4
O PETROLE RO O PETROLE RO Jornal do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais Edição LVIIi - 22 de março de 2019 Veja nesta edição: Petrobrás atende medida inconstitucional do governo para atingir sindicatos Quais são os desafios enfrentados pelas mulheres petroleiras? Editorial: Mulheres são símbolos de resistência 4 3 2

O PETROLE RO - sindipetrosindipetro.org/wp-content/uploads/2019/03/OPetroleiro-LVIII.pdf · nifestação será às 16h, na Praça Dr. João Alves (Praça do Automóvel Clube). A Reforma

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O PETROLE RO - sindipetrosindipetro.org/wp-content/uploads/2019/03/OPetroleiro-LVIII.pdf · nifestação será às 16h, na Praça Dr. João Alves (Praça do Automóvel Clube). A Reforma

O PETROLE ROO PETROLE ROJornal do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais Edição LVIIi - 22 de março de 2019

Veja nesta edição:

Petrobrás atende medida inconstitucional do governo para atingir sindicatos

Quais são os desafios enfrentados pelas mulheres petroleiras?

Editorial: Mulheres são símbolos de resistência

432

Page 2: O PETROLE RO - sindipetrosindipetro.org/wp-content/uploads/2019/03/OPetroleiro-LVIII.pdf · nifestação será às 16h, na Praça Dr. João Alves (Praça do Automóvel Clube). A Reforma

Jornal do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais

2

Diretoria Colegiada: Alas Castro, Alexandre Finamori, Aluízio Castro, Anselmo Braga, Carlos Roberto, Cristiane Reis, Cristiano Almeida, Edson Ferreira, Eduardo de Sousa, Felipe Pinheiro, Joaquim Monteiro, Julionor Quintela,

Leopoldino Martins, Letícia Staela, Márcia Nazaré, Edna Vieira, Orlando Carlos, Osvalmir de Almeida, Paulo Valamiel, Ronaldo Marques, Salvador Cantão, Thiago Marinho, Vinícius Costa e Wender Destro.

Redação, revisão e diagramação: Nathália Barreto - 3426/ES e Thaís Mota - 15616/MG Av. Barbacena, 242 - Bairro Barro Preto - Belo Horizonte/MG - CEP: 30.190-130 - Tel.: (31) 2515-5555

www.sindipetromg.org.br - [email protected]

Mulheres são símbolo de resistência

CALENDÁRIOmarço22: Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência, às 17h, na Praça 7, em BH;

30: 51 anos de inauguração da Regap;

abril2: Encontro de Aposentados do Sindipetro/MG;

5 a 7: Encontro Nacional das Mulheres Petroleiras da FUP;

iINFORMES“editorialEncontro Nacional de Petroleiras

acontece entre 5 e 7de abril em Vitória

Atos contra Reforma da Previdência acontecem em todo o Brasil nesta sexta (22)

Leilão de carro do Sindipetro/MG é finalizado com sucesso

Nos dias 5, 6 e 7 de abril, acontece em Vitória (ES), o 7° Encontro Nacional das Mulheres Petroleiras da FUP, organizado pelo Coletivo de Mulheres da Federação. A petroleiras de Minas que tiveram interesse em participar po-dem entrar em contato com qualquer diretor ou diretamente na secretaria do Sindipetro/MG (2515-5555) para informar seus dados pessoais. O Sindicato arcará com todas as despesas da viagem.

A diretoria do Sindipetro/MG convoca a categoria petroleira a participar do Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência - que acontecerá nesta sexta-feira (22), em Belo Horizonte e Montes Claros. O ato acontecerá na Praça 7, no centro da capital, a partir de 17 horas. Já em Montes Claros, a ma-nifestação será às 16h, na Praça Dr. João Alves (Praça do Automóvel Clube).

A Reforma da Previdência apresentada pelo governo Jair Bolsonaro preju-dica muito a classe trabalhadora brasileira, especialmente a população mais pobre e as mulheres. Por isso, lutemos juntos para barrar essa reforma.

Foram abertos no dia 11 de março, durante reunião da diretoria do Sin-dipetro/MG, os envelopes contendo propostas para aquisição de um veículo Fiat Doblô ofertado pelo Sindicato à categoria. Ao todo foram entregues dois envelopes e o veículo foi adquirido pelo petroleiro Bernardino Pinto de Oli-veira Júnior, que ofereceu o valor de R$ 26.100.

Sempre na mira dos poderes dominantes, as mulheres têm sido, ao longo da história, símbolos de resistência. Elas estiveram nos campos de batalha em diversas guerras no Brasil e no mundo, protagonizaram algumas das mais importantes lutas por melhores condições de trabalho, e resistiram bravamente à ditadura militar na América Latina - embora só apareçam na história como "companheiras" de algum revolucionário, líder político ou combatente.

Graças às mulheres que vieram antes de nós, um longo caminho já foi pavimentado. No entanto, por sermos minoria (não no sentido literal da pa-lavra), seguimos na mira. Ainda vítimas de inúmeras desiguldades, estamos sendo mais uma vez atacadas.

No caso brasileiro, em vários dos projetos colocados em pauta pelo go-verno de Jair Bolsonaro (PSL), somos as principais prejudicadas. Isso serve para a Reforma da Previdência - que afeta sobremaneira as mulheres - em razão da inserção da mulher no mercado de trabalho brasileiro e de contexto social e histórico do País, ainda muito marcado pelo patriarcado.

Também seremos nós as mais prejudicadas pelo decreto que flexibiliza a posse de armas no Brasil - tendo em vista que a maior parte dos casos de feminicídio registrados no Brasil foram provocados por armas de fogo (48,8%), conforme dados do "Mapa da Violência 2015: homicídio de mulhe-res no Brasil".

Por isso, nossa luta por uma sociedade mais justa não pode parar. A his-tória nos diz isso e o momento desafiador atual também têm nos mostrado o quanto a força feminina pode ser essencial para mudar a realidade. Afinal, fomos nós que protagonizamos os mais contundentes atos de oposição à eleição de Bolsonaro ao saírmos às ruas na campanha do #EleNão.

Mas é importante que ocupemos também os espaços de poder, as ins-tâncias decisórias e pautemos e participemos dos mais diversos debates na sociedade. E o sindicato é também um espaço a ser ocupado, apropriado e modificado pelas mulheres. Apesar de ainda muito masculinizado, esse tam-bém é um espaço nosso e do qual devemos usufruir, afinal é aqui que nossos direitos enquanto trabalhadoras são discutidos.

Foi inclusive e somente a partir da organização das mulheres, por meio do Coletivo de Mulheres da FUP, que se conquistou o aumento do tempo da licença-paternidade, a instalação de salas de aleitamento nas unidades da Petrobrás, a ampliação do auxílio-creche para homens, além da ocupação de um espaço permanente de diálogo na comissão de diversidade da estatal.

No caso do Sindipetro/MG, somos três diretoras e realizamos essa sema-na II Encontro de Mulheres Petroleiras de Minas Gerais - que é uma oportu-nidade para ocuparmos o Sindicato, nos reunirmos com as trabalhadoras e debatermos juntas os desafios diários do nosso trabalho na Petrobrás.

Ainda é só o começo mas, juntas, podemos construir uma realidade mais justa e igualitária dentro da Petrobrás e também fora dela.

Page 3: O PETROLE RO - sindipetrosindipetro.org/wp-content/uploads/2019/03/OPetroleiro-LVIII.pdf · nifestação será às 16h, na Praça Dr. João Alves (Praça do Automóvel Clube). A Reforma

Jornal do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais 3

PETROBRÁS ATENDE MEDIDA INCONSTITUCIONAL DO GOVERNO PARA ATINGIR SINDICATOS

No último dia 15 de março, a categoria petroleira foi surpreendida com a deci-

são inconstitucional da direção da Pe-trobrás de acabar com o desconto em folha das contribuições mensais dos sindicatos. A norma prevê que tra-balhadores filiados, já a partir deste mês, só poderão contribuir para seus sindicatos via boleto bancário.

A justificativa da empresa para a implantação de tal mudança é atender a Medida Provisória 873 - editada pelo presidente Jair Bolsonaro e enviada ao Congresso Nacional em pleno sá-bado de Carnaval (02/03). A MP refor-ça os efeitos da Reforma Trabalhista e determina uma série de restrições para os sindicatos se sustentarem fi-nanceiramente.

Tanto é ilegal que sindicatos de petroleiros do Amazonas, Norte Flu-minense, Paraná e Santa Catarina já conseguiram liminares determinan-do a manutenção do desconto das mensalidades em folha de pagamen-to - conforme previsto na Constituição e também no Acordo Cole-tivo de Traba-lho (ACT) dos petroleiros e petroleiras. O Sindipetro/MG também ingressou com ação junto à Justiça de Betim, mas a liminar foi indeferida.

No caso do Amazonas, a decisão abrange os trabalhadores da Transpe-tro – que terá que manter o desconto em folha das contribuições sindicais sob pena de multa diária de R$ 10.000. Já no Norte Fluminense, o despacho do juiz ressalta que a medida tomada pela Petrobrás fere “princípios da li-berdade e autonomia sindical e do pa-pel do sindicato na defesa dos direitos e interesses da categoria”.

No Paraná e em Santa Catarina, o juízo entendeu que "a cobrança da

contribuição sindical, mediante des-conto salarial prévia, voluntária, in-dividual e expressamente autorizado pelo trabalhador é um meio adequa-do para atingir o fim de proteção da sua liberdade sindical. A existência de documento nesse sentido garante a proteção ao direito fundamental dos trabalhadores".

Na data em que a Petrobrás anun-ciou o fim do desconto em folha, a Fe-deração Única dos Petroleiros (FUP) fez uma notificação extrajudicial à empresa cobrando que ela voltasse atrás na decisão arbitrária e ressal-tando que a medida é inconstitucio-nal, pois viola o Inciso IV do Art. 8° da Constituição Federal.

O item citado assegura que "a as-sembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria pro-fissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei".

No docu-mento, a FUP ressaltou ain-da que a Pe-trobrás terá que arcar com as consequên-cias jurídicas do descum-primento da Constituição,

inclusive, com responsabilização pes-soal dos gestores envolvidos na deci-são arbitrária tomada pela empresa de suspender os descontos.

Na avaliação do Sindipetro/MG, a MP 873 foi editada pelo governo na tentativa de inviabilizar a organiza-ção dos trabalhadores na luta contra a Reforma da Previdência - cuja pri-meira manifestação convocada pelas centrais sindicais ocorre nesta sexta--feira (22) em todo o País.

"Nós entendemos que isso é um ataque frontal às categorias organi-zadas que sobreviveram à Reforma

Trabalhista. Esse governo sabe que somos nós, juntamente com os movi-mentos sociais, que vamos resistir e lutar contra as reformas danosas que ele propõe e também sabe que, no ano passado, fi-zemos uma grande gre-ve onde, juntamen-te com os caminho-n e i r o s , derrubamos o então presidente da Pe-trobrás. Então é bom que fique claro também que não vamos arregar agora e que nossa luta contra a privatização da Petrobrás e a Reforma da Previ-dência vai continuar", disse o coorde-nador do Sindicato, Anselmo Braga.

INCONSTITUCIONALIDADEOutras categorias trabalhistas

também já haviam conquistado limi-nares no sentido de impedir o fim do desconto das contribuições sindicais em folha de pagamento. É o caso do Sindicato dos Servidores das Justiças Federais do Rio de Janeiro (Sisejufe) e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (Sintufrj).

Também há liminares em favor do

Sindicato dos Trabalhadores no Servi-ço Público Federal no Estado de Goiás (Sintsep-GO), do Sindicato dos Traba-lhadores em Transportes Rodoviários de São Leopoldo (RS) e do Sindicato

dos Trabalha-dores Fede-rais em Saú-de, Trabalho, Previdência e Assistência Social do Es-tado da Bahia

Na avaliação jurídica feita pelas centrais sindicais, a medida do gover-no Bolsonaro é inconstitucional. "Os empregadores que não efetivarem os referidos descontos, além da ilega-lidade, incorrerão em práticas antis-sindicais e sofrerão as consequências jurídicas e políticas dos seus atos", informaram em nota publicada à im-prensa.

Em reunião no dia 12 de março com representantes das centrais, o próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reconheceu que a MP 873 "inviabiliza a existência dos sindicatos" e admitiu a possibili-dade de devolver a medida provisória à Presidência. Se isso ocorrer, a MP 873 perde a validade e deixa de trami-tar na Câmara e no Senado.

"Nós entendemos que isso é um ataque frontal às categorias organizadas que sobreviveram à Reforma Trabalhista. Esse governo sabe que somos nós, jun-tamente com os movimentos sociais, que vamos resistir e lutar contra as reformas danosas que ele propõe"

Anselmo Braga, coordenador do Sindipetro/MG

3 sindicatos de petroleiros já conseguiram liminares que determinam a

manutenção do desconto em folha da mensalidade dos filiados devido à inconstitucionalidade da MP 873

Sede administrativa da Petrobras no Rio de Janeiro. Foto: Geraldo Falcão (Agência Petrobras)

Page 4: O PETROLE RO - sindipetrosindipetro.org/wp-content/uploads/2019/03/OPetroleiro-LVIII.pdf · nifestação será às 16h, na Praça Dr. João Alves (Praça do Automóvel Clube). A Reforma

Jornal do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais 4

QUAIS SÃO OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELAS MULHERES PETROLEIRAS?

Não é fácil ser mulher. To-dos os dias ouvimos isso por aí. Mas, hoje, a refle-

xão sobre esse tema virá a partir do lugar de fala das petroleiras. Afinal, o que é ser petroleira e quais são os desafios de uma mulher dentro da Petrobrás? Quais os desafios do tra-balho de turno ou de se trabalhar em um ambiente ainda tão masculinizado (atualmente, apenas 16,6% dos traba-lhadores da Petrobrás são mulheres, sendo ainda menor na operação)?

Um dos aspectos levantados pelas trabalhadoras ouvidas pelo Sindipe-tro/MG - e que apareceu com certo nível de recorrência - é a questão do machismo, ainda muito presente nas unidades operacionais.

"Hoje há um machismo diferente e talvez mais complexo e velado do que o vivido pelas primeiras mulheres na operação", afirma a operadora da Re-gap, Vanessa Serbate, de 29 anos.

Segundo ela, antigamente, "os homens achavam que a gente não era capaz ou não tinha força física suficiente. Mas, hoje, os homens já aceitam que somos capaz de fazer, mas temos de su-portar comen-tários que, a todo tempo, questionam as característi-cas da mulher. Então, se eu falo de forma doce, é porque quero algo. Se falo de maneira ríspida é por-que sou mandona e autoritária. Uma análise que nunca é feita sobre a pos-tura do homem", diz.

Já a também operadora da Regap, Carolina Paularie, de 39 anos, contou um pouco sobre como o trabalho e a renda da mulher são, muitas vezes, desqualificados. "O que percebo mui-to é que as mulheres que trabalham na refinaria têm uma participação im-portante em termos de orçamento fa-

miliar. Mas, eu já passei por situações em que nossos colegas olham para o nosso trabalho como se ele fosse algo secundário quando, na verdade, ele é tão importante quanto a renda que eles, os homens, proporcionam para suas famílias. Então, é necessário compreender a importância do tra-balho feminino e sua equivalência ao trabalho do homem", disse.

Ela relatou ainda uma experiência pessoal e que foi muito marcante em sua vida. "Meu ex-marido também era funcionário da Petrobrás e, na época em que éramos casados, me era colo-cado que eu não precisava do turno porque meu marido já trabalhavade turno. Hoje, nem sou mais casada. Agora, imagina se eu tivesse aberto mão da minha profissão em função disso?"

TRABALHO DE TURNOSobre o trabalho de turno - reali-

dade das mulheres que trabalham na operação da Regap, Termelétrica Au-reliano Chaves e Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro - as petroleiras relatam

prós e con-tras.

Um dos aspectos le-vantados é a possibilidade de acompa-nhar filhos em consultas médicas ou participar de

reuniões escolares - o que é dificul-tado às mulheres que trabalham em regime administrativo. "Prefiro o tur-no por isso e também porque quando estou no zero hora, para o meu filho é como se eu não tivesse trabalhado, e quando estou de 16h à meia-noite fico distante dele por um curto perí-odo de tempo porque quando saio ele está na escola e ele dorme cedo", disse Vanessa, que está grávida de 4 meses e é mãe de um menino de três anos.

Por outro lado, o regime de turno

também impõe o trabalho, muitas ve-zes, aos domingos e feriados. "A gente não consegue estar com nossos filhos nos horários em que eles estão fora da rotina, como nos feriados, finais de semana e, as vezes, à noite tam-bém. Isso afasta um pouco a gente de nos manter mais próximos deles", dis-se Carolina, que é mãe de uma ado-lescente de 16 anos e um menino de 9. Inclusive, em caso de dobras, elas ficam fora por até 16 horas - o que im-pacta na rotina de toda a família.

Na última greve dos petroleiros de Minas, por exemplo, Vanessa foi reti-da na empresa e só deixou a refinaria após 40 horas de trabalho, fato grave denunciado na época pelo Sindipetro/MG. E, no último dia da paralisação, que juntamente com a greve dos ca-minhoneiros derrubou o então pre-sidente da Petrobrás, Pedro Parente, Vanessa foi para a porta da Regap protestar com o filho no colo.

MÚLTIPLAS JORNADASOutro aspecto que não se restrin-

ge apenas às petroleiras e que ainda é algo bastante estrutural em nossa sociedade são os inúmeros papéis

desempenhados pela mulher. Ainda ficam a cargo das mulheres os cui-

dados com a casa, os filhos e, em alguns ca-sos, os pais ou sogros muitas vezes já idosos ou doentes. Algumas acumulam ainda o es-tudo, como é o caso de

Vanessa, que faz mestrado em Enge-nharia Civil.

Apesar de se sentir privilegiada por contar com o marido nos cuida-dos com o filho e com a casa (que op-tou por trabalhar em casa para poder cuidar do filho do casal), coincidente-mente no momento da entrevista, Va-nessa estava dando de jantar ao filho pois, justamente nesta semana, o ma-rido estava viajando a trabalho.

Esse é apenas um exemplo do acú-mulo de funções pelas mulheres e que, em grande parte, contribui para comprometer a saúde da mulher.

Um estudo publicado em 2017 pela Universidade Nacional da Austrália revelou que a mulher dedica em mé-dia 4,5 horas diárias às tarefas do lar, enquanto os homens contribuem com menos da metade desse tempo. Com isso, o estudo conclui que as mulheres deveriam trabalhar menos horas por semana em seus empregos.

"O que percebo muito é que as mulheres que trabalham na refinaria têm uma participa-ção importante em termos de orçamento familiar. Mas eu já passei por situações em

que nossos colegas olham para o nosso traba-lho como se ele fosse algo secundário quando,

na verdade, ele é tão importante quanto a renda que eles, os homens, proporcionam

para suas famílias. "Carolina Paularie, petroleira

Mulher trabalhando na P-26 (2004). Foto: Juarez Cavalcanti (Agência Petrobras)

As mulheres represen-

tam apenas 16,6% dos trabalhadores da

Petrobrás