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O LIVRO DE ORAÇÃO COMUM: HISTÓRIA E PRINCÍPIOS LITÚRGICOS1.
Wagner Cipriano Araújo2
1. Livro de Oração Comum: Raízes históricas.
O Livro de Oração Comum (na íntegra, Livro de Oração Comum e da administração
dos Sacramentos e Outros ritos e cerimônias da Igreja) é o livro de oração oficial da Igreja
Anglicana da Inglaterra e das Igrejas Anglicanas espalhadas pelo mundo, incluindo a Igreja
Anglicana no Brasil viva na Diocese do Recife com o Livro de Oração Comum brasileiro
de 2008.
A primeira versão completa do Livro de Oração Comum apareceu em 1549 ainda
durante a Reforma, no reinado de Eduardo VI. Durante esse mesmo período o seu uso
tornou-se obrigatório pelo Parlamento. O livro de Oração Comum é o resultado do trabalho
iniciado durante o reinado de Henrique VIII, sob a direção de Thomas Cranmer e Nicholas
Ridley.
O seu objetivo era o de produzir um livro, no vernáculo que seria uma espécie de
manual, unificado e simplificado, equivalente aos livros litúrgicos católicos, mas para ser
usado junto com a Bíblia e um hinário autorizado. No seu prefácio, Cranmer explicou que o
LOC era para prestar oração comum em dois sentidos da palavra. A partir desse momento
o culto da Igreja da Inglaterra, até então quase inteiramente em latim, deveria ser celebrado
na língua comum.
1 A primeira parte do presente texto é uma tradução adaptada (pois conta com inserções e reflexões do autor do presente artigo) do texto sobre o Livro de Oração Comum presente na página: http://mb-soft.com/believe/beliepoa.html. A segunda parte do texto é uma reflexão do autor sobre a importância e presença do Livro de Oração Comum na tradição Anglicana brasileira.
2 Wagner Cipriano Araújo é natural de Santo André – SP. Possui graduação e mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2010) e é concluinte do curso de teologia. Presbítero Anglicano (Diocese do Recife), atua com trabalhos de evangelização na Capital Paulista e no grande ABC. Atualmente é professor da Universidade Anhanguera de São Caetano do Sul e Professor Efetivo do Magistério Oficial do Estado de São Paulo.
1
Na essência o primeiro L.O.C possuía a seguinte ordem que de certa forma se
mantém até hoje: oração da manhã e da noite, orações de coletas e a liturgia da Santa
Comunhão, ritos para os sacramentos e ritos para a visitação dos doentes. Na condução do
culto o clero tinha como grande referência o missal, o breviário para as orações das horas
(manhã, tarde e noite), manual (para ritos adicionais, como exéquias e outras celebrações),
e pontificais (para ordenações e serviços episcopais). O novo livro continha todos os ritos
juntos, exceto o ordinal, que foi publicado separadamente em 1550 e revisto nas edições de
1552 e 1662. Além disso, foi incluído um calendário e lecionário juntamente com a
tradução do Saltério.
Uma versão revista do Livro de Oração Comum, que ficou conhecida como o
Segundo Livro de Oração de Eduardo VI, apareceu em 1552. Seu uso, também, se tornou
obrigatório pelo Parlamento. Com inspirações muito mais radicais do que o primeiro,
sobretudo, pela influência calvinista e, sobretudo, a luterana que já se fazia sentir.
O novo livro se diferencia radicalmente da versão anterior. A estrutura de
celebração da Santa Comunhão foi mudada, retirou-se por completo o caráter sacrificial da
celebração eucarística, eliminando assim a idéia de missa e introduzindo a idéia de culto.
Muitas cerimônias foram eliminadas, como os ritos de procissão e adoração a
eucaristia. As vestes usadas pelo clero também foram simplificadas e na seqüência
praticamente abolidas, gerando inclusive uma questão na Igreja da Inglaterra da época que
ficou conhecida como debate sobre as vestimentas. Porém, oito meses após o seu
aparecimento, o uso do segundo Livro de Oração Comum, foi duramente reprimido pela
Rainha Maria I, que se manteve fiel ao catolicismo romano e ao PAPA, sendo assim o latim
foi novamente introduzido como idioma oficial do culto, (eliminando o vernáculo) a ser
utilizado nos serviços da Igreja da Inglaterra.
Com a morte de Maria Tudor, sua meia irmã, a Rainha Elizabeth I ascendeu ao
trono em 1558, e o Livro de Oração Comum foi novamente introduzido no culto e sofreu
novas alterações. Contudo, durante a sangrenta guerra civil que derrubou a monarquia, o
governo puritano calvinista que se institui aboliu o uso do livro na Igreja da Inglaterra, mas,
2
em 1662, após a restauração da monarquia, a sua utilização foi novamente tornada
obrigatória pelo parlamento.
Às alterações introduzidas na versão 1662, de certa forma limitaram a influência
calvinista e foram novamente em uma direção Católica Romana, contudo, a proximidade
com o luteranismo e suas posições teológicas se mantiveram.
Apenas pequenas alterações foram feitas no Livro de Oração Comum após 1662 na
Inglaterra. A estrutura do LOC de 1662 é basicamente a mesma utilizada por todas as
províncias da Comunhão Anglicana.
2. O Conteúdo do Livro de Oração Comum, da perspectiva católica a reformada.
O Livro de Oração Comum é realmente uma combinação de quatro dos grandes
livros litúrgicos do catolicismo: o Breviário, o Missal, o Pontifical e o manual de Rituais,
portanto, o LOC não foi uma criação da mente do arcebispo Cranmer, mas uma unificação
e simplificação de uma longa e rica tradição litúrgica inglesa que vai desde o período celta,
passando pelo período católico romano, influenciado pela reforma, até nossos dias.
2.1. O Novo calendário litúrgico.
O velho Sarum3 e outros livros em uso antes da Reforma continham os dias e as
festas dos santos e celebrações maiores como a páscoa. Essas celebrações ocupavam a
maior parte dos dias no ano. Na reforma promovida no calendário da Igreja, algumas datas
emblemáticas para o romanismo foram de pronto retiradas. Entre estas datas foram
retiradas as celebração da Purificação, Anunciação, Visitação, Assunção, Natividade, e
Conceição da "Bem-aventurada Virgem Maria", todas dedicadas a memória da Virgem
Maria.
3 Sarum era o antigo rito da Igreja da Inglaterra, unia a antiga tradição inglesa(celta) com assimilação do missal romano.
3
Percebe-se também há omissão de um grande número de santos puramente romanos
e revestidos de contos supersticiosos. Com a reformulação do pensamento teológico
influenciado pelo luteranismo, datas como o dia de Finados (pois a mudança na visão
escatológica) e de Corpus Christi (o artigo de religião XXVIII condena a exposição e
adoração da eucaristia) também foram abolidas.
Todas essas mudanças já aparecem de forma categórica no primeiro Livro e não há
nenhuma mudança nesta parte no Segundo Livro. Porém o terceiro Livro (1559-62) re-
introduziu a menção dos dias santos e um bom número de festas; entre estas últimas, a
Visitação da "Virgem Maria", da Conceição e da Natividade também da “Virgem Maria”,
contudo, alguns estudos nos levam a crer que a restauração de alguns dias santos não
estavam diretamente ligados a fé da Igreja reformada da Inglaterra, mas, na organização e
na estrutura das ações sociais. “Algumas datas vem sendo mantidas sob conta de nossos
Tribunais de Justiça(...) Outros são provavelmente mantidos por razões tais como os
comerciantes estão envolvidos nos para celebrar a memória de seu Santo Protetor.... E,
novamente, foi o costume de Feiras mantidas sob estes dias”4.
2.2. O Breviário.
O Breviário Sarum, continha o ofício divino, os Salmos distribuídos através das
semanas, antífonas, versículos, e as respostas. Mas em 1535 apareceu uma nova versão do
breviário elaborado pelo Cardeal Quignonez, no qual uma completa organização tinha sido
feita. As horas canônicas tinham sido mantida, mas as antífonas, os versículos, e as
respostas tinham sido omitidos. Uma característica marcante desta breviário foi a grande
extensão das Escrituras, lições que permitiram ao padre ler, no decurso do ano praticamente
a totalidade do Antigo Testamento e de todo o Novo Testamento com as epístolas de São
Paulo aparecendo duas vezes. Afirmam os especialistas que foi neste livro que Cranmer se
baseou para organizar os ofícios matinais e vespertinos.
Cranmer reduziu, no entanto, o oficio a duas horas para - (chamada Oração de
manhã e à noite, no segundo livro) - e dispostos para os Salmos considerando uma vez no 4 Cf. GJ Cuming, A História da Liturgia Anglicana; CO Buchanan, a BT Lloyd, e H. Miller, eds., Anglicana Culto Hoje.
4
mês em vez de uma vez por semana. Ele também introduziu duas lições das Escrituras,
uma do Antigo Testamento e uma do Novo Testamento em duas horas de oração, e omitiu
por completo os ensinamentos dos santos.
2.3. O Missal
O Cânon da Missa no rito Sarum segue quase palavra por palavra a versão do
Missal Romano. No Primeiro Livro de Oração Comum a comunhão passa a ser
denominado de “A Ceia do Senhor e da Santa Comunhão, comumente chamada de Missa”,
em segundo lugar, e, também, no presente livro, "A Ordem da Administração da Ceia do
Senhor, ou a Santa Comunhão ". As mudanças não vieram somente na forma de nomear a
celebração eucarística. Várias mutações foram introduzidas, seguindo o avanço da
influência protestante(bem alinhada ao pensamento luterano). O termo altar foi substituído
por mesa.
A grande modificação teológica na Missa se deu nos seguintes pontos. O primeiro
LOC já tem como proposta retirar qualquer menção de sacrifício(influência luterana), mas
manteve expressões claras referindo-se à presença real de Cristo na Eucaristia; o Segundo
Livro excluiu com tendências claramente calvinistas o conceito de presença real,
introduzindo apenas a idéia de Pão consagrado. Somente no Terceiro Livro e os
subseqüentes admitiram combinações e expressões muito semelhantes ao do Primeiro
Livro, sem caráter de sacrifício, mas partindo de uma aceitação da presença real de Cristo
na eucaristia.
2.4. Os Rituais sacramentais.
O Batismo: A celebração do Batismo, no antigo Sarum manteve-se quase idêntica nas
palavras e cerimônias. As principais diferenças estão na omissão da bênção do sal e da
unção. Novas orações foram também introduzidas, mas o caráter geral da antiga celebração
foi preservado, inclusive os ritos de exorcismo.
A Crisma ou confirmação: Como a Igreja Anglicana é uma Igreja reformada, não
reconhecemos os ritos de Confirmação como um sacramento, não somos surpreendidos
5
então ao descobrir que o rito dessa celebração sofreu grandes mudanças ao longo dos
séculos. Em 1549 a unção com óleo do crisma foi omitido, mas a oração de súplica ao
Espírito Santo sobre os que estão prestes a ser confirmado foi mantido, tal como o sinal da
cruz na testa dos confirmados. Em 1662 a renovação dos votos batismais que haviam sido
abolidos foram também re-introduzido nas celebrações.
O matrimônio: A forma de celebração do matrimônio vem em seguida. O primeiro livro
seguiu o antigo rito bastante de perto, mas a benção do anel e da missa nupcial foram
omitidos. Evidentemente que essas mudanças se devem pela visão reformista de que o
matrimônio é meramente um "estado de vida permitidos nas Escrituras", e não como um
sacramento.
A unção aos enfermos e o antigo sacramento da penitência: A Ordem da Visitação de
Enfermos contém matérias de grande importância. No primeiro livro e em todas as
subseqüentes Livros, a "pessoa doente deve fazer uma confissão especial, se ele se sente
incomodado com a sua consciência pesada sobre qualquer assunto, após então o sacerdote
deve absolvê-lo usando esta forma. “Eu te absolvo dos teus pecados' "5. Além disso, o
Primeiro Livro contém o rito da Unção dos Enfermos: "Se a pessoa doente deseja ser
marcada, o sacerdote deve anotar sobre ele, fazendo o sinal da cruz", e depois recitando
uma longa oração.
As exéquias: Mesmo não sendo um sacramento o costume de orar pelos mortos é tão
antigo na tradição da Igreja, quanto os sacramentos. O Rito Sarum para as exéquias incluía
Vésperas (Placebo), Matins (Dirige), Elogia, Massa (Requiem). Tal como seria de esperar
os reformadores não aprovavam a oração para os mortos, logo, nada desses rituais foi
preservado nos novos Livros, nascendo assim uma certa "Ordem para o Enterro dos
Mortos" e não mais uma súplica pelo mortos. O Primeiro Livro, na verdade, contém
distintas orações para a alma do falecido, mas estas foram retiradas em 1552, e nunca foram
restaurados.
5 LOC de 1552 in: http://www.eskimo.com/~lhowell/bcp1662/.
6
3. O Livro de Oração Comum brasileiro.
A primeira versão do Livro de Oração Comum, traduzido para o português em
terras brasileiras apareceu em nossas meio um bom tempo depois da instalação das missões
anglicanas no Brasil. Temos como referência os livros que nos chegaram em 1903, depois
em 1925, seguidos por 1930 e 1950. Na seqüência alguns livretos litúrgicos apareceram em
1967, 1973 e em 1975 e por fim, uma versão final foi escolhida em 1987.
Os livros de Oração Comum, nas versões para o Brasil, seguem quase que
integramente a estrutura dos livros advindos da Igreja Episcopal Norte Americana (quem
são adaptações do LOC de 1662), tanto em estrutura, quando em doutrina.
Porém, os referidos livros sempre apresentaram o mesmo padrão de estrutura e de
deficiência. Eles foram publicados como versões condensadas, ou seja, omitem a maior
parte dos ritos. O que temos no atual LOC da IEAB de 1987 pode ser ordenado assim: O
saltério com os ofícios e orações matinais e vespertinas, os ofícios da santa comunhão com
limitadas orações eucarísticas, Rito de Batismo, Confirmação e matrimônio.
O problema encontrado com essa versão condensada sempre esteve presente em
nosso meio na medida que não traziam em seu ritual as celebrações solenes da Igreja, tais
como o ritual da semana Santa o ordinal e outros ofícios e orações.
Durante a separação entre a Diocese do Recife e a IEAB em 2005-2006, a Diocese
do Recife, tomou como missão publicar um Livro de Oração Comum, que de fato
apresentasse a riqueza de séculos da tradição anglicana, com todos os ritos e orações. O
trabalho de compilação e estudo das principais fontes durou aproximadamente dois anos e
em meados de 2008 para 2009, tivemos a publicação do LOCb, uma versão nova (sem abrir
mão da tradição), mas preocupada com a forma viva que a liturgia anglicana tomou durante
a sua história.
7
O LOCb recorreu a fontes históricas das versões de 1662, sobretudo em sua forma
estrutural, o livro segue a mesma organização da terceira versão do LOC tradicional
publicado na Inglaterra.
Junto a essa organização que segue um padrão secular, há a introdução do ordinal
(para ordenação de bispos, presbíteros e diáconos), e uma série de orações eucarísticas
retiradas diretamente da Igreja da Inglaterra no manual para o culto publicado em meados
dos anos oitenta.
4. O Livro de Oração Comum e a dignidade do Culto.
A Igreja Anglicana, como uma Igreja histórica, desde os primórdios assumiu a
missão de ser uma Igreja católica e reformada. Católica por manter viva a fé nos credos, no
episcopado, na palavra de Deus e reformada por ter aberto as portas de sua liturgia a uma
simplificação, uma aproximação com o povo, partindo da língua vernácula, eliminando as
superstições e mantendo os ritos fiéis as expressões bíblicas.
A história da fé anglicana se confunde com o Livro de Oração Comum. Nossa
doutrina, nossos atos celebrativos estão resumidos nesse livro . Somos uma parcela do povo
de Deus que manifestam fidelidade a dois grandes livros: primeiro a bíblia “que contém
todas as coisas necessárias para a nossa salvação”6 e por segundo o LOC.
O Livro de Oração Comum deu ao culto anglicano, vida, simplicidade e, sobretudo,
organização. Todo culto anglicano deve ser orientado pelo livro. Não se trata de querer ou
não, aceitar essa verdade, mas o que está em jogo aqui é uma identidade eclesial, de um
grupo, a fidelidade a um projeto.
Por conta dos conflitos entre as tendências do anglicanismo, encontramos diversas
visões sobre o uso do LOC.
Nos meios mais católicos, o Livro possui um lugar de destaque no culto. Ele é a
grande referência, organiza e coordena os movimentos litúrgicos celebrativos. Não se pensa
nos meios católicos em celebrar um culto sem a presença do LOC, seria como celebrar a 6 Artigos de Religião nº VI.
8
eucaristia sem a presença do pão. Não existe comunhão com “pão espiritual”, como não há
culto anglicano sem o LOC.
Há algum tempo, um reverendo de uma Diocese X, relatou que uma reverenda
advinda de meios neopentecostais, não usava o LOC nos cultos, e mais, além de não usar o
LOC, apenas celebrava a eucaristia uma vez por mês, e a sua defesa estava embasada de
que aquela é a “tradição evangélica”.
Essa pode até ser a tradição evangélica: dos batistas, dos presbiterianos, da Igreja
Universal do Reino de Deus, mas com toda certeza não é a anglicana. Essa Igreja não
orientada pelo LOC foge do conceito de comunhão, não somente na eucaristia, mas da
uniformidade do culto, é um simulacro com nome anglicano, mas que pouco ou nada tem
de vida eclesial anglicana. Evangélicos Anglicanos sempre foram fiéis ao LOC, pois
entendem a força que ele possui em nossa história e em nossa doutrina.
Outras aberrações que são costumeiras em meios pouco formados na liturgia
anglicana pode ser encontrada na forma como a mesa da eucaristia é tratada. Olhando para
o culto o fiel não sabe se aquela mesa é uma mesa santa, ou se é um depósito de papel,
folhetos, canetas e todos os tipos de objetos. Com um olhar um pouco mais crítico aquela
parece mais uma mesa do escritório de casa, do bar, do prostíbulo.
O LOC, também define um calendário litúrgico, com leituras que devem ser
seguidas nas Igrejas que estão em comunhão. As leituras não são aleatórias, ou fruto da
inspiração do ministro. A palavra de Deus no culto não pode ser simplesmente escolhida
pelo gozo retórico do pregador.
A Igreja Anglicana, como uma Igreja litúrgica, segue uma divisão por tempos de
vivência da fé, logo as leituras necessitam estar dentro de um contexto litúrgico, tanto do
tempo celebrado, quanto da liturgia que se efetiva. Também não se pode omitir o que há
séculos celebramos, as leituras do Antigo e do Novo Testamento e o Evangelho não podem
jamais ser omitidas.
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Contudo, tão pouco o apego ao LOC pode se tornar um ritualismo vazio de sentido,
cerimonial que toca o exterior, mas que nada tem com o interior. Durante o culto, a
intervenção da vida entre os ritos é fundamental, ninguém impede um presbítero de fazer
uma oração espontânea, de motivar a assembléia com um louvor, essas ações podem ser
feitas dentro do rito celebrativo do LOC.
O que alguns membros da Igreja necessitam realmente é entender que não são donos
do culto, são apenas oficiantes, devem trazer a palavra do Senhor Jesus a vida, partir o pão
e permitir que nos sejamos diminuído e que Jesus apareça7 e não ser eles mesmos o centro
das ações. Quem deve aparecer no culto é Jesus Cristo e não o ministro que oficia o culto.
A ninguém de forma isolada é dado o direito de negar a tradição e a história do
Livro de Oração Comum. A fé de séculos está de forma reta traduzida nas orações e rituais
que estão guardados nesse Livro. Como o título do trabalho expõe, somos sim reformados,
mas não podemos nunca nos tornar relaxados.
7 Cf: João 3:30.
10
Bibliografia
Enciclopédia Católica, volume II. Publicado 1907. New York: Robert Appleton Company.
Nihil obstat, 1907. Remy Lafort, DST, censor. Imprimatur. + John M. Farley, Arcebispo
de Nova York.
GJ Cuming, A História da Liturgia Anglicana; CO Buchanan, a BT Lloyd, e H. Miller, eds.,
Anglicana Culto Hoje.
FLORES, Josué Soares. Espiritualidade do Livro de Oração Comum. Centro de Estudos
Anglicanos. Caxias do Sul, 2008.
TAKATSU, Dom Sumio. Liturgia Anglicana – diversidade e padrão. Centro de Estudos
Anglicanos. São Paulo.
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