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O LATIM NOS MONUMENTOS DE MARIANA E OURO PRETO Aldo Eustáquio Assis Sobral 1 O professor Aldo apresentou um trabalho que vem desenvolvendo há mais de 10 anos em Ouro Preto e Mariana e que consiste em identificar inscrições latinas nos monumentos existentes nestas e em outras cidades históricas mineiras. O objetivo é recolher e traduzir as epígrafes e enfeixá-las em livro, produzindo assim um instrumento para manter a memória destas inscrições. Foi explicado que a epigrafia era um meio de comunicação da antiguidade através de textos pequenos, sintéticos, geralmente em latim. Em Minas Gerais as mais antigas epígrafes estão em sepulturas, chafarizes, igrejas, capelas, oratórios, forros, pisos e sacristias. Muitas são inscrições honoríficas, mas a maioria é ligada às sagradas escrituras. Após relatar como estas inscrições surgiram na Roma Antiga, e também na Grécia, muitas vezes representando manifestações políticas e sociais, Aldo Sobral explicou que esta arte chegou ao Brasil e especialmente a Minas Gerais, onde foram inseridas em quase todas as igrejas, além de monumentos civis. Importante destacar a informação de que foram necessárias algumas correções das frases para que fosse possível traduzi-las, já que muitas apresentam divergências no que tange às normas da língua latina. Em seguida o palestrante passou a apresentar imagens de várias epígrafes encontradas em Mariana e Ouro Preto e destacou que muitas estão quase apagadas por não haver mais interesse em sua manutenção. Selecionamos apenas alguns exemplares que se verá a seguir.

O latim nos monumentos de Mariana e Ouro Preto

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Comunicação de Aldo Eustáquio Assis Sobral sobre epigrafia no 3º Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo.Transcrição: Nilza Cantoni. Revisão: Joana Capella.

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O LATIM NOS MONUMENTOS DE MARIANA E OURO PRETO

Aldo Eustáquio Assis Sobral 1

O professor Aldo apresentou um trabalho que vem desenvolvendo há mais de 10 anos em Ouro

Preto e Mariana e que consiste em identificar inscrições latinas nos monumentos existentes nestas e em

outras cidades históricas mineiras. O objetivo é recolher e traduzir as epígrafes e enfeixá-las em livro,

produzindo assim um instrumento para manter a memória destas inscrições.

Foi explicado que a epigrafia era um meio de comunicação da antiguidade através de textos

pequenos, sintéticos, geralmente em latim. Em Minas Gerais as mais antigas epígrafes estão em sepulturas,

chafarizes, igrejas, capelas, oratórios, forros, pisos e sacristias. Muitas são inscrições honoríficas, mas a

maioria é ligada às sagradas escrituras.

Após relatar como estas inscrições surgiram na Roma Antiga, e também na Grécia, muitas vezes

representando manifestações políticas e sociais, Aldo Sobral explicou que esta arte chegou ao Brasil e

especialmente a Minas Gerais, onde foram inseridas em quase todas as igrejas, além de monumentos civis.

Importante destacar a informação de que foram necessárias algumas correções das frases para que fosse

possível traduzi-las, já que muitas apresentam divergências no que tange às normas da língua latina.

Em seguida o palestrante passou a apresentar imagens de várias epígrafes encontradas em Mariana

e Ouro Preto e destacou que muitas estão quase apagadas por não haver mais interesse em sua

manutenção. Selecionamos apenas alguns exemplares que se verá a seguir.

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Na imagem acima, uma das três antífonas dedicadas a Nossa Senhora, pintadas no forro da Igreja de

São Francisco de Assis de Ouro Preto. Tradução: eu sou a mãe da beleza, da palavra, do temor, do

conhecimento e da santa esperança.

Na mesma Igreja, o aviso: lembra-te que há de morrer.

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Acima uma das seis pequenas inscrições que falam da Paixão de Jesus, encontradas na Igreja do Carmo.

Parte do forro da Igreja das Mercês de Ouro Preto, painel que contém 24 invocações. A falta de

conservação que se percebe na imagem acima, feita há aproximadamente cinco anos, é um dos motivos que

estimulam o professor Aldo para lutar pela preservação desta memória.

Aldo Sobral destacou que as inscrições demonstram que as pessoas viviam uma realidade religiosa e

manifestavam suas crenças através destes escritos.

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Acima um exemplar de epígrafe inscrita na placa comemorativa do cinquentenário do Colégio

Arquidiocesano, em Mariana, referência a uma frase de Virgílio: Conduzida por Deus, auxiliada por Maria,

iluminando a colina.

A imagem acima à esquerda traz o lema da Escola de Minas de Ouro Preto - Cum Mente et Malleo,

ou seja, com inteligência e o instrumento de trabalho, foi parodiada numa das repúblicas de estudantes com

o lema da imagem à direita – Cum Potu et Mulieribus que se pode traduzir por ”com bebida e mulheres”,

numa demonstração de que os jovens gostaram da frase latina e deste uso específico.

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Acima temos o Chafariz da Rua São José, cuja inscrição na imagem da direita demonstra a falta de

conservação. Segundo o professor Aldo, a frase é uma louvação ao Senado porque ele permitia que todos

tivessem água em abundância, parecendo até que seria um favor.

A seguir um painel, no frontispício da Igreja de São Francisco de Assis de Mariana, com o registro da

história de fundação daquele templo em 1763, sendo Dom José o rei de Portugal, Clemente XIV o papa e o

bispo de Mariana era Dom Frei Manuel Joaquim.

A pesquisa do professor Aldo conta com informações sobre inscrições que já desapareceram, como é

o caso das imagens abaixo, tomadas na Igreja do Carmo de Mariana, destruída num incêndio.

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O encerramento da participação do professor Aldo Eustáquio de Assis Sobral deu-se com a

apresentação de fotografias de uma parede do Cemitério de Mariana que não mais existe, na qual havia uma

epígrafe em que se buscou suavizar a morte dando-lhe o significado de descanso.