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Historinhas escritas por Rodolfo Francisco de Souza Filho (Duda) para seus neto(a)s e bisneto(a)s. Esta publicação pertence ao CENTRO DE MEMÓRIA FAMÍLIA HESS DE SOUZA e INSTITUTO ADELINA. Dezembro de 2010.
Ficha Catalogrfica
Sumrio
VIAGEM A CAMBORI ................................................. 5
FAZENDA SANTO ANTNIO ....................................... 7
VERSOS S MINHAS QUERIDAS NETAS .............. 9
CARTA MARCELLE ...................................................... 11
CARTA TAMILLE ............................................................ 13
O CASTELO DO GIGANTE ............................................ 15
A ABELHA E A CIGARRA ........................................ 19
O VELHO, O MENINO E O BURRINHO ............... 29
O TUCANO E A RAPOSA ........................................... 39
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 19-02-1998. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer
forma ou meio, seja eletrnico, gravao etc. sem permisso escrita da Famlia Hess de Souza e do Instituto Scio Ambiental
Adelina Clara Hess de Souza.
Impresso no Brasil/Printed in Brazil
Textos: Rodolfo Francisco de Souza Filho (Duda).
Editorao e reviso: Jacqueline Hess.
Ilustrao e projeto grfi co: Lourecil Saidel (Lore).
Copyright Instituto Adelina
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VIAGEM A CAMBORI(Carta Scheila e ao Beto)
Estou com saudades dum mocinho e duma mocinha,Que saram sem se despedir,Passaram perto de mim,E no vieram me beijar.Procurei-os por toda a cidade,E no os consigo encontrar.A mocinha chama-se Adelina Scheila,Nome que lhe deram quando a foram batizar.Ela j tem quatorze anos, mas no pode namorar.Ele chama-se Roberto Eduardo,Este nome foi o pai quem quis botar.Dizem que eles foram para Cambori,No sei se posso acreditar.Vou encilhar o meu cavalo,E eles eu vou buscar.Dizem que o mocinho valente,Boto a mocinha na garupa,Fao o Pingo, nos dois ps virar,Se o mocinho reagir,Na bala vamos nos travar.Dizem que ele bota o joelho na terra,E quatorze brancos, ele manda chegar. ligeiro no gatilho,E no tem medo de homem nenhum enfrentar.Eu tenho que trazer a mocinha,Custe l o que custar,Dizem que a me dela muito linda,J a tenho visto passar.O pai deles pisa firme e fala grosso,
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E no deixa os filhos namorar.Veja s que barbaridade,Eu tenho que enfrentar.Mas a saudade to grande,Que eu no consigo aguentar.De volta, vou trazer a mocinha,E no deixarei, um dia, ela casar.Vocs sabem por qu?Pois serei eu quem dela vai cuidar.O mocinho eu espero,Para ele se acalmar.Ele bravo e valente,E eu tenho que me cuidar.Acho que com bom jeitinho,Eu consigo, com ele me acertar.Ele gosta de futebol,Uma partida vamos jogar.Depois das pazes estarem feitas,A ele eu quero abraar.Vou terminar esta saudade,Que est a me maltratar.Por favor, se souberem do endereo deles,Queiram me avisar.
Blumenau, 30 de abril de 1978
FAZENDA SANTO ANTNIOEste lugar ...
Onde a pessoa senta-se na varanda da casa, num banco de madeira;Apoia a perna num trip de couro;Sente a batida macia da gua da chuva caindo sobre o telhado;Ouve, na lombada verde, o mugido da vaca;O relinchar do cavalo, procura da sua parelha;V a cabriola do potrinho;O cuidado da gua me;O relincho dominante e a estancada do potro;A recusa da gua coberta;O miar incessante da gata procura do macho;O latido de alerta do cachorro;O grito de fome da marreca;A conversa amorosa do pato;O cantar alegre do galo;O cacarejar das galinhas na hora da postura;O grunhir dos porcos pedindo comida;O grito alarmante da galinha dangola;O rufar das asas do pombo;O apito despertador do nhambu na canhada da grota;O gemido manhoso da rola no cho;O sabi do inverno correndo no pasto procura de insetos;O estalo do ti;O canto do canrio-da-telha;O dobrar chiado do gaturamo;O voo ligeiro do bando de saras de sete-cores;A esperteza do joo-de-barro, beliscando as folhas na horta;O pio agudo do sanhau no coqueiro;A percia do soc-do-brejo, caa dos peixes da lagoa;O alarme da aracu no capo;O barulho musical da gua da cachoeira deslizando sobre as pedras;
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A transparncia genial dos ovos da marreca;A quantidade dos ovos das galinhas;O salto do peixe na lagoa;O cheiro de sapecado da comida no fogo a lenha;O gosto puro da gua da nascente;O cuidado com o sobejo da comida do almoo;O gostinho do caf preto de coador;O sabor de uma salada, com hortalias fresquinhas do quintal;O arrancar de um p carregado de batatinhas;O cortar de um repolhudo p de alface;Ver a parreira de chuchu esticando o seu barao;O replantar dos ps de palmeira, secos pela estiagem;Olhar o campo de futebol e admirar o verde do seu gramado; O sabor delicioso da ameixa madura;A maciez saborosa da banana;A exploso do motor estacionrio;O corte rpido da mquina de trato;A alegria dos animais ao receberem a rao;A aglomerao das galinhas, patos, marrecos e angolistas quando se joga o milho no cho;A batida compassada do cavalo atrelado;O solavanco cadenciado da buzina da carroa;O escolher do melhor pasto para os animais;Ver o novilho bravo entrar em guarda;Ver o cavalo desenvolver a marcha, com suas passadas ritmadas;Montar um cavalo bem encilhado;Discutir com os filhos a sua percia de montar;Fazer um touzo no sistema ponta-de-lana;Ver suas noras e futuras noras rolando em cima das montarias;Admirar suas filhas, perfeitas amazonas, e exmias cozinheiras;Brigando com o filho caula, para deixar nele a marca do pioneirismo;Admirar as brincadeiras, e os netos e netas;Sentir saudades da me e mulher amada;Que tanto ajudou a embelezar este pedao do paraso.
Duda5 de agosto de 1982
VERSOS S MINHAS QUERIDAS NETAS
Poesia Sertaneja O livro, que de presente ganhei;Li todas as poesias.De tudo que eu li, eu gostei.Alguns dos poemas,Com a minha vida comparei.
No sei se foi a minha fi lha querida, Ou se ganhei das minhas netas. No tem dedicatria Foi dado pelas trs na certa; As poesias do livro, Com minha vida completa.
Quero contar a histria para MarcelleQue eu no terminei; a passagem das estrelas,Que eu mesmo inventei;A historinha foi comeada,Por falta de tempo, no acabei.
A estrelinha estava passeando, Viu a Lua e logo se escondeu; A Lua muito cautelosa, Mais um passo na sua direo, deu. A estrelinha se assustou e chorou, E as suas lgrimas, com o vento choveu.
A estrelinha queria uma asa,Para da Lua poder sair;Chegou uma linda borboletaDisse: - Estrelinha, daqui no podes fugir;S ters as minhas asasQuando, com carinho me pedires.
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A estrelinha pediu borboleta, Que emprestasse a asa dela; Ela queria vir Terra Ver uma menina chamada Marcelle Que, de todas as crianas, Era a menina mais bela.
A borboleta muito amiga,A sua asa, para a estrelinha emprestou;A estrelinha veio voando,Aqui na Terra chegou.No viu a menina MarcellePorque nesta hora, com a sua me a menina brigou.
A estrelinha viu outra menina, Por Tamille chamada; Deu um beijo na menina, A menina sorriu e no disse nada. Queria falar com a estrelinha, Mas a voz fi cou embargada.
A estrelinha perguntou Tamille:- Onde est a Marcelle, minha amiguinha?Eu vim voando de to longeCom uma asa que no minha;Eu fugi da grande Lua,Ontem de tardezinha.
Eu vou embora voando, E a Marcelle eu no vejo; Queria tocar nos seus cabelos Era todo o meu desejo Mas ela est muito braba No posso dar-lhe um beijo.
Blumenau, 14 junho de 1984
CARTA MARCELLE
Onde est minha neta MarcelleQue de mim no se despediu
Ela me deu um beijo e um abraoDe perto de mim saiu
As saudades aumentaramDepois que ela partiu.
Na mesa s tem dois pratosOlho a cadeira vazia
No tem arroz e feijoQue com muito apetite comiaEu no sinto mais nas costas
Aquela mozinha macia.
Depois que ela partiuA flor da primavera murchou
A rosa do jardimFicou triste e secou
O p de camlia no floresceuPorque a Marcelle no molhou.
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As flores esto esperandoAs frias depressa chegar
Para com a presena das meninasA alegria do jardim voltar
Eu com muita saudadeCom pacincia vou esperar.
Marcelle,Tu s um anjo
Que ganhei de presenteTens a ternura na voz
Machuca o corao da genteUm olhar carinhoso
Com um sorriso inteligente.
Teu av. Duda15 de agosto de 1991
CARTA TAMILLE
Aonde foi aquela meninaMeiga, alegre e carinhosa
Que abraava o avQuando chegava muito prosaCom um sorriso de jardineiraTrazendo o perfume da rosa.
O meu rosto est enrugadoA pele est irritada
No foi feito mais massagemCom aquela mozinha delicada
O silncio traz tristezaDe uma casa abandonada.
No caf no tenho a sua companhiaAo almoar no recebo carinho
Quando chega a noiteSempre janto sozinho
Olho e procuro por todos os ladosE no vejo o seu lindo rostinho.
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Aquele andar miudinhoEst sempre na minha frente
Aquele sorriso meigoEst sempre presente
Vem a saudade devagarinhoMachucando o corao da gente.
Tamille tu s um anjinhoQue a Deus eu pedi
Ele me deu com grande amorCom asas de colibriSinto muita saudade
Quando estou longe de ti.
Teu av. Duda15 de agosto de 1991
O CASTELO DO GIGANTEPerto do colgio havia um belo casteloRodeado por um lindo jardimNos canteiros floriam lindas rosasE de longe se sentia o cheiro do jasmimS o jardim da av das crianasEra to majestoso assim.
Havia muitas rvores frutferas Os ps de pssego na primavera floriam Davam frutos lindos e gostosos As crianas apanhavam e comiam Pelas ruas dos canteiros de flores As meninas brincavam e corriam.
Nos ramos das rvores bem cuidadasOs passarinhos pousavamQuando rompia a auroraUma sinfonia de cantos entoavamHavia um cardeal e um toldoPerto da janela, juntos cantavam.
As crianas sentiam-se felizes No recreio, no jardim brincavam Nas tardes ensolaradas e lindas Para o jardim voltav
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