nesta
desigualdade social, proporcionada à
desigualdade natural, é que se acha a
verdadeira lei da igualdade. O mais são
desvarios da inveja, do orgulho, ou da
loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou
a desiguais com igualdade, seria desigualdade
flagrante, e não igualdade real".
Rui Barbosa
RESUMO
O trabalho que se apresenta tem como objetivo promover uma discussão sobre a
atuação do Estado, através das políticas públicas, no desenvolvimento regional brasileiro, com
ênfase ao estado de Goiás, destacando a ação do FCO (Fundo Constitucional do Centro
Oeste), regionalização de investimentos e na desigualdade intra-regional. Para dar
plausibilidade a esse objetivo, teremos como direcionador as pesquisas feitas por
pesquisadores contemporâneos que versam sobre o assunto. Será feita um levantamento de
fontes quantitativas, documentais, acrescidas de uma leitura teórica sobre o tema. Esta
discussão tem como base a análise do Estado como agente capaz de concentrar renda, e
promover o desenvolvimento desigual das regiões, tendo em vista que o mesmo desenvolve
políticas públicas para suprir os interesses do capital e não social. Nesse sentido, busca-se
fazer uma reflexão sobre a atuação do FCO como elemento político, para o desenvolvimento
econômico de interesse das grandes corporações capitalistas e que por isso, promove um
desenvolvimento desigual no território goiano.
Palavras-Chaves: Território Goiano – políticas públicas. Desenvolvimento Regional
Desigual.
ABSTRACT
This work intend to promote a discussion about the role of the State, through public policies,
regional development in Brazil, with emphasis on the state of Goiás, highlighting the action of
the FCO (Constitutional Fund of the Midwest), regionalization of investments and intra-
regional inequality. To it become more plausible to this goal, researches made by
contemporary researchers direct about this matter. There will be a quantitative survey of
sources, documentary, plus a theoretical reading on the subject. This discussion is based on
the analysis of the State as an agent able of concentrating income and promote the unequal
development of regions, in order that it develops public policies to meet interests of capital,
and not social. In this sense, we seek to make a reflection on the role of the FCO as a political
element to the economic development that interests of interest to large capitalist corporations
and therefore, promotes unequal development in the territory of Goiás.
Key Words: Goiano Territory . Public Policy. Uneven Regional Development..
LISTA DE ABREVIATURAS
BASA - Banco da Amazônia
BB - Banco Do Brasil
BNB - Banco do Nordeste do Brasil
CDE – Conselho Deliberativo Econômico
CONDEL - Conselho Deliberativo do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-
Oeste
COVIR - Programa de desenvolvimento de sistema de integração
rural
FCO – Fundo Constiucional Do Centro-Oeste
FNE – Fundo Constitucional Do Nordeste
FNO – Fundo Constitucional Do Norte
IDE- Índice De Desenvolvimento Econômico
IDH – Índice De Desenvolvimento Humano
IDS - Índice De Desenvolvimento Social
IPI - Imposto Sobre A Renda
IPR - Imposto Sobre Produtos Industrializados
JK - Juscelino Kubistchek.
MI – Ministério da Inegração Nacional
PIB^- Produto Interno Bruto
PNDR – Política Nacional de Desenvolvimento Regional
PPA – Plano Plurianual
PRONAF - O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRONATUREZA - Programa de Preservação da Natureza
SEPLAN – Secretaria Do Estado De Planejamento e Desenvolvimento Econômico
LISTA DE ABREVIATURAS
SEPRE - Secretaria Especial de Desenvolvimento Regional
STN – Secretaria Do Tesouro Nacional
SUDAM - Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
SUDECO - Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste
SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................10
1. A PERPETUAÇÃO DO LEGADO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS NO
BRASIL...........................................................................................................................13
1.2 O Centro Oeste no Contexto da I.ntervenção Estatal.....................................................18
1.3 A Questão das Desigualdades Regionais em Goiás.......................................................20
2. CENÁRIO ATUAL DO FCO: Premissas, limitações e Mudanças...................................27
2.1 A estrutura do FCO...................................................................................................30
2.2 As brechas do sistema................................................................................................41
3. REGIONALIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS DO FCO NO TERRITÓRIO GOIANO
....................................................................................................................................44
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................53
REFERÊNCIAS..............................................................................................................56
10
INTRODUÇÃO
Uma simples análise da estrutura territorial brasileira é o suficiente para
percebermos que se trata de uma diversificada configuração regional, no que se diz respeito às
condições socioeconômicas. O contexto histórico da produção e apropriação do território
brasileiro justifica a realidade, isto porque, foi um processo que se deu através da
desigualdade regional, fato desencadeado pela territorialização do capital no país, mais
intensa nas regiões mais lucrativas e de menor intensidade ou até inexistente em outras
regiões.
Nesse contexto, o Estado é o principal agente, uma vez que o mesmo projeta e
aplica as estratégias do capital no território. Segundo Borges (2007), o Estado funciona como
representante de classe implementando políticas públicas que beneficiam os investimentos
capitalistas, que estrategicamente tende a priorizar algumas regiões, em detrimento de outras
regiões, que ficam desprovidas de políticas públicas, o que compromete o seu
desenvolvimento econômico e social da sociedade.
Esta realidade não foge à regra quando se trata da produção do território goiano,
onde a desigualdade regional é fruto da atuação histórica do capital e do Estado, que na
atualidade ainda consiste em vetores desta regionalização desigual.
Nesse contexto, algumas questões evidenciam a problemática do trabalho
proposto, tais como: o Estado é um agenciador de interesses capitalistas mascarado
ideologicamente como entidade pública? O FCO tem servido de instrumento para o
desenvolvimento social ou de mecanismo inerente a acumulação capitalista em Goiás? O
FCO é um instrumento regionalizador do território goiano?
É nesse sentido que se pretende analisar o Fundo Constitucional do Centro-oeste,
entendendo-o, como uma política pública, atrelada aos interesses da acumulação capitalista e
intensificadora da desigualdade regional em Goiás.
Para fins esclarecedores, o FCO é um fundo de crédito criado na Constituição de
1988 junto com o Fundo Constitucional do Nordeste e o Fundo Constitucional do Nordeste
para contribuir para o desenvolvimento econômico e social da região Centro-oeste.
11
O FCO como foco desta pesquisa é justificado por ser na atualidade um dos
principais agentes interventores na economia goiana, através do fomento no agronegócio, na
indústria, no comércio e serviços, além da pequena produção agrícola. Entendemos assim, que
o mesmo é um legítimo representante das políticas públicas em Goiás que acabam por
obedecer segundo Arrais (2005), a uma lógica concentradora, excludente e seletiva
perpetuando o que jaz inerente a ação do Estado no território goiano.
Entretanto, esta ação resultou em uma concentração de renda em determinadas
regiões, criando no território goiano, o que Santos e Silveira (2011) define como espaços
luminosos e em compensação espaços opacos.
Chamaremos de espaços luminosos, aqueles que mais acumulam densidades
técnicas e informacionais, fincando assim mais aptos a atrair atividades com maior
conteúdo em capital, tecnologia e organização. Por oposição, os subespaços onde
tais características são ausentes seriam os espaços opacos (SANTOS E SILVEIRA,
2011. p. 264)
É nesse contexto que nos referimos sobre a questão da desigualdade regional. É
bom deixar claro que não ignoramos a sua complexidade, que de certa forma estão
relacionadas, como é o caso da pobreza, criminalidade e violência. Mas, no entanto, não serão
aprofundados por não ser o foco da pesquisa.
Destacamos também, que hora e outra, aparecem no texto às expressões
disparidade regional, desigualdade regional, desequilíbrio regional e regionalização desigual,
que ao nosso entendimento, o significado é o mesmo, sendo usadas para uma questão de
ordenamento textual. Em relação às expressões Governo e Estado, ambas tem significados
diferentes, a primeira denota o sentido administrativo da gestão territorial, o segundo se refere
ao ente político da soberania nacional, legitimador das políticas governamentais.
Para dar plausibilidade ao trabalho proposto, alguns estudiosos foram de grande
relevância, destacando Borges (2007), Santos e Silveira (2011), Corrêa e Figueiredo (1992),
Gonçales (2008), Oliveira (2005), Santos (2008).
Os procedimentos metodológicos para a realização da pesquisa teve como base uma
diversidade de fontes, como as fontes secundárias das instituições oficiais; as dissertações, as
teses de doutoramento, os vários trabalhos de geógrafos, historiadores e economistas que versam
sobre políticas públicas e políticas territoriais. Buscou-se também investigar algumas fontes
quantitativas do próprio Estado e alguns documentos que decorre do próprio planejamento estatal.
Este trabalho está divido em três capítulos. No primeiro capitulo, discute-se a
produção territorial do Brasil ao longo da história, enfatizando os atores políticos e
12
econômicos que ao longo do tempo promoveram o desenvolvimento desigual do país, no que
se refere à questão regional. Esta discussão foi encerrada com análise da mudança de
estratégia do Estado brasileiro, após 1980, no comando da política neoliberal, enfatizando sua
atuação na região Centro Oeste, ponto estratégico para o avanço do capital no país.
No segundo capítulo é feita uma explicação do FCO, discorrendo sobre o contexto
do seu surgimento, sua estruturação constitucional, sua funcionalidade, além de tecer uma
crítica de sua ação, ao entender os desvios sofridos no percurso da aplicação de seus recursos,
ou melhor, das suas fragilidades enquanto política de desenvolvimento regional.
No terceiro capítulo, foi feita uma análise dos dados de valores de contratações
em Goiás demonstrando que o FCO em Goiás, serve como perpetuador de desigualdades
regionais e não como contribuidor ao desenvolvimento de toda a região Centro-oeste como
defende o Ministério da Integração Nacional e outros órgãos administradores nas suas
diretrizes.
Por fim, buscou-se com esta pesquisa, compreender a importância, e ao mesmo
tempo, a fragilidade do FCO como uma política regionalista, dando ênfase ao Estado de
Goiás. Espera-se com a mesma ter contribuído, para a compreensão da dinâmica política e
econômica do território goiano.
13
1. A PERPETUAÇÃO DO LEGADO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS NO
BRASIL
Ao longo da história brasileira, a materialização do capital se deu em forma
desigual e concentradora no que se refere à questão regional. Esse fato se deve as estratégias
capitalistas, que modificaram ao longo do tempo, promovendo uma andança do capital pelo
seu território, que em determinados momentos dinamizava uma região que no futuro próximo
se tornava um espaço opaco, como foi caso da mineração no sertão brasileiro.
Na verdade o que ocorreu no Brasil, durante os três primeiros séculos de sua
ocupação pelos europeus, foi uma corrida pela sua exploração natural, sem uma preocupação
por parte de Portugal em criar na sua colônia, uma nação. Assim, ocupavam regiões em que
os recursos naturais eram mais rentáveis, à medida que a rentabilidade era comprometida, tais
regiões eram abandonadas e partia para a próxima, ou seja, o que importava era a necessidade
de acumulação portuguesa, através de produtos brasileiros no mercado externo.
Nesse sentido, pode-se dizer assim, que a formação econômica brasileira no
período colonial foi em grande parte constituída por uma intensa produção extensiva
orientada às demandas do mercado externo (PRADO JÚNIOR, 1977).
Com a independência, e a criação do Estado Nacional brasileiro, ocorre um
processo de disputas políticas regionais, onde as oligarquias locais, não aceitavam a
centralização do poder, na figura do Estado, temendo a perda do poder. Na verdade durante
todo o império, não se conseguiu promover a unidade territorial do Brasil e cada região era
regida por políticas locais, obviamente de interesse da sua oligarquia (COSTA, 1988).
No entanto, a região sudeste é a mais beneficiada, pois, era onde se localizava a
sede administrativa do Estado e também se concentrava a burguesia nacional, a qual
comandou a ação do governo e absorveu os principais investimentos, através da captura das
políticas públicas, inicia aí o beneficiamento de determinada região pela ação de um Estado
representante de classe (COSTA, 1988).
Esta realidade perdura durante a primeira república, conhecida como a república
do café com leite, ao se referir ao domínio da região Sudeste do país sobre o Estado brasileiro,
sob a regência ora de São Paulo, ora de Minas Gerais. Fato que evidencia a prioridade das
políticas governamentais para a região comentada, em detrimento da exclusão de outras
políticas.
14
Na década de 1920, ao comparar as macrorregiões Sul e Sudeste do Brasil, às do
Norte, Nordeste e Centro-oeste do Brasil, menos desenvolvidas1, estas últimas mostravam
outra realidade brasileira, com um dos maiores índices mundiais de desigualdade, ao
representar em conjunto cerca de ¾ do território nacional e quase ½ da população,
respondendo por menos de ¼ do PIB nacional (OLIVEIRA, 2005). Como abordado por Neto
(2002, apud OLIVEIRA, 2005), “poder-se-ia dividir o país em pelo menos dois “Brasis” com
realidades bastante diferentes”.
Uma proposta de mudança dessa realidade ocorre no período em que Costa (1988)
denomina de Modernização Centralizadora, que tem início com o governo de Getúlio Vargas
em 1930. Este por sua vez, adota uma política de desenvolvimento econômico brasileiro,
baseado na industrialização e para tal, era necessária a ocupação do sertão, que tinha como
função, abastecer o Sudeste brasileiro de produtos agrícolas, que por sua vez seria a região a
se industrializar.
Neste contexto, inicia-se a Marcha para o Oeste, que se evidencia como a
primeira ação do governo brasileiro, para o desenvolvimento do sertão. Sobre essa, destaca-se
a criação das colônias agrícolas, que não conseguiram realizar a modernização da produção
agrícola, como era proposto; A criação da Fundação Brasil Central, com sede no Oeste
Goiano, que também não cumpriu seu papel de integração de Goiás, Mato Grosso ao Sudeste
Brasileiro e por último a Cidade de Goiânia, símbolo do moderno no sertão atrasado, a qual
também não surtiu nenhuma grande transformação.
Assim, pode-se dizer que a política de Marcha para o Oeste, embora tenha sido
importante pela sua tentativa de modernizar o sertão, não conseguiu reduzir a discrepância
entre Sudeste e Sertão brasileiro. Por outro lado, esta política foi o pontapé inicial para o
projeto de integração territorial promovida pelo governo de Juscelino Kubistchek.
O Projeto de integração territorial do governo de JK é tem como destaque a construção de
Brasília e o modal rodoviário. Nesse contexto, o território goiano é mais beneficiado, com a
criação das rodovias BR-020, Brasília-Fortaleza, passando por Formosa; BR-040, Brasília
Sudeste, ligando Goiás a Minas e Espírito Santo; BR-050, Brasília-São Paulo, passando pelo
Sudeste Goiano e Triângulo Mineiro; BR-060, Brasília-Mato Grosso e Paraguai, passando pelo
Sudoeste Goiano; BR-153, Brasília-Belém, cortando Goiás de norte a centro-sul e se constituindo
numa espécie de espinha dorsal de parte de Goiás e do Estado do Tocantins (antigamente Goiás).
1 Segundo PRADO, uma das causas destas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste serem menos desenvolvidas
pode também ser atribuída à dependência da produção agropecuária de baixo valor agregado em relações as
regiões sudeste e sul.
15
Por ora, segundo Borges (2007), nesse cenário rodoviário, as BRs tiveram papéis
fundamentais na transformação do espaço goiano, pois a chamada integração nacional passava
obrigatoriamente pelo Estado de Goiás.
Sobre a construção de Brasília, no projeto de integração territorial e dinamização
econômica da região Centro Oeste, pode-se afirmar que foi de grande relevância:
[...] em primeiro lugar, por sua localização no centro do país, em área relativamente
vazia até então. Em segundo lugar, pelas diretrizes estabelecidas a partir do
Mapa 1 - Rodovias De Goiás. Fonte: Borges (2006)
16
Programa de Metas sobre a infra-estrutura, especialmente do sistema rodoviário.
Brasília passou a funcionar como o nódulo da integração do referido sistema,
decorrente da construção dos grandes troncos rodoviários [...]. Em terceiro lugar,
como decorrência do sistema de transportes e das mudanças tecnológicas na
agricultura, foi possível a incorporação produtiva dos cerrados, viabilizando a
expansão da extensa fronteira agrícola do Centro-oeste brasileiro, atingindo os
cerrados nordestinos e amplas faixas da Região Norte do país (DINIZ, 2001, p. 14)
Se por um lado a construção de Brasília trouxe a integração econômica trazendo o
desenvolvimento econômico, e a segurança do plano piloto de Brasília, que significava, de
certa forma uma estrutura de cidade bem desenvolvida. De outro lado, muitos brasileiros, em
sua grande maioria, nordestinos, migravam para a região em busca de oportunidades, logo se
estabeleceram formando a cidades satélites, sem nenhum planejamento e uma acelerada
concentração urbana propiciando ao entorno de Brasília o que mais tarde seria um dos mais
baixos índices sociais do Brasil.
Outra política que merece destaque no Governo de JK e continua nos governos
militares até a década de 1980, foi à criação de órgãos governamentais para tratar do
desenvolvimento regional no Brasil, os quais eram especializados em determinada região,
como foi o caso de programas como SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste), SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), SUDECO
(Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste) dentre outros.
Ambos eram voltados para atuarem nas regiões mais estagnadas do Brasil, devido à
constatação histórica da ação governamental que até então tais políticas não cooperaram de
forma efetiva para a redução das disparidades no Brasil (Oliveira, 2005). Por ora, urgia o
enfretamento do problema de desequilíbrio regional da época, ignorar esta questão, seria
maximizar o problema. Partindo desta idéia,
[...] os desequilíbrios no desenvolvimento das regiões mais atrasadas não afetam
apenas essas regiões, mas também o crescimento do país de forma geral, as políticas
regionais têm como preocupação a correção das desigualdades regionais garantindo
às regiões mais pobres recursos necessários ao seu crescimento e à melhoria das
condições sociais e, então, promover o crescimento econômico do Brasil de forma
mais eqüitativa (OLIVEIRA, 2005, p. 1-2).
O fato é que a partir da década de 1970 as regiões periféricas aparecem como vetor da
expansão capitalista no Brasil, para essa ação, era preciso modernizá-las, o que pressionava o
Governo Federal a tomar uma posição na promoção de políticas públicas mais eficientes e
compensatórias para essa expansão, assim:
17
[...] percebe-se que as forças de mercado não são capazes de proporcionar às regiões
periféricas condições de criar mecanismos que ajudem no processo de
desenvolvimento econômico dessas regiões privando-as de participar do processo de
desenvolvimento nacional (OLIVEIRA, 2005, p.18).
Assim, cada vez mais se torna evidente as regiões excluídas do desenvolvimento
econômico do Brasil observado em sua totalidade, e mais evidente ainda, as ações
descoordenadas do Governo em distribuir a renda no território brasileiro inclusive na
macroregião Centro-oeste, que a partir da década de 1970 passa ser estratégica para a
geopolítica do capital no Brasil, através da modernização do campo.
Assim, a ação do Estado, através das políticas, passa a ser intensa nessa região, ou
seja, as intervenções estatais deram novos caminhos para o processo de agroindustrialização
no Centro-oeste, uma vez que a:
[...] economia do Centro-oeste reflete ao mesmo tempo um dinamismo econômico
avançado, devido à influência do Sul–Sudeste, e específico, em face da aplicação de
um pacote tecnológico de aproveitamento do ecossistema cerrado. Esse dinamismo
fica demonstrado quando se verifica na década de 1950 que seu produto per capita
estava próximo ao das macrorregiões Nordeste e Norte. Nos anos 60, 70, foi se
distanciando destas e, a partir de 1985, ultrapassou o produto médio per capita
nacional (STEINBERGER, 2000, p.37).
É evidente que Centro-oeste, na atualidade, com a modernização do campo se
aproxima da realidade das regiões Sul e Sudeste do Brasil, no que se refere à questão e
econômica, compondo a área mais dinâmica do país. Neste sentido, não pode ser ignorado, o
fato de essa aproximação deve ser resultado da política de expansão do capital no território
brasileiro, que por sua vez, comandou a ação do Estado em direção a acumulação capitalista e
em não na resolução das questões de desigualdades inter e intraregionais. No entanto,
É possível encadear uma síntese das intenções políticas que perpassam todas as
políticas territoriais dos anos 30 até os nossos dias, nos diversos padrões territoriais
constituídos nesse ínterim: Da política do Estado Novo, passando por 50 com o
desenvolvimentismo de JK; de 60 a 80. Com desenvolvimentismo graduando-se
com a denominada abertura de fronteiras para o capital estrangeiro
refuncionalizando partes antes destinadas a atividades econômicas desintegradas, e
apresentando o milagre econômico como salvação do que se referia como uma
economia dependente; e de 90 aos nossos dias, com a caracterização dos modelos de
modernização da agricultura, mediante a consolidação do parque industrial
brasileiro, do novo sistema de comunicação aparatado pela transição democrática e
servindo a internacionalização do neoliberalismo, percebe-se o esforço do estado
brasileiro, sustentados por pactos entre elites, às vezes nacional, outras vezes, dessa
com a internacional, utilizar o território brasileiro para incorporar o país a uma
dinâmica de uma economia internacional (CHAVEIRO, 2004, p.137).
Tal incorporação ilusoriamente aproxima economicamente das regiões, mais mascara
o seu modelo excludente e concentrador pelo qual se deu em todo território brasileiro, ao
18
mesmo tempo, imprime sua continuidade, perpetuando as desigualdades inter e intraregionais,
sendo o Estado através das políticas públicas um contribuinte para essa processualidade.
1.1 O Centro-oeste no Contexto da Intervenção Estatal
A década de 1980 foi um período de grande crise no Brasil, tanto econômica, quanto
política, entre as possíveis causas, o crescimento da dívida externa, a balança de pagamento, a
inflação e o fim do Regime Militar. Tais fatos desencadearam um conjunto de transformações
no país, inclusive na característica do Estado Nacional que enfraquecido pela crise
generalizada, não apresentava condições de manter o caráter intervencionista COSTA (1998).
Tal situação histórica instituiu no país um debate referente ao tamanho do Estado,
expondo duas tendências políticas bem definidas, impregnando uma disputa entre os
“minimalistas” e “maximalistas” do Estado.
De um lado, principalmente nas correntes mais da esquerda, posicionam os
defensores do Estado providência, o Estado Maximo, que intervêm praticamente em
todos os setores da vida social, ocupando até mesmo um largo espaço na economia,
com a presença de empresas estatais. De outro lado na esteira da vertente neoliberal,
que se difunde no Brasil nos anos 1990, temos os arautos do estado mínimo,
pregando a não intervenção estatal na economia e no cotidiano. (GONÇALVES
NETO, 1997, p. 220):
A partir desse momento, o que se vê no Brasil é uma ruptura com o tradicional
modelo intervencionista do Estado brasileiro, simbolizado na política de privatização, ou
melhor, o que ocorreu foi o proveito de um momento de crise política e econômica, instaurado
no bojo da democratização de um país (Borges, 2007).
Nessa conjuntura, é evidente a ineficácia do Estado intervencionista, na regência
do país, o que abriu precedentes para os neoliberais empunharem a bandeira do não
intervencionismo estatal. Neste sentido, segundo Gonçalves e Neto (1997, p.221),
complementa “o Estado não pode competir com a iniciativa privada, nem provocar situações
que prejudiquem a chamada lógica do mercado”.
Guardadas as ressalvas anteriores, é possível dizer que na verdade o afastamento
do Estado foi apenas um discurso, tendo em vista, que o mesmo nas últimas décadas, continua
como interventor, principalmente no que se refere à modernização do campo. O que mudou
foi à forma de intervenção, passando da infraestrutura para a política financeira, ou seja,
passou a financiar diretamente a produção, através das políticas ficais.
No caso do Centro-oeste, percebe-se a presença marcante de intervenções
estatais, seja na regulação da economia, seja no ordenamento territorial, que possibilitou uma
19
melhora dos indicadores sociais. Mas esta mudança está longe de ser significativa se
compararmos os indicadores sociais das regiões desenvolvidas.
Quando se refere às intervenções estatais no Centro-oeste, é importante lembrar,
que na atualidade, a política de incentivos fiscais vem atraindo grandes empreendimentos
como a Perdigão, Seara Alimentos e a Nestlé, o que a importância da intervenção estatal no
Centro-oeste. Neste sentido, é importante destacar,
[...] em primeiro lugar, a mudança do Centro-oeste permite ás grandes empresas
começarem do zero no redesenho das instituições de integração. Em segundo lugar,
a estratégia de relocalização tem vantagem adicional de evitar os custos que poderia
ser um processo penoso politicamente explosivo de ajustamento no Sul. Em terceiro
lugar, as políticas públicas podem estar favorecendo o Centro-oeste. O Fundo
Constitucional do Centro beneficia investimentos nesta região relativamente ao sul,
e incentivos fiscais num nível estadual estão também induzindo as empresas a se
expandirem no Centro-oeste. É possível que, além disso, restrições ambientais
relacionadas com o odor, com a poluição da água e com o manejo dos dejetos
estimulem mais ainda o abandono das regiões mais densamente povoadas do sul
(HELFAND; REZENDE, 1999, p.364)
Neste contexto, a região Centro-oeste é beneficiada pela disponibilidade de linhas
de financiamento, voltadas ao incentivo da agroindustrialização, as quais por características
morfológicas e econômicas se constituem em forte atrativo a tais investimentos.
No caso de Goiás, de acordo com Borges (2007), “As instalações de
empreendimentos no território goiano condicionam-se às vantagens oferecidas pelo poder público
aos empresários do setor privado com créditos e incentivos fiscais”. Ressalta, no entanto, que
segundo os dados da revista Economia & Desenvolvimento, ano VI, nº 17, de outubro de 2004, o
Estado de Goiás investiu mais de R$ 500 milhões, em 2004, distribuídos em cinco linhas distintas
que financiavam desde os micros empreendimentos até as grandes empresas, contemplados por
meio do Banco do Povo, do Crédito Produtivo, do Fundo de Mineração, da Agência de Fomento e
do Fundo Constitucional do Centro-oeste.
Nesse sentido, o Estado como interventor exerce a função de agenciador de
negócios econômicos, pois atrai empreendedores de outras partes e incentiva a produção
interna, no entanto, esse agenciamento favorece, quase sempre, as empresas de maior capital e
acaba por contribuir com a exploração dos pequenos empreendedores pelas empresas
multinacionais como foi o caso da instalação de uma grande multinacional, Perdigão no
município de Rio Verde (BORGES, 2007, p.77). Nesse lume,
[...] essa situação de transformação do poder público em agenciador de negócios
econômicos pode gerar problemas de ordem social e econômica para a máquina do
Estado. Isso porque, os incentivos fiscais que chegam a financiar 73% do ICMS,
20
através de programas como o Produzir durante 7 ou 15 anos, onera o orçamento do
estado e compromete o investimento no bem estar social. Esse tipo de incentivo
fiscal estrangula o sistema de arrecadação tributária do Estado que, por sua vez,
tenta compensar o prejuízo tirando diretamente dos programas sociais e do bolso do
consumidor. Ou seja, os mais pobres pagam o empreendimento dos mais ricos.
(BORGES, 2007, p.77).
A partir do exposto, pode-se afirmar como foi dito anteriormente, o estado como
interventor no Centro Oeste, é um representante de uma política nacional, que por sua vez,
ordena o território brasileiro de acordo com interesses das grandes corporações internacionais,
se constituindo assim, em um legítimo representante de classe.
Se a atuação do Estado é um projeto do grande capital, não há uma preocupação
com o desenvolvimento social e muito menos com o desenvolvimento homogêneo do
território brasileiro, o que é justificado pela intensificação de investimento público em
determinadas regiões. Nesse sentido, pode-se dizer também que o estado é regionalizador,
pois, sua ação gera a desigualdade regional.
1.2 A Questão das Desigualdades Regionais em Goiás
Neste capítulo, a intenção é de analisar a configuração do território goiano por
meio de dados, que permitiram de forma sucinta, diagnosticar se realmente a perpetuação do
legado histórico das desigualdades, atualmente está materializada no território goiano.
Nesse lume, a investigação socioeconômica do Goiás na atualidade se encaixa
através da hipótese levantada de que as políticas públicas em sua grande maioria são
direcionadas a regiões mais desenvolvidas como é o caso do sul goiano que se destaca em
relação a outras regiões menos desenvolvidas que se tornam economicamente estagnadas pela
falta de políticas públicas.
A idéia anterior complementa a simples idéia de que o desenvolvimento
econômico acompanha o desenvolvimento social quando o mesmo é distribuído, ou melhor,
onde a sociedade teria de fazer parte do processo de desenvolvimento econômico para
desfrutar de tais benefícios. Inserido neste processo as políticas públicas são instrumentos
essenciais para alavancar o desenvolvimento socioeconômico de determinada região. Para
discutir a questão da desigualdade regional em Goiás, será utilizada a divisão administrativa
da das regiões de planejamento do Estado de Goiás,
21
Figura 1 - Regiões de planejamento do estado de Goiás. Fonte: SEPIN/SEPIN (2005)
Partido da interpretação dos dados referentes ao Índice de Desenvolvimento
Social (IDS) e Índice de Desenvolvimento Econômico (IDE) 2
, é possível traçar o perfil do
desenvolvimento econômico e social do Estado de Goiás, ao mesmo tempo, caracterizar a
atuação do estado nos municípios goianos menos e mais desenvolvidos.
A microregião sudoeste de Goiás, impulsionada pelo agronegócio, apresenta a
maioria de seus municípios com IDE acima da média do Estado – 73% do total dos
municípios da região. Além da Região Sudoeste, apenas a Região Metropolitana de
Goiânia, Sul e Sudeste Goiano possuem IDE acima da média estadual, as mesmas de
2001. O Nordeste Goiano apresentou [...] o menor nível de desenvolvimento
econômico de Goiás, com IDE médio de 4.935. Dos 20 municípios da região, 19
apresentaram índice abaixo da média estadual, isto decorre do baixo dinamismo
econômico, ocasionado por uma agricultura pouco expressiva, bem como pela
ausência de atividades ligadas a indústrias. (SEPLI 2006 p. 12-18):
Entende-se que o desenvolvimento econômico no que concerne ao IDE acima da
média no sudoeste goiano e abaixo da média no nordeste de Goiás apresenta diferentes
economias, como as regiões ligadas às atividades produtivas agroindustriais, como é o caso
do Sul, que têm um maior dinamismo econômico e regiões ligadas às atividades como
2 Segundo o SEPIN (2006), O IDE é um índice construído com dados referentes à infra-estrutura (INF), à
qualificação da mão-de-obra formal (IQMF) e com o PIB per capita do município (IPP). Já o IDS é um índice
construído considerando o desempenho do setor de saúde (INS) e educação (INE) e, a oferta à população de
serviços básicos (ISB) e a renda auferida pelos trabalhadores em função das faixas de renda da mão-de-obra
formal (IFRMF).
22
industria e comércio, em detrimento ao caso do nordeste, que têm um baixo dinamismo
econômico às atividades como agricultura e pecuária tradicional (SEPIN, 2006).
Já nos Municípios como Goiânia, Anápolis, Rio Verde e Catalão, por possuírem
maior capacidade de polarização regional e estarem com alguma integração econômica aos
principais eixos de desenvolvimento do país ao mercado externo, obtiveram maior incremento
de renda devido à expansão do agronegócio, da industrialização e da ampliação das
exportações (SEPIN, 2006).
Para as regiões que englobam esses municípios receberam o maior volume de
investimentos privados e públicos no Estado nos últimos anos. Em relação ao IDS é possível
perceber que os municípios com esse índice acima da média são os que possuem maior acesso
e possibilidade de angariar recursos direcionados à oferta de serviços básicos à população,
além de uma renda pessoal e nível educacional mais elevado, o que leva a uma exigência
maior por condições de acesso à saúde, educação e serviços públicos (SEPIN, 2006). Neste
sentindo, pode-se assim afirmar,
Quanto à interpretação do IDS, os resultados demonstraram que a situação de
desigualdade não se alterou no aspecto social de 2001 a 2006, entre os municípios
com melhor desenvolvimento social, [...] está localizada na região Metropolitana de
Goiânia, Sudoeste, Sul e Sudeste Goianos. Já o percentual de municípios nas
Regiões de Planejamento com índice abaixo da média do Estado foi: Região
Metropolitana 65%, Nordeste Goiano 85%, Entorno do Distrito Federal 95%, Norte
Goiano 73%, Noroeste 54% e Centro Goiano 69%. Ressalta que nessas regiões
estão localizados os municípios com oferta de infra-estrutura social menos
desenvolvida [...]. De forma geral, complementa-se que os municípios do Estado em
138 municípios goianos – 56% do total – apresentaram IDS inferior à média do
Estado. (SEPIN, 2006, p. 14)
Estes dados são preocupantes, pois no grupo dos 138 municípios goianos, 56% do
total apresentaram o IDS inferior. Dos mesmos municípios em sua maioria localizados na
região do Entorno do Distrito Federal, Região Metropolitana, Noroeste, Nordeste, Oeste,
Norte e Centro Goiano, destacou-se o Entorno de Brasília que bateu o recordes de
desigualdades com um percentual muito abaixo da média.
Conforme o SEPIN (2006), as regiões com IDE baixo, em sua maioria,
apresentavam situadas em locais economicamente menos dinâmicos do Estado, no setor
terciário estava com baixo dinamismo econômico, uma agricultura pouco desenvolvida e com
uma economia voltada para o setor primário. Neste aspecto, é importante afirmar que,
Entre os municípios que apresentam o grupo de municípios que apresentaram
desenvolvimento econômico e social acima da média estadual é formado por 63
municípios, localizados nas regiões onde a indústria se desenvolve, a agricultura é
mais intensiva e associada aos complexos agroindustriais, além do setor terciário
mais dinâmico. Sua infra-estrutura reflete claramente nos indicadores que compõem
23
o IDE, haja vista que por ser esta mais desenvolvida, é maior o consumo de energia,
além de possuir um setor financeiro mais dinâmico, maior concentração de
estabelecimentos comerciais e industriais. (SEPIN, 2006 pag. 15-16)
Em relação ao trecho anterior, vê-se em Goiás que existem realidades
extremamente antagônicas, uma regionalização desigual de investimentos, a população goiana
sofre com uma profunda concentração de renda. Deste modo, os municípios abaixo da média,
[...] demandam mão-de-obra com baixa qualificação e remuneração, produzindo
impacto pouco expressivo no comércio e no setor de serviços. São municípios com
uma infra-estrutura insuficiente para a atração de grandes empreendimentos, não
dispõem de mão-de-obra especializada e nem condições para que a aglomeração
urbana sustente uma atividade de comércio e serviço de forma crescente. Tais
municípios são altamente dependentes das transferências do Fundo de Participação
dos Municípios e de políticas de desenvolvimento. . (SEPIN, 2006 pag.17)
Com efeito, pode-se constatar que as políticas públicas são essenciais para
alavancar o processo de desenvolvimento econômico, dada a ligação na maioria dos IDS é
maior em municípios goianos com IDE alto. Mas, o problema é quando políticas públicas são
utilizadas estrategicamente a priorizar as regiões mais desenvolvidas, em detrimento de
outras, causando inúmeros problemas à sociedade goiana, a maior evidência são as
desigualdades regionais, repartindo o território goiano, em um Goiás pobre e um Goiás rico.
A partir do exposto, a tabela 1 verifica o índice de desenvolvimento econômico
(IDE) e o índice de desenvolvimento social (IDS) de Goiás junto as Regiões de Planejamento
do Estado de Goiás onde será possível tecer alguns paralelos.
Regiões de planejamento IDE Classificação IDS Classificação
Sudoeste Goiano 5061,0 1° 5041 1°
Sudeste goiano (Estrada de Ferro) 5038,6 2° 5019 2°
Sul Goiano 5031,3 3° 5017 3°
Metropolitana de Goiânia 5007,5 4° 5008 4°
Norte Goiano 4993,1 5° 5000 5°
Oeste Goiano (Eixo GO-060) 4990,3 6° 5000 6°
Centro Goiano (Eixo BR-153) 4984,8 7° 4991 7°
Noroeste Goiano (Estrada de Boi) 4971,5 8° 4986 8°
Entorno do Distrito Federal 4955,4 9° 4957 9°
Nordeste Goiano 4935,4 10° 4949 10°
24
Tabela 1 - Índice de Desenvolvimento Econômico e social, por componentes – 2006 Regiões de Planejamento do
Estado de Goiás. Fonte: SEPIN (2006)
Os mais recentes dados do SEPIN sobre desenvolvimento revelam que nas dez
regiões de planejamento percebeu-se um percentual correlativo onde o desenvolvimento
acompanha o desenvolvimento social que possibilita a elevação do padrão de vida de acordo
com nível de desenvolvimento da região e nível de renda em que é distribuído entre si.
Dada a relação do desenvolvimento econômico com o social, é possível afirmar
que o desenvolvimento econômico for mal distribuído o desenvolvimento social será pouco,
pois não se trata de quantidade, mas como a renda é distribuída numa região. Em síntese, a
importância das políticas públicas no desenvolvimento socioeconômico é fundamental, pois é
a partir delas que se tem atrai o setor privado.
Neste aspecto, sugere que tais as políticas públicas estão sendo direcionadas a
regiões mais desenvolvidas, pois como se prova nos gráficos se destaca regiões que são mais
alvos de políticas públicas como o sudoeste goiano, sudeste goiano e sul goiano comparadas a
regiões pobres como o nordeste de Goiás, entorno do distrito federal, e noroeste goiano que se
tornaram economicamente estagnadas pela falta de políticas públicas.
Tudo isso reforça a idéia central de desigualdade regional, pois as regiões goianas
mais desenvolvidas têm uma significativa infra-estrutura e sustentação financeira para atrair
investidores elevando o seu patamar do padrão de vida da sociedade e diferentemente das
regiões pobres há escassez de investimentos econômicos.
4860,04880,04900,04920,04940,04960,04980,05000,05020,05040,05060,05080,0
IDE
IDS
Gráfico 1 - Índice de Desenvolvimento Econômico, por componentes – 2006 e Regiões de Planejamento do
Estado de Goiás. Fonte: SEPIN (2006)
25
A partir do exposto, não se pode negligenciar a informação divulgada pelo SEPIN
(2006), uma vez que a correlação de 58% entre o IDS e o IDE, evidenciando que o
desenvolvimento social não é necessariamente conseqüência do desenvolvimento econômico,
existe casos, de pequenos municípios com uma única indústria representativa gerando uma
renda elevada, apresentando um valor alto de IDE e um valor baixo de IDS.
No entanto, é importante ressaltar que quando o desenvolvimento econômico não
pode garantir um desenvolvimento social nas mesmas proporções por ser mal distribuído e
desvinculado da sociedade, se a sociedade fizer parte do processo de crescimento econômico,
mesmo sendo desigual, este abrirá espaço para mudança e uma continua transformação da
realidade local e regional.
Neste contexto, em outra instância, se olharmos o desenvolvimento partir de todo
estado de Goiás, verá em destaque, o caso do FCO que é direcionado relativamente ao sul
goiano, que em grande parte, as empresas de maior capital polarizadas em regiões elitizadas
pela ação do capital, em detrimento de outras regiões que ficam estagnadas, ou seja, o
território goiano foi segregado ao manter o desenvolvimento econômico limitado a
determinadas regiões, perpetuando as desigualdades regionais em Goiás.
Com efeito, as regiões menos desenvolvidas têm menos facilidade de angariar
recursos públicos, e isto se torna um ciclo vicioso de pobreza, promovendo a estagnação
econômica das mesmas e o agravamento as suas desigualdades regionais. Fato que denúncia a
ação o Estado como representante de classe social.
Está questão apesar de complexa, há de ser considerar que na formação de
políticas públicas em Goiás, os recursos públicos são arrecadados através dos impostos, e
estabelecidos constitucionalmente a se destinar a um fim em prol do bem-estar da sociedade.
Tais políticas atreladas ao interesses de acumulação capitalista ferem a constituição, pois não
obedecer às princípios constitucionais ativos.
Na instancia política, existe um debate quanto à alocação de recursos públicos que
sofre com a interferência de diferentes interesses, em sua maioria, de caráter neoliberal,
produzindo políticas públicas desarticuladas e contraditórias ao moldes de um
desenvolvimento regional sustentável. Como o caso influência dos interesses políticos, pois
geralmente cada político pensa em beneficiar a sua região, causando distorções de
desenvolvimento de uma região para outra.
Num olhar direcionado para as regiões mais desenvolvidas, percebe-se que as
mesmas têm mais acesso as políticas públicas, de angariar recursos públicos são espaços para
instalação de grandes empresas, são regiões polarizadoras de investimentos, mantendo a
26
competitividade ou até o monopólio sobre uma região sobre a outra, como é o caso da relação
do sudoeste goiano com o oeste goiano.
Neste sentido, é preciso pontuar, que a desigualdade regional em Goiás
atualmente pode ser vista com distribuição desigual de renda que é mantida (ou até
intensificada) pelas políticas públicas que atrelada aos interesses de acumulação capitalista
configurando estrategicamente o território goiano aos moldes de um desenvolvimento
econômico e social centralizado, seletivo e excludente.
Inserindo o FCO neste contexto, entende-se que o mesmo faz parte de um sistema,
que acompanha e intensifica a desigualdade regional, tendo em vista, que o mesmo prioriza
determinadas regiões, veiculadas pela ação do estado.
A partir de tudo que foi exposto, conclui-se que a perpetuação do legado histórico
das desigualdades, atualmente está materializada e encravada no território goiano, pois as
políticas públicas e especificamente o FCO continua atuando com a mesma ideologia
concentradora que tem sido desencadeada desde o período colonial.
Neste momento, surge à necessidade de entender o FCO em seu cenário atual, os
principais aspectos e as mudanças deste sistema. Tema este que será o tema abordado no
capítulo a seguir.
27
1. O CENÁRIO ATUAL DO FCO: Premissas, limitações e Mudanças
Neste capítulo, será possível informar os principais aspectos e as principais
mudanças do sistema do FCO e levantar alguns pontos que a partir do exposto são destacados.
No entanto, não será necessário informar cada uma das regulamentações, diretrizes, entre
outros dados específicos sobre o FCO, pois não é relevante a proposta da capitulo e, estes já
se encontram disponíveis no Ministério da Integração Nacional (MI), no Condel/FCO e no
Banco do Brasil.
Para realização deste estudo foi necessário o levantamento de diversas
informações técnicas sobre os Fundos Constitucionais de Financiamento, atualizadas junto ao
Ministério de Integração Nacional, os Conselhos Deliberativos dos fundos e os Bancos
Administradores para credibilizar tal estudo.
Inserido neste contexto, segundo Pires et al, (2011, p. 8), “compreende por políticas
públicas diretrizes, normas e princípios norteadores de ação do poder público; com regras e
procedimentos para as relações entre poder público e a sociedade, e mediações entre atores
desta e do Estado”. Neste passo, o estudo do FCO saberá entender,
[...] “Partindo-se do entendimento de que uma política pública, desde a sua
formação, envolve, entre outras coisas, mobilização e alocação de recursos, divisão
de trabalho; interação entre sujeitos; interesses diversos; riscos e incertezas sobre
processos e resultados; noção de sucesso e fracasso é preciso destacar a relevância
dos sujeitos desse processo. Com efeito, o processo das políticas públicas é
assumido, nos seus diferentes momentos, por uma diversidade de sujeitos que
entram, saem ou permanecem no processo, sendo estes orientados por diferentes
interesses, fazendo do desenvolvimento das políticas públicas um processo
contraditório e não linear”. (MELO (2009) apud PIRES, et al (2011), p. 5)
Neste contexto, a política pública por si só é um processo contraditório e não
linear o que liga a função das mediações sociais e institucionais que tem o poder de
representar ou não os interesses da sociedade, conduzindo ao caminho que estiverem
orientadas a seguir. Como a atual lógica de mercado é perpetuar a manutenção ou até
intensificação das desigualdades regionais, é de esperar que em Goiás, o FCO ter servido a
essa lógica.
Neste sentido, falar de política pública não é uma tarefa fácil, pois envolve
conceitos como administração pública, formas internas de decisão dos diversos órgãos,
conflitos e alianças internas da estrutura de poder, cujas definições dadas à complexidade,
abrangência e variabilidade do tema as tornam imprecisas e até às vezes, contraditórias.
28
A nova política de desenvolvimento regional do Brasil instituída na Constituição
Federal de 1988 criou muitos instrumentos para financiamento das políticas de
desenvolvimento regional no Brasil, entre eles, destaca-se o Fundo Constitucional do Centro-
oeste, que foi criado fundamentado na consolidação de seu dever e apropriação de direito por
parte da sociedade. Assim o FCO é um direito da sociedade e não um favor para incentivar
para áreas carentes de desenvolvimento do Governo Federal.
Os legisladores constituintes destinaram os recursos dos FCO para a promoção do
desenvolvimento de atividades nos diversos setores econômicos, agropecuário, agroindustrial,
turístico, industrial, mineral, comercial e de serviços, somando desde vantagens de prazo de
carência, taxas de juros abaixo do mercado até prazos de amortização de longo prazo, gerando
novas perspectivas de investimentos para o empresariado goiano que deseja iniciar, ampliar
ou modernizar atividades produtivas em sua própria Região.
Neste contexto, o objetivo principal do FCO é o de contribuir para diminuir as
desigualdades regionais brasileiras ao alocar recursos para regiões Norte, Nordeste e Centro-
oeste (MI, 2011).
Esse pensamento se traduz, pois o FCO serve como fundo de crédito,
incentivando o desenvolvimento socioeconômico nas regiões carentes de desenvolvimento
socioeconômico, uma vez que atrai o interesse dos empresários e produtores rurais pela
disponibilidade da modalidade de crédito e pela possibilidade de maior incremento das
vocações regionais. Neste contexto, Costa (2006) complementa ao dizer que o credito é uma
das alternativas para reduzir as desigualdades regionais e possibilitar o crescimento da
economia solidária.
No que concerne ao contexto histórico de mudanças,
No âmbito nacional, o início da década de 1990 caracterizou-se pela interrupção das
políticas federais para o fomento do desenvolvimento regional. Embora a SUDECO
não tivesse a mesma importância da suas co-irmãs (SUDENE e SUDAM), sua
extinção, em 1990, representou significativa perda de representatividade do Centro-
oeste junto a União. Atualmente o FCO é o único programa, em nível federal, em
ação na região Centro-oeste. Em 1996 ele sofreu alterações sendo inseridas novas
diretrizes resultantes de entendimentos entre SEPRE – MPO, governos estaduais e o
Banco do Brasil. (GOLÇALES, 2008, p. 7)
A partir do ano 2000, aconteceram inúmeras modificações promovidas pelo
Governo Federal aperfeiçoando cada vez mais o fundo ao atendimento do mercado financeiro
e a vontade da sociedade civil, como é o caso das alterações quanto aos limites de crédito.
29
Três pontos á destacar que marcaram o FCO, em primeiro, a criação do Ministério
de Integração Nacional que em 1999 veio a calhar, pois até então, antes desta data, não se
tinha um órgão representativo para gerir os três Fundos, dispunha apenas da Secretaria
Especial de Desenvolvimento Regional (SEPRE), vinculada ao Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, que administra somente o FCO. Com a criação do Ministério, os Fundos
Constitucionais passaram de um comportamento descoordenado para um comportamento
mais homogeneizado entre os bancos para a destinação dos recursos e a condução das
operações (MI, 2011).
Em segundo lugar, com a institucionalização da Política Nacional de
Desenvolvimento Regional (PNDR) em 2007 possibilitou introduzir um novo conceito, pois a
Lei que criou os Fundos Constitucionais estabelece o tratamento prioritário para os
empreendedores de menor porte, Já a PNDR recomenda tratamento prioritário para os
empreendimentos localizados nas microrregiões classificadas de acordo com a Tipologia: Alta
renda, Dinâmica (baixa e média renda dinâmica) e Estagnada (média renda estagnada) no
sentido de se trabalhar o território (MI, 2011).
Em terceiro lugar, no começo os fundos constitucionais representavam um
investimento com riscos. Com o tempo, o crescimento da carteira de empréstimos, os Fundos
foram ganhando corpo, se consolidando ao ponto de hoje terem uma carteira de empréstimos
que concorre significativamente para a realização de novos empréstimos (MI 2010).
Segundo o MI (2010), a partir de 2002 percebeu-se que houve um crescimento
constante das aplicações, que saltaram de R$ 2,3 bilhões em 2002 para R$ 13,2 bilhões em
2008, o que representa um incremento da ordem de 474%.
Todas estas mudanças representam o começo de uma postura nova do Governo
brasileiro com passos curtos na tentativa de democratizar o crédito, lançando sua rede para
alcançar determinados públicos em carência de investimentos na sociedade. Mas neste sentido
ainda é preciso discutir, segundo Macedo e Matos (2008, p. 6), que
A alocação de recursos vinculados à política regional garantiria, de forma contínua,
a possibilidade de financiamento da atividade produtiva nas regiões-alvo,
independentemente do ciclo político e das condições econômicas do País, embora os
recursos disponíveis variem diretamente de acordo com o ritmo de crescimento da
economia em função da sua origem. Tais recursos, ainda que insuficientes para
mudar as estruturas produtivas regionais e reverter à condição de iniqüidade,
mobilizam um montante para investimentos [...]. Neste sentido, o montante de
recursos mobilizado de forma nenhuma pode ser considerado irrelevante, mas é
insuficiente para fazer frente aos problemas das regiões-alvo, e tampouco é capaz de
sustentar, isoladamente, uma política nacional de desenvolvimento regional, embora
lhe seja um dos instrumentos disponíveis.
30
A partir do exposto, sabe-se que FCO é hoje um dos principais instrumentos
disponíveis de que dispõe a PNDR, capaz de contribuir para o desenvolvimento regional nas
regiões-alvo. Mas mesmo assim, não é suficiente para promover, isoladamente, o
desenvolvimento socioeconômico da região Centro-oeste, nem menos, de Goiás.
Conclui-se que o FCO pode representar nesta pesquisa, sob certo ângulo, as
políticas públicas em Goiás que obedecem à mesma lógica de concentração de renda, pois a
mesma constitui um dos mais importantes mecanismos para o fomento da economia goiana,
embora sozinha insuficiente para reduzir desigualdades regionais em Goiás.
Direciona-se ao entendimento do FCO como um sistema legal, financeiro,
operacional e administrativo revestido como política pública do Governo Federal que tem a
missão de contribuir para o desenvolvimento econômico e social das áreas carentes de
desenvolvimento.
2.1 A estrutura do FCO
Para fins didáticos, é importante inserir nesta discussão, a estrutura do FCO que
será representado no organograma acima. Inserido neste contexto, o fundo constitucional de
financiamento do Centro-oeste foi criado na constituição de 1988, outorgado Art. 159, inciso
I, alínea "c", e Art. 161, instituída por meio da lei n° 7.8273 de 27 de setembro de 1989.
3 Segundo o MI (2011) Regulamenta o art. 159, inciso I, alínea c, da Constituição Federal, institui o Fundo
Constitucional de Financiamento do Norte - FNO, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE
e o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste - FCO, e dá outras providências.
31
Mas no especificamente no concerne ao funcionamento do fundo, o diagrama 1
explica como é o funcionamento dos fundos constitucionais de financiamento no sistema
financeiro nacional.
ESTRUTURA DO FCO
POLÍTICA PÚBLICA
LEGAL
CF ART 159, INC I
ALÍNEA C
LEI 7.827.89 LEI 10.177/01
FINANCEIRA
CICLO DOS FUNDOS
3% DE IR E IPI
FCO 0,6% FNO 0,6 % FNE 1,8 %
10 % PRONAF 90%
INVESTIMENTOS
OPERACIONAL
BANCO DO BRASIL NO CENTRO-OESTE
Conforme a resolução da SUDECO (1989):
GO 29%
DF 19%
MT 29%
MS 23%
ADMINISTRATIVA
MI
CONDEL
BANCO DO BRASIL
PROGRAMAÇÃO DO FCO
Organograma 1 - Fundo Constitucional do Centro-oeste. Fonte: Ministério da Integração
Nacional (2011) e Banco do Brasil (2009). Elaborada pelo autor.
SOCIEDADE:
GERAÇÃO DE
EMPREGO E RENDA
32
Ao analisar o diagrama 1 percebe-se que somente 3% da arrecadação tributária do
imposto sobre a renda (IPI) e do imposto sobre produtos industrializados (IPR) vindas de
transações entre pessoas físicas e jurídicas formam o fundo na secretaria da receita federal. As
fontes de receita dos fundos são também o reembolso de créditos, a remuneração de
aplicações financeiras, e o retorno aos fundos dos valores relativos aos riscos assumidos pelos
bancos.
O fundo é transferido da receita federal para ser organizado no STN e,
conseqüentemente, transferido para os bancos operadores, como no caso de FCO é transferido
para o Banco do Brasil (BB). De acordo com Macedo e Matos (2008), os bancos podem
repassar os recursos dos fundos a outras instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil.
Conseguinte, este fundo é financiado pelo Banco, na maioria das vezes, somente
liberado mediante a aprovação do projeto técnico4, ou por meio de pequenos torneadores
5.
Quanto à proposta de financiamento, primeiro será enquadrada nos programas do FCO,
segundo deverá passar pela apreciação do CDE, que será devolvida à agência do BB para
análise e liberação dos recursos.
A cada empreendimento que se financia, se agrega uma nova unidade produtiva
na economia que irá gerar emprego e renda na sociedade. Nesse sentido quanto mais
empréstimos, mais geração de emprego e renda, contribuindo para uma maior arrecadação de
IR e IPI, e consequentemente uma geração de uma nova receita os fundos, permitindo a
4 Para mais informações a respeito do projeto técnico deverá consultar o site do BB.
5 Os pequenos torneadores que torneiam diretamente o sistema operacionalizam diretamente o empréstimo.
Figura 2 - Ciclo dos Fundos. Fonte: Ministério da Integração Nacional (2010).
33
continuação do ciclo dos fundos, possibilitando o crescimento do saldo dos empréstimos e a
evolução dos números de contratações.
Outro ponto em questão é a amortização que pode ser um fato decorrente da
inadimplência dos fundos constitucionais. O sistema é rígido ao modo exclui o inadimplente
de benefícios. Já em caso de renegociação da dívida considera-se a amortização (principal +
juros), onde é dividido o total do empréstimo em parcelas com juros, amortizando a divida,
possibilitando o pagamento da dívida, com um valor total maior, mas com um longo prazo de
pagamento.
Como já se sabe, a fonte dos recursos públicos é alocada pela União onde 3% do
produto da arrecadação tributária (de IR e IPI) são destinados para fundo. Desse total, o FNE
fica com a parcela de 1,8% e os outros dois fundos (FCO e FNO) ficam cada um com uma
parcela de 0,6%, ou seja, a repartição dos 3% de recursos do FCO é distribuída no FNE em
cerca de 60%, no FCO e FNO em cerca de 20% para cada fundo. De acordo com Almeida et
al (2006) p.10 ,
[...] na mesma forma que os demais fundos constitucionais, mas em proporção
menor, o FCO não empresta todos os recursos anuais disponíveis para empréstimo,
pois em 2004, por exemplo, o FCO tinha uma disponibilidade de recursos da ordem
de R$ 1,58 bilhão, tendo emprestado R$ 1,17 bilhão – equivalente a 74% dos
recursos efetivamente disponíveis para serem emprestados. Já para o ano de 2005, o
FCO conta com R$ 1,8 bilhão de recursos disponíveis para empréstimos.
Diante desta diferenciação, pode-se supor que o empresariado do Centro-oeste
inclusive de Goiás não tem absorvido, na totalidade, os recursos do FCO. Neste contexto
embora o volume de recursos disponíveis tenha-se mantido de forma regular, o mesmo tem
sido consideravelmente inferior aos que foram alocados pelo Governo Federal na década de
1970 (GOLÇALES, 2008).
A leitura que se faz, e que a quantidade de recursos do FCO comparada à alocação
de recursos daquela época é menor. Mas mesmo assim, o volume de recursos já é o suficiente
para representar o papel do fundo, sendo que atualmente têm-se pouco absorvido ainda os
recursos do fundo.
Outro fator a destacar é o maior repasse do STN destinado à Região Nordeste do
Brasil que se deve a existência de maior desigualdade regional comparada às demais regiões-
alvo do fundo. No que concerne,
A distribuição dos valores transferidos pelo Tesouro Nacional ao Fundo é feita da
seguinte forma: 10% para o financiamento aos programas oficiais de assentamento,
colonização e reforma agrária, aprovados pelo INCRA; 50% as unidades federativas
34
e 40% também às unidades federativas; porém conforme a demanda pelos recursos.
(GOLÇALES, 2008).
Traduzindo, o FCO é destinado em 90% para investimentos e somente 10% para
programas apóiam a sustentabilidade. Em relação à alocação de recursos do FCO por estado,
González e Junior (2005) fala que dentro da região, os recursos do FCO distribuíam
inicialmente, conforme a resolução da SUDECO (1989), sendo alocados 19% ao distrito
federal, 29% para Goiás, 29% Mato Grosso e 23% para o Mato Grosso do sul.
Desta forma, destina-se ao Estado de Goiás 29% do montante do Fundo, podendo
este valor aumentar ou se reduzir de acordo com o montante solicitado no conjunto das
contratações, ou melhor, de acordo com a demanda (GOLÇALES, 2008).
Então o fundo, apesar do percentual mostrar igual para Goiás e Mato grosso, até
então, avaliando a instabilidade de tais valores acreditava-se que à maior destinação seria para
o estado de Goiás, dada o critério populacional. Neste sentido,
[...] o maior percentual (38%) dos recursos liberados pelo FCO até dezembro de
2004 foi para o estado de Goiás. Esse dado já era até certo ponto esperado, já que
Goiás concentra 43% da população residente da região Centro-oeste. Quando se
observa o saldo dos empréstimos per capita, pode-se constatar que é o estado de
Mato Grosso aquele que mais recebe recursos, com um saldo per capita 72% maior
do que Goiás, que é o estado de menor PIB per capita da região. No entanto, como
o estado do Mato Grosso era aquele de menor IDH-M no início dos anos 1990, os
recursos do FCO deveriam ter sido direcionados prioritariamente para este estado
como de fato o foram. (ALMEIDA et al ;2006, p.365)
A partir do exposto, pode-se constatar que o percentual, apesar de ser instável, é
maior para o estado de Goiás no critério populacional até os dias atuais. Mas quando se
analisa no critério saldo dos empréstimos per capita, é maior para o estado do Mato Grosso
em maior proporção que o Estado de Goiás.
Assim, segundo Almeida et al (2006) afirma que do ponto de vista de alocação de
recursos do FCO por estado, não há distorções significativas, pois o Mato Grosso era o estado
de menor desenvolvimento no inicio dos anos 1990 quando os fundos constitucionais de
financiamento começaram a funcionar, já o saldo per capita do FCO é menor para o Distrito
Federal, o qual possui o maior PIB per capita e maior IDH-M da região da época.
É importante ater-se que a análise estabelecida para afirmação de que não há
distorções significativas na aplicação do FCO concerne à distribuição dos recursos de acordo
com IDH-M, faz um comparativo para estados do Centro-oeste e Distrito Federal e nunca se
refere às mesoregiões e microrregiões goianas que ficam dentro do estado de Goiás.
35
No que concerne as áreas de atuação dos Fundos Constitucionais de
Financiamento podem ser demonstradas no mapa 2 abaixo. Em foco, nota-se que o FCO é
destinado prioritariamente para o Centro-oeste abrangendo os Estados: Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal. Esta divisão é ilustrada no mapa abaixo:
Figura 2: Fundos Constitucionais de Financiamento (FCO – FNE – FNO) Fonte: Ministério da Integração
Nacional. (2010)
Basicamente os fundos constitucionais são divididos ao Norte (FNO) junto ao
Banco da Amazônia (BASA), Nordeste (FNE) junto ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e
Centro-oeste do Brasil (FCO) junto ao Banco do Brasil (BB) onde os financiamentos só
poderão ser solicitados nas respectivas regiões de atuação.
Como pode-se notar, existem órgãos administradores do fundos em determinadas
jurisdições. Mas no que concerne a administração do fundo, o mesmo tem que ser gerido
compartilhadamente entre o Ministério da Integração Nacional, os Conselhos Deliberativos e
os Bancos Administradores que estabelecem seus interesses junto à sociedade a partir das suas
diretrizes, orientações gerais e prioridades que servem como normas reguladoras da gestão
desses recursos públicos no direcionamento para projetos privados.
36
No caso de Goiás, este compartilhamento de interesses é feito pelo Ministério da
Integração Nacional, Conselho Deliberativo do Fundo Constitucional de Financiamento do
Centro-oeste (CONDEL/FCO) 6
e o Banco do Brasil (MI, 2011).
Neste processo, o Ministério da Integração Nacional é peça chave na participação
que acontece anualmente de reuniões como Banco do Brasil e com os representantes dos
Governos Estaduais e até municipais, de empresários e de trabalhadores locais, para discutir
as diretrizes e as prioridades para a aplicação dos recursos, bem como na formulação das
mesmas (Banco do Brasil, 2011).
Quanto à relação ao Fundo Constitucional do Centro-oeste compete ao Ministério
da Integração Nacional:
[...] estabelecer diretrizes e orientações gerais para as aplicações dos recursos dos
Fundos Constitucionais de Financiamento, de forma a compatibilizar os programas
de financiamento com as orientações de política macroeconômica, das políticas
setoriais e da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR); estabelecer
normas para operacionalização dos programas de financiamento dos Fundos
Constitucionais de Financiamento; estabelecer diretrizes para o repasse de recursos
dos Fundos Constitucionais de Financiamento para aplicação por outras instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil; supervisionar, acompanhar e
controlar a aplicação dos recursos e avaliar o desempenho dos Fundos
Constitucionais de Financiamento (MI, 2011, p.13).
Ao CONDEL/FCO:
[...] estabelecer, anualmente, as diretrizes, prioridades e programas de
financiamento, em consonância com o respectivo plano regional de
desenvolvimento; aprovar, anualmente, os programas de financiamento de cada
Fundo para o exercício seguinte, tendo por base as diretrizes e orientações gerais
traçadas pelo Ministério da Integração Nacional; avaliar os resultados obtidos e
determinar as medidas de ajustes necessárias ao cumprimento das diretrizes
estabelecidas e à adequação das atividades de financiamento às prioridades
regionais; encaminhar o programa de financiamento para o exercício seguinte e o
relatório circunstanciado sobre as atividades desenvolvidas e os resultados
obtidos com a aplicação dos Fundos Constitucionais de Financiamento,
juntamente com o resultado da apreciação e o parecer aprovado pelo
Colegiado, à Comissão Mista Permanente do Congresso Nacional (MI, 2011, p.13).
Ao Banco do Brasil (FCO):
[...] elaborar e encaminhar à apreciação do Conselho Deliberativo a proposta de
programação anual dos recursos; aplicar os recursos e implementar a política de
concessão de crédito de acordo com os programas aprovados pelos respectivos
Conselhos Deliberativos; definir normas, procedimentos e condições operacionais
próprias da atividade bancária, respeitadas, dentre outras, as diretrizes constantes dos
6 O CONDEL/FCO é um órgão colegiado integrante da estrutura básica do MI, com as imputações previstas no
artigo 14° da Lei n°7.827/1989 e foi instalado em 08.07.1997 (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO).
37
programas de financiamento aprovados pelos Conselhos Deliberativos de cada
Fundo; analisar as propostas em seus e aspectos, inclusive quanto à
viabilidade econômica e financeira do empreendimento, mediante exame da
correlação custo/benefício, e quanto à capacidade futura de reembolso do
financiamento almejado, para, com base no resultado dessa análise, enquadrar
as propostas nas faixas de encargos e deferir créditos; formalizar contratos de
repasses de recursos com outras instituições autorizadas a funcionar pelo
Banco Central do Brasil; prestar contas sobre os resultados alcançados,
desempenho e estado dos recursos e aplicações ao Ministério da Integração
Nacional e aos respectivos Conselhos Deliberativos; exercer atividades inerentes à
recuperação dos créditos. (MI, 2011, p.13).
Na hierarquia da administração do FCO, no topo está o papel do MI, órgão
representativo do Estado Nacional cuja função estabelece orientações gerais de política
macroeconômica, das políticas setoriais e da Política Nacional de Desenvolvimento Regional
(PNDR).
Em segundo lugar, o Condel/FCO representa o estado local, entender os
problemas e as possibilidades da região, estabelecendo anualmente as diretrizes, prioridades e
programas de financiamento para atender os interesses locais da população. Assim, o FCO é
gerenciado pelo Conselho Regional de Goiás, gerenciado pela Secretaria de Planejamento do
Estado de Goiás (SEPIN-GO) e, por isso, ele se encontra no PPA7 juntamente com os demais
programas de crédito e incentivos fiscais do Estado como o Produzir, o FunMineral, o Crédito
Produtivo e o Banco do Povo (Borges, 2007).
Em terceiro lugar, o Banco do Brasil representa os interesses de mercado, pois
administra o fundo ao modo que o enquadra ao mercado financeiro através da política de
concessão de crédito do banco, além da emissão dos relatórios sobre a execução orçamentária
e resultados alcançados a até a definição de normas e procedimentos para gerenciar os
empréstimos (BB, 2011).
Para fins de enquadramento, os produtores rurais, as firmas individuais, as pessoas
jurídicas e associações e cooperativas de produção e entre outros são classificados segundo o
porte, de acordo com seu setor de atividade estabelecida pelo PNDR. Segundo o MI Os mini e
pequenos produtores rurais contam também com o apoio de organizações como as Agências
Rurais, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e entre outras.
Como já se sabe os recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento são
destinadas para a promoção do desenvolvimento de atividades produtivas8. Tais recursos do
7 O Plano Plurianual estabelece medidas, gastos e objetivos a serem seguidos pelo Governo Federal, Estadual ou
Municipal ao longo de um período de quatro anos. 8 Quaisquer dúvidas a respeito das condições dos programas de financiamento devem ser consultadas na
programação do FCO/2011.
38
FCO são segmentados por setores produtivos: empresarial e rural, ficando para os primeiros
programas, historicamente, com maior parte da absorção dos recursos do FCO. De forma
suscinta, os recursos são aplicados nos seguintes programas:
Programa de FCO Empresarial de Apoio aos Empreendedores Individuais – EI e
às Micro e Pequenas Empresas – MPE. As linhas de crédito definidas para o programa são:
linha de financiamento de desenvolvimento industrial para MPE; linha de financiamento de
desenvolvimento do turismo regional para MPE; linha de financiamento de desenvolvimento
dos setores comercial e de serviços para MPE. Tendo como base a Programação do FCO
201(MI, BB, CONDEL, 2011), pode-se categorizar:
a) Programa de FCO Empresarial para Médias e Grandes Empresas – MGE. As linhas de
crédito definidas para o programa são: linha de financiamento de desenvolvimento
industrial para MGE; linha de financiamento de infra-estrutura econômica para MGE;
linha de financiamento de desenvolvimento do turismo regional para MGE; linha de
financiamento de desenvolvimento dos setores comercial e de serviços para MG MI.
b) Programa de FCO Rural. As linhas de crédito definidas para o programa são: Linha
de financiamento de desenvolvimento rural; Linha de financiamento de
desenvolvimento de irrigação e drenagem; Linha de financiamento de
desenvolvimento de sistema de integração rural – CONVIR; Linha de financiamento
de integração lavoura-pecuária; Linha de financiamento de conservação da natureza;
Linha de financiamento de retenção de matrizes na planície pantaneira; Linha de
financiamento de apoio ao desenvolvimento da aqüicultura; Linha de financiamento
de apoio ao desenvolvimento da pesca; Linha especial de financiamento para
adequação do sistema de produção pecuário na região de fronteira.
c) Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF A;
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar -PRONAF - Reforma
Agrária (Planta Brasil).
d) Programa de FCO Empresarial para Repasse; e As linhas de crédito definidas para o
programa são: Linha de Financiamento de Desenvolvimento Industrial; Linha de
Financiamento de Desenvolvimento do Turismo Regional; e Linha de Financiamento
de Desenvolvimento dos Setores Comercial e de Serviços.
e) Programa de FCO Rural para Repasse. As linhas de crédito definidas para o programa
são: Desenvolvimento Rural; Desenvolvimento de Irrigação e Drenagem;
Desenvolvimento de Sistema de Integração Rural – CONVIR; Integração Lavoura-
Pecuária; Conservação da Natureza – PRONATUREZA; Retenção de Matrizes na
39
Planície Pantaneira; Apoio ao Desenvolvimento da Aqüicultura; e Apoio ao
Desenvolvimento da Pesca.
Os programas de financiamento PRONAF9, PRONATUREZA
10; e COVIR
11
representam uma nova proposta, que ainda está se inserido na modalidade de crédito que é o
desenvolvimento regional sustentável, pois tenta alcançar determinados classes trabalhadoras
da sociedade.
Partindo da idéia de que é preciso haver uma programação para alocação de
recursos do FCO, é feita anualmente a programação do FCO. Tal programação é elaborada
pelo Banco do Brasil e aprovada pelo Condel/FCO em consonância com o Ministério da
Integração Nacional. Em outras palavras, esta programação deverá estar em conformidade
com o Plano Regional de Desenvolvimento (PNDR), a Política Nacional de Desenvolvimento
Regional – PNDR; o Plano de Desenvolvimento do Centro-oeste – PDCO; considerando as
sugestões apresentadas pelo Distrito Federal e pelos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul (MI 2011).
Desta forma, a programação de financiamento tem por objetivo:
[...] o fortalecimento das atividades produtivas dos mini e pequenos produtores e das
micro e pequenas empresas, mediante a aplicação de, no mínimo, 51% dos recursos
do FCO para operações com aqueles segmentos; a organização, o desenvolvimento e
a consolidação de pólos dinâmicos da economia da Região e de novas formas de
organização produtiva, contemplados no Plano Estratégico de Desenvolvimento do
Centro-oeste; estimular atividades produtivas que utilizem fontes alternativas de
energia; à implantação, o desenvolvimento e a consolidação de "clusters"; à
formação, o fortalecimento e adensamento de cadeias produtivas estratégicas; ao
fortalecimento do associativismo e das iniciativas de base comunitária; à melhoria
dos padrões de produtividade e competitividade das atividades econômicas
regionais, mediante a redução dos custos de produção e comercialização; ao
fortalecimento prioritário de áreas com comprovada capacidade de diversificação e
expansão de suas atividades produtivas; à integração da economia regional com as
áreas dinâmicas do comércio nacional e internacional, em especial com os grandes
blocos de comércio, como o Mercosul. (MI, 2011 p. 8)
Diante dos objetivos expostos percebe-se que a programação de financiamento do
FCO busca amparar, prioritariamente, os empreendimentos dos setores econômicos. Neste
sentido, os programas de financiamento devem buscar maior eficácia na alocação dos
9 PRONAF objetiva construir um padrão de desenvolvimento sustentável para os agricultores familiares e suas
famílias, visando o aumento e a diversificação da produção, como consequente dos níveis de emprego e renda
proporcionando o bem-estar da sociedade (MI, BB, CONDEL, 2011) 10
PRONATUREZA objetiva proporcionar assistência financeira aos projetos voltados para recuperação e
preservação dos recursos naturais, na busca do desenvolvimento sustentável para a região (MI, BB, CONDEL,
2011) 11
COVIR objetiva Estimular a parceria entre produtores e unidades integradoras, de forma a garantir a
comercialização da produção oriunda dos empreendimentos integrados financiados pelo FCO (MI, BB,
CONDEL, 2011)
40
recursos, para aumentar a produtividade dos empreendimentos, permitindo a elevação da
arrecadação tributária, geração de novos postos de trabalho e a melhoria da distribuição de
renda (MI, 2005). Quanto às diretrizes da programação do FCO, entre as quais,
[...] concessão de financiamentos exclusivamente ao setor produtivo privado;
tratamento preferencial às atividades produtivas de pequenos e miniprodutores rurais
e pequenas e microempresas, às de uso intensivo de matéria-prima e mão-de-obra
locais, às que produzem alimentos básicos para consumo da população, bem como
aos projetos de irrigação, quando pertencentes aos citados produtores, suas
associações e cooperativas; preservação do meio ambiente; adoção de prazos e
carência, limite de financiamento, juros e outros encargos diferenciados ou
favorecidos; conjugação do crédito com a assistência técnica, no caso de setores
tecnologicamente carentes; orçamentação anual das aplicações dos recursos; uso
criterioso dos recursos e adequada política de garantias, com limitação das
responsabilidades de crédito por cliente ou grupo econômico, de forma a atender a
um universo maior de beneficiários e assegurar racionalidade, eficiência, eficácia e
retorno às aplicações; apoio à criação de novos centros, atividades e pólos
dinâmicos, notadamente em áreas interioranas, que estimulem a redução das
disparidades intra-regionais de renda; proibição de aplicação dos recursos a fundo
perdidos. (MI, 2011 p. 8)
Acatadas as diretrizes da programação do FCO, na formulação dos programas de
financiamento, devem ser considerados prioritários:
[...] projetos vinculados a arranjos produtivos locais que contribuam para a redução
das desigualdades regionais, sobretudo nas seguintes áreas, de menor nível de
desenvolvimento com indicadores sociais e econômicos abaixo da média da região,
de fronteiras com países limítrofes, vulneráveis do ponto de vista econômico, social
e ambiental; estagnadas ou com problemas de declínio das atividades econômicas; e
potencialmente dinâmicas ou com vantagens potenciais inexploradas; atividades
econômicas envolvidas na organização, desenvolvimento, consolidação e
adensamento de arranjos produtivos, clusters, cadeias produtivas e dos pólos
dinâmicos de desenvolvimento, selecionados pelo Ministério da Integração
Nacional, ouvidos os Estados e Distrito Federal; projetos de apoio à agricultura
familiar, incluídos os beneficiários da Política de Reforma Agrária, aos mini e
pequenos produtores rurais e às micro e pequenas empresas, suas cooperativas e
associações; financiamentos de projetos localizados na Mesorregião de Águas
Emendadas e na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e
Entorno (exceto os municípios localizados no Estado de Minas Gerais, que não são
beneficiários dos recursos do FCO); projetos com alto grau de geração de emprego e
renda que contribuam para a dinamização do mercado local; financiamento de
projetos de industrialização e/ou beneficiamento de matérias-primas, commodities e
produtos primários produzidos na região, que visem agregar valor aos produtos
regionais; financiamento a projetos que utilizam tecnologias inovadoras e/ou
contribuam para a geração e difusão de novas tecnologias; projetos voltados para a
recuperação de danos ambientais, em especial, reflorestamento/recomposição de
matas ciliares e recuperação de pastagens degradadas; turismo em suas diversas
modalidades. (MI, 2011 p. 8)
Neste contexto, as políticas públicas por si só são um processo com negociações,
mobilizações, pressões, alianças e conflitos, para se entrar no mínimo de consenso, cria-se
41
uma agenda que pode refletir ou não os interesses da sociedade a depender de diversas
variáveis que envolvem este processo (PIRES, et al, 2011).
2.2 As brechas do sistema
Até aqui, as diretrizes, as prioridades, as normas, os programas de financiamento
vem mostrando a necessidade do planejamento do estado, que represente o interesse o classes
trabalhadoras. Quanto ao planejamento do Estado é necessário considerar,
O caráter assimétrico e conflituoso do federalismo no Brasil, e as limitações
impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal12
– LRF3, impõem a necessidade
de maior clareza e eficiência na forma de articular este planejamento, pois a
disponibilidade de crédito. (Santos, 2005 p. 29)
Dada a importância em questão, a partir de toda a conjuntura de sujeitos e de
ações que entram e saem e permeiam neste processo, a aplicação de Políticas Públicas são
incompatíveis com a agenda, ou melhor, com o planejamento do estado (projetos, planos e
programações), que está em face de diferentes interesses, do mercado financeiro e da
mobilização e pressões da vontade da sociedade civil.
Neste sentido, os PPAs da atualidade continuam direcionando maior parte dos
recursos do FCO para os programas de interesse da elite produtora de grãos de Goiás obedece
às políticas do mercado internacional no que diz respeito às regiões estrategicamente
priorizadas, favorecendo ainda mais o desequilíbrio no desenvolvimento das regiões (Borges,
2007).
No âmbito financeiro, a concentração de recursos para empresas de maior capital,
acontece pela tendência dos projetos de maior capital serem escolhidos pela rápida resolução
dos entraves burocráticos e pela maior atenção por parte dos funcionários, o que vai contra as
diretrizes propostas pelos Fundos, que deveriam estimular pequenos empreendedores e
regiões com maior carência de recursos (CEPAL, 2007).
Outro ponto é a falta de seletividade em termos de definição de setores
estratégicos, que deveriam ter tratamento diferenciado, com desestimulação de setores já com
maior renda, e limites de crédito para projetos mesmo que todos os requerimentos legais
sejam atendidos. (CEPAL, 2007).
12
A Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, foi instituída pela Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000,
estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal no financiamento do
desenvolvimento regional é fundamental (Santos, 2010 p. 10 ).
42
Quanto à sustentabilidade enquadrado no sistema do FCO, como já se falou o
FCO é destinado em 90% para investimentos e somente 10% para programas apóiam a
sustentabilidade. Nota-se que mais se prioriza o crescimento da economia do que a sociedade
em seus segmentos produtivos, dado o sentido de equidade em questão, onde a maioria do
estado de Goiás ainda é rural, o que evidencia a necessidade de levantar mais recursos e
formas de incentivo a agricultura familiar e entre outros programas que incentivem estas
classes de trabalhadores rurais.
Outro ponto á comentar é o atual sistema bancário dificulta a padronização dos
projetos, devido à ausência de critérios ambientais claros, e favorece os grandes projetos, que
têm maior facilidade de acesso a burocracia. Neste sentido, ao invés de contribuir para o
desenvolvimento sustentável, as verbas vindas do FCO acabam por financiar empresas de
maior capital, que não atendem as metas ambientais, especialmente quando há brechas legais,
permitindo o desmatamento. Além de falta informações a respeito da eficiência da alocação
dos recursos do Fundo no concerne à respeito às normas ambientais e a os métodos de análise
para aprovação dos projetos (CEPAL, 2007).
Outro problema existente é a falta de comunicação entre os três bancos que
realizam a gestão dos Fundos, ou seja, BB, BASA e BNB, pois devido a essa ausência de
diálogo, dificulta a padronização dos critérios para aprovação de projetos, além de
impossibilitar um rígido acompanhamento posterior dos mesmos, visto que cada banco adota
critérios próprios.
Neste aspecto, os projetos carecem de um monitoramento depois que são
aprovados e pagos, a pouca fiscalização dificulta uma avaliação eficaz dos efeitos gerados
deste processo, revelando a carência de órgão mais ativo e eficiente que monitore tais projetos
(CEPAL, 2007).O que daria um grande impacto no controle da desigualdades regionais.
Nesta trilha ainda se está caminhando a passos pequenos, pois as políticas de
enquadramento do Banco do FCO não são claras e não tem maior divulgação, como
conseqüência não tem tantos interessados e nem demanda, e consequentemente nem um
volume significativo dos recursos de crédito. (CEPAL, 2007).
A partir da exposição de problemas na aplicação dos FCO, como a falta da
padronização dos projetos, falta de monitoramento dos projetos, a falta de maior rigorosidade
na seletividade dos projetos, falta de comunicação entre os bancos, a falta de informação e de
divulgação dos fundos. Revelando a necessidade de um reforma administrativa em toda
coonjuntura que envolve está política,
43
As brechas do sistema revelam o descompromisso dos bancos e à incapacidade do
próprio sistema em promover uma política pública, deixando o FCO a mercê das forças de
mercado, contribuindo para privilegização de grandes projetos em Goiás, o que vai contra a
proposta inicial do fundo, e perpetua as desigualdades regionais em Goiás.
Dado o sentido de equidade em questão, percebe-se que mais se prioriza os
interesses capitalistas pela ausência de uma postura mais compromissada da “organização”
Estado em promover o FCO.
Portanto, o cenário atual do FCO, apesar de ter aspectos positivos, pois existe toda
uma estrutura de recursos que são mobilizados junto aos órgãos administradores para alcançar
bons objetivos para a sociedade, mas o mesmo apresenta uma fragilidade que compromete o
seu desempenho e eficiência.
44
3. REGIONALIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS DO FCO NO TERRITÓRIO
GOIANO
Nesta parte do texto, será apresentado um levantamento quantitativo, que em uma
leitura integralizada com as fontes teóricas, através de gráficos e tabelas, faz uma análise de
informações acerca da movimentação de recursos do FCO, uma vez que possibilitará a
elucidação do tema proposto. A tabela abaixo demonstra a participação do FCO nos setores da
economia, goiana:
Programa
Goiás
Qtde
Valor
(R$ mil)
Empresarial 14.962 2.688.838
Industrial 3.995 1.673.190
Infra-estrutura 28 110.596
Turismo 1.046 79.855
Comércio Serviços 9.891 825.110
Capital de Giro 2 87
Rural 224.788 5.481.841
Rural/Integração 45.096 3.615.378
PAPRA 10.774 42.967
PRONAF 147.599 1.300.474
PRONAF-RA 16.256 94.976
Pronatureza 315 38.700
Estocagem 245 81.614
Custeio 4.503 307.732
Total 239.750 8.170.679 Tabela 2- estado de Goiás: contratações por programa com recursos do FCO - 1989 a 2009. Fonte: MI (2011)
Através da tabela 5 que demonstra como é a alocação de recursos do FCO em
cada setor da economia goiana no período de 1989 a 2009. Pode-se perceber que neste
período mais se teve quantidade de operações nos setores da rural/integração, PRONAF,
comercio e serviços. Por ora o total de R$ 8.170.679 (oito milhões, cento e setenta mil,
seiscentos e setenta e nove reais) em Goiás. O que reflete na importância desse recurso para a
economia goiana, pois viabiliza os empreendimentos que funcionam como força propulsora
que se integra na sociedade, promovendo o desenvolvimento econômico da região.
45
Outro ponto que não se pode ignorar é que o 61,72% foram aplicados no setor
rural, e de longe o setor da indústria acompanha em segundo lugar com 26,90% dos
investimentos.
A leitura que se faz é que mais se investe no setor rural em Goiás, ou melhor, na
agroindustrialização do que nos demais setores em Goiás. Neste aspecto, sabe-se que a
estrutura do território é baseada no setor agrário, assim se investe mais neste setor que serve
de suporte para outros setores como comércio, serviços e indústria. Quanto ao porte de
empresas.
Ano FCO
DE 1989 à 2008 Mini/Micro/Pequeno Médio Grande
Descrição Nº de Op. VC - R$ mil Nº de Op. VC - R$ mil Nº de
Op. VC - R$ mil
Sub Total 459.242 R$
7.357.347,00 39.457
R$
4.868.379,00 10.034
R$
5.120.633,00
Total Nº deOp. - 508.733 VC - R$ mil - R$ 17.346.359,00
Tabela 3 - ESTADO DE GOIÁS: Contratações por programa com recursos do FCO - 1989 a 2009. Fonte: MI
(2011)
Em contrapartida, o numero de operações dos mini, micro, pequenos e médios
produtores é grande, mas valor que lhe é destinado muito pouco se considerarmos a questão
brasileira, onde o Brasil se constitui em grande maioria de mini, micro, pequenas e médias
empresas. Em contraponto, o número de operações das grandes empresas quase alcança as
pequenas empresas em valor, mas se os valores forem divididos em números de operações
com certeza o valor maior será para empresas de grande porte.
Outro fato importante a reforçar é que os empreendimentos de maior capital têm a
tendência em procurar regiões aptas à demanda empreendedorial, pela oferta de crédito, pela
infraestrutura da região, o que acaba produzindo a formação de pólos de poder.
Neste sentido, é importante dizer que não se está desfazendo das grandes
empresas, pois sabe que as mesmas têm uma contribuição na produção do espaço territorial de
Goiás. Mas apenas se reflete que o FCO deveria privilegiar a concessão de crédito em
benefício dos trabalhadores rurais, agricultores, micro e pequenos empresários, pois teriam
46
uma importância enorme, além de somar para redução das desigualdades regionais em Goiás.
Quanto à distribuição do FCO em Goiás, é interessante analisar sob a escala municipal.
Nº MUNICÍPIO
VOL. DE INVESTIMENTOS DO FCO DE
2004 A 2008 (%)
1 Rio Verde 15,00 %
2 Mineiros 10,40 %
3 Anápolis 7,26 %
4 Aparecida de Goiânia 4,88 %
5 Niquelândia 4,09 %
6 Itaberaí 4,00%
7 Quirinópolis 2,66 %
8 Itumbiara 2,58 %
9 Jataí 2,39 %
10 Goiatuba 1,94 %
TOTAL 55,20 % Tabela 3 - os 10 municípios que mais receberam investimentos do FCO. FONTE: SEPIN
Em análise, o Rio Verde recebeu nesse período 15,00 %, enquanto Mineiros, em
segundo lugar, aparece longe com seus 10,40%, ou seja, que mais concentra recursos do FCO
é Rio Verde. Para se ter uma noção é preciso somar os valores de aparecida de Goiânia,
Niquelândia e Itaberaí para chegar aproximadamente do que é o volume de concentração em
Rio verde.
Rio Verde
Mineiros
Anápolis
Aparecida de Goiânia
Niquelândia
Itaberaí
Quirinópolis
Itumbiara
Jataí
Goiatuba
Gráfico 2 - os 10 municípios que mais receberam investimentos do FCO Fonte: Elaborado pelo autor
a partir de dados obtidos no site do SEPIN/SEPIN
47
Do total de 91,81 % do volume de recursos do FCO destinados aos municípios
goianos, 55,2% é destinado a 10 cidades goianas, o que é mais da metade para apenas 10
cidades em detrimento de outras 55 cidades que estão no planejamento do FCO neste período.
Mapa 2 - s 10 cidades que mais receberam investimentos. Fonte: elaborado pelo autor a partir de dados obtidos
no site do SEPIN.
A partir do exposto, constata-se a concentração de recursos do FCO em algumas
cidades localizadas nas mesorregiões goianas. Das 10 cidades goianas listadas seis ficam nas
mesorregiões sul goiano, três no centro goiano e apenas uma cidade fica na região norte de
Goiás.
Pode-se supor que em decorrência desta distribuição do FCO (e de outras políticas
públicas), a mesma manteve ou até intensificou o processo de perpetuação das desigualdades
regionais em Goiás, segregando espacialmente em regiões com ou sem políticas Públicas, ou
melhor, um Goiás pobre e um Goiás Rico. Quanto à distribuição de recursos do FCO por
mesorregião Goiana se faz importante analisar a tabela abaixo que nos possibilita ter uma
ideia distribuição regional.
49
Foi criado gráficos com intenção de analisar se a os recursos do FCO está relacionada
com o PIB das mesorregiões de Goiás na tentativa de encontrar alguns paralelismos
para a pesquisa.
Gráfico 3 - Médias dos recursos aplicados pelo FCO nas mesorregiões de Goiás (R$). Fonte: Fonte:
Elaborado pelo Santos (2010) e adaptado pelo autor a partir dos dados do BB E IPEA
As médias dos recursos aplicados pelo FCO nas mesorregiões de Goiás
demonstram do maior para o menor as regiões que mais recebem o FCO,
respectivamente, Sul Goiano, Centro Goiano, Leste goiano, Noroeste Goiano e Norte
Goiano.
Gráfico 4 - médias do PIB nas mesorregiões de Goiás (R$ MIL). Fonte: Fonte: Elaborado pelo Santos
(2010) e adaptado pelo autor do IBGE
Já em relação às Médias do PIB nas Mesorregiões de Goiás de ordem
decrescente, Centro Goiano, Sul Goiano, Leste Goiano, Norte Goiano, Noroeste de
Goiás. O PIB do Centro Goiano está elevado em relação ao demais, pois ele agrega
setores como à indústria e o comercio e serviços que já são setores consolidados no
Estado, entre outras causas.
0,00
100.000.000,00
200.000.000,00
300.000.000,00
400.000.000,00
500.000.000,00
600.000.000,00
700.000.000,00
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Norte Goiano
Sul Goiano
Leste Goiano
Centro Goiano
Noroeste Goiano
0,00
5.000.000,00
10.000.000,00
15.000.000,00
20.000.000,00
25.000.000,00
30.000.000,00
35.000.000,00
40.000.000,00
2002 2003 2004 2005 2006 2007
Norte Goiano
Sul Goiano
Leste Goiano
Centro Goiano
Noroeste Goiano
50
Em face das médias dos recursos do FCO aplicados nas Mesorregiões de
Goiás, de 2002 a 2008 e das médias do PIB de cada Mesorregião, permite as seguintes
constatações:
Mesoregiões de Goiás
A. Média dos
recursos do FCO –
2002 A 2008
(Milhões)
B. Média do PIB
2002 A 2007
(Bilhões)
A/B Percentual
de recursos do
FCO em
Relação ao PIB
NORTE DE GOIÁS 48,97 2.714,91 1,80%
SUL DE GOIÁS 379,83 16.212,11 2,34%
LESTE GOIANO 82,38 5.789,24 1,42%
CENTRO GOIANO 262,84 29.782,63 0,88%
NOROESTE GOIANO 71,37 1.903,53 3,75%
Tabela 4 – Média de Recursos Aplicados pelo FCO e Média do PIB das Mesorregiões de Goiás. Fonte:
Elaborado pelo Santos (2010)i e adaptado pelo autor
Tendo como base Santos (2010) fizemos a seguinte análise da Tabela das
cinco mesoregiões.
No topo, o Sul Goiano que teve a maior média dos recursos do FCO, com
R$ 379,83 milhões e a média do PIB de 16.212,11 bilhões, onde os recursos do FCO
representam cerca de 2,34%do PIB dessa Mesorregião.
Em segundo lugar o Centro de Goiás que esta com a média de recursos do
FCO, com 262,84 milhões e uma média de PIB de 29.782,63 bilhões, onde os recursos
do FCO representam cerca de 0,88% do PIB dessa Mesorregião.
Em terceiro lugar, o Leste de Goiás com uma média dos recursos do FCO,
com 82,38 milhões e uma média de PIB de 5.789,24 bilhões, onde os recursos do FCO
representam cerca de 1,4% do PIB da Mesorregião.
Em quarto lugar, se encontra o Noroeste Goiano que é uma das médias mais
baixas com cerca de R$ 71,37 milhões em recursos do FCO e com uma média de R$
1,9 bilhões de PIB, onde os recursos do FCO representam cerca de 3,7% do PIB da
Mesorregião.
Em quinto lugar, a mesorregião Norte de Goiás, que é a mais baixa média
dos recursos do FCO com 48,97 e uma média de PIB de 2.714,91 onde os recursos do
FCO representam cerca de 1,80% do PIB da Mesorregião.
51
Uma constatação interessante é a uma tendência dos dados, quanto maior o
PIB da mesorregião, menor o percentual do FCO, como é o caso do Sul goiano onde os
recursos do FCO representam cerca de 0,88% do PIB e o caso do Norte goiano, onde
seus recursos do FCO representam cerca de 1,80% .
Há diversos estudos que discutem a idéia que regiões menos desenvolvidas
têm propensão a crescer mais que uma região mais desenvolvida. O que explica o poder
contributivo do FCO em Goiás, uma vez que teria mais impacto e beneficio nas regiões
menos desenvolvidas dada a sua relevância a uma região que é carente em políticas
públicas.
Em termos de regionalização de investimentos, das dez cidades que mais
recebem recursos, apenas uma delas está na região que pode ser considerada
economicamente estagnada.
Ao analisar os recursos do FCO na escala mesoregional, percebeu-se que os
recursos não são destinados prioritariamente a mesoregiões de menor PIB dada à
demanda dos municípios já dinâmicos e desenvolvidos, que por ora tem mais facilidade
em enquadrar no FCO por aspectos burocráticos. Outra constatação é que FCO em
Goiás é destinado em grande parte para o setor rural.
Por fim, é possível dizer estes recursos do FCO poderiam ter muito mais
impactos e beneficio em regiões menos desenvolvidas dada a falta de investimento e a
propensão ao crescimento econômico. Mais infelizmente não é o que acontece, o FCO
tende a se concentrar somente nas cidades mais desenvolvidas em sua área de
abrangência.
No entanto, os recursos não são distribuídos equitativamente, ou seja, os
recursos do FCO destinam prioritariamente a regiões economicamente mais dinâmicas e
desenvolvidas, como é caso do Sul Goiano e do Centro Sul que são os maiores PIB de
Goiás, e ainda são regiões-alvo nos planos de desenvolvimento, o que implicaria na
manutenção ou até aumento da desigualdade intraregional em Goiás.
Nesse passo, as regiões que carecem de políticas públicas, permanecem sem
oportunidade, sem incentivo, sem empreendedorismo, pois a atual forma de organização
do estado é incapaz de instrumentalizar o FCO para beneficio da sociedade goiana e
acaba servindo de instrumento de perpetuação das desigualdades intraregionais em
Goiás.
52
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da história o desenvolvimento econômico brasileiro ocorreu de
forma desigual desde o período colonial, acarretando a formação de disparidades
regionais. Em meio a essa desigualdade, o Estado desenvolve projetos de
desenvolvimento econômico, criando políticas de desenvolvimento regional, a qual
Goiás está inserido.
Neste contexto, este trabalho procurou compreender o Fundo Constitucional
do Centro-oeste (FCO), como uma política pública, atrelada aos interesses da
acumulação capitalista e intensificadora da desigualdade regional em Goiás. A hipótese
central investigada foi que aplicação de recursos se destina prioritariamente em
empresas de maior capital localizadas em municípios e mesoregiões mais desenvolvidas
em Goiás.
Apesar da tentativa de democratizar o crédito com os limites do porte da
empresa, este não tem sido suficiente, uma vez que destina para empresas de maior
capital, mais recursos por empréstimo, ao invés de priorizarem o micro, o mini e o
pequeno porte. Daí a tendência das empresas de maior capital em Goiás em se
concentrar em regiões mais desenvolvidas como é caso da empresa perdigão localizada
no sudoeste goiano, que concentra em grande parte, recursos do FCO nestas regiões.
Então, os municípios e mesorregiões goianas com maior renda atraem as
empresas de maior capital, que por sua vez, conseguem angariar mais recursos do FCO,
e em escala maior, esta lógica, entre outros fatores, implica numa manutenção ou até
aumento da desigualdade regional, possibilitando a divisão de um Goiás pobre ao norte
e rico ao sul. Em síntese, acredita-se que exista espaço para melhorar a distribuição
equitativa do FCO em Goiás.
A conclusão chave é que a aplicação dos recursos do Fundo não se direciona
prioritariamente para os municípios e mesorregiões goianas com menor renda, pois
obedece à demanda dos municípios mais desenvolvidos e dinâmicos, o que implica na
53
manutenção ou aumento do processo de perpetuação das desigualdades intra-regional
em Goiás.
É preciso atentar também para um fato interessante observado nesta
pesquisa, que permitiu a análise das desigualdades regionais situadas nas diferentes
escalas: municipal, regional e nacional. Dado o objetivo do fundo em reduzir as
desigualdades regionais, se por um lado, na escala nacional as disparidades regionais
entre os estados diminui, de outro, da escala regional e municipal cada vez que damos o
“zoom”, enxerga-se uma maior desigualdade regional em Goiás.
Todo esse discurso fundamenta-se no princípio da equidade, que reforça a
idéia da perpetuação das desigualdades regionais em Goiás que é inerente a esta forma
de organização capitalista em Goiás, enraizada na organização dos sujeitos e das ações
que compõem está política pública. Deste modo, foi preciso vislumbrar o FCO a partir
de toda essa conjuntura de fatores que o envolvem, que por sua vez, exigiam
conhecimentos interdisciplinares para conceber a totalidade em questão.
Inserido neste contexto, sabe-se que os recursos do FCO aplicados na
sociedade pressupõem um custo social caro para a sociedade, pois são oriundos da
arrecadação tributária de IPI e IR. Esse pensamento se traduz na idéia central, pois as
regiões pobres e empresas de mini, micro e pequeno porte são a maioria, que por sua
vez, indiretamente acabam por financiar o empreendimento dos mais ricos.
Outro aspecto que pode ser comentado é que o Governo federal com a
privatização tende a esquecer de atuar como coordenador e estimulador do crescimento
do investimento privado, deixando as políticas públicas, as mercê as forças do mercado.
Neste sentido é preciso resgatar a função de política pública eficiente e transformadora
da realidade regional.
Não se está assumindo uma posição ingênua onde FCO conseguiria tal êxito
sozinho. Neste aspecto, sabe-se que o FCO não é capaz de isoladamente promover o
desenvolvimento econômico, pois se trata de toda uma conjuntura de políticas públicas
para confrontar o desenvolvimento de um estado, e possibilitar a transformação de uma
região estagnada a uma região mais atrativas ao investidor privado, compensando o
atraso que lhe é devido.
A partir do exposto, a atuação do estado tem que se estabelecer através do
planejamento local e nacional, do orçamento público, da estratégia de um ordenamento
territorial democrático, de um desenvolvimento regional sustentável, pois só a partir das
possibilidades equilibrantes é que emerge o significado de distribuição igualitária de
54
renda em Goiás, ou melhor, de uma regionalização de políticas públicas distribuída de
forma equitativa a contemplar todo estado de Goiás.
Inserido neste contexto, em entrevistas informais que foram feitas com
trabalhadores no inicio da pesquisa, percebeu-se a vontade de crescer e de mudar das
pessoas, alguns dos entrevistados sonhavam em ter um empréstimo do FCO que
financiaria o seu objetivo, o seu sonho. Este sentimento de mudança e de crescimento
está anexado à política regional, ao desenvolvimento socioeconômico da região, ao
empreendedorismo, a expectativa de que um dia a realidade pudesse ser melhorada.
Cabe então, para a sociedade civil, discutir mecanismos como FCO e
reivindicar o acesso igualitário e maior acesso a informações, pois só a partir de um
novo paradigma reinventado para atender população e que pode obter resultados
satisfatórios deste instrumento.
Para finalizar esta discussão, sabe-se que os estudiosos de hoje em dia,
discutem muito temas como a democracia, sustentabilidade, a pluralidade, o direito das
minorias, a racionalidade na administração da pública, a valorização das diferenças,
estes paradigmas são umas da formas que encontrarmos de pensar a realidade. Neste
sentido, se faz importante repensar estes vários paradigmas, reconhecendo os múltiplos
caminhos e moldá-los de acordo com a própria realidade e, ir mais além, reinventar um
novo paradigma para atender as classes trabalhadoras em Goiás.
55
4. REFÊRENCIAS
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