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O papel do ator no teatro de animação - “O interesse humano por máscaras, bonecos e formas inanimadas, de modo geral, é tão antigo quanto o próprio homem.” - Os instrumentos hoje utilizados pelo teatro de animação eram, na antiguidade, parte de rituais religiosos. O teatro, que acredita-se ter nascido a partir do espírito eminentemente representativo dessas festividades, não teve dúvidas em se utilizar de máscaras, bonecos e outros como veículos de expressão. - Com o nascimento e desenvolvimento da estética naturalista, vista, na ocasião, como solução para a então decadência do teatro, a animação caiu em certo desuso no teatro europeu. Entretando, apesar da supremacia do realismo, não cessaram os escritores/encenadores que pediam um teatro “mais visual, poético e evocativo, em contraposição ao discurso objetivo, racional, científico do naturalismo.” - Em busca de utilizar na cena aspectos fundamentais do homem (como o sonho, a imaginação, etc) alguns artistas retornaram à poesia proporcionada pela utilização de objetos do teatro de animação (realmente ou enquanto metáfora). - “No início do século XX, o simbolismo busca um teatro capaz de captar os movimentos interiores da alma.” A partir disso surgem ideias mais visuais para o teatro, seja na representação espacial (como uma luz verde representando uma floresta melhor do que uma árvore de papelão), seja na visão de que os atores poderiam funcionar como marionetes ou sombras. “... o símbolo não tolera a presença humana em cena.” - “...a marionete leva vantagem sobre o ator vivo porque este está sempre à mercê de seus impulsos pessoais, ao passo que a marionete, exatamente por não ser humana, está mais apta a retratar idéias gerais e universais e, portanto, mais poéticas.”

O papel do ator no teatro de animação

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O papel do autor no teatro de animação

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O papel do ator no teatro de animação

- “O interesse humano por máscaras, bonecos e formas inanimadas, de modo geral, é tão antigo quanto o próprio homem.”

- Os instrumentos hoje utilizados pelo teatro de animação eram, na antiguidade, parte de rituais religiosos. O teatro, que acredita-se ter nascido a partir do espírito eminentemente representativo dessas festividades, não teve dúvidas em se utilizar de máscaras, bonecos e outros como veículos de expressão.

- Com o nascimento e desenvolvimento da estética naturalista, vista, na ocasião, como solução para a então decadência do teatro, a animação caiu em certo desuso no teatro europeu. Entretando, apesar da supremacia do realismo, não cessaram os escritores/encenadores que pediam um teatro “mais visual, poético e evocativo, em contraposição ao discurso objetivo, racional, científico do naturalismo.”

- Em busca de utilizar na cena aspectos fundamentais do homem (como o sonho, a imaginação, etc) alguns artistas retornaram à poesia proporcionada pela utilização de objetos do teatro de animação (realmente ou enquanto metáfora).

- “No início do século XX, o simbolismo busca um teatro capaz de captar os movimentos interiores da alma.” A partir disso surgem ideias mais visuais para o teatro, seja na representação espacial (como uma luz verde representando uma floresta melhor do que uma árvore de papelão), seja na visão de que os atores poderiam funcionar como marionetes ou sombras. “... o símbolo não tolera a presença humana em cena.”

- “...a marionete leva vantagem sobre o ator vivo porque este está sempre à mercê de seus impulsos pessoais, ao passo que a marionete, exatamente por não ser humana, está mais apta a retratar idéias gerais e universais e, portanto, mais poéticas.”

- O final do século XIX e o começo do século XX foi uma época muito fértil e criativo para o teatro ocidental. “A experimentação não conheceu limites: encenação, dramaturgia, interpretação e espaço cênico, “explodem”. Foram tantas e tão diversificadas as experiências que se torna difícil, para nós, hoje, descobrir algo que não tenha sido tentado ou pelo menos se esboçado naquele período.”

- “Observando o panorama atual, podemos afirmar que a principal característica presente nas artes cênicas é a diversidade. (...) As definições tradicionais tornam-se imprecisas e insuficientes.”

- “As alternativas de linguagem são tantas como o são os encenadores interessados em pesquisar: cada qual dispõe de total liberdade nesse

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campo, podendo desenvolver sua própria poética, pessoal e única, ainda que muitas vezes se assemelhe um pouco a tudo o que veio antes.”

- “A nova teatralidade desconstrói a narrativa e o personagem, ressalta o inconsciente e o arquétipo, recusa o espaço cênico tradicional.” Nessa direção, por muitas vezes no teatro contemporâneo as outras linguagens pertencentes ao teatro (como a iluminação, sonoplastia, figurino, etc) assumem um lugar de destaque (superando, em alguns casos, a própria presença do ator).

- Se os espectadores já se confundem com tamanha diversidade cênica atual, o mesmo acontecem com os atores, já que todo o procedimento de criação e interpretação se modificaram. “Exige-se muito mais de um ator do que meramente a encarnação de um personagem criado por um dramaturgo.

- O ator deve estar preparado para conviver bem com todos os demais elementos do espetáculo, sabendo que eles devem se permear, além de toda preparação corporal, vocal, saber improvisar e até criar o próprio texto. “Mais do que nunca é necessário refletir sobre as questões que envolvem a atuação, repensar técnicas e procedimentos, compreender processos criativos, estabelecer parâmetros que permitam ao ator enfrentar os novos desafios a ele propostos.”

- Apesar do ator e o ator-manipulador terem técnicas de trabalho distintas (um incorpora ele mesmo a personagem e o outro se utiliza de meios externos para a personagem), algumas características podem permear ambos.

- Seja ator ou ator-manipulador, é imprescindível que este tenha uma integralização entre corpo e mente, para que ele não necessite copiar algo pré-determinado, mas possa ser visto em sua totalidade, um ser dotado de impulsos próprios (além do controle da energia em cena). Além disso, a preparação do ator-manipulador deve ser ainda mais apurada, pois “determinados gestos ou movimentos com máscaras e bonecos exigem grande precisão, flexibilidade, destreza, prontidão e força. Mas, este é só o aspecto mais superficial da questão. Alem disso, é comum o bonequeiro manipular vários bonecos de formas diversas ao longo de um mesmo espetáculo, cada um deles exigindo uma postura específica, com o emprego de diferentes grupos de musculaturas.”

- Apesar de díficil explicação, os atores costumam experimentar o poder do controle da energia em sua prática. E, mais uma vez, esse controle é indispensável a qualuqer ator ou bonequeiro que almeje atingir verdadeiramente seu público.

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- “É a energia que gera a presença cênica. No caso do bonequeiro, deve-se aprender a canalizar essa energia, direcionando-a para a máscara, boneco ou objeto. Deve-se, também, saber como se anular, o que seria o oposto da presença, a fim de que o boneco se destaque.”

- “Organicidade. Estar orgânico significa estar pleno, vivo, integrado física e psiquicamente. Um movimento é orgânico quando vem carregado de energia, conferindo-lhe significados.” Essa talvez seja, de todos os objetivos do bonequeiro, o mais importante. Porque é essa qualidade que confere ao objeto manipulado a humanização, levando a identificação.

- “Enquanto o ator busca atingir o estado orgânico em si próprio, o bonequeiro deve fazê-lo tendo em vista as características específicas do boneco, objeto ou máscara. É do encontro entre duas energias, a humana e a da matéria inerte que emerge a organicidade no teatro de animação.”

- “Enquanto o ator busca atingir o estado orgânico em si próprio, o bonequeiro deve fazê-lo tendo em vista as características específicas do boneco, objeto ou máscara. É do encontro entre duas energias, a humana e a da matéria inerte que emerge a organicidade no teatro de animação.”