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FACULDADES INTEGRADAS PROMOVE CURSO BACHAREL EM ENFERMAGEM O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA Estudantes: Danielle Juliana Alves de Salles de Almeida Jucivane Rodrigues Alves Orientador: Tayse Tâmara da Paixão Duarte BRASÍLIA 2013

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FACULDADES INTEGRADAS PROMOVE

CURSO BACHAREL EM ENFERMAGEM

O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA

Estudantes: Danielle Juliana Alves de Salles de Almeida Jucivane Rodrigues Alves

Orientador: Tayse Tâmara da Paixão Duarte

BRASÍLIA

2013

DANIELLE JULIANA ALVES DE SALLES DE ALMEIDA

JUCIVANE RODRIGUES ALVES

CURSO DE BACHAREL EM ENFERMAGEM

O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial do curso superior de BACHAREL EM ENFEMAGEM, para obtenção do título de Bacharel sob a orientação da professora Tayse Tâmara da Paixão Duarte.

Brasília

2013

RESUMO

O presente artigo trata do protocolo de Manchester, o qual padroniza a classificação

no atendimento de emergência, estabelecendo como prioridade no atendimento as

condições clínicas de cada paciente e não sua ordem de chegada. Essa classificação

é realizada por cores, as quais são vermelho, laranja, amarelo, verde e azul. Verifica-

se que a classificação de risco é um processo dinâmico de identificação dos pacientes

que necessitam de tratamento imediato, no âmbito da emergência hospitalar,

acolhendo-os de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de

sofrimento. O objetivo do trabalho é verificar a função do enfermeiro na classificação

de risco no serviço de emergência, segundo protocolo de Manchester, bem como a

demonstrar o atual posicionamento de uma emergência que o utiliza. O trabalho foi

baseado em pesquisa de campo, a qual foi realizada no Hospital de Base do Distrito

Federal. Foram constatados benefícios na utilização do método, bem como algumas

dificuldades em sua implantação. Em geral, o procedimento está sendo bem aceito

pelos enfermeiros, visto que evita os riscos da longa espera no atendimento aos

pacientes mais graves.

Palavra chave: Enfermeiro; Classificação de risco; Protocolo de Manchester; Emergência.

ABSTRACT

This article deals with the Manchester protocol, which standardizes the risk

classification in emergency care, establishing as a priority in meeting the clinical

conditions of the patient and not the order of arrival. This classification is performed

by colors, which are red, orange, yellow, green and blue. The risk assessment is a

dynamic process of identifying patients who need immediate treatment within the

emergency hospital, receiving them according to the potential risk, health damage

the health or level of suffering. The objective of the present study is to verify the role

of the nurse in risk classification in the emergency department, according to

Manchester protocol, as well as to demonstrate the current positioning of an

emergency that use it. The study was based on field research, which was performed

at the Hospital de Base do Distrito Federal. Benefits were observed in the use of the

method as well as some difficulties in its implementation. In general, the procedure is

being well accepted by nurses, because it avoids the risks of long wait in patient care

more serious.

1

1-INTRODUÇÃO

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem tido muitos avanços, entretanto

persistem alguns problemas a serem enfrentados para consolidá-lo como um sistema

público universal como, por exemplo, a garantia de acesso do usuário a rede de

saúde, bem como o atendimento de forma satisfatória as suas demandas 1.

Os serviços de emergência causam um grande impacto na organização do

atendimento nesse sistema de saúde, devido à superlotação das emergências,

problema de difícil gerenciamento, como as longas filas de espera e aumentando o

risco de mortalidade. Quando se busca um atendimento em uma emergência faz-se

necessário agilidade e rapidez, visto que ainda não se conhece a patologia que está

comprometendo o paciente 2.

Para o Ministério da Saúde 3, emergência é a "unidade destinada a assistência

de doentes, com ou sem risco de vida, cujos agravos a saúde necessitam de

atendimento imediato”.

Com o objetivo de melhorar a qualidade da assistência, no final da década de

1990, foi implementado o Programa Nacional de Humanização do Atendimento

Hospitalar (PNH), com o objetivo de elevar a qualidade, a eficiência e a resolutividade

do atendimento ao paciente 4.

A Política de Humanização parte de conceitos e dispositivos que visam à

reorganização dos processos de trabalho em saúde, propondo centralmente

transformações nas relações sociais, que envolvem trabalhadores e gestores em sua

experiência cotidiana de organização e condução de serviços e transformações nas

formas de produzir e prestar serviços à população 5.

O acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH),

sendo uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas. Acolher

é um compromisso de respostas aos problemas e necessidades dos cidadãos que

procuram os serviços de emergências 6.

O acolhimento é capaz de reduzir essa problemática, atuando como uma

estratégia para reorganização dos serviços, com vistas à garantia do acesso

universal, resolutividade e humanização do atendimento7.

2

A Enfermagem, no serviço de saúde, seja de nível primário, secundário ou

terciário deve zelar por uma assistência de qualidade. A partir de um atendimento

realizado com acurácia por parte do profissional, é possível organizar o serviço e

mudar os modos de prestar assistência, com vistas ao atendimento humanizado e a

promoção de uma assistência integral, de forma que cada profissional possua uma

visão holística do ser humano a ser atendido8.

Quando se trata da emergência hospitalar Furtado e Araújo Júnior (2010)9

afirmam que as funções do Enfermeiro, neste setor, compreendem a escuta da

história do paciente, exame físico, execução de tratamento, orientação aos doentes e

a coordenação da equipe de enfermagem. Aliando conhecimento científico e

capacidade de liderança, agilidade e raciocínio rápido e a necessidade de manter a

tranquilidade.

Tratando-se do acolhimento como um instrumento de trabalho da enfermagem,

deve ser utilizado na emergência como dispositivo tecno-assistencial que permite

refletir e mudar os modos de operar a assistência, pois se faz necessário uma postura

capaz de acolher, escutar e dar respostas adequadas aos usuários. Ou seja, se faz

necessário prestar um atendimento com responsabilização e resolutividade e, quando

for o caso, de orientar o usuário e a família para a continuidade da assistência em

outros serviços10.

O Acolhimento com Classificação de Risco se mostra como um instrumento

reorganizador dos processos de trabalho na tentativa de melhorar e consolidar o

Sistema Único de Saúde11.

Abbês e Massaro (2004) 12 ressaltam que a classificação de risco é um

processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento

imediato, no âmbito da emergência hospitalar, acolhendo-os de acordo com o

potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento.

A classificação de risco diferencia-se do tradicional conceito de triagem, tendo

em vista que na triagem tradicional pode haver exclusões, já na classificação de risco

todos os clientes serão atendidos. A sala de triagem classificatória de risco é uma

área física obrigatória nas unidades de atendimento de urgência. Sendo o seu

principal objetivo identificar as prioridades. Ela é fundamental em qualquer serviço de

emergência13.

3

As emergências que trabalham com a classificação de risco, cujos enfermeiros

são responsáveis, utilizam-se de cinco níveis de risco para a classificação dos

usuários que buscam atendimento médico, os quais correspondem a priorização no

atendimento, sendo cada um dos níveis representado por cores de acordo com o

protocolo de Manchester14.

Diante do caso clínico cada cor representa um tempo para o atendimento,

sendo vermelho indicado para atendimento imediato, laranja atendimento quase

imediato (até 10 minutos de tolerância), o amarelo tempo de espera de até 60

minutos, verde até duas horas e o azul até 4 horas.

VERMELHO: Emergência, neste caso o paciente

necessita de atendimento imediato.

LARANJA: Muito urgente, o paciente necessita de

atendimento o mais prontamente possível. AMARELO: O paciente precisa de avaliação, não é

considerada uma emergência, já que possui

condições clínicas para aguardar. VERDE: Pouco urgente, é o caso menos grave, que

exige atendimento médico, mais pode ser assistido

no consultório médico ambulatorialmente.

AZUL: Não urgente, é o caso de menor

complexidade e sem problemas recentes, este

paciente deve ser acompanhado no consultório

médico ambulatorialmente15.

Morais, Matozinhos e Borges (2009) 16 alertam que, o enfermeiro ao receber

este paciente na emergência deve avaliar os sinais vitais do indivíduo (temperatura,

pressão arterial, freqüência respiratória e cardíaca) levando em consideração a

queixa deste, que em muitos casos é a dor. A partir daí deve classificá-lo em uma

das categorias e cores citadas.

Esse profissional nas unidades de emergência destaca-se pelas suas

características generalistas, que permite durante a triagem, assumir a

responsabilidade pela avaliação inicial do paciente, encaminhá-lo para a área clínica

adequada, além de ter autonomia para dirigir os demais membros da equipe 17.

4

Para atender a todas estas necessidades, faz-se necessário um treinamento

direcionador e específico, qualificando esse profissional para atuar nas emergências

com eficácia.

Mediante o exposto, é seguro afirmar que ao enfermeiro cabe o acolhimento

com classificação de risco, baseado em evidências científicas, sendo uma delas o

uso do Sistema de Triagem de Manchester, que tem como finalidade a priorização

do atendimento dos pacientes nos serviços de urgência em emergência e a garantia

da política de saúde instituída pelo Ministério da Saúde18.

O presente trabalho tem como objetivo identificar o conhecimento produzido

pelo enfermeiro no acolhimento com classificação de risco, nos serviços hospitalares

de emergência.

Diante disso, este estudo buscou identificar qual o nível de conhecimento sobre

o protocolo de Manchester pelos enfermeiros que atuam no setor de classificação de

risco.

5

2. METODOLOGIA

Foi utilizada a percepção do profissional frente ao tema “o papel do

enfermeiro na classificação de risco no serviço de emergência” com dados

qualitativos, onde foram abordados os enfermeiros na emergência hospitalar no

Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Os dados qualitativos foram obtidos

por meio de entrevistas gravadas com os enfermeiros nas unidades do HBDF, cujos

trechos foram transcritos no presente trabalho.

A seguir foi realizada análise por meio dos dados disponíveis na literatura.

A pesquisa foi realizada no Hospital de Base do Distrito Federal no setor de

classificação de risco do serviço de emergência. Este setor disponibiliza duas salas

com esta finalidade, cada uma delas é composta por mesa, maca, cadeiras,

computador, um único aparelho de monitorização para ambas as salas, um livro do

protocolo de Manchester para cada enfermeiro, recebido durante a realização do

curso de capacitação de classificação de risco, sendo de sua responsabilidade o uso

durante o seu trabalho.

Segundo o gerente de enfermagem do setor de emergência, a equipe da

classificação de risco compõe-se de dois enfermeiros por plantões, os quais podem

realizar escalas de seis a doze horas diárias, sendo proibido plantão de dezoito horas

sequenciadas.

Apesar da informação recebida, no período da pesquisa observou-se, em

alguns horários apenas um profissional atuando na classificação de risco, sendo

informado que o motivo seria o quadro insuficiente de funcionários.

Além disso, presenciou-se um técnico em enfermagem para realização dos

sinais vitais (SSVV), e dois estagiários do programa Centro de Integração Empresa

Escola (CIEE) que instalam – se em uma recepção composta, de um balcão e uma

cadeira onde suas atribuições são de verificar os pacientes que necessitam de

prioridades no atendimento encaminhando ao enfermeiro.

A população da pesquisa foi constituída por enfermeiros de um hospital público

da cidade de Brasília – DF, onde havia Unidade de Classificação de Risco dentro do

setor de Emergência.

6

De acordo com a gestora do setor são quinze os enfermeiros que fazem essa

classificação de risco, entretanto a amostra foi composta por oito enfermeiros, pois os

demais não foram encontrados e alguns profissionais não quiseram participar da

pesquisa O instrumento da coleta de dados foi desenvolvido para esta pesquisa pelos

próprios pesquisadores com o objetivo de identificar o conhecimento e o treinamento

que os enfermeiros receberam para praticar o Protocolo de Manchester (Apêndice A).

A coleta de dados foi realizada no mês de fevereiro de 2013. O instrumento de coleta

de dados utilizado foram entrevistas com enfermeiros, que autorizaram a gravação

por meio digital. As referidas gravações foram, posteriormente, transcritas na íntegra.

O desenvolvimento do estudo seguiu as diretrizes emanadas da Resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde 19, que regulamenta as normas aplicadas a

pesquisas que envolvem, diretamente ou indiretamente, seres humanos.

Antecedendo o trabalho de campo, o projeto de pesquisa foi submetido à

apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria do Distrito Federal, que

emitiu parecer favorável a sua realização, em 28/01/2013, conforme cópia constante

no anexo A. A pesquisa trata-se de dados qualitativos e não quantitativos devido o

número insuficiente de enfermeiro no setor da pesquisa.

7

3. APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1 CARACTERIZAÇÕES DA UNIDADE DE EMERGÊNCIA O Ministério da Saúde (BRASIL, 2009) 20 preconiza que no setor de

classificação de risco seja realizada a caracterização do espaço por cores, para maior

clareza e facilidade na compreensão das áreas. As cores podem estar como em

faixas, piso e parede do ambiente, contribuindo para a sinalização e identificação

clara dos espaços, de modo a incluir todos os usuários, sendo importante que esta

orientação já se inicie no entorno do equipamento de saúde.

Em relação ao local do estudo, observou-se que, ao chegar na emergência, o

paciente se depara com uma fila para realizar o preenchimento da Guia de

Atendimento Emergencial (GAE), a qual é organizada por ordem de chegada, não

havendo disponibilidade de senha para este atendimento. Após o preenchimento da

GAE os pacientes aguardam sentados sua chamada para realização da classificação

de risco pelo enfermeiro.

O atendimento é realizado pelo enfermeiro e técnico simultaneamente, o que

dá maior agilidade ao procedimento. Via de regra, o técnico de enfermagem verifica

os sinais vitais e o enfermeiro questiona qual a queixa principal do paciente, depois

disso finaliza a classificação e o paciente já recebe a pulseira de identificação.

Chama atenção o local onde esse atendimento ocorre. Uma sala pequena,

onde não há estrutura física que promova conforto para o paciente. Os instrumentos

para a realização dos sinais vitais na classificação de risco são antigos, porém em

bom estado de conservação. Há ainda, esfimomanômetro, estetoscópio, termômetro,

oximetro de pulso, materiais necessários para a classificação de risco.

Para a realização da Classificação de Risco a enfermeira E cita que deveria

haver modernização dos instrumentos de trabalho para melhorar a qualidade no

atendimento:

‘’Substituição do computador top clin e equipamentos acoplados, quanto equipamentos como tensiômetro, todos os equipamentos que precisamos hoje é, termômetro, tudo

8

acoplado nesse mesmo aparelho que aí vai agilizar nosso atendimento’’.

Diante da idéia da necessidade de agilizar o atendimento, a instituição tem a

disposição, na classificação de risco, uma equipe do programa Posso Ajudar. Este

programa desenvolvido no Hospital de Base do Distrito Federal nasceu da

necessidade de o hospital organizar o atendimento, já que muitos pacientes

chegavam a unidade e se sentiam perdidos sem saber para quem se dirigir. Estes

profissionais não estão inseridos no Protocolo de Manchester, foram introduzidos

diante da necessidade da instituição devido a demanda da população.

Após serem recebidos pela equipe do Posso Ajudar, o paciente é encaminhado

para o enfermeiro, onde recebe a classificação de risco, recebendo a pulseira

classificatória.

As pulseiras utilizadas pelos pacientes são identificadas por cores. No hospital

em que ocorreu a pesquisa foi acrescentada a cor branca, devido a necessidade do

setor, que significa necessidade de retorno ao médico. Esta cor não faz parte do

Protocolo de Manchester, conforme afirma o enfermeiro b:

‘’o branco que é retorno né, que a gente utiliza o sistema, mas o protocolo mesmo são essas quatro cores (verde, amarelo, laranjado e vermelho)’’.

Mediante a realização da classificação por cores os pacientes aguardam o

atendimento médico em um local precário, não havendo divisões por caso clínico,

todos ficam aglomerados no mesmo local. Verifica-se que a divisão de setor com as

cores citadas pelo protocolo de Manchester facilitaria a identificação da área, até

mesmo para os clientes idosos, analfabetos ou com algum tipo de deficiência física,

segundo o relato da enfermeira C:

‘’O que falta ainda nos corredores é a divisão por cores, por que o paciente chega lá e fica mais ou menos tudo misturado, hoje a gente coloca as pulseiras para o próprio paciente saber a cor dele e como antes tinha a ficha, a gente preenchia a cor a pessoa sabia e hoje é tudo pelo sistema, pelo computador, então as vezes a pessoa não sabia a cor que colocava para ela aqui. Passava pra lá e ficava esperando a ordem de chegada, às vezes era um paciente de prioridade’’.

9

Percebe- se que a estrutura física urge a necessidade de melhorias para o bem

estar do paciente com ambientes confortáveis e de fácil acessibilidade ao cliente.

3.2 CONHECIMENTO DO PROGRAMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

Os profissionais que atuam no atendimento de urgência e emergência devem

receber treinamentos especifico e educação continuada, para garantir uma

assistência técnica e científica, como também domínio de suas emoções e

conhecimentos de seus limites e de suas possibilidades, para atendimento de vítimas

em situação de urgência e emergência. Não incluem no acolhimento com

classificação de risco as competências dos demais profissionais da área da saúde e a

avaliação e diagnóstico médico 21.

De acordo com o programa de classificação de risco, é fundamental para o

enfermeiro que esteja na Unidade de Classificação de Risco que ele tenha recebido

uma capacitação. Observou- se que 90% dos enfermeiros participaram do programa,

onde obtiveram um treinamento com oito horas aproximadamente de curso, como

relata o enfermeiro B.

‘’Foi um curso de 8 horas, mas muito proveitoso que envolveu vários estudos de casos, é... Bastante mesmo, que deu para utilizar praticamente todos os itens do livro para se cadastrar no sistema’’.

Diante da pesquisa foi visto que 10% dos entrevistados não receberam essa

capacitação, o que é um dado preocupante, visto que para atuar na classificação de

risco é fundamental que o profissional tenha recebido esse treinamento. A enfermeira

F destaca:

‘’Não, o meu curso de capacitação é... Ele vai ocorrer agora em Março’’.

No que se refere ao seu conhecimento sobre o programa, a mesma diz:

10

‘’Assim, é um programa que ele prioriza não é... O paciente, não a idade né, é... No caso a gente valoriza a gravidade do paciente’’.

Percebe-se que ao não receber o treinamento específico para atuar na

classificação de risco o profissional não tem o conhecimento necessário para

desenvolver a atividade de acordo com os objetivos traçados pelo Protocolo.

Segundo os entrevistados, o curso de capacitação do Protocolo de Manchester

foi realizado na própria instituição da Secretaria de Saúde do Distrito Federal

(SESDF), sugere-se que a SESDF esta se disponibilizando para implementar o

programa no Distrito Federal, na medida em que está tentando capacitar todos os

servidores que atuam nessa área. A firma o enfermeiro B:

‘’Foi feito a cinco meses atrás o ultimo curso, mas vai ser implementado outro no sistema todo, que está marcado para o mês que vem , que vai ser de 6 a 8 horas também, mas tá marcado para o mês que vem’’.

O Ministério da Saúde (2004) 22, como já citado, vem buscando padronizar

nacionalmente o processo de acolhimento com classificação de risco e o estado de

Minas Gerais optou pelo protocolo de Manchester.

Souza, Toledo, Tadeu e Chianca (2011) 14, analisam o grau de concordância

entre dois protocolos: o protocolo institucional do Hospital do Odilon Behrens (HOBO)

em Belo Horizonte- Minas Gerais e o Protocolo de Manchester. O Protocolo de

Manchester aumentou o nível de prioridade dos pacientes, demonstrando ser um

protocolo mais inclusivo, oferecendo maior segurança e neutralidade no processo de

classificação feito pelo enfermeiro, sendo desta forma implementada na instituição

hospitalar, por haver se adequado mais ao atendimento do público.

Na classificação de risco, a abordagem não pressupõe a exclusão,

independentemente da instituição todos os pacientes devem ser atendidos,

respeitando a situação de gravidade e complexidade apresentada pelo usuário que

procurou o serviço de saúde 21.

11

É importante destacar que, no curso de capacitação realizado conforme o

protocolo de Manchester foi abordado a questão de atender a todos os pacientes,

segundo informação da enfermeira A:

‘’Então é um programa de classificação por cores e o intuito dele é nunca deixar de atender o paciente’’.

Aponta-se a partir deste depoimento que o objetivo da implementação do

Protocolo nas instituições de saúde é de receber, acolher todos os indivíduos, para

desenvolver um atendimento adequado com intuito de haver resolutividade a

necessidade do cidadão.

3.3 VIABILIDADE DO PROGRAMA EM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Percebe-se que a classificação de risco nas Unidades de Emergências significa

não só a melhor ordenação do atendimento ao usuário, mas também evitar que

problemas de saúde sejam agravados diante da demora no atendimento.

Nesse sentido, corroborou-se com o mencionado por autores Albino,

Grosseman e Riggenbach (2007) 13 ressaltam que a classificação de risco é um

processo dinâmico de identificação dos pacientes que necessitam de tratamento

imediato, no âmbito da emergência hospitalar, acolhendo este paciente de acordo

com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento.

Os enfermeiros que atuam na classificação de risco do referido hospital

confirmam que a estratégia proposta pelo Ministério da Saúde é contribuir para

melhorar a organização do serviço e a qualidade da assistência, ao mudar a lógica do

atendimento de “ordem de chegada” para a de prioridade clínica, a qual

propicia agilidade no atendimento, cita a enfermeira E:

‘’Sim, possibilita o atendimento mais ágil, favorecendo a rapidez no atendimento médico ao paciente, pois precisa de um atendimento mais prioritário’’.

12

Entretanto o enfermeiro D chama atenção:

‘’ Sim, é absolutamente viável, uma das coisas que dificulta a aplicação do programa é a rede não ta organizada, então a demanda acaba sendo excessiva nos prontos socorros e em especialmente os prontos socorros de referencia como o do Hospital de Base, o que dificulta um pouco a nossa atividade, por que a demanda é excessiva para o número de enfermeiros disponíveis, mas em condições onde há uma melhor organização ele é perfeitamente factível’’.

A realização da classificação de risco isoladamente não garante uma melhoria

na qualidade da assistência, é necessário construir pactuações internas e externas

para a viabilização do processo, com a construção de fluxos claros por grau de risco,

e a tradução destes na rede de atenção 4.

O que se observou foi uma equipe que, embora tenha recebido treinamento,

não consegue viabilizar o atendimento pela demanda reprimida no setor com o

aumento de demanda no atendimento, devido ao número insuficiente de funcionários,

destaca o enfermeiro E:

‘’ a locação de mais enfermeiros na classificação de risco e o treinamento continuado dessas equipes’’.

A falta da colaboração da equipe médica também prejudica na viabilidade do

atendimento, por não terem conhecimento do Protocolo utilizado na instituição, afirma

a enfermeira H: ‘’Falta de conhecimento dos médicos com o nosso protocolo Manchester, que é muito difícil trabalhar com eles,você classifica segundo o protocolo, você segue ele todinho, você classifica o paciente como amarelo, o médico vem aqui questionar porque ele é amarelo’’.

Faz- se necessário que a equipe médica e enfermeiros entrem em consenso no

que diz respeito a realização da classificação de risco, objetivando oferecer um

atendimento de qualidade, assim reorganizando as portas de urgência e

implementando a produção de saúde em rede, no cotidiano das práticas em saúde 10.

13

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se que o programa lançado pelo Ministério da Saúde denominado

Classificação de Risco com Protocolo de Manchester, o qual visa capacitar os

enfermeiros a identificar a prioridade clínica do paciente baseado em sinais e

sintomas, além de utilizar-se da humanização às práticas assistenciais, está sendo

muito positivo nos setores de emergências.

Sua eficácia pode ser vista, mesmo diante de algumas dificuldades

encontradas, tais como, desorganização da rede de saúde do Distrito Federal para

colocá-lo em prática, como foi apontado pelos próprios profissionais. Outro ponto a

ser considerado é a escassez de conhecimento dos profissionais de enfermagem

sobre o programa, tendo em vista a baixa carga horária do curso de capacitação, que

é de apenas oitos horas aulas, aliada ao fato de que verificou-se, durante a pesquisa,

que um profissional não participou do curso, mesmo trabalhando no setor. Outro

aspecto é a inadequada estrutura física na Unidade de Emergência, o que dificulta o

acesso do paciente e acompanhante a se localizar dentro da unidade.

Na visão dos enfermeiros participantes, para haver uma classificação de risco

mais eficiente é necessária uma melhor estrutura física, com sinalizadores de acordo

com as cores da classificação. Além disso, foi sugerida capacitação para os médicos,

já que um dos maiores problemas enfrentados pelos enfermeiros é a falta de

conhecimento da equipe médica em relação à classificação de risco utilizando-se o

protocolo Manchester, visto que eles preferem atender os pacientes por ordem de

chegada, não cumprindo a prioridade clínica de cada um,

Diante dos obstáculos que hoje enfrentados na assistência à saúde no País,

faz-se necessário uma reflexão sobre as necessidades de mudanças urgentes por

parte dos órgãos governamentais e dos profissionais da saúde.

14

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18. Brasil 2010. Grupo Brasileiro de Classificação de Risco. Sistema Manchester de

Classificação de Risco. Classificação de Risco na Urgência e Emergência. 1.ed.Brasil,

2010 apud ANZILIERO, 2011.

19. CONEP 1996. Conselho Nacional de Saúde. Transinf [Internet].1996 [acesso em

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20. Brasil 2004. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização (PNH):

Cartilha da PNH: Acolhimento com classificação de risco, 2004. Transinf [Internet].

2004 [acesso em 2013 mar. 28]. Disponível em:

http://www.corensc.gov.br/documentacao2/CT_001_2009_Classificacao_de_Risco.pdf

21. BRASIL (2004). Ministério da Saúde Humanização. Humaniza SUS: acolhimento

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em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento.pdf

17

APÊNDICE A

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

1-CONHECE O PROGRAMA DA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO?

-Sim ( )

-Não( )

2-O QUE VOCÊ SABE SOBRE ESSE PROGRAMA?

3-RECEBEU CAPACITAÇÃO SOBRE ESSE PROGRAMA?

-Sim ( )

-Não ( )

4-QUANDO FOI O ÚLTIMO CURSO DE CAPACITAÇÃO SOBRE O PROTOCOLO DE

EMERGÊNCIA QUE VOCÊ FREQUENTOU?

______________________________________________________________________

5-É VIÁVEL NO COTIDIANO A APLICAÇÃO DESSE PROGRAMA? JUSTIFIQUE.

-Sim ( )

-Não ( )

______________________________________________________________________

6- O QUE VOCÊ APONTA COMO MELHORIAS A SEREM APLICADAS A ESSE

PROGRAMA?

____________________________________________________________________

18

ANEXO A

19