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307 Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 RESUMO Este estudo buscou verificar o nível de conhecimento sobre as principais aplicações financeiras e o hábito de poupar dos acadêmicos do terceiro e quarto anos da FAE Centro Universitário, após terem estudado, em diversas disciplinas, as questões financeiras que envolvem os principais produtos bancários. Este trabalho foi estruturado de forma que será apresentado o sistema financeiro nacional (SFN), as principais aplicações disponíveis no mercado financeiro, além da metodologia e os resultados da pesquisa de campo realizada. A pesquisa de campo foi realizada com um questionário estruturado aplicado em uma amostra que teve como base uma população total de 851 alunos, devidamente matriculados, dividida por ano e curso, sendo 571 alunos do curso de Administração; 137, de Ciências Econômicas; e 143, de Ciências Contábeis. A amostra foi definida com intervalo de confiança de 90%, margem de erro amostral de 5%. Pelos cruzamentos realizados e os resultados apresentados nos Gráficos 1, 2 e 3, nas páginas 18 a 20 deste trabalho, observamos que, após terem estudado mais de dois anos nos cursos pesquisados, os alunos de graduação, em sua maioria, conhecem as aplicações oferecidas pelas instituições financeiras e percebem a importância de poupar e/ ou aplicar para o futuro. O quesito que responde, de forma direta, à pergunta da pesquisa é que grande parte adquiriu esse hábito na FAE Centro Universitário, e os que não a adquiriram nessa Instituição é porque aprenderam com suas famílias. Palavras-chave: aplicações financeiras; produtos bancários; sistema financeiro nacional. O HÁBITO DE POUPAR E AS APLICAÇÕES FINANCEIRAS MAIS REALIZADAS PELOS ALUNOS DE GRADUAÇÃO DA FAE CENTRO UNIVERSITÁRIO Natália das Mercês Clarindo* Amilton Dalledone Filho** * Aluna do 2º ano do curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Cientfica (PAIC 2010-2011) da FAE Centro Universitário. Email: nmerces@ yahoo.com.br ** Mestre em Administração UFSC. Professor da FAE Centro Universitário. Email: amilton.filho@ fae.edu

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307Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011

RESUMO

Este estudo buscou verificar o nível de conhecimento sobre as principais aplicações financeiras e o hábito de poupar dos acadêmicos do terceiro e quarto anos da FAE Centro Universitário, após terem estudado, em diversas disciplinas, as questões financeiras que envolvem os principais produtos bancários. Este trabalho foi estruturado de forma que será apresentado o sistema financeiro nacional (SFN), as principais aplicações disponíveis no mercado financeiro, além da metodologia e os resultados da pesquisa de campo realizada. A pesquisa de campo foi realizada com um questionário estruturado aplicado em uma amostra que teve como base uma população total de 851 alunos, devidamente matriculados, dividida por ano e curso, sendo 571 alunos do curso de Administração; 137, de Ciências Econômicas; e 143, de Ciências Contábeis. A amostra foi definida com intervalo de confiança de 90%, margem de erro amostral de 5%. Pelos cruzamentos realizados e os resultados apresentados nos Gráficos 1, 2 e 3, nas páginas 18 a 20 deste trabalho, observamos que, após terem estudado mais de dois anos nos cursos pesquisados, os alunos de graduação, em sua maioria, conhecem as aplicações oferecidas pelas instituições financeiras e percebem a importância de poupar e/ou aplicar para o futuro. O quesito que responde, de forma direta, à pergunta da pesquisa é que grande parte adquiriu esse hábito na FAE Centro Universitário, e os que não a adquiriram nessa Instituição é porque aprenderam com suas famílias.

Palavras-chave: aplicações financeiras; produtos bancários; sistema financeiro nacional.

O HÁBITO DE POUPAR E AS APLICAÇÕES FINANCEIRAS MAIS REALIZADAS PELOS ALUNOS DE GRADUAÇÃO DA FAE CENTRO UNIVERSITÁRIO

Natália das Mercês Clarindo*Amilton Dalledone Filho**

* Aluna do 2º ano do curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Cientfica (PAIC 2010-2011) da FAE Centro Universitário. Email: [email protected]

** Mestre em Administração UFSC. Professor da FAE Centro Universitário. Email: [email protected]

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FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA308

INTRODUÇÃO

Muitos brasileiros não poupam por falta de conhecimento ou mesmo por falta de hábito, algo que deveria vir de berço. Infelizmente, uma grande parcela da população, que teve um aumento em sua renda familiar, está preocupada em ter, não analisando o quanto vai pagar a mais, para concretizar seus desejos materiais, de forma imediata.

Nesse contexto, é importante salientar, que a situação atual da previdência pública do país, no que se refere ao futuro das aposentadorias, faz com que tenhamos de mudar a forma de pensar sobre investimentos para o futuro, já que a política para a previdência pública é incerta e investir corretamente nossos recursos hoje se torna cada vez mais essencial para quem quer garantir uma velhice financeiramente tranquila ou pelo menos mais adequada.

Dessa forma, este estudo buscou levantar informações para responder a seguinte questão: os acadêmicos do terceiro e quarto anos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia da FAE Centro Universitário, após terem estudado, nas várias disciplinas de seus cursos de graduação, os conceitos básicos de finanças, conhecem as aplicações financeiras oferecidas pelos bancos e possuem o hábito de poupar?

Com o intuito de responder a esta questão, foi estabelecido como objetivo geral do trabalho a realização de uma pesquisa junto aos acadêmicos, visando levantar informações sobre o hábito de poupar e as aplicações financeiras mais conhecidas e realizadas, após terem estudado nos primeiros anos de seu os conceitos básicos de finanças.

Para tanto, deverão ser alcançados os seguintes objetivos específicos: (i) apresentar a estrutura do Sistema Financeiro Nacional e os responsáveis pelo controle e fiscalização do setor de investimentos e suas responsabilidades; (ii) definir e caracterizar os investimentos mais comuns no mercado financeiro e de capitais, como: fundos de investimentos, CDB/RDB, caderneta de poupança, etc.; (iii) efetuar uma pesquisa de campo quanto ao conhecimento sobre as aplicações estudadas e o hábito de poupar e realizar aplicações financeiras; (iv) identificar os resultados alcançados sugerindo ações de esclarecimento aos acadêmicos da FAE Centro Universitário.

Quanto à metodologia, a pesquisa apresenta aspectos descritivos, exploratórios e explicativos. O caráter exploratório tenderá estar mais presente na revisão da literatura, buscando aumentar o grau de familiaridade com o problema (GIL, 1991).

Pretende-se alcançar os demais objetivos específicos por meio de um levanta-mento de dados. Assim, foi desenvolvido um instrumento de coleta de dados na forma de questionário para ser aplicado em uma amostra probabilística intencional, represen-tativa dos segmentos alvos. A amostra foi definida com intervalo de confiança de 90%,

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margem de erro amostral de 5%, distribuída nos terceiros e quartos anos dos três cursos estudados, sendo Administração (69 + 66 = 135), Ciências Contábeis (15 + 18 = 33) e Ciências Econômicas (15 + 17 = 32).

Os resultados obtidos por meio do levantamento permitirão avaliar tanto o conhecimento adquirido nos cursos de graduação quanto se os acadêmicos poupam/investem, além de propor atividades a serem desenvolvidas, visando ampliar seus conhecimentos em relação às aplicações financeiras e suas peculiaridades.

1 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Para Assaf Neto (2009), o Sistema Financeiro Nacional (SFN) pode ser definido como um conjunto de instituições financeiras que geram a política e a instrumentação econômico-financeira do país, visando, em última análise, transferir recursos dos agentes econômicos – pessoas, empresas, governo – superavitários para os deficitários, mantendo o fluxo monetário entre poupadores e investidores. Foi estruturado e regulado pela Lei da Reforma Bancária (1964), Lei do Mercado de Capitais (1965) e, mais recentemente, pela Lei de Criação dos Bancos Múltiplos (1988).

Fazem parte do SFN: o Subsistema Normativo, constituído pelas instituições que regulamentam e fiscalizam o mercado financeiro, e o Subsistema de Intermediação, composto de instituições bancárias e não bancárias que atuam em operações de intermediação financeira.

Uma das características presente na estrutura do SFN são os conglomerados financeiros, criados em função da política de concentração bancária desenvolvida nas últimas décadas por intermédio, principalmente, de fusões e aquisições. Esses conglomerados, por meio das diversas instituições que estão sob seu controle, costumam atuar nos diversos segmentos financeiros do mercado, limitando bastante a atuação de instituições independentes.

As instituições financeiras podem ser classificadas em dois tipos: bancárias ou monetárias, e não bancárias ou não monetárias. As Financeiras Bancárias são aquelas que podem captar depósitos à vista e usar desses recursos para realizarem empréstimos e financiamentos (são criadoras de moeda escritural), geralmente de curto e médio prazo, às pessoas físicas e jurídicas. As Instituições Não Bancárias não estão legalmente autorizadas a receber depósitos à vista, trabalhando basicamente com ativos não monetários, tais como: ações, letras de câmbio, certificados de depósito bancários, debêntures, etc.

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FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA310

2 INVESTIMENTOS

Investimento representa a ampliação de capital em alternativas que promovem o aumento efetivo da capacidade produtiva de um país, determinando maior capacidade futura de gerar riquezas (rendas).

É importante ressaltar que o conceito de investimento em uma economia vincula-se à criação de riqueza, e não simplesmente à transferência de propriedade de um bem. Adquirir ações em Bolsas de Valores, por exemplo, não pode ser interpretado como investimento dentro do conceito econômico, pois, por se tratar de mercado secundário, a compra de ações envolve uma simples transferência de posse dos valores, sem agregar riqueza à economia. Se a compra ocorrer, no entanto, quando do lançamento das ações (mercado primário), admite-se uma criação de riqueza motivada pela canalização direta do capital investido na empresa, e é considerada como investimento no sentido da economia (ASSAF NETO, 2009, p. 6).

Porém, este estudo baseia-se no sentido usual da palavra investimento, o qual o Dicionário Michaelis de Língua Portuguesa conceitua como “1 Ato ou efeito de investir. 2 Econ. Aplicação de capitais.”

3.1 Bolsa de Valores

As Bolsas de Valores são instituições administradoras de mercados e também centros transparentes de negociação de valores mobiliários que realizam compras e vendas através de sistemas eletrônicos. No caso brasileiro, a BM&FBovespa S/A - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros é a principal bolsa de valores, administrando os mercados de Bolsa e de Balcão Organizado. A diferença entre esses mercados está nas regras de negociação estabelecidas para os ativos registrados em cada um deles.

Criada em maio de 2008, com a integração entre a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a BM&FBovespa tornou-se a maior bolsa da América Latina, a segunda das Américas e a terceira maior do mundo. Nela são negociados títulos e valores mobiliários, tais como: ações de companhias abertas, títulos privados de renda fixa, derivativos agropecuários (commodities), derivativos financeiros, entre outros.

Até pouco tempo, grande parte dos negócios ainda era realizada pelo pregão viva-voz, mas, atualmente, todos os negócios com ações e opções são realizados pelo sistema Mega Bolsa, implantado em 1997. Em março de 1999, a Bovespa lançou o sistema Home Broker, que permite que investidores possam comprar e/ou vender ações

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e opções em suas casas por meio da internet. Esse sistema foi interligado ao Mega Bolsa e oferecido por uma ampla rede de corretoras, cada qual com um serviço distinto. O sucesso do Home Broker no Brasil foi total e, em pouco tempo, os pequenos investidores passaram a ter uma maior participação no número e no volume de negócios da Bovespa, tendência que vem crescendo nos últimos anos.

3.2 Fundos de Investimentos

Fundo de Investimento é uma comunhão de recursos, captados de pessoas fí-sicas ou jurídicas, com o objetivo de obter ganhos financeiros a partir da aplicação em títulos e valores mobiliários, isto é, os recursos de todos os investidores de um fundo de investimento são usados para comprar bens (títulos) que são de todos os investidores, na proporção de seus investimentos.

Um fundo é organizado sob a forma de condomínio e seu patrimônio é dividido em cotas, cujo valor é calculado diariamente por meio da divisão do patrimônio líquido pelo número de cotas em circulação. O patrimônio líquido é calculado pela soma do valor de todos os títulos e do valor em caixa, menos as obrigações do fundo, inclusive aquelas relativas à sua administração.

Os fundos de investimento podem ser organizados sob a forma de condomínios abertos ou fechados. Nos abertos é permitida a entrada de novos cotistas ou o aumento da participação dos antigos por meio de novos investimentos, assim como é permitida a saída de cotistas por meio do resgate de cotas, isto é, mediante a venda de ativos do fundo para a entrega do valor correspondente ao cotista que efetuou o resgate, total ou parcial, de suas cotas. Já nos fundos de investimento fechados, a entrada e a saída de cotistas não é permitida. Após o período de captação de recursos pelo fundo, não são admitidos novos cotistas nem novos investimentos pelos antigos cotistas (embora possam ser abertas novas fases de investimento, conhecidas no mercado como “rodadas de investimento”). Além disso, também não é admitido o resgate de cotas por decisão do cotista, que tem de vender suas cotas a terceiros se quiser receber o seu valor antes do encerramento do fundo.

Os fundos fechados também podem ser registrados para negociação de cotas em mercados administrados pela Bovespa. Assim, quando um cotista pretende comprar ou vender cotas de um fundo fechado, como os Fundos de Investimento Imobiliário (FII), ou Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), por exemplo, pode enviar suas ordens por uma corretora para o sistema de negociação da Bovespa, no qual a cota esteja registrada.

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FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA312

O regulamento é o principal documento que regula o fundo de investimento, e nele estão descritas as regras relativas ao objetivo, à política de investimento, aos tipos de ativo negociados, aos riscos envolvidos nas operações, às taxas de administração e outras despesas do fundo, bem como ao seu regime de tributação e outras informações relevantes.

É obrigação do administrador fornecer o regulamento e o prospecto do fundo a todos os cotistas, assim como relatórios periódicos sobre as suas atividades, além de divulgar ampla e imediatamente qualquer informação que possa influenciar na decisão do cotista em permanecer investindo.

Uma das principais características que o investidor deve considerar é o risco, conceituado como a possibilidade de não se atingir o retorno esperado do investimento. Diversos fatores podem contribuir para isso, incluindo mudanças na política, na economia, nas regras de tributação, etc.

No caso de um fundo de investimento, o principal risco é aquele inerente aos ativos que compõem a carteira. Porém, há três riscos principais aos quais o investidor está invariavelmente sujeito: o risco de mercado (decorrente das oscilações nos preços dos títulos que compõem a carteira do fundo); o risco de crédito (decorrente dos emissores de títulos e valores mobiliários não cumprirem com suas obrigações de pagar tanto o principal como os respectivos juros de suas dívidas); e o risco de liquidez (dificuldade que o administrador possa encontrar para vender os ativos que compõem a carteira do fundo ou cotas, ficando impossibilitado de atender aos pedidos de resgate do investimento).

É importante salientar que o retorno de um investimento costuma estar associado ao seu grau de risco. Maiores retornos normalmente estão associados a um grau de risco maior e aplicações mais conservadoras têm grau de risco geralmente menor, porém costumam apresentar uma menor rentabilidade.

Na hora de comparar diferentes fundos, é importante considerar seus custos. No Brasil, por conta das normas da CVM, todos os custos do fundo devem ser obrigatoriamente descontados antes do valor da cota, e, portanto, da rentabilidade divulgada. Assim, quando se compara a rentabilidade de fundos, o que se vê é o resultado líquido que o fundo obteve, já descontados os custos. Por isso, um fundo com custos mais altos, mas que tenha melhor resultado, poderá ser comparado com outro de custos e resultados mais baixos.

As taxas normalmente cobradas são:

I. Taxa de administração – cobrada pelos serviços prestados ao fundo;

II. Taxa de performance – cobrada nos termos do regulamento, quando o resultado do fundo supera um certo patamar previamente estabelecido;

III. Taxas de ingresso – quando se faz o investimento;

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IV. Taxa de saída – quando se realiza o resgate.

Enquanto as despesas debitadas do fundo costumam ser: despesas de corretagem, de custódia e liquidação financeira de operações e de auditoria. Além disso, é também importante considerar a tributação na hora de decidir seu investimento e calcular a sua rentabilidade.

A principal vantagem dos fundos é possibilitar que investidores de perfil similar – com objetivos comuns, estratégias de investimento semelhantes e mesmo grau de tolerância a risco – concentrem recursos para aumentar seu poder de negociação e diluir os custos de administração, além de contarem com profissionais especializados, dedicados exclusivamente à gestão dos recursos.

As desvantagens estão associadas ao fato de o investidor delegar a terceiros a administração de seus recursos – falta de autonomia na tomada de decisão, submissão às regras previamente estabelecidas e à vontade da maioria dos cotistas.

3.2.1 Renda Fixa vs. Renda Variável

Nos investimentos em renda fixa, a remuneração é previamente definida no momento da aplicação. Ao investir seus recursos em um título de renda fixa, seja ele emitido pelo governo ou por uma empresa privada, você está emprestando a quantia investida ao emissor do título para, em troca, depois de certo período, receber o valor aplicado (denominado “principal”) acrescido de juros pagos como forma de remuneração de seu empréstimo. As condições do investimento – tais como, cláusulas de recompra, prazos, formas de remuneração e índices – são acertadas com o devedor (também chamado emissor do título ou tomador) no momento da aplicação.

Os riscos são tanto a possibilidade inerente de perda do capital investido quanto de, ao final da aplicação, a rentabilidade se revelar menor do que a oferecida para outras aplicações de risco similar e disponíveis durante o mesmo período.

Nos investimentos em renda variável, a possibilidade de perda decorre não apenas da possibilidade de não pagamento pelo devedor ou empresa na qual se investiu, mas também de a possibilidade da rentabilidade obtida terminar sendo menor do que a taxa de juros oferecida por aplicações de renda fixa disponíveis no mesmo período do investimento. Geralmente, os investimentos em renda variável são recomendados para prazos mais longos e para investidores com mais tolerância às variações de preço dos títulos, muito comuns nesse mercado.

Nesse tipo de investimento, a diversificação da carteira (cesta de ativos quaisquer dentro de uma mesma estrutura), ou seja, o investimento em títulos de vários emissores

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diferentes é muito importante para diminuir o risco, pois eventuais perdas em alguns papéis podem ser compensadas com ganhos em outros. Os investimentos mais tradicionais e populares em renda variável são as ações, os fundos de ações e os clubes de investimento.

3.3 Caderneta de Poupança

A Poupança é uma das aplicações financeiras mais tradicionais do mercado. Os valores depositados em poupança são remunerados com base na taxa referencial – TR (criada no Plano Collor II com o intuito de ser uma taxa básica referencial dos juros a ser praticados no mês iniciado, e não como um índice que refletisse a inflação do mês anterior), acrescida de juros de 0,5% ao mês. Os valores depositados e mantidos em depósito por prazo inferior a um mês não recebem nenhuma remuneração. A TR utilizada é aquela do dia do depósito, conforme estabelecido na Carta-Circular nº 2.726, de 21 de março dev1997, do Bacen.

Os investimentos em Caderneta de Poupança são garantidos até o limite de R$ 60.000,00, por CPF, pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), quando realizados em uma instituição associada ao referido fundo, ou em mais de uma instituição associada ao mencionado fundo, desde que pertençam ao mesmo conglomerado financeiro.

A aplicação inicial varia conforme norma interna de cada banco e a liquidez é imediata, ou seja, as quantias depositadas podem ser sacadas a qualquer tempo. O risco de aplicar em Caderneta de Poupança é muito baixo, já que ela é considerada um investimento extremamente conservador.

Para pessoas físicas, há isenção total de Imposto de Renda na Fonte, porém para as jurídicas, os rendimentos sujeitam-se à incidência do imposto.

3.4 CDB e RDB

O CDB (Certificado de Depósito Bancário) e o RDB (Recibos de Depósito Bancário) são títulos de renda fixa, representativos de depósitos a prazo, utilizados pelos bancos comerciais como mecanismos de captação de recursos. Esses tipos de investimentos envolvem uma promessa de pagamento futuro do valor investido, acrescido da taxa pactuada no momento da operação.

A diferença entre os CDBs e os RDBs é que aqueles podem ser negociados antes do vencimento, enquanto estes são inegociáveis e intransferíveis. Porém, no caso do

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CDB, negociar o título antes do prazo mínimo implica perda de parte da remuneração (devolução com deságio).

É importante lembrar que tanto o CDB quanto o RDB podem ser resgatados junto à instituição emissora, antes do prazo contratado, desde que decorrido o prazo mínimo de aplicação. Antes do prazo mínimo não são auferidos rendimentos.

As taxas podem ser pré-fixadas, pós-fixadas ou flutuantes, e podem ter mais de uma base de remuneração, desde que prevaleça a mais vantajosa para o cliente.

Geralmente, as taxas são proporcionais aos volumes aplicados, isto é, quanto mais recursos você investe em um CDB de um banco, maior a taxa de remuneração.

Os prazos mínimos para aplicação e resgate de CDBs e RDBs variam de 1 dia a 12 meses, dependendo do tipo de remuneração contratada. O risco é baixo por se tratar de renda fixa, estando associado o recebimento do principal à solidez da instituição, ou seja, caso o banco quebre é possível não receber aquilo que foi aplicado.

A aplicação é garantida até o limite de R$ 60.000,00 por CPF, pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), e a tributação do imposto de renda é decrescente em função do prazo da aplicação:

– aplicações até 180 dias: 22,5%;

– aplicações até 181 a 360 dias: 20%;

– aplicações até 361 a 720 dias: 17,5%;

– aplicações acima de 720 dias: 15%.

3.5 Tesouro Direto

Os títulos públicos são ativos de renda fixa que possuem a finalidade primordial de captar recursos para o financiamento da dívida pública, bem como para financiar atividades do governo federal, como educação, saúde e infraestrutura. São considerados de baixíssimo risco pelo mercado financeiro, pois são garantidos pelo Tesouro Nacional. Além disso, os títulos oferecem retornos significativos e possuem variadas rentabilidades, que podem ser pós-fixadas (remunerados pela taxa básica da economia), pré-fixadas e indexadas a índices de preços.

A aquisição de títulos federais, por pessoas físicas, por meio do Tesouro Direto, programa desenvolvido pelo Tesouro Nacional, permite a compra direta dos títulos que se desejar, com a vantagem de redução do custo de intermediação. Uma das vantagens é a de o investidor montar a sua própria carteira de investimentos, escolhendo prazos e indexadores dos títulos conforme seu interesse. Permite, dessa forma, a administração

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direta de suas aplicações; no entanto, se o investidor preferir, poderá autorizar uma instituição financeira, habilitada a operar o Tesouro Direto (Agentes de Custódia), realizar em seu nome a compra e as venda de títulos.

Essa alternativa de aplicação dos recursos permite investimentos a partir de R$ 100,00, com rentabilidade e a segurança do Tesouro Nacional. Uma vez adquiridos, pode-se aguardar o vencimento do papel (data predeterminada para resgate do título) quando os recursos são depositados na conta do investidor ou, caso seja o interesse, vendê-los antecipadamente ao Tesouro Nacional nas recompras semanais, às quartas-feiras, pelo preço vigente no mercado.

A tributação incidente nos títulos comprados pelo Tesouro Direto são as mesmas que incidem nos fundos de renda fixa, isto é, o imposto de renda é decrescente em função do prazo da aplicação e a incidência de IOF ocorre se o título for vendido em um prazo inferior a 30 dias.

Atualmente, podem ser comprados pela internet os seguintes títulos públicos:

I. LTN (Letra do Tesouro Nacional) – título com rentabilidade definida (taxa pré-fixada) no momento da compra. O pagamento é único e feito na data de vencimento do título ou de seu resgate;

II. LFT (Letra Financeira do Tesouro) – título com rentabilidade diária vinculada à taxa de juros básica da economia (taxa média das operações diárias com títulos públicos registrados no sistema SELIC, taxa Selic). O pagamento é único e feito na data de vencimento do título ou de seu resgate;

III. NTN-B (Nota do Tesouro Nacional, série B) – título com rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra. O pagamento de cupom de juros é realizado semestralmente e o valor do título é pago na data de seu vencimento ou de seu resgate;

IV. NTN-B Principal – título com a rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra. O pagamento é único e feito na data de vencimento;

V. NTN-F (Nota do Tesouro Nacional, série F) – título com rentabilidade pré-fixada, acrescida de juros definidos no momento da compra. O pagamento de cupom de juros é realizado semestralmente e o valor do título é pago na data de seu vencimento ou de seu resgate.

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3.6 Ações

Ação é um valor mobiliário emitido por sociedades anônimas que representa uma parcela do seu capital social. O proprietário de ações emitidas por uma companhia é chamado de acionista e tem status de sócio, tendo direitos e deveres perante a sociedade, no limite das ações adquiridas.

Apesar de todas as sociedades anônimas terem o seu capital dividido em ações, somente as ações que forem emitidas por companhias de capital aberto, as quais possuem registro na CVM, poderão ser negociadas publicamente.

Quando se compra uma ação de uma companhia aberta, o investidor se torna acionista e participa do lucro da companhia a partir do recebimento de dividendos (parcela do lucro distribuída em dinheiro aos acionistas, anualmente, aprovada por assembleia realizada para aprovação das contas do exercício social anterior); de bo-nificações (pode-se destinar parte dos lucros sociais para a constituição de uma conta de “Reservas” e, caso a companhia queira, em exercício social posterior, distribuir aos acionistas o valor acumulado nessa conta, poderá fazê-lo na forma de Bonificação, po-dendo efetuar o pagamento em espécie ou com a distribuição de novas ações), além de ganhar também, caso haja valorização do preço das ações na Bolsa de Valores.

Quando for o caso de emissão de novas ações por parte da companhia, haverá ainda o direito de subscrição – ato de adquirir novas ações emitidas em decorrência do aumento de capital da Companhia. O aumento de capital tem como objetivo suprir as necessidades de recursos, seja para ampliar a capacidade produtiva, suprir as necessidades de capital de giro ou para sanear o passivo.

Os direitos de subscrição conferem aos seus detentores a possibilidade de exercer o direito de compra de novas ações e podem ser negociados no mercado, isoladamente das ações. Se o aumento de capital for oferecido somente aos acionistas da companhia emissora das ações, será uma subscrição privada. No entanto, se as novas ações forem oferecidas junto ao público em geral, a subscrição será pública. Nesse caso, o antigo acionista poderá ter o direito de preferência, ou seja, o direito de subscrever antes dos novos acionistas, uma quantidade de ações proporcional à sua participação acionária na Companhia.

O mercado costuma diferenciar as ações pela facilidade que elas têm de ser negociadas publicamente, isto é, o volume negociado e o número de negócios em que a ação é comprada e vendida. As ações podem ser negociadas em bolsas de valores, em mercados de balcão e de balcão organizado. Em geral, as ações listadas em bolsas de valores possuem maior facilidade de ser negociadas, ou seja, maior liquidez. Em

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momentos de queda de preços, torna-se difícil vender ações com baixa liquidez, ao contrário do que ocorre com as mais líquidas. Portanto, a questão referente à liquidez envolvida nos negócios com ações da empresa no mercado é importante para a decisão da empresa a ser escolhida por parte do investidor.

É importante conhecer também dois eventos que geralmente ocorrem no mercado de ações, o desdobramento e grupamento além dos tipos de ações existentes no mercado.

3.6.1 Desdobramento (Split)

Consiste em dividir as ações existentes, sem alterar o valor do investimento, também conhecido como “Split”. Essa operação é realizada quando a administração da companhia acredita que deve aumentar a quantidade de papéis em circulação no mercado para facilitar sua negociação. Com a divisão da ação, o valor dela no mercado também será dividido proporcionalmente.

3.6.2 Grupamento (Inplit)

É a operação contrária ao Desdobramento, consistindo em reunir várias ações em uma, conhecido como “Inplit”. O grupamento ocorre quando uma companhia decide elevar o preço da ação para facilitar sua negociação em bolsa, pois entende-se que o preço baixo pode estar dificultando as operações. Da mesma forma que o desdobramento, a operação não altera o valor global do investimento.

3.6.3 Tipos de Ações

Existem dois tipos de ações: as ordinárias e as preferenciais, sendo que o que as diferencia são os direitos que elas concedem a seus acionistas:

– Ação Ordinária (sigla ON): sua principal característica é conferir ao seu titular direito de voto nas assembleias de acionistas.

– Ação Preferencial (sigla PN): normalmente, o Estatuto retira dessa espécie de ação o direito de voto. Em contrapartida, concede outras vantagens, tais como:

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I. prioridade na distribuição dos dividendos (sua principal característica) – significa que não podem ser pagos dividendos às ações ordinárias sem que se paguem os dividendos às ações preferenciais;

II. prioridade no reembolso do capital – significa que, no caso de liquidação da companhia, depois de pagos os credores, os recursos que sobrarem serão destinados, primeiramente, ao resgate das ações preferenciais.

O preço das ações, chamado no mercado de “cotação”, oscila conforme a expectativa dos investidores em relação à companhia. Vários fatores influenciam os investidores na decisão de comprar ou vender as ações, entre eles:

I. a perspectiva de lucro da companhia em suas atividades;

II. o fluxo de dividendos a serem distribuídos;

III. as projeções realizadas pelos analistas de mercado relativas aos rumos da Companhia;

IV. análises das escolas que estudam a tendência do preço das ações;

V. a liquidez das ações no mercado;

VI. o grau de alinhamento de interesses existente entre administradores, acionista controlador e demais acionistas;

VII. indicadores de mercado.

Se o resultado desse conjunto de fatores for favorável, a procura por essas ações fará com que sua cotação suba. Se acontecer o contrário, sua cotação cairá.

3.7 Clubes de Investimento

Clube de Investimento é uma comunhão de recursos de pessoas físicas – com, no máximo, 150 participantes, salvo exceções previstas na regulamentação – administrado profissionalmente por uma instituição credenciada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM.

O funcionamento dos clubes de investimento obedece às normas da CVM, da Bovespa e a um Estatuto Social próprio, que determina seus principais aspectos e só pode ser alterado por decisão dos participantes em Assembleia Geral, que tem poderes para decidir sobre todas as matérias relativas aos interesses do clube.

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A carteira dos clubes de investimento deve ser composta por, no mínimo, 51% em ações, bônus de subscrição e debêntures conversíveis em ações de companhias abertas, adquiridas em bolsas de valores ou mercado de balcão organizado por entidades autorizadas pela CVM ou por distribuição pública. Nenhum dos cotistas do fundo pode ter mais de 40% das cotas existentes.

A grande vantagem dos clubes em relação aos fundos de investimento reside na possibilidade de seus membros participarem da gestão da carteira, que pode ser realizada por pessoa diferente do administrador do clube/representante dos condôminos, pessoas físicas ou jurídicas contratadas, ou ainda entidade integrante do sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários (Sociedades Corretoras, Distribuidoras, Bancos de Investimento, etc.).

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para a realização deste trabalho e da pesquisa foi, do ponto de vista de sua natureza, de caráter aplicado, com o objetivo de gerar conhecimentos novos e/ou úteis para aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos, tais como a deficiência no conhecimento sobre os principais investimentos disponíveis no mercado financeiro e de capitais, e a melhor forma de se investir pelos acadêmicos da FAE Centro Universitário.

Quanto aos procedimentos técnicos (GIL, 1991), os tipos de pesquisa utilizados foram: (i) pesquisa bibliográfica, elaborada a partir de material já publicado, como livros sobre o Sistema Financeiro Nacional, notícias e dados divulgados por instituições e associações – como o Banco Central – do setor financeiro, artigos de periódicos e outros materiais disponibilizados na internet; (ii) levantamento de dados a partir da aplicação de questionário específico que pretende traduzir os objetivos específicos desta pesquisa, por meio de perguntas fechadas ou de múltipla escolha sobre o hábito de poupar e o conhecimento sobre as aplicações financeiras disponíveis no mercado e suas características.

4.1 População e Amostra

Para a realização deste trabalho de pesquisa, foi definida como população os es-tudantes dos cursos de Administração, Ciências Econômicas e Ciências Contábeis da FAE Centro Universitário, pois nesses cursos há disciplinas que enfocam nas questões finan-ceiras e de mercado de capitais, fonte de informações para a confecção deste trabalho.

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Para a amostra, foi definido um intervalo de confiança de 90%, margem de erro amostral de 5%, distribuída nos terceiros e quartos anos dos três cursos estudados, sendo Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas, conforme Tabela 1 abaixo:

4.2 Resultados da Pesquisa

Os questionários foram distribuídos para 200 alunos de forma direta em sala de aula, onde o pesquisador aguardava o seu preenchimento, dessa forma, obtivemos o retorno previsto e estipulado na amostra.

Os resultados consolidados do levantamento de dados podem ser verificados nas figuras abaixo, extraídas com base no questionário estruturado aplicado na pesquisa. Os dados estão agrupados de forma a facilitar a interpretação e visualização das informações obtidas.

Do total de respondentes, 60% é do sexo feminino, 44% possui idade entre 21 e 23 anos, e 33,5% possui idade entre 18 e 20 anos. A maioria, representado por 87,5%, é solteiro(a), sendo que 82,5% possui como fonte de renda seu salário, e 13,5% mesada dada pelos pais. Quando perguntado sobre o hábito de poupar/investir, constatamos que 56% possui o hábito de poupar uma vez por mês, 20% nunca poupa, e 16% poupa/investe esporadicamente.

Relativamente ao conhecimento sobre o que são aplicações financeiras, verifi-camos que Ações, com 87%, e Poupança, com 77%, são entendidas como aplicações financeiras seguidas por Tesouro Direto, com 50,5%, Renda Fixa e Previdência Privada, com 48%. O que nos causou estranheza foi o fato de 48,5% considerarem Títulos de Capitalização como uma aplicação financeira.

Em relação aos investimentos que realizam, 64,5% optou pela Poupança; 14,5%, pela Previdência Privada; e 14%, pelas ações; além de 13,5%, pela Renda Fixa. Quando questionados sobre as características dos investimentos que realizam, 48,5% respondeu que conhece alguns detalhes, e somente 25% afirmou conhecer todos os detalhes.

TABELA 1 - Amostra

Curso 3º ano 4º ano Total

Administração 69 66 135

Ciências Econômicas 15 17 32

Ciências Contábeis 15 18 33

Total 99 101 200

FONTE: Os autores, 2011.

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No quesito qual a porcentagem de sua renda você aplica, dos que costumam aplicar, 20,5% respondeu que guarda 10% de sua renda; 18% aplica 5%; e somente 14,5% guarda 20%; e, ainda, 10% aplica 30%.

Relacionado ao objetivo pelo qual aplica seu dinheiro, 26,5% respondeu que para aquisição de casa própria; 25% para as férias; 20,5% outros; 17,5% para adquirir um carro; e somente 16,5% para aposentadoria. Perguntamos, ainda, se o objetivo inicial da aplicação poderia ser alterado e verificamos que a maioria, 32,5%, afirmou que não, demonstrando, dessa forma, que possuem firmeza em seus propósitos.

Sobre a importância dos conhecimentos adquiridos sobre as aplicações financei-ras, dos que consideraram esse item importante, a FAE foi considerada por 20% como a fonte mais importante seguida pela Família, com 13,5%, e internet, com 11%. Preci-samos salientar que 43% dos alunos deixaram essa resposta em branco. Contudo, 45% respondeu que os conteúdos ensinados na FAE demonstram a importância de poupar/investir; 10% já possuíam o hábito de poupar; 11,5% adquiriram o hábito de poupar na família; e 32,5% afirmou que os conteúdos ensinados na FAE não contribuíram.

Buscando ter uma visão mais adequada, realizamos alguns cruzamentos de informações conforme aparecem nos gráficos abaixo. Esses cruzamentos aceitam uma análise de duas variáveis de cada vez, como também permitem conclusões mais completas.

GRÁFICO 1 – IDADE X TIPO DE INVESTIMENTO

FONTE: Os autores, 2011

Podemos verificar, no Gráfico 1, que a Caderneta de Poupança é o investimento mais realizado pela maioria dos alunos, independentemente de suas idades. Isso ocorre, provavelmente, pelos baixos valores que são aplicados mensalmente. Em relação às aplicações, as Ações e a Previdência Privada também são investimentos bastante procurados. Tendo destaque os títulos de capitalização, considerados aplicações financeiras e que na realidade não são. Dessa forma, nota-se uma falta de conhecimento desse produto bancário.

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GRÁFICO 2 – IDADE X HÁBITO DE POUPAR/APLICAR

FONTE: Os autores, 2011

Com base no Gráfico 2, verificamos que grande parte dos alunos, mais de 55%, entre a idade de 18 e 26 anos, e 33,33% dos alunos com idade superior a 26 anos, possuem o hábito de poupar um determinado valor mensalmente. Não podemos deixar de observar que, em torno de, 16% da amostra não possui o hábito de poupar. A maioria poupa, mesmo que esporadicamente, o que demonstra que se preocupam com essa questão tão importante hoje em dia.

GRÁFICO 3 – IDADE X ONDE ADQUIRIU O HÁBITO X IMPORTÂNCIA DE APLICAR/POUPAR

FONTE: Os autores, 2011

Percebe-se, por esse gráfico, que a maioria dos alunos, independentemente da idade, entendem que a FAE Centro Universitário teve grande importância no desenvolvimento do hábito de poupar. Dos que entendem que a FAE Centro Universitário não teve importância foi porque boa parte já possuía esse hábito, adquirido, em grande parte, na sua família. Esse item apenas é superado pelos alunos de idades compreendidas entre 24 e 26 anos.

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CONCLUSÃO

Após pesquisa realizada pela amostra representativa da população, verificamos que a pergunta que norteou nossa pesquisa: Os acadêmicos do terceiro e quarto anos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia da FAE Centro Universitário, após terem estudado, nas várias disciplinas dos seus cursos de graduação, os conceitos básicos de finanças, conhecem as aplicações financeiras oferecidas pelos bancos e possuem o hábito de poupar?”, foi respondida satisfatoriamente.

Pelos cruzamentos realizados e os resultados apresentados nos Gráficos 1, 2 e 3 observamos que, após terem estudado mais de dois anos nos cursos pesquisados, os alunos de graduação, em sua maioria, conhecem as aplicações oferecidas pelas institui-ções financeiras e percebem a importância de poupar/aplicar para o futuro. O quesito que responde de forma direta à pergunta da pesquisa é que grande parte adquiriu esse hábito na Faculdade e os que não a adquiriram é porque aprenderam com suas famílias.

Sendo assim, esta pesquisa demonstra que os objetivos de se preparar o aluno para a vida e para o mercado de trabalho, nessas questões, estão sendo atingidos. Isso pode ser embasado no fato de que o corpo docente da FAE Centro Universitário, em sua maioria, é formada por profissionais atuantes no mercado.

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REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. São Paulo: Atlas, 2009.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Sistema financeiro nacional: poupança. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 12 set. 2010.

BOVESPA. Dicionário de finanças. Disponível em: <http://www.enfin.com.br/bolsa/main.php>. Acesso em: 12 out. 2010.

BRASIL. SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Tesouro direto. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/>. Acesso em: 12 set. 2010.

DICIONÁRIO Michaelis. <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 13 fev. 2011.

Fundo Garantidor de Crédito. <http://www.fgc.org.br>. Acesso em: 12 out. 2010.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

PORTAL DO INVESTIDOR. Disponível em: <http://www.portaldoinvestidor.gov.br>. Acesso em: 12 out. 2010.

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