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A corrupção é o fruto podre da nossa indiferença política. (Miral Pereira dos Santos) Marília, sexta-feira, 10 de novembro de 2017 E-mail: [email protected] Originalidade brasileira que rende prêmios Brasília (DF), Paraty (RJ) e João Pessoa (PB) recebem título de “Cidades Criativas” da Unesco O Brasil teve três cidades incluídas na lista de mais criativas da Organização das Nações Unidas para a Edu- cação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Brasília, foi conside- rada a “cidade criativa para o Design”; Paraty (RJ), recebeu o título de “cidade criativa para a Gastronomia”; e João Pessoa, foi eleita a “cidade criativa para Artes e Cultura Popular”. A Rede de Cidades Criativas da Unesco foi criada em 2004 com o intuito de promover a cooperação entre os locais que tem a criatividade como um fator de desenvolvimento sustentável e urbano. O prêmio reconhece e valoriza as cidades com práticas inovadoras e que promovem a indústria criativa, a sustentabilidade urbana, o reforço de políticas públicas e a participação de seus ha- bitantes na vida cultural. A seleção das cidades é feita a cada dois anos. Agora, os três municípios brasileiros entram para a lista de 180 cidades de 72 países que fazem parte da Rede, que também inclui Detroit (Estados Unidos); Berlim (Alemanha); Puebla (México); Xangai (Chi- na); além das brasileiras Belém e Florianópolis, na categoria “gastronomia”; Curitiba, em “design”; Salvador, em “mú- sica” e; Santos, no “cinema”. Gastronomia de Paraty, design de Brasília e cultura de João Pessoa foram premiados pela Unesco Embratur Espetáculo celebra os 30 anos do Núcleo de Artes Cênicas do SESI-SP "O MAMBEMBE" Contando a saga de uma trupe teatral que viaja pelo interior do Brasil, espetáculo dirigido por Kleber Lourenço satiriza questões como a banalização da profissão do ator e as dificuldades de se fazer teatro no País Hoje e amanhã, às 20h, o NAC - Núcleo de Artes Cênicas do SESI Marília leva ao palco da unidade local a peça "O Mambembe" que conta a saga de uma trupe teatral que viaja pelo interior do Brasil, contor- nando situações inusitadas, trazendo à tona, de forma satírica, questões como a ba- nalização da profissão do ator e as dificuldades de se fazer teatro no País. Com texto de Arthur de Azevedo, direção e adapta- ção de Kleber Lourenço, “O Mambembe” é centrado nas personagens Laudelina, mo- cinha que deseja ser atriz, e Frazão, o empresário do grupo mambembe. Paródia de melo- dramas, crítica ao descaso dos governantes para com a arte dramática, uma verdadeira sá- tira dos costumes interioranos, o espetáculo traz aos palcos tipos cômicos irresistíveis e números musicais. Apesar ter sido escrito em 1904, o texto retrata a rea- lidade de muitos artistas na atualidade: os atores passam por todas as dificuldades e contrariedades para atrair público, ficam sem dinheiro e lugar para dormir, e, como se nada mais pudesse acontecer, são submetidos às vontades de um político corrupto. As situações difíceis enfrentadas pelos personagens represen- tam uma espécie de hino de amor ao teatro. A trupe, que viaja o Brasil inteiro para apresentar suas peças, ilustra todas as intem- péries advindas da profissão. Em uma composição divertida e animada, o espetáculo traz por meio dos seus personagens- -atores a essência do fazer teatral universal, conectando o passado e o presente em uma homenagem ao teatro popular brasileiro. A peça faz parte do trabalho coletivo do Núcleo de Artes Cênicas (NAC) do SESI Marília, sob direção de Kleber Lourenço, orientador de Artes Cênicas do SESI-SP, e está dentro da programação do Cena Livre, temporada de espetáculos dos NACs que traz, este ano, o tema Portas Abertas. “À frente do trabalho com os alunos/atores do NAC Marília percebo que o meu processo de criação se inicia no encon- tro com o outro. Encontrar o outro significa estar disponível à escuta e aberto aos desejos que brotam das turmas que se formam a cada ano, com suas individualidades e potências. Nestes dois anos de trabalho como orientador é assim que tem sido: encontros, passagens e permanências, em um soma- tório de desejos e conflitos que se transformam em cena”, ressalta o orientador. Assim como nas tempora- das passadas, o Cena Livre traz à tona a liberdade de experi- mentação, em uma composição interdisciplinar que só o teatro amador pode oferecer. Duração: 60 minutos. Não recomendado para menores de 14 anos. Os ingressos, que po- dem ser reservados antecipa- damente pelo Meu SESI (www. sesisp.org.br/meu-sesi), serão distribuídos 1 hora antes do início do espetáculo. Com ca- pacidade para 130 lugares (4 para cadeirantes), o Teatro do SESI Marília, localizado na Av. João Ramalho, 1306 - Jardim Conquista. Mais informações: tel. 3401-1500. Com 30 anos de existência, o Núcleo de Artes Cênicas é um dos mais expressivos progra- mas de formação em cultura do SESI-SP. Atende mais de 6 mil alunos por ano, atuando na promoção da qualidade de vida em cursos para adultos, na orientação de jovens estudan- tes de teatro e na expansão da criatividade infantil por meio da vivência teatral. São ao todo 21 unidades, espalhadas em 18 cidades em todo Estado, entre elas a de Marília. Divulgação Na imensidão da Amazô- nia brasileira, a televisão é veículo-chave na transmissão de informação da região. O livro "Antenas da floresta - a saga das TVs na Amazônia", da jornalista Elvira Lobato de Araújo, lançado no último sábado (4) pela Editora Ob- jetiva, trata dessa realidade ao constatar a existência de uma vasta teia de pequenas emissoras de TV oferecendo programação jornalística e entretenimento com produção local própria e ao largo do olhar das grandes redes - TV Globo, Record, SBT, Bandeirantes -, que transmitem o noticiário das metrópoles. "Antenas da floresta" é um rico painel de histórias sobre a produção de TV feita, em muitos casos, na raça, sem recursos, com vídeos de fundo de quintal. Jornalistas sem formação acadêmica e comu- nicadores autodidatas usam as mini emissoras legalmente nas brechas de um mercado com regulação especial. A autora conta que a região tem um regime próprio de operação do setor. "Há duas categorias de retransmissoras de TV no Brasil: as da Amazônia Legal - apelidadas de mistas, por poderem atuar parte do tempo como geradoras - e as do resto do País, que apenas repetem o sinal emitido pelas geradoras", explica ela no livro. Elvira diz que inicialmen- te pretendia mapear a pro- priedade dessas pequenas produtoras de conteúdo do "fundão" nacional. Experiente no assunto, que conhece bem das coberturas jornalísticas diárias desde os anos 1990, quando cobriu o setor para o jornal Folha de S.Paulo, ela montou um banco de dados sobre os donos de 1.737 canais. "Identificar os proprietários das pequenas retransmissoras exigiu a busca de documentos e de informações em juntas co- merciais, cartórios e nos bancos de dados públicos da Anatel, da Receita Federal e do Congresso Nacional", afirma. O levanta- mento, relata na obra, "mostrou que, a despeito do avanço dos políticos e das igrejas na radio- difusão, os empresários ainda formam o bloco principal entre os proprietários, com 718 ca- nais, que correspondiam a 41% do total autorizado pelo governo até 2015". O bloco dos políticos e seus parentes próximos vem em se- gundo lugar, "com 373 canais, 21% do total". Na sequência, "o Poder Executivo - federal, estadual e municipal - com 340 canais, 20% do total, e as igrejas, com 16% (271 canais), no quarto bloco". O livro revela que sete senadores são do ramo: Ro- mero Jucá (PMDB-RR), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Jader Barbalho (PMDB-PA), Acir Gurgacz (PDT-RO), Wellington Fagundes (PR-MT), e os mara- nhenses Edison Lobão (PMDB) e Roberto Rocha (ex-PSB, hoje no PSDB). Mas Elvira confessa que se "encantou" mesmo foi com histórias que encontrou quando, entre 2015 e 2016, visitou Mato Grosso, Mara- nhão, Tocantins e Pará. Ela fez mais de 200 entrevistas, que usa no livro para contar casos de exercício de poder político oculto, violência e bastidores da cobertura policial - como a prisão do sujeito que vendeu urubu como se fosse galinha. TURISMO Livro relata mundo das mini TVs na Amazônia Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PA), três dos sete senadores que são do ramo, como revela o livro da jornalista Elvira Lobato de Araújo. O bloco dos políticos e seus parentes detém a propriedade de 373 canais, 21% do total da vasta teia de pequenas emissoras de TV da Amazônia Fotos: Divulgação

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Page 1: O MAMBEMBE Espetáculo celebra os 30 anos do Núcleo de ... · Marília, sexta-feira, 10 de novembro de 2017 E-mail: jmcad2@terra.com.br ... Tocantins e Pará. Ela fez mais de 200

A corrupção é o fruto podre da nossa indiferença política. (Miral Pereira dos Santos)

Marília, sexta-feira, 10 de novembro de 2017 E-mail: [email protected]

Originalidade brasileira que rende prêmiosBrasília (DF), Paraty (RJ) e João Pessoa (PB) recebem título de “Cidades Criativas” da Unesco

O Brasil teve três cidades incluídas na lista de mais criativas da Organização das Nações Unidas para a Edu-cação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Brasília, foi conside-rada a “cidade criativa para o Design”; Paraty (RJ), recebeu o título de “cidade criativa para a Gastronomia”; e João Pessoa,

foi eleita a “cidade criativa para Artes e Cultura Popular”.

A Rede de Cidades Criativas da Unesco foi criada em 2004 com o intuito de promover a cooperação entre os locais que tem a criatividade como um fator de desenvolvimento sustentável e urbano. O prêmio reconhece e valoriza as cidades

com práticas inovadoras e que promovem a indústria criativa, a sustentabilidade urbana, o reforço de políticas públicas e a participação de seus ha-bitantes na vida cultural. A seleção das cidades é feita a cada dois anos.

Agora, os três municípios brasileiros entram para a lista

de 180 cidades de 72 países que fazem parte da Rede, que também inclui Detroit (Estados Unidos); Berlim (Alemanha); Puebla (México); Xangai (Chi-na); além das brasileiras Belém e Florianópolis, na categoria “gastronomia”; Curitiba, em “design”; Salvador, em “mú-sica” e; Santos, no “cinema”.

Gastronomia de Paraty, design de Brasília e

cultura de João Pessoa foram premiados

pela Unesco

Embratur

Espetáculo celebra os 30 anos do Núcleo de Artes Cênicas do SESI-SP

"O MAMBEMBE"

Contando a saga de uma trupe teatral que viaja pelo interior do Brasil, espetáculo dirigido por Kleber Lourenço satiriza questões como a banalização da profissão do ator e as dificuldades de se fazer teatro no País

Hoje e amanhã, às 20h, o NAC - Núcleo de Artes Cênicas do SESI Marília leva ao palco da unidade local a peça "O Mambembe" que conta a saga de uma trupe teatral que viaja pelo interior do Brasil, contor-nando situações inusitadas, trazendo à tona, de forma

satírica, questões como a ba-nalização da profissão do ator e as dificuldades de se fazer teatro no País.

Com texto de Arthur de Azevedo, direção e adapta-ção de Kleber Lourenço, “O Mambembe” é centrado nas personagens Laudelina, mo-

cinha que deseja ser atriz, e Frazão, o empresário do grupo mambembe. Paródia de melo-dramas, crítica ao descaso dos governantes para com a arte dramática, uma verdadeira sá-tira dos costumes interioranos, o espetáculo traz aos palcos tipos cômicos irresistíveis e

números musicais.Apesar ter sido escrito em

1904, o texto retrata a rea-lidade de muitos artistas na atualidade: os atores passam por todas as dificuldades e contrariedades para atrair público, ficam sem dinheiro e lugar para dormir, e, como se

nada mais pudesse acontecer, são submetidos às vontades de um político corrupto. As situações difíceis enfrentadas pelos personagens represen-tam uma espécie de hino de amor ao teatro.

A trupe, que viaja o Brasil inteiro para apresentar suas peças, ilustra todas as intem-péries advindas da profissão. Em uma composição divertida e animada, o espetáculo traz por meio dos seus personagens--atores a essência do fazer teatral universal, conectando o passado e o presente em uma homenagem ao teatro popular brasileiro.

A peça faz parte do trabalho coletivo do Núcleo de Artes Cênicas (NAC) do SESI Marília, sob direção de Kleber Lourenço, orientador de Artes Cênicas do SESI-SP, e está dentro da programação do Cena Livre, temporada de espetáculos dos NACs que traz, este ano, o tema Portas Abertas.

“À frente do trabalho com os alunos/atores do NAC Marília percebo que o meu processo de criação se inicia no encon-tro com o outro. Encontrar o outro significa estar disponível à escuta e aberto aos desejos que brotam das turmas que se formam a cada ano, com suas individualidades e potências. Nestes dois anos de trabalho como orientador é assim que tem sido: encontros, passagens e permanências, em um soma-tório de desejos e conflitos que se transformam em cena”, ressalta o orientador.

Assim como nas tempora-das passadas, o Cena Livre traz à tona a liberdade de experi-mentação, em uma composição interdisciplinar que só o teatro amador pode oferecer.

Duração: 60 minutos. Não recomendado para menores de 14 anos. Os ingressos, que po-dem ser reservados antecipa-damente pelo Meu SESI (www.sesisp.org.br/meu-sesi), serão distribuídos 1 hora antes do início do espetáculo. Com ca-pacidade para 130 lugares (4 para cadeirantes), o Teatro do SESI Marília, localizado na Av. João Ramalho, 1306 - Jardim Conquista. Mais informações: tel. 3401-1500.

Com 30 anos de existência, o Núcleo de Artes Cênicas é um dos mais expressivos progra-mas de formação em cultura do SESI-SP. Atende mais de 6 mil alunos por ano, atuando na promoção da qualidade de vida em cursos para adultos, na orientação de jovens estudan-tes de teatro e na expansão da criatividade infantil por meio da vivência teatral. São ao todo 21 unidades, espalhadas em 18 cidades em todo Estado, entre elas a de Marília.

Divulgação

Na imensidão da Amazô-nia brasileira, a televisão é veículo-chave na transmissão de informação da região. O livro "Antenas da floresta - a saga das TVs na Amazônia", da jornalista Elvira Lobato de Araújo, lançado no último sábado (4) pela Editora Ob-jetiva, trata dessa realidade ao constatar a existência de uma vasta teia de pequenas emissoras de TV oferecendo programação jornalística e entretenimento com produção local própria e ao largo do olhar das grandes redes - TV Globo, Record, SBT, Bandeirantes -, que transmitem o noticiário das metrópoles.

"Antenas da floresta" é um rico painel de histórias sobre a produção de TV feita, em muitos casos, na raça, sem recursos, com vídeos de fundo de quintal. Jornalistas sem

formação acadêmica e comu-nicadores autodidatas usam as mini emissoras legalmente nas brechas de um mercado com regulação especial. A autora conta que a região tem um regime próprio de operação do setor.

"Há duas categorias de retransmissoras de TV no Brasil: as da Amazônia Legal - apelidadas de mistas, por poderem atuar parte do tempo como geradoras - e as do resto do País, que apenas repetem o sinal emitido pelas geradoras", explica ela no livro.

Elvira diz que inicialmen-te pretendia mapear a pro-priedade dessas pequenas produtoras de conteúdo do "fundão" nacional. Experiente no assunto, que conhece bem das coberturas jornalísticas diárias desde os anos 1990, quando cobriu o setor para

o jornal Folha de S.Paulo, ela montou um banco de dados sobre os donos de 1.737 canais.

"Identificar os proprietários das pequenas retransmissoras exigiu a busca de documentos e de informações em juntas co-merciais, cartórios e nos bancos de dados públicos da Anatel, da Receita Federal e do Congresso Nacional", afirma. O levanta-mento, relata na obra, "mostrou que, a despeito do avanço dos políticos e das igrejas na radio-difusão, os empresários ainda formam o bloco principal entre os proprietários, com 718 ca-nais, que correspondiam a 41% do total autorizado pelo governo até 2015".

O bloco dos políticos e seus parentes próximos vem em se-gundo lugar, "com 373 canais, 21% do total". Na sequência, "o Poder Executivo - federal, estadual e municipal - com

340 canais, 20% do total, e as igrejas, com 16% (271 canais), no quarto bloco".

O livro revela que sete senadores são do ramo: Ro-mero Jucá (PMDB-RR), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Jader Barbalho (PMDB-PA), Acir Gurgacz (PDT-RO), Wellington Fagundes (PR-MT), e os mara-nhenses Edison Lobão (PMDB) e Roberto Rocha (ex-PSB, hoje no PSDB). Mas Elvira confessa que se "encantou" mesmo foi com histórias que encontrou quando, entre 2015 e 2016, visitou Mato Grosso, Mara-nhão, Tocantins e Pará. Ela fez mais de 200 entrevistas, que usa no livro para contar casos de exercício de poder político oculto, violência e bastidores da cobertura policial - como a prisão do sujeito que vendeu urubu como se fosse galinha.

TURISMO

Livro relata mundo das mini TVs na Amazônia

Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PA), três dos sete senadores que são do ramo, como revela o livro da jornalista Elvira Lobato de Araújo. O bloco dos políticos e seus parentes

detém a propriedade de 373 canais, 21% do total da vasta teia de pequenas emissoras de TV da Amazônia

Fotos: Divulgação