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CURSO DE GRADUAÇÃO BACHAREL EM ENFERMAGEM
FRANCILENE RODRIGUES DE SOUSA
GERALDA FERREIRA SILVA
CUIDADOS DE ENFERMAGEM PRESTADOS NO
TRATAMENTO DA ICTERÍCIA NEONATAL POR
INCOMPATIBILIDADE SANGUÍNEA EM USO DA
FOTOTERAPIA
ÁGUAS CLARAS- DF JUNHO/2013
FRANCILENE RODRIGUES DE SOUSA
GERALDA FERREIRA SILVA
CUIDADOS DE ENFERMAGEM PRESTADOS NO
TRATAMENTO DA ICTERÍCIA NEONATAL POR
INCOMPATIBILIDADE SANGUÍNEA EM USO DA
FOTOTERAPIA
Trabalho de Conclusão do Curso apresentado como requisito parcial do Curso de Enfermagem, para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientador Prof. Msc. Alberto César da Silva Lopes.
ÁGUAS CLARAS- DF JUNHO/2013
RESUMO
Este artigo apresenta como objetivo conhecer a evolução histórico-teórica dos cuidados de Enfermagem, prestados no tratamento da icterícia neonatal por incompatibilidade sanguínea em uso da fototerapia. A icterícia neonatal é uma anomalia que acomete por volta de 60% dos neonatos. A metodologia adotada foi à revisão bibliográfica, em obras que abordam o tema, a justificativa se fez da necessidade de uma maior atenção por parte dos profissionais de Enfermagem no trato ao neonato ictérico, desta forma a estruturação do artigo foi uma breve introdução. No segundo tópico foi realizado o contexto histórico dos cuidados de Enfermagem, o terceiro tópico é exposto o histórico da fototerapia, em seguida mostra-se a icterícia neonatal e sua abrangência, no penúltimo tópico é apresentada a evolução dos cuidados de enfermagem no trato ao neonato ictérico, e as considerações finais.
Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem-Icterícia neonatal- - Fototerapia.
ABSTRACT
This paper presents the objective of understanding the evolution of historical and theoretical nursing care, provided in the treatment of neonatal jaundice by blood incompatibility in phototherapy. Jaundice neonatal is an anomaly that affects around 60% of newborns. The methodology used was the literature review, in works that address the justification is made of the need for greater attention by nursing professionals in treating the newborn jaundice, thereby structuring the article was a brief introduction. The second topic was held the historical context of nursing care, the third topic is the history of phototherapy exposed then shows up neonatal jaundice and its coverage in the penultimate topic is presented the evolution of nursing care in handling the neonate jaundiced, and the final considerations. Keywords: Neonatal Jaundice – Nursing - Phototherapy.
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INTRODUÇÃO
O presente artigo possui como objetivo conhecer a evolução histórico-teórica
dos cuidados de Enfermagem, prestados no tratamento da icterícia neonatal por
incompatibilidade sanguínea em uso de fototerapia, no entanto para atender a
finalidade deste projeto é necessário compreender os conceitos históricos de alguns
termos tais, como: a Enfermagem, icterícia neonatal, incompatibilidade sanguínea e
os tipos fototerapia.
A justificativa para a pertinência deste artigo é sua ampla relevância por
motivo do alto índice de acometimento da icterícia neonatal por incompatibilidade
sanguínea, essa debilidade representa entre os atendimentos aos recém-nascidos
(RNs), um dos primeiros cuidados dos profissionais de Enfermagem pós-exame
físico, que permite o diagnostico (GEOVANNI, 2010).
Outro ponto de suma importância é o potencial humano desses profissionais
de saúde, no trato aos familiares ali envolvidos com o RN ictérico, na medida em
que todo o acolhimento e informações são de sua responsabilidade (NANDA, 2011).
Quanto aos cuidados de Enfermagem é importante saber quais seriam os
procedimentos em caso do emprego da fototerapia no tratamento da icterícia
neonatal por incompatibilidade sanguínea, estando ciente que o uso desse
tratamento “possui como premissa a mutação fotoquímica da composição da
molécula da bilirrubina em produtos hidrossolúveis, de eliminação renal e vias
biliares” (MARGOTTO E MELLO, 2007).
A metodologia adotada para elaboração do presente artigo é a revisão
bibliográfica em obras que tratam do tema desde (1991 a 2013), assim como em
sites, revista e outros meios de comunicação que possam colaborar para análise
pretendida (GIL, 2010).
A escolha de realizar a revisão bibliográfica teve a finalidade de oportunizar a
verificação das últimas produções acadêmicas a respeito dos conhecimentos dos
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profissionais de Enfermagem, tendo em vista que estes profissionais são
importantes na prática desta ciência, ainda mais em RNs ictéricos.
O objetivo geral é conhecer a evolução histórico-teórica dos cuidados de
Enfermagem, prestados no tratamento da icterícia neonatal por incompatibilidade
sanguínea em uso da fototerapia. Já os objetivos específicos são: identificar quais
são os cuidados de Enfermagem utilizados no atendimento ao neonato ictérico;
Analisar se existe algum protocolo de cuidados Enfermagem para o trato da icterícia
neonatal por incompatibilidade sanguínea; Averiguar quais são os cuidados de
Enfermagem, mais referenciados na literatura em relação ao RN ictérico em uso de
fototerapia e ressaltando o histórico da fototerapia.
Portanto, a problemática deste objeto esta em saber se existe algum
protocolo com orientações de procedimentos que os profissionais de Enfermagem
devem seguir diante do tratamento da icterícia neonatal em uso da fototerapia. Já
hipótese seria ser o conhecimento dos cuidados de Enfermagem ajudam a diminuir
os riscos e aumenta o índice de êxito e cura da icterícia neonatal.
CONTEXTO HISTÓRICO DOS CUIDADOS DE
ENFERMAGEM
A Enfermagem é a arte de cuidar, sua aparição é antiga desde os primórdios
da humanidade. A princípio a enfermagem, era realizada somente por mulheres,
estando muito ligada aos partos (NETTINA, 2007).
O homem sempre necessitou de cuidados, em seu conceito a Enfermagem
tem origem latina mais precisamente de duas palavras: "nutrix" = mãe e do verbo:
"nutrire" = criar e nutrir. Em inglês NURSE, que traduzido para o português significa
enfermeira (TURKIEWICZ, 1995).
A Enfermagem pode ser definida como um fenômeno as respostas humanas
a problemas reais e ou potenciais de saúde. Com efeito, os profissionais de
Enfermagem são todos os que desenvolvem e prestam assistência a esse
fenômeno. Deste modo, a prática de Enfermagem se faz através dos cuidados
prestados, que versam na profundeza do ofício e reportam-se a duas esferas
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“distintas, uma objetiva que se refere ao desenvolvimento de técnicas e
procedimentos e uma subjetiva, que se baseia em sensibilidade, criatividade e
intuição para cuidar de outro ser” (SOUZA, 2005).
Segundo NANDA (2011), essa ciência abrange vários conceitos importantes
para toda a população, sendo uma ação em prol do bem de outras pessoas. Desta
forma, no tratamento da icterícia neonatal, sua responsabilidade se estende aos
cuidados e atenção que são necessários na tentativa de sanar e tratar esse tipo de
patologia. Com tudo, a Enfermagem concentra-se na saúde dos seres humanos dos
fenômenos relacionados à saúde. Portanto o diagnóstico na Enfermagem demanda
competências de domínios intelectual, interpessoal e técnico, por isso:
Compreender o valor do cuidado de Enfermagem requer uma concepção ética que contemple a vida como um bem valioso em si, começando pela valorização da própria vida para respeitar a do outro em sua complexidade, suas escolhas, inclusive a escolha da Enfermagem como uma profissão (SOUZA et al., 2005).
Durante a Idade Média, a prática da Enfermagem estava unida, a
religiosidade, onde era um ato de boa ação e misericórdia para com os enfermos.
Entretanto como ciência, sua formulação se deu no século XIX, denominado
também, como século do cientificismo, no qual todas as atividades desenvolvidas
possuíam como premissa a comprovação cientifica (GEOVANNI, 2010).
A pioneira Florence Nightingale produziu os primeiros passos para a
Enfermagem moderna, criando um método científico para os cuidados de
Enfermagem. Esse modelo foi pautado em sua experiência vivida na Guerra da
Crimeia, onde ela atendeu centenas de soldados, observando que com ações de
assistência sistemática, os cuidados prestados de forma coerente eram fortes
aliados na recuperação dos soldados doentes. A partir deste período a Enfermagem
deixa de ser uma prática do empirismo, tornando-se um trabalho assalariado e
sistematizado, com a finalidade de atender à necessidade de mão-de-obra nos
hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e específica
(NETTINA, 2007).
Na configuração atual, a Enfermagem é uma ciência holística, onde os
cuidados prestados ao paciente se ofertam de forma completa, em caráter humano
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(fisicamente e mentalmente), ou seja, biopsicossocial, onde compreender a
importância dos cuidados de Enfermagem necessita de um entendimento ético que
considere a vida humana (SOUZA, et al., 2005).
HISTÓRICO DA FOTOTERAPIA
O histórico da fototerapia teve origem nas observações de nativos
americanos, os quais usavam a exposição solar para tratar os RNs amarelados. No
campo da Enfermagem, sua utilização foi permitida em 1956, com a observação da
enfermeira Irmã J. Ward, que cuidava da unidade de RNs prematuros do Hospital
Rochford General, na Inglaterra, ela descobriu após olhar atentamente um RN
ictérico, que as partes onde a luz batia, era menos amarelada do que a parte
coberta, após isso Ward, realizou um teste com sangue de RN ictérico, deixando
exposto ao sol, após horas de observação, notou a mudança de tonalidade, surgindo
a ideia de empregar a fototerapia como ferramenta clínica. Sendo aperfeiçoado por
Cremer em 1958 (CARVALHO, 2001).
Nas décadas de 1970 e 1980, foram realizados vários estudos sobre a
fototerapia, os quais a dispuseram, no rol dos tratamentos mais eficazes no caso de
icterícia neonatal. A ampla utilização da fototerapia nos hospitais motivou a evolução
tecnológica dos aparelhos, os quais, na atualidade são: o convencional, equipado
com luz halôgena, Biliblanket, de alta intensidade (Biliberço) e Diodos emissores de
luz (LED). No Brasil os aparelhos evoluíram para atender a demanda de
procedimentos e para melhorar a eficácia do tratamento da icterícia neonatal. No
quadro do anexo-1, elaborado pelo Ministério da Saúde, pode-se observar os tipos
de aparelhos de fototerapia de fabricação nacional (BRASIL, 2011).
A fototerapia é na conceituação de BUENO et al., (2003), um procedimento
que consiste na exposição da criança à luz durante horas ou dias, objetivando tratar
e evitar o acúmulo da bilirrubina no cérebro. Com efeito, para a eficiência do
tratamento da ictericia neonatal por incompatibilidade sanguinea é preciso que os
profissionais de Enfermagem conheçam os tipos de aparelhos, para ofertarem
melhor os cuidados ao neonato, contribuindo assim para a cura dessa patologia.
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ICTERÍCIA NEONATAL E SUA ABRANGÊNCIA
A icterícia neonatal é uma alteração fisiológica ou originaria de patologia,
que acomete recém-nascidos, decorrente do aumento da bilirrubina indireta, ou
hiperbilirrubinemia, seu principal aspecto clinico é a cor amarelada da pele e esclera
(branco dos olhos). É caracterizada por zonas, denominadas Zona de Kramer que
são: 1.Cabeça e pescoço; 2. Tronco até o umbigo; 3. Hipogástrico (parte inferior do
ventre) e coxa; 4. Joelhos até os tornozelos; 5 Mãos e pés incluindo plantas e
palmas, essas zonas podem ser visualizadas no quadro do anexo- 2 (BRASIL,
2011).
Conforme a literatura, a cor amarelada do RN ictérico se dá pela
redundância de bilirrubina no sangue, onde o fígado não consegue metabolizar de
forma correta a bilirrubina. Na especificidade da icterícia por incompatibilidade
sanguínea, se dá pelo tipo ou grupo sanguíneo Rh (fator sanguíneo positivo ou
negativo) ABO (Tipagem sanguínea). Na icterícia por ABO, os pais apresentam tipos
sanguíneos diferentes, em decorrência, o RN pode torna-se ictérico; Já no caso da
icterícia por incompatibilidade de Rh tem-se a forma mais grave de icterícia, pois,
mãe e RN possuem tipos sanguíneos diferentes. Porém, em ambos os casos é
necessário o uso da fototerapia (JAIME MURAHOVSCHI, 2006).
Consequentemente, a incompatibilidade, ou o fato de não combinar os
grupos sanguíneos podem ocasionar a icterícia, o termo incompatibilidade começou
a ser utilizado no século XVI na França e se aprimorou em meados do século XX,
por ser seu diagnóstico precoce uma das possibilidades de tratamento e cura da
icterícia neonatal (FACCHINI, 2007).
No caso da icterícia neonatal por incompatibilidade sanguínea, os
profissionais de Enfermagem são norteados pela revisão inicial do histórico familiar
da mãe e do bebê, buscando fatores de risco como a incompatibilidade Rh ou Abo,
que podem ocasionar o excesso de bilirrubina, a observação ao RN, quanto aos
sinais da icterícia. Por meio destes métodos primários, analisa e indica exames para
observar os níveis de bilirrubina. “a hiperbilirrubina é a concentração sérica de
bilirrubina indireta (BI) maior que 1,5 mg/dl ou de bilirrubina direta (BD) maior que
9
1,5mg/dl, desde que represente mais de 10% do valor da bilirrubina total
(BT)”(ALMEIDA, NADER, DRAQUE, 2010).
Segundo o Guia de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, na prática
98% dos RNs apresentam níveis séricos de BI acima de 1mg/dl durante a primeira
semana de vida, o que, na maioria das vezes, reflete a adaptação neonatal ao
metabolismo da bilirrubina (BRASIL, 2011).
Segundo CARVALHO (2001), em media cerca de 60% dos RNs
"desenvolvem níveis séricos de bilirrubina superior a 5mg%. Sua etiologia é, na
maioria das vezes, multifatorial, e o tratamento dependerá do tipo e da intensidade
da icterícia”. Na historicidade da icterícia neonatal os primeiros estudos e atenções
são datados da década de 1980, a palavra icterícia é originaria do latim icteritia, em
grego ikteros, significando tom amarelado dos olhos e da pele do RN.
Uma das reações da icterícia neonatal é falta de desenvolvimento das
funções hepáticas, o fígado do RN não esta preparado o suficientemente para
metabolizar a bilirrubina do sangue, ocasionando a destruição dos glóbulos
vermelhos, a bilirrubina começa a se elevar no sangue, causando um tom amarelado
da pele e do “branco dos olhos” (CLOHERTY E STARK, 2000).
No tratamento da icterícia neonatal por incompatibilidade sanguínea, a
fototerapia vem sendo empregada desde a década de 1960, porém a aparelhagem
utilizada, sofreu poucas mudanças no decorrer do tempo. Na atualidade “a maioria
dos aparelhos de fototerapia convencional utilizados em nosso meio, são equipados
com um número insuficiente de lâmpadas fluorescentes” (CARVALHO E LOPES,
1992).
Conforme VIEIRA et al., (2004), atualmente a fototerapia constitui-se na
modalidade terapêutica mais utilizada em escala mundial no tratamento da
hiperbilirrubinemia neonatal, causada pelo aumento dos níveis de bilirrubina indireta
lipossolúvel não conjugada.
10
Diante do exposto, os cuidados ao neonato ictérico em uso da fototerapia,
pelos profissionais de enfermagem, demandam uma valorização do ato de cuidar, o
qual:
Na Enfermagem consiste em envidar esforços transpessoais de um ser humano para outro, visando proteger, promover e preservar a humanidade, ajudando pessoas a encontrar significados na doença, sofrimento e dor, bem como, na existência. É ainda, ajudar outra pessoa a obter autoconhecimento, controle e auto cura, quando então, um sentido de harmonia interna é restaurada, independentemente de circunstâncias externas (SOUZA, 2005).
No ambiente hospitalar em especial nas maternidades, os cuidados e
atenções ao RN são diversos, entretanto, há um percentual de atendimentos a RNs
com icterícia neonatal por incompatibilidade sanguínea, onde um dos tratamentos
realizados é a utilização da fototerapia (CARVALHO, 2006).
Este tipo de icterícia pode se agravar, deste modo, a atuação da Enfermagem
está na prevenção desta enfermidade, na tentativa de evitar sua evolução e até
mesmo como uma precaução de uma exsanguineotransfusão (a substituição do
sangue do RN, através da retirada de múltiplas alíquotas, pela mesma quantidade
de sangue de um doador homólogo), com efeito, estes cuidados representam um
grande desafio para os profissionais de Enfermagem (DINIZ, 2001).
EVOLUCÃO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO
TRATO AO NEONATO ICTÉRICO.
Os cuidados de Enfermagem reportam-se aos domínios da ampliação das
técnicas, procedimentos e elementos das emoções humanas, além da capacidade
de cuidar de outra pessoa. Desta forma “é fundamental o conhecimento das
indicações e das técnicas, além da escolha e utilização de material adequado para a
realização dos procedimentos invasivos ou não no cuidado ao RN”. A decisão do
procedimento a ser adotada em casos específicos demanda atenta ponderação dos
riscos e dos benefícios dos métodos (KENNER, 2001).
No atendimento ao neonato ictérico em uso de fototerapia, os cuidados de
Enfermagem envolvem de acordo com algumas literaturas: observações rigorosas;
proteção dos olhos; Despir completamente o neonato; expô-lo às luzes e anotar o
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inicio do tratamento; pesar diariamente; mudança de decúbito e verificação de
temperatura; observar a coloração da pele como erupções; observar atividade,
reflexos umidade das mucosas, torpor de pele; retirar o neonato da fototerapia para
higienização, alimentação, coleta de amostra sanguínea que dever ser transportada
coberta para que não haja destruição das hemácias, que pode alterar os resultados
dos exames; não deve ser utilizado pomadas, óleos, cremes, pois podem provocar
queimaduras na pele do neonato (CORREA e TOMASI, 2002).
Segundo ABREU E NASCIMENTO (2008), na fototerapia, os cuidados estão
mais voltados à proteção da pele e olhos do bebê, verificação da irradiância,
controle de perda hídrica, observação de eliminações e mudança de decúbito a cada
duas horas.
Com relação ao controle da perda hídrica o valor da estimativa do estado de
hidratação do RN em fototerapia se faz devido ao risco que o mesmo tem em
desenvolver desidratação, em consequência da diarreia. Além da alteração
gastrointestinal (GOMES, TEIXEIRA, BARICHELLO, 2010).
Outros cuidados de Enfermagem ao neonato com expressiva discussão nas
obras são: a distância do RN do foco de luz que é aproximadamente de 30 a 35 cm;
a verificação se todas as lâmpadas estão acesas e a troca de lâmpadas quando a
irradiância medida por irradiômetro for inferior.Na literatura consta que a troca é
necessária quando a irradiância for menor que 4µw/cm/nm ou após 2000h de uso ou
a cada 3 (três) meses, caso não haja irradiômetro (LOWDERMILK, PERRY E
BOBAK, 2002).
De acordo com MARGOTTO E MELLO (2007), posicioná-las a uma distância
ideal (30-35 cm em foto convencional e a 50 cm em foto halógena);utilizar aparelhos
com sete ou oito lâmpadas, substituindo duas lâmpadas fluorescentes brancas por
azuis posicionando-as no centro do aparelho; substituí-las quando alcançarem
tempo de uso determinado pelo fabricante ou quando a radiância alcançar níveis
inferiores ao mínimo ideal; colocar superfícies refletoras para aumentar superfície
corporal iluminada; verificar seu tempo de uso com data, horário e termino de uso,
utilizar fototerapia dupla nos RN com hiperbilirrubinemia mais grave, neste caso os
cuidados são redobrados.
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A proteção ocular é mais um cuidado ao neonato ictérico em uso da
fototerapia, na literatura existe um consenso quando a necessidade dessa proteção,
pois pode ocorrer a complicação da degeneração da retina pela exposição à luz
(CORREA E TOMASI, 2002).
Conforme LOWDERMILK, PERRY E BOBAK (2002),a proteção dos olhos
deve ser removida quando a criança é alimentada, para favorecer o vínculo mãe e
filho, durante o banho e as visitas.
Nestes procedimentos deve haver o cuidado para que o neonato não
permaneça mais de 30 minutos fora da fototerapia, os autores recomendam que
antes de colocar a proteção ocular é preciso assegurar-se de que os olhos da
criança estejam fechados para prevenir escoriação na córnea e os olhos, os quais
devem ser avaliados periodicamente ( FACCHINI, 2007).
Em uma pesquisa realizada pelos autores supracitados com profissionais de
Enfermagem, com relação a proteção dos olhos consta que:
31 (50%) dos entrevistados afirmaram que o mesmo deve ser utilizado durante todo tempo e 18 (29%) citaram que o protetor ocular deve ser retirado durante o banho e para amamentação. Salienta-se que os profissionais não referiram o cuidado em relação a avaliação periódica dos olhos para identificar drenagem de secreção e abrasão nem a necessidade de fechar os olhos do bebê para adaptar a proteção ocular (GOMES, TEIXEIRA, BARICHELLO, 2010).
Determinados autores alegam que essa proteção pode ser feita com
bandagens, vendas de pano ou faixa crepe. Em estudo não foi encontrada uma
associação estatisticamente significativa entre uso da fototerapia e alterações na
conjuntiva (CAMPOS E CARDOSO, 2004).
Em alguns procedimentos é recomendada a mudança de posição do
neonato, porém essa ação comum não ajuda na eficácia da fototerapia, conforme
um estudo realizado em Israel no ano de 2002. A queda dos níveis de bilirrubina foi
maior nos RNs mantidos em posição supina (quando o indivíduo deita de face para
cima) do que nos RNs que eram mudados de posição (MARGOTTO E MELLO,
2007).
13
Na literatura há uma grande discussão quanto à utilização ou não da fralda
em RN sob fototerapia, alguns autores relatam que o RN deve estar totalmente
despido, evitando uso de fraldas, por diminuir a superfície corporal exposta, outros
indicam que somente RN pré-termo deve utilizar a fralda para diminuir as perdas
insensíveis. Determinados estudos ainda recomendam o uso da proteção gonadal
(testículo, ovário) em todos os RNs, independente do sexo (GOMES, TEIXEIRA,
BARICHELLO, 2010).
Na atualidade os procedimentos de cuidados de Enfermagem no tratamento
ao neonato ictérico são desenvolvidos para aumentar a eficiência da fototerapia. Ao
dar início a esse tratamento com níveis séricos de bilirrubina mais elevados é
necessário envolver a fototerapia com pano branco que gera o aumento da
irradiância em 20%, exigindo mais observação e atenção nos cuidados com o RN
(MARGOTTO E MELLO, 2007).
Desta forma, os cuidados de Enfermagem no atendimento ao neonato ictérico
assumem por foco a promoção da estabilidade da saúde da criança. Neste contexto,
procura-se, no atendimento ao neonato gerenciar as técnicas de readaptação após a
patologia, ainda preocupa-se também com os futuros traumas que podem ser
desenvolvidos com um tratamento mal acompanhado, tais como, o impacto aos
olhos e as possíveis queimaduras, como referido pelos autores supracitados
(NETTINA, 2007).
Portanto, é perceptível que este tipo de patologia neonatal necessita de
cuidados, além de profissionais com conhecimento técnico e humano. Neste sentido,
não se é possível discorrer em amostras de cuidado em Enfermagem sem um
referencial teórico-filosófico com meditações pessoais e coletivas, que permitam a
compreensão do valor desse cuidado (CAMPOS, 2005).
No quadro do anexo- 3 podem-se observar mais cuidados ao neonato com
icterícia em uso do tratamento de fototerapia segundo o livro do aluno de
neonatologia (CLOHERTY E STARK, 2000).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo ao objeto do presente artigo é real a importância dos cuidados de
Enfermagem no atendimento ao neonato ictérico, na medida em que esse domínio
da técnica e da ética são os meios norteadores de todo o processo de recuperação
e cura da icterícia neonatal.
Ao realizar a revisão bibliográfica, traçando uma evolução histórico-teórica da
Enfermagem, foi possível observar que são poucas as obras na atualidade que
abordam o cuidado ao neonato ictérico em uso de fototerapia, desta forma a busca
por protocolos de Enfermagem, resultou em sua grande maioria estando ligados ao
conhecimento das máquinas, dos tipos de fototerapia, da irradiação, dos cuidados
rotineiros no trato ao neonato.
Com efeito, no contexto histórico dos cuidados de Enfermagem, pode-se
perceber que a prática dessa ciência é imprescindível, formando-se no ato de cuidar,
promover recuperação, reabilitação e cura. No caso da icterícia neonatal a atenção
dos profissionais de Enfermagem pode não somente tratar essa patologia, mas
também auxiliar em sua identificação.
No tópico denominado histórico da fototerapia foi ressaltado como esse
tratamento surgiu e suas mudanças tecnológicas no decorrer do tempo. De acordo
com os autores que formam o referencial teórico existe um consenso a respeito do
uso da fototerapia no tratamento da icterícia neonatal, em especial no caso da
desenvolvida por incompatibilidade sanguínea, sendo um método que possui
protocolos mundialmente utilizados.
A fototerapia reduz as possibilidades de piora do quadro clinico do neonato
ictérico, entretanto o profissional de Enfermagem deverá estar atento à evolução do
quadro, a fim de evitar uma exsanguineotransfusão ou mesmo o desenvolvimento de
patologia mais severa que é a Kernícterus.
Contudo, através desse estudo foi possível conhecer os cuidados que são
realmente realizados pelos profissionais de Enfermagem durante a assistência
prestada ao neonato ictérico submetido à fototerapia. Além disso, fora importante
15
observar as contradições entre os conteúdos dos protocolos recomendados pelos
autores que formulam o referencial teórico, esses protocolos são utilizados para
embasar os cuidados realizados, porém alguns não expressam a necessidade da
família ser orientada, isso ocorre somente na prática do cotidiano hospitalar.
Portanto, todo esse domínio da técnica e visão humanista por parte dos
profissionais de Enfermagem são essências para uma melhor assistência ao
neonato ictérico, deste modo, cuidar em Enfermagem não é somente exercer uma
profissão, é um ato de amor, onde esse profissional visa para seu cliente um bem
estar biopsicossocial.
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Acesso do dia15 de março de 2013, ás 20h: 25 min, às 19h: 24min.
19
Anexos
20
Anexo- 1
FONTE: (BRASIL, 2011)
21
Anexo- 2.
Anexo- 3
FONTE: (CLOHERTY E STARK, 2000)
FONTE: (BRASIL, 2011)