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Uma História de 136 136 Anos E SPECIAL SEXTA-FEIRA Mossoró - RN 17 de outubro de 2008 Caderno do jornal O Mossoroense

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Uma História de

136136Anos

ESPECIALSEXTA-FEIRA

Mossoró - RN17 de outubro de 2008

Caderno do jornal O Mossoroense

Há 136 anos Jeremias da RochaNogueira fundava “O Mossoroense”

"Semanário,político,comercial,noticioso e litterario".Com esta fra-se em seu frontispício, nascia nodia 17 de outubro de 1872 o jornalO Mossoroense.Fundado por Je-remias da Rocha Nogueira,o perió-dico então chamado apenas deMossoroense se dispunha a defen-der os interesses do Partido Libe-ral.

Surgido no fim do primeiro pe-ríodo do jornalismo brasileiro, quese estendeu de 1808, com o apare-cimento da Gazeta do Rio de Ja-neiro,pertencente ao governo mo-nárquico, e do Correio Brazilienseou Armazém Literário, de Hipóli-to da Costa, até o ano de 1880, ojornal de Jeremias despontou comoresposta ao acirramento político en-tre liberais e conservadores.

Apesar da relativa calma na po-lítica nacional em 1872, com a eco-nomia brasileira ainda fragilizadapor conseqüência da Guerra do Pa-raguai e o pensamento abolicionis-ta defendido "nas asas do condor",em Mossoró a situação era diferen-te.

O pleito para a escolha de ve-readores e juízes de paz em 07 de se-tembro de 1872, foi o estopim daguerra que fez surgir, em 17 de ou-tubro seguinte,o jornal O Mosso-roense. Após a votação, o padreAntonio Joaquim Rodrigues, líderdos conservadores, levou às urnaspara serem apuradas no interior daigreja. Capangas armados de por-rete e punhal posicionados nas por-tas do templo impediram a entra-da de adversários.

Diante do fato, Jeremias da Ro-cha Nogueira, com seu espíritocombativo, começou a organizar ojornal. As máquinas e o material ti-pográfico foram comprados em Re-cife. A linha adotada pelo semaná-

rio, que tinha também como reda-tores José Damião de Souza Mel-lo, um dos chefes liberais, e Ricar-do Vieira do Couto, refletia o pen-samento liberal e as característicasda época.

A tipografia de Jeremias, ondeo jornal era impresso por José Soa-res de Couto Lima, chamava-seTypographia Mossoroense, mu-dando em 22 de dezembro de 1872para Typographia Liberal Mosso-roense.

O papel utilizado para impri-mir O Mossoroense vinha do nor-te do País, no Vapor Pirapama.

Boa parte dos editoriais publi-cados na primeira fase do O Mos-soroense,que se estendeu até 1876,tinha como alvo os conservadores.Um desses textos, assinado por Jo-sé Damião, com o pseudônimo de"Velho da Montanha",atacava o bis-po da região chamando-o de cele-rado e o vigário mossoroense de fin-gido e subserviente.

O historiador Vingt-un Rosa-do diz, em seu livro Mossoró: "Je-remias da Rocha Nogueira é o paida imprensa mossoroense. Pos-suído daquela coragem do por-tuguês do século das descober-tas,aquele descendente do alferesManoel Nogueira de Lucena nun-ca se acovardou ante o coronelis-mo dos políticos de seu tempo.Por isto, nós nos acostumamos aver O Mossoroense o órgão retoe sensato da elite intelectual deMossoró. Nele colaboraram osexpoentes maiores da nossa inte-ligência: Jeremias da Rocha No-gueira,José Damião de Souza Me-lo, o português-brasileiro, na ex-pressão de Almino Afonso,Alfre-do de Souza Melo, Antônio Go-mes de Arruda Barreto, João daEscóssia e outros".

"A IMPRENSA NÃOMORRE, PORQUE NÃOMORRE A LIBERDADE!"

O então semanário surgiu como resposta ao acirramento político entre conservadores e liberais

ESPECIAL 136 ANOS www.omossoroense.com.br2 - Sexta-feira, 17 de outubro de 2008

(JEREMIAS DA ROCHA NOGUEIRA)

Combatido pelos seus adversários desde oinício, O Mossoroense nunca deixou se aba-ter,mesmo enfrentando situações difíceis e ten-tativas de intimidamento.

Contam que, em 1º de janeiro de 1875, en-furecidos devido a comentários publicados noO Mossoroense, na seção intitulada Mofina,o deputado provincial Rafael Archanjo da Fon-seca e o guarda da Mesa de Renda José Tertu-liano contrataram cerca de 10 capangas para ten-tar assassinar os redatores do jornal. Nesse epi-sódio aparece a valente figura de Anna Floria-no, mãe de Jeremias da Rocha e comandantedo Motim das Mulheres, que teria se armadocom um espeto de ferro para defender o filho,José Damião e Ricardo Vieira do Couto de umatentativa de assassinato.

Após bebedeira e baderna pelas ruas da ci-dade, ainda segundo alguns autores e a tradi-ção oral dos Escóssias, o grupo de Rafael Ar-chanjo se dirigiu à redação do jornal, se depa-rando com Anna Floriano, que os esperavana entrada do estabelecimento, armada comum espeto. - Quem subir à escada morre naponta deste espeto! - teria dito a mãe de Jere-mias. Desgraça maior não aconteceu graças àintervenção de terceiros.

Na primeira edição após esse ataque, publi-cada a 13 de janeiro de 1875, O Mossoroensechegava às ruas com manifesto assinado porJeremias da Rocha Nogueira, personificaçãoda coragem materna, no qual comenta o acon-tecimento e classifica os pretensos invasores co-mo facínoras, sangüinários, celerados e canibais.Fac-símile da primeira edição do O Mossoroense

Que a imprensa é o farol que guia onaufrago nos procelosos mares da vidaatravés da cerrada noite da ignorancia àluz dos espíritos que se derrama e acendenos crâneos apagados, o sol das almas,em fim, que se irradia nas frontes a queserve de luminosa aureola, disse muitobem aquele mavioso poeta nos arrou-bos do seu mais inspirado lirismo.

Quando a verdade assim surge es-plendorosa, irradiando a alma do poetaque se ajoelha em adoração diante da glo-riosa filha de Gutemberg, parece ter ar-rancado à fama os últimos títulos e ao gênioas derradeiras estrofes da sua mais com-pleta imortalidade. Se a imprensa é, pois,a lâmpada desse grande Universo que sechama espirito humano,a estrela dos sécu-los, que ilumina as páginas da históriaapontando os povos a Canaan do pro-gresso,e guiando as nações opressas paraa Jerusalem da liberdade, força é que umraio desse luminoso astro dos dois emis-

ferios, cuja luz parece já inundar toda aextensão da America meridional, rasguecom faisca eletrica o denso veu das trevasque ocultava para brilhar também no azu-lado céu desta filha do Cruzeiro, de San-ta Luzia de Mossoró.

Desde que esta jovem cidade, coloca-da a sete leguas do Atlântico, sobre amargem esquerda do rio do seu nome,renegando seu negro passado histórico,foi surgindo como Eva do caos procu-rando comungar as idéias da civilizaçãomoderna, embalou-se por tal força na es-perança de um porvir melhor, que son-hava a todo o instante ver nos horisonteso palido clarão de um crepúsculo que lhedevia anunciar o nascimento da estrela,deseu futuro destino. Isto era com efeitoum verdadeiro sonho de glória, uma es-perança que lhe sorria e dourava a fanta-sia, uma quimera talves, mas o Iris da fé,que surgiu por entre os dourados paineisda imaginação, veio finalmente pousar

na fronte da filha da floresta e dizer-lheque no relógio dos tempos iria em brevepara ela soar a hora de um grande dia.

E soou. Convertera-se em realidade aidéia grandiosa que Mossoró um dia son-hara, e o "MOSSOROENSE" apareceu.

Tinha chegado o momento de sua au-rora de luz.

Vai pois, o novo recem-nascido per-correr pela vez primeira o mundo da pub-licidade.

Sentindo-se ao entrar no caminho davida, levado pelos primeiros impulsos docoração para a correnteza elétrica dasIdéias do século em que nascera,saúda aoscolegas da imprensa, e corre a alistar-senas bandeiras da cruzada reformista, ac-ercando-se do banquete do progresso, ecarregando sua pequena pedra para ogrande templo da civilização.

Aparecendo no momento em que arevolução das idéias, guiando a hu-manidade para as conquistas da razão,

parece anunciar á próxima transformaçãoreligiosa e política que deve mudar a facedo globo, o "Mossoroense" sente a ne-cessidade de fazer-se já de vela para as pra-ias do futuro,a fim de assistir a esse grandeespetáculo.

Trêmulo e vacilante diante das con-vulsões com que a sociedade atual reagin-do contra a hidra do despotismo e da teoc-racia, estes dois monstros sanguinários,inimigos de todo o progresso, e com-panheiros inseparaveis da superstição e datirania que, denegrindo a história dospovos, tem cavado a sepultura das na-cionalidades, o novo Atila entra no mun-do jornalistico cheio de temor e com afraca luz de seu espírito a tomar parte naquestão magna que deve decidir os futurosdestinos da humanidade.

Estabelecidas assim as bases do seuprograma social,parece ter chegado o mo-mento solene de fazer a sua profissão defé religiosa".

MANIFESTO PUBLICADO NA 1ª EDIÇÃO DO MOSSOROENSE, EM 17 DE OUTUBRO DE 1872

"Dissera Deus ao sol: surge, alumia!

E iluminou-se o val, o monte o albergue,

O fruto, a flor, as palmas

Mas do espírito a luz chegara o dia,

O seu fiat, em fim, diz Gutemberg,

E fez-se o sol das almas.

Do templo do trabalho é hóstia, verbo

Sacrário, luz, sacerdotiza a imprensa

- A mãe da liberdade.

Que ampara o gênio em seu trabalho acerbo,

E abarca as eras em sua esfera imensa

Prendendo idade a idade.

(T. Ribeiro)

CADERNO ESPECIAL COMEMORATIVO AOS 136 ANOS DO O MOSSOROENSE

Edição e Textos: Ana Paula Cadengue

Reportagem: Leilane Andrade

Diagramação: Paulo César Rodrigues

Fotos: Luciano Lellys,

Habner Weiner e Arquivo

Revisão: Benjamim Linhares

"O pai da imprensamossoroense", Jeremias daRocha Nogueira nasceu emMossoró, no dia 29 de marçode 1844, filho de Floriano daRocha Nogueira, poeta, e deAnna Rodrigues Braga, ouAna Floriano, que ficouconhecida na historiografialocal por ter liderado o movi-mento conhecido por "Motimdas Mulheres", ocorrido em1875.

Jeremias viveuintensamente sua breve vida,já que morreu aos 37 anos, em29 de junho de 1881. Foiadvogado provisionado peloTribunal de Apelação doRecife; secretariou e advogoua Câmara Municipal deMossoró de 1862 a 1873; foisuplente de Vereador de 1877a 1882 (não terminou o perío-do); Juiz Municipal em 1858,primeiro suplente de Delega-do de Polícia (1858) e sextosuplente de Juiz Municipal em1864.

Em 17 de outubro de 1872,com o apoio de José Damiãode Souza Mello e RicardoVieira do Couto, faz circular oprimeiro número do OMossoroense, órgão do Par-

tido Liberal, destinado a com-bater os conservadores, chefi-ados na cidade pelo vigárioAntônio Joaquim Rodrigues.Segundo as palavras do histo-riador Raimundo Nonato:"Era um jornal do povo, sen-tinela da liberdade e porta-vozdas inquietações dacoletividade, das multidões tu-multuadas, dirigido por umidealista, um panfletário atre-vido e violento, uma figura doadmirável jornalistadesfilando nos limites daprovíncia, portador das idéiasliberais que engolfavam oséculo. Era o começo de umaera, que se consagrava com oaparecimento da imprensa".

Em 20 de junho de 1873 secasou com a paraibana, deCatolé do Rocha, IzabelBenigna da Cunha Viana, comquem teve três filhos: Cecíliada Rocha Nogueira, Agar eJoão da Escóssia Nogueira. Oúltimo filho, João da EscóssiaNogueira, foi jornalista esucessor de Jeremias nadireção do jornal por ele cria-do.

Comoreconhecimentoao seu trabalho

em prol dofim daescravidão,os seusrestosmortaisforamtrasladadospara o"Pantheon dosAbolicionistas",no andar térreodo MuseuHistórico Lauroda Escóssia, emMossoró.

* Cominformações do his-toriador e colaboradordo O Mossoroense,Geraldo Maia

ESPECIAL 136 ANOS Sexta-feira, 17 de outubro de 2008 - 3www.omossoroense.com.br

JEREMIAS DA

ROCHA

NOGUEIRA

ANTIJESUÍTICO

Mostrando simpatia pelo pro-testantismo e criticando os conser-vadores, em sua 19ª edição do dia22 de fevereiro de 1873, Jeremiasda Rocha definiu o conservador eo jesuíta:

"Conservador e jesuita por-tanto são dous aliados perver-sos, que azafamando-se em re-pellir toda a iniciativa como umperigo, em manter toda a insti-tuição anachronica, como umprincípio sagrado e em procla-mar a imobilidade nas forças so-ciais, introduzindo a eternida-de em todas as couzas humanase conservando as gerações e omundo em uma infancia per-petua, devem ser consideradose proclamados urbi et orbi co-mo os maiores inimigos do pro-

gresso social e da perfectibili-dade do genero humano".

E foi a partir do número 28, de26 de abril de 1873, que O Mos-soroense passou a adotar em seufrontispício a famosa inscrição:"Semanário, político, comercial,noticioso e antijesuítico", manti-da até 8 de novembro do mesmoano. Na edição de 2 de fevereirode 1874, O Mossoroense já é "Ór-gão do Partido Liberal de Mosso-ró - Dedicado aos interesses do mu-nicípio, da província e da humani-dade em geral".

Segundo o jornalista, diretor deO Mossoroense e neto de Jere-mias da Rocha Nogueira, Lauroda Escóssia, "desde os primeirosinstantes, o jornal se escudou nu-ma campanha ostensiva à pessoa

do vigário político, de quem uminstante sequer se distanciou emo atacar em todos os sentidos epor todos os meios condizentescom a imprensa escrita.

Sem nenhum temor, mesmo en-frentando ódios e vinganças que seformaram contra o jornal, Jeremiasda Rocha Nogueira e seus compa-nheiros de redação receberam o de-safio que a contingência política domomento se evidenciava.

Respondia em letras de fogo apalavra vinda do púlpito. Apoiouo jornal a Questão Religiosa deque resultou a prisão de Frei Vi-tal e do Bispo do Pará, Cerrandofileiras ao lado da maçonaria na-cional, frontalmente contra a von-tade do vigário a implantação deuma sociedade de pedreiros livresem Mossoró".

TRECHOS DO MANIFESTO PUBLICADO EM 24 DE OUTUBRODE 1874 POR JEREMIAS DA ROCHA EM COMEMORAÇÃO

AO 2º ANIVERSÁRIO DO MOSSOROENSE.

"A bandeira do Mossoroense é a da liberdade; não a liberdadeque assiste ao senhor na compreensão do escravo; mas a

liberdade de iguaes e de irmãos.

[...]

Elle caminha e busca a liberdade completa e real aonde querque ella esteja.

[...]

O Mossoroense sem desviar-se um ápice do caminho, que ajustiça e a razão lhe tem apontado, acompanhará nas lides osobreiros do progresso, entoando em coro sob a luz resplande-

cente da verdade, hynnos a Deus, a Patria e á Liberdade.

Avante! Coragem!"

O PRIMEIRO FECHAMENTODe acordo com Lauro da

Escóssia,o jornal Mossoroen-se fechou possivelmente emmarço de 1876, tendo publi-cado cerca de 158 números.Suas edições eram dominicais.

O formato, ainda no rela-to de Lauro, era de 45cm x31cm,diagramado em três co-lunas de 7cm cada, até o nú-mero 56, publicado em 8 denovembro de 1873.Na ediçãoseguinte, o jornal surgia como mesmo formato, mas dia-gramado em quatro colunasde 6cm cada.

O encerramento da primei-ra fase, ao que parece, se deupor problemas financeiros

que obrigaram Jeremias a ven-der o prelo principal ao coro-nel Antônio Soares Macedo,para impressão de o BradoConservador, em Assú.

O restante dos equipamen-tos gráficos, com a morte deJeremias, em 1881, foi enter-rado por José Damião noquintal de sua casa, na antigaRua das Flores, hoje BezerraMendes, e resgatado cerca de30 anos depois, em 1911 porAlfredo de Souza Mello, Joãoda Escóssia (filho de Jeremiasda Rocha), Jerônimo Rosado,Rufino Caldas e o meninoLauro da Escóssia, entre ou-tras pessoas.

ESPECIAL 136 ANOS www.omossoroense.com.br4 - Sexta-feira, 17 de outubro de 2008

"PERIÓDICO HUMORÍSTICO E ILLUSTRADO"

"Em 1901, o velho e glorioso órgão denossa imprensa ressurgiu sob a capa d'OEco, jornal humorístico, durando até 1902.Marca este último ano, o início da 2ª fased'O Mossoroense, aos 12 de julho. São seusnovos redatores o coronel Antônio Go-mes de Arruda Barreto e Alfredo de Sou-za Melo, filho de José Damião. Geren-cia-o, com muita competência, o redator-xilógrafo João da Escóssia, que tambémé seu proprietário. Traz agora o intuitode prestar 'serviços às letras, às artes, àsciências, às indústrias e ao desenvolvimen-to de todos os ramos da atividade humana'.Nesta segunda fase era quinzenal, pas-sando-se em 1905 a publicar-se três ve-zes ao mês. Imprimia-o a Aurora Escos-sesa, depois Atelier Escóssia. Mais tardeseria semanal e em sua última etapa, bis-semanal, saindo às quartas e aos domin-gos. Depois do falecimento de João da Es-cóssia, O Mossoroense passou a ficar soba direção dos jornalistas Augusto da Es-cóssia e Lauro da Escóssia, netos de Jere-mias da Rocha Nogueira e filhos de Joãoda Escóssia. A terceira geração, como a se-

gunda, soube manter o tradicional órgãona diretriz que lhe traçara a primeira, em1872".

A reabertura de O Mossoroense traz amarca do segundo período da imprensabrasileira, que se iniciou em 1880 e se es-tendeu até 1910. O jornal passa a ganhardimensão de empresa e a política partidá-ria não é mais a mola propulsora do ru-mo a ser seguido. Não havia a agressivi-dade dos primeiros anos. É o período emque os processos de composição e impres-são passam a ser aprimorados, a caricatu-ra surge na imprensa brasileira e cresce aconsciência de que o objetivo do jornal éa notícia.

O próprio João da Escóssia esculpia asxilogravuras para ilustrar o jornal funda-do por seu pai, algumas delas copiadas ouinspiradas em ilustrações publicadas emrevistas do Sul. Chama atenção dos espe-cialistas no assunto, a fineza do traço nostrabalhos desse artista, inclusive os temasescolhidos: variavam desde caricaturas acharges satirizando acontecimentos polí-ticos. João da Escóssia chegou a retratar

cenas de um crime ocorrido em Grossose o incêndio da Bastilha, além de esculpirartes publicitárias.

A Questão de Grossos, disputa entreos Estados do Ceará e Rio Grande do Nor-te para estabelecer seus limites, foi o prin-cipal assunto abordado nesse período.

Com a morte de João da Escóssia, em1919, o jornal perdeu muito de suas ca-racterísticas culturais. Vale salientar que apartir da I Guerra Mundial, deflagrada em1914, os jornais do País começaram a per-der suas características literárias e a ser in-fluenciados pelas novas relações estabe-lecidas entre a sociedade e a comunicaçãode massa, passando a ser mais noticiosos.

Raimundo Soares de Brito mencionaFrancisco Pinheiro de Almeida Castro co-mo sucessor de João da Escóssia no co-mando do jornal, de 1917 a 1921, vindoem seguida, conforme Jaime Hipólito, Ra-fael Fernandes Gurjão, como diretor po-lítico e redator chefe de 1922 a 1930, eAugusto da Escóssia como gerente, de1930 a 1934, quando do encerramento dasegunda etapa.

A segunda fase do O Mossoroense tem início em 1901, quando o jornal ressurge como "Periódico humorístico e Illustrado",sob o comando do filho de Jeremias da Rocha, João da Escóssia, com o apoio dos redatores Antonio Gomes e Alfredo Mello.

SOBRE ESSE PERÍODO, CONTA O HISTORIADOR VINGT-UN ROSADO:

JOÃO DA ESCÓSSIANascido em 1873, era jornalista, xilógra-

fo, "herdeiro do espírito combatente de seugenitor - Jeremias da Rocha Nogueira". Fa-leceu em 14 de dezembro de 1919. Dirigiuo jornal O Mossoroense de 1902 até suamorte.

Na segunda conferência do I Ciclo deConferências e Estudos Mossoroenses, emagosto de 1958, o jornalista e escritor JaimeHipólito Dantas assim se expressou:

"De João da Escóssia, pode-se dizer, pri-

meiro que tudo, que se tratava de um artis-ta de primeira ordem. Era um admirável xi-lógrafo, com uma capacidade simplesmen-te extraordinária para retratar, em madeira,com o auxílio de um mero canivete, figurasdo seu tempo ou de outras épocas, como ain-da objetos, fatos ou alegrias para a ilustra-ção de notícias ou reportagens.

A arte do xilógrafo João da Escóssia es-taria a merecer um estudo à parte por umentendido na matéria. Como se explicar que

um homem do interior, sem qualquer es-tudo especializado, haja chegado a do-minar com tal perfeição a arte, não tão fá-cil, da xilogravura? Possuía o artista o sen-so da observação dos detalhes mais dimi-nutos. Parecia ser ágil, sutil e penetrante.Uma vocação, sem dúvida, de puro retra-tista, que a província, na pequenez das suasproporções, no incolor da sua vida no prin-cípio do século, não pode devidamente va-lorizar".

VESPERTINOEm 1918, O Mossoroense era "Órgão

vespertino, independente e consagrado aosinteresses das classes conservadoras". Nodia 18 de junho de 1919, passava a anun-ciar-se como "Órgão do Partido Republi-cano Federal". Apesar do período de vi-brante engajamento político, o jornal nãotrazia mais a violência dos embates da pri-meira fase.

Proprietário e gerente, Augusto da Es-cóssia não aceitou a censura imposta pe-los que detinham o poder político e prefe-riu suspender a circulação do jornal, tem-porariamente, a apresentá-lo aos leitorescom as idéias tolhidas. Com o manifesto"Ao povo de Mossoró",Augusto anunciouo fechamento:

"O Mossoroense, depois de circularcontinuamente por mais de trinta annos,vê-se forçado hoje a interromper sua pu-blicação. É do domínio público que naquarta-feira passada, o sr. delegado de po-lícia, 1° tenente José T. da Rosa, procurouo nosso director, fazendo-lhe ver que, deordem superior, antes de circular, teria ojornal de se submeter à censura. Cons-ciente do dever de acatar as resoluções dogoverno ditactorial implantado em nossaPátria, nada teríamos a objectar se a cen-

sura tivesse de ser feita pela autoridadepública, no uso de suas atribuições regu-lares. Mas, para O Mossoroense a censurase revestia de uma humilhação, pois que,estranhamente, o censor seria um cidadãoque, além de adversário político, era desa-fecto pessoal do director e mais redacto-res do jornal. Nestas condições, impulsio-nados por um sentimento de brio que, her-dado dos nossos maiores, queremos trans-mitir integro aos nossos descendentes, re-solvemos cerrar as portas do orgão, cuja vi-da tem sido um exemplo de trabalho e es-forços em prol de todos os nobres comet-timentos que se relacionam com o progres-so e com o bem estar do município e doestado,e cuja orientação,como podem ates-tar todos os que nos leem, tem sido a maisprudente, sensata e elevada que seria lici-to desejar.

Esperamos que um dia os clarões dosraios sublimes da liberdade, do amor e dajustiça illuminem a nossa trajectoria, e queentão, se concretisem em verdade incon-cussa as palavras santas do Evangelho:"OSHUMILHADOS SERÃO EXALTA-DOS".

Mossoró, 17. 7. 1932.

"TRINCHEIRA DAS ASPIRAÇÕES"

"Após mais de um ano desilencio, imposto pela situa-ção de compressão e despo-tismo que abastardou as nos-sas tradições de liberalismo, -surge na arena jornalística O

MOSSOROENSE, o velhoorgão que sempre se consti-tuiu em trincheira das aspira-ções de nossa terra em tudoque respeitasse o seu progres-so material e a sua cultura.De-

fendendo o programa a que setraçou em toda a sua já longaexistência, este jornal, sem ja-mais baixar às ofensas pes-soais e nem cultivar ódios es-téreis, continuará a sua missão

nobilitante de propugnar pe-los altos empreendimentos lo-cais, e, há de ser o vanguar-deiro digno e leal das boas cau-sas e dos propositos merito-rios.

Confia a sua direção queo POVO MOSSOROENSErecebe-lo-á com a simpatiaque tanto lhe servirá para es-timulo, e a que corresponde-rá com o Maximo esforço

para bem servi-lo".A circulação se estendeu

até fins de 1934. O último nú-mero constante do acervo doMuseu Municipal é o 1.155,de11 de novembro.

Em 30 de setembro de 1933, ainda sob a direção de Augusto da Escóssia, O Mossoroense voltou a circular:

ESPECIAL 136 ANOS Sexta-feira, 17 de outubro de 2008 - 5www.omossoroense.com.br

AUGUSTO DA ESCÓSSIA

Augusto da Escóssia Nogueira,conhecido como Es-cossinha, nasceu em Mossoró no dia 14 de janeiro de1900. Filho do jornalista João da Escóssia, exerceu car-gos eletivos e de nomeação na cidade de Mossoró. Foivice-presidente da Câmara de Intendentes no período1937-1941, prefeito de 19 de fevereiro a 2 de agosto de1946, suplente de Juiz Federal e Tesoureiro titular daprefeitura até a sua morte em 1951, aos 51 anos de i-dade.

Além do pai jornalista, tinha um irmão, Lauro daEscóssia que também era jornalista e seu avô paterno,Jeremias da Rocha Nogueira, que foi o fundador dojornal O Mossoroense. Augusto da Escóssia dirigiuo jornal da família de 1930 a 1934, cujas oficinas su-pervisionava desde a morte do seu pai em 1919.

Como prefeito, realizou "uma administração pro-gressista e útil a Mossoró. A ninguém perseguiu, nempermitiu que o dinheiro público fosse mal aplicado",naspalavras de Walter Wanderley,num depoimento extraídodo livro "Legislativo e Executivo de Mossoró - numaviagem mais que centenária", do historiador Raimun-do Soares de Brito.

Em outro depoimento extraído do mesmo livro deRaimundo Soares de Brito, o jornalista Dorian JorgeFreire, fala sobre o homem Augusto da Escóssia:

- "Em Escossinha,o meu pai teve um companheiro

sincero, intrinsecamente leal. Ainda o vejo no seu ter-no de linho branco e imaculado. Os cabelos penteadospara trás. O escudo da Ação Católica na lapela. Ocigarro. O riso e o sorriso. O bom senso agudo, calmo,sábio a contrastar com a impetuosidade cangaceira, osrompantes desabridosdo irmão Lauro daEscóssia. A capaci-dade não apenas defazer e preservaramigos,mas de con-stituir uma famílianumerosa,e na ho-ra de se apresentar aDeus poder dizer,com segurança que osjustos conhecem:Daque-les que me destes nãoperdi nen-hum!".

O jornal de Jeremias da Ro-cha reabriu suas portas em se-tembro de 1946, sob o coman-do de Lauro da Escóssia, aju-dado,entre outras pessoas,porseus filhos Lauro Filho e Da-nilo Couto da Escóssia, am-bos ainda crianças.

Lauro e Danilo começaramvendendo jornais. O amor àcausa de Jeremias da Rochaos levou às oficinas e à reda-ção.

O jornal já não trazia ins-crito no frontispício o anún-cio das cores partidárias quedefendia e se mostrava maisnoticioso. Seus redatores er-am Jorge Freire,Vingt-un Ro-sado e José Augusto Rodri-gues.

Por volta de 1953 foramcompradas duas máquinas li-notipo para compor textos.Um atraso considerável em re-lação aos grandes jornais doPaís, que já no início do sécu-lo XX começaram a utilizar es-sas máquinas. Vitalino Rotel-lini, proprietário de Fanfulla,

trouxe em 1905 as primeiraslinotipos para São Paulo. Po-rém, a década de 50 é que as-sinala o caráter industrial daimprensa.

Eis o registro do próprio OMossoroense, edição do dia7 de junho de 1953, nº 351:

"Está em fase de experiên-cia a linotipo adquirida peloMossoroense.

Representa esse presenteregio para a cidade de Mos-soró, a primeira dentre as mui-tas cidades interioranas donorte do país a possuir gráfi-co mecanisado,mais uma con-quista do esforço da famíliaEscóssia, que mais uma vezse apresenta como pioneiranos árduos misteres da im-prensa mantendo através dequatro gerações de Jeremiasda Rocha aos bisnetos, a mes-ma chama de expansão e pro-gresso reclamados por Mos-soró."

O Mossoroense deu outromergulho em 1963, como le-

va a crer a numeração dosexemplares existentes no Mu-seu. O último número destafase é o 3.393, de domingo, 7de julho de 1963.

Lauro da Escóssia reabriuo jornal em 1970 e o coman-dou até a venda, em 1975,quando o controle acionáriopassou a ser do médico Jerô-nimo Rosado Cantídio, ligadoao grupo do deputado fede-ral Jerônimo Vingt RosadoMaia, adversário político dosLauros (pai e filho), abrindoa 4ª fase. O jornal manteve alinha noticiosa, mas amplioua militância político e o espa-ço para opinião.

Em 6 de maio de 1984, ojornal O Estado de S.Paulo la-menta mais um fechamento deO Mossoroense, aos 112 anos,e estranha o fato das "forçasvivas da cidade e do próprioEstado potiguar" não have-rem se manifestado para as-segurar a continuidade da cir-culação do velho órgão de im-prensa.

Lauro da Escóssia nasceuem Mossoró no dia 14 de marçode 1905. Professor, jornalista eescritor. Considerado decanoda imprensa mossoroense. Seuamor ao jornalismo e ao OMossoroense, o levava algumasvezes a fazer o próprio jornal,sendo repórter, redator, gráfico,além de diretor. Dedicou sua vi-da ao jornalismo. Faleceu em 19de julho de 1988.

Sobre Lauro e a sua ligaçãoumbilical com O Mossoroense,disse Raimundo Nonato:

"Ainda hoje, Lauro da Es-cóssia continua dentro da ofici-na com o mesmo entusiasmodos seus dias jovens, trabalhan-do, dirigindo, fazendo tudo.

E quando o tempo lhesobra, o que é muito raro, tomauns goles de café requentado,fuma um cigarro-mata-rato edá uns curtos cochilos arriadopor cima dos fardos de papel.

Imensa e gloriosa compen-sação para um homem idealistaque tem naquelas velhasmáquinas de fazer o jornal, umtesouro bem muito maior doque aquele que enchia devaidade o poderoso e sábio ReiSalomão!"

LAURO DA ESCÓSSIA

ês pré-

"Eu aprendi a ler soletrando ojornal O Povo de Fortaleza, noticiárioda Segunda Guerra Mundial. Masaprendi a amar a liberdade foi no OMossoroense, vendo a práticademocrática de Lauro da Escóssia. Eramenino quando ingressei no jornal, aconvite de seu dono, Lauro da Escós-sia em 1947 ou 1948. Meu primeiro ar-tigo chorava a morte de Monteiro Lo-bato e era intitulado "Zé Brasil". Há44, 45 anos. De lá para cá, nunca deix-ei jornal e nunca estive longe de OMossoroense, ao lado de Jorge Freire,Rafael Negreiros, Jaime Hipólito,Vingt-un Rosado, José AugustoRodrigues, Lauro Escóssia Filho.

Escrevíamos com inteira liberdade.Até contra as opiniões dos dois Lauros(donos) e os interesses do jornal. Cen-sura não havia. Imoralidade só haviana boca suja de Zé Abel. Eu tambémentregava papel para Albecy fazer en-goli-lo a velha Marinoni. O resto dodia passava no jornal vendo a sua faina,

testemunhando o seu alegre heroísmo.Lauros, os dois, faziam de tudo: ar-

tigos, crônicas, armação de página, tit-ulagem e eram artistas em tipografia.Eles e Surica, Tinteiro e Quincão. Semfalar em Chico Abel, Zé Abel, Vicente,Dois e Postal. Assim foi até eu partirpara São Paulo de onde continueiescrevendo para o jornal.

Regressando definitivamente aMossoró, fui convidado pelos Laurospara assumir a direção do jornal, oque fiz incontinenti. Assisti à vendada maioria acionária da empresa dosEscóssia para o grupo político deVingt Rosado. Continuei diretor. As-segurando a todos as mesmasliberdades concedidas no passado porLauro.

Eu que assisti os Lauros trazerempara Mossoró a primeira Linotipo,trouxe para o velho jornal a primeiraoff set e o primeiro fotolito. Além deter sido na minha administração que ojornal teve sede própria na nova rua

com o seu nome. Depois de Lauro daEscóssia, fui quem mais demorou nadireção do jornal. Mais que ofundador Jeremias, mais do que Joãoda Escóssia, Escossinha: 10 anosinesquecíveis para mim.

Nestes meus 44 anos de imprensa,passei por muitos jornais, dirigi algunsdeles. Nada me orgulha tanto do que atemporada no O Mossoroense. Principal-mente sob a direção do querido Lauro daEscóssia. Tenho muita saudade domatraquear da Marinoni, do cheiro de tin-ta de Dois, de suas piadas, dasimoralidades de Zé Abel e dasreações permissivas do velhoGato. Tenho saudades deSurica, Vicente, Chico Abel,Fernando, Danilo e Lauro,Lucinha e Tó, Tinteiro,Albecy e Quincão. OMossoroense foi a mel-hor escola de cidada-nia de Mossoródesde 1872".

ESPECIAL 136 ANOS www.omossoroense.com.br6 - Sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A REABERTURASendo atualmente um dos quatro mais antigos jornais do País

e o mais antigo do Rio Grande do Norte, em circulação, O Mos-soroense encontra-se em sua 5ª fase, sob o comando do médi-co Laíre Rosado Filho, que recebeu as ações do primo RosadoCantídio, em 1985, e fez com que o jornal voltasse a ser publi-cado logo após a enchente daquele ano, desta vezdirigido por Eder Andrade de Medeiros, que per-maneceu na função até 1987.

Foi nesse período que o jornal comprou, em Re-cife, o primeiro terminal de vídeo denominado For-ma Composer, substituto das máquinas eletrônicasET-125 que, por sua vez, haviam substituído as lino-tipos, nos quais os digitadores compunham as maté-rias datilografadas na redação.

Depois de Eder veio Emery Costa, 1987 a 1989,em cujo período administrativo foi implantado o se-gundo terminal Forma Composer. A década de 80 é oponto culminante da informatização dos jornais brasi-leiros. Os grandes, desde a década ante-rior, já experimentavam a manipulação detextos por meio dos terminais de vídeo.

Após Emery Costa, sucederam-se osseguintes diretores: José Walter da Fon-sêca (1989), Cid Augusto (1989 a 1991),Pedro Almeida Duarte (1991) e ValneyMoreira da Costa (1992).

Na administração de Larissa Rosado,de1992 a 1998, foi comprada uma segundaimpressora offset,modelo ATF Chief 25.O jornal ganhou grande impulso em suainformatização, com a compra de com-putadores PCs e impressoras a laser.A par-tir de 1995,a diagramação e a redação tam-bém foram informatizadas.

O primeiro microcomputador empre-gado na redação do jornal foi um XT. Deinício, houve reação dos redatores, que preferiam as velhas má-quinas de escrever.

O marco mais importante desse período foi a democratiza-ção da linha editorial. Sem perder suas características polí-ticas, O Mossoroense, graças ao es-forço que en-

volveu desde os proprietários aos servidores mais humildes, am-pliou os seus horizontes, abrindo espaços cada vez maiores para

pessoas de outras correntes de pensamento.Com a saída de Larissa, o jornal passou a

ser administrado pelo professor José Cristó-vão de Lima,tendo Alvanilson Medeiros Car-los na gerência. Nessa gestão, vieram novosavanços no campo da informática, com ainstalação de microcomputadores avança-dos em todos os setores do jornal.

Na década de 90 começaram as trans-formações que a grande imprensa já so-fria desde 1985, com a prática de um jor-nalismo mais técnico.

O dia 7 de dezembro de 1997 marcaa última mudança no formato do jor-nal.O Mossoroense,de standard,vol-tou ao formato de 32cm x 47cm ado-tado em décadas passadas. O projetofoi feito pelo diagramador Paulo Cé-sar Rodrigues.

Alvanilson Carlos assumiu a di-reção administrativa do jornal no fi-

nal de 98, e logo depois, em 24 de agosto de1999, O Mossoroense deu um importante passona sua trajetória, que foi a inauguração de sua pági-na na Internet, possibilitando a leitura diária de suasnotícias em várias partes do mundo.

Em outubro de 2006, o publicitário Lahyre Ne-to assumiu a direção-geral da Rede Resistência de Co-municação, jornal O Mossoroense e FM 93, e con-tinua o seu processo de modernização e ampliaçãoda pasta de anunciantes.

Por O Mossoroense passaram grandes nomesda intelectualidade e do jornalismo do Estado. Ho-je, ele é um jornal com administração, redação e dia-gramação completamente informatizadas. Apesarda idade, é jovem nas idéias e tem fôlego para lutar

por mais algumas centenas de anos pelos "interesses do muni-cípio, da província e da humanidade em geral".

"A MELHOR ESCOLA DECIDADANIA DE MOSSORÓ"

O jornalista Dorian Jorge Freire começou a escrever no O Mossoroense na década de 40 e foi seu diretor em 1975, quando o jornal passou paraa família Rosado, se mantendo no cargo até mais um fechamento em 1984. No início dos anos 1990, Dorian deu o seguinte depoimento:

Dona Hilda completa 22 anos de assinaturaestruturada na confiança e fidelidade

O primeiro exemplar do OMossoroense chegou às mãosde dona Hilda de MedeirosLeite em 1986. Como a máxi-ma "A vida é fato local",ela queé a assinante mais antiga doperiódico, nutre uma relaçãoque vai além da amizade e con-fiança. Segundo ela, tudocomeçou a partir de seu filhocaçula David Leite, que atual-mente se encontra na cidade deSalamanca, na Espanha, ondeestá fazendo doutorado na áreade Direito e sempre quandovem a Mossoró lê todos os jor-nais que aparecerem em suafrente."Ele gosta muito de jor-nal. Uma vez ele estava aqui echegou uma pessoa com umcarro-de-mão cheio de jornaise eu assustada perguntei: 'Meni-no, pra quem é esse monte dejornal?' e ele disse que tinha si-do David que havia mandadoele trazer todos para ler".

Dona Hilda faz o tipo "mãe-zona", aquela que acolhe, fazde tudo pela sua prole e temorgulho do que hoje eles setornaram,principalmente,de-pois das dificuldades encon-

tradas para dar uma boa edu-cação a todos. Casada comAldemar Duarte Leite, militarreformado e pequeno a-gropecuarista, falecido em1980, ela foi professora nazona rural (Barrinha dos D-uarte) em sua juventude e, de-pois de casada, como era co-mum em sua época, deixou detrabalhar para cuidar da casa edos filhos.

"Creio que o grande méri-to foi o de ter educado a nu-merosa prole. Vida simples éverdade, mas carregada de ex-emplos de honestidade e de re-speito aos valores básicos, ho-je em dia tão vulneráveis",afir-ma David.

O filho caçula revela que amãe sempre gostou de acom-panhar os acontecimentos dacidade e provavelmente, pornão possuir o hábito de escu-tar rádio, veículo da grandemassa,optou pela leitura diáriade um jornal local.

Ainda segundo David, ex-iste um aspecto em relação àdona Hilda que pode ter sidocrucial para sua afinidade com

o jornalismo. "Ela sempre dizque se tivesse continuado seusestudos, gostaria de ter sidojornalista. Pode ser esta a raizde sua preferência ou hábito daleitura diária de, pelo menos,um jornal", explica.

Dona Hilda também man-tém uma grande paixão. Ain-da hoje ela guarda em suaprópria casa muitos objetosque caracterizaram a atuaçãodos "aluizistas" desde ahistórica campanha eleitoralde 1960, ao que chama commuito orgulho de "AcervoBacurau".

Ao pegar um exemplar doO Mossoroense,Dona Hildadiz categórica e com sinceri-dade:"Vou logo ler a coluna deEmery (Emery Costa) e a partede política.No resto eu apenascorro a vista". De acordo comDavid,não é de se admirar quesua mãe gosta tanto de políti-ca, a ter como exemplo o"Acervo" que ela mantém comtanto esmero e carinho, mas,diferentemente dela, em suaopinião, a editoria preferida éo caderno de cultura Univer-

Sem manter o hábito de escutar rádio, surgiu a opção de uma leitura diária de jornal

so. "A minha preferência ho-je é pelo caderno de culturaUniverso. E mais precisa-mente pela página de poesia,pois considero um excelenteespaço-oportunidade para ojovem poeta divulgar seu tra-balho", ressalta.

Para dona Hilda o jornal ho-

je está bem melhor que antiga-mente."Meu filho fez essa assi-natura e eu nunca pensei emcancelá-la. Gosto muito do OMossoroense e acredito quehoje ele esteja bem melhor queantes,com matérias mais com-pletas e verdadeiras", avalia.Assim como a mãe, David

também faz sua análise e rati-fica a mesma idéia: "Mesmocom a opção da chamada leitu-ra virtual, quando posso, ain-da prefiro a leitura conven-cional. Em relação ao OMossoroense, destaco sualongevidade, que é algo ad-mirável".

Gazeteiros dão exemplo de dedicação à atividade de vender jornais "Extra! Extra!".Antigamente

os jornais eram vendidos aos gri-tos das manchetes principais pe-los conhecidos gazeteiros, aque-las pessoas que fixam determi-nado lugar para oferecer e venderjornal, seja na rua ou em bancas.Atualmente, não se escuta maisa menção ao extraordinário,mas,apesar de menos expostos,essestrabalhadores ainda vendem beme mostram dedicação e verdadeirapaixão ao ofício.

Francisco das Chagas, oChaguinha, 30, já está com 15anos no ramo e por ele, nunca a-bandonaria o trabalho.Seu "pon-to" - o local fixado por cada umdeles, fica localizado no cruza-mento da avenida João da Es-cóssia com a Avenida Diocesanae foi adquirido a grande custo."Antes de mim havia uma pessoanaquele lugar, mas quando eleofereceu para vender,eu compreipor R$ 400,00, isso em 2000, oque significava muito dinheiro.Játeve gente que me ofereceu 2 milreais pelo lugar e não vendo dejeito nenhum", diz.

Mas o esforço valeu a pena.Logo no início, Chaguinhachegou a fazer quatro saláriosmínimos por mês. Hoje, apesarde uma baixa nas vendas,ele ain-da faz até dois mínimos,dinheiro

que já lhe rendeu a casa própria.Hoje, ele pega até 100 jornais

por dia para vender, mas antiga-mente era bem mais."Não dá parapegar muitos, pois a venda estámais fraca. Com a internet, asvendas caíram pela metade",con-stata.O que ainda o mantém co-mo recordista de vendas de jor-nais de rua é a clientela fixa."Ten-ho cliente no conjunto VingtRosado que vêm todos os diasaqui pegar seu exemplar",afirma.

O gazeteiro analisa que atual-mente o jornal O Mossoroenseganhou mais visibilidade e estásaindo bem mais que antes. "Ofluxo de vendas aumentou em até80% principalmente depois queo periódico adotou o colorido emsuas páginas".

Para Chaguinha,ser jornaleironão é fácil.O dia para ele começabem cedo. Às 4h, vai até a dis-tribuidora pegar seus jornais, deonde ganha 30% por cada ven-da.Além de todas as dificuldades,ainda tem clientes que não co-operam e só prejudicam o tra-balho. "Sempre acontece dosclientes pedirem o jornal para vere aproveitam que o sinal abre parair embora sem pagar", conta.

Ainda conforme o gazeteiro,para se manter no trabalho é pre-ciso ter obstinação e, principal-

mente, não ter vergonha. "Aosolhos das pessoas nossa profis-são é desprezível.Tem gente quefecha o vidro do carro quandonos aproximamos para oferecerjornal pensando que somos al-gum bandido,mas a maioria dosjornaleiros tem segundo grau etrabalha ali de forma honesta eporque precisa", destaca.

Outro problema enfrentadopor esses trabalhadores é a inse-gurança. Chaguinha conta quequase foi assaltado quando faziauma entrega de jornal na casa deum cliente numa madrugada."Euestava de moto e quando pareina casa para deixar o exemplar,dois rapazes se aproximaram demim e pediram meu dinheiro.Eudisse que era evangélico e estavasó trabalhando.Eles então foramembora e me deixaram em paz".

Apesar detudo,Francisco dasChagas não quer abandonar o ofí-cio adquirido com tanto esforço."Como surgiu uma boa oportu-nidade de emprego para mim,deixei meu irmão lá no ponto.Elejá está há quatro meses no meulugar. Infelizmente, está sofren-do o mesmo preconceito que sen-ti, mas espero que ele supere, as-sim como eu e mantenha-se notrabalho", ressalta.

Assim como o recordista de

vendas Chaguinha,Zé Maria,69,também é considerado umcampeão. Há 40 anos está comsua banca de jornais e revistassempre no mesmo lugar - nacalçada em frente ao restaurante"O Oitão", no centro da cidade.Devido ao lugar tradicional e porabrir todos os dias às 5h, ele é o

gazeteiro de banca que maisvende jornal na cidade, chegan-do a 60 exemplares por dia regu-larmente.

Para ele, o segredo paravender jornal é a manchete. "Opovo gosta muito de ver crimee política.Cheguei a vender 370exemplares só na segunda-feira

depois das eleições", afirma.Zé Maria conta que começou

no ramo aos 6 anos de idade,quando vendia pelas ruas o jor-nal O Mossoroense. Segundoele,o periódico hoje vende muitomelhor que antes e as pessoas cos-tumam elogiar tanto o visualquanto o seu conteúdo.

RELACIONAMENTO

PROFISSÃO

Francisco das Chagas, um recordista de vendas Zé Maria, 40 anos de trabalho e clientela fixa

Um sonho não revelado: ser jornalista

ESPECIAL 136 ANOS Sexta-feira, 17 de outubro de 2008 - 7www.omossoroense.com.br

"O jornal O Mossoroense é ummarco para a história do jornalismopotiguar. Parabenizo este periódicopelo seu aniversário e espero quecomplete mais 200, 300 anos. Esperoque ele continue abrindo portas paraos jornalistas diplomados, valorizan-do os profissionais e, principalmente,o jornalismo praticado no Estado,pois tanto nós como os leitores sótemos a ganhar com a atuação e con-tribuição deste jornal".

NELLY CARLOS,PRESIDENTE DO SINDICATO DOS JORNALISTAS DO RN -

"Eu iniciei mesmo no ano de 1970aqui no O Mossoroense. Já atuei nareportagem, direção e desde 1988 es-crevo uma coluna diária.Antigamente, o jornal era feito de for-ma muito diferente de hoje. Eu diriaaté que era meio artesanal. Ou,artesanal e meio. Hoje, eu vejo o nos-so jornal, apesar da sua longevidade,acompanhando sempre a evoluçãodos tempos. Estamos com 136 anos,mas parece de estamos apenascomeçando. Trata-se de um jornal an-tenado com o seu tempo. Eu diria queo nosso O Mossoroense é o velhoque se renova diariamente. OMossoroense é antes de tudo umaverdadeira legenda, uma autêntica es-cola. Grandes profissionais que hojeatuam aqui e alhures saíram aqui denossas páginas para se projetarnoutros cenários. Um ícone é DorianJorge Freire que começou a escreveraqui mesmo, usando um pseudônimo.Mas, por aqui já passaram outrosícones que se projetaram no tempoe/ou estão hoje atuando em outraslinhas diferentes realçando sempre onome da imprensa mossoroense. Eunão alimento dúvida alguma de que OMossoroense vai não só continuar afazer parte da nossa história, mas tam-bém, continuar fazendo a história daimprensa potiguar contemporânea".

EMERY COSTA,JORNALISTA

"Comecei a escrever no jornalquando tinha 17 anos. Meu pai haviacomprado todas as partes e após fale-cer, o periódico ficou de minharesponsabilidade. Na minha gestão,ele passou a ser diário e aumentou de4 para 6 páginas, mas em 1974, pormotivos políticos, tive que ir embora.Fazer o jornal hoje é uma beleza ten-do em vista as dificuldades de outrorae o O Mossoroense ainda continuabom, apesar de encontrarmos muitoserros de português. Ainda hoje, nãoentendo porque as pessoas não apren-dem o uso da crase. Esse é um dosmotivos pelos quais deixei de ler OMossoroense. Não sei como deixamCid Augusto no comando do jornal.Ele é um bom poeta e escritor, masnão jornalista. Eu costumo dizer quesou jornalista por tradição, pois foimeu bisavô quem fundou o jornal.Mesmo sendo um dos maisimportantes jornais do Estado, elenão possui a alma e espírito que tinhaantes na minha época. Antes todos t-inham vontade de lutar, o que não sepercebe mais atualmente".

LAURO DA ESCÓSSIA FILHO, EX-DIRETOR

Uma grande escola. Estaé a definição de todos os queestão no O Mossoroensehá muito tempo. Gente quetrabalha há mais de 15, 20 eaté 30 anos no mesmo jor-nal e fez sua vida por aqui.Profissionais gabaritados,disputados pela concorrên-cia, mas que preferem o cen-tenário velho de guerra pelaliberdade existente, pela ca-maradagem entre os fun-cionários, sejam diretoresou subalternos e pelo eter-no aprendizado.

Gente como FranciscoGuerra, 51, que começou atrabalhar no início dos anos70 como aprendiz delinotipo e hoje é o chefe daoficina. "O Mossoroensesempre foi tudo para mim.Aprendi tudo aqui, chegueicriança, casei, criei meus fil-

hos. Uma vida atribulada,sem horários, mas comliberdade. Teve momentosem que saí e fui trabalhar emoutros jornais, mas semprefui recebido de volta comcarinho e respeito. Hoje, nãosaio mais. O Mossoroenseé minha casa, uma grandeescola profissional e decidadania, onde a gente sem-pre teve voz. Por aqui pas-saram muitos profissionais,muita gente que aprendeu atrabalhar dentro dessasparedes. E continua a chegargente nova, aprendendo eensinando, porque aqui eunão paro de aprender nun-ca, todo dia é um apren-dizado, todos os dias a gentecontribui para o desen-volvimento da imprensa lo-cal e, porque não dizer,mundial".

ESPECIAL 136 ANOS www.omossoroense.com.br8 - Sexta-feira, 17 de outubro de 2008

ESCOLA DE JORNALISMOGerações de profissionais da imprensa foram formadas dentro da redação do O Mossoroense

Diagramação moderna, muitas vezes ousada, e capas temáticas são destaque no jornal

LIBERDADE DE CRIAÇÃO O sentimento de Guerrin-

ha, como é mais conhecido,não difere muito do chefe dadiagramação, Paulo CésarRodrigues, 39, que trabalhano jornal desde 1987. "O jor-nal é minha vida, eu entreiaqui antes dos 18 anos deidade e é aqui que quero meaposentar. Já me oferecerammais dinheiro, mas daqui eunão saio, não troco o que ten-ho aqui por nada".

Indagado sobre o que eletem no O Mossoroense eque não teria em outro lugar,PC, como é chamado pelosamigos, dispara: "Liberdade

de criação". E justifica afir-mando que aqui todos podemousar, propor novidades.

Conhecido pelas capastemáticas e diferenciadas quefaz, Paulo César concordacom a afirmação de que OMossoroense é a maior es-cola do jornalismo local. "To-do mundo saiu daqui,repórteres, diagramadores,revisores... No jornal, quemsabe ensina ao outro. Eu nãotenho medo de passar o quesei. É por isso que o jornal es-tá numa situação boa. Aqui,nós temos liberdade e ami-gos", conclui.

TRADIÇÃO

Paulo César gosta de trabalhar capas temáticas

Guerrinha começou a trabalhar no O Mossoroense nos anos 1970

Os versos da música "De frente procrime", de João Bosco, bem que

podem servir para descrever um poucoda natureza do trabalho do repórter-

fotográfico Luciano Lellys, 42.No O Mossoroense desde 1988,

Lellys começou sua vida profissionalacompanhando os repórteres polici-ais Edmilson Lucena e Paulo Wag-

ner, à época na rádio Difusora. Oprimeiro assalto a banco em

Mossoró e umas fotos do famoso"Falcone" serviram de passaporte

para o jornal.De lá para cá, muitas ocorrências,

muito trabalho e muito sucesso. Re-conhecido como um dos melhores

do Estado em sua profissão,Luciano já teve fotos publicadas

na capa do jornal Folha de S. Paulo e

em inúmeras capas do OMossoroense. Elogiado pela sua

sensibilidade em retratar um tema tãodifícil sem ser chulo, ele é outro que

não troca o jornal por nenhum outro."O Mossoroense é metade da minhavida, da minha história. O jornal temum lugar de destaque na imprensa e

compete em pé de igualdade comqualquer impresso do país. Sem con-tar, que quando se fala em Mossoró,se fala no O Mossoroense. É uma

referência de credibilidade", afirma.

"O ESPELHO"Para o revisor Benjamim Linhares, O Mossoroense é espelho para a concorrência

ESPECIAL 136 ANOS Sexta-feira, 17 de outubro de 2008 - 9www.omossoroense.com.br

"Eu entrei no jornal O Mossoroensedurante sua 5ª fase, em 1985, como diretor

e fiquei até 1987 nesta função. Durante esteperíodo fizemos grandes mudanças no jor-nal como a aquisição da máquina Compos-er que substituía as máquinas eletrônicas, o

que permitia um jornal de melhorqualidade. Hoje, percebo que o jornal con-serva aquela mesma raiz que ajudei a plan-

tar quando trabalhei aqui, e que osprofissionais trabalham com muita respon-sabilidade. Tenho este jornal com muita es-

tima e consideração. Durante a época quefiquei, praticamente respirava o jornal. Tu-do que eu fazia era voltado para ele, dentrodo amor, seja de dia ou madrugada, comocostumávamos ficar para fazer o jornal es-

tar nas mãos dos leitores no outro dia. Ojornal cresceu assustadoramente. Ele real-

mente está de parabéns".ÉDER MEDEIROS,

EX-DIRETOR

"Minha primeira atividade no jornal foicomo gazeteiro, em 1972. Depois fuidobrador, compositor de manchetes,

chapista e revisor. Uma vez, quando eu es-tava trazendo a manchete para colar, tinhauma matéria sobre um torneio de tênis, sóque estava trocado o 't' pelo 'p'. Ainda bemque antes mesmo de chegar para colar, euvi e fui consertar o erro. Outra vez, ia ter a

inauguração da empresa de ônibus 'Expres-so de Luxo', só que a manchete saiu como

'Expresso de Lixo', mas a culpa foi darevisão que não viu. O diretor Dorian (Do-

rian Jorge Freire) era muito exigente. Eleensinava na universidade e quando chegava

depois das 10h da noite no jornal, se vissealguma coisa que não estava bom ele rasga-

va a página e tinha que refazer tudo. Hoje,fazer o jornal é bem mais fácil e rápido,

antes a gente entrava madrugada a dentropara poder deixar tudo pronto".

COSME DA ROCHA FERREIRA,"VOVÔ", FUNCIONÁRIO

HÁ 36 ANOS

"O Mossoroense nesses 136 anos jácontribuiu bastante com a História não só

de Mossoró como também de todo o Esta-do. Por ele passaram diversos profissionaisqualificados, muitos dos quais começaramcarreira aqui. O jornal é uma espécie de es-

cola para todos os que fizeram e aindafazem o O Mossoroense. Parabenizo to-dos os profissionais e demais funcionários

pela seriedade com que eles tratam a notíciae levando-a de forma verdadeira ao leitor".

LARISSA ROSADO,EX-DIRETORA

"O jornal O Mossoroense continuasendo referência para todo o Rio Grande

do Norte, servindo também de análise paraos estudantes que freqüentam a academia.Como professor e também como leitor -

sou leitor assíduo, gosto de levar o jornal àssalas de aula pela sua antiguidade, clareza e,

até certo ponto, pela sua imparcialidade".JEFFERSON GARRIDO,

PROFESSOR DO CURSO DECOMUNICAÇÃO SOCIAL DA

UERN

"O Mossoroense é um jornal marcadopelo pioneirismo e defesa das melhorescausas do Rio Grande do Norte, tendo

sempre se identificado com sua terra.É um patrimônio do RN, um celeiro detalentos, por onde já passaram grandes

nomes da imprensa potiguar.Faço votos que O Mossoroense

continue com seu processo de moderniza-ção e sua identificação com os interesses do

Rio Grande do Norte".RUBENS LEMOS FILHO,

SECRETÁRIO ESTADUAL DACOMUNICAÇÃO SOCIAL

Benjamim Linhares éoutro profissional com muitosanos de casa. No OMossoroense há mais dequinze anos, comanda a re-visão do jornal. Sem ter ex-periência anterior na área,mascom um bom domínio da lín-gua portuguesa, Linhareslargou o emprego que tinha nocomércio e foi se dedicar aoque gostava no local que sem-pre admirou. "Eu tenho com-pulsão por leitura, então nãoadiantava ficar trabalhandocom vendas,como sempre ad-mirei o trabalho do OMossoroense e pesquisei so-bre sua história, foi aqui que

comecei uma nova vida".Deixando muito claro que

procura sempre fazer o corre-to, mesmo que às vezes algunserrinhos escapem, Linharesdestaca a importância de se darespaço aos estudantes, aindaque os textos sejam mais difí-ceis e dêem mais trabalho pararevisar. "Por aqui, passaramos maiores nomes da impren-sa local. A maioria aprendeuaqui e hoje outros continuamaprendendo".

Com sua peculiar perspicá-cia, Linhares desabafa: "OMossoroense é o pai da im-prensa local, muitos não as-sumem, mas se espelham no Linhares trocou o emprego no comércio pelas letras

"TÁ LÁ O CORPOESTENDIDO NO CHÃO..."O repórter-fotográfico Luciano Lellys sensibiliza ao enfocar temas difíceis

Fotografia

Luciano Lellys, a “cara” do O Mossoroense

A dor retratada de forma sensível Luciano também mostra sensibilidade em outras áreas

JORNALISMO ON-LINE,O PRÓXIMO DESAFIO

Numa de suas definições no di-cionário Aurélio, "velho" pode sig-nificar desusado, antiquado, obso-leto. Significado que, com certeza,não se aplica ao "velho" OMossoroense, um jornal que pormais centenário que seja não envel-heceu em conceitos com o passardos anos. Ao contrário, a cada dia,busca estar em sintonia com os tem-pos e modernizar suas instalações,equipamentos e linguagem.

Com uma tiragem que chega aos4,5 mil exemplares nos finais de se-mana, O Mossoroense foi oprimeiro veículo impresso do in-terior do Estado a ter página nainternet e manter o maior acervoon-line de edições anteriores atu-alizado.

Mas, o pioneirismo do jornalnão pára nos exemplos do passa-do. Após 136 anos de História ede fazer parte do dia-a-dia dos

mossoroenses, muitos desafiosainda serão vencidos.

Para o diretor-presidente da RedeResistência de Comunicação, LaíreRosado Filho, O Mossoroense éum jornal com conceito positivo emtoda a cidade e no Rio Grande doNorte pela isenção com que anal-isa os fatos e pela independênciade seus jornalistas e colaboradores.

Com uma redação jovem e atu-ante, onde mais de 40 profission-ais entre repórteres, fotógrafos, di-agramadores, revisores e colabo-radores se revezam em busca damelhor notícia e da informação comcredibilidade,o atual desafio é man-ter o jornal atualizado e competiti-vo num mundo cada vez mais glob-al com o advento da internet.

"Precisamos acompanhar astransformações do mundo global-izado. Para isso, é necessário ter umjornal atrativo, com um tratamen-

to especial às notícias, ora mais cur-tas em função do pouco temponesse mundo moderno, ora maisanalíticas, fazendo um contrapon-to às notícias publicadas no mun-do virtual", afirma Laíre Rosado.

E o próximo desafio já estádefinido. Segundo Laíre, em muitopouco tempo O Mossoroense vaiestar com sua página on-line na in-ternet. É o "jornalismo on-line" oujornalismo em tempo real. Onde owebleitor poderá acompanhar osfatos assim que eles aconteçam.

O diretor-presidente da Rede Re-sistência também destaca que o jor-nal tem uma apresentação gráficadas mais modernas, podendo secomparar, nessa área, aos melhoresdo país. E enfatiza, "para o leitormais atento, é fácil verificar que OMossoroense continua fazendo es-cola no jornalismo do Rio Grandedo Norte". Laíre Rosado anuncia o novo desafio do O Mossoroense

ESPECIAL 136 ANOS10 - Sexta-feira, 17 de outubro de 2008 www.omossoroense.com.br

Versão eletrônica é pioneira e bate recordes de acessoEm 24 de agosto de 1999, o jor-

nal O Mossoroense deu um im-portante passo na sua trajetóriahistórica,dessa vez relacionado como visual. Ele foi o primeiro periódi-co da cidade a inaugurar sua páginana internet, possibilitando a leituradiária de suas notícias em váriaspartes do mundo.

O site do jornal com domínio emwww.omossoroense.com.br a cadamês vem conseguindo recorde deacessos. De acordo com o relatórioda Google Analytcs, foram contabi-lizadas 189.850 visitas únicas, ou se-ja, mais de seis mil pessoas por dia.

Os visitantes são provenientes de

439 cidades de 46 países e territóriosdiferentes, todos juntos somaram497.279 visualizações de páginas,ou seja, mais de 16.500 exibiçõesnum único dia.

Em relação ao número de pessoasque acessaram o site de países difer-enciados no último mês está o Brasil(187.639), seguido dos Estados U-nidos (516), Espanha (272), Itália(176) e Portugal (150).

Entre as editorias mais acessadas,Polícia sai na frente com 38.339 en-tradas, contra 32.778 de Política e19.238 do Cotidiano. Ademais, foicontabilizado um total de 19,39% denovas visitas ao site do jornal.

O jornal ainda acumula dentre osoutros o título de ser o único a pos-suir o maior acervo eletrônico deedições anteriores atualizado. O in-ternauta pode encontrar no link es-pecífico edições dos jornais desde2001.

O Mossoroense é ainda um dostrês únicos jornais da regiãoNordeste a figurar no Portal UOL(do Universo On-Line), considera-do o portal com maior conteúdoem português, uma parceria que jádura nove anos. A versão eletrôni-ca é a atualizada diariamente logoapós o término dos trabalhos naredação.

INTERNET

Jornal e publicidade: uma parceria que dá certoDizem os especialistas da

área que o jornalismo e apublicidade andam juntos e sãopraticamente como irmãossiameses. Os anúncios em jor-nais são importantes para rat-ificar esta relação,além de con-tribuir para o crescimento deambos, projetando excelentesresultados.

O Mossoroense conta ho-je com espaços para publici-dade que se enquadram no per-fil de pequenos, médios egrandes anunciantes. Hoje, osprincipais clientes do jornal são

a Povel,Canal e Mitsubishi,co-mandados pelo Grupo Porci-no; a Rede Queiroz, o Re-bouças Supermercados, o Se-brae, a Universidade Potiguar(UnP), entre outros.

São diversos os fatores quecontribuem para que o jornalO Mossoroense tenha caídono gosto dos grandes em-presários.O periódico mantémleitores hoje em todas asregiões do Rio Grande doNorte, alcançando 70 municí-pios, incluindo dos Estadosvizinhos do Ceará e Paraíba.

Para o diretor administra-tivo da Rede Resistência de Co-municação Alvanilson Carlos,o centenário chega diaria-mente à casa de dois mil assi-nantes, sem contar com onúmero crescente de exem-plares vendidos avulso nasbancas. "Essa grande circu-lação mantida pelo jornal aju-da na construção das parceriasque mantemos. É em funçãodo trabalho que apresentamoshá tanto tempo que resultasempre num retorno em ter-mos de melhorias no fatura-

mento das empresas",destaca.A garantia de retorno do in-

vestimento é o principal fatorapresentado por aqueles queescolhem O Mossoroensepara anunciar. "OMossoroense é um jornalantigo e que possui muita cred-ibilidade.Anuncio há sete anose nunca me arrependi, poissempre há retorno à empresa",afirma Jair Queiroz.

O jornal está entre os veícu-los preferenciais para a divul-gação de produtos e serviçosdestinados aos consumidores

das mais variadas faixas de ren-da. A tradição em jornalismode qualidade também é um fa-tor importante na hora de a-nunciar. "Temos uma parceriagrande com o veículo há maisde 10 anos pelo respeito de tan-tos anos de carreira e tambémpor ele ser muito lembrado emtodo o Estado, sem contar aimportância de levar pratica-mente o nome da cidade", dizJúnior Rebouças.

Além disso, o jornal OMossoroense já mostrou quetem compromisso com a in-

formação e com o leitor, con-tribuindo ainda mais para man-ter parcerias de longas datas,como é o caso do Grupo Por-cino,que anuncia no centenáriohá mais de 30 anos."Este veícu-lo é um dos mais antigos do Paíse possui uma boa reputação.Por tanto tempo que está emcirculação já deu enormes co-laborações para o crescimen-to de Mossoró e de todo o Es-tado. É público e notório queele já se consolidou e está nocaminho certo",ressalta JúniorPorcino.

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