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O impacto da NBR 15575/13 (norma de desempenho) na concepção de projetos e da construção Julho/2016 1 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016 O impacto da NBR 15575/13 (norma de desempenho) na concepção de projetos e da construção Marta Mayer Feitosa de Oliveira - email: [email protected] Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG João Pessoa, 03 de agosto de 2015, João Pessoa-PB Resumo Esta pesquisa aborda a NBR 15575/13, conhecida como Norma de Desempenho. Pretende-se, através do referido estudo, contextualizar historicamente a supracitada norma, bem como trazer o conceito de desempenho e distiguir as normas de desempenho das demais normas prescritivas. Foi mister adentrar nos conceitos de vida útil e vida útil de projetos, haja vista que estão intriscicamente ligada à nova Norma. A vigência da NBR 15575/13 trouxe determinadas incumbências aos intervenientes: projetistas, construtores, incorporadores, fornecedores e usuários. Explanou-se a respeito do papel do arquiteto e construtor ante essas alterações significativas na concecpção de projetos no setor da construção. Foi premente listar as dificuldades, entraves e custos em relação a essa adaptação. Por fim, apresentou-se o resultado da aplicação de uma pesquisa quantitativa, feita através de um questionário e uma entrevista com profissionais da área, no intuito de traduzir o sentimento atual em relação à Norma. Em anexo, achou-se por bem, destacar algumas exigências relativas a projetos colhidos de cada uma das seis partes da NBR. Utilizou-se, trabalhos científicos como monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado, além de, vários artigos disponíveis em meio eletrônico, tudo na intenção de esmiuçar a temática e fazer deste um trabalho inovador e exclusivo. Palavras-chave: NBR 15575. Desempenho. Vida útil. Vida útil de projeto, Incumbência dos intervenientes. 1. Introdução Hodiernamente muito se fala da nova Norma de Desempenho que entrou em vigor em julho de 2013. Talvez ela seja um divisor de águas na construção civil, especialmente por que apresenta critérios mínimos de exigências nas edificações habitacionais. Várias destas exigências não eram, se quer, observadas. Essa norma garantirá a vida útil de projeto da edificação - novo conceito introduzido com a NBR 15757/13 - desde que atendidos alguns requisitos de construção e manutenibilidade (pós-obra). Sem o condão de ter a primazia sobre o estudo, mas sim de abordar alguns assuntos relacionados ao tema, tentou-se pontuar os principais conceitos e dar um panorama histórico à evolução do que vem a ser desempenho para, em um segundo momento, explanar o impacto

O impacto da NBR 15575/13 (norma de desempenho) na ... Resumo Esta pesquisa aborda a NBR 15575/13, conhecida como Norma de Desempenho. Pretende-se, através do referido estudo, contextualizar

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O impacto da NBR 15575/13 (norma de desempenho) na concepção de projetos e da

construção Julho/2016 1

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016

O impacto da NBR 15575/13 (norma de desempenho) na concepção

de projetos e da construção

Marta Mayer Feitosa de Oliveira - email: [email protected]

Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

João Pessoa, 03 de agosto de 2015, João Pessoa-PB

Resumo

Esta pesquisa aborda a NBR 15575/13, conhecida como Norma de Desempenho. Pretende-se,

através do referido estudo, contextualizar historicamente a supracitada norma, bem como

trazer o conceito de desempenho e distiguir as normas de desempenho das demais normas

prescritivas. Foi mister adentrar nos conceitos de vida útil e vida útil de projetos, haja vista

que estão intriscicamente ligada à nova Norma. A vigência da NBR 15575/13 trouxe

determinadas incumbências aos intervenientes: projetistas, construtores, incorporadores,

fornecedores e usuários. Explanou-se a respeito do papel do arquiteto e construtor ante essas

alterações significativas na concecpção de projetos no setor da construção. Foi premente listar

as dificuldades, entraves e custos em relação a essa adaptação. Por fim, apresentou-se o

resultado da aplicação de uma pesquisa quantitativa, feita através de um questionário e uma

entrevista com profissionais da área, no intuito de traduzir o sentimento atual em relação à

Norma. Em anexo, achou-se por bem, destacar algumas exigências relativas a projetos

colhidos de cada uma das seis partes da NBR. Utilizou-se, trabalhos científicos como

monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado, além de, vários artigos disponíveis

em meio eletrônico, tudo na intenção de esmiuçar a temática e fazer deste um trabalho

inovador e exclusivo.

Palavras-chave: NBR 15575. Desempenho. Vida útil. Vida útil de projeto, Incumbência dos

intervenientes.

1. Introdução

Hodiernamente muito se fala da nova Norma de Desempenho que entrou em vigor em julho

de 2013. Talvez ela seja um divisor de águas na construção civil, especialmente por que

apresenta critérios mínimos de exigências nas edificações habitacionais. Várias destas

exigências não eram, se quer, observadas. Essa norma garantirá a vida útil de projeto da

edificação - novo conceito introduzido com a NBR 15757/13 - desde que atendidos alguns

requisitos de construção e manutenibilidade (pós-obra).

Sem o condão de ter a primazia sobre o estudo, mas sim de abordar alguns assuntos

relacionados ao tema, tentou-se pontuar os principais conceitos e dar um panorama histórico à

evolução do que vem a ser desempenho para, em um segundo momento, explanar o impacto

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dessa nova Norma na concepção de projetos e da construção civil. Assim, foi conveniente

elaborar uma pequisa quantitativa no intuito de buscar essas respostas, visto que não se

encontraria esse sentimento positivado em outros artigos, sobretudo por ser uma concepção

ainda em formação, devido a recém implantação da norma.

Convém mencionar que foi preciso analisar essas novas diretrizes (ou parâmetros) da Norma

de Desempenho para traçar uma cartilha com algumas exigências à luz da NBR 15575/13,

com intuito de ajuda na elaboração de projetos e no planejamento da construção, como forma

orientativa para os profissionais da área.

Inês Battagin (2010 apud LORENZI, 2013: 21) pontua que o tripé da Construção Civil, que

impulsiona o conceito de desempenho, é: projeto, execução e uso. O projeto enquanto

preocupação com os conceitos, a execução buscando as premissas do desempenho e, por fim,

o usuário a fazer uso adequado da construção.

A NBR 15575/13 surgiu para que os projetos e execuções habitacionais preocupassem-se com

as seguintes questões: segurança , habitabilidade e sustentabilidade. Pois a baixa qualidade

das habitações populares brasileiras passaram a ser corriqueiras. As construções estavam

apresentando envelhecimento precoce, devido a estarem expostas a ambientes extremamente

desfavoráreis. Alguns dos motivos para isso são: poluição urbana, celeridade no ritmo da

construção, emprego de materiais inapropriados, problemas de projetos e execução, dentre

outros. A combinação de um ou mais desses fatores fez surgir precocimente manifestações

patológicas; afetando assim, a durabilidade, estética, segurança e utilização dessas edificações

(POSSAN; DEMOLINER, 2013: 1-2).

A Norma de Desempenho é composta por seis partes. Quais sejam:

Parte 1: Requisitos gerais

Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais

Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos

Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas (SVVIE)

Parte 5: Requisitos para os sistemas de cobertura

Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários

Obsta dizer, que a NBR 15575/13 não se aplica a "obras já concluídas/ construções existentes;

obras em andamento na data da entrada em vigor da norma; projetos protocolados nos órgãos

competentes até a data da entrada em vigor da norma; obras de reforma ou retrofit e

edificações provisórias." (CBIC, 2013: 30/31).

De forma bem genérica, as pesquisadoras Vivian Oliveira e Maria Hippert (2014: 2113, grifos

nossos) resumem os tópicos que estão presentes em todos os sistemas prescritos na Norma.

Quais sejam: requisitos, critérios e métodos de avaliação.

Os requisitos especificam os níveis mínimos de desempenho que devem ser

alcançados para garantia da vida útil e desempenho do sistema avaliado. Os

critérios de desempenho expressam a quantificação dos requisitos abordando as

exigências dos usuários e as condições de exposição a que está submetida à

edificação. Os métodos de avaliação especificam a forma de avaliação para

certificação de desempenho de um determinado subsistema e podem ser

estabelecidos através de análises visuais e de análise de projeto arquitetônico, de

ensaios in loco, cálculos ou ensaios em laboratórios.

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Mas qual o objetivo da NBR 15575/13? Conforme Lorenzi (2013: 1, grifos nossos) a

NBR 15575 tem o objetivo de regular e avaliar o desempenho de edificações

habitacionais quanto ao atendimento às exigências do usuário ao longo da vida útil,

tendo como premissa provocar um "pensar" na concepção de edificações focado no

comportamento em uso, na função a que se destina e nas condições de exposição,

isto é, aplicando o conceito de desempenho.

Para que isso ocorra, é premente que toda a cadeia produtiva do setor construtivo envolva-se.

Inevitavelmente, surgirão novas soluções de engenharia. Porém, a consequência disso será a

maior qualidade nas edificações habitacionais. O que de fato, é um enorme avanço no setor

construtivo.

Vale ressaltar que essa mudança não acontecerá da noite para o dia. Pesquisadores no tema

(SILVA, 2011; BORGES, 2012 apud LORENZI, 2013: 2) afirmam que essa mudança "será

longa, gradual e irreversível". E mais, que esse novo conceito de desempenho deverá estar

implantando entre quatro e cinco anos no setor da construção, haja vista que o setor envolve

muitos agentes, bem como, a complexidade do ramo da construção.

2. Desenvolvimento

2.1 Contextualização histórica da NBR 15575/13

Desde o ano de 1975 o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) elaborava estudos sobre o

conceito de desempenho. A implantação desse conceito foi longa e envolveu discussões

"entre universidades, institutos de pesquisa, empresas, sindicatos, associações do setor

imobiliário e da construção civil." (BRASIL adota novos padrões de qualidade para

construção de casas e apartamentos, 2013: 2).

A NBR 15575 começou a ser pensada no ano de 2000, tendo surgido da necessidade premente

da Caixa Econômica Federal (CEF) que financiou o projeto de pesquisa cujo título era:

Normas Técnicas para Avaliação de Sistemas Construtivos Inovadores para Habitações, do

Programa Habitare com recursos financiados pela Financiadora de Estudos e Projetos

(FINEP), empresa esta, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (GONÇALVES,

2014: 29; BORGES, 2008: 21). A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) quis

então transformar esses estudos em uma norma técnica.

Os princípios da nova Norma que ora se delimitava eram fundamentados em trabalhos

publicados pelo IPT, entre 1981 e 1998, como também, pelo Manual de Avaliações da CEF

de 2000.

No ano de 2002, o Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e o

Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis

Residenciais e Comerciais (Secovi), somaram forças a essa elaboração através da participação

em grupos de estudos.

Foi somente no ano de 2004 que as reuniões públicas aconteceram. Agora sim, com o

envolvimento de empresários do setor da Construção, profissionais da área acadêmica, peritos

técnicos, dentre outros (GONÇALVES, 2014: 29; MATTOS, 2013: 32).

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Em 2007, foi efetivamente disponibilizada a primeira edição da Norma de Desempenho para

consulta pública, sendo publicada em 12 de maio de 2008 com vigência após 02 anos, em 12

de maio de 2010 e com exigibilidade válida após 06 meses, ou seja, em 12 de novembro de

2010. Nesse momento, a NBR havia sido elaborada para edificações habitacionais de até

cinco pavimentos.

Porém, entre 2010 e 2012 a norma teve sua exigibilidade suspensa. Ela não entrou em vigor.

Vários setores da Construção - quer sejam profissionais, universidades, instituições

tecnológicas, quer seja o setor produtivo - pressionaram a ABNT representada pelo Comitê

Brasileiro da Construção Civil (CE 02:136.01 do ABNT/CB-02) que estava à frente da

elaboração da norma por correção em seus textos-bases, haja vista que algumas exigências

eram "[...] aquém das expectativas da sociedade, e outras com certa dissonância em relação à

atual capacidade econômica do país", conforme declarou Paulo Safady Simão, presidente da

Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2013: 6). Esse mesmo presidente, ainda

afirmou que esse conjunto normativo representa um "importante e indispensável marco para a

modernização tecnológica da construção brasileira e melhoria da qualidade de nossas

habitações." (CBIC, 2013: 7). Nesse intervalo de tempo, "ocorreram 16 audiências públicas

com seis grupos de trabalho. O grupo revisor da ABNT recebeu quase 5.000 sugestões de

modificações." (BRASIL adota novos padrões de qualidade para construção de casas e

apartamentos, 2013: 3).

Em 2011, o engenheiro Fábio Villas Boas coordenou os trabalhos de revisão da Norma.Vários

debates foram realizados e depois a norma foi enviada à consulta pública nacional

(LORENZI, 2013: 16).

Finalmente, em 19 de fevereiro de 2013, após várias retificações e devendo agora ser aplicada

a qualquer edificação habitacional sem limite de número de pavimentos, a nova Norma de

Desempenho foi publicada. Com vigência a partir de 19 de julho de 2013.

2.2 Conceito de Desempenho e sua evolução na Engenharia

Talvez o primeiro registro na história da humanidade sobre a preocupação com a qualidade e

o desempenho das edificações construídas seja o Código de Hamurabi, instituído pelo Rei

Hamurabi que governou a Babilônia. Ele foi talhado em pedra a mais de 4000 a.C., e,

hodiernamente, está exposto no Museu do Louvre em Paris (GONÇALVES, 2014: 32). O

artigo 229 e seguintes remete ao desempenho em segurança estrutural. A saber:

artigo 229 - Se um arquiteto constrói para alguém e não o faz solidamente e a casa

que ele construiu cai e fere de morte o proprietário, esse arquiteto deverá ser morto.

artigo 232 - Se destrói bens, deverá indenizar tudo que destruiu e porque não

executou solidamente a casa por ele construída, assim que essa é abatida, ele deverá

refazer à sua custa a casa abatida.

artigo 233 - Se um arquiteto constrói para alguém uma casa e não a leva ao fim, se

as paredes são viciosas, o arquiteto deverá à sua custa consolidar as paredes.

É evidente que naquela época não se pensava em desempenho da forma como atualmente é

pensada. Não existia, se quer, a preocupação com a escolha dos materiais, as dimensões

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necessárias da casa, nem tampouco as preocupações com as técnicas e boas práticas de

edificação. Porém, existia uma responsabilidade imputada ao construtor caso o resultado

esperado não fosse obtido. Para Carlos Borges (2008: 26), o "comportamento em uso da

construção é claramente definido, ou seja, o seu desempenho desejado."

Convém referenciar também a Bíblia, que no Evangelho de São Lucas, Capítulo 6, versículo

48 traz uma preocupação em se edificar uma casa firme para que ela tenha o "desempenho"

satisfatório e não venha a ruir:

É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs

os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente

naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha (grifos

nossos).

Dito isto, pode-se afirmar que o desempenho é antes de tudo uma questão de planejamento.

De antever possíveis e prováveis ocorrências. É a previsão e garantia de que o uso, a que se

destinam determinados sistemas das edificações, seja garantido a contento.

Nesse momento, convém traçar a evolução do conceito de desempenho na Engenharia.

No início do século XX, surge o uso do concreto e aço nas edificações. A utilização do

concreto armado alterou significativamente as tecnologias e formas de construção até então

utilizadas. Sendo assim, as construções tornaram-se mais esbeltas e verticalizadas. Por

conseguinte, o comportamento das edificações igualmente sofreu alteração (LORENZI, 2013:

12).

Nos Estados Unidos, em 1925, através do U. S. National Bureau of Standards (predecessor do

National Institute of Standards (NIST), foi publicado um relatório cujo título era: Práticas

Recomendadas na Preparação de Códigos de Obra, já demonstrando a preocupação com

desempenho, mesmo que seu conceito ainda não tivesse sido estudado de forma sistêmica e

estruturada. Esse relatório determinava que os requisitos, sempre que possível, fossem

estabelecidos tomando como parâmetro o desempenho, com resultados baseados em teste para

as condições de uso (BORGES, 2008: 27). Entendia-se que naquela época, tratar do

desempenho ajudaria no desenvolvimento tecnológico. Nas décadas seguintes, (30 e 40) a

expressão performace requeriments1 foi cunhada, e o termo ganhou destaque.

Nos países desenvolvidos (EUA e alguns países europeus), desde a década de 60, já se

comentavam sobre desempenho associando-o ao comportamento dessas construções

relacionadas a seus usos. Buscou-se consolidar o conceito e aplicá-lo na prática. (LORENZI,

2013: 13).

Isso foi necessário porque o cenário mundial pós II Grande Guerra estava caótico e muitas

cidades europeias haviam sido assoladas pela guerra. Desse modo, seria necessário reconstruir

determinadas regiões. Seria preciso traçar metas, um verdadeiro plano de recuperação. Essas

reconstruções deveriam ser rápidas e ter suas técnicas racionalizadas e otimizadas, sem que

com isso houvesse queda do desempenho. Em 1953 surge o Conselho Internacional de

Construção (CIB), cujo intuito era trocar informações entre os países, divulgação de pesquisas

e de novos sistemas construtivos. É provável que esse tenha sido um marco dos primeiros

1 Requisitos de desempenho.

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movimentos para a consolidação da busca pela qualidade no setor da construção civil.

(CORDOVIIL, 2013: 1). O CIB2 trabalhava com testes laboratoriais no meio acadêmico,

pesquisadores individuais e pesquisas na área de construção.

Em sua dissertação de mestrado Carlos Alberto de Moraes Borges (2008: 27) afirmou que na:

década de 70, também nos Estados Unidos, o U.S. Department of Housing and

Urban Development, também vinculado ao National Institute of Standards,

patrocinou um grande programa chamado de 'Operation Breakthrough', que tinha

por objetivo desenvolver critérios para projetos e para a avaliação de sistemas

inovadores voltados à construção de casas. Seu resultado levou à publicação, em

1977, de um documento contendo a definição de critérios de desempenho.

Em 1982, a definição de desempenho foi cunhada pelo coordenador da Comissão de Trabalho

W060 do CIB. Tal comissão foi criada em 1970, quando passou a estudar mais

profundamente essa temática. Cite-se:

A abordagem de desempenho é, primeiramente e acima de tudo, a prática de se

pensar em termos de fins e não de meios. A preocupação é com os requisitos que a

construção deve atende e não com a prescrição de como esta de ser construída.

(GIBSON apud BORGES, 2008: 28).

No dizer de Carlos Borges (2008: 27) esse é o melhor conceito do que seja desempenho.

Em 1984, a ISO 6241 que tratava da avaliação de desempenho em edifícios é normatizada.

Sem dúvidas ela serviu para melhorar a qualidade na indústria, justamente por poder mensurar

o desempenho das edificações. A ISO 6241 balizou os países signatários na elaboração de

Normas de Desempenho e serviu como norte para estipulação dos requisitos funcionais dos

usuários que até hoje são bastante utilizados e permanecem na NBR 15575/13. (BORGES,

2008: 30). A única ressalta a ser feita é que a ISO não previu a questão da sustentabilidade.

Mas isso se justifica porque a questão ambiental não tinha força na década de 80.

Três anos depois, em 1987, surge a ISO 9001 e suas posteriores revisões em intervalos de seis

anos. (CORDOVIIL, 2013: 1). Pode-se dizer, que essas normas corroboraram na melhoria da

qualidade no setor da construção, haja vista as certificações e buscas de melhorias contínuas

com adoção dos indicadores de qualidade.

Na década de 90, no cenário europeu, países como Espanha, Holanda , Dinamarca e Irlanda já

adotavam medidas com o intuito de avaliar o desempenho das edificações em relação ao

desempenho no consumo de energia. (KERN; SILVA; KAZMIERCZAK, 2014: 90).

Contudo, no Brasil a discussão sobre a qualidade e o desempenho seguiu a passos mais lentos

em comparação com o cenário internacional. Na década de 70, o tema apareceu em trabalho

acadêmico do professor Teodoro Rosso da Faculdade de Arquitetura de São Paulo. Nessa

mesma década, houve grande demanda de construções populares financiadas pelo Banco

Nacional da Habitação. Porém, foi na década seguinte que o desempenho de edificações

ganhou propulsão através dos trabalhos publicados pelo IPT. (BORGES, 2008: 39-40).

2 Em 1998 o nome do CIB foi alterado para Conselho Internacional de Pesquisa e Inovação na Construção,

porém a sigla permaneceu sendo utilizada.

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Em 1986 o Banco Nacional da Habitação (BNH) foi extinto e suas atribuições foram

transferidas para a Caixa Econômica Federal. Em 1997, a CEF contratou o IPT para revisar

projetos de pesquisa feitos na década de 80, bem como, desenvolver novos projetos.

Em 1988 o IPT publicou o livro intitulado Tecnologia de Edificações e em 1995, apoiado pela

FINEP, publicou o trabalho Normas Mínimas de Desempenho. (LORENZI, 2013: 15).

Em 2000, o Governo Federal lançou o Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas

de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC) como parte do Programa Brasileiro da

Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Com isso buscou-se primar pela qualidade

no setor da construção. O objetivo do PBPQ-H "é organizar o setor da construção civil em

torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização

produtiva." Isso é conseguido através da multidisciplinaridade: melhoria da qualidade dos

materiais, melhor qualificação da mão de obra, normalização, capacitação de laboratórios,

consumidores bem informados, divulgação de conhecimento entre os setores da Indústria da

Construção (O PBQP-H, grifos nossos). Note-se que todo esse cenário tente a desaguar no

conceito de desempenho.

Em 2001, o Estatuto da Cidade é aprovado como Lei Federal nº 10.257 visando garantir a

função social da propriedade e da cidade. "A nova fase que se segue é marcada pela

institucionalização de órgãos governamentais, como o Ministério das Cidades, e pela criação

de um conjunto de instrumentos visando à estruturação do setor habitacional." (HYBINER at

al., 2014: 4). De certa forma, esse instrumento, "estabelece normas de ordem pública e

interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da

segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental" (Estatuto das

Cidades, art. 1º, parágrafo único). Mas o que seria a segurança e o bem-estar dos cidadãos

senão que as Cidades tenham edificações pensadas nesse quesito? Não seria isso desempenho

e sustentabilidade? Certamente esses conceitos entrelaçam-se, concatenam-se.

Mesmo que a sociedade e a CEF não reconheçam o impacto financeiro desse novo conjunto

normativo, a postura da CEF é exigir dos que pretendem construir pelo Programa Minha Casa

Minha Vida uma declaração de conformidade entre os projetos e a NBR 15575/13.

(KLAVDIANOS, 2014).

Ademais, enfatiza-se que a criação do SINAT (Sistema Nacional de Avaliação Técnica) -

ligado ao Ministério das Cidades, através do PBQP-H - visa operacionalizar a criação de

infraestrutura para o desenvolvimento tecnológico. O objetivo do SINAT é "avaliar novos

produtos utilizados nos processos de construção." (PROJETOS).

Insta mencionar que o conceito de desempenho foi sendo moldado ao longo de muitos anos.

Ter uma Norma de Desempenho em nosso ordenamento jurídico é uma conquista

significativa. Fazer com que ela seja cumprida, será outra tarefa árdua. Porém, é certo que

tudo corrobora para um aprimoramento na forma de se trabalhar e com boas práticas

executivas, talvez se consiga mudar a mentalidade de toda a cadeia produtiva da Construção

Civil.

2.3 Norma de desempenho x norma prescritiva

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Importante é pontuar a diferença existente entre a norma de desempenho e as demais normas

prescritivas. Reproduz-se, ipsis litteris, da própria NBR 15575/13 - parte 1 (página 9) tais

definições.

norma de desempenho: conjunto de requisitos e critérios estabelecidos para uma

edificação habitacional e seus sistemas, com base em requisitos do usuário,

independentemente da sua forma ou dos materiais constituintes.

norma prescritiva: conjunto de requisitos e critérios estabelecidos para um produto

ou um procedimento específico, com base na consagração do uso ao longo do

tempo.

Assim sendo, a norma de desempenho preocupa-se com o resultado, ou seja, com as saídas.

Covelo Silva (2010 apud LORENZI, 2013: 18) define que "o desempenho não está

preocupado com a forma com que a edificação foi construída, mas com o resultado

apresentado".

Ela é, ao mesmo tempo, quantitativa e qualitativa e diz respeito ao funcionamento de todos os

seus sistemas (conjunto). Ela estabelece os critérios (quantitativos), não se importando com os

materiais em sim. Ela quer simplesmente que as necessidades dos usuários sejam atendidas.

Assim sendo, os "requisitos do desempenho são expressos em termos qualitativos"

(MIRANDA, 2014: 23). Já as normas prescritivas, ensinam como fazer. A norma prescritiva

"especifica os meios e não os fins que se deseja atingir". (KERN; SILVA; KAZMIERCZAK,

2014: 92). Portanto, elas devem seguir um roteiro, um passo a passo. Elas descrevem os

métodos para obter um determinado resultado. Referem-se aos produtos, aos aspectos

quantitativos.

Não há uma prevalência de uma norma em detrimento. Igualmente, não há conflito entre elas.

Ambas somam-se, complementam-se.

As exigências são de tipos diferentes, mas ambas devem ser atendidas. Na verdade,

a Norma de Desempenho é como se fosse a norma-mãe, ou um guia remissivo

para mais de 157 normas prescritivas existentes, onde ela coordena a execução

das outras, uma vez que estabelece critérios mais gerais de funcionamento. (SETE

perguntas sobre a norma de desempenho de edificações, 2013: 01, grifos nossos).

Desta feita, sistemas inovadores não estão abarcados pelas normas prescritivas, justamente

por que não foram submetidos a testes e ensaios em um lapso temporal. Porém, esse mesmo

sistema inovador poderá ser utilizado, desde que sejam atendidos as especificações de

desempenho (confortos térmico e acústico, segurança, durabilidade, manutenibilidade, dentre

outros). Para exemplificar, é possível edificar uma casa com estruturas em bambu. Não existe

norma prescritiva para esse material alternativo (existe para estruturas em concreto armado,

estruturas metálicas, estruturas pré-moldadas), mas se ele atender os requisitos de

desempenho - estabilidade e segurança estrutural - é perfeitamente possível essa utilização no

setor da construção civil.

A Norma de Desempenho deve ser "entendida" como um "selo", ou seja, como uma

referência para a Construção Sustentável; semelhante a existência de outros selos. Citem-se:

Etiqueta Procel Edifica (Eletrobrás), Selo Casa Azul (Caixa Econômica Federal), Selo LEED

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(Green Building Council Brasil), Selo AQUA (Fundação Vanzolini), dentre outros. (TELLO;

RIBEIRO, 2012, p. 80). Talvez essa seja a maior mudança de paradigma nesses próximos

anos. Fazer com que os envolvidos no processo captem a real essência da norma:

projetar/edificar com responsabilidade e comprometimento, obedecendo a padrões mínimos

exigidos, garantindo assim construções com segurança (segurança estrutural; segurança contra

o fogo; segurança no uso e na operação), habitabilidade (estanqueidade; desempenhos

térmico, acústico e lumínico; saúde, higiene e qualidade do ar; funcionalidade e

acessibilidade; conforto tátil e antropodinâmico) e sustentabilidade (durabilidade;

manutenibilidade; impacto ambiental). (NBR 15575-Parte 1, 2013: 11).

2.4 Vida útil x Vida útil de projeto

A Norma de Desempenho parece ter introduzido um novo conceito. Talvez a primeira norma

técnica brasileira a descrevê-lo. Qual seja: vida útil de projeto (VUP), que difere

simplesmente do conceito de vida útil (VU). É necessário distinguir estes conceitos e

esclarecer pontos pertinentes a ambos. Extraem-se literalmente da Norma estas definições

(NBR 15575/13 - parte 1, p. 10):

Vida útil - Período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às

atividades para as quais foram projetados e construídos considerando a

periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no

respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção (a vida útil não pode ser

confundida com prazo de garantia legal e certificada).

Vida útil de projeto - Período estimado de tempo para o qual um sistema é

projetado a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos nesta norma,

considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio do

conhecimento no momento do projeto e supondo o cumprimento da periodicidade e

correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo Manual

de Uso, Operação e Manutenção (a VUP não deve ser confundida com tempo de

vida útil, durabilidade, prazo de garantia legal e certificada).

Se se pudesse transcrever através de uma equação matemática o que é vida útil, essa equação

seria:

VU = VUP + Manutenção (usuário) - Nº (ações imprevisíveis)

Assim sendo, o valor real de tempo da vida útil de qualquer sistema deverá ser igual a vida

útil para qual ele foi projetado para durar, somadas às manutenções feitas pelo usuário e

excluídas as ações imprevisíveis, ou seja, caso hajam alterações de características urbanísticas

(sistema viário, proximidade de aeroportos e ferrovias), geomorfológicas (topografia, altura

do lençol freático, alteração do relevo), ambientais (poluição do ar e solo, zonas litorâneas) e

climáticas (precipitação pluviométrica, ventos, temperaturas, umidade relativa do ar, níveis de

radiação solar) (CBIC, 2013: 198). Dessa forma, verifica-se que o projetista somente é

responsável pela vida útil do projeto. Ele tem que especificar os materiais adequados e

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discriminar esses sistemas, com também descrever as corretas e adequadas manutenções

nesses sistemas para que a VU seja prolongada. Esse talvez seja o "pulo do gato". A forma

que o projetista e/ou construtores e incorporadores resguardar-se-ão se executarem um projeto

bem feito, com materiais adequados e, mormente, com o um Manual de Uso, Operação e

Manutenção muito bem escrito e tecnicamente consubstanciado.

Ante o exposto, afirma-se que "o projeto é o instrumento fundamental para repercutir no

atendimento ou não aos critérios de desempenho estabelecidos na NBR 15575, dentre eles a

vida útil da edificação. (CBIC, 2013: 198, grifos nossos). Isso deduz o quão significativo será

mais ainda um projeto (além do que já é), consequentemente, as "responsabilidades"

imputadas aos projetistas que terão a carga de especificar os produtos e detalhar todos os

pormenores, acrescentando ao Manual de Uso, Operação e Manutenção as fichas técnicas dos

produtos que irá especificar.

Ter estabelecido em uma norma técnica a exigência dos projetos de trazerem a VUP descrita,

veio resguarda a sociedade e especialmente os programas de financiamento que são

subsidiados pelo governo. "A VUP é uma decisão de projetos que tem de ser estabelecida

inicialmente para balizar todo o processo de produção do bem". (NBR 15575/13, parte 1,

anexo C, p. 42).

A VUP somente será atingida quando forem atendidas, simultaneamente, os seguintes

quesitos (NBR 15575/13, parte 1, anexo C, p. 45):

a. emprego de componentes e materiais de qualidade compatível com a VUP;

b. execução com técnicas e métodos que possibilitem a obtenção da VUP;

c. cumprimento em sua totalidade dos programas de manutenção corretiva e

preventiva;

d. atendimento aos cuidados preestabelecidos para se fazer um uso correto do

edifício;

e. utilização do edifício em concordância ao que foi previsto em projeto.

Os dois primeiros quesitos dependem dos projetistas, construtores e incorporadores. Os três

últimos ficam a cargo do usuário, desde que tudo venha descrito no Manual de Uso, Operação

e Manutenção do edifício.

Após o advento da Norma de Desempenho, será inconcebível deixar o conceito da VUP de

lado. Ele será uma premissa ímpar na concepção dos novos projetos de habitações

residenciais que primarem pelas boas práticas na execução.

2.5 Incumbência dos intervenientes

A Norma de Desempenho trouxe em seu bojo a delimitação de "responsabilidades" a todos

envolvidos no processo: quer projetistas, construtores e incorporadores; quer fornecedores de

insumos, materiais e produtos; quer, inclusive, usuários (consumidor final). Ela deixa clara e

mais específica a função de cada agente nessa cadeia produtiva. No pós-obra entrará em cena

a incumbência do consumidor que deverá fazer as devidas manutenções corretivas e

preventivas no imóvel para que não perca as garantias dos sistemas.

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Na verdade, o termo correto não seria "responsabilidade", porque se trata de uma norma

técnica, e não de uma lei propriamente dita. A palavra adequada é sim incumbência dos

intervenientes, outro termo jurídico mais apropriado para determinar todos os agentes

envolvidos no processo e o quê compete a cada um deles. Juridicamente escrevendo, há uma

presunção de regularidade para o cumprimento das normas técnicas.

Poder-se-ia questionar o cumprimento ou não das normas técnicas. O Código de Defesa do

Consumidor, Lei 8.078/1990 (grifos nossos) em seu artigo 39 afirma essa obrigatoriedade.

Mesmo as normas técnicas não sendo leis, elas tem essa imposição "legal" embutida em seu

cerne. Leia-se:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas

abusivas:

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em

desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se

normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas

ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização

e Qualidade Industrial (Conmetro);

Havendo pois o descumprimento, o Código Civil, Lei 10.406/2002 (grifos nossos) determina

que: Art. 615. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é

obrigado a recebê-la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das

instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal

natureza.

Art. 616. No caso da segunda parte do artigo antecedente, pode quem encomendou

a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço.

Diante disto, se houver descumprimento do contrato por parte do construtor e/ou

incorporador, poderá o usuário (consumidor final) exigir: rejeitar o produto, solicitar reparo

ou substituição (obrigação de fazer), abatimento do preço (indenização ou dano moral), dentre

outras.

Corrobora-se aqui, que as normas técnicas devem ser seguidas porque elas prescrevem boas

práticas, uniformizam e consolidam o conhecimento, são benéficas para a sociedade e,

sobretudo, estabelecem um padrão de qualidade.

Tem sido mérito da nova Norma de Desempenho deixar mais especificadamente a função e

incumbência de cada agente nessa cadeira produtiva. Justificando assim o sentimento do

engenheiro Fábio Villas Bôas, um dos coordenadores da revisão da Norma da ABNT, tendo

afirmado que o quê muda em relação aos envolvidos no processo (fabricantes, projetistas,

construtoras e consumidores) é justamente "a segmentação das responsabilidades" (AS

soluções está disponíveis). Assim, toda a cadeia tem suas "responsabilidades" bem definidas.

Em caso de futuros problemas, sabe-se exatamente quem acionar. Via de regra, os

construtores geralmente são os primeiros a tomarem ciência de possíveis manifestações

patológicas nas edificações que executaram. Existe a responsabilidade solidária. Cabendo

portanto, o direito de regresso contra projetistas, fabricantes e fornecedores de materiais.

(CBIC, 2015: 25).

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2.5.1 O papel do arquiteto e construtor frente à nova norma

Isso envolve uma mudança nas práticas atuais de projeto e construção: a prática de

projetar com enfoque em desempenho deve ser incorporada desde a fase de projeto,

tendo em vista que o conceito de desempenho também envolve questões de

durabilidade e sustentabilidade, crescentes preocupações atuais. (OLIVEIRA;

MITIDIERI FILHO, 2012 apud KERN et al., 2014: 92).

Estima-se que o arquiteto terá um papel de destaque após a implantação da NBR 15575, pois

ele como idealizador de um determinado projeto, deverá agregar valor e embutir em seus

projetos os conceitos de desempenho. Isso também não será tarefa fácil. Deverá haver uma

mudança de cultura, ruptura de paradigmas. Certamente, a postura a ser assumida pelos

arquitetos e escritórios projetistas, será muito firme e de responsabilidade: ele será mola

propulsora que fará girar o ciclo do desempenho na cadeia produtiva da construção civil:

concepção do projeto, execução da edificação de acordo com as premissas de projeto e o uso

correto da edificação por parte do usuário. (LORENZI, 2013: 21-22).

Tal afirmativa, confirma-se no dizer das pesquisadoras Singoala Miranda e Celina Correa

(2013: 1). Cite-se:

Os parâmetros de desempenho, definidos desde as etapas iniciais do processo de

desenvolvimento dos projetos, retornam aos arquitetos o gerenciamento desse

processo. Provavelmente, ao se exigir do arquiteto essa nova postura frente ao

mercado de trabalho, sua formação e seus procedimentos na rotina dos projetos

deverão ser revisados.

E mais, os conhecimentos dos aspectos sejam tecnológicos e normativos, sejam construtivos e

compositivos, como também a gestão o projeto serão condição sine qua non durante o

processo de desenvolvimento de projeto. (MIRANDA; CORREA, 2013: 4).

O projeto complementar-se-á com as especificações técnicas que agora deverão ser

extremamente bem detalhadas. Tudo terá que ser pensado com cautela, segundo os requisitos

e critérios da nova Norma. Um projeto executivo será, de fato, um projeto executivo. O

projeto extrapolará sua representação através desenhos e dará igualmente lugar a manuais de

especificações, memoriais descritivos, detalhamentos construtivos, dentre outros. É

interessante que esses memoriais descritivos façam referências "às correspondentes normas

técnicas brasileiras (e, na sua inexistência, internacionais ou estrangeiras), pormenorizando o

material que deve ser utilizado." (CBIC, 2015: 27).

Por exemplo, quando o projetista for especificar os revestimentos de piso, ele deve apontar no

manual de manutenção a forma correta de limpeza desse produto. Desta forma, poderá

resguardar-se futuramente caso esse revestimento especificado não atenda a VUP. Ainda

citando o exemplo dos sistemas de piso, a limpabilidade e o atrito são índices. Quanto maior o

atrito, mais difícil de limpar. Atrito e limpabilidade são diretamente proporcionais. Critérios

como manchamento, expansão por umidade de revestimentos, resistência à abrasão (PEI),

resistência à ação de produtos químicos e resistência ao escorregamento, são outros critérios

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que também devem ser atendidos e levados em consideração quando da especificação dos

revestimentos (durante a fase de detalhamento do projeto). Note-se que em relação a

revestimentos de piso não existe apenas a resistência à abrasão, como comumente se pensa.

Assim sendo, não basta citar a NBR 13818. É necessário detalhar todos esses pormenores.

A partir de agora não serão aceitas especificações genéricas ou produtos 'similares'. Em

determinados casos específicos serão aceitos 'tal produto' com 'desempenho equivalente'.

(CBIC, 2015: 27).

Será pois, o momento oportuno para arquitetos, projetistas e construtores pôr em prática o

conhecido ciclo PDCA (planejar, desenvolver, checar e agir), sempre focados na melhoria

contínua e fazendo retroalimentação desse ciclo. Visão positivada na década de 90, por

Covelo Silva (1996 apud LORENZI, 2013: 21) quando entende que a retroalimentação deve

acompanhar todo o processo de projeto - da concepção até avaliações pós-ocupação.

Atualmente, há que se pensar em engenharia simultânea, ou seja, pensar o produto final

(projeto) pensando em todo o processo (concepção do projeto, elaboração do anteprojeto,

elaboração dos projetos legal e executivo, especificação de materiais, compatibilidade com os

demais projetos de engenharia, pensar outros conceitos como durabilidade, sustentabilidade,

manutenibilidade, dentre outros). Um bom projeto deverá contemplar decisões tecnológicas

que visam garantir a vida útil de projeto.

Há estudos que comprovam que grande parte dos custos de uma obra são definidos na fase de

projetos. Se assim o é, daí a atenção especial que, a partir de agora, deverá ser redobrada.

Alguns países da Europa, como por exemplo Portugal, Espanha e França, já têm uma cultura

incorporada do desempenho, desde a fase da criação do projeto, até a entrega e durante o pós-

obra. (LORENZI, 2013: 2).

Para que o desempenho seja atingido, há que se pensar na qualidade dos projetos. Para

Fabrício, Ornstein e Melhado (2010: 6),

o conceito de qualidade agrega diversas interpretações ao longo do ciclo de vida do

produto, conforme as expectativas e interesses dos diversos agentes envolvidos no

processo de projeto, produção, comercialização e uso de um produto.

Assim sendo, na fase de lançamento de determinado empreendimento imobiliário, os critérios

para avaliar a qualidade seriam: satisfação do bem imóvel, velocidade das vendas e

desburocratização no fechamento dos contratos. Enquanto que na fase de execução da obra,

esses critérios passariam a ser: produtividade das etapas, atendimento às especificações dos

projetos, gestão do canteiro de obra como segurança e saúde do trabalho. Por último, durante

o uso, a qualidade reportaria ao desempenho da edificação (habitabilidade, flexibilidade

funcional), custos, manutenibilidade e valorização econômica do bem adquirido. O fato é que

durante o ciclo de vida da edificação (pré-lançamento/ elaboração dos projetos, construção e

pós-venda) muitos interesses "são postos em jogo e com isso a 'qualidade' pode assumir

diferentes dimensões". (FABRÍCIO; ORNSTEIN; MELHADO, 2010: 6-7).

No dizer do engenheiro Fábio Villas Bôas (As soluções estão disponíveis), a norma veio para

"beneficiar a boa concorrência. Quanto mais regulado é um mercado, melhor a concorrência.

[...] A Norma de Desempenho faz com que a competição seja a mais igual e transparente

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possível". Isso estimulará de certa forma o uso de produtos adequados que atenda as

exigências positivadas na NBR 15575/13.

2.6 Dificuldades, entreves e custos na adaptação à nova Norma

Um dos grandes gargalos para o cumprimento da norma será, sem dúvida, as dificuldades por

não existirem tantos institutos técnicos e laboratoriais em todos os Estados da Federação. A

Norma de Desempenho está intrinsecamente ligada a ensaios laboratoriais; pois dependerá

desses ensaios para verificar se os sistemas atendem aos requisitos mínimo, intermediário e

superior exigidos pela NBR 15575/13 (LORENZI, 2013: 4). Porém, a "NBR 15575 não torna

compulsória a realização de ensaios e nem a certificação do produto 'edificação'. A norma

também não obriga que os laboratórios busquem a acreditação de seus ensaios junto ao

IMETRO." Ela estabelece que os requisitos sejam verificados através de métodos de

avaliação explícitos nas diferentes partes da norma, com intuito de demonstração se o

produto, sistema construtivo ou até toda a edificação atendem aos critérios estabelecidos

nessa e nas demais normas técnicas brasileiras. (CBIC, 2015: 32).

Lira (2011, apud LORENZI, 2013: 4) aduz que no Brasil, o INMETRO tem 30 laboratórios

credenciados para ensaios da construção civil, porém nem todos tem capacidade técnica para

avaliar o desempenho dos sistemas construtivos de edifícios.

As Universidades Federais e os Institutos Federais que, de certa maneira, fomentam a

pesquisa deverão envolver-se para respaldar a sociedade e os usuários. É quase certo que as

demandas por ensaios serão percebidas à medida que, efetivamente, a construção civil

absorver a Norma de Desempenho. Embora Covelo Silva (apud LORENZI, 2013: 4) afirme

que a falta de um banco de dados sobre sistemas construtivos possa impactar porque nunca se

buscou estudar o comportamento em uso de tais sistemas. Entretanto, essa carência possa ser

suprida pelas novas pesquisas nessa área e, consequentemente, novas descobertas e inovações

tecnológicas.

Luciani Lorenzi (2013: 24), em sua tese de doutorado, pondera sabiamente cinco desafios

para a implantação da Norma de Desempenho. E mais, afirma que se tais desafios forem bem

assimilados, poderão extinguir as barreiras impostas. Achou-se por bem listá-los:

1. Conscientizar a população brasileira quanto à conceituação de desempenho

aplicado ao edifício.

2. Caracterização das condições de exposição do edifício.

3. Viabilizar no país tudo que é necessário para colocar em prática cada requisito no

projeto e construção de edifícios residenciais.

4. Cultura da utilização da NBR 15575.

5. Quebrar a barreira do conhecimento para implantar a cultura de desempenho no

Brasil.

Especula-se que poderá haver aumento nos custos dos projetos e construção após a

implantação da Norma. Nesse sentido, o eng. Luiz Augusto Cordovil (2013: 27) descreve que:

Com o estabelecimento de novos requisitos para classificar o desempenho da

edificação, a norma torna a pesquisa de novas tecnologias, seja do sistema

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construtivo ou do material utilizado, uma atividade obrigatória para que as empresas

desenvolvam-se. Entretanto, como novas atividades serão agregadas ao cronograma

da obra, o custo da construção pode se tornar mais caro.

De fato, em um primeiro momento, é possível ter aumento nos custos o que também pode

servir como entrave na efetivação da NBR 15575/13. Mas, em longo prazo, o desembolso

com a manutenibilidade ao longo da vida útil terá custos mais acessíveis, pois tomando como

partido a utilização de materiais apropriados, essa vida útil tende a se prolongar. (TOMAZ

apud CORDOVIL, 2013: 27).

O CBIC (2015: 134) afirma que as melhorias introduzidas com o advento da Norma de

Desempenho possam representar de 3 a 4% no custo das construções. Por fim, merece ser

dito, que o Ministério da Cidades, em conjunto com a Secretaria da Habitação, tem estudado

os reflexos nas composições de preços em relação a tais mudanças. (CBIC, 2015: 134).

2.7 Pesquisa quantitativa: questionário e entrevista

Por ser um tema relativamente novo, sentiu-se necessidade de aplicar um questionário e

entrevista a alguns arquitetos, engenheiros e construtores que atuam no mercado de João

Pessoa, na Paraíba. O campo amostral para essa pesquisa foi de 44 entrevistados. A pesquisa

teve o caráter de traduzir o sentimento desses profissionais em relação à nova Norma de

Desempenho, bem como corroborar com esse trabalho científico.

A análise do resultado dessa pesquisa ajudou a entender como o mercado está aceitando a

NBR 15575/13 e apontou as dificuldades existentes nessa adaptação. As perguntas foram

diretas e objetivas para tentar descrever a realidade local em relação a essa norma. Os quesitos

estão listados abaixo e nos próprios gráficos. Na lateral direita, os resultados extraídos.

Quesito 1. Na sua opinião, os escritórios de arquitetura de João Pessoa estão preparados para

elaborar projetos atendendo a nova NBR 15575/13?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em partes (com certa dificuldade)

Quesito 1

Grande parte dos entrevistados respondeu

não ao quesito 1. Ou ainda, que estão

prepados em partes, com certa dificuldade.

Verifica-se que a Norma, apesar de está em

vigor a quase dois anos, é ainda novidade

para muitos profissionais da área.

Sim: 2,4%

Não: 50%

Em partes: 47,6%

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Quesito 2. O (a) senhor (a) considera que as prefeituras municipais já absorveram as

exigências da nova NBR e estão, de fato, preparadas para analisar os projetos de acordo com

os requisitos/critérios da 15575/13?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em partes (com certa dificuldade)

Quesito 2

Quesito 3. A nova NBR 15575/13 delega responsabilidades para arquitetos, construtores,

incorporadores, fornecedores e usuários. Na sua opinião, essa responsabilidade fará com que

os projetos de arquitetura, a partir da vigência da norma (julho/14), sejam mais elaborados,

detalhados e melhor especificados?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em partes (com certa dificuldade)

Quesito 3

Quesito 4. O (a) senhor (a) considera que os custos do projeto sofrerão alteração, visto que os

projetos terão que atender as exigências da nova Norma de Desempenho?

( ) Sim ( ) Não

A maioria dos entrevistados respondeu não

ao quesito 2. É unânime o sentimento de

que as Prefeituras Municipais ainda não

incorporaram as exigências da NBR

15575/13.

Sim: 0%

Não: 88,1%

Em partes: 11,9%

Quase 60% dos entrevistados

responderam que sim ao quesito 3.

Eles entendem que os projetos de

arquitetura necessitam de mais

especificação e de mais detalhamento,

especialmente após a vigência da nova

norma.

Sim: 59,1%

Não: 2,3%

Em partes: 38,6%

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Quesito 4 Quesito 5. O (a) senhor (a) considera que haverá alguma mudança da concepção da forma de

trabalhar dos arquitetos e escritórios de arquitetura de João Pessoa?

( ) Sim ( ) Não

Quesito 5

Quesito 6. O (a) senhor (a) considera que os projetistas serão mais valorizados a partir de

agora?

( ) Sim ( ) Não

Mais de 65% dos entrevistados

responderam que sim ao quesito 4. Eles

entendem que os projetos de arquitetura

terão seus custos elevados após a vigência

da nova norma. Certamente devido à

exigências e maior incumbência dos

intervenientes nesse processo.

Sim: 65,9%

Não: 34,1%

O quesito 5 está bem relacionada com

o quesito 4. Os entrevistados entendem

que será preciso mudar a concepção de

projeto após a vigência da norma.

Sim: 88,6%

Não: 11,4%

Ante toda essa alteração e mudança de

concepção dos projetos, há um equilíbrio

ao se pensar que os projetos serão mais

valorizados com a vigênca da NBR

13575/13. Fato é que os projetos

necessitarão de adequações e que a forma

de trabalho mudará. Mas a consequência

disso parece não ser reconhecida como um

valor.

Sim: 52,3%

Não: 47,7%

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Quesito 6

Quesito 7. O (a) senhor (a) considera que o comércio, de um modo geral ,está fornecendo

produtos satisfatórios e que atendam à VUP (vida útil de projeto)?

( ) Sim ( ) Não ( ) Em partes (com certa dificuldade)

Quesito 7 Quesito 8. O (a) senhor (a) considera que a NBR 15575/13 veio para melhorar a qualidade

das edificações habitacionais?

( ) Sim ( ) Não

Não há duvidas que o campo amostral

reconhece que a NBR 15575/13 veio para

melhorar a qualidade nas edificações.

Sim: 93,2%

Não: 6,8%

A maior parte entende que o mercado

não possui fornecedores de materiais

que atendam a Nova Norma.

Sim: 11,4%

Não: 40,9%

Em partes: 47,7%

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Quesito 8

Em relação às entrevistas, listam-se as perguntas e na sequência tecem-se conclusões globais

em relação às respostas coletadas.

Pergunta 1. O que o seu escritório de arquitetura ou construtora tem feito para atender

as novas exigências da NBR 15575/13 (Norma de Desempenho)?

A maioria das respostas a esse quesito foi dizer que estão na busca de atualização, estudando,

lendo e entendendo a norma. Algumas estão com obras em andamento anterior a vigência da

NBR 15575/13 e, portanto, não estão aplicando as exigências da mesma. Outros estão

buscando conhecer novas soluções tecnológicas e materiais que atendam a norma.

Pergunta 2. Quais as maiores dificuldades em adaptar-se a nova NBR 15575/13?

Muitos afirmaram que os custos da construção serão o maior entrave. Outros que terão

dificuldades em encontrar fornecedores de materiais com os critérios que a norma exige.

Outros afirmam a falta de laboratórios para ensaios. E por fim, a quebra de pagadigma que

haverá, especialmente para os gestores das obras, acostumados com um determinado modelo

de execução.

Pergunta 3. O (a) senhor (a) considera que se o seu escritório ou construtora tivesse uma

consultoria em relação a nova Norma de Desempenho isso agregaria valor a seus

projetos e suas edificações?

Grande parte dos entrevistados responderam sim a essa pergunta.

Pergunta 4. Com a vigência da Norma de Desempenho, as responsabilidades para o

projetista aumentaram significativamente. O senhor (a) considera que os arquitetos e/ou

construtoras estão, de fato, preparados para elaborar projetos que atendam as

exigências da nova norma?

Grande parte dos entrevistados responderam não a essa pergunta.

Pergunta 5. O (a) senhor (a) considera que os custos do projeto e tempo na elaboração

dos projetos sofrerão alteração com a vigência da NBR 15575/13?

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A maior parte respondeu que sim, pois isso demandará mais envolvimento dos projetistas.

Outros poucos acham que o custo permanecerá o mesmo, somente o tempo na elaboração dos

projetos que aumentará.

De um modo geral, observa-se que é principiante o envolvimento com a Norma de

Desempenho, mas notou-se pelas respostas colhidas que há, e deve haver sim, uma

preocupação em compreender e seguir tal normativa técnica. Como já citado anteriormente,

essa será uma mudança lenta e gradativa. Contudo, espera-se que seja um caminho sem volta.

3. Conclusões

Há muitos artigos publicados sobre o assunto, porém a escassez em doutrinas é sentida a

olhos vistos. Coube a autora sanar as lacunas encontradas ao longo da elaboração desse artigo,

através da leitura de monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado, bem como a

leitura e estudo da própria NBR 15575/13. A aplicação da pesquisa quantitativa (questionário

e entrevistas) buscaram, de certa forma, preencher esses vazios.

Aprofundar esse tema foi significativo, especialmente por ser um assunto relativamente novo

e, mormente, por existirem ainda muitas dúvidas em torno da questão do desempenho e de

como ele, efetivamente, consolidar-se-á no setor da construção civil. Espera-se que o tempo

responda aos anseios dessa norma, visto que, na atualidade, a NBR 15575/13 é um tema - por

excelência - especialmente para aqueles que militam nessa seara.

Como visto, a temática é complexa; a própria NBR 15575/13 traz muitos conceitos novos.

Espera-se que nas edificações habitacionais seja atingido o desempenho mínino em suas seis

partes - requisitos gerais, sistemas estruturais, sistemas de piso, sistemas de vedação vertical

interna e externa, sistemas de cobertura e sistemas hidrossanitários. E atingir o desempenho

mínino não é tão fácil assim.

A aplicabilidade da nova Norma com o passar dos anos, fará com que se retirem do mercado

construtores aventureiros que constroem habitações sem qualquer rigor técnico-construtivo e,

porque não afirmar, que não primam se quer pelo desempenho. Muitos não sabem nem o que

é desempenho. Tais "amadores" nesse ramo visam única e exclusivamente o lucro.

A nova Norma veio para coibir esses despautérios. Mas isso é um caminho longo a ser

trilhado. Os órgãos gestores de aprovação de projetos e fiscalização e os sindicatos da

construção civil deverão efetivamente atuar. Inclusive a própria sociedade, na pessoa dos

usuários que ganharam posição de destaque com a nova norma. Os consumidores tenderão a

ser mais esclarecidos e passarão a exigir edificações residenciais com melhor rigor técnico.

Aduz, nesse momento pertinente, que podem colaborar ainda os Institutos Federais e as

Universidades de Engenharia, cuja responsabilidade é lançar no mercado formadores de

opinião que saibam executar de acordo com os preceitos instituídos na NBR 15575/13.

Outro aspecto que merece destaque é a nova concepção assumida pelos projetistas e

construtores desde a vigência da Norma, em julho de 2013. O projetista assumiu um papel de

destaque, onde deverá abordar em seus projetos muitos quesitos e premissas da NBR

15575/13. Ele assume para si o risco de afirmar a vida útil do projeto e, como consequência,

garantir - através das especificações de materiais em conformidade com a Norma - a vida útil

da maneira como os sistemas foram projetados para durar. Uma incumbência a mais em sua

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árdua tarefa de conceber espaços funcionais, harmoniosos, mas, sobretudo, sustentáveis e

duráveis. Nesse diapasão, cabe aos construtores se resguardar com laudos, ensaios, testes

laboratoriais, controles tecnológicos e exigir dos fonecedores produtos que tenha a vida útil

especificada em projeto. Ademais, ao construtor é delegada a "responsabilidade" em executar

conforme os projetos, seguindo os critérios das normas técnicas, positivas no ordenamento

jurídico brasileiro.

Referências

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______. NBR 15.575-2: Edificações habitacionais - Desempenho. Parte 2: Requisitos para os

sistemas estruturais. São Paulo, 2013. 31p.

______. NBR 15.575-3: Edificações habitacionais - Desempenho. Parte 3: Requisitos para os

sistemas de pisos. São Paulo, 2013. 42p.

______. NBR 15.575-4: Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 4: Requisitos para os

sistemas de vedações verticais internas e externas - SVVIE. São Paulo, 2013. 63p.

______. NBR 15.575-5: Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 5: Requisitos para os

sistemas de coberturas. São Paulo, 2013. 73p.

______. NBR 15.575-6: Edificações habitacionais – Desempenho. Parte 6: Requisitos para os

sistemas hidrossanitários. São Paulo, 2013. 32p.

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e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras

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pr.org.br/revista/Sistema/index.php/revista/article/view/14>. Acesso em: 10 fev. 2015.

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h.cidades.gov.br/projetos_sinat.php>. Acesso em 02 fev. 2015.

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SETE perguntas sobre a norma de desempenho de edificações. 2013. Disponível em:

<http://www.cbic.org.br/sites/default/files/TIRA-D%C3%9AVIDAS.pdf>. Acesso em: 02

fev. 2015.

TELLO, Rafael; RIBEIRO, Fabiana Batista. Guia CBIC de Boas Práticas em

Sustentabilidade na Indústria da Construção. Nova Lima: Fundação Dom Cabral, 2012.

160 p.

ANEXO

1. Cartilha com exigências indispensáveis à luz da NBR 15575/13

O CBIC (2015) elaborou um livro com o título - Dúvidas sobre a norma de desempenho:

especialistas respondem às principais dúvidas e elencam requisitos de suporte para elaboração

de projetos (referenciado nesse trabalho). Esse livro traz nove planilhas de verificação e

suporte ao desenvolvimento de projetos que venham atender ao desempenho (implantação;

desempenho estrutural; segurança contra incêndio; segurança no uso e operação; saúde,

funcionalidade, conforto antropodinâmico; desempenho térmico e lumínico; desempenho

acústico; estanqueidade à água e durabilidade). Não faz sentido reproduzir tais listas nesse

trabalho acadêmico, mas elas deverão ser de conhecimento e uso obrigatório por todos que

atuam na área.

Convém listar algumas exigências indispensáveis transcritas da Norma de Desempenho, tanto

para a elaboração de projetos, quanto para a execução de obras. Fez-se uma seleção de cada

parte da NBR do que se achou conveniente e prático transcrever.

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A estruturação da norma segue uma sequência lógica. Todas as partes trazem inicialmente

definições e termos comuns àquela parte. Cada parte da NBR 15575/13 abordará todas

exigências dos usuários relativas à:

a) segurança

a.1) segurança estrutural

a.2) segurança contra o fogo

a.3) segurança no uso e na operação

b) habitabilidade

b.1) estanqueidade

b.2) desempenho térmico

b.3) desempenho acústico

b.4) desempenho lumínico

b.5) saúde, higiene e qualidade do ar

b.6) funcionalidade e acessibilidade

b.7) conforto tátil e antropodinâmico

c) sustentabilidade

c.1) durabilidade

c.2) manutenibilidade

c.3) impacto ambiental.

A posteriore, cada uma dessas exigências é detalhada para cada sistema (pisos, vedações

verticais externas e internas, cobertura e hidrossanitário) e abordará: generalidades, requisitos,

critérios, métodos de avaliação, premissas de projetos, ensaios, nível de desempenho, além de

outras particularidades de cada sistema.

1.1 Parte 1 - Requisitos gerais

"Recomenda-se que a iluminação natural das salas de estar e dormitórios, seja provida de vãos

de portas ou de janelas. No caso das janelas, recomenda-se que a cota do peitoril esteja

posicionada no máximo a 100cm do piso interno, e a cota da testeira do vão no máximo a

220cm a partir do piso interno, conforme figura abaixo" (parte 1, p. 26).

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Essa recomendação garante ao usuário o contato visual com o lado externo da edificação. Há

estudos que comprovam a "sensasão psicológica de bem-estar quando este contato visual

ocorre [...]". (CBIB, 2015: 112).

"A altura mínima de pé-direito não pode ser inferior a 2,50 m. Em vestíbulos, halls,

corredores, instalações sanitárias e despensas admite-se que o pé-direito se reduza ao mínimo

de 2,30m." (parte 1, p. 30)

A tabela 1 lista a VUP de todos os sistemas em seus três níveis: mínino, intermediário e

superior.

Sistema VUP mínina (anos) VUP intermediária (anos) VUP superior (anos)

Estrutura ≥50 ≥63 ≥75

Vedação vertical externa ≥40 ≥50 ≥60

Vedação vertical interna ≥20 ≥25 ≥30

Cobertura ≥20 ≥25 ≥30

Hidrossanitário ≥20 ≥25 ≥30

Pisos internos ≥13 ≥17 ≥20

Fonte: NBR 15575/13, Parte 1, Anexo C, Tabela C.5, p. 46 e CBIC, Tabela 49, p. 197

TABELA 1

A tabela 2 lista os mobiliários mínimos que devem contemplar cada ambiente da edificação.

Atividades essenciais/Cômodo Móveis e equipamentos-padrão

Dormir/Dormitório de casal Cama de casal + guarda-roupa + criado-mudo (mínimo 1)

Dormir/Dormitório para duas pessoas (2º Dormitório)

Duas Camas de solteiro + guarda-roupa + criado-mudo ou

mesa de estudo

Dormir/Dormitório para uma pessoa (3º Dormitório) Cama de solteiro + guarda-roupa + criado-mudo

Estar Sofá de dois ou três lugares + armário/estante + poltrona

Cozinhar

Fogão + geladeira + pia de cozinha + armário sobre a pia +

gabinete + apoio para refeição (2 pessoas)

Alimentar/tomar refeições Mesa + quatro cadeiras

Fazer higiene pessoal

Lavatório + chuveiro (box) + vaso sanitário. NOTA: No caso de

lavabos, não é necessário o chuveiro.

Lavar, secar e passar roupas

Tanque (externo para unidades habitacionais térreas) +

máquina de lavar roupa

Estudar, ler, escrever, costurar, reparar e guardar objetos

diversos Escrivaninha ou mesa + cadeira

Fonte: NBR 15575/13, parte 1, anexo G, Tabela 1, p. 58

TABELA 2

A tabela 3 lista as dimensões mínimas dos mobiliários por ambiente da edificação. Como

também, prever a circulação frontal desses mobiliários.

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largura profund.

Sofá de 3 lugares com braço 1,70 0,70

Sofá de 2 lugares com braço 1,20 0,70

Poltrona com braço 0,80 0,70

Sofá de 3 lugares sem braço 1,50 0,70

Sofá de 2 lugares sem braço 1,00 0,70

Poltrona sem braço 0,50 0,70

Estante/ armário para TV 0,80 0,50 0,50 Espaço para o móvel obrigatório

Mesinha de centro ou cadeira - - - Espaço para o móvel opcional

Mesa redonda para 4 lugares D=0,95 -

Mesa redonda para 6 lugares D=1,20 -

Mesa quadrada para 4 lugares 1,00 1,00

Mesa quadrada para 4 lugares 1,20 1,20

Mesa retangular para 4 lugares 1,20 0,80

Mesa retangular para 6 lugares 1,50 0,80

Pia 1,20 0,50

Fogão 0,55 0,60

Geladeira 0,70 0,70

Armário sob a pia e gabinete - - - Espaço obrigatório para móvel

Apoio para refeição (2 pessoas) - - - Espaço opcional para móvel

Cama de casal 1,40 1,90

Criado-mudo 0,50 0,50

Guarda-roupa 1,60 0,50

Camas de solteiro 0,80 1,90

Criado-mudo 0,50 0,50

Guarda-roupa 1,50 0,50

Mesa de estudo 0,80 0,60 - Espaço para móvel opcional

Camas de solteiro 0,80 1,90

Criado-mudo 0,50 0,50

Guarda-roupa 1,20 0,50

Mesa de estudo 0,80 0,60 - Espaço para móvel opcional

Lavatório 0,39 0,29

Lavatório com bancada 0,80 0,55

Vaso sanitário (caixa acoplada) 0,60 0,70

Vaso sanitário 0,60 0,60

Box quadrado 0,80 0,80

Box retangular 0,70 0,90

Bidê 0,60 0,60 Peça opcional

Tanque 0,52 0,53

Máquina de lavar roupa 0,60 0,65

Fonte: NBR 15575/13, parte 1, anexo G, Tabela 2, p. 58-59

TABELA 3

Dimensões (m)Móvel ou equipamento

Mobiliário

Co

pa/

co

zin

ha

Sala

de

est

ar/

jan

tar

Sala

de

jan

tar/

cop

aSa

la d

e e

star

Ambiente Circulação (m) Observações

Prever espaço de 0,50m na

frente do assento, para

sentar, levantar e cicular

Largura mínima da sala de estar deve ser

2,40m. Número mínimo de assentos

determinado pela quantidade de habitantes

da unidade, considerando o número de leitos

Circulação mínima de 0,75m à

partir da borda da mesa

(espaço para afastar a cadeira

e levantar)

Largura mínima da sala de estar/jantar e da

sala de jantar (isolada) deve ser de 2,40m.

Mínimo: 1 mesa para 4 pessoas. Admite-se

leiaute com o lado menos da mesa encostado

na parede, desde que haja espaço para seu

afastamento quando da utilização

Circulação mínima entre o

mobiliário e/ou paredes de

0,50m

Largura mínima da cozinha: 1,50m. Mínimo:

pia, fogão e geladeira e armário

Mínimo: 1 cama, 2 criados-mudos e 1 guarda-

roupa. Admite-se apenas 1 criado-mudo,

quando o 2º interferir na abertura de portas do

guarda-roupa

Do

rmit

óri

o

par

a2

pe

sso

as

(2º

do

rmit

óri

o)

Circulação mínina entre as

camas de 0,60m. Demais

circulações mínimo de 0,50m

Mínimo: 2 camas, 1 criado-mudo e 1 guarda-

roupa

Do

rmit

óri

o

casa

l

(do

rmit

óri

o

pri

nci

pal

)

Circulação mínima de 0,85m

frontal à pia, fogão e geladeira

Co

zin

ha

Do

rmit

óri

o

par

a1

pe

sso

a

(3º

do

rmit

óri

o)

Circulação mínina entre o

mobiliário e/ou paredes de

0,50m.

Mínimo: 1 cama, 1 criado-mudo e 1 guarda-

roupa

Ban

he

iro

Circulação mínima de 0,40m

frontal ao lavatório, vaso e

bidê

Áre

ad

e

serv

iço

Largura mínima do banheiro: 1,10m, exceto no

box. Mínimo: 1 lavatório, 1 vaso e 1 box

Circulação mínima de 0,50m

frontal ao tanque e máquina

de lavar

Mínimo: 1 tanque e 1 máquina (tanque de no

mínimo 20l)

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1.2 Parte 2 - Requisitos para os sistemas estruturais

A parte 2 da norma trata dos requisitos dos sistemas estruturais das edificações habitacionais

no que concerne ao desempenho estrutural, analisado na visão do estado-limite último e

estado-limite de serviço, através do método semiprobabilístico de projeto estrutural.

Essa parte da norma, complementa-se com muitas outras NBR específicas relacionadas a

estruturas convencionais.

O foco maior dessa parte é a questão da estabilidade, segurança estrutural, durabilidade e

manutenibilidade das estruturas.

"A Tabela 4 apresenta limitações de desempenho genéricas e abrangentes, objetivando

preservar os elementos estruturais através de uma modelagem detalhada." (parte 2, p. 09).

Razão da limitação Elemeto Deslocamento-limite Tipo de deslocamento

Visual/ insegurança psicológicaPilares, paredes, vigas, lajes

(componentes visíveis)L/250 OU H/300 ¹

Deslocamento final incluindo fluência (carga

total)

Caixilhos, instalações, vedações e

acabamentos rígidos (pisos, forros,

etc.)

L/800

Divisórias leves, acabamentos flexíveis

(pisos, forros etc.)L/600

Paredes e/ou acabamentos rígidosL/500 ou H/500 ¹

Paredes e acabamentos flexíveisL/400 ou H/400 ¹

H é a altura do elemento estrutural

L é o vão teórico do elemento estrutural

¹ Para qualquer tipo de solicitação, o deslocamento horizontal máximo no topo do edifício deve ser limitado a Htotal/ 500 ou 3cm, respeitando-se o menor dos dois limites.

NOTA Não podem ser aceitas falhas, a menos daquelas que estejam dentro dos limites previstos nas normas prescritivas específicas.

Fonte: NBR 15575/13, parte 2, Tabela 1, p. 09

TABELA 4

Destacamentos, fissuras em vedações ou

acabamentos, falhas na operação de caixilhos e

instalações

Destacamentos e fissuras em vedações

Distorção horizontal ou vertical provocada por

variações de temperatura ou ação do vento,

distorção angular devida ao recalque de

fundações (deslocamentos totais)

Parcela de flecha ocorrida após a instalação de

carga correspondente ao elemento em análise

(parede, piso etc.)

Cabe mencionar que há muita discrepância entre a tabela supracitada e a tabela 13.3 da NBR

6118. Merecendo revisões futuras em ambas as normas. (CBIC, 2015: 44-46).

1.3 Parte 3 - Requisitos para os sistemas de pisos

Essa parte da norma faz questão de definir as áreas secas, molhadas e molháveis. As áreas

secas são aquelas que, mesmo no processo de limpeza, não estão previstas utilização direta de

água (com baldes ou mangueiras). As áreas molhadas terão em seu uso ou exposição presença

de lâmina de água (por exemplo, box de chuveiro, área de serviço e áreas descobertas). Por

fim, as áreas molháveis terão em seu uso ou exposição presença de respingos de água (por

exemplo, lavabos, cozinhas e varandas cobertas).

Outro aspecto importante para se verificar é a resistência à umidade do sistema de pisos de

áreas molhadas e molháveis. A verificação é simples. Basta deixar uma lâmina de água de

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10mm por 72 horas sobre o piso dessas áreas. Observar: "danos como bolhas, fissuras,

empolamentos, destacamentos, descolamentos, delaminações, eflorescências,desagregação

superficial e diferença de tonalidade". (Parte 3. Anexo C, p. 31). Após esse período a água

deve ser retirada e observar visualmente nas próximas 24 horas quaisquer não conformidades.

Tal ensaio deve gerar um relatório apontando os registros pertinentes. A própria NBR

155757/13 (Parte 3. Anexo C, p. 32) descreve o que ele deve contemplar.

1.4 Parte 4 - Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas

Em relação à abertura para ventilação das janelas, não tendo o município Código de Obras a

ser seguido, deve-se obedecer a seguinte regra: a abertura efetiva do vão, descontando-se

caixilhos, vidros fixos e quaisquer outros obstáculos deve ter na região Nordeste área igual ou

superiro a 8% da área do piso. Ressalta-se que esse requisito somente se aplica aos ambientes

de longa permanência como salas, quartos e cozinhas. (Parte 4, p. 27).

A tabela 5 "apresenta uma estimativa simplificada do grau de inteligibilidade da fala em um

recinto adjacente em função do isolamento acústico e do nível de ruído no ambiente" (parte 4,

p. 52).

Isolamento

sonoro,

DnT,w (dB)

35

40

45

≥50

Fonte: NBR 15575/13, parte 4, Tabela F.8, p. 52

TABELA 5

Adaptado da Association of Australian Acoustical Consultants, 2010

Inteligibilidade de fala alta no recinto adjacente

Claramente audível: ouve e entende

Audível: ouve, entende com dificuldade

Audível: não entende

Não audível

A tabela 6 "apresenta recomendações relativas a outros níveis de desempenho da diferença

padronizada de nível ponderada entre ambientes, DnT,w, [...]" e complementa-se com o valor

normalizado quanto ao desempenho acústico dessa parte da norma (item 12).

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DnT,w [dB]

Nível de

desempenho

40 a 44 M

45 a 49 I

≥50 S

45 a 49 M

50 a 55 I

≥55 S

40 a 44 M

45 a 49 I

≥50 S

30 a 34 M

35 a 39 I

≥40 S

45 a 49 M

50 a 54 I

≥55 S

40 a 44 M

45 a 49 I

≥50 S

Fonte: NBR 15575/13, parte 4, Anexo F, Tabela F.10, p. 52-53

TABELA 6

Conjunto de paredes e portas de unidades distintas separadas pelo hall (DnT,w obtida entre

as unidades)

Elemento

Parede entre unidades habitacionais autônomas (parede de geminação), nas situações onde

não haja ambiente dormitório

Parede cega entre uma unidade habitacional e áreas comuns de permanência de pessoas,

atividades de lazer e atividades esportivas, como home theater, salas de ginástica, salão de

festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas e lavanderias coletivas

Parede entre unidades habitacionais autônomas (parede de geminação), caso pelo menos

um dos ambientes seja dormitório

Parede cega de dormitórios entre uma unidade habitacional e áreas comuns de trânsito

eventual, como corredores e escadaria nos pavimentos

Parede cega de salas e cozinhas entre uma unidade habitacional e áreas comuns de trânsito

eventual como corredores e escadaria dos pavimentos

A tabela 7 apresenta valores indicativos da isolação acústica para alguns tipos de paredes. Ela

deve servir como parâmetro na verificação do atendimento desse critério em paralelo com a

tabela 5.

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Tipo de ParedeLargura do bloco/

tijoloRevestimento

Massa

aproximadaRw (dBA)

9cm 180kg/m2 41

11,5cm 210kg/m2 42

14cm 230kg/m2 45

9cm 120kg/m2 38

11,5cm 150kg/m2 40

14cm 180kg/m2 42

9cm 260kg/m2 45

15cm 320kg/m2 47

11 + 11cm** 450kg/m2 52

5cm 120kg/m2 38

10cm 240kg/m2 45

12cm 290kg/m2 47

2 chapas + lã de vidro 22kg/m2 41

4 chapas 44kg/m2 45

4 chapas + lã de vidro 46kg/m2 49

Fontes: IPT, Unicamp, SOBRAC, Universidade de Coimbra). In: Guia CBIC, Tabela 34, p. 162

(*) Valores indicados pela Universidade de Coimbra

(**) Parede dupla 11 + 11cm, com espaço interno de 4cm preenchido com manta de lã de rocha 70kg/m3.

Drywall

argamassa 1,5cm em

cada face

argamassa 1,5cm em

cada face

argamassa 2cm em

cada face

sem revestimento

sem revestimento

TABELA 7

Blocos vazados de concreto

Blocos vazados de cerâmica

Blocos maciços de barro

cozido*

Blocos maciços de concreto

armado

1.5 Parte 5 - Requisitos para os sistemas de cobertura

"Os sistemas de coberturas (SC) impedem a infiltração de umidade oriunda das intempéries

para os ambientes habitáveis e previnem a proliferação de microorganismos patogênicos e de

diversificados processos de degradação dos materiais de construção, incluindo

apodrecimento, corrosão, fissuras de origem higrotérmica e outros." (parte 5, p. 3).

A tabela 8 recomenda que os Sistemas de Cobertuta, no quesito durabilidade, atendam a esses

níveis. Sendo que alcançar o nível mínino é obrigatório.

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Período em anos Nível

5 Mínimo

8 Intermediário

12 Superior

Fonte: NBR 15575/13, parte 5, Anexo I, Tabela I.3, p. 50

TABELA 8

1.6 Parte 6 - Requisitos para os sistemas hidrossanitários

Existem muitas outras normas prescritivas específicas para sistemas hidrossanitários (NBR

9574 e 9575- lajes impermeabilizadas e mantas pré-fabricadas; NBR 10844 -

dimensionamento e execução do sistema de águas pluviais, NBR 14486 - Sistemas enterrados

para condução de esgoto sanitário - Projeto de redes coletoras com tubos de PVC, dentre

outras), porém é a parte 6 da NBR 15575/13 que abordará questões como: durabilidade dos

sistemas, a manutenibilidade da edificação e o conforto tátil e antropodinâmico dos usuários.

O anexo A da parte 6 da NBR 15575/13 está igualmente de acordo com a NBR 13531/95.

Esse anexo (p; 23-28) traz uma lista de verificação de projetos muito útil. Esse roteiro

facilitará o desenvolvimento dos projetos hidrossanitários em cada uma das fases do projeto e

seguindo-o ter-se-á a certeza que todas as premissas de projetos serão atendidas. Assim sendo,

o projeto hidrossanitário deverá contemplar, além de outros parâmetros: definição de layout

de shafts, planta com furação de lajes para shafts, indicação de engrossamentos, enchimentos,

com indicação de suas dimensões e outros ajustes; posicionamento de forros e sancas, com

indicação de suas dimensões; plantas de laje com posicionamento cotado das instalações

hidráulicas (ralos, bidê, bacia, subidas, descidas e passagem de tubulações).