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4º COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016 O MUSEU HERING EM DIÁLOGO COM O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL DA CIA. HERING PAES, GUSTAVO NASCIMENTO Museu Hering Rua Hermann Hering, nº 1.740, Bom Retiro, Blumenau, SC CEP 89010-900 [email protected] RESUMO O estado de Santa Catarina e seu contexto de industrialização são vestígios dos valores históricos, social, tecnológico e cientifico da região. O Vale do Itajaí, um dos marcos do desenvolvimento industrial teve diferentes empreendedores e, nesse contexto abordaremos a cidade de Blumenau especificamente pelo contexto da Cia. Hering, que em 2010, abriu para a comunidade civil o Museu Hering. Tendo como estratégia a primeira exposição de longa duração, “Tempo ao Tempo”, que objetiva revelar a participação da família Hering no desenvolvimento da indústria têxtil. Assim, o artigo aborda a temática da musealização do patrimônio industrial a partir do contexto histórico da região em diálogo com a proposta museográfica e expositiva do Museu e os enfrentamentos que estão em pauta no que diz respeito principalmente ao acervo sobre guarda. Palavras-chave: Patrimônio Industrial; Museu Hering; Cia. Hering; Acervo

O MUSEU HERING EM DIÁLOGO COM O PATRIMÔNIO … · 1 Lei de Terras, como ficou conhecida a Lei nº 601 de 18 de setembro de 1850, foi à primeira iniciativa no sentido de organizar

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4º COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016

O MUSEU HERING EM DIÁLOGO COM O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL DA CIA. HERING

PAES, GUSTAVO NASCIMENTO

Museu Hering

Rua Hermann Hering, nº 1.740, Bom Retiro, Blumenau, SC – CEP 89010-900 [email protected]

RESUMO

O estado de Santa Catarina e seu contexto de industrialização são vestígios dos valores históricos, social, tecnológico e cientifico da região. O Vale do Itajaí, um dos marcos do desenvolvimento industrial teve diferentes empreendedores e, nesse contexto abordaremos a cidade de Blumenau especificamente pelo contexto da Cia. Hering, que em 2010, abriu para a comunidade civil o Museu Hering. Tendo como estratégia a primeira exposição de longa duração, “Tempo ao Tempo”, que objetiva revelar a participação da família Hering no desenvolvimento da indústria têxtil. Assim, o artigo aborda a temática da musealização do patrimônio industrial a partir do contexto histórico da região em diálogo com a proposta museográfica e expositiva do Museu e os enfrentamentos que estão em pauta no que diz respeito principalmente ao acervo sobre guarda.

Palavras-chave: Patrimônio Industrial; Museu Hering; Cia. Hering; Acervo

4º COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016

Introdução

Os bens produzidos pela civilização industrial atualmente constituem uma fonte de recursos

para o desenvolvimento e a redefinição das identidades urbanas e territoriais tanto nos países

de antiga industrialização quanto nos países em desenvolvimento.

Como comenta Kühl (2006, p.1), o interesse pela preservação do patrimônio industrial é

relativamente recente e deve ser entendido no contexto da ampliação daquilo que é

considerado bem cultural. As discussões e debates sobre o assunto iniciou-se na Inglaterra

em meados dos anos 1950, época que foi cunhada a expressão “arqueologia industrial”. Vale

ressaltar que significativos esforços foram feitos para se definir o que é patrimônio industrial,

estabelecer parâmetros cronológicos e elaborar estudos com o objetivo de determinar o que e

porque preservar.

O patrimônio industrial interessa a várias áreas do conhecimento, em especial as humanas,

estando ligada a antropologia, museologia, sociologia, história social, do trabalho, econômica,

das ciências, da técnica, da arte, das cidades, etc. Podemos entendê-la como o esforço

multidisciplinar – de inventários, de registro, de pesquisas históricas – documentais e

iconográficas, etc. (Kühl, 2006, p.1).

Vale destacar o texto da Carta de Nizhny Tagil sobre o Patrimônio Industrial na Assembleia

Geral do The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage (TICCIH),

de caráter trienal, que se realizou em Nizhny Tagil, Rússia, em 17 de Julho de 2003, o qual foi

posteriormente apresentado ao "International Council of Monuments and Sites” (ICOMOS)

para ratificação e eventual aprovação definitiva pela “Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura” (UNESCO).

O patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de processamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação [...]. Proteção legal: o patrimônio industrial deve ser considerado como parte integrante do patrimônio cultural e a sua proteção legal deve levar em consideração a sua natureza específica, que deve ser capaz de proteger as fábricas e as suas máquinas, os seus elementos subterrâneos e as suas estruturas no solo, os complexos e os conjuntos de edifícios, assim como as paisagens industriais e áreas de resíduos industriais e ruínas [...].

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Em Santa Catarina, as pré-condições à industrialização eram muito distintas das do eixo Rio

de Janeiro – São Paulo, na qual as lavouras e a comercialização do café originaram

excedentes que se transferiram para o setor industrial, financiando a primeira fase do

desenvolvimento.

Em Santa Catarina, os excedentes comerciais eram insuficientes para viabilizar a implantação

de empreendimentos de médio e grande porte. Daí, o fato de os primeiros empreendimentos

terem sido em sua maioria pequena, resultado das poucas economias dos imigrantes

recém-chegados e, principalmente, do conhecimento que traziam, (Locatelli, Goss, Proençaet

al., 2000, p.22).

Para isto temos como objeto de estudo a cidade de Blumenau, que apesar de ser um

empreendimento particular de colonização, em 1850, é fruto da política de colonização

europeia do Governo Imperial, que necessitava de mão-de-obra livre e assalariada para

substituir o trabalho escravo (fim do tráfego negreiro em 1850), clarear a população brasileira

e ocupar estrategicamente o Sul do país que ainda se encontrava em disputa com a Espanha,

com o aval da “Lei das Terras de 18501”, que segundo Bielschowsky (2009), transformou o

solo em mercadoria, ou seja, a Colônia particular do alemão Dr. Hermann Bruno Otto

Blumenau, nascendo diretamente das relações capitalistas que estavam sendo introduzidas

no país.

O valor do Patrimônio Industrial de Blumenau é o seu conjunto, desde a influência germânica

e a “criação” da cultura teuto-brasileira para a formação de uma cidade industrial, passando

pelos diversos períodos de desenvolvimento e crises, o patrimônio edificado e social até o seu

significado atual. (Bielschowsky, 2009, p.45).

Blumenau preserva ainda, em boa parte, o acervo material e social constituído por mais de um

século de desenvolvimento, devido a uma estreita e simbiótica relação entre o ambiente de

produção e o ambiente urbano, que reflete também no desenvolvimento das relações sociais.

Conforme Bielschowsky (2009), são bens patrimoniais dessa relação que constituem o

Patrimônio Industrial de Blumenau: a influência da cultura trazida pelos imigrantes alemães,

os locais escolhidos para a implantação de seus estabelecimentos industriais, as formas de

apropriação destes espaços, a relação entre produção e natureza estabelecidas no início, o

desenvolvimento e a evolução desses conjuntos arquitetônicos e urbanísticos, as formas de

adaptação dos edifícios e suas ampliações ao sitio físico e as novas tecnologias dos

1 Lei de Terras, como ficou conhecida a Lei nº 601 de 18 de setembro de 1850, foi à primeira iniciativa no sentido

de organizar a propriedade privada no Brasil. Até então, não havia nenhum documento específico que

regulamentasse a posse de terras e com as modificações sociais e econômicas pelas quais passava o país.

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maquinários, que marca as diferentes fases da industrialização local e estão representados

nas paisagens culturais resultantes destes processos.

Nesse artigo, teceremos as questões tendo como contexto a empresa têxtil Cia. Hering, que

no ano de 1880 marcou um divisor de águas entre a indústria artesanal e a fabril. Parte dessa

trajetória histórica e social pode ser vista no Museu Hering, pertencente à Fundação Hermann

Hering. Esse museu propõe uma estrutura institucional museológica concebida para a

preservação, pesquisa e comunicação pública daquilo que se designou como patrimônio

cultural da Indústria Têxtil da Companhia Hering, segundo o projeto museológico.

Museu Hering e sua concepção

A proposta do projeto expositivo, que fez parte do “Projeto Museológico do Museu Hering”,

coordenado pela museóloga Marilia Xavier Cury (2010), verificou que “trata-se da primeira

iniciativa da Cia. Hering para a implantação e inauguração de uma instituição museológica

comprometida com a preservação e comunicação do patrimônio industrial vinculado à

empresa”.

O Museu Hering teve como estratégia de implantação a veiculação da primeira exposição de

longa duração, intitulada, “Tempo ao Tempo”, uma redução de uma das frases citadas por

Hermann Hering, muitas vezes relatadas por seu filho Paul: “Dê tempo ao tempo”.

Essa exposição esta localizada na casa enxaimel (fins do século XIX), tombada pelo Decreto

do Estado de Santa Catarina nº 5.913 de 21 de novembro de 2002 (conjunto arquitetônico que

integra o complexo fabril, formado por cinco edificações). Atribui-se a essa construção o

primeiro refeitório e a biblioteca da empresa, após a sua instalação no bairro do Bom Retiro.

A concepção da exposição/museu teve como objetivo, revelar a participação da Cia. Hering

no desenvolvimento da indústria têxtil, cultivando o compromisso com a valorização do

patrimônio cultural. De acordo com o que propõe o Projeto Museológico, os conceitos centrais

do Museu Hering se estruturam a partir da dualidade. Base para a filosofia da nova instituição

museológica, o Museu Hering estará (está) comprometido com a identificação que o brasileiro

tem com a Cia. Hering, com as construções das memórias individuais e coletivas, assim como

as questões identitárias e a diversidade cultural.

O objetivo geral do Museu, que se alimenta na sua base filosófica, é cultivar uma cidadania ligada à participação, à ética, aos direitos individuais e coletivos, à justiça social. Quanto aos objetivos específicos, vislumbramos: - construir a ideia de patrimônio industrial, - conhecer e analisar a história da indústria têxtil no Brasil e no Vale do Itajaí,

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- refletir sobre empreendedorismo, - refletir sobre moda, hábitos e costumes. Consideramos que esta primeira exposição de longa duração deva dar uma visão o mais global possível da problemática do Museu, em se tratando de uma linguagem singular com potencialidades e limites. Ainda, o que particularizará o processo será a expectativa do público, considerando a população de Blumenau e região, os funcionários da Cia. Hering e a família Hering. (CURY, Marília Xavier. Museu Hering – Dois Peixinhos – Tempo ao Tempo. Projeto Expositivo. Junho de 2010.)

Cury (2011) propõem como enunciado central a trajetória da Cia. Hering, as pessoas e o

trabalho e em consonância com o espaço que atua, nesse caso, específico com os brasileiros.

Sua justificativa é dada a partir do cenário blumenauense em que as indústrias, imigrantes e

grandes empreendedores que souberam interpretar as informações do ambiente e do seu

tempo e criar uma situação industrial respeitável e única.

A Cia. Hering é um exemplo disto, além de ser protagonista do processo de industrialização

têxtil no Brasil é importante perceber que o êxito não foi uma situação dada, mas resultado de

circunstâncias construídas com empenho, experiência, inteligência e flexibilidade, para

enfrentar as adversidades do meio ambiente, econômicas e de recursos. Olhando para trás,

podemos reconhecer momentos ou fases em cenários que foram se modificando e revelando

personagens, lugares, sucessos, perdas e ganhos, aquisições e crescimento.

Para abordar essa história, que em agosto de 2010, completava 130 anos, temos a

materialização do projeto museografico e expográfico, contado por meio de um museu e uma

exposição, fato possível devido à visão dos sucessivos responsáveis pela empresa que se

esforçam para preservar os bens móveis e imóveis da empresa, patrimônio industrial em

processo de musealização, de interesse de Blumenau, Santa Catarina e do Brasil.

O design da exposição privilegia dois momentos: (1) a trajetória, os atores e o patrimônio cultural da empresa e (2) a moda, hábitos, costume e criatividade. Dessa forma, criamos duas linguagens distintas: (1) uma mais formal e (2) outra informal, descontraída e muito colorida. (CURY, 2011, p.97.)

Essas duas linguagens estão espacialmente separadas entre os pisos térreo e inferior, pela

qual motivam o visitante de maneiras distintas. No piso térreo o visitante é convidado a uma

participação contemplativa e introspectiva, memoriosa para alguns. No piso abaixo o visitante

é convidado para o lúdico, para o exercício da criatividade, a evocação de lembranças e o

sentimento de saudades, o riso e a diversão, em interação com outros visitantes e familiares.

Mas, sobretudo, o design enfrenta o desafio da dualidade entre formas que, aparentemente

antagônicas, se unem no propósito de expressar a complexidade a um processo, de maneira

inteligível e respeitosa com o público.

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Blumenau e sua industrialização

No Vale do Itajaí, região catarinense de imigrantes vindos da Alemanha, a partir do final do

século XIX, voltados ao trabalho fabril, deixou de se dedicar somente à formação de uma

colônia agrícola para contribuir na urbanização e industrialização da cidade. Adaptando-se às

condições locais, os migrantes europeus dão lugar a uma nova cultura, teuto-brasileira, na

qual mantêm ou transformam os traços linguísticos, comportamentais ou sociais de forma

diferente do seu país originário.

O fator determinante para a escolha do local, para a implantação da Colônia, foi o último ponto

navegável do Rio Itajaí-Açú, onde pudesse instalar um porto para conectar sua Colônia com o

litoral e o mundo. Para tanto utilizou, segundo Bielschowsky (2009), o máximo aproveitamento

do transporte fluvial num primeiro momento, para conectar com outro tipo de

transporte/locomoção num segundo momento, que seria a implantação da malha ferroviária.

O núcleo central começou a se desenvolver a partir da praça do antigo porto fluvial, na foz do

Ribeirão Garcia, onde se instalou a casa de administração e cadeia.

Apesar da ocupação inicial da Colônia ter sido adaptada para a utilização agrícola, as

constantes chegadas de novos imigrantes com conhecimentos práticos e técnicos

contribuíram para o estabelecimento e o rápido desenvolvimento de um centro comercial

regional, com destacada importância aos estabelecimentos comerciais no primeiro momento

e estabelecimentos bancários e, de crédito posteriormente, acelerando assim o processo de

urbanização e introdução do colono às relações capitalistas. (Bielschowsky, 2009, p.24)

Com a chegada dos novos imigrantes mais “urbanos”, novas influências germânicas foram

introduzidas, como o modo de viver urbano derivado das relações capitalistas, o que

posteriormente contribuiu para a constituição de uma nova cultura local, teuto-brasileira, que

vai organizar os espaços, definir a vida social e marcar a paisagem local com a sua cultura.

Como explana Bielschowsky (2009), a chegada desses novos imigrantes vindos de regiões

que já haviam iniciado o processo de produção industrial na Alemanha foi decisiva para a

implantação das primeiras unidades industriais têxteis em Blumenau. Assim como no restante

do país, a industrialização inicia com a produção de bens de consumo não duráveis, como

alimentos e têxteis /vestuário, com necessidade de pouco investimento financeiro e tecnologia

bastante rudimentar.

A família Hering, fundadores da primeira unidade de produção têxtil em Blumenau, é o melhor exemplo disso. A tradição foi constituída na região de Chemnitz, no Eleitorado da Saxônia, região que definiu o início da industrialização têxtil na Alemanha em 1830, meio século antes de se reproduzir no Brasil, neste caso, em Blumenau. (BIELSCHOWSKY, 2009, p.26)

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Essa tradição da família Hering vem de longa data, pois desde os registros mais antigos

encontrados pela família, que datam de 1686, todos os antepassados da Alemanha, sem

distinção, foram tecelões ou mestres de tecelagem e malharia. Hermann Hering, fundador da

primeira indústria têxtil de Blumenau, nasceu em Hartha, região de Cheminitz, Saxônia,

Alemanha, e era o filho mais velho de uma família com tradição têxtil que possuía uma

tecelagem própria.

Em 1852, iniciou os estudos e em 1860 tornou-se mestre de tecelagem. Por volta de 1870,

seu irmão Bruno se juntou a ele na Gebruder Hering, em meio à crise econômica instaurada

após a unificação do Estado Alemão, devido à bancarrota vienense, que prejudicou os

comerciantes com a falência de diversas firmas.

A propaganda sobre o Novo Continente, divulgada pelos agentes de emigração assegurava

que os imigrantes seriam proprietários de terras próprias, porém não mencionava as

dificuldades que eles teriam como a adaptação ao clima, relevo e a mistura de raças.

Hermann chegou ao Brasil em 1878, sozinho e somente dois anos depois chegou o resto de

sua família e o seu irmão sócio Bruno, dando assim início às atividades têxteis.

A primeira unidade têxtil, fundada em 1880, a pequena fábrica de camisetas

“Trikotwaaren-Lager von Gebruder Hering” foi instalada na principal rua comercial, a

Wurststrasse (atual Rua XV de Novembro), com recursos técnicos rudimentares, mas com

uma longa tradição familiar de tecelões. A edificação era muito simples, “casinha baixa com

telhado pontudo”, localizada no terreno em que foi construída a grande “Lojas Hering” e, que

hoje funciona como um shopping. Enquanto Hermann coordenava a parte produtiva, seu

irmão Bruno carregava seu cavalo com algumas dúzias de camisetas e vendia os produtos em

toda a colônia, de casa em casa, indo até Itajaí, distante 50 km.

Pelo que consta nas fontes pesquisadas, no começo todo o trabalho da fábrica era manual e

feito pela própria família. Porém, com a compra do segundo e terceiro tear, foi necessária a

contratação de operários e viu-se a necessidade de maior espaço físico para se trabalhar e

acomodar as máquinas, além da necessidade de uma força motriz mais adequada para

movimentar os teares (Fonte: Site Cia. Hering).

Em 1887, os irmãos Hering mudaram a fábrica para o Vale do Ribeirão do Bom Retiro,

localizado nas proximidades da zona central da cidade, onde dispunha de força motriz

hidráulica do Ribeirão do Bom Retiro e um terreno para suas futuras ampliações, fazendo com

que o empreendimento experimental de 1880 assumisse, conforme Bielschowsky (2009),

juridicamente o porte de empresa, registrado com a denominação de Comercial Gebruder

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Hering. Com a possibilidade da utilização da força hidráulica e um enorme terreno para

expandir a fábrica, a pequena oficina familiar e comercial tomava ares de empreendimento

industrial.

Em seguida, como comenta Bielschowsky (2009), foram fundadas duas tecelagens, em

pontos completamente opostos, porém com a mesma lógica de implantação: aproveitamento

da força hidráulica (energia), dos caminhos existentes (transporte) e proximidade dos núcleos

agrícolas existentes (mão-de-obra). Para tanto, podemos perceber que a família Hering, teve

como foco o contexto de empresa familiar, que passaria a ter seu capital aberto no inicio dos

anos 1960.

A empresa familiar é aquela que se interfaceia com a família, tanto pela interação recíproca quanto pela relação comum desde a institucionalização do negócio. O fator hereditário é a características mais importante e preponderante na estrutura de poder (sucessão), sempre interligada a figura do fundador e sobrenome da família. Pode-se afirmar que a evolução industrial foi decorrência da expansão comercial e acumulação europeia. O passo seguinte foi o surgimento das grandes organizações produtivas (FILHO, 1986, p.13).

Em cartas trocadas por dona Minna Hering, esposa de Bruno Hering, podemos perceber a

importância das mulheres no contexto social da empresa, em que além de auxiliares nas

atividades do lar, atuavam também no contexto têxtil. Em 1908, teríamos.

Blumenau se destaca em exposição nacional - Os prêmios conquistados por Santa Catarina na Exposição Nacional deste ano, enchem de orgulho seus industriais e agricultores que só perderam, em número de medalhas, para o estado de São Paulo. A participação de Blumenau foi significativa e tiveram destaque os tecidos de meia produzidos por Gebrûder Hering; as rendas, bordados e aplicações de filó de Ricardo Frohnel; os queijos e manteigas de Frederico Spechet; os azeites e condimentos de Gustav Salinger; as farinhas e féculas de Samuel Katz e os guarda- chuvas de Max Creuz. (Acib 90 anos de memória, 1989, sem página.)

Nesse contexto, não podemos anular a experiência pratica da força de trabalho feminina na

indústria têxtil blumenauense. Por sua habilidade em lidar com este tipo de manufatura, as

mulheres eram responsáveis pela maior parte da produção.

A titulo de contextualização a Empresa Industrial Garcia, germinou sob os cuidados de uma

mulher – Bertha Mathilde – era casada com Gustav Roeder, ex- sócio da Tecelagem Roeder,

Karsten & Hadlich, o qual fundou em 1885 uma pequena tecelagem e tinturaria na região

Garcia (PETRY, p.89). Bertha Mathilde tornou-se a “alma comercial” da tecelagem, que

chegou a operar 10 teares sob sua orientação. Em 1896, com a morte da empresária, a

fábrica entrou em declínio, até que em 1900, Gustav Roeder optou por vendê-la a três

comerciantes (Petry, 200, p.90). Décadas mais tarde, outras mulheres protagonizaram papéis

igualmente significativos no setor têxtil.

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Para alguns estados o período entre guerras era de franca expansão da indústria, em

Blumenau e Joinville, nos principais centros econômicos, não faltou os reveses políticos. A

partir de 1938, Getúlio Vargas, iniciou a campanha nacionalista que perseguiu descentes de

alemães e italianos em todo o sul do país por suspeita de envolvimento com o nazi-fascismo.

Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em 1942, Vargas nomeou Nereu

Ramos como interventor em Santa Catarina, dando início a uma verdadeira caça às bruxas

contra os imigrantes de origem alemã e italiana. Blumenau chegou a sofrer intervenção militar

e a população foi obrigada a aprender a falar o português.

O desenvolvimento industrial de Santa Catariana, entre 1880 e 1945, foi profundamente

marcado pela habilidade de diversos empreendedores em aproveitar os espaços e as

oportunidades do mercado. Entre as décadas de 20 e 40 surgiram empresas como: Duas

Rodas, Teka, Cremer, Artex, Fundação Tupy, Schneider, Laboratório Catarinense, Condor,

Sadia, Perdigão e Tigre.

Em 1955, a Cia. Hering completava 75 anos, apresentando uma configuração espacial

dividida em três grandes setores ao longo da Rua Hermann Hering:

1. O núcleo da fiação, como marco de chegada ao complexo industrial e que faz a

demarcação do espaço industrial;

2. O núcleo da vila operária, que se desenvolveu ao longo da mesma rua;

3. O núcleo inicial fabril bem ao fundo, onde terminava a rua (neste núcleo há uma pequena

divisão entre a parte fabril e a moradia dos empresários e técnicos).

A Rua Hermann Hering é de grande importância histórica, pois todo o complexo industrial se

desenvolveu ao longo dela, que nesta época ainda era uma rua sem saída, ou seja, conectava

somente a empresa e as residências jardins (principalmente dos familiares Hering) ao Centro

da cidade. Ainda segundo Bielschowsky (s.d), os operários que moravam ali se transferiram

para o bairro da Velha, através da futura Rua Bruno Hering, que foi urbanizada definitivamente

somente na década de 1960 para a passagem de veículos e tornou-se de grande importância

para toda a cidade.

Foi com esta composição que a Cia. Hering chegou à década de 1960, período de

aquecimento da economia nacional impulsionado pela instalação do regime ditatorial de 1964,

que refletiu na modernização do parque industrial.

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A empresa contratou o arquiteto Hans Broos, que já tinha experiência em arquitetura industrial

desde quando trabalhou na Alemanha, que tratou de elaborar um plano piloto para a empresa,

num planejamento regional, com a instalação de unidades satélites nas cidades próximas do

Vale do Itajaí,

Hans Broos projetou uma nova malharia que fica ao lado do setor da fiação, uma nova

unidade para a costura, que fica ao lado da antiga costura e onde, atualmente, funciona o

setor administrativo, um centro de expedição e diversas outras edificações necessárias para a

modernização do parque fabril, tanto para atender às novas necessidades produtivas, como

novos maquinários, por exemplo. Bielschowsky (s.d), salienta que a Cia. Hering, preservou

diversas edificações de importância histórica, como algumas residências da família Hering, o

refeitório dos funcionários, o edifício da antiga costura e o antigo edifício da fiação, que é o

cartão postal de entrada do complexo industrial.

O projeto elaborado para o complexo fabril da Hering Matriz (1968-1975) foi considerado “um entre os projetos industriais mais interessantes iniciados nos anos de 1960” por Hugo Segawa (1997, p. 161) e “o mais interessante parque industrial criado no país nos últimos 30 anos” pela revista Projeto na edição comemorativa de número 300 (março 2005). (BIELSCHOWSKY, Bernardo, s.d)

Esse espaço do complexo da matriz da Cia. Hering, desde a forma de apropriação do espaço

natural e a constituição do um arquivo histórico a céu aberto, com edificações preservadas e

as novas, onde se pode ter uma leitura das diversas fases da industrialização local, constitui

um rico acervo do patrimônio industrial e a preservação de seu conjunto é fundamental.

Assim, o Museu Hering, aberto ao público em 2010, possui uma grande responsabilidade no

que diz respeito a esse patrimônio, seja para os colaboradores que trabalham diretamente

nesse território, seja pela população blumenauense que por gerações atuaram nessa

empresa ou principalmente enquanto um bem cultural e social para Santa Catarina e porque

não do Brasil. Os desafios já foram lançados para o Museu Hering, um museu novo e que tem

por responsabilidade mais de 136 anos de história.

O acervo sobre a guarda do Museu Hering

O processo que tange o acervo do Museu Hering, ainda necessita de estudos mais

aprofundados para compreensão até mesmo de uma Política de Aquisição de Acervo. O

tratamento dos dados, dentro dos eixos museológicos é recente, de 2014, e que se constroem

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através de uma documentação híbrida, uma vez que a forma tratada dizia respeito à

metodologia arquivística.

Sabe-se que a constituição do acervo é originária da carta do senhor Ingo Hering, de 25 de

junho de 1980, ano do centenário da empresa, intitulada “Constituição do Acervo do Futuro

Museu da Cia. Hering”, em que faz menção ao acervo que deveria ser reunido “numa espécie

de MUSEU HERING”. “Todo documento, fotografia ou objetos considerado de valor para

memória da empresa receberá, se necessário, o devido trabalho de restauro e fará parte do

acervo em constituição”.

Nessa mesma carta Ingo Hering agradece antecipadamente “quaisquer contribuições e ajuda

no sentido de que possamos reunir o máximo de elementos históricos para que o museu

possa funcionar, na matriz, a partir do 1º setembro”.

Ou seja, o acervo do futuro Museu Hering, iniciaria a partir de primeiro de setembro de 1980,

porém no que diz respeito ao campo documental da formação desse acervo, não foi

encontrado até o presente momento, de exaustiva busca, documentos que compreendem o

período de 1980 – 1990. Assim, temos como ponto de partida, segundo Paes (2014), o ano de

1991, entretanto são documentos imprecisos em seu conteúdo, uma vez que possuem

rasuras, não quantifica o acervo e tampouco fornecem informações sobre a forma de

aquisição.

O documento mais significativo em conteúdo é o “Relatório das atividades Abril/ 2000 a

novembro/ 2001 Previsão para 2002” tendo como coordenadoras: Prof.ª Sueli M. V. Petry e a

Prof.ª Cristina Ferreira (Paes, 2014, p. 244). Nesses documentos temos as primeiras

aparições quantitativas de acervo e seu acondicionamento.

Assim, entre 2000 e 2002, foi trabalhada uma estimativa do número de documentos

constantes nas caixas, que chegou ao resultado aproximado de 12.960 documentos.

Atualmente, o Setor de Museologia do Museu Hering realiza a contagem de seu acervo,

sendo que foi criada uma lista enumerada para controle e identificação geral do acervo

museológico, assim o arrolamento tem como referencial os documentos emitidos via

arquivologia (Padilha, 2014, p.41). Assim temos.

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Quantificação do acervo por tipologia

A tabela acima apresenta os primeiros números do acervo conforme sua tipologia, contudo

existem outros acervos que são de conhecimento da gestão do Museu Hering e que ainda

precisam de um trabalho mais incisivo e participativo. Atualmente estamos esboçando um

projeto de mapeado de acervos em potencial, por exemplo, o conjunto de plantas

arquitetônicas referentes a diferentes projetos da Cia. Hering e dentre elas do arquiteto Hans

Broos. Além do grande desafio do acervo em meio digital, que recentemente começou um

processamento técnico.

Vale destacar além do acervo imóvel sobre a guarda do Acervo Histórico Cia. Hering/ Museu

Hering, temos também o patrimônio móvel, a Cia. Hering possui cinco imóveis tombados pelo

Decreto do Estado de Santa Catarina nº 5.913 de 21 de novembro de 2002. Um desses

imóveis sedia a exposição de longa duração do Museu Hering, e outro imóvel Centro de

TIPOLOGIAS TOTAL FÍSICO

TEXTUAL 1809

ARQUITETÔNICO 5

MATERIAL GRÁFICO 1443

PERIÓDICOS 711

OBJETOS

TRIDIMENSIONAIS316

TÊXTEIS 26

INDUMENTÁRIA E

PROCESSOS77

CARTOGRÁFICO 5

MAQUINÁRIO 16

AMOSTRAS 1

EQUIPAMENTOS

LABORATORIAIS0

PINTURAS/DESENHOS 50

ICONOGRÁFICO 742

FOTOGRÁFICO 11136

MATÉRIA-PRIMA 0

EM MEIO ELETRÔNICO 3377

MEMÓRIA ORAL 16

BIBLIOGRÁFICO 269

TOTAL 19999

Tabela 1 – Evolução do Acervo - Quantificação. Fonte: PAES, G, N; KNOP, D. P. 07/2016 (Documento Interno)

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Memória Ingo Hering de uso compartilhado pela Cia. Hering e Fundação Hermann Hering que

é responsável pela guarda do acervo, este denominado Prédio da Costura.

O Prédio da Costura tem sua data compreendida entre 1990 e 1920 era utilizado para as

funções de corte, costura e estamparia, seus quatro andares eram utilizados para atender

essas funções, sendo que no sótão as peças eram cortadas. (Carvalho, 2010, p. 21) O prédio

foi construído em alvenaria autoportante, com três pavimentos mais sótão e cinco mansardas

em cada uma das suas duas águas. (Carvalho, 2010, p.23) e divididas em fases, demonstram

a evolução da costuraria até sua configuração atual, quando entre 1970 e 1975 foi construído

novo edifício para abrigar a administração da empresa. Essa nova construção apresenta estilo

arquitetônico totalmente diverso daquele até então desenvolvido no complexo, e demonstra

através de sua arquitetura, a preocupação da empresa em adequar-se aos novos tempos.

(Carvalho, 2010, p. 29) O edifício manteve a função de costuraria até a década de 1980,

quando foi desativado.

O Prédio da Costura, concluiu o processo de restauro no final de 2014, viabilizada pela Lei

Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e pela Fundação Hermann Hering, proponente

do projeto. O projeto envolveu profissionais de várias disciplinas, como: museologia,

conservação, arquitetura, restauro e engenharia, e teve por finalidade dar continuidade aos

trabalhos desenvolvidos pelo Museu Hering, sendo seu foco principal a Salvaguarda e

Pesquisa do seu acervo.

Considerações finais

O Patrimônio Industrial de Blumenau é o seu conjunto, desde a influência germânica e a

influencia da cultura teuto-brasileira para a formação de uma cidade industrial, passando

pelos diversos períodos de desenvolvimento e crises, até seu significado atual.

O Museu Hering, embora recente no cenário museológico, já apresenta desde o diagnóstico

museológica a terminologia patrimônio industrial em seu bojo, porém os trabalhos a nível

museológico iniciam de forma singela seus primeiros direcionamentos e apontamentos para

esse contexto. Contexto esse, de grande complexidade uma vez que diz respeito à evolução

urbana de grande influencia para a cidade de Blumenau, que intrinsecamente está ligada aos

espaços de produção da Cia. Hering.

Para analisar as ações de transferência para o bairro Bom Retiro, pelo qual os fundadores

souberam utilizar dos recursos naturais ofertados para o seu empreendimento é um dos

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pontos que chamam a atenção. E pensar esse espaço/bairro como modos de produção e

moradia como influência é digno de fazer pauta das discussões do Museu Hering, pois ainda

preserva e mantém a paisagem urbana e o patrimônio histórico móvel, mais especificamente

o fabril e o residencial.

Podemos concluir que a iniciativa do museu conjuntamente com a Cia. Hering e a Fundação

Hermann Hering procurou preservar seus edifícios mais simbólicos e significativos. Alguns

pontos durante a sua trajetória podem ser verificados, tais como a grande perda na dinâmica

urbana local, com a retirada da vila operária e de seus colaboradores desse espaço,

ocasionando a perda das relações sociais constituídas entre moradores locais, funcionários e

empresários.

Para tanto um museu que foi pensado e concebido por uma equipe interdisciplinar e tendo

como eixo os princípios museológicos ainda é incipiente no que diz respeito ao seu patrimônio

industrial, uma vez que, ainda são desenvolvidos estudos mais precisos para compreensão

do acervo já existente sobre a guarda dessa instituição. Ou seja, a estratégia metodológica

para esse trabalho parte do principio de compreender o que temos para a partir disso

construirmos ações estratégicas de atuação, já que o quadro institucional é bastante restrito

para uma atuação mais ampla e eficaz. A primeira grande discussão em torno dessa temática

o ocorre agora, com o evento II Seminário Interdisciplinar em Museologia, cuja tema é

“Patrimônio Industrial em Questão”, com profissionais atuante na área.

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