O Papel de Magni Na Religião Nórdica

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    O Papel de Magni na Religião Nórdica por Marcio Alessandro Moreira

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    O Papel de Magni na Religião Nórdica

    Magni o robusto filho de Þórr e Járnsaxa, aparece muito pouco nos relatos míticos. Eleé citado como um dos Deuses sobreviventes ao Ragnarökr junto com seu irmão Móði,onde ambos empunharam o martelo mágico Mjöllnir; e no confronto entre Þórr e o

     jötunn Hrungnir. Nessa segunda citação ele tem um papel importante e fundamental.

    O Skáldskaparmál da Edda em Prosa conta que quando Magni tinha três dias (ou trêsanos segundo outra versão do manuscrito) de vida ele ergueu a perna de Hrungnir quehavia caído sobre seu pai Þórr, libertando-o.

    Para melhor entendimento teremos que ler todo episódio:

    "Agora devo falar mais, de como esses kenningar são, que agora são recordados, quenunca foram contados antes, assim como Bragi disse a Ægir, que Þórr estava viajando

    na direção leste matando Trolls, e Óðinn cavalgou sobre Sleipnir em direção aJötunheimr e chegou até esse jötunn, que era chamado Hrungnir. Então Hrungnirperguntou quem era o homem com elmo de ouro, que cavalgava sobre o ar e água, edisse que ele tinha um bom cavalo. Óðinn disse que desejava primeiro apostar suacabeça, e que não havia cavalo tão bom em Jötunheimr. Hrungnir disse que esse era umbom cavalo, mas que ele possuía um melhor cavalo que dava grandes saltos. Que sechamava Gullfaxi. Hrungnir estava furioso e montou seu cavalo e cavalgou junto dele epensou premiá-lo por suas palavras jactanciosas. Óðinn cavalgou tão grandiosamente,que ele estava perante outra colina, e Hrungnir estava possuído de jötunmóði ("fúria degigante"), que ele não notificou que havia chegado para além do portão dos Deuses.

    E ele havia chegado perante a porta do salão, os Æsir o convidaram para beber. Ele foipara dentro do salão e pediu para lhe trazerem bebida. Eles trouxeram então para osalão, os jarros que Þórr estava acostumado a beber, e Hrungnir sorveu rapidamente umpor um. Quando ele ficou bêbado, então não faltaram jactâncias. Ele declarou quearrancaria o Valhöll e levaria para Jötunheimr, e afundaria Ásgarðr, e mataria todos osDeuses, menos Freyja e Sif que ele desejava ter no lar com ele, e Freyja foi a única queousou a servir bebida a ele, e ele declarou que iria beber toda a bebida dos Deuses.

    Mas quando os Æsir se cansaram das jactâncias dele, então eles chamaram Þórr.

    Imediatamente Þórr chegou ao salão e levantou no ar o martelo e estava furioso eperguntou quem tinha falado e aconselhado que os cães dos jötnar ("gigantes")pudessem estar ali bebendo, e quem concedeu proteção a Hrungnir para estar no Valhölle por que Freyja servia a ele na festa dos Æsir.

    Então Hrungnir respondeu e não olhou com olhos amigáveis para Þórr, dizendo, queÓðinn lhe ofereceu bebida e ele estava sob sua proteção. Então Þórr falou, que dessafesta Hrungnir se arrependeria, antes que ele fosse embora.

    Hrungnir disse que Ása-Þórr teria pouca fama por mata-lo desarmado. Que teria mais

    coragem, se ele se atrevesse a lutar com ele nas bordas de Grjóttúnagarðr, - "e isso seriagrande loucura", disse ele, "quando eu deixei pra trás no lar meu escudo e pedra de

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    amolar. Mas se eu tivesse aqui minhas armas, então saiba agora que nós provaríamosum Hólmganga (duelo), mas eu declaro que tu serás culpado de vilania se tu me mataresdesarmado."

    Þórr estava ansioso para que ninguém o impedisse de ir ao duelo, quando ele foi

    desafiado, porque ninguém tinha feito isso antes com ele. Então Hrungnir foi embora aoseu caminho e galopou impetuosamente, quando ele chegou a Jötunheimr, e contou afamosa jornada dele para os jötnar e nisso, o compromisso que estava chegando entreele e Þórr. Embora os jötnar tivessem muito em perigo, quem de ambos vencesse. Elesestariam mal nas mãos de Þórr, se Hrungnir perdesse, primeiro porque ele seria o maisforte de todos eles.

    Então os jötnar fizeram um homem de barro em Grjóttunagarðr, e ele tinha nove milhasde altura, e três de largura abaixo dos braços, mas eles não encontraram um coração tãogrande, para se tornar dele, logo eles pegaram um de certa égua, e ele não estava ali bemfirme, quando Þórr chegou.

    Hrungnir possuía um coração famoso, de pedra dura e com três pontas afiadas, talcomo o símbolo esculpido que tem sido feito desde então, que é chamado de "Coraçãode Hrungnir" (Hrungnishjarta). Sua cabeça era de pedra. Seu escudo era de pedra,amplo e pesado, e ele tinha o escudo na frente dele, quando ele estava emGrjóttatúnagarðr e esperava por Þórr, ele tinha na frente dele a pedra de amolar comoarma e brandia sobre seus ombros e não estava gentil. Do outro lado dele estava o

     jötunn de barro, que era chamado Mökkurkálfi, e ele estava com muito medo. Assim é

    dito, que ele suava, quando ele viu Þórr.Þórr foi até o local de encontro do duelo e Þjálfi foi com ele.

    Então Þjálfi correu até o local onde Hrungnir estava, e falou para ele: "Tu estás semsegurança, jötunn, tendo o escudo na frente de tu, mas Þórr te verá, e ele virá para cá porbaixo na terra, e ele virá por debaixo de ti."

    Então Hrungnir colocou o escudo abaixo dos pés e ficou sobre ele, e segurava com asduas mãos à pedra de amolar. Logo depois ele viu os relâmpagos e ouviu estrondos detrovões. Então ele viu Þórr em ásmoði ("fúria divina"). Ele chegou furioso e brandiu o

    martelo e o atirou de longe em direção a Hrungnir. Hrungnir levantou com ambas àsmãos a pedra de amolar e atirou na mesma direção. A pedra de amolar encontrou-secom o martelo no ar, e a pedra de amolar quebrou em pedaços. Uma parte caiu na terra,e dali vieram todas as pedras afiadas. A outra parte estourou na cabeça de Þórr, assimele caiu na terra. Mas o martelo Mjöllnir bateu no meio da cabeça de Hrungnir eesmagou seu crânio em pequenos pedaços, e ele caiu em cima de Þórr, de modo que suaperna ficou sobre o pescoço de Þórr. E Þjálfi lutou com Mökkurkálfi, e ele caiu compouca glória.

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    Então Þjálfi foi até Þórr e tentou tirar a perna de Hrungnir de cima dele e não encontrouforça suficiente. Então todos os Æsir foram até lá, quando eles ouviram que Þórr estavacaído, e tentaram tirar a perna de cima dele e não obtiveram sucesso.

    Então veio Magni, filho de Þórr e Járnsaxa. Ele tinha três noites de vida nessa época.

    Ele atirou a perna de Hrungnir de Þórr e falou: "Que pena, pai, que eu vim tão tarde. Eucreio que eu teria enviado esse jötunn para Hel com meu punho, se eu tivesse meencontrado com ele."

    Então Þórr se levantou e recebeu bem seu filho e disse que ele seria grandioso, - "E eu",disse ele, "darei a ti o cavalo Gullfaxi, que Hrungnir possuía."

    Então Óðinn falou e disse que Þórr tinha errado, quando ele deu esse ótimo cavalo parao filho de uma gýgr ("giganta"), e não para seu pai."

    Depois de lermos todo o episódio podemos achar que Þórr não foi capaz de se libertar,porém não é bem isso e explicarei o motivo. Mas primeiro narrarei um acontecimentoretirados de uma Saga para podemos entender melhor aquilo que explicarei. A HrólfsSaga Kraka Ok Kappa Hans cap. 35 conta que Böðvarr Bjarki tinha um protegidochamado Hött. A Saga conta que Böðvarr havia matado uma criatura que parecia umdragão. Ele colocou o monstro morto sobre si mesmo. Seu amigo Hött então ataca acriatura e a "mata", salvando-o. Esse episódio parece ser um rito de passagem onde oaprendiz mata sua primeira vitima e salva seu herói diante de testemunhas ganhandoassim seu lugar na sociedade guerreira. Essa cena lembra muito o feito de Þórr e Magni:Þórr mata o inimigo e fica por baixo dele até Magni vir e liberta-lo ganhando o respeito

    e um lugar entre os Deuses de Ásgarðr. Isso parece ser confirmado por Snorri já quetodos os Deuses foram para lá e tentaram libertar Þórr, mas não conseguiram; entãodepois veio Magni e este socorre seu pai. É muito provável que Magni tenha vindo deJötunheimr, e depois desse feito ele passou a fazer parte da família dos Deuses. A mãede Magni é uma giganta. Se Magni não veio junto com os outros Deuses para libertarÞórr é talvez porque não estava entre eles ainda, pois ele veio depois.

    Se isso realmente for um rito iniciatório então isso explicaria porque Magni é um dosque pode manejar o Mjöllnir. Um fragmento escáldico de Þorbjörn dísarskáld também

    conta que os filhos de Óðinn e Þórr guardavam Ásgarðr. Na sua Germania Tácito contaque os jovens germânicos passavam por rito de passagem onde só cortavam os cabelos ebarba após matar um inimigo. Embora os dois episódios aqui sejam diferentes há umasemelhança entre eles: o jovem devia realizar um grande feito para serem reconhecidospelos pais e a pátria. Outra coisa que pode confirmar que o trecho de Böðvarr era umrito de passagem é o fato de o próprio ser um berserkr. Então é provável que esse fosseo rito do guerreiro no norte. Ele passava pela etapa de salvar o herói/guerreiro da tribopara então ser aceito como seu igual. Esse rito era uma espécie de simulação comopodemos ver, pois Hött acredita ter matado uma criatura, mas ela na verdade já estavamorta (isso é bem similar ao relato de Magni que salva o pai do inimigo que também já

    estava morto).

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    Outra coisa parece confirmar essa iniciação guerreira, pois Þórr dá o cavalo Gullfaxi aMagni, e o cavalo era a montaria dos guerreiros (e dos Æsir e das Valkyrjur que sãoDeuses guerreiros). O próprio cavalo é símbolo da espiritualidade ao julgar pela runa*Ehwaz (que significa "cavalo") e também simboliza xamanismo e transpor barreirasentre mundos. O próprio nome de Magni significa "Força" indicando que ele era comoÞórr, ou seja, um grande e poderoso guerreiro com montaria capaz de transpor mundos.

    Tudo isso explica porque Þórr não levantou a perna de Hrungnir sobre si, pois era umrito iniciatório para Magni. E isso prova que Magni não é mais forte que Þórr, já que eleé a personificação da própria força de seu pai, assim como Móði personifica sua fúria eÞrúðr o seu poder. Þórr levantou Jörmungandr que era um monstro colossal por duasvezes (que estava na forma de gato e quando o pescou) porque ele não conseguirialevantar a perna de Hrungnir?

    Esse episódio de Magni e Þórr aparece gravado numa estela provavelmente do século10 em Kirk Bride na Ilha de Mann. Na estela podemos ver uma figura que deve serÓðinn com sua lança (na parte superior direita com uma espiral ao seu lado). No ladosuperior esquerdo vemos Þórr com seu cinto ao lado da serpente (que deve serJörmungandr). Abaixo de Þórr no lado esquerdo temos Hrungnir sobre seu escudo e eletem ao seu lado o Hrungnishjarta ("Coração de Hrungnir"), símbolo que representa oseu coração de três pontas. Magni aparece correndo para ajudar seu pai logo abaixo daserpente (entre o pé de Þórr e a cabeça e ombro de Hrungnir). No lado direito abaixo deÓðinn vemos Þórr levantando ao lado de Magni e o cavalo Gullfaxi e perto deles ocorpo do jötunn Hrungnir caído (na parte fragmentada no lado inferior da estela). Essa

    cena parece representar após Magni libertar Þórr da perna do jötunn, e Þórr selevantando e presenteando seu filho com o cavalo Gullfaxi que antes pertencera aHrungnir (tal como na narração do Skáldskaparmál). Abaixo cenas dessa batalha:

    Estela de Kirk Bride, Ilha de Man, datado do século 10.

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    Þórr com seu cinto ao lado da serpente Jörmungandr.

     Hrungnir em cima de seu escudo com o símbolo Hrungnishjarta perto dos braços.

    Þórr se levantando ao lado de Magni e o cavalo Gullfaxi, o corpo de Hrungnir jaz ao lado deles.

    Óðinn com a lança (?).

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    O pequeno Magni indo ajudar Þórr. 

    Magni não é mais forte que Þórr, embora muitos pensassem isso por causa do trecho deSnorri onde ele diz que Þórr necessita das luvas para manejar o martelo ("Ele não podeestar sem elas quando agarra o cabo do martelo."), enquanto Magni não. Mas Móði queé o Deus da fúria e/ou coragem também pode erguê-lo e ele não é um Deus da forçacomo Magni (Vafþrúðnismál 51, Gylfaginning 53). Outra coisa interessante é quandoLoki se transforma em salmão para fugir do castigo dos Æsir após matar Baldr; asdivindades usam uma rede para pega-lo, e eles se dividem: todos os Deuses ficaram

    numa extremidade e enquanto Þórr ficou sozinho na outra extremidade da rede parapoderem puxa-la (Gylfaginning 50). Isso mostra que é preciso todos os Deuses juntospara poder equilibrar com a força de Þórr. Saxo Grammaticus conta na sua GestaDanorum que a força de Þórr é tão vasta que nada humano ou divino pode sercomparado com ela (Gesta Danorum, livro II). Quando Þórr recebeu o martelo deBrokkr não há menção das luvas ou cinto do poder, isso comprova que Þórr estava semesses itens (nesse episódio são citados seis itens: a lança Gungnir, o cabelo de ouro deSif, o navio Skíðblaðnir; o anel Draupnir, o javali Gullinbursti e o Mjöllnir). Snorriainda se contradiz porque ele conta que as luvas e o cinto foram presentes de Gríðr

    (embora de forma confusa, veja: "Ela deu a ele um cinto de força e luvas de ferro, queela possuía.") e que Þórr já tinha o martelo (o poema Þórsdrápa do século 10 conta sobrea viagem de Þórr na terra de Geirröðr: "O furioso (Þórr) matou os descendentes deGlaumr (Gigantes) com seu martelo sangrento"). No Þrymskviða podemos ver maispistas sobre isso: quando Þórr se disfarçou de Freyja ele estava com anéis de noivadonos dedos das mãos que chamaram a atenção de uma giganta, portanto ele estava sem asluvas de ferro, e quando ele recebe o martelo ele imediatamente destrói os jötnarpresentes na festa. Snorri ainda se contradiz novamente, pois ele cita o trecho doGylfaginning onde Þjálfr quebra o osso da perna do bode e Þórr fica tão furioso que aarticulação de seus dedos da mão ficou branca de tanta força que ele segurou o cabo domartelo, indicando que ele estava sem as luvas. O poema Þrymlur dá a entender que asluvas eram usadas para agarrar rochas imensas e para estrangular inimigos. O poemaLokrur ainda conta que Þórr só levava consigo, quando saia de Ásgarðr, o marteloMjöllnir e a carruagem de bodes. Por isso devemos entender que Þórr não precisa daluva nem do cinto para erguer o martelo, pois esses dois itens servia para deixar o Deusmais eficiente. Alias as armas divinas serviam para afirmar e/ou aumentar o podernatural das divindades: Þórr é o Deus do trovão e do raio por natureza (quando elesoprava sua barba isso se tornava tempestades segundo a Rögnvalds Þáttr ok Rauðs) e omartelo só reforça isso. Talvez o que Snorri quis dizer era que Þórr usava as luvas de

    ferro por causa de que o cabo do martelo é curto, ou então ele tentou diminuir o Deus dotrovão, dando a entender que ele é limitado e depende de suas armas mágicas.

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    Após essas analises somos levados a crer que Magni era um Deus da força como seupai; e ele passou a defender Ásgarðr e Miðgarðr depois de seu batismo no ritual deiniciação (quando libertou Þórr). Seu papel na religião nórdica era similar ao de seu paicomo protetor da comunidade e dos Deuses. Desse modo Magni também dava a forçanecessária aos seus adoradores da mesma forma que Móði dava a coragem e/ou fúria.Embora a evidência de culto a esses dois irmãos (Magni e Móði) seja quase inexistente,isso não é impossível de acreditar. Na Groelândia foi achado um pedaço de pedra-sabãocom o nome "Magni" entalhado e datado da idade média e catalogada como GR 68(GR68) - Vatnahverfi (Ø 71). Magni é um nome masculino e pode ser tanto um nomecomum de homem como uma referencia à Magni, filho de Þórr. Seria isso um amuletoentalhado com o nome de Magni? Talvez, porém incerto afirmar com certeza. RudolfSimek sugeriu que Magni era muito conhecido no final do século 10. A FornmannaSögur relata algo muito curioso que não é mencionado em nenhuma outra fonte: umhomem chamado Finnr diz que Þórr devorou os próprios filhos, mas não os nomeia.

    Seriam eles Magni e Móði ou não? Seriam outros filhos? Hilda R. E. Davidson sugeriuque eles foram devorados por Þórr e trazidos novamente à vida com o martelo tal comoos bodes que ele comia. Porém, é mais provável que seja mesmo os bodes de Þórr e oautor do manuscrito se confundiu; já que Finnr havia destruído a imagem de Þórr demadeira e a misturado com mingau de aveia e dado aos seus cães para comer tal comoÞórr havia feito com seus próprios filhos. A associação aqui é clara só que o inverso:Þórr comia seus animais, os bodes, enquanto os cães, que são animais, comeram aimagem do Deus. O Hárbarðsljóð 3 conta que Þórr se alimentava de arenque e aveia oubode dependendo da tradução, ou seja, de forma similar feita por Finnr. Teria o autor

    confundido divindades greco-romanas com Þórr (já que em alguns manuscritos há essesincretismo)? Tanto o Cronos quanto o Zeus devoraram seus filhos ou parentes.

    O nome Magni na GR 68  http://www.runesnruins.com/runes/gr68.htm 

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    Teria o bode já ter sido demonizado na época da compilação do manuscrito e por issoforam chamados de "filhos" de Þórr? Seria essa a real intenção do autor? Essasperguntas talvez nós nunca saibamos ao certo. Saxo menciona o herói chamadoHaldanus Biargramm (Halfdan) que era um homem forte e foi considerado um filho deÞórr pelos suecos e era adorado como tal.

    Texto de autoria de Marcio Alessandro Moreira, proibida a reprodução total ou parcialsem a permissão do autor. © 2016

    E-mail: [email protected] 

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    Bibliografia:

    A Germania de Tácito: Tradução e Comentários (Versão Corrigida), Maria Cecília

    Albernaz Lins Silva de AndradeDictionary of Northern Mythology, Rudolf Simek tradução de Angela Hall

    Edda em Prosa - Skáldskaparmál 01-43, Snorri Sturluson tradução de MarcioAlessandro Moreira

    Fornmanna Sögur Annat Bindi Saga Ólafs Konúngs Tryggvasonar, por SveinbjörnEgilsson, Þorgeir Guðomundsson, Þorsteinn Helgason, Finnur Magnússon, NielsMatthias Petersen, Carl Christian Rafn, Rasmus Rask

    Gods and Myths of Northern Europe, Hilda R. E. Davidson

    Hrólfs Saga Kraka Ok Kappa Hans, https://www.snerpa.is/net/forn/hrolf.htm  

    Island Heritage (Dealing With Some Phases of Manx History), William Cubbon

    Illustrated Notes on Manks Antiquities, P. M. C. Kermode e W. A. Herdman

    Manks Antiquities (2nd Edition), P. M. C. Kermode e W. A. Herdman

    Saxo Grammaticus: The History of the Danes, Books I-IX (Bks.1-9), Saxo

    Grammaticus, Hilda R. E. Davidson e Peter FisherScandinavian Mythology, Hilda R. E. Davidson

    The Roles of Horses in the Old Norse Sources, Katrín Sif Einarsdóttir

    Traces of the Norse Mythology in the Isle of Man, P. M. C. Kermode

    Vikings Myths and Rituals on the Isle of Man, editado por Leszek Gardeła e CarolyneLarrington

    Imagens:

    http://www.vikingage.org/wiki/index.php?title=Picture_stones_from_the_Isle_of_Man  

    Achado Arqueológico:

    http://www.abdn.ac.uk/skaldic/db.php?id=21327&if=runic&table=mss  

    Texto por Marcio Alessandro Moreira