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O MERCADO DE TRABALHO PARA O
ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO: UMA
ANÁLISE A PARTIR DOS
PROFISSIONAIS FORMADOS PELA
UNIVASF
William Wendel Richardson de Souza Junior (UNIVASF )
Vitor Silva Miranda (UNIVASF )
Angelo Antonio Macedo Leite (UNIVASF )
Tayllen Francieli Dias Emidio (UNIVASF )
A construção de um mercado cada vez mais competitivo é fruto de
grandes mudanças que têm ocorrido na economia e na indústria e que
tornam o conhecimento algo essencial para que uma empresa se
mantenha acima de seus concorrentes. Com base niisso, a atuação do
Engenheiro de Produção tem se tornado peça expressivamente
importante na liderança, gestão e resolução de problemas
relacionados à empresa. Este artigo, portanto, procura identificar
como está o mercado de trabalho para o Engenheiro de Produção
formado na UNIVASF com base em suas atuações profissionais e
informações inerentes a suas atividades. Os resultados obtidos
evidenciam o percentual de aproximadamente 15% de desemprego
para a profissão, a entrada em curso de pós-graduação como forma de
obter melhores resultados de remuneração e a prevalência das áreas
de PCP, Logística e Qualidade no mercado de trabalho.
Palavras-chave: Mercado de trabalho, UNIVASF, Engenharia de
Produção
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
1.1 Contextualização
Os índices que mensuram os percentuais de crescimento de economias, como o Produto
Interno Bruto (PIB), dependem, em grande parte, de como estão os setores industriais, de
serviços, agricultura, comércio, entre outros. A Engenharia de Produção é vista como algo
cada vez mais fundamental para o desenvolvimento de um país (OLIVEIRA, 2013). A
multidisciplinaridade vista na formação de um Engenheiro de Produção faz com que ele tenha
atributos para atuar em diversas áreas. Desse modo, é visto que este profissional se tornou um
fator essencial para a manutenção e melhoria desses setores econômicos (JESUS; COSTA,
2013; IEDI, 2010).
Segundo Cunha (2002), a fortificação dos ideais da Engenharia de Produção se deu durante o
século XX por conta das mudanças drásticas de cenário, como as grandes guerras. Assim,
houve maior demanda por novas técnicas e conhecimentos que viessem atender a evolução de
tecnologias e mercado existentes. Ainda segundo Cunha (2002), a evolução das engenharias
tradicionais (Civil, Mecânica, Elétrica, entre outras) aconteceu apenas com a mudança de
cenários e possibilidades, se mantendo basicamente a mesma. Já a Engenharia de Produção se
reestrutura a cada momento com o objetivo de melhorar a utilização de recursos, como
otimização e melhoramento de processos e sistemas.
O curso de Engenharia de Produção, por sua vez, é novo quando comparado às outras
engenharias, como civil, mecânica. Oliveira (2010) substancia essa afirmação atestando que a
Engenharia de Produção iniciou-se a partir do momento em que o homem, além de produzir,
começou a se preocupar com a integração, organização, mecanização e aprimoramento da
produção. Segundo a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)(2016), a
inserção do curso de Engenharia de Produção nesta instituição auto referida foi obtida através
dos avanços econômicos ali alcançados. Desde o ano de 1950, essa região, conhecida como
Submédio do Vale do São Francisco, recebeu investimentos por parte do Governo Federal a
fim de melhorar os índices socioeconômicos locais e de suas proximidades. Com o grande
volume de água do rio São Francisco, foi possível a construção de perímetros irrigados e,
dessa forma, o Vale conseguiu se tornar uma das maiores forças do país na produção de
alimentos (PEREIRA; DO CARMO, 2010).
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Visto a construção de um mercado potencial, a Engenharia de Produção foi introduzida na
UNIVASF a fim de, com os profissionais formados, melhorar significativamente todo o
sistema produtivo e a qualidade dos serviços e produtos desenvolvidos no Vale e em todo o
país (UNIVASF, 2016).
Com base em algumas indagações como: "Há emprego para o Engenheiro de Produção?",
"Para onde vão os profissionais formados pela UNIVASF?", “Quais as principais áreas de
atuação?”. Segmentar-se-á, então, qual o perfil do profissional Engenheiro de Produção da
UNIVASF e como está o mercado para esses profissionais.
1.2 Objetivo
O objetivo deste trabalho é analisar e descrever como está situado o mercado de trabalho para
o profissional formado no Curso de Engenharia de Produção na UNIVASF.
1.3 Metodologia
Esta pesquisa é classificada como descritiva e quantitativa, pois leva em conta a busca,
estudo, interpretação e correlação desses dados (BARROS; LEHFELD, 2007). Esses dados
foram quantificados e organizados a fim de se obter dados relevantes à profissão, atuação e,
também, construir correlações entre as variáveis pesquisadas. A metodologia implantada
busca o desenvolvimento de um modelo informacional que possa quantificar as opiniões
subjetivas dos profissionais de Engenharia de Produção formados na UNIVASF.
Como se trata, em grande parte, de um parecer mais subjetivo que irá confrontar a opinião dos
participantes, não apenas os dados disponíveis no sistema da universidade seriam suficientes
para oferecer à pesquisa relevância necessária para melhores conclusões. Portanto, tornou-se
necessária a construção de um questionário com informações mais completas sobre o perfil,
área de atuação, mercado de trabalho, situação econômica, histórico universitário, entre
outros, para quantificar estatisticamente esses dados e, assim, definir o Perfil dos Egressos do
Curso de Engenharia de Produção da UNIVASF no Mercado.
Acerca da quantidade amostral utilizada, pode-se inferir que, quanto maior o número de
participações no preenchimento do questionário, melhores seriam os feedbacks. No entanto,
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por se tratar de uma pesquisa onde a participação é facultativa, os resultados serão analisados
a partir da quantidade de respostas obtidas.
O trabalho apresenta inicialmente uma exposição acerca da Engenharia de Produção na
UNIVASF e no Brasil. Posteriormente, é mostrado como está e quais as possibilidades para o
mercado para esse profissional. Depois, a partir da construção do questionário, com as
questões mais relevantes sobre a vida, tanto no mercado quanto acadêmica do Engenheiro de
Produção, foi feito o envio dos questionários para os egressos do curso através do endereço de
e-mail de cada um. Desse modo, com os dados obtidos, foi feita a análise desses e a
correlação entre as principais variáveis. Por fim, serão mostradas as discussões referentes aos
resultados obtidos (Figura 01).
Com o intuito de realizar testes de correlação entre algumas das variáveis, utilizado-se o
coeficiente de correlação de Spearman, que é uma medida padronizada da força do
relacionamento entre duas variáveis que não seguem uma distribuição normal (FIELD, 2009),
e lida com variáveis nominais, além das escalares. Este coeficiente pode variar entre os
valores -1 e 1. Valores entre -1 e 0 indicam que à medida que uma variável se altera, a outra
não se altera. Analogamente, valores entre 0 e 1 indicam que à medida que uma variável se
altera, a outra se altera na mesma direção.
2. Referencial teórico
2.1 A Engenharia de Produção
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A Engenharia de Produção se desenvolveu inicialmente nos Estados Unidos no final do século
XIX. Taylor, Frank e Lilian Gilbreth, entre outros, construíram o Scientific Management, o
qual foi introduzido em muitas empresas americanas e deu início a nossa Engenharia de
Produção, conhecida nos Estados Unidos como Engenharia Industrial (LEME, 1983).
Segundo Oliveira (2010), o crescimento do curso de Engenharia de Produção conseguiu maior
impulso nos cenários mundiais por conta da própria evolução que os sistemas adquiriam. Com
uma competitividade mais acirrada, algumas vantagens como melhores processos, produtos, e
modos de gestão se tornaram diferenciais inerentes aos líderes de mercados e segmentos.
O desenvolvimento da Engenharia de Produção no Brasil se deu por conta de fatores tanto
políticos e econômicos quanto sociais. Grande parte desse inicial desenvolvimento aconteceu
no início dos anos 50 com a instalação de multinacionais no governo de Juscelino Kubitschek
(OLIVEIRA, 2013). Durante esse período, muitas escolas de engenharia, cerca de 28, foram
implantadas em todo o Brasil, principalmente em regiões onde havia maior crescimento
econômico. Visando esse cenário, é válido lembrar que essa evolução também é resultado do
governo de Getúlio Vargas, que aconteceu anteriormente a esse, e deu grande impulso ao
acesso do Brasil aos processos industriais presentes na Europa (ROSSI, 2012).
Segundo Oliveira (2013) a concentração dos cursos de Engenharia de Produção no Brasil
segue basicamente uma regra de acordo com a renda e desenvolvimento de cada região. É
visto uma maior assiduidade no estado de São Paulo, que sempre possuiu a maior
concentração financeira do país; também na zona franca de Manaus, provenientes de
investimentos por parte do governo; na região Sul do país, por conta, principalmente, dos
acordos financeiros do Brasil com outros países sul-americanos; e crescimento em outros
estados com significativo crescimento nas últimas décadas, como Bahia, Sergipe, Santa
Catarina, Goiás. Apesar de haver um avanço da Engenharia de Produção em algumas dessas
regiões, é notório a prevalência desta na região Sudeste do país.
Em meados da primeira Revolução Industrial, a ideia de produção, criada pelo contexto
industrial da época, focava na produção em escala: a produção buscava apenas a confecção de
mais e mais produtos, sem a preocupação com a qualidade (CORRÊA, 2003). Atualmente,
esse pensamento de produção é visto de forma distinta do que representava anteriormente,
partindo, portanto, do pressuposto referente a uma maior preocupação com a qualidade do
produto ou serviço (OLIVEIRA, 2010). Isso ocorre por conta da maior competitividade entre
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empresas que prestam serviços similares e da dificuldade se manter “vivo” em um mercado
cada vez mais complexo (FAÉ; RIBEIRO, 2005).
O Curso de Engenharia de Produção da UNIVASF tem como objetivo capacitar o discente
com todas as informações e técnicas necessárias para os desafios do mercado de trabalho em
sua área. Desse modo, ele poderá enfrentar as diversidades do dia-a-dia com base em
pesquisa, integração e desenvolvimento de técnicas suficientemente eficazes para sanar
determinado problema e, assim, devidamente preparado com habilidades profissionais, éticas
e sociais, ele poderá ajudar com o desenvolvimento da empresa e da região como um todo
(UNIVASF, 2012).
2.2 O Mercado de trabalho
Na etapa que procede a saída da universidade, já formado como engenheiro de produção,
almeja-se a entrada no mercado. É visto na UNIVASF que alguns estudantes, quando obtêm
um estágio de maior destaque ou uma melhor possibilidade, já conseguem se inserir numa
empresa imediatamente quando saem da universidade; outros, no entanto, ainda têm que
esperar algum tempo para a primeira atividade como engenheiro.
O mercado de trabalho tem se tornado cada vez mais competitivo e dinâmico. As
organizações têm que se adaptar diariamente aos novos modelos de produção e às novas
tendências, tanto em processos como em habilidades e competências (CUNHA, 2002). Assim,
as empresas têm se mostrado dispostas a mudanças, já que é vital para a sua continuação no
mercado. A maior quantidade e variedade de produtos e serviços disponíveis aos
consumidores faz com que os mercados sejam cada vez mais difíceis para os concorrentes,
gerando a necessidade de melhoramento, em todos os sentidos, das fases que constituem a
empresa, desde o gerenciamento até pequenas mudanças de processos e decisões
(CALDEIRA, 2005).
A construção da relação oferta-demanda para engenheiros no país ganhou força durante a
década de 70, quando aconteceu o chamado Milagre Econômico (CAMARGOS, 2002). Neste
momento houve o fortalecimento da profissão, a qual se tornou famosa por remunerar bem e
disponibilizar muitas vagas no país. Segundo Valente (2013), durante as décadas de 80 e 90, o
Brasil enfrentou um período de recessão por conta da crise do petróleo. Nesse momento, a
ociosidade para engenheiros deixou a profissão em baixa. Apenas próximo à virada do século,
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a economia conseguiu se restabelecer, ainda que de maneira lenta. Medidas econômicas como
o Plano Real, o Programa de Aceleração do Crescimento e alguns eventos esportivos têm
possibilitado uma ascensão da engenharia no Brasil. Mesmo com a retomada do crescimento
da engenharia, o Brasil perdeu espaço no mercado. Quando comparado a outros países, é
notório que há uma grande diferença em conhecimento e tecnologia, principalmente nos
setores industrias (VALENTE, 2013).
A carência por profissionais formados em todas as engenharias tem sido, na última década,
notícia nos principais noticiários (LINS et al, 2014). As justificativas utilizadas pela mídia são
que os avanços nos principais setores econômicos não têm acontecido devido a falta de mão
de obra especializada, como técnicos e engenheiros. Dados que contradizem essa pesquisa
inferem que há uma quantidade razoável de profissionais, mas que eles não estão sendo
alocados em suas respectivas funções (OLIVEIRA, 2013). O exemplo do Engenheiro de
Produção é o que mais se identifica: esses profissionais não estão sendo alocados em suas
verdadeiras funções por questões como falta de visão dos empresários e/ou opção de não
pagar os valores inerentes à graduação/especialização. Assim, ou eles são colocados em
cargos de menor expressão ou outros profissionais são contratados para exercer, em tese, a
função do engenheiro. Segundo o IPEA (MACIENTE, 2011), a cada sete profissionais de
engenharia em atuação, apenas dois exercem funções que dizem respeito as suas qualificações
de engenheiro. Os outros exercem funções que não lhes dizem respeito, apesar de serem mais
simples quando comparadas aos seus perfis.
Contrariando o pensamento de Oliveira (2013), IEDI (2010) afirma que um dos principais
fatores para a falta de engenheiros (ou percepção de falta) no Brasil foi o crescimento
econômico vivenciado pelo país após a crise de 2008. O considerável avanço da economia
brasileira aconteceu num momento em que a perspectiva para a atuação de engenheiros não
era bem vista por conta da falta de mercado e baixos salários.
Os fatores que quantificam as principais habilidades inerentes ao Engenheiro de Produção são
definidas como competências. Segundo a Associação Brasileira de Engenharia de Produção
(ABEPRO)(2001), são eles:
Capacidade de dimensionar e integrar recursos físicos, humanos e financeiros a fim de
produzir, com eficiência e ao menor custo, considerando a possibilidade de melhorias
contínuas;
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Capacidade de utilizar ferramental matemático e estatístico para modelar sistemas de
produção e auxiliar na tomada de decisões;
Capacidade de projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas, produtos e processos,
levando em consideração os limites e as características das comunidades envolvidas;
Capacidade de prever e analisar demandas, selecionar tecnologias e know-how,
projetando produtos ou melhorando suas características e funcionalidade;
Capacidade de incorporar conceitos e técnicas da qualidade em todo o sistema
produtivo, tanto nos seus aspectos tecnológicos quanto organizacionais, aprimorando
produtos e processos, e produzindo normas e procedimentos de controle e auditoria;
Capacidade de prever a evolução dos cenários produtivos, percebendo a interação
entre as organizações e os seus impactos sobre a competitividade;
Capacidade de acompanhar os avanços tecnológicos, organizando-os e colocando-os a
serviço da demanda das empresas e da sociedade;
Capacidade de compreender a inter-relação dos sistemas de produção com o meio
ambiente, tanto no que se refere a utilização de recursos escassos quanto à disposição
final de resíduos e rejeitos, atentando para a exigência de sustentabilidade;
Capacidade de utilizar indicadores de desempenho, sistemas de custeio, bem como
avaliar a viabilidade econômica e financeira de projetos;
Capacidade de gerenciar e otimizar o fluxo de informação nas empresas utilizando
tecnologias adequadas.
A pluralidade de empresas por todo Brasil faz com que haja, em cada uma delas, diferentes
necessidades para gestão e funcionamento, ou seja, torna-se necessário que se tenha um
embasamento teórico e prático maior para atender a todas elas de maneira eficaz. Na
formação do profissional, essa pluralidade de competências é visivelmente expressa nas
subáreas do curso. Com base nas Diretrizes Curriculares do Curso de Engenharia de
Produção, existem várias subáreas com propriedades para sanar as diferentes necessidades das
empresas (ABEPRO, 2001).
3. Resultados
Dos 98 profissionais formados pela UNIVASF (até janeiro de 2016), 68 (69,39%)
contribuíram com a participação no questionário. Dentre esses, de acordo com a Figura 02, foi
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possível destacar que não há tanta diferença de gênero dos egressos: 37 profissionais são do
sexo masculino e 31 do sexo feminino. Nesse grupo de 68 formados, a média de idade é de
27,5 anos, considerada bastante jovem.
A saída da universidade como Engenheiro de Produção faz com que haja a busca por mercado
de trabalho. A Figura 03 mostra que grande parte dos formados, cerca de 75%, continuam na
região próxima à UNIVASF. Isso pode vir a acontecer por conta desse ser o local onde
moram familiares. Outros, no entanto, saem em busca de oportunidades em outras regiões.
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Quanto à remuneração bruta dos profissionais formados, quase 15% da amostra obtida disse
não possuir nenhuma renda porque está desempregado (Figura 04). Isso pode estar
acontecendo por conta da crise econômica que o país vem vivenciando. Além disso, cerca de
80% dos profissionais têm suas rendas distribuídas entre três faixas: quase 30% recebe até 3
salários mínimos; quase 31% de 3 a 6 salários mínimos; e quase 21% de 6 a 10. Pequena
parcela possui renda acida de 10 salários mínimos.
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A Engenharia de Produção pode ser direcionada para onze áreas diferentes. Cada uma delas
pode ser vista na Figura 05. As áreas de atuação com mais frequência na atuação dos
profissionais foram: Logística (20,16%), Pesquisa e Controle da Produção (PCP) (15,50%),
Qualidade (14,73%) Gestão de Projetos (13,95%) e Ensino (12,40%). As outras aparecem
logo em seguida, no entanto, com menor grau de assiduidade.
Apesar da pouca idade da universidade e, consequentemente, da pequena quantidade de
alunos formados, é possível constatar que uma considerável parte participa de atividades de
Pós-Graduação. Isso pode ser visto na figura 06.
A fim de analisar a correlação entre a realização de pós-graduação pelos entrevistados e sua
remuneração média bruta mensal, aplicamos o teste de Spearman, o qual apontou uma
correlação significativa com índice igual a 0,254 entre estas variáveis. Este resultado constata
que, para esta amostra, quanto maior o grau de especialização do candidato, maior seu salário
(Figura 07). Nesta figura é possível notar que os candidatos que não ingressaram em cursos de
pós-graduação estão classificados nas faixas salariais mais baixas, enquanto que a parcela da
amostra que já concluiu ou está cursando pós-graduação se enquadra, em sua maioria, em
faixas salariais de média a alta.
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Testando a correlação entre as opções por pós-graduação e atividades extracurriculares, a
única atividade extracurricular que apresentou correlação significativa com a variável de pós-
graduação foi “projeto de pesquisa”, sendo o coeficiente de correlação de Spearman entre elas
igual a 0,392 (Figura 08). Isso nos permite inferir que, para a amostra analisada, a
participação dos entrevistados em projetos de pesquisa, enquanto graduandos, os levaram a
optarem por realizar cursos de pós-graduação.
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Foi identificado que não existem correlações significativas entre a idade, o gênero e a renda
média bruta mensal do entrevistado para a amostra analisada (Figura 09). Nesta figura pode-
se notar que a distribuição dos dados das faixas salariais não é homogênea para nenhuma das
faixas etárias ou até mesmo se levar em consideração a classificação por gênero.
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Não existe correlação significativa entre o estado da federação onde o entrevistado está
empregado atualmente e sua renda média bruta mensal para esta amostra. Porém, os dados
coletados mostram que a maioria dos entrevistados trabalha atualmente no estado da Bahia e
que estes se encontram em faixas salariais mais baixas que os entrevistados que estão
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atualmente empregados no estado do Pernambuco, o qual ficou em segundo lugar entre os
estados que os entrevistados estão empregados atualmente (Figura 10).
4. Conclusão
O curso de Engenharia de Produção da UNIVAF tem formado profissionais para atuar em
diferentes segmentos de mercado e possibilidades. Pelo fato de ser um curso novo, numa
universidade relativamente jovem, com pouco mais de 10 anos, a média de idade dos
egressos, de quase 28 anos, é considerada baixa. Apesar disso, é visto a introdução desses
profissionais na pós-graduação. Com base na amostra evidenciada, os egressos que fizeram ou
fazem pós-graduação tendem a possuir maiores faixas salariais que os profissionais que não
optaram/puderam por fazer. Ou seja, quanto maior a sua especialização, maior a sua
remuneração. Além disso, quanto ao ciclo acadêmico do estudante da universidade, foi
evidenciada a correlação entre participação do mesmo em projetos de pesquisa e a tendência
dele em realizar cursos de pós-graduação.
Com base na amostra de resultados obtida, cerca de 15% dos egressos diz não possuir
remuneração atualmente porque se encontram desempregados. Quanto ao salário bruto
mensal, foram identificadas três principais faixas onde há uma distribuição parecida para os
profissionais: até 3, de 3 a 6 e de 6 a 10 salários mínimos. Os 68 egressos participantes do
questionário se dividem de maneira similar quanto a quantidade de mulheres e homens. Nessa
amostra, não há correlação entre idade, gênero e salário bruto. Desse modo, não se pode
explicar a remuneração de acordo com o sexo ou a idade dos profissionais.
Quanto às áreas de atuação para o Engenheiro de Produção, elas são divididas em onze
principais (ABEPRO, 2001), todas mostradas nos exercícios profissionais dos egressos. No
entanto, as que mais frequentemente foram utilizadas são: Logística, PCP, Qualidade, Gestão
de Projetos e Ensino; mostrando basicamente as áreas da economia mais presentes no país.
É mostrado que os estados de atuação dos engenheiros não possuem relação estatística
significativa com suas remunerações. Segundo Souza Junior et al. (2016), a visualização
profissional do Engenheiro de Produção no Vale do São Francisco é vista de maneira
subestimada. Isso causa a sua substituição nas empresas da região por outros profissionais por
conta da redução dos custos com remuneração para o empregador. Quando ao Vale, no
entanto, nas cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, onde há cerca de 75% dos egressos
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analisados, a diferença de remuneração do profissionais das duas cidades é bem explícita e
evidencia que são mais bem pagos os engenheiros de Petrolina-PE que os de Juazeiro-BA.
Portanto, com base no que foi exposto anteriormente e nos resultados obtidos, pode-se
concluir que o profissional formado neste curso possui bastante polivalência para atuação no
mercado, ainda que em um processo de maturação em algumas locais, principalmente no
Vale. Apesar de haver bons rendimentos quanto à entrada em cursos de pós-graduação para
muitos, a taxa de 15% de profissionais que não recebem remuneração bruta evidencia que boa
parte ainda não conseguiram se fixar no mercado, por fatores que podem variar desde as
competência profissionais até a possibilidade de geração de emprego de algumas regiões.
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