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8/9/2019 O idoso na Era da Eficincia
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Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXXXII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao Curitiba, PR 4 a 7 de setembro de 2009
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O Idoso na Era da Eficincia1Fernanda Chocron MIRANDA 2
Vanessa Brasil de CARVALHO 3Clareana Oliveira RODRIGUES4Graziella Cmara MENDONA5
Filipe Lobo da SILVA6
Rosaly BRITO7Universidade Federal do Par, PA
RESUMO
Que lugar reservado aos idosos na sociedade contempornea, que tudo descarta e que regida pelo imperativo da novidade? Ao tentar responder esta indagao central, opresente trabalho visa analisar a velhice na contemporaneidade e as suas representaesmiditicas, tendo como foco o enunciado melhor idade. O corpus analisado paracompreender a enunciao miditica sobre a questo e sua repercusso na sociedade foi
a edio especial Melhor Idade da Revista Veja, publicada em 31 de agosto de 2005.A pesquisa partiu, tambm, de entrevistas realizadas com uma amostra de pessoas nessafaixa etria com perfis pr-selecionados para confrontar o seu discurso com aqueleveiculado pela mdia.
PALAVRAS-CHAVE: idosos, melhor idade, revista Veja, ps-modernidade.
Apresentao e MetodologiaEsta pesquisa procurou investigar diferentes estilos de vida aps os 60 anos 8, e
perceber at que ponto as pessoas nesta faixa etria esto de fato vivendo a sua melhor
idade, como o discurso miditico, de carter comercial, aponta. Para compreender essaconstruo, o olhar neste estudo recaiu sobre a edio especial Melhor Idade da revista
Veja, publicada em 31 de agosto de 2005. A realidade apresentada pelo corpus, porm,
no se aplica totalidade da populao dessa faixa etria.
Para complementar esta anlise e confrontar o discurso da publicao foi realizada
uma pesquisa qualitativa, por meio de entrevistas semi-estruturadas com cinco idosos
moradores de Belm (PA), de perfis previamente selecionados. Temas como cotidiano,
1 Trabalho apresentado na Diviso Temtica Comunicao, Espao e Cidadania, da Intercom Jnior Jornada deIniciao Cientfica em Comunicao, evento componente do XXXII Congresso Brasileiro de Cincias daComunicao.2 Estudante de Graduao 5. semestre do Curso de Comunicao Social Jornalismo da FACOM-UFPA, email:[email protected] Estudante de Graduao 5. semestre do Curso de Comunicao Social Jornalismo da FACOM-UFPA, email:[email protected] Estudante de Graduao 5. semestre do Curso de Comunicao Social Jornalismo da FACOM-UFPA, email:[email protected] Estudante de Graduao 5. semestre do Curso de Comunicao Social Jornalismo da FACOM-UFPA, email:[email protected] Estudante de Graduao 5. semestre do Curso de Comunicao Social Publicidade da FACOM-UFPA, email:[email protected] Orientadora do trabalho. Professora Ms. do Curso de Comunicao Social da FACOM-UFPA, email:[email protected] Esta pesquisa se baseou na idade prevista pelo Estatuto do Idoso, que considera idoso pessoas com 60 anos ou mais.
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relao com a tecnologia, convivncia familiar e contato com os meios de comunicao
foram contemplados durante as entrevistas.
A amostra foi composta por cinco entrevistados com o seguinte perfil:
Entrevistado (1) Mulher, 65 anos, solteira, semi-analfabeta, sete filhos;
Entrevistado (2) Mulher, 66 anos, solteira, tem um filho de 41 anos, professora
aposentada de lngua inglesa graduada pela Universidade Federal do Par;
Entrevistado (3) Mulher, 90 anos, viva, tcnica de enfermagem aposentada;
Entrevistado (4) Homem, casado, 74 anos, dois filhos que moram em Fortaleza,
trs netos, arquiteto e professor aposentado do curso de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Par;
Entrevistado (5) Homem, radialista de 67 anos de idade, natural de Breves (PA).
casado, tem filhos.
Entre os entrevistados, estavam pessoas de 65 a 90 anos de idade, de contextos
diversos. Havia idosos que ainda trabalham, outros que vivem da aposentadoria e da
ajuda dos filhos e os que apenas sobrevivem nessa idade. A partir dessa amostra,
pretende-se observar a importncia da mdia no cotidiano desse pblico.
O mundo do presente eterno e o torpor do loop
As transformaes do mundo, principalmente a partir do sculo XX, alteraram asociedade, seus conceitos e valores. De acordo com Sevcenko:
A acelerao das inovaes tecnolgicas se d agora numa escala multiplicativa,uma autntica reao em cadeia, de modo que em curtos intervalos de tempo oconjunto do aparato tecnolgico vigente passa por saltos qualitativos em que aampliao, a condensao e a miniaturizao de seus potenciais reconfiguramcompletamente o universo de possibilidades e expectativas, tornando-o cada vezmais imprevisvel, irresistvel e incompreensvel (SEVCENKO, 2001, p.16).
Pode-se dizer, ento, que a estrutura social foi alterada. Hoje a tecnologia e os
meios de comunicao possuem papel fundamental na vida do homem. Neste novo
patamar da experincia social, por muitos conhecido como o mundo ps-moderno, as
transformaes tecnolgicas ultrapassam a capacidade de assimilao do homem.
sentindo-nos incapazes de prever, resistir ou entender o rumo que as coisastomam. Deixamos para pensar nos prejuzos depois, quando pudermos. Mas oproblema exatamente esse: no ritmo em que as mudanas ocorrem,provavelmente nunca teremos tempo para parar e refletir, nem mesmo parareconhecer o momento em que j for tarde demais (SEVCENKO, 2001, p.17).
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Kumar (1997) faz uma anlise diferente da realidade atual. Para ele, o mundo ps-
moderno o mundo do presente eterno, sem origem ou destino, passado ou futuro,
sendo impossvel achar um centro ou ponto de referncia. Tudo temporrio ou
mutvel. Isso pode ser relacionado com o que Sevcenko (2001) conceitua como
sndrome do loop, numa aluso sensao de torpor provocada pelo loop da montanha
russa: o efeito perverso pelo qual a precipitao das transformaes tecnolgicas tende a
submeter a sociedade a uma anuncia passiva, cega e irrefletida.
por isso que, ainda segundo Kumar (1997), a maioria das teorias sobre a
sociedade contempornea atribui um importante papel aos meios de comunicao de
massa, principalmente s telecomunicaes e aos computadores. Dessa vez, Fredric
Jameson (1993, p. 43) quem completa: A funo informacional da mdia consistiria,
portanto, em nos ajudar a esquecer, a funcionar como os prprios agentes e mecanismos
de nossa amnsia histrica.
E esse conceito de presente perptuo defendido por Jameson (1993, p. 43). o
desaparecimento do sentimento de histria, o modo como todo o nosso sistema social
contemporneo comeou a perder a capacidade de reter o prprio passado e comeou a
viver nesse presente que ofusca as tradies e as formaes sociais anteriores
(JAMESON, 1993, p. 43). E Kumar (1997) conclui: O que persiste, a nica coisa que
nos d material para contemplao, o presente eterno.
Parte dos tericos afirma que as sociedades atuais mostram um novo ou reforado
grau de fragmentao, pluralismo e individualismo, o que se relaciona com as mudanas
nas relaes de trabalho e com a tecnologia, e poderia ser associado ainda ao declnio da
referncia identitria vinculada ao estado-nao e das culturas nacionais dominantes. A
vida poltica, econmica e cultural agora muito influenciada por fatos que ocorrem no
nvel global (KUMAR, 1997, p. 132).
Essa influncia observada nas tecnologias que interligam o mundo globalizado dehoje. Os avanos tecnolgicos mudaram a noo de tempo e espao. As distncias
diminuram, assim como o prprio mundo. Tudo est conectado rede de comunicao,
que envolve o planeta, e que o torna uma aldeia global (SEVCENKO, 2001, p. 20-21).
Para os que seguem essas transformaes, em ritmo cada vez mais intenso, no h
tempo para refletir. O mundo vive o agora. E para os que ficam para trs nesse
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contexto, resta a esquizofrenia9, proposta por Jameson (1993) e a excluso ou
marginalizao decorrem desse isolamento.
Quando a Rede desliga o Ser, o Ser, individual ou coletivo, constri seu
significado sem a referncia instrumental global: o processo de desconexo torna-se recproco aps a recusa pelos excludos, da lgica unilateral de dominaoestrutural e excluso social (CASTELLS, 1999, p. 41).
Quando a Rede desliga algum, esse passa a ser indiferente ao sistema. como
se no existisse. E um dos fatores que interferem na seleo dos ns da Rede o
trabalho, que continua sendo a fonte de produtividade, inovao e competitividade.
Alm disso, o trabalho mais importante do que nunca numa economia que depende
da capacidade de descobrir, processar e aplicar informao (CASTELLS, 2001, p. 77).
Por isso, o trabalho um dos mais valorizados campos da esfera social, e abster-se deseu exerccio afeta profundamente a subjetividade dos indivduos, j que, muitas vezes,
o no-trabalhar igual a no existir.
Por isso, quem no consegue se adaptar s exigncias do mercado corre um risco
de ser excludo. Hoje, necessrio seguir o fluxo de informao e das mudanas na
sociedade contempornea. Alm disso, a capacidade de transformar a informao
aprendida em conhecimento tambm de grande relevncia no atual fluxo de mercado.
A economia eletrnica no pode mais funcionar sem profissionais capazes denavegar, tanto tecnicamente, quanto em termos de contedo, nesse profundo marde informao, organizando-o, focalizando-o e transformando-o em conhecimentoespecfico, apropriado para a tarefa e o objetivo do processo de trabalho. (...) Naeconomia eletrnica, os profissionais devem ser capazes de se reprogramar emhabilidades, conhecimento e pensamento segundo tarefas mutveis num ambienteempresarial em evoluo (CASTELLS, 2001, p. 77).
Essas exigncias, porm, excluem os que no se adaptam ao novo ritmo. A
carreira longa e previsvel est desaparecendo e, junto com ela, seus trabalhadores
(CASTELLS, 2001, p. 81). Muitos desses so pessoas que j esto no mercado de
trabalho, e que ainda no conseguiram se adaptar a essa nova realidade: os idosos de
hoje.
Grande parte dessa populao excluda da sociedade sedenta de eficincia e
rapidez. Entre os motivos da excluso est o descompasso entre a velocidade e fluidez
do mundo de hoje e o ritmo dos idosos.
9 Quando o indivduo no consegue se encontrar dentro da sociedade e est perdido em um turbilho deacontecimentos. (JAMESON, 1993, p. 43).
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Bobbio (apud MESSINA, 2003), observa o novo formato de relacionamento
interpessoal mediado pela tecnologia. O autor contrape a agilidade mental que a
velocidade exige do velho lentido dos movimentos do corpo e da mente, que, na
velhice, requerem tempos mais prolongados. Ainda segundo o autor:
o velho lida com essa angstia buscando refgio na memria viva de um tempoestvel e equilibrado, de modo a permanecer fiel a valores aprendidos einteriorizados durante a vida. E mantm seus hbitos como forma de resistncia smudanas, (...), no porque no o entenda, mas por falta de vontade, de motivaoe velocidade psquica para compreend-lo (BOBBIO apud MESSINA, 2003, p. 4).
Tudo isso resultado das alteraes biolgicas, inerentes ao ser humano. na
velhice que a sade torna-se mais sensvel, mas esse processo comum a todos, em
maior ou menor escala. Segundo Simone de Beauvoir (1990), na velhice:
a aparncia do indivduo se transforma e permite que se possa atribuir-lhe umaidade, sem muita margem de erro. Os cabelos embranquecem e se tornamrarefeitos, no se sabe por que (...) Por desidratao e em conseqncia da perdade elasticidade do tecido drmico, a pele se enruga. Os dentes caem (...) Oesqueleto sofre de osteoporose; a substncia compacta do osso torna-se esponjosae frgil... (BEAUVOIR, 1990, p. 34).
Todas essas mudanas biolgicas traduzem-se em fragilidade, que faz com que os
idosos no sejam considerados habilidosos em atividades comuns de hoje. Um exemplo
disso o trabalho, como Silva (apud ARAJO, 2000) ressalta:
A idade tem sido motivo de discriminao, mormente no que tange s relaes deemprego. Por um lado, recusa-se emprego a pessoas mais idosas, ou quando no,do-se-lhes salrios inferiores aos dois demais trabalhadores. Por outro lado, paga-se menos a jovens, embora para a execuo de trabalho idntico ao de homensfeitos (SILVA apud ARAJO, 2000, p. 6).
Hoje, no entanto, a medicina conhece as causas do envelhecimento e os modos de
amenizar essas transformaes, mas nem sempre foi assim. No Egito Antigo, por
exemplo, a medicina se confundia com a magia. Na Grcia, o mdico Hipcrates
comparou as etapas da vida s estaes do ano, sendo a velhice, o inverno.
Na Idade Mdia, porm, esse quadro mudou. O homem passou a ser respeitado por
sua capacidade fsica, sua habilidade para lutar e defender o pas, substituindo a
tradicional sabedoria humana, geralmente representada pelos mais velhos. Foi tambm a
partir desse perodo que se desenvolveu a anatomia, ramo do conhecimento que estuda a
estrutura e organizao dos seres vivos, tanto externa quanto internamente.
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A partir da, a medicina avanou de forma acelerada. Os tratamentos foram se
aperfeioando, assim como a cincia da geriatria. Atualmente, a medicina moderna
considera a velhice um prolongamento da vida, o que inerente ao processo de
existncia, e busca formas de atenuar os principais problemas recorrentes nesta idade.
Apesar da questo fisiolgica ser um fator de grande importncia para designar a
velhice, tanto no passado como hoje, essa questo no pode ser reduzida biologia.
Conforme assinala Beauvoir (1990), "a velhice no s um fato biolgico, tambm
cultural". Dessa forma, para compreender o que ser velho nos dias de hoje, preciso
considerar o contexto em que o indivduo est imerso.
O idoso e a sociedade
At meados do sculo XIX, a expectativa de vida era entre 30 e 40 anos. J a partirdo sculo XX, com a queda na taxa de natalidade e a entrada da mulher no mercado de
trabalho, o Brasil comeou a se tornar um pas velho.
O envelhecimento populacional um desafio gerado pelas demandas sociais eeconmicas, principalmente da previdncia e da assistncia sade. Dados doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, IBGE, do ano de 2007, comprovamque a expectativa de vida dos brasileiros superior aos 70 anos. Em 1980 paracada idoso havia 9,2 pessoas com idade entre 15 a 59 anos e a razo contribuintepor beneficirio era de 4,8 na Previdncia Social. No ano 2000, a razo decresceu,passando desse nmero para 2,8 (Guia Serasa de Orientao ao Cidado, 2003).
De acordo com a Pesquisa de Oramentos Familiares (POF), de 1996, a
aposentadoria responsvel por cerca de 60% da renda dos idosos que recebem at
cinco salrios mnimos no Brasil e aqueles que ganham at dois salrios mnimos
gastam 24,38% de sua renda na compra de remdios (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica - IBGE).
Alm desses, os outros itens que pesam no oramento dos idosos so o transporte,
a comunicao, e a alimentao fora de casa, responsvel pelo gasto de 14,54% dos
rendimentos dos homens e 7,36% do das mulheres.
De acordo com Lyod-Sherlock (2002), a velhice possui um forte componente
feminino. No Brasil, em 2000, elas eram responsveis por 55% da populao idosa. Isso
porque elas tm maior probabilidade de ficarem vivas e em situao econmica
desvantajosa, j que a maioria delas no trabalhou ao longo da vida. Por nunca ter
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trabalhado, o entrevistado 110 um exemplo. Por outro lado, so elas que praticam
atividades extra-domsticas, fazem cursos especiais, viagens, e at mesmo trabalho
remunerado temporrio com freqncia. O entrevistado 211 se enquadra nesse perfil, por
frequentemente viajar com um grupo de amigas, realizar trabalho voluntrio e praticar
atividades fsicas diariamente.
Exemplos como o do entrevistado 2 demonstram a preocupao da sociedade com
uma maior qualidade de vida. Em todas as fases, recomendvel adquirir hbitos
saudveis, como alimentao balanceada e a prtica de atividades. Dessa forma, o
indivduo alcana um melhor condicionamento fsico, eleva a sua auto-estima, e adquire
uma vida saudvel, digna e longeva (Anais da VI Jornada de Estudos e Pesquisas sobre
Envelhecimento Humano na Amaznia, 2007).
Com os idosos no diferente. O artigo 3 das Disposies Preliminares do Ttulo
I, do Estatuto do Idoso, diz ainda:
obrigao da famlia, da comunidade, da sociedade e do Poder Pblico assegurarao idoso, com absoluta prioridade, a efetivao do direito vida, sade, alimentao, educao, cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, cidadania, liberdade, dignidade, ao respeito e convivncia familiar e comunitria.
Quando isso no acontece comum o aparecimento de doenas como a depresso.
Segundo Luiz Roberto Ramos, diretor-cientfico da Sociedade Brasileira de Geriatria,estudos indicam que todas as pessoas esto propensas a ter pelo menos uma doena
crnica na velhice. Nesse caso, a participao da famlia fundamental no tratamento.
(Guia Serasa de Orientao ao Cidado, 2003).
Portanto, relacionamentos instveis, sobretudo com os familiares, potencializam
problemas de sade durante essa fase. Por se desentender com o nico filho,
principalmente, devido a questes financeiras, esse o caso do entrevistado 3 12.
Alm disso, necessrio que o idoso tenha conscincia de suas limitaes fsicas.Segundo o Guia de Orientao ao Cidado, os idosos so a parcela da populao que
10Gregria da Silva, 65 anos, solteira, semi-analfabeta, sete filhos. moradora do bairro do Marco, em Belm (PA),e tem como principal renda a ajuda dos filhos que ainda moram com ela, e de esmolas que arrecada em frente a umaigreja, no centro da cidade. Segundo a entrevistada, h ocasies em que depende da ajuda de outras pessoas para sealimentar. Apesar dos problemas de ordem financeira, Gregria afirma viver a melhor idade.11 Maria Luiza dos Santos, 66 anos, solteira, tem um filho de 41 anos, professora aposentada de lngua inglesagraduada pela Universidade Federal do Par. Mora sozinha em um apartamento prprio, localizado no centro deBelm. Ana Luiza tem como renda o valor da aposentadoria, que permite que viaje com certa frequncia com umgrupo de amigas e esteja envolvida em diversas atividades, inclusive, trabalho voluntrio. A entrevistada afirma estarna melhor idade apenas pelas boas condies de vida que possui, j que afirma se sentir muito sozinha. 12Nazareth Carvalho, 90 anos, viva, tcnica de enfermagem aposentada. Mora sozinha, tem um filho com quemmatem um relacionamento conturbado, e vive exclusivamente da aposentadoria e da venda de cosmticos. De acordocom a entrevistada, a melhor idade da vida foi a juventude, poca em que vivia em Santarm (interior do Par) comuma condio financeira estvel, diferentemente, da vivenciada hoje.
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mais sofre acidentes de trnsito. A presena de caladas esburacadas, com os degraus e
bloqueios fsicos, e as ms condies do transporte coletivo em Belm (PA), so
exemplos de como os idosos esto sujeitos a perigos (Anais da VI Jornada de Estudos e
Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amaznia, 2007). Apesar de ter carro
particular, o entrevistado 413 relatou ter tido dificuldades de locomoo, sobretudo, no
ato de subir no nibus. Segundo ele, a partir dessas dificuldades comeou a se
reconhecer como idoso.
O sedentarismo tambm a causa de diversas doenas, e o fato de deixar o idoso
alheio a algumas tarefas dirias pode ocasionar doenas e a sensao de inutilidade. Isso
ocorre, principalmente, devido ao impacto da aposentadoria, da perda da rotina de
trabalho, o que reforado pela valorizao do estar ocupado na sociedade atual.
A sensao de deslocamento e solido leva os idosos a se organizarem em grupos,
para a prtica de atividades como: cursos, viagens, exerccios fsicos, etc. No entanto,
existem idosos como o entrevistado 514, que continuam trabalhando.
Muitas dessas atividades, porm no so acessveis a todos. O entrevistado 1, por
exemplo, no tem acesso, porm afirma que, se possvel, faria parte de um grupo de
artesanato e dana. No caso do entrevistado 2 essa uma realidade.
No caso dos idosos que enfrentam dificuldades financeiras, como o entrevistado 1,
a televiso tida como uma das principais forma de lazer. Nri e Debert (2004)
mostram que o consumo desse meio de comunicao aumenta nessa idade. A TV
representa uma companhia, uma forma de distrair os idosos.
Apesar da presena da tecnologia, que alterou o modelo de relacionamento dos
idosos, muitos enfrentam dificuldades por no dominarem as novas tcnicas. O celular e
a internet, por exemplo, que atuam como mediadores das relaes inter-pessoais na
atualidade, so considerados por muitos idosos como verdadeiros viles.
Para o entrevistado 2, os aparelhos eletrnicos so encarados com certa repulsa.Ele afirmou que usa celular apenas por necessidade de comunicao, sobretudo, com as
13 Hlio Verssimo, casado, 74 anos, dois filhos que moram em Fortaleza, trs netos, arquiteto e professoraposentado do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Par. Morador do centro da cidade, oentrevistado possui casa prpria e vive exclusivamente do valor da aposentadoria e do salrio da esposa, que aindatrabalha. Em entrevista, Hlio disse estar na melhor idade, j que seus filhos esto criados, o que permite que ele e aesposa desfrutem das conquistas de toda a vida, como uma situao financeira estvel. Porm, para o entrevistado, oimportante chegar aos 60 anos sentindo-se til, como se sente, apesar da saudade da rotina na sala de aula.14 Carlos Estcio, radialista de 67 anos de idade, natural de Breves (PA). casado, tem filhos, e possui alto poder
aquisitivo. J foi prefeito de sua cidade natal, por dois mandatos, e eleito Deputado Estadual. Apesar da idade, oentrevistado ainda trabalha. Ele afirma no estar vivendo a melhor idade. Para ele, a vida feita de vrios melhoresmomentos.
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amigas do trabalho voluntrio e de caminhada. O entrevistado 4 tambm utiliza o
celular apenas por necessidade de falar com os filhos que moram em outro estado.
Enquanto o entrevistado 4 tem acesso quase que dirio tecnologia, o entrevistado
1 afirmou ter contato apenas com a televiso. Quando questionada sobre o uso de
celular ou de computador, a entrevistada afirmou no saber bater nessas coisas.
Novamente, a diferena de perfil e o acesso tecnologia so determinados pela
condio financeira.
O entrevistado 3 tambm comentou a relao com a tecnologia, e afirmou estar
acompanhando o avano tecnolgico, alm de fazer retrato no celular. J o
entrevistado 5 valoriza o celular, e o considera um grande avano tecnolgico,
principalmente por agilizar e dinamizar o meio radiofnico, no qual trabalha.
A tecnologia , ento, parte integrante da vida de todos, seja na forma de um
simples celular ou da televiso, to presente no dia-a-dia da maioria dos brasileiros.
Melhor idade: o discurso miditico
O formato das relaes e atividades dos idosos mudou nos ltimos anos, pautado
pela nova situao social, que acompanhada pela mdia. Essa, por sua vez, possui suas
prprias representaes desse pblico, que acabam reverberando no discurso da
sociedade, inclusive entre os prprios idosos, j que esses so grandes consumidores deprodues miditicas.
Por isso, o olhar nesta anlise recai sobre a edio especial da Revista Veja
intitulada Melhor Idade, publicada em 31 de agosto de 2005. A partir desse corpus,
levaremos em considerao o tratamento dado pela revista a questes como: o
comportamento dos idosos frente s mudanas sociais, o poder aquisitivo como fator
determinante do envelhecimento tranqilo, e a importncia de suas relaes
interpessoais.Antes de iniciar um estudo mais detalhado da publicao, importante destacar o
surgimento de novos termos para classificar pessoas com 60 anos ou mais. Palcios
(2004), discorre de forma elucidativa sobre o paralelismo semntico entre o vocbulo
velhice e a expresso terceira idade. De acordo com a estudiosa, velhice tornou-se
uma referncia pejorativa. Ela afirma que o termo assume um carter mais tradicional e:
(...) fortalece a compreenso de que o processo de envelhecimento representa uma
poca sombria, decrpita, repleta de temores da morte, de acometimento dedoenas, que culmina com o isolamento do indivduo dos processos desocializao, em sua fase final de vida (PALCIOS, 2004, p.2)
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A autora indica a emergncia de uma nova viso dessa faixa etria, sugerida pelo
termo terceira idade. Para Palcios (2004), o termo remete a uma compreenso de
seqncia, devido utilizao do numeral ordinal terceira, que enfatiza a existncia de
duas supostas fases anteriores: a primeira e a segunda idades. Essa idia de
continuidade justifica a ampla utilizao do termo terceira idade na esfera miditica,
em detrimento de vocbulos como velhice, envelhecimento e senilidade.
Blaikie (apud PALCIOS, 2004) associa a generalizao do uso do termo terceira
idade para referir-se velhice com a mudana de atitudes e valores relacionados com a
ps-modernidade. Segundo Palcios (2004), o autor enfoca o envelhecimento a partir de
dimenses discursivas e da construo social de imagens e identidades:
(...) enquanto a modernidade e o industrialismo tiveram por base a ideologia doprogresso, com a exortao do novo e, portanto, da juventude e a resultantedesvalorizao da experincia, vista como conhecimento obsoleto, a ps-modernidade tende a borrar as linhas da velhice e da aposentadoria (reforma) epromete, atravs das prticas e estmulos ao consumo que crescentemente sevoltam para as necessidades dos compradores mais velhos, tanto novaspossibilidades para o auto-desenvolvimento pessoal (cursos e atividades culturaisvoltadas para a terceira idade, universidades da terceira idade etc.), quanto umaumento da influncia cultural e poltica desse grupo (PALCIOS, 2004, p.5).
Nota-se ainda que essa sucesso de termos resultado da mudana de atituderelacionada aos idosos. Isso ocorreu a partir das dcadas de 1990, com a homologao,
no Brasil, da Lei 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispe sobre a Poltica Nacional do
Idoso, e, posteriormente, a criao do Estatuto do Idoso, no dia 1 de outubro de 2003.
A mudana de atitude acima referida resultado, segundo o artigo da defensora
pblica Mendona (2008), de uma nova tendncia mundial em termos de populao,
que prev a grande presena de idosos, embalada pelos desenvolvimentos tecnolgicos,
avanos da medicina e melhoria da qualidade de vida.Alm da expresso terceira idade, outro termo muito utilizado para designar a
velhice de forma mais leve e positiva: a melhor idade. A criao do termo baseada
na idia de que o pblico idoso est livre de obrigaes e preocupaes relacionadas a
assuntos como trabalho e filhos.
O termo melhor idade, funciona, ento, como alicerce de uma lgica de consumo,
que, atualmente, norteia o discurso dos meios de comunicao. Ou seja, a mdia sugere
que a velhice uma idade tranqila e agradvel, com o objetivo de vender a esse
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pblico servios e produtos. Justifica-se, ento, a larga utilizao do termo em
reportagens e publicidades.
No entanto, a construo discursiva melhor idade omite a marginalizao do
idoso na sociedade contempornea. A tecnologia de ponta, os novos processos sociais,
as diferentes formas de mediao das relaes interpessoais deixam os idosos margem
da conjuntura atual, em que a tecnologia comanda o mundo do real-virtual. No Brasil,
diferentemente de pases desenvolvidos, os modelos de comunicao voltados aos
idosos ainda so bastante incipientes, limitando-se aos segmentos de turismo, convnios
mdicos, indstria farmacutica e servios financeiros.
Esse discurso mercadolgico fica evidente logo no ttulo da edio da revista Veja
escolhida para a anlise: 'A Melhor Idade'. A base para a construo discursiva da
revista foi retratar a velhice como a melhor fase da vida, tanto na criao jornalstica
quanto publicitria. O editorial, ou 'carta ao leitor', deixa clara a linha do material a ser
trabalhado ao longo da publicao: a idia de que os idosos da contemporaneidade esto
redefinindo o conceito do que envelhecer.
As reportagens possuem, basicamente, o mesmo direcionamento, que consiste em
um discurso 'convidativo', firmado em um retrato entusiasmado da realidade dos
personagens. O objetivo deste discurso que os leitores se identifiquem com as histrias
apresentadas pelo veculo e passem a consumir aquele modelo de vida, mesmo que
simbolicamente. Alm da composio de pginas com fotos grandes e alegres, sempre
mostrando pessoas felizes, satisfeitas e quase nunca sozinhas, a revista tambm utilizou
inmeros depoimentos, inclusive, de pessoas famosas, apresentadas pela publicao
como brilhantes e no auge de suas vidas.
Entre os 26 depoimentos de pessoas famosas, merece destaque o depoimento do
antroplogo Roberto DaMatta, de 69 anos. Ele defende a idia de que, mesmo detendo
um amplo conhecimento, no se pode deixar de ter curiosidade pela vida. Em relao aofuturo, o estudioso afirma desejar permanecer na mesma casa, no mesmo escritrio e
continuar, conforme sua expresso, 'canibalizando' a juventude de seus alunos.
A matria sobre 'paquera'15 apresenta outro ponto interessante da construo da
revista: a preocupao em situar o idoso, oferecendo dicas de como se comportar,
assim como ocorre nas publicaes direcionadas para adolescentes. Isso explicita a
inexperincia da nova gerao de idosos em relao ao novo formato de
15 Pginas 20 e 21.
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relacionamento, j que, quando eram jovens, as relaes possuam um carter mais
recatado e formal, e hoje, a tecnologia media grande parte dessas relaes.
Outra caracterstica marcante da edio especial da Veja seu discurso
generalizante. Na revista, passada a idia de que todos os idosos levam uma vida
semelhante a das pessoas entrevistadas. Mas a realidade no essa, j que o ideal da
melhor idade projetado na revista um tanto elitista. Contudo, a questo financeira
aparece como um fator secundrio, no levando em considerao que, para custear o
modelo de vida que a revista publiciza, precisa-se de um alto poder aquisitivo.
Um exemplo disto a reportagem Amigos no fogo 16. No texto, apresentada a
histria de um grupo de amigos que se rene para degustao de vinho e para apreciar
uma boa culinria. No entanto, perceptvel que uma atividade como essa exige um alto
poder aquisitivo a conta de um dos grupos citados na reportagem chega a quatro mil
reais. Contudo, a matria no menciona a questo financeira como uma das
preocupaes freqentes entre os idosos, principalmente em um pas como o Brasil.
Nesse caso, observa-se uma lacuna entre o discurso da revista e o pblico a quem
diz se referir: as pessoas com ou mais de 60 anos. Percebe-se que, para o veculo,
vivenciar a melhor idade usufruir de servios e produtos caros, e um estilo de vida
sem preocupaes. notrio, porm, que grande parte dos idosos brasileiros no dispe
de condio financeira favorvel, como assinala o prprio IBGE.
A omisso da questo financeira do idoso tambm claramente percebida na
matria sobre beleza17. Apesar de trabalhar com dicas de sade, a rea da revista
dedicada a esse assunto apresenta uma nica soluo: a cirurgia plstica. Como ns
observamos anteriormente, o discurso da revista oferece uma melhor idade sem
mencionar quanto isso custaria. Nesse ponto, fica claro como o discurso de melhor
idade pautado no consumo de determinados servios, produtos, e estilos de vida.
J em relao aos anncios que compem a revista, importante destacar aadaptao de algumas propagandas para o veculo, como a da marca de laticnios
Perdigo e do iogurte Activia. Nesses exemplos, o pblico-alvo especfico da pea no
definido. Apenas a partir do suporte miditico no qual so veiculadas (Veja Especial
Melhor Idade), possvel subentender de que as propagandas so destinadas a idosos.
Os anncios presentes na revista se utilizam do contexto da edio para veicular
suas marcas, produtos e servios. A propaganda do Banco Cruzeiro do Sul, por
16 Pginas 32 e 33.17 Pginas 34 e 35.
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exemplo, trabalha com o conceito de Melhor Idade sustentado na edio, o que pode
ser detectado no texto da pea: o bom da vida est s comeando.
No entanto, a publicidade mais freqente na revista a do complexo vitamnico
Centrum Silver, que est presente em cinco das 42 pginas da publicao. Os anncios
foram criados com base no assunto da reportagem que o antecede. Um exemplo disso
est na pgina 30, na qual so apresentadas dicas sobre planos de previdncia privada. O
texto do anncio posterior matria se refere ao Centrum Silver como uma opo para a
sade, sem abalar a sade financeira.
Construes como a da Revista Veja, que anunciam a terceira idade como uma fase
maravilhosa, omitindo outras questes fundamentais, so extremamente comuns. Esse
discurso, largamente utilizado pela mdia, acaba reverberando no discurso da sociedade.
O entrevistado 1, independentemente de sua condio financeira, absorveu de tal forma
o discurso da mdia que acredita viv-la, apenas pelo fato de ter mais de 60 anos. Este,
porm, no possui condies financeiras para usufruir das opes sugeridas pelo corpus
dessa anlise. No entanto, se pudesse, afirma que no hesitaria em adquiri-los.
No caso do entrevistado 2, que possui situao financeira favorvel, possvel
consumir o estilo melhor idade oferecido pela revista. Apesar de afirmar que est
vivendo a melhor idade, por estar livre de obrigaes e fazer o que quer, quando
quer, o entrevistado entra em contradio quando o mesmo afirma que se envolve no
mximo de atividades, no por gostar, mas por no desejar ficar sozinha em casa.
Exemplos como esse, evidenciam o carter mercadolgico do termo melhor
idade, que mesmo com tantas opes de servios e produtos para aproveitar a vida,
no consegue suprir e nem mesmo driblar os conflitos que os idosos vivenciam nesse
perodo devido, sobretudo, s mudanas fsicas e perda de rotina, em uma sociedade
que valoriza apenas o que eficiente.
Por meio da realizao dessa pesquisa, observou-se que por no mencionar arelao de dependncia da situao do idoso com sua condio financeira, um veculo
de comunicao pode vender uma imagem ilusria da realidade. A melhor idade que a
mdia divulga apresentada como forma de superao das atribulaes desse perodo.
Porm, no se pode esquecer do carter de utilidade pblica que a mdia realiza, dando
nfase a atividades que proporcionam qualidade de vida a pelo menos parte desse grupo.
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Consideraes Finais
A percepo de velhice como uma fase decadente e infeliz no mais
hegemnica na contemporaneidade. O advento da modernidade, que colocou a cincia
como reveladora da verdade, alterou o prprio entendimento do funcionamento do
corpo, alargando a expectativa de vida das pessoas, e a possibilidade de aproveitar a
vida por mais tempo. Esse desenvolvimento da cincia alterou a percepo da idade da
velhice, j que agora, existe a possibilidade de se viver mais e melhor.
A tecnologia tambm alterou profundamente a vida dos idosos, que, muitas
vezes, se veem obrigados a acompanhar o ritmo acelerado da sociedade contempornea,
o que no lhes natural. Entretanto, muitos idosos no conseguem seguir esse ritmo e,
por isso, se sentem excludos e deslocados socialmente.
Nesse contexto, ressalta-se a importncia da famlia, que deve amparar o idoso,
incentivando-o para que ele se mantenha em atividade. Alm disso, o prprio indivduo
precisa ter a conscincia de que necessrio se adaptar nova realidade. Essa adaptao
deve se realizar tanto no sentido social quanto fsico. Para tal, o idoso deve buscar o
auto-reconhecimento, sabendo que a velhice somente uma nova etapa de sua vida, e a
conseqncia direta das fases anteriores, idia explicitada pelo termo terceira idade.
No entanto, os meios de comunicao utilizam-se com mais freqncia do termo
melhor idade. Apesar de evidenciar seu carter social, ao publicizar esse perodo como
a melhor idade da vida de uma pessoa, o principal objetivo da mdia, percebido atravs
do corpus, o apelo mercadolgico e a lgica do consumo. Todavia, nem toda a
populao idosa tem condies financeiras de viver essa melhor idade criada pela
mdia. Alm disso, no se pode considerar que a representao miditica de velhice
ideal a nica possvel, pois essa pode variar conforme as diferenas culturais
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