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GABRIELA DE SOUZA LOYOLA ESTUDO COMPARATIVO PARA PADRONIZAÇÃO DE EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS SUSTENTÁVEIS ATRAVÉS DA CERTIFICAÇÃO LEED CURITIBA 2011

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GABRIELA DE SOUZA LOYOLA

ESTUDO COMPARATIVO PARA PADRONIZAÇÃO DE EDIFICAÇÕES

INDUSTRIAIS SUSTENTÁVEIS ATRAVÉS DA CERTIFICAÇÃO LEED

CURITIBA

2011

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GABRIELA DE SOUZA LOYOLA

ESTUDO COMPARATIVO PARA PADRONIZAÇÃO DE EDIFICAÇÕES

INDUSTRIAIS SUSTENTÁVEIS ATRAVÉS DA CERTIFICAÇÃO LEED

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à disciplina de Projeto de

Graduação I e II, do Curso de Engenharia

de Produção da FAE Centro Universitário.

Orientadora: Profª M. Sc. Isabella

Andreczevski Chaves

CURITIBA

2011

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TERMO DE APROVAÇÃO

GABRIELA DE SOUZA LOYOLA

ESTUDO COMPARATIVO PARA PADRONIZAÇÃO DE EDIFICAÇÕES

INDUSTRIAIS SUSTENTÁVEIS ATRAVÉS DA CERTIFICAÇÃO LEED

Proposta de Pesquisa do Trabalho Final de Graduação aprovado como requisito

parcial para obtenção do grau de bacharel em Engenharia de Produção, do Centro

Universitário FAE, pela seguinte banca examinadora:

Curitiba, 16 de novembro de 2011.

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________ Profª M. Sc. Isabella Andreczevski Chaves

Professora orientadora

___________________________________________ Profº M. Sc. Thiago André Guimarães

Convidado

___________________________________________ Profa Dra. Marjorie Benegra

Coordenadora do Curso de Engenharia de Produção

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Dedico esse trabalho a Deus, por ter concedido forças para chegar aonde cheguei, e aos meus pais por terem me concedido a vida e a oportunidade de ser o que sou: vencedora.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a minha amada mãe, Angelina, que investiu para que eu me

tornasse quem eu sou me apoiando e me encorajando sempre que precisei

e sendo minha melhor conselheira, e principalmente por ter sido bastante

paciente. Agradeço a ela por ter sido presente, por ter sido pai e mãe, por ter

perdidos noite em claro, rezando para que eu tomasse o devido juízo e

continuasse no caminho da vitória, e principalmente por me mostrar que é

uma mulher guerreira e batalhadora. Orgulho-me de ser sua filha.

Rafael, por ter sido um enorme amor, amigo e confidente, às vezes meio

intolerante, mas mesmo assim, por ter sido esse companheiro inseparável e

por ter incentivado a maior parte dos meus projetos.

Maria, minha avó querida que vai ter sua primeira neta formada, engenheira.

Professora Isabella, pela imensa atenção e dedicação ao nosso trabalho, e o

encorajamento nos momentos difíceis, pela ajuda inestimável, pelos

esclarecimentos, pelas valiosas sugestões, pelas risadas e principalmente

por ter aceitado este desafio.

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“O futuro tem muitos nomes. Para os

fracos é o inalcançável. Para os

temerosos, o desconhecido. Para os

valentes é a oportunidade.”

Victor Hugo

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RESUMO

LOYOLA, Gabriela de Souza. Estudo Comparativo para Padronização de

Edificações Industriais Sustentáveis através da Certificação LEED. 92p.

Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia de Produção) – FAE – Centro

Universitário. Curitiba, 2011.

O estudo comparativo para padronização de edifícios industriais

sustentáveis diz respeito à apresentação das principais certificações sustentáveis

industriais existentes e suas metodologias, bem como seus objetivos e recursos a

serem utilizados para a contemplação dos mesmos. Este estudo identifica as

principais estratégias para transformar uma edificação industrial convencional em

sustentável e os benefícios da aplicação da sustentabilidade na construção civil. O

tema tem como intuito promover a sustentabilidade nas edificações industriais a fim

de promover o bem estar de seus ocupantes e do meio ambiente, assim como

identificar que estas soluções se tomadas de maneira correta, agregam valor à vida

útil dos edifícios industriais.

Palavras-chave: sustentabilidade, construção civil, edificações industriais sustentáveis.

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ABSTRACT

LOYOLA, Gabriela de Souza. Estudo Comparativo para Padronização de

Edificações Industriais Sustentáveis através da Certificação LEED. 92p.

Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia de Produção) – FAE – Centro

Universitário. Curitiba, 2011.

The comparative study for the standardization of building sustainable

industrial concerns the presentation of the main sustainable industrial certifications

and their existing methodologies as well as your goals and resources to be used for

the contemplation of them. This study identifies key strategies to transform a

conventional industrial building sustainable and benefits of implementing

sustainability in construction. The theme was developed in order to promote

sustainability in industrial buildings in order to promote the well being of its

occupants and the environment, and identify these solutions if taken properly, add

value to the life of industrial buildings.

Key words: sustainability, construction, industrial buildings sustainable.

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LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

CIB CONSELHO INTERNACIONAL PARA PESQUISA E INOVAÇÃO EM

CONSTRUÇÃO.

ASBEA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA.

UNCHE UNITED NATIONS CONFERENCE ON THE HUMAN ENVIRONMENT.

ES EDIFICAÇÕES SUSTENTÁVEIS.

GBC BRASIL GREEN BUILDING COUNCIL BRASIL.

LEED LEADERSHIP IN ENERGY AND ENVIRONMENTAL DESIGN.

AQUA ALTA QUALIDADE AMBIENTAL.

FSC FOREST STEWARDSHIP COUNCIL.

CONAMA CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE.

CIC CÂMARA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO.

ABRAMAN ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MANUTENÇÃO.

ONG ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS.

ISO INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION.

dB DECIBÉIS.

A AMPÉRE.

TQM TOTAL QUALITY MANAGEMENT.

TMUK TOYOTA MOTOR MANUFACTURING UNITED KINGDOM.

RTO REGENERATIVE THERMAL OXIDIZERS.

SAAE SERVIÇO AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO.

COV COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS.

BREEAM BUILDING RESEARCH ESTABLISHMENT ENVIRONMENTAL ASSESSMENT

METHOD

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA EDIFICAÇÃO SUSTENTÁVEL. FONTE: GUIA DA

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO, 2008 ............................................. 24

QUADRO 2 BENEFÍCIOS SOBRE OS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE. FONTE:

GUIA DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO, 2008 .............................. 25

QUADRO 3 CERTIFICAÇÕES GREEN BUILDINGS INDUSTRIALS. GBC BRASIL, 2011 ...

........................................................................................................................ 27

QUADRO 4 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO LEED. FONTE: GBC, 2011 ................................. 30

QUADRO 5 DEMANDA PREVISTA DE RECURSOS HÍDRICOS E ENERGÉTICOS. FONTE:

TOYOTA DO BRASIL, 2008 ............................................................................. 48

QUADRO 6 PLANTAS FABRIS – TOYOTA. FONTE: A AUTORA, 2011 .............................. 58

QUADRO 7 INVESTIMENTO SUSTENTÁVEL X APLICAÇÕES EXISTENTES – TOYOTA

MUNDIAL. FONTE: A AUTORA, 2011. ............................................................. 66

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LISTA DE IMAGENS

IMAGEM 1 FÁBRICA LAMBORGHINI – ITÁLIA. FONTE: GESTAMP SOLAR, 2011............. 13

IMAGEM 2 ENERGIA GEOTÉRMICA. FONTE: BRASIL ESCOLA, 2011.............................. 14

IMAGEM 3 ENERGIA EÓLICA. FONTE: GOOGLE IMAGENS, 2011 ................................... 16

IMAGEM 4 ESTAÇÃO TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS (ETAR). FONTE: TOYOTA

PORTUGAL, 2010 ............................................................................................. 40

IMAGEM 5 ECO CENTRO. FONTE: TOYOTA PORTUGAL, 2010 ....................................... 41

IMAGEM 6 TANQUE TRATAMENTO SUPERFÍCIE. FONTE: TOYOTA PORTUGAL, 2010. .

.......................................................................................................................... 42

IMAGEM 7 TUBOS SOLARES INSTALADOS. FONTE: TOYOTA PORTUGAL, 2010........... 43

IMAGEM 8 PAINÉIS FOTOVOLTAICOS OU SOLARES. FONTE: TOYOTA PORTUGAL, 2010

.......................................................................................................................... 44

IMAGEM 9 FÁBRICAS SUSTENTÁVEIS – “ZERO” RESÍDUOS. FONTE: TOYOTA

PORTUGAL, 2010 ............................................................................................. 44

IMAGEM 10 FOTO AÉREA DO TERRENO COMPLEXO TOYOTA SOROCABA. FONTE:

TOYOTA DO BRASIL, 2010 ............................................................................... 46

IMAGEM 11 COMPLEXO TOYOTA DO BRASIL – FASE ATUAL. FONTE: TOYOTA DO BRASIL,

2010 .................................................................................................................. 47

IMAGEM 12 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DA ÁGUA – REUTILIZAÇÃO. FONTE: TOYOTA DO

BRASIL, 2010.................................................................................................... 50

IMAGEM 13 CONTINUAÇÃO DO SISTEMA DE DRENAGEM. FONTE: TOYOTA DO BRASIL,

2010 .................................................................................................................. 50

IMAGEM 14 SISTEMA DE DRENAGEM E BACIAS DE AMORTECIMENTO. FONTE: TOYOTA

DO BRASIL, 2010 ............................................................................................. 51

IMAGEM 15 SUPERESTRUTURA – VIGAS E PILARES DE CONCRETO. FONTE: TOYOTA

DO BRASIL, 2010 ............................................................................................. 52

IMAGEM 16 PAVIMENTAÇÃO INTERNA. FONTE: TOYOTA DO BRASIL, 2010 .................... 53

IMAGEM 17 VIAS DE ACESSO – FÁBRICA – FORNECEDORES. FONTE: TOYOTA DO

BRASIL, 2010.................................................................................................... 54

IMAGEM 18 MUTIRÃO – PROJETO MORIZUKURI. FONTE: JORNAL CRUZEIRO DO SUL,

2011 .................................................................................................................. 56

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 USGBC LEED – CATEGORIAS. FONTE: USGBC LEED, 2011 ......................... 29

FIGURA 2 BREEAM INDUSTRIAL. FONTE: BREEAM, 2011 .............................................. 35

FIGURA 3 GBC-AU, GREEN STAR INDUSTRIAL – PESO CATEGORIAS. FONTE: GBC-AU,

2011 .................................................................................................................. 36

FIGURA 4 CICLO DE VIDA DE UMA EDIFICAÇÃO. FONTE: AMBIENTE E CONSTRUÇÃO

SUSTENTÁVEL, PG. 74 .................................................................................... 59

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LISTA DE ANEXOS

ARTIGO PADRONIZAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS SUSTENTÁVEIS ATRAVÉS

DA CERTIFICAÇÃO LEED .................................................................................. 76

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 3

2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................ 3

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ..................................................................................... 3

3. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 4

4. METODOLOGIA ..................................................................................................... 5

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 6

6. ESTRATÉGIAS PARA SUSTENTABILIDADE ...................................................... 12

6.1 EFICIÊNCIAS ENERGÉTICAS ........................................................................... 12

6.2 ENERGIAS .......................................................................................................... 12

6.2.1 ENERGIA SOLAR ............................................................................................ 12

6.2.2 AQUECIMENTO/REFRIGERAÇÃO - GEOTÉRMICO ...................................... 14

6.2.3 ENERGIA EÓLICA ........................................................................................... 15

6.3 USO EFICIENTE DA ÁGUA ................................................................................ 16

6.4 ILUMINAÇÃO ...................................................................................................... 18

6.5 GESTÃO DE RESÍDUOS .................................................................................... 19

7. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS .............................................................................. 21

7.1 VALORIZAÇÕES DO EDIFÍCIO INDUSTRIAL .................................................... 21

7.2 EDIFICAÇÕES SUSTENTÁVEIS ........................................................................ 23

7.2.1 LEED ................................................................................................................ 28

7.2.2 AQUA ............................................................................................................... 31

7.2.3 PROCEL ........................................................................................................... 31

7.2.3.1 PROCEL INDÚSTRIA.................................................................................... 32

7.2.3.2 PROCEL EDIFICA ......................................................................................... 33

7.2.4 BREEAM INDUSTRIAL .................................................................................... 34

7.2.5 GBC GREEN STAR INDUSTRIAL ................................................................... 35

8. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS SUSTENTAVEIS - FÁBRICAS TOYOTA ............. 37

8.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA .............................................................................. 37

8.2 TOYOTA MUNDIAL ............................................................................................. 38

8.2.1 TOYOTA TORRANCE - CALIFÓRNIA - ESTADOS UNIDOS ........................... 38

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8.2.2 TOYOTA CAETANO - PORTUGAL .................................................................. 39

8.2.3 TOYOTA REINO UNIDO .................................................................................. 45

8.2.4 TOYOTA SOROCABA - BRASIL ...................................................................... 46

8.2.4.1 ÁGUA ............................................................................................................ 49

8.2.4.2 QUALIDADE DO AR ...................................................................................... 51

8.2.4.3 ESTRUTURA DO COMPLEXO ..................................................................... 52

8.2.4.4 GESTÃO DE RESÍDUOS .............................................................................. 53

8.2.4.5 LOGÍSTICA ................................................................................................... 54

8.2.4.6 CINTURÃO VERDE ...................................................................................... 55

8.2.4.7 PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL ....................................................................... 56

8.2.5 TOYOTA TSUTSUMI - JAPÃO ......................................................................... 58

9. PADRONIZAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS SUSTENTAVEIS

ATRAVÉS DA CERTIFICAÇÃO LEED - EXEMPLO TOYOTA ................................. 59

10. CONCLUSÃO .................................................................................................... 67

11. SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 71

ANEXOS ................................................................................................................... 76

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1. INTRODUÇÃO

A construção civil existe para satisfazer as necessidades básicas do homem,

como moradia, saneamento, transporte, etc. Ao longo do tempo, pôde-se comparar

que as primeiras construções não requeriam qualquer tipo de planejamento prévio,

apenas a idéia do que seria constituído, onde e quais materiais seriam utilizados.

Não existia qualquer tipo de consciência quanto ao desperdício.

Contudo, o tempo foi passando e as construções ficaram mais competitivas,

o mercado ficou exigente, e com isso foram criadas normas e regras, para atender

essa demanda.

A sustentabilidade surgiu para que as construções sejam concebidas com

maior responsabilidade socioeconômica ambiental. De maneira que existam

possibilidades e alternativas de execução, no caso de um eventual contratempo

durante a construção (falta de mão-de-obra qualificada e matéria prima), sem

esquecer as políticas ambientais (conscientização e preservação).

A indústria da construção civil acabou se tornando a maior consumidora de

recursos. Ao mesmo tempo, é reflexo da situação econômica de uma região ou

sociedade e vice-versa. Diferente de outras indústrias, os seus produtos são os

únicos que possuem uma longa vida útil. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria

da Construção (2005), as estruturas construídas atualmente são projetadas para

durar pelo menos oitenta anos, assim como seus impactos sob o meio ambiente.

Mesmo com este alto índice de crescimento, as edificações sustentáveis

ainda são consideradas inviáveis para a maioria das empresas do setor, e até

mesmo para o governo. Mas o que muitos ainda desconhecem é o tamanho

benefício que a sustentabilidade pode trazer para a economia, a sociedade e para o

meio ambiente. Considerando a sua devida importância, a indústria da construção

pode e deve contribuir com a busca do desenvolvimento sustentável.

As questões ambientais têm sido preocupação constante, em países

desenvolvidos e não-desenvolvidos, a quantidade de desperdício na construção civil

acabou se tornando o principal assunto nos centros de discussão sobre

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sustentabilidade.

Com isso o presente trabalho apresenta um estudo entre as edificações

industriais convencionais, com as edificações industriais sustentáveis, com o

propósito de identificar as mudanças no setor, exigidas pelo atual mercado.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Apresentar os quesitos que as edificações industriais convencionais devem

apresentar para garantirem a certificação de edificações industriais sustentáveis.

Mostrando os benefícios e viabilidades que se adquire com a conscientização de

novas edificações industriais verdes.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Definição de Edificação Sustentável.

Estudo de normas e certificações para Edificações Industriais

Sustentáveis.

Identificação de novas alternativas energéticas, estudo do

reaproveitamento da água e gestão de resíduos.

Estudo comparativo entre diferentes plantas industriais – Toyota.

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3. JUSTIFICATIVA

A comparação entre as edificações industriais convencionais e as

sustentáveis se dá devido ao grande número de edificações nos últimos anos, onde

se deixou de lado a conscientização por qualidade e pelas práticas saudáveis, e com

isso acabou-se gerando exageros exorbitantes nos planejamentos e execuções.

Muitas das empresas precisaram passar por reestruturações para se adequarem às

novas exigências do mercado.

Ainda há, por parte de muitas destas empresas, o não conhecimento de leis

e práticas obrigatórias para que a construção se ajuste as exigências sustentáveis

do mercado. Durante esta transição houve muitas mudanças, principalmente por

existir novas possibilidades de se edificar.

Esta análise serve para identificar essas principais mudanças e avaliar o que

está sendo utilizado; mostrar as inúmeras possibilidades de se criar e aproveitar os

novos recursos. Visando expor as principais responsabilidades e as novas

oportunidades que estão sendo desenvolvidas para o sistema construtivo sem que

comprometa o desenvolvimento da obra e do meio ambiente, assim favorecendo os

meios econômicos, ambientais, tecnológicos e humanos.

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4. METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi a sistêmica. Entender as coisas sistematicamente

significa colocá-las dentro de um contexto e estabelecer a natureza de suas

relações.

O presente trabalho foi elaborado a partir de pesquisas em livros; artigos

científicos; trabalhos acadêmicos; normas técnicas; periódicos; consulta a diversos

tipos de plantas industriais, e entrevistas com profissionais do mercado. Após a

explanação dos conceitos e definições, foi realizado um estudo comparativo a fim de

abordar e ilustrar o conteúdo.

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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Mendonça e Bragança (2007) relatam que sem mudanças de atitude e

política as construções verdes ao longo do mundo seriam muito diferentes. Durante

a década de 70, esta questão foi motivada por necessidades de profundas

mudanças no setor da construção civil.

Além disso, a imagem popular das edificações verdes não se adaptava ao

termo de sustentabilidade holística, mas de eficiência energética, um parâmetro que

persiste bastante ainda. Com o passar do tempo a construção passou a ser visto

como um parceiro na resolução dos problemas ambientais e não apenas com

intenção de se promover um grupo alvo de regulamentação.

Os governos também começaram a compreender as necessidades

ambientais e políticas necessárias para integrar as preocupações ambientais no

cotidiano. A construção não era apenas um processo ambientalmente amigável por

natureza. Os impactos ambientais, cumulativos dos processos de construção

aumentam no mundo devido a um grande número de projetos de construção em

curso. As maiorias desses impactos estão relacionadas com a metodologia e as

fases de construção de um edifício.

O nível ambiental deste setor é direta e indiretamente ligado ao consumo de

uma grande quantidade de recursos naturais (energia, água, minerais, madeira, etc.)

e também para a produção de uma quantidade significativa de resíduos. A utilização

de melhores materiais e tecnologias de construção pode contribuir

consideravelmente para ciclo de vida melhor ambiental e, em seguida, para a

sustentabilidade das construções.

Segundo Mora (2007) as edificações sustentáveis têm conquistado o mundo

todo com a rápida evolução em que acontece em determinados países devido à

tamanha determinação e aperfeiçoamento das técnicas. Devido ao aumento da

exposição na mídia e da consciência social, o tema é cada vez mais discutido pelo

tamanho dos problemas que afetam o meio ambiente através de mudanças

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normalmente perceptivas a olho nu, tais como: as mudanças climáticas, a utilização

de recursos naturais sem controle (desperdícios de água, energia, matérias primas),

entre outros fatores.

O desempenho ambiental é, geralmente, medido em termos de uma ampla

gama de efeitos potenciais, como potencial de aquecimento global; utilização de

água; descarte dos resíduos; desmatamento; entre outros efeitos. Na área de

sustentabilidade da construção civil existe um método para avaliar a pressão

ambiental causada por materiais, à construção em si e todo o ciclo de vida de um

edifício.

Embora existam várias ferramentas para avaliar se a obra é sustentável,

essas ferramentas não são amplamente utilizadas na elaboração de um projeto e

sua execução, e esta avaliação junto com os sistemas de classificação não é

abrangente o suficiente para considerar a edificação verde. As razões para o

fracasso desta avaliação estão, acima de tudo, relacionadas com a complexidade

das fases de avaliação.

A implementação desta avaliação em edifícios e em outras obras da

construção civil é uma tarefa complexa e cansativa, pois devido à construção,

incorporar centenas e milhares de produtos individuais em um projeto de construção,

pode haver dezenas de empresas envolvidas.

Além disso, segundo Matheus e Bragança (2007), o ciclo de vida esperado

de um edifício é excepcionalmente longo. Um ciclo de vida típico de uma edificação

pode ser separado em fases distintas, cada uma composta por um ou vários

estágios. Inicialmente existe a fase da execução, que se refere à escolha de

matérias primas através da extração de recursos ou reciclagem; a produção dessas

matérias primas em produtos; a utilização destes produtos na edificação, a

substituição destes produtos; durante a execução da obra, suas formas de utilização

e, principalmente, a maneira com que se é transportado estes materiais.

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Outra das fases de operação refere-se às exigências do aquecimento e

eletricidade; serviços de água e energia; entre outros serviços relacionados a esta

área. E por final, a fase de desmontagem, refere-se ao desmantelamento e

demolição do edifício, a eliminação/reciclagem/reutilização de produtos construtivos.

Cada estágio do ciclo de vida pode consistir em muitos processos construtivos.

De acordo com Araújo (2005), começou-se a perceber que a edificação

sustentável não é um modelo para resolver problemas pontuais, mas uma nova

forma de pensar construtivamente e tudo que a envolve. Baseado no

desenvolvimento de um modelo que enfrente e proponha soluções aos principais

problemas ambientais, sem renunciar a moderna tecnologia.

Por se tratar de uma visão multidisciplinar e complexa, o que integra

diferentes áreas do conhecimento a fim de reproduzir a diversidade que compõe o

próprio mundo. Dentre as diferentes áreas que compreende uma edificação

sustentável encontram-se conhecimentos de: arquitetura, biologia, engenharias,

saneamento, paisagismo, química, elétrica, além de medicina e história.

Quanto mais sustentável uma edificação, mais responsável essa será por

tudo o que consome, gera, processa e descarta. Tem como característica marcante

a capacidade de planejar e prever todos os impactos que podem ser provocados ao

longo da sua execução.

Segundo as normas do Comitê Técnico da ISO (International Organization

for Standardization), também é considerado conceito de edificação sustentável o

seguinte: “Edificação sustentável é aquela que pode manter moderadamente ou

melhorar a qualidade de vida e harmonizar-se com o clima, a tradição, a cultura e o

ambiente na região, ao mesmo tempo em que conserva a energia e os recursos,

recicla materiais e reduz as substâncias perigosas dentro da capacidade dos

ecossistemas locais e globais, ao longo do ciclo de vida do edifício. (ISO/TC 59/SC3

N 459)”

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Araújo (2005) ainda propõe que para que edificação sustentável seja perfeita

é necessário uma abordagem que associa o edificar a preocupação com a

preservação do meio ambiente e saúde dos seres vivos. As edificações

sustentáveis, em sua maioria, são coordenadas por profissionais da área e com o

uso de tecnologias sustentáveis modernas, utilizados em escala, dentro das normas

e padrões vigentes para o mercado.

Embora o conceito de sustentabilidade seja discutido ao longo de anos, o

que pode ser percebido pela grande quantidade de documentos de compromissos

produzidos por diversas instituições governamentais, Organizações não

Governamentais (ONG’s) e congressos espalhados ao logo do Brasil e do mundo.

No entanto, ainda não é possível perceber com clareza a aplicabilidade de tais

ações pactuadas, na busca pelo desenvolvimento de uma edificação sustentável.

Existe obviamente um esforço por meio de diversos setores produtivos

propondo ações que buscam criar alternativas sustentáveis para solucionar os

problemas urbanos, como por exemplo, os programas de reciclagem de resíduos.

Estes programas seriam mais eficientes se os materiais a serem reciclados

passassem por uma triagem no próprio canteiro de obras, o que normalmente não

acontece. Onde a essência de todo o processo é comprometida por uma falha na

base do sistema, ou seja, um problema cultural.

Estes processos devem envolver não só apenas a engenharia de obras, mas

vários setores da sociedade, promovendo ações de educação ambiental, permitindo

a todos os envolvidos, um maior conhecimento da importância e abrangência de

suas ações na busca pela sustentabilidade como um todo.

Por outro lado, deve-se levar em consideração o fato de que a tecnologia,

tanto de materiais como de conhecimento, estão se alterando em uma velocidade

extraordinariamente rápida e para tanto deve convencer de que a tecnologia hoje

bastante sustentável pode ser amanhã mesmo obsoleta ou não atender aos quesitos

de uma edificação sustentável.

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Segundo Pinheiro (2003), os edifícios sustentáveis asseguram grande

satisfação aos ocupantes e são de longe mais eficientes de serem construídos e

mais saudáveis em ser utilizada, na maioria dos casos, essa razão deve-se a maior

durabilidade e eficiência na utilização de recursos e operações, assim como sua

manutenção são mais econômicas.

Recentemente a cidade de Curitiba no estado do Paraná ganhou o primeiro

edifício sustentável com certificação internacional. O edifício comercial Curitiba

Office Park (COP) atingiu a pontuação necessária de acordo com os critérios para a

certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), seguindo os

parâmetros americanos de construção segundo a ONG United States Green Building

Council (USGBC).

Dentre os principais critérios de avaliação, o edifício conhecido como COP,

utiliza a racionalização de recursos, como água e energia. Inscrito na categoria Core

& Shell da USGBC, que consiste em projetos e construções de edifícios de

escritórios de grandes lajes, o COP alcançou uma certificação de nível Prata (50 a

59 pontos). Outros níveis são: Certificado (40 a 49 pontos), Ouro (60 a 79 pontos) e

Platina (80 a 110 pontos), sendo que uma imensa lista deve ser atendida e a

pontuação é diferente para cada item.

A redução no consumo de água e energia são os quesitos mais importantes

para a certificação. O COP pratica desde a reutilização da água à preservação de

espécies nativas, além de espaço para bicicletário, entrada de luz natural e

circulação do ar natural no subsolo e sofisticados sistemas de automação. A redução

no consumo de água foi de 46,8% e de energia 19% comparada a outros

empreendimentos do mesmo segmento que não possuem a certificação.

Entre as construtoras conceituadas nos estados do Paraná e Santa

Catarina, a Thá Engenharia se destaca pela versatilidade e habilitação comprovada

na condução e gestão de projetos de segmentos múltiplos, inclusive no segmento de

edificações industriais, além da crescente preocupação com meio ambiente e o

aprofundamento nos detalhes que garantam confiabilidade, solidez e durabilidade

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das suas obras. A construtora assina a construção do COP, empreendimento

certificado pelo USGBC.

Segundo Correia (2008) a edificação industrial, por possuir o processo como

fator determinante, deve-se adaptar as diferentes rotinas e tarefas que são exercidas

no seu interior, para que com isso a indústria incorpore aspectos tais, como: a

otimização do processo; economia no uso e manutenção da edificação, flexibilidade

dessas instalações, proporcionando conforto, saúde e segurança a seus usuários;

apontar aspectos que auxiliem a reciclagem, ou seja, incorporar as questões

sustentáveis no processo de projeto.

Sobretudo nos dias atuais, estudar o projeto industrial é, além de conhecer

processos específicos, compreender a situação industrial no país em que está

inserido, e conhecer a tradição do setor e sua evolução tecnológica; é considerar os

conceitos projetais denominados sustentáveis e desta forma oferecer condições que

tanto às demandas do processo quanto a habitabilidade dos espaços sejam

cumpridas.

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6. ESTRATÉGIAS PARA A SUSTENTABILIDADE

6.1 EFICIÊNCIAS ENERGÉTICAS

Eficiência Energética é definida como a otimização que se pode fazer no

consumo de energia.

Na última década o setor de edificações industriais foi um dos que mais

cresceu em termos de consumo energético, e o setor é responsável pelo acentuado

crescimento do consumo de energia elétrica, entre os anos 1980 e 1999, com um

aumento de 61%. (EFICIÊNCIA ENERGÉTICA, 2011).

A escassez dos combustíveis fósseis, com a pressão dos resultados

econômicos e as preocupações ambientais, levam a encarar a eficiência energética

como uma das soluções para equilibrar o modelo de consumo existente para

combater as alterações climáticas. A utilização da energia de forma consciente é um

meio de garantir um futuro melhor para as gerações seguintes, no entanto, é

necessária uma mudança na atitude em relação ao consumo de energia, refletindo-a

nos gestos que temos no dia-a-dia.

6.2 ENERGIAS

6.2.1 ENERGIA SOLAR

A radiação solar pode ser absolvida por coletores solares, principalmente

para o aquecimento de água, a temperaturas relativamente baixas (inferiores a

100ºC). O uso dessa tecnologia é predominante no setor de edificações residenciais,

mas há uma demanda significativa e aplicações em outros setores, como

edificações industriais, uma vez que é se faz necessário o aquecimento da água

para determinados processos industriais. Está se tornando cada vez mais popular

entre as estratégias sustentáveis por ser uma fonte energética inesgotável,

abundante e gratuita.

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O Brasil é bastante privilegiado, na maior parte do ano, possuir uma elevada

incidência solar, o que permite que o sistema de aquecimento solar seja uma

excelente alternativa para a economia de energia. Nas indústrias, normalmente é

utilizado um sistema de aquecimento solar composto por reservatórios térmicos e

coletores. O método chega a reduzir de 30% a 40% os custos de energia e tem um

retorno de curto prazo (AQUINO, 2009).

Como exemplo de uma edificação industrial com aquecimento solar

eficiente, podemos citar a fábrica de automóveis Lamborghini, que tem um consumo

de aproximadamente 1,1MW e fica localizado em Sant’Agata Bolognese na Itália, o

projeto consiste na criação de uma usina fotovoltaica de 1,168MW dividida em três

fases com painéis solares no telhado do fábrica (GESTAMP SOLAR, 2011).

Isso tornará a fábrica mais independente e mais eficiente energeticamente.

IMAGEM 1- Fábrica da Lamborghini - Itália

FONTE: Gestamp Solar, 2011.

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6.2.2 AQUECIMENTO / REFRIGERAÇÃO – GEOTÉRMICO

A energia obtida a partir do calor proveniente do interior da Terra, também

utilizada por ser considerada uma fonte renovável e limpa, pois gera baixos índices

de poluição no meio ambiente. Este tipo de energia deve ser aproveitado através de

medidas cuidadosas com relação ao meio ambiente, pois pode provocar

instabilidade geológica caso seja feita de forma inadequada.

Em algumas regiões as temperaturas da superfície da terra podem superar

os 5.000ºC. Nas indústrias e usinas esta tecnologia é utilizada para o acionamento

de turbinas elétricas e gerar energia.

Alguns aspectos positivos para a utilização deste recurso são: não há

necessidade de uma grande área para instalação da usina; pode abastecer

comunidades isoladas. E dentre o aspecto negativo para sua utilização mais

relevante, está na necessidade de altos investimentos estruturais, pois é uma

energia muito cara, pouco rentável e possui baixa eficiência.

IMAGEM 2 - Energia geotérmica

FONTE: Brasil Escola, 2011.

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6.2.3 ENERGIA EÓLICA

Energia obtida através pelo movimento do ar (vento), também é disponível

em todos os lugares. A utilização deste tipo de energia cria bastantes vantagens em

comparação às energias convencionais, e até mesmo com os outros tipos de

energias renováveis, em função de um maior desempenho assim desenvolvido por

ela. Como é uma energia inesgotável, não emite gases poluentes, nem geram

resíduos e é uma das fontes mais baratas de energias, podendo competir em termos

de rentabilidade com as fontes de energia tradicionais.

Ainda não utilizada por muitas indústrias, devido ao impacto sonoro (o som

do vento batendo nas pás produz um ruído constante de aproximadamente 43

dB(A), onde a distancia mínima das habitações mais próximas deve de ser 200m; o

vento muitas vezes não sopra quando a eletricidade é necessária, tornando difícil a

integração da sua produção dentro do programa de exploração; o impacto sobre as

aves, principalmente pelo choque destas nas pás; entre outros fatores. (PORTAL

ENERGIA, 2008)

A indústria de energia eólica é atualmente atravessa um período de rápida

globalização e consolidação, com grande desenvolvimento de parques eólicos que

ocorrem fora dos mercados mais estabelecidos. Várias grandes empresas com

capitalização de mercado maior do que todas as indústrias de energia eólica em si,

como a General Electric e Siemens, estão agora planejando grandes investimentos

em energia eólica. Para atender a uma escassez da oferta global e energia

proveniente de outras fontes, fabricantes de turbinas eólicas estão investindo na

produção de modelos de turbinas eólicas o mais rapidamente possível.

Apesar da grande vantagem que o Brasil possui, por ser um país litorâneo e

com condição favorável de ventos, o país ainda não desenvolveu tecnologia

suficiente para apostar todas as fichas na produção de energia eólica. A associação

Brasileira de Energia Eólica alega que o principal obstáculo é o desenvolvimento

tecnológico com o objetivo de aumentar a competitividade, com redução de custos e

implantação da fabricação dos equipamentos no Brasil. Diversas iniciativas estão

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sendo tomadas no sentido de desenvolver projetos concretos e viáveis para o setor.

(BRANCO, 2010)

IMAGEM 3 - Energia Eólica

FONTE: Google Imagens, 2011

6.3 USO EFICIENTE DA ÁGUA

De todos os recursos citados anteriormente, sem duvida nenhuma a água é

de absoluta importância para a sobrevivência humana. Utilizada em diversas

finalidades no setor industrial e principalmente na produção de energia elétrica.

Entretanto, o descuido na utilização da água tem originado diversos problemas,

colocando em risco o abastecimento de água para as plantas fabris, o tratamento de

água e os esgotos destas zonas.

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As edificações devem ser abastecidas somente por água potável, e existem

vários aspectos que se destacam no abastecimento da água principalmente em uma

melhor capacitação no transporte e distribuição.

O objetivo principal consiste na redução e no controle do consumo de água

fornecido pelas empresas do segmento ou pela exploração juntos as fontes naturais

(poços, poços artesanais, nascente, entre outros.).

Na fase de projeto de uma edificação industrial devem-se levar em conta as

seguintes medidas:

Viabilidade do sistema de armazenamento e a utilização de

águas pluviais.

Gestão de infra-estrutura no abastecimento da água e no

tratamento da água residual.

O uso sustentável da água vai exigir tanto a exploração cuidados de novas

fontes, quanto medidas para estimular o uso mais eficiente da água. A preocupação

com o uso sustentável da água cresce devido à alta demanda e ao mal uso de um

bem finito cuja falta acarreta, diretamente na vida do planeta. Uma alternativa para o

uso racional dos recursos hídricos pode estar na captação da água das chuvas para

fins não potáveis.

O reaproveitamento da água da chuva para abastecer certas áreas da

indústria gera economia e contribui para a preservação do recurso já tão em

escasso em boa parte do mundo. A reutilização da água é uma tendência

internacional irreversível no mercado da construção civil, mas infelizmente no Brasil

o sistema depende de um maior desenvolvimento e um maior comprometimento com

a sociedade, só assim será um método eficiente tanto para a empresa, quanto para

a sociedade em questão.

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Os fatores mais importantes para a instalação de um sistema eficiente de

reaproveitamento de água da chuva, sem duvida são: um levantamento (estudo)

climático da região em que a indústria se instalará, para a identificação do volume

pluviométrico registrado no local, que será fundamental para contribuir o

dimensionamento do sistema; e uma grande atenção com os materiais e a

manutenção da rede hidráulica do sistema, que deverá ter uma comunicação com a

rede de água tratada da concessionário-fornecedora local, para que o abastecimento

da edificação não seja prejudicado, em caso de tempos de seca.

Dentre as vantagens de se utilizar recursos sustentáveis para a

economia/reutilização da água podemos citar que principalmente encoraja a

conservação de água, a auto-suficiência e uma postura ativa perante os problemas

ambientais da cidade e que a instalação do sistema, que é normalmente modular,

pode ser realizada tanto em edificações já existentes quanto naquelas que estão

sendo executadas e planejadas.

A captação da água da chuva nas edificações industriais pode ser aplicada

para o resfriamento de equipamentos e máquinas, reservatórios contra incêndios,

serviços de limpeza, descarga para banheiros, processos produtivos, entre outros.

Nos dias de chuva intensa, a criação de cisternas pode funcionar como áreas de

contenção, diminuindo ou até evitando alagamentos e a sobrecarga da rede pluvial.

6.4 ILUMINAÇÃO

Ao investir em sustentabilidade, os benefícios vêm de todos os lados, mas o

foco mais importante é economizar ao máximo com insumos naturais ou investir no

aumento da produtividade. Pesquisas mostram que 1% de ganho com a

produtividade é mais representativo do que 100% na redução do consumo de

energia, considerando os custos, em geral, de uma indústria.

A adequação da iluminação é capaz de gerar um aumento de 7% na

produtividade, e quando agregado a um controle mais eficiente de temperatura e

ventilação, há uma melhora na qualidade de vida dos ocupantes do edifício, fazendo

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com que os índices de absenteísmo cair em até 15% e traz uma melhor na

produtividade de até 16%. (IBDA, 2011)

O aproveitamento da luz natural revela-se não só mais uma opção

sustentável, mas uma opção bastante rentável, o que significa, apenas, abrir as

janelas e deixar a luz entrar: o máximo de luz natural deve ser aproveitado sem que

isso cause ofuscamento ou eleve a temperatura do ambiente.

Quando a luz natural é utilizada conscientemente, tem consequência direta

na redução do consumo de energia, a racionalização da incidência da luz sobre a

edificação permite um controle sobre os ganhos de calor gerados, tanto pela luz do

sol, quanto pela iluminação artificial, o que resulta na diminuição drástica da

exigência do sistema de ares-condicionados.

O Brasil é um país em que bens naturais são abundantes e com a luz não é

diferente. Aqui os índices de luz natural são duas vezes maiores do que regiões com

clima temperado como Europa e EUA, de onde vêm as principais tendências

arquitetônicas. De encontro com a postura de sustentabilidade, a busca por soluções

de gestão social, ambiental e econômica deve condizer com a comunidade em que

se insere e com o uso racional dos insumos. Cerne da arquitetura sustentável, a

utilização consciente da luz remete tanto a uso racional da energia, quanto a

conforto e qualidade de vida.

6.5 GESTÃO DE RESÍDUOS

Durante muito tempo não existiram informações precisas sobre a perda e os

desperdícios referentes à edificação, e por consequência não se sabia a natureza

das atividades da edificação, assim como os materiais utilizados e da quantidade e

destino dado aos resíduos gerados.

Existem vários benefícios da especificação correta para o sistema

construtivo industrial, com relação aos materiais empregados e a gestão de

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resíduos. Dentre elas está na redução de custos com a geração dos resíduos, que

consiste na redução do desperdício e dos custos decorrente das aquisições de

novos materiais; se especificados materiais de qualidade, há a redução do

retrabalho.

Ainda é muito comum observar que por falta de espaço físico, promove-se o

transporte do entulho acumulado de maneira inadequada, para um aterro, ou até

mesmo para terrenos baldios ou encostas de rios.

Os resíduos são provenientes da execução de obras de edificações,

restaurações de edifícios já existentes e demolições. Com isso representam 40% a

60% da massa de resíduos sólidos urbanos nas grandes cidades. (HABITARE,

2005)

Ao fazer a reutilização de materiais da própria obra, comprar materiais das

redondezas da região ou reciclar os resíduos gerados há a redução da poluição

causada pelo transporte, estímulo a economia local e aumento da vida útil de aterros

sanitários, entre outros.

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7. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS

7.1 VALORIZAÇÕES DO EDIFÍCIO INDUSTRIAL

O reconhecimento e a valorização do legado industrial enquanto edifício

ocorre em ritmos e moldes diferentes nos diversos países industrializados. Não é

possível entender os edifícios da indústria, sem conhecer o programa ao qual se

constituem em termos globais, as suas principais exigências. Em outras palavras, o

edifício industrial, desde o seu inicio está condenado a sua própria transfiguração

evolutiva, no ritmo das diversas transformações técnicas e no processo produtivo

das indústrias que acomodam.

Segundo Cartier (2002), o edifício industrial resulta, essencialmente, de uma

lógica econômica e funcional, tendo em consideração fatores como o acesso aos

recursos energéticos, o abastecimento de matérias-primas e a comercialização dos

produtos finais, bem como, internamente, toda organização do processo produtivo e

respectivo maquinário. “O espaço de trabalho, é antes de tudo o lugar das maquinas

(...)” (cit. In. Cartier, 2002). Neste sentido, a capacidade de uma indústria sobreviver

e evoluir depende da sua capacidade de acompanhar as evoluções tecnológicas dos

processos de produção e seus respectivos equipamentos. O edifício e a sua

localização devem, portanto, permitir o máximo de adaptabilidade e capacidade de

expansão.

Os critérios para a localização das indústrias foram variando ao longo do

tempo. Até cerca de 1700, a fonte de energia e as matérias-primas foram os critérios

mais relevantes. Com a utilização da força da água, através do motor hidráulico, as

primeiras indústrias viram-se forçadas a instalar-se nas proximidades de lagos e rios,

normalmente em paisagens rurais e longe dos perímetros urbanos.

Com a difusão da máquina a vapor, a partir da primeira metade do século

XIX, as indústrias ganharam autonomia de posicionamento, procurando grandes

núcleos urbanos, nos quais era possível completar o ciclo do capital (produção,

distribuição e consumo) tirando partido das proximidades da mão-de-obra e do

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“mercado” onde escoariam os produtos (Rios Diaz, 2007). Simultaneamente, o

acesso às matérias-primas deixa de ser um fator crucial devido ao desenvolvimento

da rede ferroviária que vem revolucionar o transporte de pessoas e mercadorias.

Mais tarde surgem as preocupações com a higiene e, como refere Cartier (2002):

“as atividades poluentes, ruidosas e libertadoras de

odores desagradáveis têm uma localização centrífuga. Elas

são implantadas na periferia das cidades no fim do século

XIX ou início do século XX (...) sendo depois recapturadas

pela urbanização encontrando-se [novamente] englobadas

pela e na cidade.”

A descoberta da eletricidade, depois de ultrapassado o problema das perdas

durante o seu transporte, volta a libertar a localização das indústrias e,

principalmente, quanto ao seu funcionamento e organização interna. Enquanto que

com a utilização do carvão, todo o funcionamento da máquina a vapor constituía em

uma atividade pesada, perigosa, barulhenta e poluente, e a energia elétrica

representava a sua antítese: limpa, mais silenciosa e fácil de transportar.

O então chamado “carvão branco”, nomeado a certa pureza que lhe era

atribuída, permite assim que cada máquina seja equipada com um motor elétrico

deixando de estar dependente da distribuição centralizada de energia, produzida por

uma máquina central (hidráulica ou a vapor). Isto permite a existência de mais

máquinas no mesmo espaço e a sua reorganização mais racional ao longo do

mesmo (Cartier, 2002).

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7.2 EDIFICAÇÕES SUSTENTAVEIS

As edificações sustentáveis têm por definição a preservação e redução dos

resíduos pelo desenvolvimento de tecnologias limpas, a utilização de materiais

recicláveis ou reutilizáveis, a utilização de resíduos como materiais secundários,

entre outros fatores.

Estas propostas devem aprofundar a sustentabilidade, na constante

avaliação comparada das implicações ambientais, nas diferentes resoluções

técnicas, econômicas e sociais aceitas e devem levar em conta, durante a

concepção de produtos e serviços, todas as condicionantes que os determinem por

todo seu ciclo de vida.

Faz-se necessário a compreensão das necessidades de uma gestão

ambiental a partir da consciência da dimensão dos impactos geridos pelo setor da

construção civil causados aos meio ambientes.

As edificações sustentáveis se preocupam com o uso racional dos recursos

naturais, pois o setor da construção civil é uma das atividades humanas que mais

afetam o meio ambiente, sendo responsável pelo consumo de 55% de madeira, 40%

dos recursos naturais e 34% do consumo de água. Existe também uma preocupação

quanto às quantidades de resíduos que são gerados durante a execução da

edificação, que são descartados de maneira incorreta e, muitas vezes em locais

inadequados. O que pesquisas confirmam é que 68% da massa total de resíduos

sólidos são provenientes dos canteiros de obras. (CREDIDIO, 2008)

A sustentabilidade e sua aplicação junto às edificações industriais requerem

uma visão integral, onde os inúmeros aspectos intervenientes sejam considerados,

sistêmicos e interdisciplinar, devida sua complexidade, por envolver múltiplos

olhares que conversam entre si. Para isso, a cada novo projeto, se inicia uma busca

um estudo sobre as implicações e são proposto soluções associadas à gestão

racional de energia, água, de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Procura-se

identificar a trajetória de cada elemento utilizado (da fonte onde é extraído até sua

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destinação final) e principalmente dos impactos que poderão ser causados durante

esta trajetória, e então buscarem opções que os minimizem.

Recentemente, foi criado o Comitê Brasileiro de Construção Sustentável

(CBCS), uma organização sem fins lucrativos, focado no setor da construção civil e

suas inter-relações com indústrias de materiais de construção, o governo, o setor

financeiro e a sociedade civil. Tem como objetivo contribuir para a promoção do

desenvolvimento sustentável por meio da geração e disseminação do conhecimento

da cadeia produtiva da construção civil de seus clientes e consumidores.

O CBCS, a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – ASBEA, o

entre outras instituições, apresentam diversos princípios básicos para as edificações

sustentáveis, dentre os quais estão destacados no quadro 1 a seguir (GUIA DA

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO, 2008)

QUADRO 1 – Princípios Básicos da Edificação Sustentável

PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA UMA EDIFICAÇÃO SUSTENTÁVEL

Aproveitamento de condições naturais locais.

Qualidade ambiental interna e externa.

Redução do consumo energético.

Redução do consumo de água.

Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos.

Gestão sustentável da implantação da obra.

Adaptar-se as necessidades atuais e futuras dos usuários.

Introduzir inovações tecnologias sempre que possível e viável.

Uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo.

Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.

Não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e

concentração de calor, sensação de bem-estar.

Utilizar o mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural.

Implantação e análise do entorno.

FONTE: Guia da Sustentabilidade na Construção, 2008

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O empreendimento sustentável também agrega uma série de benefícios nos

três pilares que compõem a sustentabilidade, mostrados no quadro 2.

QUADRO 2 – Benefícios sobre os três pilares da Sustentabilidade

BENEFÍCIOS SOBRE OS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE

Benefícios

Sociais

A sustentabilidade desenvolve a economia local através da geração de

emprego e renda para os moradores do entorno, além de gerar empregos

diretos e indiretos durante as obras e depois do edifício pronto, gera

benefícios através de impostos pagos e promove a integração de ocupantes

(do edifício) com sua vizinhança e uma adequação arquitetônica com seu

entorno, além de um criterioso planejamento do sistema de transportes, de

comunicação, energia empregada, reutilização de água, políticas públicas

etc.

Benefícios

Ambientais

Observa-se que empreendimentos sustentáveis podem ser concebidos e

planejados para que suprimam menores áreas de vegetação, aperfeiçoem o

uso de materiais, gerem menos emissões de resíduos durante sua fase de

construção; demandem menos energia e água durante sua fase de

operação; sejam duráveis; flexíveis e passiveis de requalificação e possam

ser amplamente reaproveitados e reciclados no fim de seu ciclo de vida.

Muitos dos benefícios ambientais se traduzem em ganhos econômicos, com

a redução de custos de construção, uso e operação e manutenção das

edificações.

Benefícios

Econômicos

Aumento da eficiência no uso de recursos financeiros na construção, a

oferta de um retorno financeiro justo aos empreendedores, acionistas e

clientes finais, a indução de aumento na produtividade de trabalhadores por

estarem em um ambiente saudável e confortável.

FONTE: Guia da Sustentabilidade na Construção, 2008

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As vantagens de existir um empreendimento sustentável são diversas. Os

ocupantes de edifícios verdes certificados têm produtividade adicional de 2% a 16%,

assim divididos: 2% pelo controle da ventilação; 3% devido ao controle individual de

temperatura; 7% devido à iluminação adequada; 1% em razão do controle térmico e,

por fim, 16% a menos de absenteísmo, termo utilizado para indicar as ausências dos

trabalhadores no processo de trabalho, seja por falta ou atraso, devido a algum

motivo interveniente.

Mesmo com a presença de todos os aspectos de sustentabilidade em cada

fase do ciclo de vida do empreendimento, as ações a serem realizadas em cada

uma destas etapas e seu impacto potencial para a sua sustentabilidade variam

significativamente.

As fases de concepção e planejamento possuem os menores custos e as

maiores possibilidades de intervenção, inclusive quando existe um maior foco na

sustentabilidade. E é na fase de construção que tudo o que foi especificado deve ser

rigorosamente atendido. Porém, nota-se que existe um problema cultural por parte

das empresas responsáveis, uma vez que possam buscar a minimização dos custos

somente até a fase de construção, mesmo que isso acarrete em maiores custos

para os usuários. Projetos que incluem a variável sustentabilidade têm o potencial

de venda maior e podem ser mais valorizados pelo mercado, que aponta para uma

valorização de 15% do valor do imóvel decorrente de um investimento de 5 a 10%

(CEOTTO, 2008).

Quando um projeto de uma edificação possui estratégias sustentáveis, de

modo com que todo o ciclo deste projeto tenha sido planejado para evitar o menor

impacto ambiental possível, existe a possibilidade se obter uma certificação, através

de alguns processos, para que este empreendimento seja reconhecido perante seus

profissionais, fornecedores, a sociedade e ao mercado.

Essas certificações são normalmente concedidas por organizações

independentes que garantem que a empresa certificada mantém em funcionamento

ou atingiu os requisitos exigidos pelo processo, de acordo com um sistema de

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garantia de qualidade do edifício.

As certificações green building (edificações verdes), nos países

desenvolvidos, divergem e privilegiam aspectos diversos da construção. O Brasil tem

seguido os passos dos EUA, que valorizam a racionalização de recursos com

economia de energia e água.

Processos de certificação já estão sendo aplicados mundialmente e alguns

em fase de implantação no Brasil. As siglas de cada um, em geral, transmitem os

objetivos buscados por eles. Aliar ferramentas da arquitetura, engenharia e

tecnologia para projetar e construir sem gerar danos para a natureza, aos ocupantes

do edifício e à vizinhança, é uma das metas em comum as certificações. Dentre os

selos, os mais comuns estão descritos no quadro 3.

QUADRO 3 – Certificações green buildings industrials

CERTIFICAÇÕES GREEN BUILDINGS INDUSTRIALS

LEED Leadership in Energy and Environmental Design – Estados

Unidos

AQUA Alta Qualidade Ambiental – Brasil/Franca

PROCEL Indústria Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica –

Indústrias - Brasil

PROCEL Edifica Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica –

Edificações - Brasil

BREEAM Industrial BRE Environmental Assessment Method Industrial – Reino

Unido

GBC Green Star

Industrial Green Building Council – Green Star Industrial - Australia

FONTE: GBC Brasil, 2011.

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7.2.1 LEED

A LEED é um sistema de certificação e orientação ambiental de edificações

aplicado pelo USGBC. É o selo de maior reconhecimento internacional e o mais

utilizado em todo mundo inclusive no Brasil. Os aspectos avaliados pelo LEED

referem-se ao impacto gerado ao meio ambiente em consequência dos processos

relacionados ao edifício (projeto, construção e operação); contemplando aspectos

relativos ao local do empreendimento, o consumo de água e de energia, o

aproveitamento de materiais locais, a gestão de resíduos e o conforto e qualidade do

ambiente interno da edificação. (Revista Techne, 2008).

No Brasil esta certificação ainda é utilizada nos padrões americanos, por

isso o documento passa pela fase de tradução e adaptação para as situações da

realidade brasileira, pelo GBC Brasil (Green Building Council Brasil), representante

da USGBC no Brasil.

Atualmente existem 36 edifícios certificados e 313 em processo de

certificação, colocando o Brasil em sexto lugar, atrás apenas dos Estados Unidos,

Emirados Árabes e China. (GBC, 2011).

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FIGURA 1 – USGBC LEED – Categorias

FONTE: USGBC LEED, 2011.

Os aspectos avaliados pelo LEED são referentes ao impacto gerado ao meio

ambiente em consequência dos processos relacionados ao edifício (projeto,

execução e operação). Além dos aspectos avaliados, ainda existem alguns critérios

de avaliação, de acordo com a figura 1, entre eles a Inovação de Projeto, que pontua

alguma inovação que tenha sido realizada no projeto, ou por ter tido um rendimento

exemplar em algum outro critério de avaliação, detalhado no quadro 4 a seguir.

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QUADRO 4 – Critérios de Avaliação LEED

Espaço Sustentável

(Sustainable Sites – SS)

Refere-se ao tamanho, localização geográfica e

outros efeitos do edifício sobre seu entorno.

Uso Racional da Água

(Water Efficiency – WE)

Premia o uso inteligente da água em interiores e

exteriores.

Energia e Atmosfera

(Energy and Atmosphere – EA)

Seção que cobre a instalação, controle, e

monitoramento dos sistemas de calefação e

refrigeração, iluminação e outros equipamentos

além do uso de energia renovável.

Materiais e Recursos

(Materials and Resources –

MR)

Reforça as estratégias ambientais para uso de

materiais regionais, renováveis, e recicláveis,

reduzindo o consumo e incentivando o

reaproveitamento

Qualidade Ambiental Interna

(Indoor Environmental Quality

– EQ)

Baseia-se na redução de gases e compostos

orgânicos voláteis (chamados de COV’s) em

interiores, que podem ser perigosos, além da

incorporação de luz solar e ar fresco.

Inovação em Projeto

(Innovation and Design

Process – DI)

Pontos extras que podem ser ganhos por

rendimento exemplar em alguma das categorias

acima ou alguma técnica inovadora eficaz.

FONTE: GBC, 2011.

Para a obtenção da certificação LEED mínima, é exigido que a pontuação

dentre os critérios citados acima, sejam entre 40 – 49 pontos. Caso este valor seja

acima desta pontuação, a certificação terá outros níveis, tais como:

Silver – pontuação entre 50 – 59 pontos

Gold – pontuação entre 60 – 79 pontos

Platinum – pontuação entre 80 -110 pontos

Ou seja, quanto mais pontos a edificação possuir, maior é o grau de

sustentabilidade do edifício a ser certificado.

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7.2.2 AQUA

O processo de certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental), foi

desenvolvido e adaptado a realidade brasileira em abril de 2008 e teve como sua

base a metodologia no HQE (Haute Qualité Environnementable) Francês.

Dentre as principais adaptações as maiores, foram com relação aos

materiais de construção, o nível de consumo de água, de energia e a questão do

conforto térmico, pois o clima do Brasil é muito diferente em relação ao clima dos

outros países.

A certificação ocorre em três etapas, baseado em 14 critérios de

sustentabilidade divididos em quatro fases: eco-construção, eco-gestão, conforto e

saúde (Processo AQUA, 2011). A primeira etapa da construção é realizada durante o

planejamento do empreendimento, o que vai ser constituído e sua funcionalidade.

Após a conclusão dos projetos que permitem avaliar o desempenho dos 14

critérios de avaliação, é feita uma nova avaliação, sendo esta na fase de concepção.

Feita a conclusão desta fase, é realizada uma ultima avaliação e certificação, que é

na fase de realização, onde e verificado de fato se a edificação atingiu os critérios de

desempenho (COSTA, 2009).

7.2.3 PROCEL

O programa nacional de conservação de energia elétrica – PROCEL foi

criado em 1985 pelos ministérios de minas e energia, e da indústria e comércio, e

gerido por uma secretária executiva subordinada a Eletrobrás. Em 1991, o PROCEL

foi transformado em um programa do governo brasileiro, tendo abrangência e

responsabilidades ampliadas.

A missão do PROCEL é “promover a eficiência energética contribuindo para

a melhoria da qualidade de vida da população e eficiência dos bens e serviços,

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reduzindo os impactos ambientais”.

O PROCEL em diversas linhas de atuação, que abrangem diferentes

segmentos de consumo de energia. Sua atuação é concretizada por meio de

subprogramas específicos, como:

Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética – PROCEL

INFO

Eficiência Energética em Edificações – PROCEL Edifica

Eficiência Energética em Equipamentos – PROCEL Selo

Eficiência Energética Indústria – PROCEL Indústria

Eficiência Energética no Saneamento Ambiental – PROCEL Sanear

Eficiência Energética nos Prédios Públicos – PROCEL EPP

Gestão Energética Municipal – PROCEL GEM

Informação e Cidadania – PROCEL Educação

Dentre estes subprogramas, os mais voltados para as edificações industriais

sustentáveis são:

Eficiência Energética Indústria – PROCEL Indústria

Eficiência Energética em Edificações – PROCEL Edifica

7.2.3.1 PROCEL Indústria

Sabe-se que o setor industrial brasileiro é responsável por cerca de 47% do

consumo da energia elétrica do país e que o consumo de energia nos sistemas

motrizes corresponde a 62% do total da energia elétrica consumida na indústria, o

que corresponde a 28,5% do consumo total deste insumo no país. (PROCEL

Indústria, 2011).

A origem do projeto deu-se na época da crise do abastecimento de energia

elétrica em meados de 2001, quando o Governo Federal instituiu a Câmara de

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Gestão da Crise de Energia Elétrica – GCE, com a finalidade de elaborar um Plano

Estratégico Emergencial de Energia Elétrica, para aumentar a oferta desta energia,

garantir o pleno atendimento da demanda e reduzir os riscos de ocorrerem novos

racionamentos de energia.

O PROCEL Indústria busca a aproximação com os segmentos alvos,

atuando em parceria com as diversas associações da classe, com o objetivo de

ampliar as ações de eficiência energética para reduzir o consumo de energia elétrica

utilizada por estes setores, e postergar os investimentos necessários a expansão do

sistema elétrico brasileiro. (PROCEL Indústria, 2011).

7.2.3.2 PROCEL Edifica

Devido ao significativo consumo de energia elétrica no Brasil nas edificações

residenciais, comerciais e industriais, e pela tendência deste crescimento ser cada

vez maior devido à estabilidade econômica, aliada a melhor distribuição de renda,

permite que a população tenha acesso aos confortos proporcionados pelas novas

tecnologias criadas. E graças à elevada taxa de urbanização, e a expansão do setor

de serviços calcula-se, que 50% da energia elétrica produzida no país, seja

consumida não só por operações e manutenção das edificações, como também nos

sistemas artificiais, que proporcionam conforto ambiental para seus usuários, como

iluminação, climatização e aquecimento de água.

É expressivo o potencial de conservação de energia deste setor. A economia

pode chegar a 30% para edificações já existentes, se estas já passarem por algum

tipo de intervenção (reforma). Nas novas edificações, ao se utilizar tecnologias

energeticamente mais eficientes desde a concepção inicial do projeto, a economia

pode ultrapassar 50% do consumo, comparada com uma edificação concebida sem

o uso dessas tecnologias (PROCEL Edifica, 2011).

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7.2.4 BREEAM Industrial

O BREEAM é o primeiro método de avaliação e desempenho ambiental de

edifícios, desenvolvido pelo Building Research Establishment (BRE), no Reino

Unido, já no inicio de 1990, contendo eminentemente exigências de caráter

prescritivo. Estas tais exigências enfocavam o interior da edificação, o seu entorno

próximo e o meio ambiente. Neste momento de enfoque, já existia claro o conceito

de se buscar boas condições de conforto e salubridade para o ser humano com o

menor impacto ambiental tanto no consumo de recursos como de emissões.

O BREEAM para edifícios industriais é um método de avaliação e

certificação utilizada na concepção de novos edifícios, na fase de projeto, fases de

pós-construção e na remodelação de edifícios já existentes. Desenvolvida para

atender a duas situações:

Speculative – para o desenvolvimento de empreendimentos com

ocupações indefinidas.

Fitted Out – para o desenvolvimento de empreendimentos com

ocupações definidas.

A seguir a figura 2, ilustra as principais práticas a serem avaliadas, com a

finalidade de se obter a certificação.

Management - Gerenciamento

Energy - Energia

Transport - Transporte

Health & Wellbeing - Bem estar da saúde

Land Use & Ecology – Uso da Terra e Ecologia

Materials - Materiais

Polluition - Poluição

Water – Água

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FIGURA 2 – BREEAM Industrial

FONTE: BREEAM, 2011.

7.2.5 GBC Green Star Industrial

O Green Building Council da Austrália criou uma certificação denominada

Green Star que abrange edificações industriais a fim de estabelecer um padrão de

medida para edifícios sustentáveis; promover a integração, design de todo o edifício;

identificar a construção do ciclo de vida e seus impactos e aumentar a

conscientização sobre os benefícios das construções sustentáveis.

O Green Star traz uma série de categorias que avaliam o impacto ambiental,

fase de seleção, concepção, construção e manutenção.

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Dentre as categorias estão:

Energy – Energia

Land Use & Ecology – Uso da terra e Ecologia

Management – Gerenciamento

Transport – Transporte

Emissions – Emissões

Water – Água

Materials – Materiais

Indoor Environmental Quality – Qualidade Ambiental Interna

Estas categorias são divididas em créditos ou pesos, conforme a figura 3,

onde cada uma aborda uma iniciativa que melhora ou tem potencial em melhorar o

desempenho da função. O Green Star avalia os atributos ambientais dos novos e

remodelados edifícios industriais ao longo da Austrália.

FIGURA 3 – GBC-Au Green Star Industrial – Peso das Categorias

FONTE: GBC-Au, 2011.

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8. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS SUSTENTAVEIS – FÁBRICAS TOYOTA

O presente capítulo tem por objetivo aplicar alguns dos conceitos descritos

nos capítulos anteriores, através da apresentação de um exemplo prático e real. O

tema a seguir trata das edificações das principais plantas fabris da empresa

japonesa Toyota, em diversas regiões ao longo do mundo. As plantas têm grande

parte da sua eficiência, voltada para a sustentabilidade.

Esse estudo descreve os principais métodos sustentáveis desenvolvidos

pela matriz japonesa, seguindo os critérios de eficiência ambiental estabelecidos

pelo conceito Ecofactory: normas rígidas para a redução das emissões poluentes na

atmosfera; reutilização da água pluvial; iluminação; estação de tratamento de

efluentes industriais; subestação de energia diminuição na geração e destinação de

resíduos; além da implantação de um processo de logística eficiente e com menor

impacto ao meio ambiente.

8.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA

A Toyota é líder mundial em produção de automóveis e também na

preservação do Meio Ambiente, sendo um de seus preceitos fundamentais a

melhoria contínua da sustentabilidade, onde esta é modelo de boas praticas e

excelentes resultados.

Recentemente, com as operações de negócios se tornando cada vez mais

globais, as expectativas das sociedades sobre a contribuição da empresa para o

desenvolvimento sustentável têm aumentado, e as possibilidades de tal expectativa

tem se expandido ao longo do mundo.

A Toyota há muito tempo tem se envolvido em negócios com a idéia de

responsabilidade social corporativa, e tem utilizado grupos de trabalho internos e

outros órgãos para investigar em profundidade os meios de responder às demandas

da sociedade. A empresa acredita firmemente que, pondo em prática o espírito dos

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princípios orientadores da Toyota, a empresa estará cumprindo a expectativa da

sociedade da Toyota.

Para garantir que seus produtos sejam aceitos e bem recebidos em todo o

mundo, a Toyota tem posicionado o meio ambiente como uma questão de gestão de

prioridade e pretende se tornar uma empresa líder, que contribui para o

desenvolvimento da reciclagem feita através de tecnologias ambientais inovadoras.

Para alcançar isso, a Toyota criou sistemas de gestão ambiental em todas as regiões

ao redor do mundo e em todas as áreas, e está continuamente na implantação

destas medidas com o objetivo definidos no mais alto nível em cada país e região.

8.2 TOYOTA MUNDIAL

8.2.1 TOYOTA TORRANCE - CALIFÓRNIA – ESTADA UNIDOS

A Toyota está trabalhando para atender às crescentes necessidades da

sociedade em termos de transporte, de forma que não irá prejudicar a Terra. A

empresa aplicou essa filosofia na sede de Torrance - Califórnia, que foi desenvolvido

para consolidar várias divisões empregadas em uma área, reduzir as despesas de

ocupação, e fornecer flexibilidade futura.

Os 624 mil metros quadrados de terreno, com um edifício de 162 mil metros

quadrados também servem como um exemplo concreto do compromisso ambiental

da Toyota e demonstra o valor do edifício verde para os acionistas.

Para aplicar a certificação LEED neste edifício, o projeto teve de demonstrar

pelo menos um retorno de 10% sobre o investimento total da construção. Com foco

no longo prazo da economia operacional, o edifício é superior a essa exigência.

Dentre as aplicações sustentáveis, estão: a utilização de painéis solares,

como alternativa na economia de energia elétrica; a reutilização da água; e a

redução de mais de 95% dos resíduos de construção que são classificados,

reciclados ou destinados a um aterro apropriado, sendo que 20% deste material são

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reciclados.

Num estudo feito pelo USGBC à produtividade neste edifício teve um

aumento de 16%, isso sem contar que o número de absenteísmo reduziu em 14%.

Essas melhorias trouxeram uma redução nos custos totais do empreendimento, em

sua funcionalidade.

Estes não são os únicos responsáveis por estes benefícios, e sim a

combinação de medidas visando um maior resultado. Por exemplo, a forma estreita

e retangular dos edifícios e os planos de dar espaço de 90% aos ocupantes do

edifício com vistas de luz natural. Esses funcionários têm relatado uma sensação de

abertura e de conexão com o exterior.

Outros fatores que contribuíram para essa melhoria foram: a redução nas

emissões de fontes de materiais de construção menos tóxicos, como tintas e

selantes; qualidade de filtragem do ar de alta eficiência; melhoria no controle dos

níveis de iluminação; o uso extensivo de iluminação natural; monitoramento e

controle nas emissões de CO2 para aperfeiçoar as taxas de ventilação na

construção.

Todos esses fatores contribuíram para que a planta de Torrance

conquistasse a certificação LEED - Gold.

8.2.2 TOYOTA CAETANO – PORTUGAL

A planta fabril de Portugal tem a implantação do projeto “zero” resíduos nas

suas atividades industriais, esse projeto é espelhado no modelo de gestão da

qualidade total (TQM – Total Quality Management).

A prevenção/redução de resíduos e emissões de gases com o objetivo “zero”

é na verdade a solução em longo prazo para a sustentabilidade nesta planta. Apesar

da 2ª Lei da Termodinâmica não permitir que o objetivo “zero” absoluto seja atingível,

o conceito “zero” de resíduos significa na realidade a menor quantidade de

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resíduos/emissões geradas pelas praticas e tecnologias mais avançadas que reduz

ao mínimo seus custos de gestão e impactos ambientais.

A Fábrica de Caetano está localizada na freguesia de Arada, implantada em

um terreno de 310.618 metros quadrados de área total. Esta divisão fabril está

dividida em duas unidades – fábrica 1 e fábrica 2 – com áreas de 23.191 metros

quadrados e de 7.800 metros quadrados, respectivamente. Como atividades

auxiliares, a Toyota Caetano possui uma estação de tratamento de águas residuais,

dois eco centros e diversos parques ecológicos ao seu redor, para melhor apoio

logístico.

IMAGEM 4 – Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR)

FONTE: Toyota Portugal, 2010.

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IMAGEM 5 – Eco centro 1

FONTE: Toyota Portugal, 2010.

A aplicação de tecnologias de produção mais limpas para o uso sustentável

dos recursos naturais, o aumento da eficácia energética e a prevenção na produção

de resíduos na origem são políticas do sistema de gestão ambiental integrado no

desenvolvimento sustentável da empresa.

Dentre as medidas de edificações industriais sustentáveis, a planta de

Portugal possui uma estação de tratamento de água, que tem como objetivo tratar a

água proveniente das nove captações subterrâneas, existentes na planta fabril.

Esta estação teve como objetivo o aproveitamento em ate 30% das águas

residuais tratadas, que são introduzidas no tanque de armazenamento de água

industrial para serem utilizadas no processo produtivo.

Este processo permitiu a empresa poupar o meio freático, que durante anos

serviu de fonte as suas necessidades produtivas. O projeto precisou de um

redimensionamento hidráulico e passou por uma reestruturação das antigas

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tubulações e tanques, envolvendo também a instalação de um novo filtro de areia

com tecnologias mais atuais.

IMAGEM 6 – Tanque de tratamento de superfície

FONTE: Toyota Portugal, 2010.

Outra medida bastante eficiente nesta planta é a iluminação, que representa

uma parte significativa no consumo de energia. Em 2002, foi estimado que o

consumo de energia para iluminação fosse algo em torno de 13% do consumo total

de eletricidade da fábrica 1 e fábrica 2. No ano seguinte foram estudadas varias

alternativas para a racionalização do consumo de energia elétrica.

Dentre as alternativas estavam à adaptação ou adequação aos níveis de

iluminação necessários para cada ambiente, como o intuito de reduzir pontos de

iluminação desnecessários; substituir equipamentos por outros mais modernos e

eficientemente energéticos.

O edifício onde fica fábrica 1 passou por uma reestruturação no seu sistema

de iluminação, 82 lâmpadas foram substituídas por luminárias/lâmpadas de iodetos

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metálicos. Estas lâmpadas emitem luz na cor branca e possuem boas características

na restituição da cor, e são normalmente utilizadas onde seja requerido alta eficácia

e bons resultados das propriedades da cor. Essa substituição foi feita principalmente

nos setores da Pintura e Montagem Final, onde se exigia maior luminosidade.

Também foi implantado nesta planta o sistema de tubos solares, que permite

uma melhor gestão dos recursos naturais, pois rentabiliza a iluminação solar

possibilitando a não utilização de energia elétrica.

IMAGEM 7 - Tubos solares instalados.

FONTE: Toyota Portugal, 2010.

A edificação recentemente foi submetida à integração de novas fontes de

energia renováveis, como os painéis fotovoltaicos ou solares, para o aquecimento da

água em alguns processos produtivos e principalmente para atender a cantina e

banheiros. E também conta com aero-geradores (energia eólica), para reduzir os

consumos de energia elétrica nas edificações.

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IMAGEM 8 – Painéis fotovoltaicos ou solares

FONTE: Toyota Portugal, 2010.

IMAGEM 9 – Fábrica Sustentável: “Zero” Resíduos

FONTE: Toyota Portugal, 2010

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8.2.3 TOYOTA REINO UNIDO

A Toyota Motor Manufacturing United Kingdom (TMUK) é a primeira fábrica

de automóveis no Reino Unido a instalar numa grande área painéis solares, com o

apoio e aprovação das autoridades locais. O processo iniciou-se com a localização

dos painéis ao nível do solo, nas instalações da Toyota em Derbyshire.

A instalação solar cobre uma área industrial de 90.000 metros quadrados no

interior da fábrica, composta por cerca de 17.000 painéis fotovoltaicos - o suficiente

para cobrir quase quatro campos e meio de futebol – todos fabricados no Reino

Unido. Produzindo eletricidade para uso no local, o projeto vai ajudar a reduzir a

emissão de carbono.

Esta instalação vai poupar até 2.000 toneladas de emissões de CO2 por ano,

o que corresponde a uma poupança de energia equivalente a 4.600.000 kWh.

Quando estiver em plena operacionalidade, será capaz de fornecer energia

suficiente para fabricar cerca de 7.000 carros por ano. (TOYOTA MUNDIAL, 2011)

O desenvolvimento é um elemento chave para a visão “Produção

Sustentável" da Toyota, na qual as instalações fabris são projetadas para trabalhar

em harmonia com a comunidade local e com o ambiente.

TMUK e Toyota Motor Manufacturing France são duas das cinco unidades

Toyota em todo o mundo a serem designadas como a referência máxima em

“Unidade de Produção Sustentável”, cumprindo as exigentes credenciais ambientais

preconizadas pela marca.

Além dessa alternativa de energia renovável, a planta do Reino Unido conta

com um centro de reciclagem; maior eficiência energética em iluminação e a

reutilização da água. Características do projeto Ecofactory ao longo do mundo nas

plantas fabris da Toyota.

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8.2.4 TOYOTA SOROCABA – BRASIL

A mais nova edificação industrial sustentável encontra-se na Rodovia

Castello Branco – km 92 – sentido interior-capital, em Sorocaba (SP) - Brasil, e o

parque industrial serão compostos por uma estrutura (fábrica) e ao seu redor 12

fornecedores. Totalizando 3,7 milhões de metros quadrados de área total.

IMAGEM 10 – Foto aérea do terreno do complexo Toyota Sorocaba

FONTE: Toyota Brasil, 2011.

A nova planta está sendo projetada sob o conceito Ecofactory, que

estabelece critérios de alto padrão de eficiência ambiental. A unidade será a

primeira fábrica da America Latina a utilizar o sistema desenvolvido pela matriz,

localizada no Japão.

A planta seguirá rígidas metas de redução dos indicies de emissões de

dióxido de carbono e de COV’s (Compostos Orgânicos Voláteis) e exigentes padrões

de reutilização da água pluvial. Também possui metas rigorosas quanto à diminuição

na geração e destinação de resíduos, além da implantação de um processo de

logística eficiente e com menor impacto ao meio ambiente.

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Foram tomados os devidos cuidados no conceito Ecofactory, para que o

mesmo se estenda a comunidade em torno da fábrica. Todo o projeto está sendo

estruturado conforme a legislação local, sem impactar a qualidade de vida dos

habitantes do município e cidades vizinhas ou gerar qualquer risco de caráter

ambiental.

O empreendimento já se encontra na fase de construção, desde o dia 08 de

setembro de 2010, com os seguintes serviços já concluídos ou em andamento:

terraplanagem e fundação; reservatório de água; escritório provisório para a equipe

apoio de execução da edificação; drenagem e bacias de amortecimentos;

superestrutura (levantamento de vigas e pilares); piso no interior da planta;

fundações de equipamentos da subestação de energia; edifício da pintura; rede

elétrica; e pavimentação das vias de acesso às rodovias em torno do complexo.

IMAGEM 11 – Complexo Toyota do Brasil – Fase Atual

FONTE: Toyota Brasil, 2011.

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A nova fábrica além dos itens básicos como ventilação, iluminação,

racionalização, re-utilização, também contará com um RTO - Regenerative Thermal

Oxidizers (incinerador de gases) na saída da estufa de pintura, lavador de gases no

sistema de exaustão das cabines de pintura e utilização de solventes a base de

água no sistema de pintura.

Com a criação dos edifícios dos fornecedores ao redor da planta fabril, a

intenção da empresa é diminuir as emissões de dióxido de carbono com o transporte

de peças, assim diminuindo os riscos de acidentes e os custos da produção.

Com a chegada da fábrica a cidade de Sorocaba irá receber um grande

aporte na área de reflorestamento. A empresa vai construir um Parque Natural

Corredores da Biodiversidade, além de desenvolver um cinturão verde no entorno da

fábrica e na extensão onde estão localizados os fornecedores. As ações

apresentadas se referem ao cumprimento de metas sustentáveis, baseadas no

modelo global da empresa.

Considerando as necessidades de recursos hídricos e energéticos, a

demanda prevista para a operação e decorrentes emissões/resíduos em capacidade

total na fase final será de acordo com o quadro 5 abaixo.

QUADRO 5 – Demanda prevista de recursos hídricos e energéticos

Eletricidade 80 MW

Água – Uso Industrial 6.800 m³/dia

Água – Potável 700 m³/dia

Geração de Efluentes Líquidos 5.440 m³/dia

Linhas de Telefone 240 linhas

Gás Natural 13.000 Nm³/h

Resíduos Sólidos Comuns 1.549 t/ano

Resíduos Sólidos para Tratamento 2.896 t/ano

FONTE: Toyota do Brasil, 2008

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A Toyota se preocupa com a disposição ambientalmente correta dos

resíduos e programa as melhores tecnologias disponíveis. A nova planta terá o

mesmo desempenho na reciclagem e tratamento dos resíduos gerados.

Ainda quanto às tecnologias de minimização e controle de risco ambiental, a

empresa adota padrão de engenharia que contempla para maior segurança quanto a

produtos químicos: sistema de contenção com capacidade superior à do tanque,

com impermeabilização das canaletas/bacias de contenção, tanques com paredes

duplas e sensores de vazamento entre paredes e calhas impermeabilizadas para

tubulações de produtos químicos.

Estas são medidas que visam à prevenção de qualquer tipo de

contaminação do solo e águas subterrâneo-superficiais.

Segundo um relatório ambiental da própria empresa, a eficiência na

utilização dos recursos naturais e energéticos tem aumentado ao longo dos anos,

assim como a redução dos indicies de emissões decorrentes das operações também

diminuiu.

8.2.4.1 ÁGUA

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) foi responsável pela

instalação de um anel adutor, que será responsável pelo abastecimento de água do

Parque Tecnológico, além de interligar as redes de água e esgoto ao sistema da

cidade. O sistema de abastecimento possui 9 km de tubulações e um reservatório

com capacidade para 5 milhões de litros de água.

A nova planta fabril da Toyota também conta com sistema de drenagem e

bacias de amortecimento das cheias (reservatório que armazena o excesso de

vazão pluvial, a fim de evitar e/ou atenuar inundações, quando da decorrência de

eventos climáticos extremos). A fábrica dispõe de dois tanques com capacidade total

de três mil litros.

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IMAGEM 12 - Estação de Tratamento da Água – Reutilização

FONTE: Toyota Brasil, 2010.

IMAGEM 13 - Construção do sistema de drenagem

FONTE: Toyota Brasil, 2010.

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IMAGEM 14 - Sistema de drenagem e bacias de amortecimentos

FONTE: Toyota Brasil, 2010.

8.2.4.2 QUALIDADE DO AR

O objetivo da Toyota desde 2001 é reduzir gradualmente suas emissões de

compostos orgânicos voláteis (COV’s), por meio de kaizens (melhorias) aplicados

em suas unidades industriais.

Os compostos voláteis são substancias químicas associadas ao óxido de

nitrogênio (NOx) expelido em processos que empregam gás natural, que resultam na

formação de ozônio (O3), gás prejudicial às vias respiratórias humanas.

(RELATORIO DE SUSTENTABILIDADE TOYOTA, 2010)

Na produção de veículos, os COV’s são emitidos durante a pintura, por

conta do uso de solventes e tintas. O edifício que abriga o setor de pintura, já está

equipado com o sistema RTO, que permite o tratamento do ar de exaustão. Esse

sistema utiliza um material cerâmico para absorver o calor dos gases de escape e

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use o calor capturado para pré-aquecer a corrente de gás de entrada do processo.

O RTO é utilizado para processos produtivos que necessitem de ventilação,

no caso do edifício da pintura, na nova fábrica da Toyota.

8.2.4.3 ESTRUTURA DO COMPLEXO

Após a conclusão da fundação, iniciaram as obras da superestrutura,

composta pelo levantamento dos pilares e vigas de concreto, para que em seguida

iniciar-se a etapa das obras da cobertura do edifício, a fim de facilitar e não

comprometer o cronograma de obras, devido aos eventos climáticos.

A Toyota se preocupou em oferecer a melhor aplicação sustentável nesta

cobertura metálica, utilizando a cor branca para favorecer a climatização do

ambiente, interferindo diretamente no uso do ar-condicionado.

IMAGEM 15 - Superestrutura – vigas e pilares de concreto.

FONTE: Toyota Brasil, 2011.

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IMAGEM 16 - Pavimentação interna

FONTE: Toyota Brasil, 2011.

8.2.4.4 GESTÃO DE RESÍDUOS

Para cumprir melhor e estabelecer ações mais efetivas para a redução de

resíduos, a Toyota estabelece metas de redução em duas áreas: produção (resíduos

no processo produtivo) e logística (embalagens).

O tratamento de efluentes, realizados na área produtiva, tem como objetivo,

devolver ao esgoto ou aos rios a água tratada, livre de substancias prejudicial ao

meio ambiente ou a saúde. Entretanto a Toyota dispõe de um co-processo, que

aproveita estas substâncias como combustível em fornos de alta temperatura de

outras empresas.

A empresa também promove um esforço para aumentar os indicies de

reciclagem de todos os resíduos gerados nas unidades fabris. Atualmente 95% dos

resíduos têm esse destino na Toyota.

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8.2.4.5 LOGÍSTICA

Com a criação de unidades de fornecimento próximas a planta fabril foi feita

melhoria na área de logística, como nas rotas milkrun e no descarte de embalagens.

Esta proposta tem como objetivo diminuir as emissões de CO2, provocadas pelo

transporte de peças em até 5%, ou seja, os caminhões usados na logística serão

equipados com um pacote aerodinâmico, que tem por objetivo melhorar a relação

peso e potência dos veículos e assim obter consumo e emissões menores para o

mesmo trajeto.

Serão também melhoradas as rotas dos caminhões que fazem a coleta das

peças nos fornecedores, o carregamento dos caminhões que transportam peças e

veículos e serão desenvolvidas embalagens com melhor capacidade de

armazenamento.

IMAGEM 17 - Vias de acesso – Fábrica – Fornecedores.

FONTE: Toyota Brasil, 2011.

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8.2.4.6 CINTURÃO VERDE

Dentro deste conceito Ecofactory, a Toyota estará investindo no Projeto

Morizukuri1, onde formará um cinturão verde ao redor da nova fábrica, composto por

árvores nativas, simulando a floresta original da região. Este projeto já foi implantado

nas unidades fabris do Japão, Índia e Tailândia, sempre se utilizando da metodologia

Miyawaki2.

A primeira etapa da implantação do cinturão já aconteceu, e foram plantadas

45 mil mudas de espécies nativas da região. O plantio aconteceu em forma de

mutirão, formado pelos colaboradores da Toyota, seus familiares e amigos, além de

fornecedores e concessionárias da montadora.

A metodologia Miyawaki exige, por outro lado, um cuidadoso preparo do

solo. Toda a área de plantio precisou ser escavada em um metro de profundidade,

para que a terra compactada pela terraplanagem desse lugar ao solo original,

conhecido como top soil, que havia sido guardado desde o início das obras de

construção da nova fábrica. Após o preenchimento desse espaço de um metro de

profundidade com o top soil, foram criados pequenos montes, no qual as mudas de

árvores serão plantadas amanhã.

Atualmente, leguminosas, como feijão e girassol, já vinham sendo cultivadas

nos montes, pois o crescimento dessas plantas ajuda a acumular nitrogênio na terra,

além de evitar a erosão do terreno. Neste último período, porém, as leguminosas

passaram a ser removidas para serem incorporadas ao solo superficial, o qual

ajudará a enriquecer de nutrientes. A iniciativa de se criar o cinturão verde, é

promover o equilíbrio ecológico.

1 Projeto Morizukuri, com objetivo de recriar uma floresta nativa, com todas as suas funções ecológicas,

beleza e diversidade em um curto espaço de tempo. (Instituto Brasileiro de Florestas, 2011)

2 Metodologia Miyawaki visa realizar o processo de crescimento e formação de florestas. A técnica consiste

em acelerar o processo de crescimento da floresta entre 10 e 20 anos.

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IMAGEM 18 - Mutirão – Projeto Morizukuri

FONTE: Jornal Cruzeiro do Sul, 2011.

8.2.4.7 PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

Os processos industriais da empresa estão em constante evolução, com

foco na maximização da sua eficácia e minimização dos impactos sociais e

ambientais. Anualmente a empresa atualiza seus objetivos e metas, buscando a

redução no consumo de energia, emissões atmosféricas e gerações de resíduos,

todo este planejamento estipulado em médio prazo.

Um dos objetivos ambientais é reduzir ao mínimo os impactos

ambientais causados pela geração de resíduos ao longo dos processos. E para que

isso ocorra à empresa procura reduzir a geração destes resíduos utilizando e

reutilizando ao máximo o que seria descartado, e para o que foi gerado sem

possibilidade de reutilização ou reciclagem, encaminhando-o para o co-

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processamento ou incineração.

As prensas utilizadas no processo produtivo emitem um ruído de 100 dB, o

que representa um martelo pneumático (britadeira). No novo edifício industrial as

prensas terão uns ruídos correspondentes a de um pequeno caminhão, equivalente

a 85 dB, o que também é um ganho sustentável.

8.2.5 TOYOTA TSUTSUMI – JAPÃO

Pioneira no projeto Ecofactory, a planta do Japão possui as mesmas

características que as da planta do Reino Unido e Portugal, seus edifícios

sustentáveis contam com inovações relacionadas ao consumo de energia elétrica,

reciclagem e a gestão de resíduos.

A fábrica Tsutsumi atende a metade de suas necessidades de eletricidade

produtivas com o auxilio de uma série de painéis solares, enquanto o resto é suprido

por um eficiente sistema de gás de co-geração.

Para garantir a eficiência destes recursos energéticos, foram criados times

para realizar uma espécie de patrulha, a fim de garantir a total economia destes

recursos. Além disso, o edifício ainda ajuda a limpar o meio ambiente local, 22.000

metros da linha de montagem são cobertos com uma pintura fotovoltaica que reage

a luz solar e ajuda a eliminar substâncias nocivas, tais como óxidos de nitrogênio.

A planta não envia resíduos para aterros e reduziu a quantidade incinerada

em 82%, da produção total de resíduos.

O quadro 6 a seguir apresenta um resumo de todas as plantas da Toyota ao

longo do mundo e suas principais aplicações sustentáveis.

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QUADRO 6 – Plantas Fabris - TOYOTA

FONTE: A autora, 2011.

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9. PADRONIZAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS SUSTENTÁVEIS

ATRAVÉS DA CERTIFICAÇÃO LEED – EXEMPLO TOYOTA

A maior parte das edificações industriais ao redor do mundo é convencional.

A figura 4 ilustra as fases do ciclo de vida de um edifício convencional: o projeto, a

execução, a utilização e a desativação; essas são as grandes responsáveis sobre o

impacto ambiental e a escassez dos recursos naturais.

FIGURA 4 – Ciclo de Vida de Uma Edificação

FONTE: Ambiente e Construção Sustentável, pág. 74.

Na fase que corresponde ao projeto da edificação convencional, não há

planejamento prévio sobre as soluções construtivas que ofereçam resoluções de

racionalização e economia dos materiais, energia, água e qualidade de vida aos

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usuários.

Na fase de construção, que corresponde à execução do projeto, na sua

forma mais tradicional existe um excessivo gasto no consumo de recursos; o

terreno/localização sofre fortes impactos ambientais, tais como: excessiva produção

de resíduos, e contaminação do solo e dos recursos hídricos; ruídos excessivos;

formação de poeira provocada pela execução das tarefas; entre outros fatores que

alteram o ecossistema como um todo.

Durante a utilização ou ocupação do edifício, construído de forma

convencional, o mesmo irá apresentar grandes consumos no que diz respeito à

energia e emissões atmosféricas, no consumo de água e produção de efluentes, na

produção de resíduos e também pelos impactos associados à mobilidade (transporte

de resíduos para aterros de destinação final).

No que diz respeito à demolição ou desapropriação do edifício, esta fase

resulta em uma imensa produção de resíduos, alguns materiais provenientes da

demolição podem provocar contaminação e exposição do solo a erosão, as poeiras

resultantes desta tarefa podem provocar doenças as pessoas expostas a este tipo

de intervenção, as circulações de veículos para o transporte e demolição de edifícios

libertam um composto tóxico, o dióxido de carbono (CO2).

Tendo em vista a presente situação desta atividade ao redor do mundo, e

objetivando a necessidade de programar a sustentabilidade, devem estar sempre

presentes os aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos, numa visão da

qualidade total na elaboração, execução e utilização das edificações industriais.

Os princípios de sustentabilidade devem possuir uma gestão bastante

criteriosa quanto aos recursos naturais na preservação da degradação ambiental e

num ambiente mais saudável como um equilíbrio social e pela situação econômica

do meio edificado e não edificado.

Em outras palavras, a sustentabilidade da edificação deve acompanhar todo

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um ciclo de vida de uma obra. Durante o ciclo de vida de um edifício, a edificação

sustentável destaca cinco princípios básicos:

1. Reduzir o consumo de recursos;

2. Reutilizar os recursos;

3. Reciclar e utilizar os materiais obtidos no final da execução da

edificação;

4. Proteger os sistemas naturais e sua função em todas as atividades;

5. Eliminar os materiais tóxicos em todas as fases do ciclo de vida do

edifício.

A planta fabril sustentável refere-se ao conceito de uma edificação que utiliza

totalmente os recursos naturais, enquanto existentes em harmonia com o ambiente

natural. Tais plantas podem operar por mais de 100 anos, com um impacto ambiental

reduzido drasticamente. Alcançar este parâmetro depende de três coisas:

Alcançar um desempenho muito melhor do ambiente através do

desenvolvimento e introdução de tecnologias de baixo carbono e a

melhoria contínua destas atividades (kaizen);

Utilização de energias renováveis;

Preservando os ecossistemas locais e contribuindo para as

comunidades locais através de atividades de florestamento ao redor

das plantas fabris.

A fábrica de automóvel Toyota utiliza estes três aspectos para criar uma planta

fabril sustentável e ajuda a unificar a consciência ambiental de todos seus os

colaboradores a passarem este esforço à diante. No entanto, a partir dos quesitos

de certificação discutidos ao longo deste trabalho, as ações tomadas atualmente

pela Toyota não são suficientes para conseguir uma edificação verdadeiramente

sustentável.

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Se hoje, a Toyota buscasse a verdadeira edificação industrial sustentável e

certificações para suas principais plantas fabris, teria que investir mais nos seguintes

requisitos:

Espaço Sustentável

As edificações da Toyota ao longo do mundo têm características bastante

semelhantes, em termos de espaço sustentável. O tamanho e a localização dos

seus terrenos permitem que as edificações possuam além de recursos naturais

próximos, a criação de fontes renováveis em contato com a natureza (criação dos

cinturões verdes).

Normalmente, situadas em locais amplos e longe de outras edificações,

todas as plantas possuem praticamente a mesma estrutura, principalmente edifícios

especializados em manutenção de sustentabilidade, ou seja, para que exista mão-

de-obra qualificada para atender a qualquer emergência ou eventuais manutenções

dos edifícios.

Caso a Toyota precisasse deste requisito para obter a principal certificação

sustentável – LEED, essa atenderia este quesito.

Uso Racional da Água

Como pré-requisito do conceito Ecofactory, todas as plantas fabris da Toyota

possuem recursos sustentáveis para esta questão. Este objetivo se confirma quanto

à redução do consumo de água, por meio do tratamento e reuso interno de seus

efluentes industriais e sanitários.

Atenta à utilização racional, a empresa segue o cumprimento de padrões

rígidos de reutilização da água pluvial. Conforme dados divulgados pela mesma em

seu Relatório de Sustentabilidade no ano de 2010, o ano de 2009 registrou o menor

valor de consumo de água ao longo de oito anos, com 3,6 m3 por veículo produzido.

A idéia é que esse valor continue diminuindo com o passar dos anos, com o intuito

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de alcançar resultados cada vez melhores.

Com a criação de ETA’s ao longo das edificações da Toyota, os números

quanto ao consumo deste recurso vêm diminuindo radicalmente. A expectativa é que

este recurso seja aplicado em todas as unidades da empresa, a fim de tornar o

consumo de água do meio natural mínimo, e criar o costume de se aproveitar outros

recursos hídricos, tais como as cisternas para a captação da água da chuva e as

estações de tratamento, para se manter a reutilização.

Energia e Atmosfera

Neste quesito existem inúmeras possibilidades de se obter uma considerável

redução no consumo de energia e transformar a edificação industrial em 40% de sua

eficiência energética, isto é, sustentável.

Todas as plantas da Toyota possuem características viáveis para a

implantação de painéis solares fotovoltaicos, exceto na nova edificação industrial de

Sorocaba, este sistema não será aplicado no momento, ainda não se sabe o porquê,

mas as condições climáticas são propícias para a implantação do mesmo.

Algumas de suas plantas poderiam adotar o sistema de energia eólica,

porém não o fazem por falta de espaço físico. Outra desvantagem deste processo é

a geração de elevados níveis de ruído. Outro recurso que é pouco utilizado e é

bastante rentável em termos de eficiência energética, é a utilização de cobertura

verde3.

Os principais benefícios para a aplicação do sistema de cobertura verde nos

edifícios industriais da Toyota seriam no auxilio da emissão de gases e a capacidade

de absorver a água da chuva, com a finalidade de reduzir a probabilidade de

enchentes.

3 Cobertura verde consiste num sistema artificial de construção de coberturas de edifícios, habitações ou

mesmo estruturas de apoio, sobre as quais são aplicados diversos tipos de vegetação.

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Este recurso serve além de reduzir os custos de energia elétrica, promover o

bem estar interno, reduzindo a utilização do ar-condicionado, tornando o ambiente

mais agradável; melhora a umidade relativa do ar, e consequentemente, a qualidade

de vida; a acústica interna, que impede a entrada de sons em determinadas

frequências; sem contar na divulgação e sensação de bem estar entre os

funcionários, o que permitiria maior contato com o ecossistema.

Na planta de Portugal foi aplicado um sistema de iluminação de tubos de luz

natural. O mesmo pode ser aplicado na planta industrial do Brasil, onde a incidência

solar é bastante alta.

Materiais e Recursos

As edificações industriais da Toyota na França e Portugal aplicaram a gestão

de resíduos em suas plantas desde sua fundação. Para ampliar a prática de

reutilização e melhorar a produtividade dos recursos, a empresa tem estimulado o

princípio de reciclabilidade, tanto em relação às partes que constitui o edifício quanto

ao processo industrial. Mais de 90% dos resíduos gerados anualmente são

reciclados. As plantas francesas e portuguesas enviam para os aterros sanitários

municipais apenas os resíduos que não podem ser reutilizados.

Todas as unidades fabris contam com o processo de coleta seletiva, e cada

setor conta com um jogo de coletores, acompanhados pelas respectivas listas de

avaliação da coleta. O gerenciamento inclui a análise das condições dos materiais.

Na edificação industrial do Brasil, novamente o sistema de logística será

fundamental na economia da geração de materiais para descarte. Com a criação do

pólo logístico ao redor da planta principal será possível reduzir drasticamente o

consumo e produção de embalagens (plásticas, papelão, isopor, etc.).

Qualidade Ambiental Interna

Mais uma vez seguindo as exigências das principais certificações, a Toyota

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contempla mais um quesito, voltado para a redução da emissão de COV’s, ao longo

de suas edificações.

Essa medida também faz parte do projeto Ecofactory e visa à redução anual

da emissão de resíduos gerados por estes compostos orgânicos e pelas emissões

de CO2. Essa medida está sendo adotada em todos os processos de pintura dos

veículos produzidos, e tem como principal função substituir as tintas à base de

solvente, por tintas a base d’água.

Com essas reduções é possível diminuir consideravelmente a liberação

destes gases ao longo do processo produtivo. O intuito desta medida é além de

reduzir os impactos ambientais nas condições do ar, também manter a qualidade de

vida da edificação e da comunidade ao seu redor.

A proposta da qualidade ambiental interna cita a incorporação de luz solar e

ar fresco, que são dois elementos utilizados nas edificações da Toyota para

promover o bem estar de seus funcionários. Estas modificações mostraram um

aumento na produtividade e a queda do absenteísmo nas suas principais plantas

fabril devido ao maior contato com o que se é “natural”, e motivando seus

funcionários a participarem cada vez mais das ações criadas pela empresa, a fim de

manter o bem estar humano e ambiental.

Inovação em Projeto

A principal inovação do sistema de edificar sustentavelmente da Toyota, sem

duvida é a criação de pólos logísticos ao redor da planta principal. Criando uma

proximidade, entre fabricante e fornecedores. Além de reduzir o tempo de transporte

e a poluição causada pelos caminhões.

O sistema de logística é sem duvidas uma das características mais

marcantes da empresa, no quesito de sustentabilidade. O que difere das

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organizações concorrentes, que não dispõe deste recurso, no auxilio de reduzir

custos e tempo com transporte.

Sem dúvida a Toyota conseguiria se destacar com suas edificações

industriais sustentáveis. E logo permitiria que outras indústrias buscassem a mesma

qualificação, a ponto de se comprometer com a própria empresa e seus valores

ambientais.

Este comparativo serviu para identificar os principais pontos, onde as

maiorias das edificações industriais falham ou se omitem quanto às questões

sustentáveis. O investimento para se obter as certificações é mínimo, se comparado

as reduções de custos da planta fabril e a satisfação dos usuários em estar

trabalhando em um local agradável e benéfico para todos que o utilizam. Sem contar

com o valor agregado, e sua real valorização.

Todas as análises descritas anteriormente estão resumidas no quadro 7 a

seguir.

QUADRO 7 – Investimento Sustentável x Aplicações Existentes – Toyota Mundial

FONTE: A autora, 2011.

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10. CONCLUSÃO

A construção civil está demasiadamente associada a tecnologias

construtivas pouco evoluídas, a processos de construção convencionais e a mão-de-

obra não qualificada, o que é responsável por um grande impacto ambiental, com

grande potencial a ser reduzido.

Com a crescente preocupação mundial em relação à preservação do meio

ambiente, surgiu uma quantidade considerável de resultados de conferências e

debates realizados por diversos países e organizações, que propõem algumas

diretrizes para obter-se o desenvolvimento sustentável.

O setor da construção civil contribuiu e muito para a modificação do espaço

físico habitado, podendo alterar todo o clima e produzir resíduos e sedimentos que

impactam de maneira crucial o meio ambiente. Por isso existe a grande necessidade

da criação de estratégias que amenizem ou anulem estes impactos.

Dentre os segmentos da construção civil, observa-se que a cada dia a

construção industrial vem se ampliando, e como detém de uma grande área

construtiva, não utiliza os meios alternativos para viabilizar seus custos e a

qualidade de vida do edifício e seus ocupantes.

Algumas estratégias já elaboradas para este setor estão sendo

regulamentadas, para incentivar a aplicação de técnicas sustentáveis nestas

edificações, permitindo inclusive a obtenção de certificados e selos. Essas

estratégias amenizam os impactos gerados pela edificação, porém ainda não

solucionam todos os problemas, mas podem ser vistos como catalisadores e

divulgadores do pensamento sustentável.

A busca pela edificação sustentável resultou na certificação de algumas

indústrias ao longo do mundo. Além dos benefícios ambientais proporcionados pela

mesma, a obtenção do certificado produz um diferencial no empreendimento pelo

conforto e economia gerado aos ocupantes e pode ser utilizado também como um

diferencial para a divulgação da venda do produto ofertado por esta indústria.

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No Brasil, a adoção de estratégias sustentáveis está sendo absorvida aos

poucos pelos empreendedores industriais. Estas estratégias ainda são muito mais

utilizadas e aplicadas fora do país. Os poucos empreendedores que utilizam estas

estratégias no Brasil visam pela valorização do seu produto final, podendo obter um

retorno maior do investimento, e outros pela real preocupação ambiental.

Porém, por quaisquer que sejam as razões, o crescimento de edifícios

industriais sustentáveis inspiram novos empreendedores a investir neste conceito,

criam mercados para produtos eco eficientes e incentivam as inovações

tecnológicas para este fim.

O presente trabalho destacou a importância da edificação industrial

sustentável comparado às edificações convencionais. No entanto, para que se

possa alcançar o mínimo de sustentabilidade, será necessário analisar a localização

da edificação através das variáveis climáticas para o melhor aproveitamento de

recursos naturais locais, pois devido a estas variáveis, pode-se melhorar a qualidade

de vida local, resolvendo problemas atuais como as incontroláveis variações

climáticas, os altos níveis de poluição e o consumo desenfreado de combustíveis

fósseis.

O estudo comparativo foi elaborado através de conteúdos técnicos e

conceituais mais direcionados para a adequação e viabilização das questões de

aplicação prática corrente, sem negligenciar a abordagem dos aspectos teóricos

mais relevantes e dispor de um conjunto de elementos e informações para o projeto

e dimensionamento das características ligadas a edificação industrial sustentável.

Com as atuais práticas de sustentabilidade utilizadas, a Toyota hoje se

enquadraria dentro dos requisitos básicos da certificação LEED. Conforme o

levantamento proposto no nono capítulo, a empresa teria que investir mais em

melhorias sustentáveis a ponto de conquistar um grau mais elevado dentre as

certificações LEED (Silver, Gold e Platinum).

Os certificados ambientais existentes possuem, em suas metodologias,

abordagens bem discrepantes, conforme o quadro 4, esse mostra um comparativo

entre os principais processos de certificação, já apresentados ao longo do trabalho.

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Para que a adoção dessas estratégias sustentáveis seja eficaz, é necessário o

estudo e a divulgação do conhecimento com todos os interessados e envolvidos na

produção.

Ainda existem algumas dificuldades na implantação destas estratégias,

principalmente em recomendações para a obtenção dos certificados. Um exemplo

observado é a obtenção de laudos que comprovem a baixa emissão de COV’s de

tintas, vernizes e solventes. São fundamentais para a confirmação de estar

utilizando um produto menos agressivo ao meio ambiente, porem são poucos os

laboratórios que realizam estes ensaios, e geralmente se localizam longe das

edificações industriais.

Existe ainda um grande caminho a ser traçado pela construção civil industrial

no quesito de sustentabilidade, porém resultados positivos na diminuição da

degradação ambiental e a economia gerada no consumo de recursos vêem

impulsionando essas mudanças. Novas tecnologias que colaborem para estas

reduções encontram-se com mais facilidade no mercado mundial, e com uma

diferenciação de preços cada vez menor, resultando em menores custos para o

empreendimento industrial sustentável.

Adotando as premissas para a realização da edificação industrial

sustentável, é possível atender as necessidades atuais de adequação produtiva e de

infra-estrutura sem comprometer a capacidade das gerações futuras.

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11. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para trabalhos desenvolvidos futuramente, sugere-se um estudo de caso em

uma planta industrial sustentável na região da cidade de Curitiba, pois atualmente

ainda não existe uma indústria com características sustentáveis no estado do

Paraná.

No trabalho sugerido pode-se analisar se as práticas de construção e

utilização sustentáveis aplicadas nas edificações industriais atendem às exigências

das normas e certificações internacionais de sustentabilidade.

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ANEXO

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ESTUDO COMPARATIVO PARA PADRONIZAÇÃO DE EDIFICAÇÕES

INDUSTRIAIS SUSTENTÁVEIS ATRAVÉS DA CERTIFICAÇÃO LEED

Gabriela de Souza Loyola (FAE) [email protected]

Profª M. Sc. Isabella Andreczevski Chaves (FAE) [email protected]

Resumo: O estudo comparativo para padronização de edifícios industriais sustentáveis diz

respeito à apresentação das principais certificações sustentáveis industriais existentes e

suas metodologias, bem como seus objetivos e recursos a serem utilizados para a

contemplação dos mesmos. Este estudo identifica as principais estratégias para transformar

uma edificação industrial convencional em sustentável e os benefícios da aplicação da

sustentabilidade na construção civil. O tema tem como intuito promover a sustentabilidade

nas edificações industriais a fim de promover o bem estar de seus ocupantes e do meio

ambiente, assim como identificar que estas soluções se tomadas de maneira correta,

agregam valor à vida útil dos edifícios industriais.

Palavras-chave: sustentabilidade, construção civil, edificações industriais sustentáveis.

1. INTRODUÇÃO

A construção civil existe para satisfazer as necessidades básicas do homem, como

moradia, saneamento, transporte, etc. Ao longo do tempo, pôde-se comparar que as

primeiras construções não requeriam qualquer tipo de planejamento prévio, apenas a idéia

do que seria constituído, onde e quais materiais seriam utilizados. Não existia qualquer tipo

de consciência quanto ao desperdício.

Contudo, o tempo foi passando e as construções ficaram mais competitivas, o

mercado ficou exigente, e com isso foram criadas normas e regras, para atender essa

demanda.

A sustentabilidade surgiu para que as construções sejam concebidas com maior

responsabilidade socioeconômica ambiental. De maneira que existam possibilidades e

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alternativas de execução, no caso de um eventual contratempo durante a construção (falta

de mão-de-obra qualificada e matéria prima), sem esquecer as políticas ambientais

(conscientização e preservação).

A indústria da construção civil acabou se tornando a maior consumidora de

recursos. Ao mesmo tempo, é reflexo da situação econômica de uma região ou sociedade e

vice-versa. Mesmo com o alto crescimento, as edificações sustentáveis ainda são

consideradas inviáveis para a maioria das empresas do setor, e até mesmo para o governo.

Mas o que muitos ainda desconhecem é o tamanho benefício que a sustentabilidade pode

trazer para a economia, a sociedade e para o meio ambiente. Considerando a sua devida

importância, a indústria da construção pode e deve contribuir com a busca do

desenvolvimento sustentável.

2. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS

As edificações sustentáveis têm por definição a preservação e redução dos

resíduos pelo desenvolvimento de tecnologias limpas, a utilização de materiais recicláveis

ou reutilizáveis, a utilização de resíduos como materiais secundários, entre outros fatores.

Estas propostas devem aprofundar a sustentabilidade, na constante avaliação

comparada das implicações ambientais, nas diferentes resoluções técnicas, econômicas e

sociais aceitas e devem levar em conta, durante a concepção de produtos e serviços, todas

as condicionantes que os determinem por todo seu ciclo de vida.

A sustentabilidade e sua aplicação junto às edificações industriais requerem uma

visão integral, onde os inúmeros aspectos intervenientes sejam considerados, sistêmicos e

interdisciplinar, devida sua complexidade, por envolver múltiplos olhares que conversam

entre si.

A edificação sustentável também agrega uma série de benefícios que compõe a

sustentabilidade, dentre eles podemos citar:

Benefícios Sociais.

Benefícios Ambientais.

Benefícios Econômicos.

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As vantagens de existir um empreendimento sustentável são diversas. Os ocupantes

de edifícios verdes certificados têm sua produtividade aumentada devido aos seguintes

fatores: pelo controle da ventilação; controle individual de temperatura; iluminação

adequada; e com isso menos de absenteísmo (consequência das medidas sustentáveis).

Quando um projeto de uma edificação possui estratégias sustentáveis, de modo

com que todo o ciclo deste projeto tenha sido planejado para evitar o menor impacto

ambiental possível, existe a possibilidade se obter uma certificação, através de alguns

processos, para que este empreendimento seja reconhecido perante seus profissionais,

fornecedores, a sociedade e ao mercado.

Essas certificações são normalmente concedidas por organizações independentes

que, garantem que a empresa certificada mantém em funcionamento ou atingiu os requisitos

exigidos pelo processo, de acordo com um sistema de garantia de qualidade do edifício.

Processos de certificação já estão sendo aplicados mundialmente e alguns em fase

de implantação no Brasil. As siglas de cada um, em geral, transmitem os objetivos buscados

por eles. Aliar ferramentas da arquitetura, engenharia e tecnologia para projetar e construir

sem gerar danos para a natureza, aos ocupantes do edifício e à vizinhança, é uma das

metas em comum as certificações. Dentre os selos para edificações industriais, os mais

comuns estão:

LEED - Leadership in Energy and Environmental Design – Estados Unidos

AQUA – Alta Qualidade Ambiental – Brasil/França

PROCEL Indústria - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

– Indústrias – Brasil

BREEAM Industrial - BRE Environmental Assessment Method Industrial –

Reino Unido

GBC Green Star Industrial - Green Building Council – Green Star Industrial –

Australia

A certificação mundialmente mais utilizada é a LEED, um sistema de certificação e

orientação ambiental de edificações aplicado pelo USGBC. É o selo de maior

reconhecimento internacional. Os aspectos avaliados pelo LEED referem-se ao impacto

gerado ao meio ambiente em consequência dos processos relacionados ao edifício (projeto,

construção e operação); contemplando aspectos relativos ao local do empreendimento, o

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consumo de água e de energia, o aproveitamento de materiais locais, a gestão de resíduos

e o conforto e qualidade do ambiente interno da edificação.

Os aspectos avaliados pelo LEED são referentes ao impacto gerado ao meio

ambiente em consequência dos processos relacionados ao edifício (projeto, execução e

operação). Além dos aspectos avaliados, ainda existem alguns critérios de avaliação, entre

eles a Inovação de Projeto, que pontua alguma inovação que tenha sido realizada no

projeto, ou por ter tido um rendimento exemplar em algum outro critério de avaliação,

citados no quadro 1 abaixo:

QUADRO 1 – Critérios de Avaliação LEED

Espaço Sustentável

(Sustainable Sites – SS)

Refere-se ao tamanho, localização geográfica e outros efeitos do edifício sobre seu

entorno.

Uso Racional da Água

(Water Efficiency – WE) Premia o uso inteligente da água em interiores e exteriores.

Energia e Atmosfera

(Energy and Atmosphere – EA)

Seção que cobre a instalação, controle, e monitoramento dos sistemas de calefação

e refrigeração, iluminação e outros equipamentos além do uso de energia

renovável.

Materiais e Recursos

(Materials and Resources – MR)

Reforça as estratégias ambientais para uso de materiais regionais, renováveis, e

recicláveis, reduzindo o consumo e incentivando o reaproveitamento

Qualidade Ambiental Interna

(Indoor Environmental Quality – EQ)

Baseia-se na redução de gases e compostos orgânicos voláteis (chamados de

COV’s) em interiores, que podem ser perigosos, além da incorporação de luz solar

e ar fresco.

Inovação em Projeto

(Innovation and Design Process – DI)

Pontos extras que podem ser ganhos por rendimento exemplar em alguma das

categorias acima ou alguma técnica inovadora eficaz.

FONTE: GBC, 2011.

Para a obtenção da certificação LEED mínima, é exigido que a pontuação dentre os

critérios citados acima, sejam entre 40 – 49 pontos. Caso este valor seja acima desta

pontuação, a certificação terá outros níveis, tais como:

Silver – pontuação entre 50 – 59 pontos

Gold – pontuação entre 60 – 79 pontos

Platinum – pontuação entre 80 -110 pontos

Ou seja, quanto mais pontos a edificação possuir, maior é o grau de

sustentabilidade do edifício a ser certificado.

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3. ESTRATÉGIAS PARA SUSTENTABILIDADE

3.1 EFICIÊNCIAS ENERGÉTICAS

Definida como a otimização que se pode fazer referente ao consumo de energia, e

com isso na ultima década o setor de edificações industriais foi um dos que mais cresceu

em termos de consumo energético, e o setor é responsável pelo acentuado crescimento do

consumo de energia elétrica, entre os anos 1980 e 1999, com um aumento de 61%.

(Eficiência Energética, 2011).

A escassez dos combustíveis fósseis, com a pressão dos resultados econômicos e

as preocupações ambientais, levam a encarar a eficiência energética como uma das

soluções para equilibrar o modelo de consumo existente para combater as alterações

climáticas. A utilização da energia de forma consciente é um meio de garantir um futuro

melhor para as gerações seguintes, no entanto, é necessária uma mudança na atitude em

relação ao consumo de energia, refletindo-a nos gestos que temos no dia-a-dia.

3.2 ENERGIAS

Apesar de não se restringir a isso, a energia pode ser entendida como a

capacidade de realizar trabalho. As sociedades dependem cada vez mais de um elevado

consumo energético para sua subsistência. Para isso, foram sendo desenvolvidos ao longo

da história diversos processos de transformação, transporte e armazenamento de energia.

Na realidade, de acordo com o expresso pela primeira lei da termodinâmica e pelos

conceitos de energia interna e energia térmica, só existem, além da energia pura radiante,

duas formas de energia armazenadas em um sistema: energia potencial e energia cinética.

No cotidiano, entretanto estas acabam recebendo nomes específicos que geralmente fazem

referência explícita à natureza do sistema envolvido no armazenamento ou às plantas

industriais onde estas são levadas à transformação. Nas edificações industriais sustentáveis

elas normalmente são:

Energia Solar – radiação solar que pode ser absorvida por coletores solares

principalmente para o aquecimento de água a temperaturas relativamente baixas

(inferiores a 100ºC), há uma demanda significativa e aplicações nas edificações

industriais, uma vez que é se faz necessário o aquecimento da água para

determinados processos industriais.

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Energia Eólica - Energia obtida através pelo movimento do ar (vento), também é

disponível em todos os lugares. A utilização deste tipo de energia cria bastantes

vantagens em comparação às energias convencionais, e até mesmo com os outros

tipos de energias renováveis, em função de um maior desempenho assim

desenvolvido por ela. Como é uma energia inesgotável, não emite gases poluentes,

nem geram resíduos e é uma das fontes mais baratas de energias, podendo competir

em termos de rentabilidade com as fontes de energia tradicionais.

Aquecimento / Refrigeração – Geotérmico - A energia obtida a partir do calor

proveniente do interior da Terra, também utilizada por ser considerada uma fonte

renovável e limpa, pois gera baixos índices de poluição no meio ambiente. Nas

indústrias e usinas esta tecnologia é utilizada para o acionamento de turbinas

elétricas e gerar energia.

3.3 USO EFICIENTE DA ÁGUA

De todos os recursos citados anteriormente, sem dúvida nenhuma a água é de

absoluta importância para a sobrevivência humana. Utilizada em diversas finalidades no

setor industrial e principalmente na produção de energia elétrica. Entretanto, o descuido na

utilização da água tem originado diversos problemas, colocando em risco o abastecimento

de água para as plantas fabris, o tratamento de água e os esgotos destas zonas.

O objetivo principal consiste na redução e no controle do consumo de água

fornecido pelas empresas do segmento ou pela exploração juntos as fontes naturais (poços,

poços artesanais, nascente, entre outros.). O uso sustentável da água exige o cuidado na

exploração de novas fontes, quanto medidas para estimular o uso mais eficiente da água. A

preocupação com o uso sustentável da água cresce devido à alta demanda e ao mal uso de

um bem finito cuja falta acarreta, diretamente na vida do planeta. Uma alternativa para o uso

racional dos recursos hídricos pode estar na captação da água das chuvas para fins não

potáveis.

O reaproveitamento da água da chuva para abastecer certas áreas da indústria

gera economia e contribui para a preservação do recurso já tão em escasso em boa parte

do mundo. O reuso da água é uma tendência internacional irreversível no mercado da

construção civil, mas infelizmente no Brasil o sistema depende de um maior

desenvolvimento e um maior comprometimento com a sociedade, só assim será um método

eficiente tanto para a empresa, quanto para a sociedade em questão.

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3.4 ILUMINAÇÃO

O aproveitamento da luz natural revela-se não só mais uma opção sustentável, mas

uma opção bastante rentável, o que significa, apenas, abrir as janelas e deixar a luz entrar.

O máximo de luz natural deve ser aproveitado sem que isso cause ofuscamento ou eleve a

temperatura do ambiente.

Quando a luz natural é utilizada conscientemente, tem reflexo direto na redução do

consumo de energia. A racionalização da incidência da luz sobre a edificação permite um

controle sobre os ganhos de calor gerados, tanto pela luz do sol, quanto pela iluminação

artificial, o que resulta na diminuição drástica da exigência do sistema de ares-

condicionados.

3.5 GESTÃO DE RESÍDUOS

Existem vários benefícios da especificação correta para o sistema construtivo

industrial, com relação aos materiais empregados e a gestão de resíduos. Dentre elas está

na redução de custos com a geração dos resíduos, que consiste na redução do desperdício

e dos custos decorrente das aquisições de novos materiais; se especificados materiais de

qualidade, há a redução do retrabalho.

Ainda é muito comum observar que por falta de espaço físico, promove-se o

transporte do entulho acumulado de maneira inadequada, para um aterro, ou até mesmo

para terrenos baldios ou encostas de rios.

Os resíduos são provenientes da execução de obras de edificações, restaurações

de edifícios já existentes e demolições. Com isso representam 40 a 60% da massa de

resíduos sólidos urbanos nas grandes cidades. Ao fazer a reutilização de materiais da

própria obra, comprar materiais das redondezas da região ou reciclar os resíduos gerados

há a redução da poluição causada pelo transporte, estímulo a economia local e aumento da

vida útil de aterros sanitários, entre outros.

4. EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS SUSTENTÁVEIS – FÁBRICA TOYOTA

O tema a seguir elenca as edificações das principais plantas fabris da empresa

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japonesa Toyota, em diversas regiões ao longo do mundo. As plantas têm grande parte da

sua eficiência, voltada para a sustentabilidade.

Esse estudo descreve os principais métodos sustentáveis desenvolvidos pela

matriz japonesa e aplicados nas suas principais plantas fabris, seguindo os critérios de

eficiência ambiental estabelecidos pelo conceito Ecofactory: normas rígidas para a redução

das emissões poluentes na atmosfera, reutilização da água pluvial, iluminação, estação de

tratamento de efluentes industriais, subestação de energia diminuição na geração e

destinação de resíduos, além da implantação de um processo de logística eficiente e com

menor impacto ao meio ambiente.

A Toyota é líder mundial em produção de automóveis e também na preservação do

Meio Ambiente, sendo um de seus preceitos fundamentais a melhoria contínua da

sustentabilidade, onde esta é modelo de boas práticas e excelentes resultados.

O quadro 2, abaixo, identifica quais são os principais métodos sustentáveis

utilizados por cada uma das suas plantas ao longo do mundo, com isso fica fácil identificar

as necessidades sustentáveis de cada uma das edificações industriais.

QUADRO 2 – Plantas Fabris - TOYOTA

FONTE: A autora, 2011.

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5. PADRONIZAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES INDUSTRIAIS SUSTENTÁVEIS

ATRAVÉS DA CERTIFICAÇÃO LEED – EXEMPLO TOYOTA

A maior parte das edificações industriais ao redor do mundo é convencional. A

figura 1 ilustra as fases do ciclo de vida de um edifício convencional: o projeto, a execução,

a utilização e a desativação; essas são as grandes responsáveis sobre o impacto ambiental

e a escassez dos recursos naturais.

Figura 1 - Ciclo de Vida de uma Edificação

FONTE: Ambiente e Construção Sustentável, 2006.

Tendo em vista a presente situação desta atividade ao redor do mundo, e

objetivando a necessidade de programar a sustentabilidade, devem estar sempre presentes

os aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos, numa visão da qualidade total na

elaboração, execução e utilização das edificações industriais.

Os princípios de sustentabilidade devem possuir uma gestão bastante criteriosa

quanto aos recursos naturais na preservação da degradação ambiental e num ambiente

mais saudável como um equilíbrio social e pela situação econômica do meio edificado e não

edificado.

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Em outras palavras, a sustentabilidade da edificação deve acompanhar todo um

ciclo de vida de uma obra. Durante o ciclo de vida de um edifício, a edificação sustentável

destaca cinco princípios básicos:

6. Reduzir o consumo de recursos;

7. Reutilizar os recursos;

8. Reciclar e utilizar os materiais obtidos no final da execução da edificação;

9. Proteger os sistemas naturais e sua função em todas as atividades;

10. Eliminar os materiais tóxicos em todas as fases do ciclo de vida do edifício.

A planta fabril sustentável refere-se ao conceito de uma edificação que utiliza

totalmente os recursos naturais, enquanto existentes em harmonia com o ambiente natural.

Tais plantas podem operar por mais de 100 anos, com um impacto ambiental reduzido

drasticamente. Alcançar este parâmetro depende de três coisas:

Alcançar um desempenho muito melhor do ambiente através do

desenvolvimento e introdução de tecnologias de baixo carbono e a melhoria

continua destas atividades (kaizen);

Utilização de energias renováveis;

Preservando os ecossistemas locais e contribuindo para as comunidades

locais através de atividades de florestamento ao redor das plantas fabris.

A fábrica de automóvel Toyota utiliza estes três aspectos para criar uma planta fabril

sustentável e ajuda a unificar a consciência ambiental de todos seus os colaboradores a

passarem este esforço à diante. No entanto, a partir dos quesitos de certificação discutidos

ao longo deste trabalho, as ações tomadas atualmente pela Toyota não são suficientes para

conseguir uma edificação verdadeiramente sustentável.

Se hoje, a Toyota buscasse a verdadeira edificação industrial sustentável e

certificações para suas principais plantas fabris, teria que investir mais nos seguintes

requisitos, segundo o quadro 3, abaixo:

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QUADRO 3 – Investimento Sustentável x Aplicações Existentes – Toyota Mundial

FONTE: A autora, 2011.

Sem dúvida a Toyota conseguiria se destacar com suas edificações industriais

sustentáveis. E logo permitiria que outras indústrias buscassem a mesma qualificação, a

ponto de se comprometer com a própria empresa e seus valores ambientais.

Este comparativo serviu para identificar os principais pontos, onde as maiorias das

edificações industriais falham ou se omitem quanto às questões sustentáveis. O

investimento para se obter as certificações é mínimo, se comparado as reduções de custos

da planta fabril e a satisfação dos usuários em estar trabalhando em um local agradável e

benéfico para todos que o utilizam. Sem contar com o valor agregado, e sua real

valorização.

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6. CONCLUSÃO

A indústria da construção constitui-se como um dos setores mais devastadores em

termos de impactos ambientais, o que torna urgente uma alteração do paradigma que

caracteriza este setor e que seja capaz de fazer a transição de um setor poluente para um

setor mais sustentável e amigo do ambiente. O presente artigo aborda o caso da

padronização das edificações industriais sustentáveis, baseados na certificação LEED.

Neste artigo é feito um levantamento entre as principais certificações sustentáveis; as

estratégias para sustentabilidade e plantas fabris da montadora de automóvel Toyota.

O estudo comparativo foi elaborado através de conteúdos técnicos e conceituais

mais direcionados para a adequação e viabilização das questões de aplicação prática

corrente, sem negligenciar a abordagem dos aspectos teóricos mais relevantes e dispor de

um conjunto de elementos e informações para o projeto e dimensionamento das

características ligadas a edificação industrial sustentável.

Existe ainda um grande caminho a ser traçado pela construção civil industrial no

quesito de sustentabilidade, porém resultados positivos na diminuição da degradação

ambiental e a economia gerada no consumo de recursos vêem impulsionando essas

mudanças. Novas tecnologias que colaborem para estas reduções encontram-se com mais

facilidade no mercado mundial, e com uma diferenciação de preços cada vez menor,

resultando em menores custos para o empreendimento industrial sustentável.

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REFERÊNCIAS

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11/02/2005.

CÂMARA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Guia de Sustentabilidade na Construção.

Belo Horizonte: FIEMG, 2008. 60p.

CEOTTO, Luiz Henrique. Guia da Sustentabilidade na Construção, Minascon. Belo Horizonte, 2008. CREDÍDIO, Fernando. Construções sustentáveis: conforto e respeito ao meio ambiente – Parte 1. Virtual Book, 2008. Disponível em:

<http://www.ifk.org.br/construcoes_sustentaveis:_conforto_e_respeito_ao_meio_ambiente__parte_1__344.html>. Acesso em 11/10/2011. EFICIÊNCIA ENERGETICA. Apresentação. Disponível em <http://www.eficiencia-

energetica.com>, acesso em 14/10/2011.

GBC Brasil. Certificação LEED. Disponível em <

http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao> – acesso em 13/10/2011 MATEUS, Ricardo, BRAGANÇA Luís Life-Cycle Assessment of Residential Buildings.

University of Malta, 2011.

PINHEIRO, Manuel Duarte. Ambiente e Construção Sustentável. Instituto do Ambiente. Amadora, 2006.

PINHEIRO, Manuel Duarte. CONSTRUÇÃO SUSTENTAVEL – MITO OU REALIDADE? VII Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente. Lisboa – Portugal. Artigo publicado em

07/11/2003

REVISTA TECHNE, Avaliação Ambiental. Revista Techne – Artigos, São Paulo. Ed. 133 – abril de 2008. WIKIPEDIA. Energia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia> - Acesso em

13/10/2011 WIKIPEDIA. LEED. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Leed> - Acesso em

13/10/2011.