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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF 16, 17 e 18 de abril de 2013 O MODELO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DO CUSTEIO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ESTADUAIS DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ MAPP GESTÃO Francisco Ailson Alves Severo Filho George Kilmer Chaves Craveiro Marcelo Correia Lima da Rocha Raimundo Avilton Meneses Júnior

O MODELO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DO CUSTEIO … · parte pela oferta de bens e serviços públicos, ... mais eficiente dos recursos para a produção de bens e ... coletivas comuns

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Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF – 16, 17 e 18 de abril de 2013

O MODELO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DO CUSTEIO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ESTADUAIS DO GOVERNO DO ESTADO

DO CEARÁ – MAPP GESTÃO

Francisco Ailson Alves Severo Filho George Kilmer Chaves Craveiro Marcelo Correia Lima da Rocha

Raimundo Avilton Meneses Júnior

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Painel 47/176 Orçamento e qualidade do gasto público: experiências estaduais

O MODELO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DO CUSTEIO

DOS SERVIÇOS PÚBLICOS ESTADUAIS DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ – MAPP GESTÃO

Francisco Ailson Alves Severo Filho

George Kilmer Chaves Craveiro Marcelo Correia Lima da Rocha

Raimundo Avilton Meneses Júnior

RESUMO O equilíbrio financeiro na Administração Pública é questão fundamental para a continuidade da prestação dos serviços públicos de qualidade à sociedade. Este artigo apresenta a experiência do Governo do Estado do Ceará na implementação de um modelo de gestão voltado para o planejamento e que contribui com o gerenciamento do custeio dos equipamentos públicos estaduais. Em face ao expressivo número de equipamentos públicos implantados, a atual administração deparou-se com o crescimento do custeio e, portanto, desenvolveu um método para o levantamento dos custos e definição do padrão de funcionamento dos novos equipamentos, denominado MAPP Gestão. Metodologicamente, trata-se de um estudo de caso, enquadrado no grupo dos métodos de pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e descritivo. A organização do artigo se dá em três sessões, além da introdução e da conclusão. A primeira sessão contextualiza e apresenta o problema. A segunda descreve a prática e o modelo de gestão adotado e a terceira relata os resultados obtidos com a implementação do modelo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 04

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA MOTIVAÇÃO........................................................ 05

3 MAPP GESTÃO: O MODELO............................................................................ 12

3.1 Caracterização do equipamento-padrão..................................................... 14

3.2 Caracterização da Unidade de Atendimento............................................... 17

3.3. Deliberação e implantação de limites financeiros..................................... 19

3.4 Programação e execução físico-financeira................................................. 20

4 RESULTADOS ALCANÇADOS E SUGESTÕES DE MELHORIA.................... 22

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 23

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 23

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1 INTRODUÇÃO

A participação governamental na economia, representada em grande

parte pela oferta de bens e serviços públicos, apesar de ser considerada importante,

tem sido alvo de constantes questionamentos, sobretudo em virtude de seu

crescimento nos últimos anos.

Tal preocupação pode ser justificada ao se observar a variação positiva

de 1,73% da participação percentual do setor público do Ceará no Valor Adicionado,

entre os anos de 2002 e 2010, passando de 20,96% para 22,69%. Por outro lado, se

considerarmos a taxa de crescimento dos serviços da Administração Pública apenas

entre os anos de 2009 e 2010, verificamos que, para o Ceará, essa taxa chega a

2,62%, superando as taxas nacional e regional, que são, respectivamente, de 2,27%

e 2,12% (INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ,

2012, p.14).

Semelhante variação pode ser parcialmente explicada por fatores

exógenos à atuação do Governo, como o aumento da expectativa de vida da

população, o processo de urbanização e o de globalização que, historicamente,

apresentam crescimentos, implicando em aumento da necessidade de utilização de

serviços públicos, o que demanda cada vez mais alocação de recursos em áreas

como segurança pública, saneamento, infraestrutura e outras.

Em virtude disto, pergunta-se: qual seria o “tamanho ideal” do Estado, ou

seja, a participação governamental na economia, de modo a não comprometer a

oferta de bens e serviços públicos demandados pela sociedade?

Esta e outras indagações norteiam diversas iniciativas dos governos na

busca pela manutenção de uma oferta adequada de serviços públicos.

Assim sendo, e por causa desses diversos questionamentos, a eficiência

na alocação dos recursos públicos ganha status de prioridade, principalmente a

partir da Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF), o

que corresponde ao sentimento e necessidade de se ter uma gestão pública mais

eficiente e voltada para a obtenção de melhores resultados, com uma utilização

cada vez mais planejada dos seus recursos (UMBELINO, 2011, p.13).

5

Diante disto, a eficiência do gasto público torna-se condição sine qua non

para o crescimento econômico, maior renda per capita e, consequentemente, menor

desigualdade social e econômica (MENDES, 2006, p. 33), ou seja, uma aplicação

mais eficiente dos recursos para a produção de bens e serviços públicos contribui,

“para um crescimento socialmente justo, regionalmente equilibrado e

ecologicamente sustentável” (REZENDE, 2012).

Sob esta perspectiva, os governos federal e estaduais têm se esforçado

para desenvolver mecanismos que primam pela eficiência no gasto público, dos

quais se destaca a implantação de sistemas voltados para a gestão de custos que é

“uma poderosa ferramenta de medição de desempenho e controle” (MORAIS, 2010,

p. 44).

No presente artigo, apresentaremos o modelo desenvolvido e adotado

pelo Governo do Estado do Ceará para o planejamento e a gestão do custeio dos

serviços públicos estaduais, relacionando suas características, resultados e

sugestões de melhoria, o que representa uma contribuição à expansão do

conhecimento acerca da eficiência no gasto público e de sua relação com a

qualidade dos serviços prestados pelo Governo.

Para tanto, o trabalho está assim estruturado: além desta introdução, a

segunda seção aborda a contextualização da situação que deu ensejo à

necessidade de implantação do modelo em discussão. Em seguida, faremos uma

apresentação das fases contempladas no modelo do MAPP Gestão. Na quarta

seção, abordaremos os resultados já alcançados e as proposições de melhoria.

E, por fim, na quinta seção, serão apresentadas as considerações finais do trabalho.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA MOTIVAÇÃO

Como demonstramos na seção introdutória deste documento, o

crescimento da participação do setor público na economia do Estado ao longo dos

anos tem impulsionado diversas discussões sobre a relação entre as necessidades

coletivas comuns da sociedade e a oferta de serviços públicos que as atendam,

focando-se na proporcionalidade dessas duas variáveis.

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No que tange ao referido crescimento do gasto público, no caso do

Governo do Estado do Ceará, observamos uma evolução considerável, entre os

anos de 2002 e 2012, principalmente nos três principais Grupos de Natureza de

Despesa (GND): Pessoal e Encargos Sociais, Outras Despesas Correntes e

Investimentos, conforme demonstramos no gráfico 1.

Gráfico 1 – Comportamento do gasto público do Governo do Ceará, por Grupo de Natureza de

Despesa – 2002/2012* – em R$ milhão

Fonte: Seplag (CE). Elaboração dos autores.

* Valores constantes a preços de fevereiro de 2013.

A partir do gráfico acima, verificamos que a maior variação percentual

entre os anos de 2002 e 2012 foi percebida na execução do grupo de Outras

Despesas Correntes, a qual cresceu mais de 108%, superando os outros dois

grupos, dos quais o crescimento percentual foi menor: quase 86% para o grupo de

Pessoal e Encargos Sociais; e mais de 102% para os Investimentos.

Neste momento é importante mencionar que, no que diz respeito ao grupo

Outras Despesas Correntes, foram excluídos os valores das Perdas junto ao

Fundeb, nos anos de 2002 a 2011, em virtude da mudança da metodologia de

contabilização dessas perdas, a qual foi adotada pelo Governo do Estado do Ceará,

a partir de 2012. Com isso, foi possível comparar os dados entre os exercícios de

2002 a 2012.

7

Ainda com base no gráfico 1, por outro lado, se visualizarmos o

comportamento da execução entre os anos de 2007 a 2012, constatamos um

considerável aumento dos Investimentos, entre 2007 a 2010, superando a ordem

de 167%, e uma queda de 41,4% entre 2010 e 2012. Enquanto, por seu lado, os

outros dois grupos estudados mantiveram crescimentos nos dois períodos

analisados, com destaque para o período 2011/2012, cujas variações foram da

ordem de 10,37% e 19,82%, respectivamente, para Pessoal e Encargos Sociais e

Outras Despesas Correntes.

Apenas pela observação dos dados do gráfico 1, já podemos inferir que o

Governo realizou grandes investimentos e que os mesmos, em linhas gerais,

contribuíram para a evolução dos gastos nos demais grupos.

Agora, com o objetivo de verificar a variação da representatividade

desses três principais grupos, comparamos a execução de cada um com a execução

total do Governo, entre os anos de 2002 e 2012. Feito isto, podemos verificar que o

maior crescimento desta representatividade foi observado no grupo Outras

Despesas Correntes, que passou de 30,49% para 37,43%, o que corresponde a

uma variação de 6,95%, superando, desta maneira, os outros dois grupos, Pessoal

e Encargos Sociais e Investimentos, que variaram, no mesmo período,

respectivamente, 3,81% e 2,10%, conforme podemos observar no gráfico 2.

Gráfico 2 – Comparação da execução dos três principais Grupos de Natureza de Despesa com a execução total – 2002/2012

Fonte: Seplag (CE). Elaboração dos autores.

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Após a observação dos dados apresentados acima, constatamos que o

Governo do Estado do Ceará tem, de fato, expandido seu gasto público, com

destaque para os investimentos realizados em diversas áreas, principalmente no

período compreendido entre os anos de 2007 e 2010.

Como demonstração disso, mencionamos que o governo cearense, nos

últimos cinco anos, tem investido maciçamente em áreas estratégicas como a

infraestrutura, com a implantação e reestruturação de estradas, construção,

ampliação e reforma de aeroportos, construção de barragens e adutoras, ampliação

do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, implantação do Cinturão Digital do

Ceará, dentre tantos outros gastos que têm sua parcela de contribuição para o

crescimento econômico do Estado do Ceará, comprovado pelas taxas de

crescimento do PIB Estadual que, em 2012, atingiu o percentual de 3,6%, quatro

vezes maior do que o do PIB Nacional.

Além desses gastos apresentados no parágrafo anterior, convém destacar

que o Governo do Ceará tem ampliado os gastos com investimentos nas áreas

sociais, principalmente por meio da construção, ampliação, reforma e estruturação

de diversas unidades de prestação direta de serviços públicos à população, como

escolas regulares e de educação profissional, universidades, bibliotecas, hospitais,

policlínicas, centros de especialidades odontológicas, delegacias, cadeias públicas,

penitenciárias, unidades de medidas socioeducativas, abrigos, teatros e centros

culturais, quadras e ginásios esportivos, dentre outros tantos.

Contudo, constatamos que, uma vez concretizados, tais investimentos

produzem impacto muitas vezes direto nos demais grupos de despesa,

principalmente em Pessoal e Encargos Sociais e Outras Despesas Correntes.

Este tipo de afirmação pode, de certa forma, soar óbvio, tendo em vista

que, após sua implantação, determinada unidade de prestação de serviços precisa

ser mantida, e, para realizar esta manutenção, é necessário, muitas vezes, contratar

mais pessoas ou realizar concurso público, adquirir materiais de consumo, contratar

serviços de manutenção, pagar pela utilização de serviços públicos, como água,

energia elétrica, telefonia, serviços de comunicação de dados (internet), dentre

diversas outras despesas dessa natureza; ou, por outro lado, quando uma unidade

de atendimento passa por uma ampliação, os gastos necessários para sua

manutenção tendem a crescer.

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Com isto, a partir do que foi exposto acima, podemos inferir que a relação

Investimento/Custeio tem apresentado uma evolução acentuada, sobretudo a partir

do ano de 2007, quando o Governo iniciou um período consistente de crescimento

dos investimentos, implicando, como mencionado anteriormente, na implantação de

diversos equipamentos públicos, em sua grande maioria a partir de 2010, que,

consequentemente, produzem um impacto direto e também crescente sobre o

Custeio de modo geral. A tabela 1 mostra, além dos valores empenhados no Custeio

e no Investimento, a razão do valor do Investimento sobre o valor do Custeio (I/C),

entre os anos de 2007 e 2012.

Tabela 1 – Relação do Custeio e do Investimento – 2007/2012* – em R$ milhão

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Custeio 6.928,45 7.604,51 8.577,23 9.316,39 9.340,49 10.848,66

Investimento 785,35 1.335,04 2.367,29 3.579,15 2.784,14 2.098,65

Razão I/C 0,1134 0,1756 0,2760 0,3842 0,2981 0,1934

Fonte: Seplag (CE). Elaboração dos autores.

* Valores constantes a preços de fevereiro de 2013.

Neste caso, salientamos que, para este trabalho, adotamos como Custeio

o somatório das despesas dos grupos Pessoal e Encargos Sociais e Outras

Despesas Correntes, sendo excluídas, deste último, as despesas relacionadas às

Transferências aos Municípios. Tal metodologia justifica-se pela necessidade de

demonstrarmos a relação entre os investimentos realizados e as despesas para a

manutenção das atividades do Estado, tanto aquelas destinadas à oferta direta de

bens e serviços públicos à sociedade, por meio, em quase sua totalidade, de

equipamentos públicos (atividades-fim, como consultas médicas, atendimento social,

aulas em escolas e universidades, programação cultural, policiamento, fiscalização

de trânsito, etc.), como aquelas destinadas à manutenção da “máquina

administrativa” (atividades-meio, como planejamento, administração,

desenvolvimento institucional, controle, etc.).

Como visualizamos na tabela 1, a razão I/C cresceu entre os anos de

2007 a 2010 e decresceu em 2011 e 2012. De forma simplificada, tal comportamento

pode ser explicado das seguintes formas:

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quando a razão é crescente: significa que ou o Investimento subiu e/ou

o Custeio reduziu; e

quando a razão é decrescente: significa que ou o Investimento caiu

e/ou o Custeio aumentou.

Em adição ao exposto, o gráfico 3 demonstra o comportamento dessa

razão ao longo do período 2002-2012.

Gráfico 3 – Comportamento da razão Investimento/Custeio – 2002/2012

Fonte: Seplag (CE). Elaboração dos autores.

No gráfico acima, abordamos a variação da razão I/C, entre 2002 e 2012,

e destacamos as gestões estaduais existentes neste período. A partir disso,

extraímos a informação de que no último ano de cada gestão essa razão é

crescente (em 2002, 2006 e 2010), o que pode ser traduzido pelo aumento do

Investimento; e no primeiro ano, a razão é decrescente (2003, 2007 e 2011), levando

à conclusão de que houve uma redução no Investimento.

Contudo, como já mencionamos, o Investimento teve seu maior

crescimento a partir de 2007, tendo seu pico em 2010, ano em que o Governo

começou a ofertar o maior número de equipamentos públicos, o que produziu um

impacto no Custeio em período posterior.

Assim sendo, a partir da evolução dessa relação apresentada

(Investimento/ Custeio), o controle dos custos na Administração Pública Estadual e a

eficiência na aplicação dos recursos figuraram-se cada vez mais como questões

11

fundamentais para a sustentabilidade do gasto público, e que corrobora, inclusive,

no atendimento de exigências normativas impostas pela legislação brasileira na

consecução desta eficiência, dentre as quais ressaltamos a constante no art. 16,

inciso I, da LRF, que preconiza que a criação, expansão ou aperfeiçoamento de

ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de

estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar

em vigor e nos dois subsequentes (BRASIL, 2000, grifo nosso).

Portanto, a busca pela eficiência e eficácia no gasto público tem motivado

o Governo do Estado do Ceará a avançar no aperfeiçoamento dos modelos,

métodos e ferramentas adotados pela gestão pública, de modo a melhorar a

qualidade da prestação de seus serviços.

Sendo assim, a Secretaria do Planejamento e Gestão, responsável pela

melhoria da gestão pública na esfera estadual desenvolveu uma sistemática de

planejamento e dimensionamento dos custos de manutenção dos equipamentos

públicos, de modo a “medir o impacto do funcionamento dos equipamentos no

custeio estadual e avaliar a capacidade do Governo do Estado para realizar novos

investimentos” (SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E GESTÃO, 2012, p. 5).

Intitulado MAPP Gestão, este modelo de planejamento e gestão do

custeio dos serviços públicos estaduais objetiva garantir padrões de funcionamento,

qualidade e eficiência no emprego dos diversos recursos envolvidos na oferta dos

serviços públicos e subsidiar o controle e a tomada de decisão estratégica, em nível

individual e agregado.

Tal modelo converge, inclusive, para a necessidade geral de implantação

de sistemas de gestão de custos, os quais representam uma profunda reforma e um

avanço no aperfeiçoamento da gestão pública brasileira e, segundo diversos pontos

de vista de estudiosos do tema, possuem inúmeras finalidades, sendo as principais:

prover informações que auxiliem no processo de tomada de decisão

por parte do gestor público;

controlar e avaliar a eficiência, a eficácia e a efetividade dos programas

governamentais;

maximizar o uso dos recursos públicos (resultados);

criar uma base de dados para extração de correlações entre os

investimentos e sua respectiva manutenção;

12

possibilitar informações para o processo orçamentário;

evidenciar as ações governamentais;

mensurar e controlar os custos administrativos; e

quantificar o valor dos serviços oferecidos à sociedade (FARIA, 2010,

p. 73).

3 MAPP GESTÃO: O MODELO

O MAPP Gestão, como já abordamos, corresponde a uma sistemática de

planejamento voltada para a gestão de custos, que visa à identificação dos custos

dos serviços ofertados por cada equipamento público estadual e a comparação entre

custos de serviços ou atividades similares. Além disso, busca subsidiar o processo

de monitoramento das ações governamentais.

Esta sistemática foi concebida a partir de meados de 2010, quando o

Governo, após o grande volume de recursos aplicados em investimentos, inclusive

com o aumento da quantidade de equipamentos públicos sob a gestão estadual,

como demonstramos anteriormente, visualizou a necessidade de planejamento e

dimensionamento dos custos de operação e manutenção de cada novo equipamento

implantado e de avaliar a capacidade de empreender novos investimentos.

Assim, o modelo do MAPP Gestão surgiu, inicialmente, para atender à

demanda do governo de mensuração dos custos de operação dos novos

equipamentos implantados. Inclusive seu nome faz referência ao Monitoramento de

Ações e Projetos Prioritários (MAPP), que constitui a metodologia para a elaboração

e execução dos projetos do Governo do Estado do Ceará e que “inclui a proposição,

a aprovação, o registro da execução física e financeira e o monitoramento da

implantação dos projetos, de forma a assegurar o alcance dos resultados

pretendidos com os mesmos” (SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E GESTÃO,

2011, p. 8).

Entretanto, gradativamente, outras unidades que já operavam sob o

formato do Custeio Finalístico Geral, foram incorporadas ao modelo do MAPP

Gestão.

13

Neste momento, é importante mencionarmos que, excluindo-se as

despesas relacionadas ao grupo Pessoal e Encargos Sociais, o Custeio Estadual é

subdividido em:

Custeio de Manutenção: representado pelos gastos continuados de

natureza administrativa, isto é, as despesas orçamentárias

necessárias à realização das atividades-meio do Governo. Em outras

palavras, “refere-se aos gastos com o funcionamento da estrutura meio

do Estado, ou seja, os custos de operação e manutenção das

estruturas básicas das secretarias e órgãos” (SECRETARIA DO

PLANEJAMENTO E GESTÃO, 2011, p. 7-8). Composto, quase em sua

totalidade, da execução de Outras Despesas Correntes, alocadas na

sede administrativa da secretaria ou do órgão; e

Custeio Finalístico: são os gastos continuados de natureza finalística,

isto é, as despesas orçamentárias necessárias à realização das

atividades-fim do Governo. Também composto, quase em sua

totalidade, da execução de Outras Despesas Correntes, necessárias

à oferta de bens e serviços diretamente à sociedade, como por

exemplo: aquisição de medicamentos, conservação de rodovias,

funcionamento dos serviços de saúde, escolas, manutenção de

equipamentos públicos em geral (bibliotecas, centros culturais, turismo,

etc.) (SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E GESTÃO, 2012, p.33).

Feita a diferenciação entre as subdivisões do Custeio Estadual,

afirmamos que, também em atendimento a uma demanda governamental,

gradativamente, todas as unidades anteriormente pertencentes ao Custeio

Finalístico Geral adotarão o modelo do MAPP Gestão, o que deverá ampliar a

gestão e o controle dos custos para a oferta de serviços públicos, bem como

proporcionar maior efetividade na comparação entre unidades semelhantes e no

processo de alocação de recursos orçamentários, inclusive para fins de elaboração

das propostas orçamentárias.

Tal modelo contempla, como já citamos, o planejamento e a gestão dos

custos necessários à oferta de serviços públicos, e possui as seguintes etapas:

Caracterização do Equipamento Padrão;

Caracterização da Unidade de Atendimento;

Deliberação e implantação de limites financeiros; e

Programação e execução físico-financeira.

14

3.1 Caracterização do equipamento-padrão

O processo se inicia quando o órgão setorial, ao propor a implantação de

novo equipamento, apresenta os aspectos preliminares sobre a natureza e o

gerenciamento do referido equipamento, identificando e mensurando os custos de

operação (por grupo de custo e por serviço), bem como definindo seu padrão de

funcionamento. Tais definições compõem a Caracterização do Equipamento-padrão,

que se traduz no tipo de equipamento público, caracterizado por estrutura física e

oferta de serviços específicos. Ex: hospital regional, escola indígena, escola de

educação profissional, policlínica tipo I, policlínica tipo II, delegacia municipal, centro

de eventos, etc.

Para a Caracterização do Equipamento-padrão a equipe setorial informa

seu Padrão de Funcionamento, bem como os Custos de Referência e o Plano

Indicativo de Financiamento.

Na composição do Padrão de Funcionamento do novo equipamento, são

fornecidas as seguintes informações:

Descrição do equipamento: informações relevantes que caracterizem o

equipamento, como sua finalidade, principais ações desenvolvidas,

localização, dentre outras.

Especificações do equipamento: suas características físicas e

operacionais;

Modelo de gestão: a forma como o equipamento será gerido (por meio

de administração direta, parceria público-privada, consórcio público,

etc.);

Oferta de serviços: o conjunto de serviços que serão disponibilizados

ao público-alvo; e

Metas de atendimento: quantitativo pretendido ou a capacidade

operativa para a oferta dos serviços.

Em sequência ao passo anterior, a equipe setorial efetuará o

levantamento dos efetivos custos do equipamento, necessários à

manutenção/operação de forma individualizada, apresentando suas características

específicas, em um formato de planilha eletrônica.

15

O levantamento dos Custos de Referência do Equipamento-padrão leva

em consideração os seguintes grupos de custos:

Pessoal: quantitativos e custos com os vencimentos (e demais

despesas de pessoal) com os envolvidos diretamente com a prestação

de serviços no equipamento. Este grupo subdivide-se em: Folha de

Pagamento do Estado (gastos com servidores públicos, estatutários,

celetistas e cargos em comissão), Mão de Obra Contratada

(contratação direta de pessoas, sem a intermediação de um terceiro) e

Locação de Mão de Obra (gastos decorrentes de contratos conhecidos

como de terceirização de mão de obra, obrigatoriamente intermediados

por entidades privadas);

Contratação de serviços: gastos com pessoas jurídicas ou físicas

aplicados a determinado serviço, não caracterizados como relação

empregatícia nem os constantes no grupo Serviços Públicos e de

Comunicação. possibilitando que as atividades relacionadas sejam

desenvolvidas para um “padrão estabelecido” de funcionamento;

Serviços de Utilidade Pública e de Comunicação: gastos advindos com

a contratação dos serviços públicos, como água e esgoto, energia

elétrica, telefonia (fixa e móvel), e de comunicação como internet e

correios e malote;

Material de consumo;

Logística e transporte: gastos relacionados à locomoção e demais

despesas de caráter semelhante; e

Outras despesas: não contempladas nos grupos anteriores.

Após o levantamento dos Custos de Referência, nos grupos de custos

apresentados acima, a equipe setorial informa os custos unitários característicos e

necessários à oferta dos serviços, conforme as metas de atendimento contidas no

Padrão de Funcionamento. É importante salientar que o valor mensal total dos

Custos de Referência deve ser igual ao valor mensal do Custo Total da oferta dos

serviços.

Por fim, a equipe setorial informa o Plano Indicativo de Financiamento,

com a previsão de financiamento da manutenção do referido equipamento, ou seja,

16

indica, de modo preliminar, que fontes de recursos financeiros viabilizarão seu

funcionamento e a oferta dos serviços.

Após sua conclusão, o processo de proposta de custeio do Equipamento-

padrão, o qual contou com a orientação da equipe da Secretaria do Planejamento e

Gestão (Seplag), é analisado sob duas óticas, distintas e complementares: a do

Grupo Técnico de Contas (GTC) e a do Comitê de Gestão por Resultados e Gestão

Fiscal (Cogerf).

O GTC, grupo composto por analistas de órgãos tipicamente de gestão,

possui representantes da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado (CGE), que

lidera o grupo, da Secretaria da Fazenda (Sefaz), da Seplag e da Procuradoria Geral

do Estado (PGE), e que tem como principal finalidade o assessoramento ao Cogerf.

Ao receber o processo do órgão setorial, o GTC efetua as análises

técnicas das informações apresentadas nas propostas de custeio e, em caso de

parecer favorável, encaminha o referido processo para a análise do Cogerf.

O Cogerf, por seu lado, é o órgão deliberativo formado pelos titulares da

Seplag, Sefaz, CGE, PGE e Casa Civil, cujas principais responsabilidades são a

definição de diretrizes e estabelecimento de medidas com vistas a garantir o

equilíbrio financeiro do Tesouro Estadual e cumprimento de metas fiscais; e a

garantia do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (CEARÁ, 2009).

Diferentemente da análise do GTC, que é técnica, o Cogerf aborda

aspectos estratégicos e políticos e representa a última instância de decisão no

tocante aos recursos financeiros necessários para o funcionamento do equipamento

proposto.

Após a deliberação favorável do Cogerf acerca da Caracterização do

Equipamento-padrão, a equipe setorial está apta a elaborar a proposta de

Caracterização da Unidade de Atendimento.

3.2 Caracterização da Unidade de Atendimento

Após serem aprovados o Padrão de Funcionamento e os Custos de

Referência do Equipamento-padrão proposto, o próximo passo é apresentar, para

aprovação pelo GTC e Cogerf, a proposta de implantação de uma Unidade de

Atendimento ou, se for o caso, de um conjunto de Unidades de Atendimento.

17

Segundo o Guia para Elaboração de Propostas no MAPP Gestão,

conceitua-se Unidade de Atendimento “cada uma das unidades dos tipos de

equipamentos públicos, responsáveis pela oferta de serviços à sociedade.

Ex: Policlínica Tipo I de Quixadá, Delegacia Municipal de Aurora, Escola Indígena

com 04 salas de Itarema, etc.” (SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E GESTÃO,

2012, p. 7).

Com base nisso, podemos informar que, dependendo de suas

características físicas e operacionais, o Equipamento-padrão pode se constituir

apenas de uma ou de várias Unidades de Atendimento. No primeiro caso, dizemos

que a Unidade de Atendimento é o próprio Equipamento-padrão, como, por exemplo,

o Centro de Eventos do Ceará, o Acquário Ceará, o Cinturão Digital do Ceará e o

Hospital Regional do Cariri, que, por serem empreendimentos de grande porte e

possuírem características únicas, é pouco provável que o Governo implante outro

equipamento semelhante. No segundo caso, a Unidade de Atendimento é cada uma

das unidades do Equipamento-padrão, como delegacias municipais, escolas

estaduais de educação profissional, cadeias públicas, centros de especialidades

odontológicas, que são “réplicas” do Equipamento-padrão, apresentando apenas

algumas pequenas diferenças entre elas, muitas das quais são resultantes

principalmente da localização de cada unidade.

Para a elaboração da proposta de implementação de uma Unidade de

Atendimento, a equipe do órgão setorial deve apresentar um processo no qual

constam os aspectos relativos ao sequenciamento de sua implementação, além de

informar as fontes que financiarão sua operação e a data de início de funcionamento.

Geralmente uma Unidade de Atendimento, após a concretização de sua

implantação, não entra em funcionamento com toda sua capacidade operativa, nem

oferta integralmente todos os serviços apontados nas Metas de Atendimento,

constantes da Caracterização do Equipamento-padrão. De forma gradativa, se vai

aumentando a carga de trabalho até alcançar sua capacidade máxima. Apenas em

casos excepcionais, uma Unidade de Atendimento pode começar suas operações

funcionando em sua capacidade total.

Na Estratégia de Implementação, a equipe setorial demonstra as fases

dessa implementação da Unidade de Atendimento, indicando os percentuais físicos

e financeiros de cada fase, bem como sua duração, em meses.

18

O quadro 1 apresenta um exemplo de Estratégia de Implementação de

uma Unidade de Atendimento, de forma parcial e gradativa, diferenciando as fases,

períodos e percentuais físicos e financeiros da oferta dos serviços.

Quadro 1 – Exemplo de Estratégia de Implementação de uma Unidade de Atendimento

ANO 1 ANO 2

FASES %

FÍSICO %

FINANCEIRO DURAÇÃO (MESES)

MÊS INICIAL

MÊS FINAL

MÊS INICIAL

MÊS FINAL

Fase 1 50% 65% 6 Janeiro Junho - -

Fase 2 75% 85% 7 Julho - - Janeiro

Fase

Final

100% 100% - - - Fevereiro -

Fonte: Elaboração dos autores.

Conforme o exemplo do quadro acima, observamos que a Unidade de

Atendimento será implementada em 3 fases, sendo que:

a primeira fase, nomeada Fase 1, terá início em janeiro do Ano 1 e

durará seis meses, terminando em junho do mesmo ano. Nesta fase,

serão ofertados 50% da capacidade operacional, sendo necessário um

aporte de 65% dos recursos financeiros destinados ao pleno

funcionamento;

a segunda fase, nomeada Fase 2, se iniciará em julho do Ano 1,

terminando em janeiro do Ano 2: sete meses de duração. Nesta fase,

serão ofertados 75% da capacidade operacional, com um aporte de

85% dos recursos financeiros totais; e

por último, a terceira fase, Fase Final, terá início em fevereiro do Ano 2.

Nesta fase a unidade estará em pleno funcionamento, ofertando 100%

da sua capacidade operacional e consumindo 100% dos recursos

financeiros projetados.

Esta etapa do processo é de suma importância, tanto para a deliberação

dos limites financeiros, a qual abordaremos no tópico seguinte, quanto para a

programação e execução físico-financeira das Metas de Atendimento.

19

Após a elaboração da Estratégia de Implementação, a equipe setorial,

diferentemente da proposta de Equipamento-padrão, onde se mencionou, no Plano

Indicativo de Financiamento, quais as fontes de recursos financeiros utilizadas na

operação do equipamento, deve informar, precisa e determinantemente, quais as

fontes de financiamento dos serviços a serem ofertados, discriminando seu

desembolso consonante às fases de implementação.

E, para finalizar a elaboração da proposta de implementação de uma

Unidade de Atendimento (ou de um conjunto de unidades), a equipe setorial deve

informar a Data de Início de Funcionamento, ou seja, o mês e o ano onde se iniciam

as atividades preparatórias administrativas e de planejamento que viabilizarão a

oferta dos serviços prestados diretamente à sociedade.

Da mesma forma como ocorreu no processo de validação da proposta de

padrão de funcionamento e custeio do Equipamento-padrão, o processo da proposta

de implementação da Unidade de Atendimento ou do conjunto de unidades, que

também contou com a orientação de analistas da Seplag, é analisado tecnicamente

pelo GTC e estratégica e politicamente pelo Cogerf.

3.3 Deliberação e implantação de limites financeiros

Após a validação da proposta, na qual está definida a Estratégia de

Implementação da Unidade de Atendimento, isto é, as fases graduais para a oferta

integral dos serviços, o Cogerf delibera acerca dos limites financeiros utilizados para

a manutenção do equipamento. Conceituam-se limites financeiros os valores

concedidos aos órgãos para execução financeira da despesa pública.

Cabe ressaltarmos que o Cogerf, que possui, dentre outras, a atribuição

de “fixar e acompanhar os limites financeiros, compatíveis com a manutenção do

equilíbrio do Tesouro Estadual, para realização das despesas dos órgãos e

entidades da administração pública estadual que recebam recursos à conta de

dotações do Orçamento Geral do Estado” (CEARÁ, 2011), delibera, sobretudo,

acerca das fontes de recursos do grupo Tesouro, justamente para efetuar a referida

manutenção do equilíbrio fiscal do Estado.

20

As fontes de recursos financeiros alvo do controle do Cogerf são:

Recursos Ordinários, advindos da arrecadação própria do Estado;

Cota-parte do Fundo de Participação dos Estados (FPE);

Cota-parte da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico

(CIDE);

Alienação de Bens;

Medida Compensatória Ambiental;

Operação de Crédito Externo SWAP A;

Indenização pela Extração do Petróleo, Xisto e Gás (royalties);

Recursos Provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento

da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

(Fundeb); e

Complementação da União aos Recursos do Fundeb.

Concluída a deliberação do Cogerf, a Seplag procede à implantação, no

sistema corporativo específico, dos referidos limites, distribuindo-os em duodécimos,

ou de forma personalizada, conforme a necessidade de desembolso apresentada na

proposta de implementação.

Vale a pena informarmos que, anualmente, no início do exercício

financeiro, o Cogerf realiza uma reunião para deliberação dos limites financeiros a

serem distribuídos, em duodécimos, para as unidades já constantes do modelo.

3.4 Programação e execução físico-financeira

Considerada uma importante etapa do modelo do MAPP Gestão, a

Programação Físico-financeira se traduz pelo detalhamento físico e financeiro das

quantidades e valores dos produtos da ação governamental, alocando-os nos

respectivos municípios. Neste caso, a equipe realiza a programação física das

Metas de Atendimento, informadas na proposta de Padrão de Funcionamento, e a

indicação dos valores financeiros necessários à produção dos serviços, conforme o

cronograma financeiro correspondente.

Após a finalização da Programação Físico-financeira, a equipe de

analistas da Seplag procede à sua análise, verificando, além da coerência das

informações, a compatibilidade com o que foi aprovado pelo Cogerf.

21

Assim, em caso de análise favorável, a equipe setorial está apta a dar

prosseguimento aos procedimentos comuns necessários ao início da Execução

Físico-financeira do que foi programado.

Durante a execução das atividades programadas, a equipe setorial deve

informar, no mesmo sistema corporativo utilizado na programação, no caso o

Sistema Integrado de Acompanhamento de Programas e Projetos (SIAP), o

andamento dessa execução. Este acompanhamento físico da atividade de custeio

do MAPP Gestão, que possui uma periodicidade no mínimo mensal, é também

analisado pela Seplag e, uma vez aprovado, autoriza a equipe setorial a solicitar as

parcelas dos recursos para o pagamento das despesas.

Este acompanhamento físico da execução dos produtos, ou seja, das

Metas de Atendimento, é uma ferramenta importante, visto que proporciona o

processo monitoramento e controle das atividades de custeio e serve também de

subsídio para a tomada de decisão do gestor.

Por fim, com o propósito de facilitar o entendimento acerca do modelo do

MAPP Gestão, apresentamos um fluxo simplificado, no qual destacamos as

principais etapas.

Figura 1 – Flxuo do MAPP Gestão

Analisa

tecnicamente

Elabora proposta

do Equipamento-

padrão

SETORIAL

Padrão de

Funcionamento

Custos de

Referência

GTC

Elabora proposta

de Unidade de

Atendimento

SETORIAL

Realiza

programação

físico-financeira

SETORIAL

Realiza

execução

físico-financeira

SETORIAL

Plano Indicativo

de Financiamento

Estratégia de

implementação

Data de

funcionamento

Analisa

estrategicamente

Fontes de

Financiamento

Analisa

tecnicamente

GTC

Analisa

estrategicamente

e delibera limites

COGERF

Implanta limites

SEPLAGCOGERF

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4 RESULTADOS ALCANÇADOS E SUGESTÕES DE MELHORIA

O MAPP Gestão, como instrumento de planejamento e gestão do custeio

do Governo do Estado do Ceará, já apresenta de modo inicial alguns resultados,

dos quais destacamos:

sensibilização do gestor público para a problemática dos custos na

Administração Pública;

estabelecimento de conceitos, definição de métodos e padronização do

levantamento e apresentação dos custos de operação dos

equipamentos públicos estaduais;

provimento de informações necessárias para a tomada de decisão por

parte das esferas técnicas e estratégicas do Governo do Estado;

contribuição para a garantia do equilíbrio entre receitas e despesas;

possibilidade de a administração estadual planejar o “tamanho” de

Estado que o Governo do Ceará pode manter;

contribuição para a eficiência financeira do fluxo de caixa para a

manutenção dos serviços públicos;

viabilização de um maior controle das despesas efetuadas pelos

órgãos; e

subsídio para os estudos de projeção e definição dos instrumentos de

caráter orçamentário.

No entanto, apesar dos resultados acima elencados, ainda há muito a ser

feito no Governo do Estado do Ceará para possibilitar o provimento da gestão de

instrumentos que garantam plena e efetivamente a qualidade do gasto público.

Uma das primeiras ações a serem empreendidas seria a adoção de um

modelo de gestão de custos, com uma visão ex post, o que, em conjunto com o

modelo do MAPP Gestão (ex ante), consolidariam o ciclo de planejamento e gestão

dos custos dos serviços públicos no Governo do Estado do Ceará.

Além disso, é importante que se elabore e implemente um plano de

formação corporativa para as equipes setoriais, focado em planejamento e gestão

de custos, com o propósito de aprimorar a elaboração das propostas apresentadas

no modelo em discussão e sua efetiva execução.

23

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O propósito desse artigo foi apresentar sucintamente o modelo de gestão

do custeio de equipamentos públicos do Governo do Ceará, uma vez que a porção

do orçamento estadual que contempla os gastos de natureza continuada cresce de

forma consistente e precisa ser administrada de modo mais eficiente do que era no

passado.

A multiplicidade de equipamentos e sua diversidade pede um método de

coleta e apresentação das informações de custeio que facilite a compreensão e que

consiga sumarizar essas informações, tanto de forma específica quanto de forma

agregada, possibilitando a projeção e o provissionamento dos recursos financeiros

necessários ao suporte das atividades e ações típicas do Estado e que atendam à

população.

Apesar do salto de qualidade na gestão do custeio dos equipamentos

públicos promovido pelo MAPP Gestão, o governo cearense ainda precisa avançar

mais nesse aspecto. A evolução do modelo, com a adoção de um Sistema de Custo

(ex post), com toda a complexidade no recebimento de outputs de diversos outros

sistemas, que venha a complementar as informações de planejamento obtidas por

intermédio do modelo ora apresentado, é o próximo grande desafio para a Gestão

Pública Estadual.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 25 fev. 2013. CEARÁ. Decreto nº 29.917, de 08 de outubro de 2009. Redefine o Sistema Estadual de Planejamento e institui a Rede Estadual de Planejamento. Diário Oficial do Estado, Poder Executivo, Fortaleza, CE, 09 out. 2009. Série 3, Ano I, n. 190, p. 5. ______. Decreto nº 30.457, de 02 de março de 2011. Dispõe sobre o Comitê por Resultados e Gestão Fiscal, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado, Poder Executivo, Fortaleza, CE, 03 mar. 2011. Série 3, Ano III, n. 44, p. 21.

24

FARIA, Carlos E. P. A implantação do sistema gerencial de custos (SISCUSTOS) desenvolvido pelo Exército Brasileiro: estudo de caso na 1ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército. 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Faculdade de Administração e Finanças, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ. A Evolução do PIB dos Estados e Regiões Brasileiras no Período 2002-2010: Valores definitivos. IPECE Informe. Fortaleza, n. 46, 2012. Disponível em: <http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/ipece-informe/Ipece_Informe_46_28_novembro_ 2012.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2013. MENDES, Marcos (Org.). Gasto público eficiente: 91 propostas para o desenvolvimento do Brasil. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006. MORAIS, Daniel A. Custos na administração pública: um estudo de caso na Polícia Judiciária do Estado do Ceará – 14º Distrito Policial. 2010. Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) – Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2010. REZENDE, Fernando. Economia e qualidade do Gasto. In: CONGRESSO DE INFORMAÇÃO DE CUSTOS E QUALIDADE DO GASTO NO SETOR PÚBLICO, 2., 2012, Brasília. Painéis... Brasília: ESAF, 2012. Disponível em: <http://www.socialiris.org/iicongressodecustos/materialdoevento/Painel2_%28FernandoRezende%29IICongressoCustos171012.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2013. SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E GESTÃO. Guia para elaboração de propostas no MAPP Gestão. Fortaleza, 2012. Disponível em: <http://www.seplag.ce.gov.br/images/stories/Guia-para-elaboracao-propostas-Mapp-Gestao.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2013. ______. Manual Técnico do Orçamento 2013. Fortaleza, 2012. Disponível em: < http://www.seplag.ce.gov.br/images/stories/Manual-tcnico-oramento-2013-final2.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2013. ______. MAPP Monitoramento dos Projetos Prioritários do Governo do Estado. Fortaleza, 2011. Disponível em: <http://www.gestaodoservidor.ce.gov.br/servidor/images/stories/flips/f31/pages/manual_monitoramento_web.pdf>. Acesso em: 2 mar. 2013. UMBELINO, Daniel C. F. Gestão fiscal e crescimento econômico: evolução da gestão orçamentária e fiscal nos estados do Brasil a partir da vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal – Período 2001 a 2008. 2011. Dissertação (Mestrado Profissional em Economia) – Pós-Graduação em Economia, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2011.

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AUTORIA

Francisco Ailson Alves Severo Filho – Analista de Planejamento e Orçamento e Articulador de Orçamento, da Seplag/CE. Bacharel em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Especialista em Gestão Tributária pela Faculdade Darcy Ribeiro. Mestre em Economia do Setor Público pela UFC.

Endereço eletrônico: [email protected] George Kilmer Chaves Craveiro – Analista de Planejamento e Orçamento e Articulador de Gestão da Informação, da Seplag/CE. Bacharel em Ciências da Computação. Especialista em Gestão Pública pela Faculdade Entre Rios do Piauí (Faerpi). Mestre em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Endereço eletrônico: [email protected] Marcelo Correia Lima da Rocha – Analista de Planejamento e Orçamento e Articulador de Desenvolvimento Institucional, da Seplag/CE. Bacharel em Administração pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Especialista em Marketing pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV). Mestre em Administração de Empresas pela UECE.

Endereço eletrônico: [email protected] Raimundo Avilton Meneses Júnior – Analista de Planejamento e Orçamento e Articulador de Monitoramento de Projetos, da Seplag/CE. Bacharel em Ciências Contábeis pela UECE. Especialista em Administração pela Faculdade Integrada do Ceará (FIC). Mestre em Economia do Setor Público pela FIC.

Endereço eletrônico: [email protected]