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O Futebol no Cotidiano da Cidade da Parahyba do Norte no início do século XX George Henrique de Vasconcelos Gomes 1 Resumo O presente artigo pretende apresentar o Futebol enquanto fenômeno cultural, responsável por influenciar de maneira significativa o cotidiano das pessoas residentes na capital da Paraíba, no início do século XX. Após realizar uma introdução acerca de sua chegada e de seu gradual estabelecimento, segue o aprofundamento da análise do fenômeno e suas peculiaridades, relacionando-o com diversos aspectos naquela sociedade, entre eles a saúde e a política. As informações utilizadas neste artigo foram fruto de projeto de pesquisa realizada no ano de 2014, e a coleta das fontes foi feita a partir de documentos, jornais e revistas, datadas entre os anos de 1908 e 1924, sendo estas por tanto, vitais para a construção deste trabalho. Palavras-chave: Futebol, Cultura, Paraíba, Cotidiano. Abstract The present arcticle intends to present the football as a cultural fenomenon, responsible for influence with a significative meaning, the everyday life of the people who lived in the capital of Paraíba, at the beggining of the 20th century. After realize an introduction about its arrival and its gradual foundation, comes the further analysis of the fenomenon and its particularities, linking it with several aspects of that society, among then the health and the politics. The information that were used on this arcticle were colected in the year of 2014 from various documental sources, such as newspapers and magazines, dating between 1908 and 1924, and were vital for the construction of this work. Key-words: Football, Culture, Paraíba, Everyday Life. 1 Licenciado em História pela Universidade Federal da Paraíba (2014), professor e pesquisador da história das cidades paraibanas nos séculos XIX e XX, com enfoque nos estudos do cotidiano. Pesquisador de história do Futebol na Paraíba. [email protected]

O Futebol no Cotidiano da Cidade da Parahyba do Norte no ... · na capital da Paraíba, ... (DEL PRIORI, 1997, p.377). Para nós, ... Sobre o futebol enquanto fenômeno cultural,

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O Futebol no Cotidiano da Cidade da Parahyba do Norte no início do

século XX

George Henrique de Vasconcelos Gomes1

Resumo

O presente artigo pretende apresentar o Futebol enquanto fenômeno cultural,

responsável por influenciar de maneira significativa o cotidiano das pessoas residentes

na capital da Paraíba, no início do século XX. Após realizar uma introdução acerca de

sua chegada e de seu gradual estabelecimento, segue o aprofundamento da análise do

fenômeno e suas peculiaridades, relacionando-o com diversos aspectos naquela

sociedade, entre eles a saúde e a política. As informações utilizadas neste artigo foram

fruto de projeto de pesquisa realizada no ano de 2014, e a coleta das fontes foi feita a

partir de documentos, jornais e revistas, datadas entre os anos de 1908 e 1924, sendo

estas por tanto, vitais para a construção deste trabalho.

Palavras-chave: Futebol, Cultura, Paraíba, Cotidiano.

Abstract

The present arcticle intends to present the football as a cultural fenomenon, responsible

for influence with a significative meaning, the everyday life of the people who lived in

the capital of Paraíba, at the beggining of the 20th century. After realize an introduction

about its arrival and its gradual foundation, comes the further analysis of the fenomenon

and its particularities, linking it with several aspects of that society, among then the

health and the politics. The information that were used on this arcticle were colected in

the year of 2014 from various documental sources, such as newspapers and magazines,

dating between 1908 and 1924, and were vital for the construction of this work.

Key-words: Football, Culture, Paraíba, Everyday Life.

1 Licenciado em História pela Universidade Federal da Paraíba (2014), professor e pesquisador da história

das cidades paraibanas nos séculos XIX e XX, com enfoque nos estudos do cotidiano. Pesquisador de

história do Futebol na Paraíba.

[email protected]

2

INTRODUÇÃO

Considero a discussão sobre o esporte enquanto fenômeno cultural como uma

das maneiras mais eficientes para se realizar estudos acerca do cotidiano das sociedades.

Afinal, é a partir de esportes como o Futebol, que indivíduos partilham interesses em

comum, criam laços de sociabilidade. O esporte bretão foi um dos expoentes da

chamada modernidade no período que compreende o final do século XIX e início do

século XX no Brasil. Fez parte do discurso civilizatório das elites, e foi desde os

primórdios, usado pela classe política, em busca de apoio para seus objetivos. O Futebol

foi um fenômeno visto em primeiro lugar, nas grandes metrópoles brasileiras. Por este

motivo, se faz necessário analisarmos o ambiente da cidade, e as questões que se

atribuem aos estudos do cotidiano das sociedades humanas.

O que entendemos, normalmente, por vida cotidiana? No sentido comum, o

termo remete, com imediatismo à vida privada e familiar, às atividades

ligadas à manutenção dos laços sociais, ao trabalho doméstico e às práticas

de consumo. São assim, excluídos os campos do econômico, do político e do

cultural na sua dimensão ativa e inovadora (DEL PRIORI, 1997, p.377).

Para nós, a cidade é um ambiente bastante propício para a percepção das práticas

cotidianas, pois ela se configura enquanto espaço de aglomeração de pessoas, onde

criam-se vínculos socioeconômicos mais fortes. É uma área de grande circulação, onde

são tomadas decisões importantes.

O espaço urbano acaba também se tornando palco inevitável para os conflitos

sociais diante dos problemas e é o lugar por excelência onde existem as possibilidades

do consumo, do lazer, da percepção das novidades e das informações. A cidade é o

espaço onde as práticas do cotidiano são realizáveis, onde se transforma, assim, em

espaço de concepção e construção que possui o seu próprio tempo.

A cidade, à maneira de um nome próprio oferece assim a capacidade de

conceber e construir o espaço a partir de um estado finito de propriedades

estáveis, isoláveis e articuladas uma sobre a outra. Nesse lugar organizado

por operações ‘especulativas’, e classificatórias, combinam-se gestão e

eliminação (CERTEAU, 2004, p. 173).

A cidade da Parahyba do Norte2, na alvorada do século XX, era, portanto, um

ambiente propício para o aparecimento das novidades, das novas opções de consumo,

2 Quando utilizarmos a palavra ‘’Parahyba’’ (como a escrita antiga), estaremos nos referindo à capital do

estado da Paraíba, que possuía esta denominação até a mudança do nome para João Pessoa, em 1930.

3

do lazer. Estas novidades eram percebidas naturalmente, em primeiro plano, pelas elites

que residiam na cidade, e tomavam como exemplos as transformações que ocorriam em

outras metrópoles3.

Sede do governo, centro cultural, maior porto, maior cidade e cartão de visita

do país. Ela tornou-se, segundo ele, o eixo de irradiação e a caixa de

ressonância das grandes transformações em marcha no mundo, assim como

no palco de sua visibilidade e atuação em território brasileiro. O Rio passa a

ditar não só as normas e comportamentos, mas acima de tudo os sistemas de

valores, o modo de vida, a sensibilidade, o estado de espírito, e as disposições

pulsionais que articulam a modernidade como uma experiência existencial e

íntima. (SEVCENKO, 2001, p.522).

O futebol era uma novidade oriunda da Inglaterra, que havia chegado ao Brasil

no final do século XIX. Sobre o futebol enquanto fenômeno cultural, Hobsbawm nos

apresenta o esporte ligado diretamente às classes operárias inglesas, um esporte que

adquiriu notoriedade dentro do contexto urbano e industrial.

Entre meados da década de 1870, no mínimo, e meados ou fins da década de

1880, o futebol adquiriu todas as características institucionais e rituais com as

quais estamos familiarizados: o profissionalismo, a Confederação, a Taça,

que leva anualmente em peregrinação os fiéis à capital para fazerem

manifestações proletárias triunfantes, o público nos estádios todos os sábados

para a partida do costume, os "torcedores" e sua cultura, a rivalidade ritual,

normalmente entre facções de uma cidade ou conurbação industrial

(Manchester City e United, Notts County e Forest, Liverpool e Everton)

(HOBSBAWM, 1997, p.296).

Na Inglaterra, o futebol foi desenvolvido como um esporte amador e modelador

do caráter pelas classes médias da escola secundária particular, e rapidamente (1885)

proletarizado e, portanto profissionalizado (HOBSBAWM, 1997); no Brasil, nos parece

ocorrer um processo semelhante, visto que em terras brasileiras, ele foi primeiramente

percebido pelas elites, e sua pratica era restrita a clubes e colégios ligados a estas classes

sociais. Como exemplo, em São Paulo, podemos citar o Club Athletico Paulistano e o

São Paulo Athletic Club. No Rio de Janeiro, o Fluminense Football Club.

Na cidade da Parahyba do Norte, na mesma época, podemos citar como

exemplos o Cabo Branco, o Palmeiras Sport Club e o América Football Club4. Muitas

3 Neste momento, as capitais do centro-sul começavam a despontar como grandes centros capitalistas, nos

quais ia se construindo os espaços da modernidade, do progresso e da civilização aos moldes da

modernidade europeia – a belle époque – que tinha na Paris de Haussman seu maior ideal. Cidades como

Rio de Janeiro e São Paulo transformavam-se e adquiriam uma nova imagem, mais limpa e eficiente

(ARRAES, 2010). 4 Dos clubes surgidos na primeira década do futebol em Parahyba do Norte, dois deles

ganhariam grande destaque nos anos posteriores, e passaram a ser queridos e ovacionados pela elite da

cidade, o América Football Club e o Cabo Branco Sport Club. Os dois são destaque devido

4

são as versões para a introdução do futebol no Brasil, mas a mais aceita fala sobre

Charles Miller, que, em 1894, trouxe na bagagem duas bolas de couro e um livro de

regras do esporte com o objetivo de praticá-lo aqui. Hobsbawm também nos traz

referências sobre o papel de cidadãos ingleses para a difusão do esporte pelo mundo.

Ele foi muitas vezes introduzido no estrangeiro por expatriados britânicos e

por times de fábricas locais de administração britânica mas, embora tenha

nitidamente sido, até certo ponto, naturalizado em 1914 em algumas capitais

e distritos industriais do continente, mal havia se tornado um esporte de

massas (HOBSBAWM, 1997, p.297).

De fato, a massificação do esporte, pelo menos no caso do nosso país, só iria

ocorrer algumas décadas mais tarde. A realidade social brasileira foi em grande parte,

responsável por este fenômeno, já que era inadmissível que pessoas de condições

sociais inferiores, praticassem o esporte junto a membros das elites. No entanto, já nos

primeiros anos do século XX, é possível perceber a presença de pessoas pertencentes às

classes inferiores no interior dos clubes.

Assim, posteriormente as pessoas mais pobres com menor condição financeira,

começaram a ver no futebol uma chance de poder ascender socialmente.

Evidenciou-se que nas camadas inferiores, entre os negros, mulatos e brancos

pobres, havia um grande número de jogadores de primeira classe, seja porque

os ajudava um talento natural, seja porque a “sucção da subida” e o remoinho

das chances do futebol os envolvia e canalizava, seja porque eles, que não

eram estudantes de medicina ou direito e frequentemente não tinham uma

profissão, podiam lançar toda a sua paixão no jogo; em suma, porque

levavam o jogo a sério e “não tinham nada a perder” (ROSENFELD, 1993, p.

84-85).

A maioria da população das cidades brasileiras, desde o século XIX, era formada

por indivíduos pobres, negros e pardos. Apesar de se tratar de um esporte elitista, muitas

destas pessoas ingressavam nos times de futebol dos clubes devido a suas habilidades.

No entanto, o preconceito racial era evidente, levando alguns clubes a tomarem atitudes

absurdas, como no caso de Carlos Alberto, jogador do Fluminense (RJ) no início do

século XX.

Era o momento que Carlos Alberto mais temia. Preparava-se para ele, por

isso mesmo, cuidadosamente enchendo a cara de pó-de-arroz, ficando quase

cinzento. Não podia enganar ninguém, chamava até mais atenção. O cabelo

de escadinha ficava mais escadinha, emoldurando o rosto, cinzento de tanto

pó-de-arroz. Quando o Fluminense ia jogar com o América, a torcida de

primeiramente ao grande número de entusiastas e torcedores que conseguiram conquistar nos anos

posteriores a sua fundação, bem como pelo fato de terem formado a primeira grande rivalidade do futebol

na cidade, sendo só superada anos mais tarde pelo Cabo Branco, ao rivalizar com o Clube Astréa - outro

grande clube de nossa cidade, e posteriormente, pelo Auto Esporte Clube e o Botafogo

(VASCONCELOS GOMES, 2014).

5

Campos Sales caía em cima de Carlos Alberto: -‘Pó-de-arroz’! ‘Pó-de-arroz’!

A torcida do Fluminense procurava esquecer-se de que Carlos Alberto era

mulato. Um bom rapaz, muito fino (FILHO, 2010, p.53-54).

O FUTEBOL ENQUANTO SIGNO DA MODERNIDADE

A palavra “moderno” pode ter diversos significados, dependendo da situação.

Geralmente se entende o moderno como algo novo, algo melhor, um aperfeiçoamento

do já existente, uma coisa ou situação atual, do nosso tempo presente, ou até mesmo, ser

moderno pode significar também “estar na moda”. Neste caso, para as pessoas que

vislumbraram os primeiros anos do século XX, “ser moderno” estaria associado

diretamente com diversas práticas cotidianas que foram incorporadas ao dia-a-dia das

pessoas. Marshal Berman afirma que:

Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder,

alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor

– mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos tudo o que

sabemos tudo o que somos (BERMAN, 2007, p. 24).

Desta maneira, se entende que a modernidade repercutia na vida das pessoas, de

tal forma, que acabava provocando mudanças, desejáveis ou não, levando-as a algo

desconhecido. O futebol aparece, portanto, como um destes elementos da modernidade,

“uma novidade moderna e elegante” (PEREIRA, 2000, p. 16), sendo “um produto de

importação” (LOPES, 1994a, p. 29).

Nicolau Sevcenko, que estudou a cidade de São Paulo no início do século XX,

descreve o frenesi das pessoas com rituais de exaltação e de êxtase coletivo foi uma das

características deste período. Neste sentido, o futebol tornou-se também um traço do

novo discurso cultural, expressão de movimento e velocidade.

A mobilização coletiva, a ritualização dos movimentos de massa – nos

esportes, especialmente no futebol e nas corridas de automóvel, no

carnaval, em hábitos urbanos como o flerte, no trânsito, nos comícios

com grandes concentrações populares e, já nos anos seguintes, nas

grandes festas promovidas pela iniciativa estatal (SEVCENKO, 1992,

p.390 apud SALIBA, 1993, p.128 – 137).

O legado deixado, tanto pelo grande desenvolvimento técnico e científico,

impulsionado pela revolução industrial na metade do século anterior, bem como o

acúmulo de riqueza gerada pela grande produção agrícola, especialmente a do algodão,

facilitou a aquisição dos mais diversos bens pelos privilegiados cidadãos de Parahyba

do Norte.

6

O modo de se vestir, de se portar, os lugares em que se frequentava, desde ir à

praça vestindo suas melhores roupas, ir às compras e adquirir nas lojas as mais recentes

novidades oriundas de fora, andar de bonde de um lugar a outro da cidade, estar a par

das novidades noticiadas em jornais e revistas, frequentar os cafés, o teatro, o cinema,

possuir um telefone ou um automóvel. Em suma, estas e várias outras atividades e

objetos de consumo estavam ao alcance daqueles que podiam usufruir o que havia de

novidade na cidade.

Sobre estes “comportamentos modernos”, Marozene, que estudou sobre a cidade

de Porto Alegre entre os anos de 1890 e 1930, afirma:

A virada do século e as primeiras décadas do século XX foram um

período marcado também por certa secularização dos costumes em

Porto Alegre e nas principais cidades do país. Nessa época, o

imaginário das grandes metrópoles e suas “formas sociais” alteram a

estética das cidades e dos comportamentos cotidianos em muitas

cidades brasileiras. As traduções da modernidade nesses locais se

expressam através das sociabilidades públicas e suas teatralizações em

oposição às formas tradicionais e religiosas; o culto às ruas, os

encontros nos cafés e a valorização de uma vida mais mundana ligada

ao consumo, ao indivíduo e ao corpo abrem espaço também aos

esportes (MARONEZE, 1994).

A CHEGADA DO FUTEBOL NA PARAÍBA

Atribui-se a jovens estudantes oriundos do Rio de Janeiro, a vinda do Futebol

para o estado da Paraíba. Nos primórdios, se supõe que ele era praticado em nosso

estado apenas pelos filhos das famílias abastadas.

Entretanto, não podemos nos esquecer de que, assim como no Sul e Sudeste do

país, cidadãos ingleses estavam presentes aqui na Paraíba. É provável que o futebol já

fosse um esporte conhecido e praticado em nosso estado, por funcionários da

companhia ferroviária Great Western5.

O maior deles era o colégio diocesano Pio X, fundado em 1894, era na época um

internato e externato exclusivo para alunos do sexo masculino. Além do curso primário,

5 Walfredo Marques, em seu livro intitulado “A História do Futebol Paraibano” de 1975, traz um

interessante relato sobre uma partida de futebol, realizada no campo da Praça da Independência. Havia

entre os desportistas, segundo o autor, um conhecimento limitado a respeito das regras do football.

Nos primórdios, o improviso era usado para preencher e resolver muitas destas situações. Um

exemplo foi o primeiro referee (árbitro), que só conseguiu comandar as partidas porque havia adquirido

conhecimento das regras através de um conhecido inglês que trabalhava na companhia ferroviária

britânica Great Western. E que mesmo com erros, assim como dos jogadores, haviam conseguido

conduzir bem os jogos e entusiasmar e fazer vibrar o público presente (VASCONCELOS GOMES,

2014).

7

também habilitava alunos para matrícula em qualquer faculdade do país6 Possivelmente,

muitos dos estudantes que ingressavam em colégios em outras cidades haviam passado

antes pela referida instituição.

Em 1913, o colégio Pio X tinha cerca de 197 alunos devidamente matriculados,

e grande parte de seu corpo docente era composto por membros da igreja católica, como

padres, monsenhores e cônegos7. Sobre a importância dos colégios católicos para o

início da prática do esporte no Brasil, Rosenfeld afirma que foram justamente nestes

locais que desde cedo se tornaram forjas de futebolistas:

Em escolas como os colégios militares, o Ginásio Nacional, o Alfredo

Gomes, o Abílio, o Anglo-Brasileiro, o futebol era quase uma matéria

obrigatória. A Igreja Católica, fator de enorme importância, parece não ter

levadantado nenhuma objeção. Deve-se até salientar o fato de que numerosos

padres deram o impulso decisivo para a difusão do novo jogo (ROSENFELD,

1993, p.78)

Em 1918, o colégio, além de possuir o quadro normal docente que ministrava as

principais disciplinas, tinha também aulas de exercício militar obrigatórias para todos os

alunos. Além disso, a ginástica sueca também era ensinada8. Apesar de estar restrito aos

estudantes dos colégios, o futebol era praticado nos campos localizados nos arredores da

capital ou próximo às praças, ou seja, locais frequentados pelas elites, e atraíram

grandes público nos primeiros anos.

Em uma tarde ensolarada de 15 de Janeiro, no sítio do Coronel Manoel

Deodato, onde atualmente se encontra a Praça da Independência, foi o local

do encontro, e que contou com a presença de “várias famílias e de grande

massa popular” da sociedade de Parahyba do Norte (MARQUES, 1975, p.

13).

A PRÁTICA DO FUTEBOL NA CAPITAL DA PARAÍBA

Em um segundo momento da história do futebol na cidade da Parahyba do

Norte, ocorreu o surgimento de alguns clubes originários a partir destes mesmos grupos

elitistas. No entanto, ao contrário dos colégios católicos, o futebol era praticado pelos

sócios dos clubes. Um dos principais era o tradicional Astréa, fundado em 1886, que se

constituiu durante muitos anos em um dos mais importantes sodalícios da vida social na

capital paraibana, sempre realizando importantes eventos festivos, especialmente

ligados ao carnaval.

6 ALMANACH DO ESTADO DA PARAHYBA, 1914. 7 ALMANACH DO ESTADO DA PARAHYBA, 1914. 8 ALMANACH DO ESTADO DA PARAHYBA, 1918.

8

Os diários noticiosos da época anunciavam com entusiasmo as reuniões sociais

dos clubes da elite da cidade, e descreviam um pouco dos ambientes desfrutados pelos

que podiam ter acesso às suas dependências. Uma das descrições diz respeito a uma

festa promovida pelo presidente do famoso Palmeiras Sport Club, por ocasião da posse

de sua nova diretoria:

Realizou-se domingo passado, ás 20 horas, a reunião solene do alvi-negro, na

qual foram emposados nos cargos de vice-presidente e 1º. Secretario,

respectivamente, os srs. Mario Rodrigues da Silva e Edgar Neiva. Após a

reunião, foi na residencia do nosso collega de imprensa Anchises Gomes,

presidente do Palmeiras, offerecido aos presentes cerveja, frio, doces, bolos,

etc. Houve uma animada soirée dansante, comparecendo muitas pessoas da

nossa mais distincta sociedade, terminando ás primeiras horas do dia seguinte

(O JORNAL, 1924).

Ainda que a festa da promoção da diretoria do Palmeiras não tivesse ocorrido em

uma suntuosa sede, o soirée realizado na residência do presidente da entidade, bem

como o fato de terem sido convidadas pessoas da distinta sociedade9 nos dá a ideia do

quão o clube era bem financeiramente.

Localizado na rua das Trincheiras, no atual bairro de Jaguaribe, paralelo a

avenida 1º de Maio, a principal praça de jogos era o Hipódromo Parahybano. Nos dias

de competição, o clima era festivo. Animados pela banda marcial do 22º batalhão de

caçadores, a multidão aguardava os times entrarem em campo. Os que podiam

frequentar o local vestiam suas melhores roupas, a moda da época. Grande parte dos

transeuntes chegava ao local a pé, mas outros já andavam de bonde e outros até

adentravam com seus veículos no local do espetáculo e dele assistiam à partida.

Naquele local, as distinções sociais eram visíveis: a arquibancada principal era

um local ornamentado e enfeitado, reservado para as pessoas consideradas distintas, ou

seja, os sócios e sócias dos clubes. O estádio era um dos poucos locais em que as

mulheres da alta sociedade podiam frequentar sem maiores problemas, as famosas

torcedoras. Os demais frequentadores, que não eram sócios dos clubes mas que também

assistiam o jogo, ficavam no alambrado do campo, em pé. Ainda que fossem restritos,

9 Esta chamada distinta sociedade se refere especialmente aos elementos sociais mais abastados, ou seja,

as elites que detinham o poder econômico. Seriam então, mulheres e homens da alta sociedade,

latifundiários de visita à capital, donos de firmas comerciais e grandes lojas, autoridades políticas e

oficiais de alta patente do exército ou da polícia. Muitos destes indivíduos eram sócios dos ricos clubes da

cidade.

9

os locais de jogos passaram a apresentar-se como novos espaços de sociabilidade na

cidade que se transformava.

Após os jogos de futebol, os membros dos clubes dirigiam-se para as sedes

sociais, que se localizavam em suntuosos palacetes, onde festas, as chamadas retretas

eram organizadas. Danças, boa comida e bebida para as elites que podiam usufruir o

melhor que a nova conjuntura da cidade moderna proporcionava.

O FUTEBOL E A POLÍTICA

Ao realizarmos a pesquisa, nos deparamos com a presença constante das

autoridades políticas no meio esportivo da cidade. Nos ambientes festivos dos clubes

das elites, eles aparecem entre os quadros de sócios, assim como figuram na promoção

dos eventos esportivos. Importante frisar que o envolvimento do estado é um fenômeno

visto em várias capitais brasileiras na mesma época.

Esta associação entre esporte e um determinado projeto político representa o

início de uma perigosa relação entre clubes e governo – uma explícita troca

de favores que não pode ser confundida com uma ação governamental

comprometida com o conjunto geral da sociedade (MELO, 2007).

Como já frisamos anteriormente, o Rio de Janeiro, então capital da república, era

o centro irradiador das novidades, as ideias e costumes. O então prefeito da cidade,

Pereira Passos, realizou diversas reformas entre os anos de 1902 e 1906 objetivando a

reforma do centro da cidade. Desejava transformar aquela localidade em uma nova

metrópole, à moda europeia. Dentre as reformas realizadas, estavam os locais da prática

dos esportes, como o Turf, o Cricket, o Remo e o Futebol. Na Paraíba, os jornais e

revistas da época atentavam à falta, segundo eles, de uma iniciativa maior das

autoridades e das “classes poderosas” com os esportes. O discurso da modernidade e do

progresso sempre ganha uma atenção especial e eram uma preocupação daqueles que

desejavam ver a Paraíba inserida neste processo.

[...] prestigiados pelo governo e amparados pelas classes conservadoras, os

diversos clubs de foot-ball, water-polo, natação, regatas, turfe, etc, do Rio de

Janeiro, vem treinando, quase sem interrupção, com o fim de conquistar a

palma da victoria em tão importantes quão sensacionaes torneios sul-

americanos [...] (ERA NOVA, 1922).

No ano de 1922, esta associação pareceu se tornar bem evidente. Naquele ano, o

Brasil comemorava o centenário da proclamação da independência, e todos os grandes

10

centros urbanos, incluindo Parahyba do Norte, iriam festejá-lo. Durante uma semana, a

capital presenciou toda a sorte de eventos cíveis e esportivos.

A Parahyba vibrou nesses dias consagrados à rememoração do grande feito

de 1822 enthusiasta e cheio de civismo. Foram séte dias surprehendentes de

communicatividade entre os nossos homens publicos e o povo, que numa

eclusão de jubilo apoteósava a excelsa Pátria, em surtos de patriotismo, a

passagem da grande data (ERA NOVA, 1923).

Solón de Lucena, então presidente do estado da Paraíba10, foi o mentor das

festividades, como bem descreve a crônica: “O programa da brilhante festividade,

inspirado pelo Presidente Solón de Lucena, encheu-se de números cada qual mais

encantador que o outro [...]” (ERA NOVA, 1923). Os eventos esportivos promovidos

incluíram a marcha desportiva, que ocorreu entre as avenidas Duque de Caxias e a

avenida General Osório, no centro da capital.

À frente da marcha desportiva, desfilaram os clubes e seus atletas, seguidos por

bandas marciais que animavam a multidão. Na programação dos eventos, havia entre as

atrações saltos com vara, corrida de velocidade, lançamentos de peso e finalmente, a

“corrida Marathona”, que precedeu a marcha desportiva, tomando de grande expectativa

a massa presente11.

Na ocasião, é possível perceber, analisando as fotografias, o grande número de

cidadãos presentes para prestigiar o evento, novamente evidenciando como os esportes

modificavam o cotidiano da cidade, criando novos espaços de sociabilidade. Naqueles

dias, outra ocasião importante foi a realização de regatas pelo famoso Club do Remo. A

aquisição das novas embarcações para aquela associação esportiva foi patrocinada pelo

governo do estado, como consta na revista Era Nova na ocasião da cerimônia de entrega

dos novos yoles:

[...] Haja visto, para provar oque vimos affirmado, as yoles recentemente

adquiridas para o Club do Remo por intermedio desse esclarecido estadista, a

compra e reconstrução do stadium das Trincheiras para o Cabo Branco, e

outros muitos significativos favores prestados por s. Exc. Ás supracitadas

aggremiações. Esses benefícios feitos pelo chefe do govêrno em pról dessa

concentuada classe são um grande e inestimavel estimulo para o

soerguimento e solidificação definitiva da mesma (ERA NOVA, 1922).

10 Na primeira república (1889 – 1930), os Governadores eram chamados de Presidentes de Estado. 11 Esta chamada “massa presente” provavelmente era formada pelos demais cidadãos e cidadãs da cidade

da Parahyba do Norte, que não pertenciam aos grupos elitistas, mas que, no entanto, estava presente

naquele ambiente, admirando o espetáculo. Deveriam ser pessoas pertencentes às camadas médias

urbanas ou de condições sociais mais baixas: pequenos comerciantes, operários, artistas, artesãos,

professores, etc.

11

O referido clube realizava as suas provas às margens do rio Sanhauá, atraindo

uma multidão de curiosos desejosos de ver em ação as novas embarcações adquiridas

pelo clube náutico. Da mesma forma que o Remo e as demais modalidades esportivas, o

envolvimento das autoridades políticas com o futebol se deveu naquele ano

principalmente às reformas empreendidas no Hipódromo Parahybano.

Para a reinauguração do local dos jogos, se marcaram matchs interestaduais,

principalmente promovidos pelos clubes da elite em parceria com o governo do estado.

Estes eventos tornaram-se cada dia mais comuns, e em torno deles os jornais criavam

uma grande expectativa pela presença das delegações vindas de outros estados,

mobilizando a população da cidade em torno do evento, desde as grandes autoridades

públicas e os clubes promotores do encontro, como dos torcedores mais comuns.

Havia uma clara pressão por parte das chamadas “classes conservadoras” para

que o estado tomasse parte nos eventos, beneficiando os clubes das elites e seus sócios.

Poderia o presidente de estado fazer isto com o objetivo de abarcar apoio financeiro em

suas campanhas eleitorais? Talvez, no entanto, as evidências nos levam a crer que as

associações entre eles eram bastante íntimas.

MODELANDO OS CORPOS E AS MENTES: O FUTEBOL EM NOME DO

PROGRESSO

A modernidade e o progresso, de acordo com os discursos proferidos pelas

classes dirigentes na época, também seria alcançado principalmente através da prática

esportiva. Observamos, através da pesquisa, nos jornais e especialmente nas revistas

voltadas para as elites, que entre os anos 10 e 20, falava-se muito da questão da

modelação dos corpos. A partir de então, ter bom porte físico, buscar a perfeição através

dos exercícios não significava ter apenas uma boa saúde. Significava, acima de tudo, ser

moderno.

Antes, os exercícios físicos eram vistos com desprezo, associados aos trabalhos

braçais (MELO, 2007), um senso comum ainda oriundo dos tempos da escravidão no

Brasil, que havia sido extinta havia apenas alguns anos. Uma nova sociedade,

cosmopolita e urbana, exigia também novas posturas e regras de conduta, e o hábito de

se exercitar estava entre elas. Os homens, principalmente os mais jovens, eram

encorajados a adquirirem estes hábitos. É claro que estamos nos referindo aos que

tinham condições financeiras e tempo livre, podendo assim usufruir destas práticas. E

12

como já ressaltado anteriormente, o ambiente do interior dos clubes era a priori, o lugar

ideal para se buscar a perfeição corporal.

Os cronistas buscavam inspiração na antiguidade, comparando os atletas a heróis

mitológicos da Grécia antiga.

Os romanos conquistaram o mundo com as Thermas de Caracalla, onde a

mocidade, depois do banho, corria, lutava, fazia exercícios, fabricava as

futuras legiões dos Cesares immortaes. Mas no logar onde os antigos faziam

exercicios gymnasticos, os gregos tinham escripto: ‘’Medenagan’’, e os

romanos: ‘’Ne quid nimis’’. ‘’Nada demais’’! E parece que é o que falta

escrever nos logares aonde faz exercicios a mocidade de hoje: ‘’Nada

demais’’!(O JORNAL, 1924).

Ao mesmo tempo, o cronista demonstra preocupação com os excessos.

Exercícios físicos realizados em demasia poderiam acarretar em consequências graves

para os seus praticantes.

Há uns tempos pra ca, a medicina vem se preocupando com o problema da

educação physica da mocidade [...] O sport é, como se sabe, aconselhado

para conservar a saude desde a mais remota antiguidade. Mas há um flagrante

constante entre essa opinião e a estatística, que demonstra que, justamente os

homens que mais se entregam aos exercicios physicos têm vida mais curta.

Então, o sport em vez de alongar a vida, encurta-a? E’ um facto. E de que

morrem os sportsman? De insufficiencia cardiaca. Isso faz suspeitar um erro

de dosagem nos esforços (O JORNAL, 1924).

Um dos principais expoentes desta nova mentalidade que incentivava e

valorizava os esportes e também a variedade de atividades esportivas praticadas, foi o

remo. A criação do Club do Remo foi um acontecimento de grande relevância para o

esporte em Parahyba do Norte. O discurso de posse do presidente do clube náutico, Dr.

Santa Cruz, evidencia a importância que as atividades físicas tinham para as pessoas:

“[...] Senhores: bem sabeis que, pela cultura physica, o homem,

desenvolvendo e conservando as suas energias organicas, se torna mais apto

para viver uma vida sã, mais digna e mais fecunda [...] “Em verdade, o

desporto torna-o vigoroso; dá-lhe a serenidade de confiar no próprio valor;

aumenta-lhe a saúde, a agilidade e a resistência; aperfeiçoa-lhe o côrpo – fal-

o bello” (ERA NOVA, 1921).

A prática do remo foi importante, pois conseguiu em tese, despolarizar o

interesse das pessoas nos esportes, que antes eram focados quase que exclusivamente no

futebol. O entusiasmo pela prática dos esportes mais uma vez é evidenciado pelo

seguinte comentário:

O exercicio physico é tão necessario ao desenvolvimento de uma raça como o

exercicio do intellectivo. Um e outro praticados simultaneamente, com as

regras exigidas pelo methodo do aperfeiçoamento, elevam ao apogeu da

grandeza os povos que a elles se dedicam (ERA NOVA, 1921).

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O remo, relacionado às ideias de higiene, saúde, progresso, é vinculado a um

projeto de modernidade não apenas na cidade, mas no país e no mundo. A imagem de

homens que conduzem o barco com seus próprios braços remete ao papel atribuído aos

indivíduos em relação à coletividade. Jovens que no braço, conduziriam a nação ao

progresso (MELO, 2007).

CONCLUSÃO

O presente artigo procurou apresentar um quadro das práticas cotidianas ligadas

ao esporte na cidade da Parahyba do Norte, no início do século XX. Conseguimos,

através da pesquisa, constatar através das fontes pesquisadas (jornais, revistas, etc), os

discursos proferidos pelos intelectuais da época e que associavam os esportes, como o

futebol, à ideia de progresso. Eram, portanto, considerado hábitos modernos, sinônimos

da modernidade.

A população criou novos hábitos em torno do futebol, ao mesmo tempo em que

o esporte trouxe a tona alguns aspectos sociais naquela localidade. No que diz respeito à

política, pudemos perceber que as classes dominantes absolveram bem a presença do

futebol e de outros esportes. Constatamos que os clubes das elites tinham relações bem

íntimas com a classe política, pois os discursos que encontramos nas revistas e jornais

da época deixam isso bem claro.

A modernidade e o progresso da civilização também seriam alcançados através

da modelação dos corpos e das mentes, logo, a prática esportiva também seria um modo

perfeito de alcançar este ideal civilizatório. Os discursos higienistas eram muito

presentes nos noticiários, expondo o pensamento vigente à época, incentivando a prática

esportiva como uma forma de buscar corpos perfeitos e saudáveis.

REFERÊNCIAS

Diário O JORNAL (1923 – 1924).

Revista ERA NOVA (1921 – 1924).

Revista ALMANACH DO ESTADO DA PARAHYBA (1910).

Revista ALMANACH DO ESTADO DA PARAHYBA (1914).

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