O problema filosófico religioso

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No decorrer da história da humanidade muitos filósofos se interessaram em estudar sobre o fenômeno religioso, contudo houve divergências entre as opiniões, pois alguns criticaram e negaram a existência de Deus, enquanto outros afirmaram a existência do Criador. Assim, o problema filosófico religioso consiste nesse embate de ideias entre os filósofos.

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A IMPORTNCIA DA RELIGIO SEGUNDO BLAISE PASCALWilliam Francisco de Sousa[footnoteRef:1] [1: Estudante acadmico, 1 ano do curso de filosofia no instituto de Filosofia Santa Cruz.]

Resumo No decorrer da histria da humanidade muitos filsofos se interessaram em estudar sobre o fenmeno religioso, contudo houve divergncias entre as opinies, pois alguns criticaram e negaram a existncia de Deus, enquanto outros afirmaram a existncia do Criador. Assim, o problema filosfico religioso consiste nesse embate de ideias entre os filsofos. A religio Crist vista por Pascal como a nica que ajuda o homem a inclinar-se para Deus, visto que somente esta leva em conta a harmonia entre a f, a razo e os costumes. Como no se pode provar empiricamente a existncia de Deus, Blaise Pascal props em termos de probabilidade a conhecida aposta Pascal, a qual implica que no perdem nada aqueles que crem em Deus, pois tero um ganho infinito. Em contrapartida aqueles que no crem em Deus tero uma perda infinita.Palavras chave: Religio, fenmeno religioso, problema filosfico religioso.

A religio estudada por diversas cincias, entre elas: a histria, a psicologia, a fenomenologia, a psicanlise e a sociologia. Dentro do campo filosfico, a que se adere a esse assunto a filosofia da religio, a qual no procura inventar ou fundamentar o ato religioso, todavia consiste em esclarec-lo da melhor forma possvel dentro dos limites da capacidade racional do ser humano. Da surge seguinte pergunta: com quem se d o relacionamento do homem na religio?[footnoteRef:2] [2: Urbano, ZILLES, Filosofia da religio, So Paulo, 1991.]

A religio leva em conta os acontecimentos ltimos do homem, da histria e do mundo. Desde o aparecimento da humanidade na histria, entende-se por esse assunto a relao do homem com Deus ou com o divino[footnoteRef:3]. Assim, a filosofia tem seus objetivos em comum com a religio porque o objetivo de ambas a Verdade, no sentido mais alto da palavra, isto , enquanto Deus, e somente Deus a Verdade.[footnoteRef:4] [3: Urbano, ZILLES, op. cit.] [4: George HEGEL apud Urbano, ZILLES, op. cit.]

Assim, no qualquer cincia que capaz de indagar sobre os acontecimentos ltimos do homem e do mundo. Alm disso, cabe pesquisar se o fenmeno religioso tpico do ser humano e se o ajuda a enxergar uma realidade que o transcende.[footnoteRef:5] [5: Urbano ZILLES, op. cit.]

Este artigo foi dividido da seguinte forma: Em primeiro lugar discorre sobre o problema filosfico religioso o qual implica na existncia ou na no-existncia de Deus, na condenao ou na aceitao da religio pelos filsofos. Depois, analisa os meios de crer que relacionam a f e a razo juntamente com o costume o qual justifica a verdadeira religio. Por fim, apresenta a aposta Pascal que tem como objetivo mostrar a importncia de crer na existncia de Deus.O presente artigo tem como finalidade fornecer uma viso global referente importncia da religio na vida do ser humano com enfoque em Blaise Pascal, visto que perceptvel o crescimento da violncia e da criminalidade em nossos tempos[footnoteRef:6], tais como: o estrupo, o aborto, a pedofilia, assassinatos, homicdios, enfim estas imoralidades esto atribudas condenao da religio e a negao da existncia de Deus, pois segundo Dotoievski: [6: Cassiano OLIVEIRA, Necessidade e desejo: Uma anlise psicofilosfica acerca da experincia religiosa, Goinia: monografia: pro manuscripto, 2007.]

Se Deus no existe, nesse caso, o homem seria o rei da terra, do Universo. magnfico! Mas como praticar ele a virtude sem Deus? (...) Porque tudo permitido se Deus no existe, no h virtude, pois ela seria absolutamente intil.[footnoteRef:7] [7: Fidor DOTOIEVSKI, Os Irmos Karamazovi, So Paulo, 2006. p. 578]

Portanto todo Cristo tem a misso de levar Deus s pessoas para que possam conhecer e desfrutar do amor de Deus, como disse santo Agostinho: Fazei que eu vos conhea, Conhecedor de mim mesmo, sim, que Vos conhea como de Vs sou conhecido. virtude da minha alma, entrai nela, adaptai-a a Vs, para a terdes e possuirdes sem mancha nem ruga. esta a esperana com que falo a esperana em que me alegro quando gozo de uma alegria s[footnoteRef:8]. [8: Aurlio, AGOSTINHO, Confisses, So Paulo,1999. p. 259.]

MetodologiaO mtodo de abordagem empregado no presente trabalho o hipottico-dedutivo, visando por meio de pesquisas bibliogrficas em livros, monografias e livros buscados em meio eletrnico, deduzir uma hiptese sobre o assunto abordado.

O problema filosfico religiosoA palavra religio vem do latim religare, que significa religar. Dependendo da denominao religiosa, encontramos diversos conceitos, porm esta uma manifestao tipicamente humana, pois no se encontra presente nos outros seres vivos[footnoteRef:9]. Portanto, religio a relao que o homem tem com o Divino ou o sagrado, relao de dependncia e venerao. [9: Batista MONDIN, Introduo a filosofia: Problemas, sistemas, obra, autor, So Paulo, 2010. p.92]

A religio uma manifestao tpica do ser humano, dado que essa capacidade espiritual no est presente nos outros seres vivos, pois a religio assenta na diferena essencial que existe entre o homem e o animal, pois os animais no tm nenhuma religio [footnoteRef:10]. Segue-se que segundo os antroplogos o homem desenvolveu uma atividade religiosa desde o seu primeiro aparecimento no cenrio da histria da humanidade[footnoteRef:11]. Ento, percebe-se que esse fenmeno contnuo no ser humano[footnoteRef:12]. [10: Ludwig FUERBACH, A essncia do cristianismo, Papirus, 1991. p.4.] [11: Batista, MONDIN, op. cit.] [12: Batista, MONDIN, op. cit.]

Portanto, pode-se afirmar sem receio que o homem um ser religioso. Entretanto, diante disso, como fica a situao dos indivduos que se colocam como no-religiosos? A razo que o homem um ser que trabalha, estuda e pensa, mesmo que nem todos realizem tais atividades, esta situao tambm vale para a religio. Segue-se que, a dimenso religiosa uma constante no ser humano[footnoteRef:13]. [13: Batista, MONDIN, op.cit.]

O problema filosfico religioso um dos mais complexos, visto que envolve realidades que transcendem o ser humano, dado que a maioria dos outros problemas envolva questes que esto acessveis ao homem por si s. Da, o foco do fenmeno religioso Deus, o qual est alm do homem[footnoteRef:14]. [14: Batista, MONDIN, op.cit.]

A problematizao da religio consiste no choque de ideias entre os filsofos. Isto verdade porque no decorrer da histria a atividade religiosa foi bem vista por muitos filsofos. Segue-se que, um grupo desses a negou enquanto que outros a defendeu. Assim, esse embate de ideias percorreu o cenrio da histria da humanidade desde o perodo antigo at os dias atuais[footnoteRef:15]. [15: Batista, MONDIN, op.cit.]

Eis alguns filsofos da religio com suas respectivas teses: Aristteles: Deus unicamente pensamento, atividade teortica.[footnoteRef:16] [16: Paulo, SERGIO. Aristteles. Disponvel em htp://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/paulosergio/teologia.htm]

O deus de Aristteles no o Deus vivo e verdadeiro que buscamos. Isto verdade porque, o Deus cristo est envolvido com sua criao e se encarna na pessoa de Jesus Cristo. Em contrapartida, o motor imvel apenas uma energia eterna que somente pensa em si prprio[footnoteRef:17]. Segundo ele, toda criao tem um princpio, ou seja, tudo que existe movido e movido por outro, at chegar ao motor imvel que perfeito e no precisa de aperfeioamento. Assim, o divino que ele diz um motor imvel que eterno e nico e que deu origem a tudo[footnoteRef:18]. [17: Batista, MONDIN, op. Cit.] [18: Batista, MONDIN, op. Cit.]

So Toms de Aquino: A doutrina sagrada utiliza tambm a razo humana, no para provar a f, o que lhe tiraria o mrito, mas para iluminar outros pontos que esta doutrina ensina. Como a graa no suprime a natureza, mas aperfeioa, convm que a razo natural sirva a f [footnoteRef:19]. [19: S. Toms de Aquino. Suma Teolgica. I, Q. I, art.VIII.]

Com a colocao de So Toms de Aquino percebe-se que a verdade revelada no se ope a verdade que a razo pode chegar. Ento, a graa e a f no suprime a razo, mas a leva ao aperfeioamento[footnoteRef:20]. [20: S. Toms de Aquino. Suma Teolgica. I, Q. I, art.VIII.]

Nietzsche: Deus est morto.[footnoteRef:21] [21: Friedrich NIETZSCHE apud Batista, MONDIN, op. cit. p. 82]

Nietzche defendia que a religio no passava de uma inveno do ser humano, e esta inveno no partia dos ricos e poderosos, mas sim dos pobres e fracos com objetivo de se defenderem dos chamados super-homens, ou seja, dos abusos do poder dos poderosos. Nietzche atribui este argumento ao Cristianismo, que segundo este, somente os pobres e os oprimidos possuem valores e para estes est destinado um grande tesouro a felicidade eterna, enquanto que para os ricos e poderosos restava somente condenao eterna. Segundo esse filsofo, o ser humano deve ser senhor de si mesmo liberto dos vnculos impostos pela religio[footnoteRef:22]. [22: Batista, MONDIN, op. cit.]

Marx: A religio o pio do povo [footnoteRef:23]. [23: Karl MARX apud Batista, MONDIN, op. cit. p.81]

Karl Marx tinha como objetivo construir uma sociedade sem classes e para conseguir isso tinha que enfrentar a religio, pois segundo seus princpios ela oprime as pessoas. Desse modo, Marx negava a existncia de Deus e condenava a Igreja. A razo disso, que enquanto houver papeis definidos na sociedade o povo ser oprimido. Os Maxistas questionam: que Deus esse que prega a opresso do povo? Portanto, Marx lutava por uma sociedade onde as pessoas no teriam papeis definidos[footnoteRef:24]. [24: Batista, MONDIN, op. cit.]

Kierkegaad: No se chega ao estgio religioso atravs da intuio, mas por intermdio da f [footnoteRef:25]. [25: Soren, KIERKEGAAD apud Batista MONDIN, op. cit. p.98]

Kikegaard sustentava que para ter um encontro pessoal com Deus necessrio passar pela escurido da f. Isso implica que, h muitas coisas que a razo humana no alcana. Por exemplo, ningum enxerga com os olhos fsicos a graa da transubstanciao, visto que, o po e o vinho atravs do Esprito Santo so transformados em Corpo e Sangue de Cristo. Essa graa somente pode ser compreendida por meio da f. Ento, a religio no deve ser puramente um pensamento lgico, mas um meio que leva as pessoas a se inclinarem para Deus[footnoteRef:26]. [26: Batista, MONDIN, op. cit.]

Blaise Pascal: A f um dom de Deus [footnoteRef:27]. [27: Blaise PASCAL, Pensamentos, So Paulo, 1988. p.107.]

Percebe-se que a religio bem vista por muitos filsofos. Conclui-se que ela " o conjunto de conhecimentos, aes e estruturas com as quais o homem expressa reconhecimento, dependncia e venerao em relao ao Sagrado [footnoteRef:28]. [28: Batista, Mondin. op. cit.]

Os meios de crer Segundo PascalA partir do momento em que o homem se coloca no lugar de Deus, ele cai na iluso, pois o que o homem perante Deus? A humanidade s se torna grande quando percebe-se que necessita do Pai, do contrrio o ser humano cai na misria e na solido insuportvel, porque o homem sente-se s e perdido no universo, quando no percebe os vestgios do Criador[footnoteRef:29]. Neste caso, o homem sem Deus cai em uma profunda depresso, visto que no compreende mais nada, admitindo que muitos nesta situao questionam: No sei quem me ps no mundo, nem o que o mundo, nem o que sou eu mesmo[footnoteRef:30]. [29: Urbano, ZILLES. op. cit., p.36] [30: Blaise, PASCAL. op. cit. p.84]

Em contrapartida, aqueles que tm f percebem nitidamente a existncia de Deus por meio da criao, pois a grandeza e a beleza das criaturas fazem por analogia contemplar seu autor [footnoteRef:31]. A razo que s podemos chegar a tal afirmao por meio da f e da graa de nosso Senhor Jesus Cristo, fora disto no h intimidade entre o homem e Deus. Portanto, tudo que existe obra do Pai[footnoteRef:32]. [31: Sabedoria 13,5] [32: Blaise, PASCAL. op. cit.]

Segundo Pascal h trs meios pelos quais o homem deva crer: a f, a razo e o costume. A religio Crist a nica que faz uso desses mtodos, a qual faz uso da inspirao Divina sem negar a razo que assegurada pela tradio. Assim, o cristianismo a nica religio que pode produzir frutos no homem[footnoteRef:33], afim de que a cruz de Cristo no se torne v [footnoteRef:34]. [33: Blaise, PASCAL. op. cit.] [34: 1Corntios 1,17]

A f um dom inestimvel de Deus a qual o homem responde livremente. Isto verdico porque se pode chegar a Verdade pela f viva que h no corao humano, visto que o corao que conhece Deus e no a razo [footnoteRef:35]. Portanto, a f consiste na sensibilidade de Deus que sentido no mais ntimo do homem[footnoteRef:36]. [35: Blaise, PASCAL. op cit. p.107] [36: Blaise, PASCAL. op. cit.]

Por meio da graa de Deus a razo humana pode compreender algumas das verdades reveladas. Como mostrado pelo fato que a f procura compreender [footnoteRef:37]. Entretanto o ser humano limitado e Deus no cabe na cabea do homem, pois as Verdades so compreendidas atravs da adeso do corao. Ento, deve haver um equilbrio entre a razo e a f, pois se tudo razo a religio nada tem de misterioso nem de sobrenatural, por outro lado se os princpios da razo so contrariados a religio ser absurda e ridcula [footnoteRef:38]. [37: CEC. n. 158.] [38: Blaise, PASCAL. op. cit. p. 106]

Pascal defende que h uma infinitude de coisas que no esto no alcance da razo, as quais s podem ser atingidas atravs da inclinao do corao a Deus, pois ele chega a questionar se a certeza cientfica a certeza para a vida. Entretanto, isso no significa que o intelecto humano deva ser excludo, mas que haja discernimento[footnoteRef:39], pois segundo Blaise: [39: Urbano, ZILLES. op. cit.]

Os que esto acostumados a julgar pelo sentimento nada compreendem das coisas do raciocnio, pois querem logo a chegar a perceber com um golpe de vista e no tem o hbito de procurar os princpios. E outros, pelo contrrio, que esto habituados a raciocinar por princpios, nada compreendem das coisas do sentimento, procurando nelas princpios e no podendo v-las de golpe[footnoteRef:40]. [40: Blaise, PASCAL. op. cit. p.39]

Portanto, para alcanar o estgio religioso necessrio que se faa uso da razo e do corao humano, visto que Pascal ressalta que o corao tem suas razes que a prpria razo desconhece, percebe-se isso em mil coisas [footnoteRef:41]. Desse modo, perceptvel que o corao revela os primeiros princpios da f, enquanto que a razo procura provas[footnoteRef:42]. [41: Blaise, PASCAL. op. cit. p.107] [42: Urbano, ZILLES. op. cit.]

O costume torna as nossas provas mais fortes e com mais credibilidade para se crer, pois arrasta o Esprito a inclinar-se para Deus[footnoteRef:43]. Para analisar esta afirmao deve observar, por exemplo, o batismo, o qual os cristos tem a mais em relao aos Turcos, a f recebida com o batismo [footnoteRef:44]. Assim, se faz necessrio a presena da Tradio e dos smbolos cristos, pois estes auxiliam o homem a inclinar-se para Deus[footnoteRef:45]. [43: Blaise, PASCAL. op. cit] [44: Blaise, PASCAL. op. cit. p.103] [45: Blaise, PASCAL. op. cit.]

As religies pags no so adequadas ao homem, porque estas se exteriorizam e na maioria das vezes buscam aquilo que provm da superstio. O paganismo se baseia em atingir a f somente atravs do uso de gestos superficiais, sem levar em conta o que est no mais intimo do ser humano. Entretanto, no consegue alcanar a f como dom de Deus, pois necessrio que tambm passem a utilizar o interior[footnoteRef:46], logo imaginam estar convertidos, mal pensam em se converter [footnoteRef:47]. Ento, no se chega ao estgio religioso somente por gestos aparentes, mas tambm com o esprito. [46: Blaise, PASCAL. op. cit.] [47: Blaise, PASCAL. op. cit. p. 107]

Contudo, a religio Crist diferente das pags adequada a todos porque h uma intima ligao do exterior com o interior, importante ressaltar que Pascal menciona as verdadeiras religies crists, que buscam o valor humano e, sobretudo levem as pessoas a Deus. O cristianismo faz uso da razo, porm no exclui a inspirao provinda por Deus, pois os Cristos tm algo que os pagos no possuem a f oriunda do batismo. Assim, o cristianismo constitudo pelo uso da f e da razo como graa e dom de Deus[footnoteRef:48]. [48: Blaise, PASCAL. op. cit.]

Portanto, a religio Crist serve a Deus tendo-O encontrado. A razo disso, que ela possui a santidade, a humildade, a Sagrada Escritura a tradio apostlica e a doutrina que busca esclarecer as verdades de f, logo no restam dvidas para segui-la.A aposta PascalDentro do mbito da psicologia, a religio vista por muitos filsofos como um bem ao homem. Segundo Boisen: Toda diviso da sociedade, a saber, economia, famlia, religio e cincia so desumanas e podem leva as pessoas a depresso e no se podem curara psicologicamente esses estados sem dar um sentido a vida e uma viso global do homem. Ora, a religio que pode oferecer essa viso global do mundo e fazer com que o homem reencontre a unidade com a natureza[footnoteRef:49]. [49: C. Gonalves, OLIVEIRA. op. Cit. p.27.]

Assim, a religio tambm tem a sua importncia dentro do campo da psicologia auxiliando em tratamentos psicolgicos de pessoas, resultando numa boa sade mental[footnoteRef:50]. [50: C. Gonalves, OLIVEIRA. op. cit.]

Diante das contradies apresentadas no decorrer da histria da humanidade, tais como: dogmatismo e ceticismo, idealismo e naturalismo, o racionalismo de Descartes e o irracionalismo de Mres, Pascal questiona: Que far, pois o homem nesse estado? Duvidar de tudo? Duvidar que duvida? Duvidar que existe?[footnoteRef:51]. Da percebe-se a necessidade que o homem possui de conhecer a si prprio[footnoteRef:52]. Portanto, que o homem possa eliminar qualquer resistncia de dvida em relao a existncia de Deus. Segundo Pascal: [51: Blaise, PASCAL. op. cit. p. 144] [52: Urbano, ZILLES. op. cit.]

Mas aprendei pelo menos vossa impotencia para crer, j que a razo a isso vos conduz e que todavia no o podeis. Esforai-vos, pois, no para vos convencerdes pelo aumento das provas de Deus, mas pela diminuio das vossas paixes.[footnoteRef:53] [53: Blaise, PASCAL. op. cit. p. 97]

A religio deve ser conhecida atravs da graa santificante da f e com a razo humana. Isso acarreta que a religio no deve ser imposta pela fora aos seres humanos, porque se so levados pelo terror sem serem instrudos, parece tirnico o domnio [footnoteRef:54]. Por conseguinte, ela deve ser tida como amvel e venervel; venervel porque conheceu bem o homem; amvel, porque lhe promete o verdadeiro bem[footnoteRef:55]. Da surge questo: Como a religio vista pelos no crentes?[footnoteRef:56] [54: Sto. Aurlio, AGOSTINHO apud Blaise, PASCAL. op. cit. p.83] [55: Blaise, PASCAL. op. cit. p.83] [56: Blaise, PASCAL. op. cit.]

Percebe-se que a grande maioria dos no crentes no conhece e no busca conhecer a verdadeira religio, assumindo que a religio apresenta sinais sensveis e visveis da presena de Deus na Igreja. Entretanto, esses sinais somente so percebidos por aqueles que os procuram de todo corao. No entanto, aqueles que no fazem nenhum esforo para conhecer aquilo que a Igreja prope, vivem na obscuridade. Pascal pergunta: o que fazer dos homens que desprezam as menores coisas, que no crem nas maiores? [footnoteRef:57] Ento, que procurem conhecer a religio antes de neg-la e combat-la[footnoteRef:58]. [57: Blaise, PASCAL. op. cit. p. 84] [58: Blaise, PASCAL. op. cit. ]

necessrio procurar a Verdade para no permanecer no erro, pois quem no a procura infeliz e injusto. Todavia, muitos no se preocupam com o fim ltimo da vida, como o mostrado chegando a negar a existncia de Deus como Senhor absoluto em sua vida. Por exemplo, se um homem estivesse na priso e lhe restasse apenas uma hora para ficar sabendo de sua pena, ele iria jogar cartas ao invs de buscar tais informaes. Da mesma forma, so cegos aqueles que no buscam a Deus[footnoteRef:59]. [59: Blaise, PASCAL. op. cit.]

O homem no precisa ser muito instrudo para compreender que todos os prazeres so passageiros e que neste mundo no h uma slida satisfao. Quando o homem no procura e no enxerga os sinais do Criador, esse caminha nas trevas da escurido sente-se perdido e inseguro em meio s dimenses infinitas deste mundo. Contudo, em Deus que o homem ser preenchido, pois no h amor maior do que o do Criador para com seus filhos[footnoteRef:60]. [60: Blaise, PASCAL. op. cit.]

A existncia de Deus no pode ser comprovada empiricamente, pois trata de uma realidade que est alm do homem. Diante disso Pascal props em termos de probabilidade a seguinte aposta: Se voc acredita em Deus e estiver certo voc ter um ganho infinito, mas se voc acredita em Deus e estiver errado voc ter uma perda finita. Por conseguinte se voc no acredita em Deus e estiver certo voc ter um ganho finito, porm se voc acredita em Deus e estiver errado voc ter uma perda infinita [footnoteRef:61]. Com isso Pascal afirmava que o ser humano no tem nada a perder se acreditar em Deus. [61: Blaise. Pascal. Pensamentos. Parte III, n. 233 (com adaptaes)Disponvel em: http://www.ntslibrary.com/PDF%20Books/Blaise%20Pascal%20Pensees.pdf]

Para melhor compreenso do pensamento de Pascal observe a tabela abaixo.Tabela 1: Resumo da aposta Pascal[footnoteRef:62] [62: Blaise. Pascal. Pensamentos. Parte III (com adaptaes)Disponvel em http://pt.wikipedia.org/wiki/Aposta_de_Pascal]

Deus existeDeus no existe

Acreditar Ganho infinitoPerda finita

No acreditar Perda infinitaGanho finito

Diante disso, Pascal afirma que h uma infinidade de vida infinitamente feliz a se ganhar e uma probabilidade de ganho contra o nmero finito de perca [footnoteRef:63]. Assim, a aposta Pascal vem alertar a humanidade sobre o fim ltimo da vida, pois no fomos criados por ns mesmos, pois nenhuma criatura tem a si prprio por criador. Com isso necessrio conhecer a Deus antes de querer neg-Lo.[footnoteRef:64] [63: Blaise, PASCAL. op. cit. p.96] [64: Blaise, PASCAL. op. cit.]

ConclusoO homem desde os primrdios apresentava uma nsia por Deus ou pelo divino. No campo da filosofia muitos filsofos demonstraram grande interesse em aprofundar suas pesquisas sobre o fenmeno religioso. Contudo, houve choque entre os pensamentos daqueles que se posicionavam a favor e os que eram contra a religio e a existncia de Deus. Assim, fica claro que a religio sempre marcou presena na histria do homem.Em relao aos meios de crer, Pascal aponta trs: a f a razo e os costumes. Segundo ele, o intelecto humano limitado e h coisas que ele no abarca, porm no o nega. A f um dom de Deus, visto que ela necessria para que o homem alcance o estgio religioso. Em relao aos costumes, Pascal no da muito enfoque, mas em relao a estes deve ser feito uma anlise maior, porque so sagrados e foram transmitidos pelos apstolos. Assim, como ensina a sagrada escritura: guardai as tradies que vos ensinamos oralmente ou por escrito [footnoteRef:65]. [65: 2 Tessalonicenses 2,15]

Em meio a um mundo que somente aceita as coisa por meio da comprovao cientfica, Pascal prope em termos de probabilidade uma aposta. Com isso, ele tem como objetivo de apresentar as necessidades que o homem tem de Deus. Ento, ele afirma que antes de negativar algo necessrio conhec-lo.Portanto, perceptvel o quanto a religio essencial na vida do ser humano. Isso verdade porque esta alm de ser uma dimenso que caracteriza o homem, tambm fundamental para que a humanidade atinja a paz, esta que somente pode ser dada por Deus por meio de seu filho Jesus Cristo na ao do Esprito Santo.

Referncias bibliogrficasPASCAL, Blaise . Pensamentos. So Paulo: nova cultural, 1988.ZILLES, Urbano. Filosofia da religio. So Paulo: Paulus, 1991.MONDIN, Batista. Introduo filosofia: problemas, Sistemas, autores e oubras. So Paulo: Paulus, 1980.OLIVEIRA, Cassiano. Necessidade e desejo: Uma anlise psicofilosfica acerca da experincia religiosa, Goinia: monografia: pro manuscripto, 2007.AGOSTINHO, Santo, Confisses, So Paulo: Nova Cultural, 1999. (Coleo "OS PENSADORES"). FUERBACH, Ludwig. A essncia do cristianismo. Petrpoles: Vozes, 1991SERGIO, Paulo. Aristteles. In Teologia (online)Disponvel em www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/paulosergio/teologia.htmS. Toms de Aquino. Suma Teolgica. I, Q. I, art.VIII.BBLIA SAGRADA. Nova Edio, revista. So Paulo: Paulinas, 1998.CATECISMO DA IGREJA CATLICA. Petrpolis: Vozes, 1993.BLAISE, Pascal. Pensamentos. Parte III, n. 233 (com adaptaes)Disponvel em: http://www.ntslibrary.com/PDF%20Books/Blaise%20Pascal%20Pensees.pdfFIDOR, Dostoiviski,Os Irmos Karamazovi, So Paulo: Martin Claret, 2006.

AbstractThroughout history of the humanity many philosophers had interested to study about the religious phenomenon, however there were differences between the views, because some people criticized and denied the existence of God, while others said the existence of the Creator. Thus, the religious philosophical problem is this clash of ideas among philosophers. The Christian religion is seen by Pascal as the one that helps man to lean towards God, since this only takes into consideration the harmony between faith , reason and customs. As one can not empirically prove the existence of God, Blaise Pascal proposed in terms of probability to bet known Pascal, which implies that lose nothing those who believe in God, because they have an infinite gain. However those who do not believe in God have an infinite loss.Keyword: Religion, religious phenomenon, religious philosophical problem.