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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO NO PROCESSO DO TRABALHO Por: Vera Neide Ferro de Oliveira da Paz Orientador Professor Luciano Viveiros Rio de Janeiro Janeiro 2009

O PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO NO PROCESSO DO … · RESUMO O assunto discutido na presente pesquisa visa abordar o procedimento ... Como preleciona Vicente Greco Filho: O processo autêntico

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO NO PROCESSO DO TRABALHO

Por: Vera Neide Ferro de Oliveira da Paz

Orientador

Professor Luciano Viveiros

Rio de Janeiro

Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO NO PROCESSO DO TRABALHO

Trabalho de conclusão de Pós-Graduação

“lato sensu” em Direito Material e

Processual do Trabalho, apresentado à

Universidade Cândido Mendes, como

requisito parcial para obtenção do título

de especialista em Direito do Trabalho.

Rio de Janeiro

Janeiro 2009

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AGRADECIMENTOS

Ao meu filho Marco Antonio e meu esposo

Marcos, pelo apoio incondicional.

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DEDICATÓRIA

Agradeço aos professores pela dedicação

e paciência no mister supremo do

exercício docente.

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RESUMO

O assunto discutido na presente pesquisa visa abordar o procedimento

sumaríssimo no Processo do Trabalho, instituído pela Lei nº 9.957/2000. Tal

comando legal estabeleceu uma nova forma de atuação para o processo trabalhista

brasileiro. Com a instituição do procedimento retro citado, várias modificações

ocorreram no processo do trabalho: tanto na fase de conhecimento, quanto na fase

recursal. As verbas trabalhistas são de natureza alimentar, assim, o legislador,

pretendendo tornar mais célere a entrega da prestação jurisdicional, viu por bem,

elaborar uma norma que garantisse a rápida entrega da prestação jurisdicional.

Dessa forma, optou-se por delimitar o tema em estudo à fase de conhecimento do

procedimento sumaríssimo. Bem se vê que, no mundo atual, buscam-se cada vez

mais soluções rápidas para os conflitos trabalhistas, visto ser tal conflito de cunho

fortemente social. Surgiu, assim, o procedimento em estudo para suprir a

morosidade que impera no procedimento ordinário. Pergunta-se, por exemplo,

questões que necessitam de respostas para pacificar o entendimento dessa matéria

e, consequentemente, da presente pesquisa. O procedimento sumaríssimo foi criado

para dar maior celeridade aos processos trabalhistas, na prática, houve realmente,

benefícios ao trabalhador quanto ao prazo final da prestação jurisdicional? As

condições impostas pelo legislador para que a ação de rito sumaríssimo seja

recebida e julgada pelo juiz, tais como pedido certo ou determinado, indicação de

valor liquidado, citação que não poderá ser realizada por edital, etc., não cercearão

o direito do empregado? E quanto às provas serem produzidas na primeira

audiência, não haveria o risco de as ações interpostas receberem sentenças

equivocadas, pois motivos relevantes não mereceram melhor apreciação do juiz?

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Pensa-se, nesse sentido, que o procedimento sumaríssimo, tal como se apresenta,

nada tem de célere. Porque a norma legal focada foi concebida com absoluto

menosprezo a realidade, como se a vontade ou o imaginário do legislador tivessem

o condão de modificar a natureza das coisas. Além do mais, os fatos da vida, muitas

vezes, têm causas cuja origem não deriva da lei, mas de fatores sociais,

econômicos, políticos, etc. Portanto, sem que esses fatores sejam considerados,

nenhuma lei encontrará ressonância na realidade. O Direito do Trabalho se baseia

nos fatos, é um contrato-realidade. Se não houver condições para que o reclamante

apresente fatos reais, torna-se anacrônica e ineficaz no ordenamento jurídico do

Brasil a inserção de tal procedimento no processo trabalhista nacional. Portanto,

este trabalho procurará identificar as inconsistências do procedimento sumaríssimo

no Processo do Trabalho, analisando as várias modificações ocorridas na fase de

conhecimento. Além de discutir o motivo que levou nosso legislador a introduzir esta

modalidade de procedimento e discutir sua evolução a partir da vigência no sistema

jurídico nacional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 08

CAPÍTULO 1. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO: UMA NOVA MODALIDADE NO

PROCESSO DO TRABALHO ...................................................................................10

1.1. A Função Social do Processo do Trabalho................................................... 10

1.2. Características do Processo do Trabalho .................................................... 11

1.2.1 A Celeridade ...................................................................................... 12

1.2.1. O Informalismo .................................................................................. 13

1.2.3. A Oralidade ........................................................................................ 14

1.2.4. A Concentração .................................................................................. 15

1.2.5. O Jus Postulandi ................................................................................ 16

1.3. Desvirtuamento do Procedimento Ordinário no Processo do Trabalho ....... 18

CAPÍTULO 2. EVOLUÇÃO DO PROCEDIMENTO ..................................................20

2.1. Desvirtuamento do Rito Sumaríssimo .......................................................... 20

2.2. Subsidiariedade do Procedimento Ordinário ................................................ 21

2.3. Procedimento Sumaríssimo nos Dias Atuais ................................................23

CAPÍTULO 3. CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

TRABALHISTA ......................................................................................................... 29

3.1. Acréscimos à CLT .........................................................................................29

3.2. Dissídios Submetidos ao Rito ........................................................................30

3.2.1. Exclusão da Fazenda Pública .............................................................34

CAPÍTULO 4. DISPOSIÇÕES DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO EM

PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO..........................................................................37

4.1. Pedido Líquido ................................................................................................37

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4.2. Forma de Citação .......................................................................................... 38

4.3. Prazo para Apreciação da Reclamação .........................................................40

4.4. Audiência Única ..............................................................................................41

4.5. Ampla Liberdade do Juiz na Condução do Processo .....................................42

4.6. Conciliação .....................................................................................................44

4.7. Ata da Audiência ............................................................................................46

4.8. Decisão de Plano dos Incidentes e Exceções ................................................46

CAPÍTULO 5. PROVAS E SENTENÇA.....................................................................49

5.1. Provas............................................................................................................49

5.1.1. Prova Documental ...............................................................................49

5.1.2. Testemunhas .......................................................................................50

5.1.3. Intimação da Testemunha ...................................................................51

5.1.4. Prova Técnica (Perícia) .......................................................................51

5.1.5. Manifestação Sobre o Laudo .............................................................. 53

5.1.6. Audiência em Continuação ................................................................. 53

5.2. Sentença .......................................................................................................54

5.2.1. Decisão Justa e Equânime...................................................................56

5.2.2. Intimação da Sentença ........................................................................57

5.2.3. Prazo para Recurso .............................................................................58

CONCLUSÃO.............................................................................................................59

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................61

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INTRODUÇÃO

O objetivo da presente pesquisa é discutir o procedimento sumaríssimo no

Processo do Trabalho, principalmente no que tange à fase de conhecimento.

Tem-se como finalidade explicar o fenômeno em estudo, sendo, portanto,

quanto aos fins, uma pesquisa descritiva.

Quanto aos meios é uma pesquisa bibliográfica, quando busca suporte ao seu

desenvolvimento em fontes primárias, preferencialmente, valendo-se também de

fontes secundárias. Nesse processo de construção, o objeto preferencial das ações

de pesquisa, são autores consagrados.

A pesquisa é também documental. São analisados documentos e legislações

existentes em órgãos públicos ou privados de qualquer natureza.

Destaca-se, no primeiro capítulo, a função social do Processo do Trabalho,

suas características e o desvirtuamento do procedimento ordinário na justiça

trabalhista. Muitas questões foram levantadas para dar suporte às hipóteses

formuladas. Como exemplos, destacam-se: a) observaram-se benefícios ao

trabalhador após a instituição da Lei? b) Não haverá cerceamento de defesa por

conta das condições impostas pelo legislador? c) Com relação às provas colhidas

na primeira audiência, não correria o risco de os juízes proferirem sentenças

equivocadas?

No próximo, comenta-se a respeito da evolução do procedimento:

desvirtuamento do rito sumaríssimo, subsidiariedade do procedimento ordinário e

procedimento sumaríssimo nos dias atuais. Percebe-se que a norma legal em

estudo não logrará êxito, pois foi concebida com absoluto menosprezo à realidade

brasileira.

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Neste sentido, o tema abordado nesta monografia se reveste de especial

importância para a comunidade jurídica por tratar-se de melhorias no atendimento da

prestação jurisdicional trabalhista.

Com a introdução da Lei Federal nº 9.957/2000, pretendeu-se dar maior

celeridade às ações submetidas ao rito sumaríssimo na Justiça do Trabalho.

No terceiro capítulo, dá-se destaque aos litígios que poderão ser submetidos

ao procedimento, além dos acréscimos à CLT.

No quarto capítulo, menciona-se a respeito dos pedidos que serão certos e

determinados até a decisão de plano dos incidentes e exceções. E, por fim, chega-

se às provas e sentença para encerramento da pesquisa.

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1. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO: UMA NOVA MODALIDADE NO

PROCESSO DO TRABALHO

1.1. A função social do Processo do Trabalho

Não resta dúvida entre os doutrinadores, legisladores e operadores do direito

que o processo é um instrumento de que se utiliza a jurisdição, assim entendida

como o poder do Estado de administrar a justiça efetivamente. Como deixa claro a

própria palavra, jus é direito, e dicere significa dizer, declarar (poder de julgar).

Assim sendo, todo processo tem finalidade social, seja ele civil, penal,

trabalhista, etc.

Como preleciona Vicente Greco Filho:

O processo autêntico surgiu quando o Estado, proibindo a justiça privada, avocou para si a aplicação do direito como algo de interesse público em si mesmo e, além disso, estruturando o sistema de direitos e garantias individuais, interpôs os órgãos jurisdicionais entre a administração e os direitos dos cidadãos, tornando-se, então, o Poder Judiciário um poder político, indispensável ao equilíbrio social e democrático, e o processo um instrumento dotado de garantias para assegurá-lo.1

Com maestria, Jorge Pinheiro Castelo, expõe que o processo, emanado da

denominada Teoria Geral do Processo, de manifesta natureza instrumental e

inquestionavelmente ungido por uma unidade metodológica uniforme, em seu

sentido amplo, tem declarada finalidade social:

O Estado, mediante a utilização do sistema processual, propõe-se, antes de tudo, a realizar escopos que são seus, quais sejam: a) sociais (pacificação social, educação para o exercício e respeito a direitos); b) políticos (manutenção da autoridade do ordenamento jurídico-substancial e oferta de meios de participação democrática); c) jurídico (atuação da vontade da lei). Sempre é algo ligado ao interesse público que prepondera na justificação da própria existência da ordem processual e dos institutos, princípios e normas que a integram.2

1 GRECO FILHO, V. Direito processual civil brasileiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva. 1989, v. 1, p. 6 2 CASTELO, J.P. O direito processual do trabalho na moderna teoria geral do processo. São Paulo: LTr, 1993, p. 51

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Mas se é verdade que a finalidade social constitui o suporte fático do

processo, como instrumento do exercício da jurisdição, não menos verdade é

exatamente no Processo do Trabalho que essa finalidade social assume especial

relevo.

Conseqüentemente, enquanto o direito processual civil, normalmente,

assegura a aplicação das leis para garantir a inviolabilidade de direitos patrimoniais

individuais (exceto, obviamente, o direito de família), o direito processual do trabalho

visa à tutela jurisdicional dos assalariados, muitas vezes, desempregados, individual

ou coletivamente considerados (os dissídios coletivos).

Com hialina sabedoria observa Coqueijo Costa

Enquanto o Direito do Trabalho reivindica a humanização do direito nos últimos tempos, o Direito Processual do Trabalho realiza a função excelsa do Estado, a mais transcendental de nossa época a distribuir justiça social. O Direito Processual do Trabalho é disciplina nova, de caráter social, e tem por finalidade a realização do Direito Material do Trabalho com o propósito de fazer efetivo o melhoramento das condições de vida dos trabalhadores.3

Portanto, observa-se que o Processo do Trabalho é especial dentro do nosso

ordenamento jurídico. Ocupou-se o legislador da preocupação social porque o

Processo do Trabalho tem natureza alimentar, não justificando demora excessiva no

procedimento. Quanto mais célere e objetivo for, melhor será a entrega da prestação

jurisdicional do Estado, satisfazendo, assim, o direito do trabalhador, que é tão

violado no nosso país.

1.2. Características do Processo do Trabalho

Mesmo havendo o legislador adotado determinados princípios do Processo do

Trabalho no processo civil (a conciliação no procedimento sumário – artigo 277 do

3 COSTA, C. Direito judiciário do trabalho. Rio de Janeiro: Forense. 1978, p. 15, n. 12

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Código de Processo Civil o jus postulandi, no Juizado Especial – artigo 9º da Lei nº

9.099/95), é no processo trabalhista que tais princípios ganham especial relevância,

buscando assegurar a sua efetividade.

São eles: a celeridade, o informalismo, a oralidade, a concentração e o jus

postulandi.

1.2.1. A celeridade

Tal característica está intimamente ligada à finalidade social do Processo do

Trabalho.

Observa Amauri Mascaro Nascimento: “Relevo especial ganha a celeridade,

uma vez que o Processo do Trabalhista deve ser, diante do comum,

acentuadamente célere para cumprir os seus fins”4

Na prática, há muito a celeridade no Processo do Trabalho deixou de existir,

principalmente nos grandes centros urbanos, em função de vários fatores, dentre os

quais é bom ressaltar a dolorosa processualização civil do Processo Trabalhista, fato

denunciado por renomados juslaboristas como claramente atentatório aos princípios

gerais examinados neste capítulo e obstáculo intransponível à efetividade do

Processo do Trabalho, merecendo severas críticas de Moacyr Velloso Cardoso de

Oliveira, com autoridade de quem foi membro da Comissão Organizadora da Justiça

do Trabalho:

Fui, em 1940/41, membro da Comissão Organizadora da Justiça do Trabalho e, portanto, um dos co-autores da regulamentação daquele processo, sendo um dos pontos fundamentais o de facilitar ao máximo a apresentação diretamente pelo empregado prejudicado, da reclamação referente ao direito por ele pleiteado. E desse modo o princípio da reclamação verbal foi julgado essencial para esse fim. Outrossim, procurou-se eliminar, quanto possível, o formalismo, buscando afastar também, na medida do possível, as semelhanças com o complicado

4 NASCIMENTO, A. M. Curso de direito processual do trabalho. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 1989, p. 43

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Processo Civil, inclusive reduzindo prazos, assim como manisfestações por escrito.5

O Processo do Trabalho possui bases próprias que o distinguem

fundamentalmente do Processo Civil, buscando codificação ou legislação específica

que preze a simplicidade e objetividade, de modo a torná-lo instrumento eficaz à

solução dos conflitos individuais ou coletivos do trabalho.

Acrescente-se a esse fenômeno da processualização civil a quantidade de

recursos, ensejando aos litigantes a eternização das demandas laborais, problema

que poderia ser satisfatoriamente resolvido eliminando-se a maioria deles.

Por outro lado, é totalmente ineficiente e burocrática a exigência de parecer

da Procuradoria do Trabalho em processos que não envolvam interesse público, de

incapazes e menores desassistidos de seus responsáveis legais.

Em vários centros urbanos, os autos permanecem na Procuradoria por

meses, a final merecendo lacônico parecer ‘pelo prosseguimento’.

Merece destaque a utilização de medidas cautelares e mandados de

segurança para obtenção de efeito suspensivo de recurso meramente devolutivo.

Além disso, o número insuficiente de juízes, a crise econômica, que implica

alto índice de desemprego, e o conseqüente descumprimento das obrigações

trabalhistas por grande parte dos empresários são, igualmente, fatores que

contribuem para o congestionamento da Justiça do Trabalho, tornando

extremamente morosa a prestação jurisdicional trabalhista.

1.2.2. O informalismo

5 DE OLIVEIRA, M. V. C. Por que complicar ainda mais o processo do trabalho? LTr, v. 55, n. 2, nov. 1991

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O informalismo reflete a opção por princípios menos complexos na busca da

celeridade, assinalando-se, como exemplo a desnecessidade de peças em separado

para a interposição de exceção ou reconvenção.

Wagner Giglio escreve:

No Processo do Trabalho, o princípio da concentração dos atos em audiência, idealmente uma, impõe seja a reconvenção apresentada com a contestação, como estipula a parte inicial do art. 299 do CPC, mas na audiência e não em Cartório ou na Secretaria; via de conseqüência, deverá, como a resposta, ser juntada aos autos nessa oportunidade, não se justificando exigências de ser apresentada em peça autônoma, processada em apenso ou comunicada ao distribuidor, para anotação (CPC, art. 253, parágrafo único), medidas de ordem formal que não condizem com a simplicidade característica do procedimento nas Cortes Trabalhistas.6

1.2.3. A oralidade

A oralidade resulta da prevalência da palavra oral sobre a escrita.

Sintetiza Isis de Almeida:

A oralidade, por sua vez, destaca-se na leitura da reclamação; defesa oral, em vinte minutos; primeira proposta da conciliação, verbalmente discutida e recusada ou aceita, em manifestação oral; interrogatório das partes; produção de provas e, entre estas, salienta-se, com valor excepcional, a testemunhal, obviamente oral e produzida perante o juiz; razões finais orais com o prazo curto de dez minutos para cada parte; última proposta de conciliação, verbalmente formulada como a primeira; e julgamento.7

Em exaustivo estudo do princípio da oralidade, Washington Luiz da Trindade

delineia seus aspectos fundamentais:

1. A oralidade é uma evolução irreversível do processo judicial; 2. na distribuição da Justiça a oralidade aproxima o povo dos órgãos julgadores, realizando o aperfeiçoamento democrático da ordem social; 3. A oralidade é questão vinculada à prova, sua avaliação, apreciação e aplicação pelo juiz, que julga pelo convencimento racional; 4. Da sua principionomia segue-se que a oralidade supõe concentração dos atos judiciais, além de outras regras que orbitam este princípio basilar; 5. O processo oral é uma superação de formas do processo escrito, ou mesmo do primitivo processo verbal, em busca da salvaguarda da liberdade humana – supremo bem da vida; 6. O processo moderno, a despeito de algumas transigências com a forma escrita, é a oralidade no seu grau civilizacional mais avançado; 7. A oralidade tende a sofrer mais restrições, ditadas pela aceleração

6 GIGLIO, W. Direito processual do trabalho. 10 ed. São Paulo, Saraiva: 1997, p. 176 7 DE ALMEIDA, I. Curso de direito processual do trabalho. 19. ed. São Paulo, Sugestões Literárias: 1981, p. 20

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tecnológica e científica, criadora de novos meios de comunicação, aumentando a velocidade dos negócios jurídicos e sugerindo intervenções constantes da Justiça; 8. Qualquer que seja o avanço material e técnico, a oralidade reflete o progresso moral da humanidade, garantindo o princípio da livre convicção.8

1.2.4. A concentração

A concentração está intimamente vinculada ao princípio da oralidade e

consiste em centralizar na audiência, em princípio una, os atos fundamentais do

processo laboral.

Em razão do princípio em estudo, a presença das partes é obrigatória

(facultada a substituição do empregador por preposto) na audiência de instrução e

julgamento, quando então é formulada a defesa, para o que o reclamado tem vinte

minutos, admitida na prática a apresentação de contestação escrita.

Formuladas as duas propostas de conciliação, na mesma audiência são

tomados os depoimentos pessoais e ouvidas as testemunhas.

Ainda nessa audiência, encerrada a instrução, são formuladas as razões

finais orais, seguindo-se-lhe a sentença.

José Augusto Rodrigues Pinto ensina que:

A audiência de instrução e julgamento, no dissídio individual, exibe duas das técnicas diretamente tributárias da celeridade processual: a concentração e a oralidade dos atos. Sendo ato concentrados, dela só escapam a postulação do Autor, que é a provocação do órgão jurisdicional para instaurar a instância, tendo que precedê-la, e os atos intermediários de órgãos auxiliares, que estabelecem entre as partes a ligação necessária à sua própria realização. Tudo mais a cumprir, até a prestação jurisdicional, inclusive, deve dar-se dentro da audiência, caracterizando-a, portanto, como um ato unitário e contínuo, ainda que suscetível de prolongar-se por mais de um dia. A audiência é o ato determinado pelo juízo para conhecer, instruir e julgar dissídio individual de sua competência. Logo, uma vez aberta, a audiência não se interrompe, devendo prosseguir até o desfecho do processo, ocupando tantas datas sucessivas quantas sejam necessárias. É possível suspendê-la, diante da ocorrência de fatores diversos como a falta material de tempo para concluí-la, a realização de diligências à fazer-se fora de seu recinto, a exemplo da prova técnica, etc.

8 DA TRINDADE, W. l. Oralidade, in processo do trabalho (estudos em memória de Coqueijo Costa). São Paulo: LTr, 1989, p. 110

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Mas diante da idéia da unidade que lhe é adequada, a audiência só tem dois extremos, da abertura e do encerramento (da instância), o que subtrai seu fracionamento de qualquer significado de pluralidade em relação a um mesmo dissídio.9

1.2.5. O JUS POSTULANDI

O jus postulandi representa uma feliz solução do legislador no sentido de

facilitar o acesso do hipossuficiente aos pretórios trabalhistas e agora, também, aos

juizados especiais.

Nos termos do art. 36 do Código de Processo Civil, as partes, para ingressar

em juízo, têm necessidade de advogado.

Em conformidade, pois, com o dispositivo legal nominado, só o advogado

legalmente habilitado, assim considerado o bacharel em direito devidamente inscrito

na Ordem dos Advogados do Brasil, pode praticar atos processuais que lhe são

privativos.

No Processo do Trabalho, ao revés, adotou-se critério diverso, acolhendo o

legislador o chamado jus postulandi – direito de postular independentemente de

advogado -, expressamente previsto no art. 791 da Consolidação das Leis

Trabalhistas: “os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente

perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final”.10

Idêntico é o princípio para os dissídios coletivos, em que as entidades

sindicais também podem atuar sem o patrocínio de advogado, cuja assistência é

meramente facultativa, ex vi do disposto no § 2º do dispositivo legal nominado: “Nos

dissídios coletivos é facultada a assistência por advogado”.11

9 RODRIGUES PINTO, J. A. Processo trabalhista de conhecimento. São Paulo: LTr, 1991, p. 252-3 10 Brasil. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de Maio de 1943 11 idem

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A obrigatoriedade do patrocínio de advogado no Processo do Trabalho viria,

sem dúvida, onerar e dificultar o acesso do hipossuficiente aos pretórios trabalhistas,

visto que o trabalhador passaria a arcar com os honorários advocatícios, salvo a

hipótese prevista no art. 14 da Lei 5.584, de 26 de junho de 1970 (que estabelece

assistência judiciária ao trabalhador que percebeu salário igual ou inferior ao dobro

do mínimo legal.

O jus postulandi, na realidade, entre constituir verdadeira tradição no

Processo do Trabalho, com este se coaduna plenamente, sobretudo tendo em vista

as suas próprias características.

Por outro lado, em conformidade com o que dispõe o art. 4º da lei nº 5.584/70,

pode e deve o juiz impulsionar de ofício o processo nos chamados dissídios de

alçada da Vara e naqueles em que empregados e empregadores reclamam

pessoalmente, ou quando qualquer das partes utiliza-se do jus postuland.

Outrossim, a faculdade de as partes se utilizarem do jus postulandi, longe de

representar um entrave à celeridade processual, contribui, por força da simplicidade

de que se cerca, para o rápido andamento do feito, facilitando a agilização deste e a

conseqüente aplicação da Justiça.

Na verdade, a propriedade ou impropriedade do jus postulandi não pode ser

avalizada sob o ângulo do corporativismo, mesmo porque a modernização do Poder

Judiciário e a efetiva democratização da prestação jurisdicional tendem,

naturalmente, a tornar facultativa a intervenção do advogado não só no processo

trabalhista, no Juizado Especial, como, inclusive, nas Justiças Federal e Estadual.

O jus postulandi é, inquestionavelmente, a melhor maneira de os magistrados

aproximarem-se do povo e, conseqüência, conhecerem melhor os problemas

sociais.

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Para isso seria fundamental ampla reforma do sistema processual. Ao

emaranhado de lei processuais, recursos infindáveis e à inequívoca complexidade

do sistema jurídico, dever-se-ia buscar uma sistemática extremamente simples,

como, aliás, em princípio, é a reclamação trabalhista, que, por isso mesmo, ajusta-se

magnificamente com o jus postulandi.

O jus postulandi, entre democratizar o acesso a prestação jurisdicional do

Estado, aproxima os indivíduos do Poder Judiciário, funcionando como verdadeiro e

indispensável instrumento de exercício da cidadania.

1.3. Desvirtuamento do Procedimento Ordinário no Processo do Trabalho

O Procedimento Ordinário sistematizado pela Consolidação das Leis do

Trabalho, preocupado com a celeridade que reclama a tramitação das demandas

trabalhistas, consagrou o princípio da concentração, estabelecendo que todos os

atos processuais devem ser praticados em audiência única, art. 849, da

Consolidação das Leis do Trabalho:

A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.12

Vários fatores, no entanto, ligados à deficiência estrutural no funcionamento

dos serviços forenses, bem como decorrentes da evolução das relações sociais, que

a cada dia se revelam mais complexas, vieram a desvirtuar às inteiras o

Procedimento Ordinário.

Premidos, dentre outras circunstâncias: a) pela grande quantidade de ações

ajuizadas na maioria dos foros trabalhistas que provocavam, por isso, a designação

12 Decreto-Lei nº 5.452. op. cit.

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da audiência de instrução e julgamento para data longínqua – dada a imperiosa

necessidade de realização, sempre e sempre, de audiência; b) pelas deficiências

estruturais decorrentes do próprio procedimento; e c) pela necessidade de melhor

analisar os casos a julgar, em face da intensa mutação dinâmica das relações

sociais; os juízos, em atitude corajosa e inteligente, passaram a fracionar a

audiência – tripartindo-a em: audiência inicial, audiência de instrução e audiência de

julgamento – como autêntico meio de adaptar o sistema às transformações

dinâmicas da realidade.

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20

2. EVOLUÇÃO DO PROCEDIMENTO

2.1 Desvirtuamento do Rito Sumaríssimo

O procedimento sumaríssimo adotado no processo do trabalho consagra ao

máximo o princípio da concentração como instrumento para acelerar a solução das

causas.

A realidade forense, porém, já deu mostras de que o excesso de

concentração, além de causar perda na qualidade de justiça, causa efeito contrário

ao pretendido, em razão das várias circunstâncias, algumas ligadas às deficiências

estruturais, outras decorrentes do próprio sistema processual.

Tais deficiências, não há dúvidas, causarão, a exemplo do que já se verificou

no processo civil, a dessumarização do procedimento sumaríssimo.

Como preleciona Manoel Antonio Teixeira Filho:

A norma legal em estudo foi concebida com absoluto menosprezo à realidade em que incidirá, como se a vontade ou o imaginário do legislador tivessem o poder de modificar a natureza das coisas.13

A tudo sobrepaira, entretanto, a descrença dos que operam o direito quanto à

eficácia do procedimento sumaríssimo como instrumento de celeridade na entrega

da prestação jurisdicional – e na própria formação do coisa julgada material.

Completa Manoel Antonio Teixeira Filho:

Considerando-se que a sua estrutura básica, apoiada na audiência única, é a mesma do velho e desprestigiado procedimento ordinário. Chegamos a conceituar de “arrogante” o adjetivo sumaríssimo, que se pespegou ao novel procedimento. A arrogância deriva do fato de o legislador haver imaginado que, por meio de simples terminologia, pudesse alterar a natureza ou a essência das coisas, pudesse, enfim, sobrepor-se às forças da realidade.14

13 TEIXEIRA FILHO, M. A. O procedimento sumaríssimo no processo do trabalho. São Paulo: LTr. 2000, pág. 21 14 TEIXEIRA FILHO, M. A. idem. Preâmbulo

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O movimento permanente de mutação da ciência do direito não poderia deixar

de alcançar, evidentemente, o direito processual trabalhista, como forma de conduzi-

lo ao caminhamento veloz dos dias presentes, a fim de que, por outro lado, não

ficasse inerte, paralisado no tempo, em prejuízo evidente à grande massa de

trabalhadores, daí a necessidade urgente de reforma, atualização, modificação dos

procedimentos e atualização dos atos e termos do processo, sem que os

trabalhadores e o empresariado somente alargariam o horizonte de suas

desinteligências e desencontros. Lamentável, no entanto, é que o Congresso

Nacional tenha tido a oportunidade para promover uma significativa reforma no

direito processual trabalhista e não haja aproveitado essa ocasião, preferindo repetir

erros já cometidos e a guisa de reforma realiza remendos que dificilmente levarão a

lugar algum. Merece invocarmos o lamento chiovendiano a respeito da reforma

processual italiana, de inverossímil aplicação neste momento: “Convém decidir-se

por uma reforma fundamental ou renunciar à esperança de um progresso sério”.15

Por tudo acima exposto, verifica-se que, na prática, a Lei nº 9.957/2000 não

alcançará os objetivos previstos pelo legislador. A realidade brasileira não se

coadunará com os termos insculpidos em tal procedimento.

2.2 Subsidiariedade do procedimento ordinário

O procedimento sumaríssimo foi concebido pelo legislador que não

sistematizou por inteiro.

Contudo, como seu ingresso se deu via inserção de dispositivos no texto da

Consolidação das Leis do Trabalho (arts. 852-A a 852-I; 895, §§ 1º e 2º; 896, §6º e

15 CHIOVENDA, G. Instituições de direito processual civil. São Paulo: ed. Saraiva, 1969, p. 49

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897-A), quando para o procedimento sumaríssimo não houver disposições

suficientes para atender às exigências do caso concreto, utilizar-se-á supletivamente

das regras previstas para o procedimento ordinário trabalhista (CPC, art. 272,

parágrafo único) e, nas omissões deste, das regras previstas para o processo

comum (CLT, art. 769), de acordo com as de maior aproximação e compatibilidade.

O procedimento clássico é o ordinário, máxime no processo do trabalho, onde

era, na verdade, o único, porquanto o procedimento estabelecido pela Lei nº 5.584,

de 26 de junho de 1970, nada mais é do que uma versão sui generis do próprio

ordinário.

Justamente por ser o procedimento clássico é que o ordinário serve de

elemento supletivo do sumário, quando este não contiver disposições necessárias

para atender às exigências do caso concreto (CPC, art. 272, parágrafo único). Esta é

uma regra cardeal a ser observada, inclusive pelo processo do trabalho, no que toca

ao procedimento sumaríssimo.

O Direito Processual Trabalhista, ainda que não possua um código próprio,

possui regras e normas que lhe são peculiares, utilizando-se das do Processo Civil,

tão-somente, como subsidiária, diante da inexistência, na Consolidação da Leis do

Trabalho, de norma que regre a respeito e, ainda assim, desde que não entre em

conflito com os princípios que norteiam o direito do trabalho. Essas normas, pela

praticidade do uso e, sobretudo, pela celeridade que imprime aos litígios em busca

de uma solução equânime e justa, têm servido de modelo para implantação noutros

ramos do direito, como é o caso recente das reformas efetivadas no Código de

Processo Civil com adoção do rito sumário, das normas adotadas para os Juizados

Especiais (ditos de pequenas causas) e, finalmente, do rito adotado na ação de

alimentos, reflexo positivo do processo trabalhista, que agora se apequena com a

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adoção de um rito sumaríssimo que, com certeza, não desafogará as Varas nem

muito menos os Tribunais, abarrotados até o teto com processos e processos, sem a

mínima condição de celeridade nos julgamentos. As Varas, com certeza, terão suas

pautas inchadas e ninguém poderá prever como ficarão os feitos de rito ordinário

diante da preferência que certamente se dará aos do rito sumaríssimo.

2.3 Procedimento Sumaríssimo nos Dias Atuais

Muitas questões estabelecidas na Lei nº 9.957/2000 já tinham previsão na

Consolidação das Leis do Trabalho ou no Código de Processo Civil, não

representando novidade para o universo processual.

Em certos casos, parece que o legislador não tem experiência do primeiro

grau, quando determinou que as audiências deviam ser realizadas em quinze dias e

o processo julgado no mesmo prazo, o que será impossível em determinadas Varas,

como as que têm grande movimento processual. Somente em locais com pequeno

movimento processual será possível cumprir o prazo de quinze dias.

Seria melhor se o legislador tivesse limitado a possibilidade de recurso pelas

partes, como prevê o art. 2º da Lei nº 5.584/70, de forma que não coubesse recurso

ordinário, por exemplo, de causas com valor até 40 salários mínimos, salvo se a

matéria envolvida fosse constitucional. Isso sim diminuiria o número de processos

nos Tribunais Regionais e no Tribunal Superior do Trabalho, tornando o andamento

do processo mais célere, embora impedisse a revisão do julgado em instância

superior.

A Lei nº 9.957 foi aprovada envolvendo aspecto eminentemente político, sob o

argumento de que resolveria os problemas da Justiça do Trabalho, tornando mais

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célere a tramitação dos feitos. Não parece ser assim. Ressalte-se que prestação

jurisdicional apressada pode significar julgamento incorreto, mal feito,

desprestigiando o ideal de justiça, que as partes também pretendem.

Esqueceu-se também o legislador da fase de execução. Se a fase

conhecimento deve ser rápida, o mesmo deveria ocorrer na execução; porém, nada

se falou sobre o assunto, sujeitando a execução do procedimento sumaríssimo ao

trâmite normal da Consolidação das Leis do Trabalho, que em muitos casos chega a

levar mais de dois anos.

Pensar, contudo, que a Lei nº 9.957/2000 resolveria o problema da

morosidade na tramitação dos processos na Justiça do Trabalho, sem adequada

estrutura humana e material e sem mudanças legislativas sérias que afastem os

defeitos extrínsecos e intrínsecos do processo trabalhista, ou é ingenuidade ou

ignorância.

Preocupação séria com a tramitação do processo trabalhista deve estar

centrada na execução, que é o ponto de estrangulamento mais danoso.

De nada adianta um procedimento sumaríssimo onde se obtenha a sentença

num prazo de quinze, trinta ou quarenta e cinco dias da data do ajuizamento da

ação, se a execução, posteriormente, poderá demorar dois, três anos ou mais.

A partir do momento que tivermos uma sistematização da execução, com um

procedimento mais ágil e com princípios e regras próprias que permitam atitudes

mais enérgicas, até mesmo a morosidade do processo de conhecimento será

automaticamente solucionada.

A verdadeira efetividade da prestação jurisdicional está na execução.

Somente com a sistematização desta é que conseguiremos efetividade na

administração da justiça.

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As audiências trabalhistas não obedecem, rigorosamente, ao que dita a

Consolidação das Leis do Trabalho sendo comum vermos nas pautas das Varas do

Trabalho audiências marcadas com diferença de um e dois minutos de uma para

outra quando, por razões de lógica puramente, qualquer do povo sabe ser

impossível a realização de uma audiência em apenas um minuto, o que leva as

partes e seus advogados a perderem preciosos minutos e horas à espera de sua

audiência, fato que se constitui num flagrante desrespeito não somente à pessoa

humana, mas, sobretudo aos profissionais do direito e às próprias partes, obrigadas

a ficarem horas sem conta num salão à espera do pregão de seu processo, que

ninguém sabe precisar o momento em que será apregoado.

A adoção do rito sumaríssimo para questões trabalhistas pretendeu dar

solução para tão angustiante problema, entretanto, isto não ocorreu, sobretudo

porque os juízes do trabalho não contam com assessores, a exemplo do que ocorre

com os juízes de Tribunais, para lhes auxiliar no exame e estudo dos processos,

sendo deles todo o trabalho para elaboração das sentenças e no instante em que for

dada prioridade, como assegura a lei, às questões vinculadas ao rito sumaríssimo,

todo o trabalho relativo aos demais processos em andamento na Vara irá parar,

eternizando a jurisdição.

Como disse Manoel Antonio Teixeira Filho:

Os fatos da vida, muitas vezes, têm causas cuja origem não deriva da lei, mas de fatores sociais, econômicos, políticos e o mais; portanto, sem que esses fatores sejam considerados, nenhuma lei encontrará ressonância na realidade. A propósito, seria o caso de recordar-se a sensata advertência feito por Ripert, de que, ‘quando o Direito ignora a realidade, a realidade se vinga, ignorando o Direito’. Some-se a isso a particularidade de o procedimento que se acaba de instituir ser, em sua essência, um pastiche, um arremedo do velho e desprestigiado procedimento ordinário, cuja estrutura é de manifesta obsolescência. Não temos vocação para vaticínios catastróficos, nem cultuamos o gosto pelo pessimismo; todavia, o tempo dirá se estamos certos, ou não, em nossas apreensões quanto à ineficácia do procedimento sumaríssimo.16

16 TEIXEIRA FILHO, M. A. op. cit. pág. 22

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Em suma, nos dias atuais, em decorrência do aumento do número de

demandas trabalhistas, surge a necessidade de se utilizar um mecanismo célere de

solução dos conflitos. O número de processos na Justiça do Trabalho tem crescido a

cada ano que passa, estando o nosso Judiciário abarrotado de demandas sem

solução, daí a necessidade de se criarem mecanismos que fizessem valer o

princípio da celeridade e da economia processual. Foi nesse espírito que surgiu a

Lei do procedimento sumaríssimo. Mister salientar a importância do princípio da

celeridade, que, hoje, após a Emenda Constitucional nº 45/04 ganhou status

constitucional.

Um dos maiores tormentos a que podem ser submetidos os litigantes é a

morosidade do processo judicial. Ele avilta a parte, fere de morte o ideal de justiça e

funciona como mais uma razão de descrédito e desprestígio do Poder Judiciário.

A Lei criou o procedimento sumaríssimo na Justiça do Trabalho, em outra

tentativa de desafogar os tribunais trabalhistas das milhares de ações que por ali

tramitam. É um procedimento mais célere, mais simplificado do que o tradicional,

que deve ser utilizado nas causas de menor complexidade, ou seja, naquelas cujo

valor não exceda a quarenta vezes o valor do salário mínimo na época da

interposição.

O cerne da questão é: será que o que a lei criou efetivamente acelerou o

julgamento destas causas e serviu para desafogar o Judiciário?

Entende-se que não. O sonho de um procedimento rápido existe, mas a

efetivação dessa celeridade está muito distante de ocorrer diante da nossa realidade

judicial. Vivemos em um país muito extenso, com diversidades em toda a sua

plenitude. O Judiciário do Rio de Janeiro não pode ser comparado ao de Tocantins,

esse é o cerne da questão.

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A Lei instituiu um procedimento, por muitos entendido como obrigatório, para

as causas até quarenta salários-mínimos. Na nossa doutrina verificamos que o

procedimento sumaríssimo foi inspirado na Lei 9.099 de 26 de setembro de 1995

que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, em substituição aos antigos

Juizados de Pequenas Causas previstos na Lei 7.244 de 7/11/84. O curioso de se

observar é que a Lei 9.099/95 foi inspirada na Consolidação das Leis do Trabalho.

Portanto, demos uma volta para chegar à própria lei trabalhista.

Ocorre que, a Lei 9.099/95 traz uma celeridade às causas de pequeno valor,

porque criou os Juizados Especiais. É muito complicado implantar dentro da Justiça

do Trabalho, sem a criação de Varas Especiais um procedimento distinto daquele

sempre trabalhado. O número de causas a serem julgadas não sofreu redução,

apenas tivemos uma mudança no procedimento. O Juiz continua sobrecarregado de

processos.

Há mais, nenhuma mudança foi feita na fase de execução, como dito acima, o

que dificulta a prestação da tutela jurisdicional. O processo de conhecimento célere

gera apenas uma sentença. A verdadeira entrega do bem jurídico só se concretiza

com a execução, que continua morosa.

No processo comum, o juiz, diante de um pedido líquido deverá proferir uma

sentença líquida – parágrafo único do artigo 459 do Código de Processo Civil. No

procedimento sumaríssimo trabalhista, tal dispositivo foi vetado, inexistindo

obrigatoriedade do juiz apresentar sua sentença líquida. Com o texto atual há

necessidade do início normal de uma fase de execução, ou seja, devem as partes, o

contador judicial ou o perito liquidarem a sentença.

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Portanto, mesmo obtendo uma sentença mais rápida, o que nem tem sido o

caso, de qualquer sorte, na fase de execução o trâmite é sempre o mesmo, bem

lento.

Tal procedimento é judicial, o que leva a concluir que passamos a ter um

sonho de procedimento, pois o número de juízes não aumentou, não foram criadas

Varas especializadas para causas de pequeno valor e não houve qualquer alteração

na fase da execução, ou seja, a morosidade continua.

Pode-se constatar, por fim, que o procedimento sumaríssimo se igualou ao

procedimento ordinário, contribuindo muito pouco para a solução dos conflitos na

seara trabalhista.

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3. CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO

TRABALHISTA

3.1. Acréscimos à CLT

Como o legislador pretendia, de um lado, introduzir alterações no sistema do

processo do trabalho, mas, de outro, evitar que isso implicasse uma renumeração

dos dispositivos do texto da Consolidação das Leis de Trabalho, a solução que

encontrou foi a mesma ideada pelos reformadores do processo civil, minirreforma de

dezembro de 1994: adicionar, ao pé dos artigos já existentes, letras maiúsculas de

nosso alfabeto.

A Lei nº 9.957/2000, que introduziu o procedimento sumaríssimo no Processo

do Trabalho, acrescentou aos arts. 852 e 897 da Consolidação das Leis do Trabalho

letras maiúsculas, em ordem alfabética, como, por exemplo: “852-A”, “852-B”, e

assim sucessivamente.

Como informa Eduardo Gabriel Saad:

seguindo a orientação estabelecida pela Lei Complementar n. 95/98 (que dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das Leis), a norma em análise não renumerou os dispositivos consolidados. Pelo contrário, limitou-se a acrescentar letras maiúsculas, em ordem alfabética, ao lado dos dispositivos originais. Assim, o art. 852 passou a ser seguido pelos arts. 852-A a 852-I, ao passo que o art. 897 veio a preceder o art. 897-A.17

Significa isso que todos os artigos contemplados pela Lei n. 9.957/2000

passam a integrar a Consolidação das Leis do Trabalho no Capítulo III, Seção II-A –

Do Procedimento Sumaríssimo.

Topologicamente, foi correta a alteração introduzida. E, a despeito de a Lei nº

9.957/2000 não haver feito o esclarecimento, incidirão no procedimento sumaríssimo 17 SAAD, E. G. O novo sumaríssimo no processo do trabalho. Suplemento LTr: 022/00

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as normas regentes do procedimento ordinário, observado, por analogia, o critério

inscrito no art. 769 da Consolidação das Leis do Trabalho: omissão da referida

norma legal e compatibilidade das regras reguladoras do procedimento ordinário

com o sumaríssimo. Assim também se passa nos domínios do processo civil (Código

de Processo Civil, art. 272, parágrafo único).

3.2. Dissídios Submetidos ao Rito

O Processo do Trabalho prevê, nos órgãos de 1º grau, três procedimentos: o

comum, também denominado ordinário; o sumário (Lei nº 5.584/70, art. 2º, §§ 3º e

4º); e o sumaríssimo, instituído pela Lei nº 9.957/2000.

A ênfase dada pelo art. 852-A deixa claro que o sumaríssimo só se aplica aos

dissídios individuais, simples ou plúrimos, que se processam perante as Varas do

Trabalho.

Outrossim, não poderá o valor da causa ser superior a quarenta vezes o

salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação.

A utilização do salário mínimo como parâmetro processual, em que pesem

respeitosas opiniões divergentes, não se nos afigura inconstitucional. O que veda o

art. 7º, IV, da Constituição Federal é a utilização econômica do salário mínimo, que,

no passado, ensejou sensível aumento do custo de vida, com grave repercussão na

economia do País.

Observe-se que o próprio Tribunal Superior do Trabalho, na Orientação

Jurisprudencial n. 11 da Sessão Especializada em Dissídios Individuais, considerou

válida a fixação da alçada com base no salário mínimo: “Alçada. Vinculação ao

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salário mínimo – Recorribilidade. O art. 5º, inciso LV e art. 7º, inciso IV, da

Constituição Federal/88 não revogaram o art. 2º, § 4º, da Lei nº 5.584/70”.18

No mesmo sentido a Súmula 356 da mesma Corte de Justiça: “O art. 2º, § 4º,

da Lei nº 5.584/70 foi recepcionado pela Constituição da República de 1988, sendo

lícita a fixação do valor de alçada com base no salário mínimo”.19

Nos termos do art. 852-A, em exame, prevalece, para fins de alçada, o valor

do salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação, sendo irrelevante

alteração no curso da demanda, conforme Súmula nº 71 do TST: “A alçada é fixada

pelo valor dado à causa na data do seu ajuizamento, desde que não impugnado,

sendo inalterável no curso do processo”.20

Note-se que o valor da causa pode ser impugnado pela reclamada quando da

apresentação da sua defesa.

Na eventualidade de o reclamante omitir o valor da causa, deverá o juiz, de

ofício, fixá-lo, dessa decisão cabendo recurso de revisão para o presidente do

Tribunal Regional do Trabalho, no prazo de quarenta e oito horas, de acordo com o

art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 5.584/70:

Art. 2º Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e, não havendo acordo,o Presidente da Junta ou o Juiz, antes de passar à instrução da causa, fixar-lhe-á o valor para a determinação da alçada, se este for indeterminado no pedido. § 1º Em audiência, ao aduzir razões finais, poderá qualquer das partes impugnar o valor fixado e, se o Juiz o mantiver, pedir revisão da decisão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do Tribunal Regional. § 2º O pedido de revisão, que não terá efeito suspensivo, deverá ser instruído com a petição inicial e a Ata da Audiência, em cópia autenticada pela Secretaria da Junta, e será julgado em 48 (quarenta e oito) horas, a partir do seu recebimento pelo Presidente do Tribunal Regional”.21

18 Orientação Jurisprudencial nº 11, Sessão Especializada em Dissídios Individuais 19 Orientação Jurisprudencial nº 356, Sessão Especializada em Dissídios Individuais 20 Súmula nº 71, Tribunal Superior do Trabalho 21 Brasil. Lei nº 5.584/70, publicada no Diário Oficial da União, de 29-6-1970

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Verificando o juiz ser o valor da causa superior a quarenta vezes o salário

mínimo, poderá, de ofício, determinar a observância do procedimento comum ou

ordinário.

Embora, como prevê a lei, a petição de impugnação do valor da causa, no

procedimento ordinário, deva ser autuada em separado e apensada aos autos

principais, no processo do trabalho não se deve levar à risca essa exigência, de tal

modo que, em situações especiais, a impugnação poderá ser feita no corpo da

própria contestação. Diante de situação como essa, todavia, o juiz deve ter o

extremo cuidado de não julgar a causa sem antes apreciar a impugnação, sob pena

de instaurar um tumulto no procedimento. Afinal, a impugnação, ainda que esteja

embutida na própria contestação, deve ser julgada antes mesmo de passar-se à

instrução processual, sabendo-se que a instrução atinente ao procedimento

sumaríssimo é distinta da que é característica do ordinário.

No procedimento ordinário trabalhista, tradicionalmente, o réu possui muito

pouco interesse em impugnar o valor atribuído à causa. Esse interesse, em rigor,

somente existe quando a impugnação possa afetar a alçada, estabelecida pelo art.

2º, § 4º, da Lei nº 5.584/70, de modo a fazer com que a sentença aí proferida seja

recorrível.

Considerando, porém, que o procedimento sumaríssimo diz respeito às

causas cujo valor seja igual ou inferior a quarenta salários mínimos, é de imaginar-se

que aumentarão os casos de impugnação do valor atribuído à causa, pois o réu

poderá estar interessado em que o procedimento seja o ordinário – e, para isso, o

valor da causa terá de exceder a quarenta salários mínimos.

Diferentemente da previsão do art. 3º, § 3º, da Lei º 9.099/95, que faculta ao

demandante optar entre o processo diferenciado dos Juizados Especiais e o

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processo tradicional do Código de Processo Civil, a norma veiculada no art. 852-A,

de forma equivocada, tornou obrigatória a adoção do procedimento sumaríssimo

para as causas trabalhistas com valor inferior a quarenta salários mínimos.

Cumpre enfatizar que a regra traduz comando imperativo, ‘ficam submetidos’,

e nenhum dos demais dispositivos da Lei nº 9.957/00 deixam entrever a

facultatividade, a exemplo da disposição do processo civil acima mencionada.

Melhor seria torná-lo facultativo, de acordo com a idéia de que o demandante

nestas hipóteses não estaria optando por esse ou aquele procedimento, o que é

vedado pelo sistema processual art. 295, V, do Código de Processo Civil:

Art. 295. A petição inicial será indeferida: V – quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal.22

mas, sim, por uma modalidade de tutela diferenciada, a qual se desenvolve por

intermédio de processo com características especiais.

Tratando-se, portanto, de procedimento de observância obrigatória, e não de

modalidade de tutela diferenciada de livre opção do demandante, cumprirá ao juiz

ordenar a sua aplicação às causas de valor inferior a quarenta salários mínimos.

Além disto, e como pressuposto do controle da aplicabilidade do

procedimento, competirá ao juiz verificar, de ofício, a correspondência do valor

atribuído à causa como conteúdo econômico da pretensão (objeto mediato do

pedido).

Convém observar, neste ponto, que é admitida a correção de ofício do valor

da causa, notadamente quando há critério legal de fixação não atendido pelo

demandante, conforme artigos 259 e 260, do CPC:

Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será: I – na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros

22 Lei nº 5.869. op. cit.

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vencidos até a propositura da ação; II – havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; III – sendo alternativos os pedidos, o de maior valor; IV – se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal; V – quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato; VI – na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor; VII – na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto. Art. 260. Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações.23

3.2.1. Exclusão da Fazendo Pública

A exclusão da Fazenda Pública do procedimento sumaríssimo se nos afigura

injustificável, ensejando-se com isso o uso abusivo de recursos protelatórios, uma

vez que estará sujeita, exclusivamente, ao procedimento ordinário.

Constitui o fato, pois, mais um dos odiosos privilégios de que goza o Poder

Público no âmbito processual, sobretudo agora que, por força da Lei nº 9.962, de 22

de fevereiro de 2000, o pessoal admitido para emprego público na Administração

Federal direta, autárquica e fundacional terá sua relação de trabalho regida pela

Consolidação das Leis do Trabalho.

Em razão do privilégio nominado, nas futuras ações trabalhistas em que a

Administração direta, autárquica ou fundacional for reclamada, observar-se-á,

necessariamente, o rito ordinário, em que, além dos recursos voluntários, disporá,

também, do recurso ex officio (Decreto-Lei nº 779, de 21-8-1969). Salvo se acolhida

a subsistência do rito sumário (Lei nº 5.584/70) e o valor da causa for de até dois

salários mínimos, pois a lei nominada não exclui a Fazenda Pública.

23 Lei nº 5.869. idem

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35

Observe-se que a Fazenda Pública dispõe de Procuradoria apta à defesa

judicial do interesse público, não encontrando o recurso ex officio qualquer amparo,

constituindo, isso sim, vasta fonte a opor-se à tão necessária celeridade processual.

A alegação de que a Administração Pública dispõe de prazos em quádruplo

não justifica o privilégio, a teor do que ocorre com o procedimento sumário do cível

art. 277 do Código de Processo Civil:

O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de 30 (trinta) dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de 10 (dez) dias e sob a advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro.24

que reduziu esse mesmo prazo para o dobro.

Se essa exclusão presume o fato de a Administração Pública figurar como ré,

na relação processual, pelo mesmo motivo se deve inferir que a exclusão abrange

os casos, embora raros, em que a Administração Pública atue como autora, como

nas ações destinadas a comprovação de falta grave perpetrada por empregado

estável; de consignação em pagamento etc.

Provavelmente, o fato de o legislador haver excluído do procedimento

sumaríssimo as causas em que figure como parte a Administração Pública direta,

entidade autárquica ou fundacional, decorreu de uma razão de ordem técnica, pois,

caso contrário, a celeridade do procedimento poderia estar comprometida pela

prerrogativa do prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer que a

norma legal atribui à Administração, Decreto-Lei nº 779/69, art. 1º, incisos I e II,

respectivamente. Assim afirmamos porque embora a resposta do réu deva ser

oferecida na audiência, única, em tese, o próprio Decreto-Lei nº 779/69 consagrou a

opinião doutrinal de que o prazo de cinco dias, mencionado no art. 841, parte final,

da Consolidação das Leis do Trabalho, é para contestar.

24 Lei nº 5.869. idem

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36

Entretanto, levando-se em consideração que essa exclusão: a) derivou de

uma razão de ordem técnica; b) não implicou ofensa ao art. 5º, caput, da

Constituição Federal, cremos que ela tenha si injustificável, se a tomarmos sob o

ponto de vista ético, porquanto já não se justifica, nos tempos modernos, a

atribuição dessas prerrogativas processuais à Administração Pública,

designadamente no plano da Justiça do Trabalho, pois a Administração possui

procuradores ou advogados em número razoável para promover a defesa dos seus

direitos e interesses em juízo nas mesmas condições do particular. Nem é

despropositado acrescer o argumento de que a execução por quantia certa contra a

Fazenda Pública se realiza segundo o procedimento moroso dos precatórios, por

forma a agravar, ainda mais, a situação de todos aqueles que têm de demandar em

face dessa Fazenda.

Se num primeiro passo de implantação dos Juizados Especiais Cíveis havia

justificativa para impedir demandas contra a Administração, pois se temia, por

exemplo, sobrecarregá-los com os processos referentes a questões salariais de

servidores públicos estatutários municipais e estaduais, em detrimento daqueles

envolvendo os principais destinatários da tutela diferenciada, relações de consumo

etc., nem por isso a norma deveria ter sido repetida no processo trabalhista, diga-se

de passagem por simples inércia.

Reduziu-se, portanto, a importância dos instrumentos de tutela do direito

material trabalhista, enquanto outras situações jurídicas passarão a receber proteção

muito mais adequada, cobrança e revisões de benefícios previdenciários, etc.

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37

4. DISPOSIÇÕES DO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO EM

PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO

4.1. Pedido Líquido

Buscando celeridade processual, dispõe o inciso I do dispositivo em exame,

que o pedido deve ser certo ou determinado, indicando, outrossim, o valor

correspondente.

Pedido é o que se postula em juízo, o que se pretende , constituindo ele o

objeto da ação. Certo é o pedido exato. Determinado é o pedido delimitado, indicado

com precisão.

Deve, igualmente, ser indicado o valor da pretensão, o que implica

reconhecer que, no procedimento sumaríssimo, o pedido deve ser líquido, ou seja,

de valor definido.

Observe-se que o pedido pode envolver diversos títulos: aviso prévio, férias e

13º salário proporcional, saldo salarial etc. Contudo, mister se faz a indicação do

valor de cada título, que, somados, não poderão ultrapassar o valor de quarenta

salários mínimos, artigo 852-A da Consolidação das Leis do Trabalho.

A expressa menção ao pedido não significa desprezo às regras dispostas no

artigo 840 da Consolidação das Leis do Trabalho, combinadas com as do artigo 282

do Código de Processo Civil, que estabelecem os requisitos da inicial objetivamente

sintetizados no artigo 14 da Lei nº 9.099/95, Juizado Especial, a saber: “I – o nome,

a qualificação e o endereço das partes; II – os fatos e os fundamentos, de forma

sucinta; III – o objeto e seu valor”.25

25 Brasil. Lei nº 9.099, publicado no Diário Oficial da União, de 27.09.1995

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Tanto o procedimento sumário, Lei nº 5.584/70, quanto o sumaríssimo não

aboliram o jus postulandi, razão por que, à semelhança do que ocorre no Juizado

Especial Cível, a petição poder ser verbal, formulada na Secretaria da Vara do

Trabalho, ou no Distribuidor, se houver, sendo reduzida a escrito por funcionário da

Justiça do Trabalho.

A Lei nº 9.957/2000, contudo, inova, profundamente, ao exigir que o pedido,

no procedimento sumaríssimo, além de certo ou determinado, indique o valor

correspondente, ou seja, revele a sua expressão monetária. Seja líquido, enfim. É

evidente que esse requisito só faz sentido nas ações versando sobre obrigação de

pagar quantia certa, sendo inaplicável às de fazer ou não fazer e outras.

4.2. Forma de Citação

No procedimento sumaríssimo fica abolida a citação por edital, artigo 852-B,

II, da Consolidação das Leis do Trabalho.

Assim, a citação, em princípio, será postal, art. 841, § 1º, da Consolidação

das Leis do Trabalho, admitida a utilização, pelo juízo, de oficial de justiça, auxiliar

que é do juiz, na eventualidade de o reclamado recusar-se a receber a notificação

postal.

Utilizada esta última, é manifesto o cabimento da Súmula 16 do Tribunal

Superior do Trabalho: “Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas

depois de sua regular expedição. O seu não recebimento ou a entrega após o

decurso desse prazo constituem ônus de prova do destinatário”.26

26 Enunciado de Súmula nº 16, Tribunal Superior do Trabalho

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A proibição de citação por edital cria sério embaraço à efetiva prestação

jurisdicional, na eventualidade de o reclamado estar em local incerto e não sabido, o

que, aliás, com freqüência, ocorre na Justiça do Trabalho, quando empresários

malsucedidos nos negócios encerram abruptamente suas atividades empresariais,

tomando rumo ignorado.

É manifesta a inconstitucionalidade do artigo 852-B, inciso II, da Consolidação

das Leis do Trabalho. Nem se objete que inexistiria esse antagonismo com a

Constituição Federal porque esse dispositivo da CLT, em rigor, não estaria a inibir o

exercício do direito de ação, mas, apenas, a proibir a citação por edital. Se assim, se

disser, argumente-se, em caráter proléptico, que a conseqüência do desatendimento

à regra contida no artigo 852-B, inciso II, da Consolidação das Leis do Trabalho,

segundo a qual o autor deve indicar o endereço do autor, pois não se admite a

citação por edital, será o indeferimento da petição inicial, com a conseqüente

extinção do processo sem julgamento do mérito, Código de Processo Civil, artigo

267, inciso I. – o § 1º dessa norma alude, imperfeitamente, o “arquivamento da

reclamação”.

Sendo assim, o juiz, a requerimento do autor ou por sua iniciativa, poderá

denunciar, no caso concreto, em caráter incidental, a contrariedade dessa norma

infraconstitucional com a Suprema Carta Política do País e, em conseqüência,

determinar, quando for o caso, a citação do réu por edital.

Afinal de contas, o legislador não se preocupou em esclarecer que atitude

deveria tomar o autor quando, desejando exercer o seu direito constitucional de

ação, o endereço do réu fosse, justificadamente, desconhecido.

Sempre haverá lugar para o bom-senso do juiz e da doutrina,

designadamente quando essa virtude haja faltado ao legislador.

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40

4.3. Prazo para apreciação da Reclamação

Num completo divórcio do que efetivamente ocorre na Justiça do Trabalho,

quixotescamente estabelece o artigo 852-B, III, da Consolidação das Leis do

Trabalho, o prazo de quinze dias para que a reclamação trabalhista, submetida ao

rito sumaríssimo, seja julgada.

O atendimento de tal exigência, nos grandes centros urbanos, é,

inquestionavelmente, impossível, o que fatalmente implicará a designação do que se

denomina sessões subseqüentes, haja vista a expressa previsão de tal hipótese

contida no § 7º do art. 852-H, do mesmo diploma legal nominado, providência que,

fatalmente, ficará ao prudente arbítrio do magistrado.

É bem verdade que o dispositivo legal em exame fala de pauta especial.

Contudo, de longa data a pauta especial, com juiz auxiliar, vem sendo

observada para atendimento aos processos submetidos ao rito ordinário, sem que tal

providência tenha alcançado resultados satisfatórios.

Mais uma vez, estamos diante de uma boa intenção do legislador, que,

todavia, não encontrará ressonância na realidade. Cuida-se, pois, de uma boa

intenção fantasiosa.

Na verdade, a exigência legal de solução da lide em quinze dias só tem

condições de ser atendida por aqueles órgãos jurisdicionais que, por exceção à

regra, apresentam diminuto volume processual; mesmo assim, seria de indagar-se

quanto à utilidade do procedimento sumaríssimo, uma vez que o próprio

procedimento ordinário permitiria, neste caso, a rápida solução do conflito, ou seja,

em prazo igual ou até mesmo inferior a quinze dias.

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4.4. Audiência Única

A audiência única já está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho para

o procedimento ordinário, a teor do que dispõe o art. 849:

A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.27

O art. 852-C em exame, deve ser interpretado em consonância com o inciso

III do art. 852-B, que prevê o julgamento no prazo máximo de quinze dias do

ajuizamento. Significa, assim, que a audiência única – de instrução e julgamento –

deverá realizar-se no prazo mencionado, o que se afigura impraticável nos grandes

centros urbanos.

Observe-se, entretanto, que a audiência pode ser interrompida, a critério do

juiz, ex vi do disposto no § 7º do art. 852-H.

Por se tratar, em princípio, de audiência única, a ela devem comparecer as

partes, acompanhadas das suas testemunhas, que serão intimadas na recusa ao

comparecimento espontâneo.

O reclamado poderá fazer-se representar por gerente ou preposto,

acompanhado da respectiva carta de preposição.

Na audiência, aberta a sessão, o juiz proporá a conciliação, que, acolhida,

porá fim ao processo. Recusada a proposta de conciliação, o reclamado apresentará

sua defesa, escrita ou oral, acompanhada dos documentos que julgar convenientes

– no original ou formas mecânicas autenticadas. Sobre os documentos juntados com

a defesa, o reclamante deve manifestar-se na própria audiência, o que por certo

exigirá do seu advogado desusado esforço.

27 Decreto-lei nº 5.452. op. cit.

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Ouvidas as partes, e suas testemunhas, obrigatoriamente o juiz reiterará a

proposta de conciliação. Rejeitada esta, dar-se-á vista às partes para aduzirem

razões finais orais, seguindo-se-lhe a sentença.

Todos os atos processuais serão registrados resumidamente, artigo 852-F.

É imperioso afirmar que tanto no procedimento ordinário quanto no

sumaríssimo não se pode realizar audiência única sem o sacrifício de considerável

parcela dos direitos constitucionais das partes, dentre os quais se destacam o

contraditório e a ampla defesa. Não podemos ignorar que o devido processo do

‘direito’, mais do que um superprincípio, é uma garantia que a Constituição atribui

aos litigantes em juízo.

O grande desafio, pois, é o de conciliar a necessidade de uma rápida entrega

da prestação jurisdicional com a garantia constitucional do devido processo do

‘direito’. A Lei nº 9.957/2000, como está sendo demonstrado, não conseguiu nem

uma coisa, nem outra.

4.5. Ampla Liberdade do Juiz na Condução do Processo

A disposição põe em relevo a concepção publicista do processo, que faz do

juiz a figura central da prestação jurisdicional do Estado. Por isso que sustenta

Moacyr Amaral dos Santos:

Compreensível a razão de ser da predominância do juiz na relação processual. Desta ele participa como órgão do Estado, como órgão do poder (poder jurisdicional) no interesse da coletividade, qual a de compor conflitos com justiça, isto é, conforme a vontade da lei. Se a relação processual se instaura com a finalidade de se alcançar a prestação jurisdicional num caso concreto, assegurando a paz social, a soberania da lei, ao interesse das partes, no desenvolvimento da relação, sobreleva o interesse público de que esta se desenvolva e atinja a sua finalidade na consonância das normas e princípios de justiça. Por isso mesmo ao juiz são concedidos, no exercício de suas atividades processuais, largos poderes, sem os quais não lhe seria possível conhecer, decidir e dar

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execução às suas decisões, satisfazendo desse modo a prestação jurisdicional visada pelo processo.28

Em razão desse poder diretivo é que dispõe o artigo 125 do Código de

Processo Civil:

O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe: I – assegurar às partes igualdade de tratamento; II – velar pela rápida solução do litígio; III – prevenir ou reprimir ato contrário à dignidade da Justiça.29

O mesmo princípio está presente no artigo 756 da Consolidação das Leis do

Trabalho:

Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.30

Como não poderia deixar de ser, o procedimento sumaríssimo acolhe a regra,

ensejando ao juiz a faculdade de determinar as provas que julgue indispensáveis,

bem como indeferir aquelas que entenda excessivas, impertinentes ou protelatórias,

como deixa claro v. acórdão do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, SP:

A administração da prova é tarefa que compete ao juiz (ex vi, art. 451, CPC) e deve exercê-la segundo as regras básicas. Enaltece, assim, a eficiência dos trabalhos; a otimização do tempo e o respeito aos demais jurisdicionados que aguardam por sua vez na ante-sala de audiências. A inobservância incentiva a prática de atos desnecessários e inúteis ao desenvolvimento do processo.31

Observe-se, contudo, que a liberdade concedida ao juiz para a regular

condução do processo não significa arbítrio absoluto, com indeferimento injustificável

de prova, encerramento abrupto da instrução etc., conforme orientação RT, 620:144:

‘o indeferimento imotivado de prova testemunhal importa cerceamento de defesa e

acarreta nulidade da decisão’.

28 DOS SANTOS. M. A. Primeiras linhas de direito processual civil. Forense: 5. ed. V.1, p. 280 29 Lei nº 5.869. op. cit. 30 Decreto-lei nº 5.452. op. cit. 31 TRT/SP 02970093698, Ac. 6ª T. 02980113870, DOE, 27 mar. 1998

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Outrossim, na apreciação das provas deve o magistrado dar valor especial às

regras de experiência comum ou técnica, ou seja, ainda que com grande liberdade

para apreciar a prova dos autos, conforme artigo 335 do Código de Processo Civil:

Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e ainda as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o exame pericial.32

O juiz deve servir-se, igualmente, de sua experiência e do que comumente

ocorre na comunidade social.

A particularidade de o artigo 852-D da Consolidação das Leis do Trabalho

fazer alusão, implícita, às ‘máximas de experiência’ não significa que a incidência

destas deva ficar limitada às causas regidas pelo procedimento sumaríssimo. Na

verdade, as ‘máximas de experiência’, previstas no artigo 335 do Código de

Processo Civil, sempre foram compatíveis com o processo do trabalho,

procedimento ordinário. Destarte, seja com fundamento no artigo 335 do CPC,

procedimento ordinário, seja com fulcro no artigo 852-D da CLT, procedimento

sumaríssimo, essas máximas são plenamente aplicáveis ao processo do trabalho.

4.6. Conciliação

O artigo 114 da Constituição Federal vigente proclama a finalidade

conciliatória da Justiça do Trabalho: “Compete à Justiça do Trabalho conciliar e

julgar…”.33

Fiel a essa regra, o procedimento sumaríssimo acentua os esforços de que

deve valer-se o juiz no sentido de convencer os litigantes à celebração de acordo.

32 Lei nº 5.869. op. cit. 33 Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 05.10.1988

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Afasta-se do formalismo estabelecido na CLT, que, obrigatoriamente prevê a

tentativa de conciliação, quando da abertura da audiência, artigo 846: “Aberta a

audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação”34, e a renovação da proposta,

antes de ser proferido o julgamento, artigo 850:

Terminada a instrução poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.35

No sumaríssimo, a qualquer momento, em qualquer fase da audiência, pode e

deve o juiz envidar seus esforços objetivando a conciliação.

Acolhida a proposta, a sentença que a homologa é sentença de mérito

insuscetível de recurso, por isso que transita desde logo em julgado, só podendo ser

atacada pela via da ação rescisória, de competência originária, na hipótese em

exame, do Tribunal Regional do Trabalho na ocorrência dos casos previstos no

artigo 485 do Código de Processo Civil.

O critério pelo qual o juiz se norteará com vistas à formulação de propostas

conciliatórias será o da conveniência e oportunidade. Por isso, essas propostas

variarão, caso a caso, quanto ao número de vezes em que serão formuladas e os

momentos em que isso ocorrerá. Nada obsta, entretanto, a que o juiz adote critérios

uniformes a esse respeito, a fim de evitar certas variações idiossincráticas entre uma

causa e outra, que poderão ser mal interpretadas pelas partes.

A transação, sendo total, dará fim ao processo com exame do mérito, Código

de Processo Civil, artigo 269, III; sendo parcial, fará com que processo prossiga

quanto às pretensões que não foram objeto da transação, embora possibilite,

sempre que for o caso, a imediata execução das que ficarem abrangidas por esse

negócio jurídico. 34 Decreto-lei nº 5.452. op. cit. 35 Lei nº 9.099. op. cit.

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4.7. Ata da Audiência

Em se tratando de procedimento sumaríssimo, buscou o legislador reduzir as

formalidades do procedimento ordinário, com a consignação na ata da audiência, e

em forma resumida, dos atos essenciais, das afirmações fundamentais das partes e

das informações úteis à solução da causa trazidas pela prova testemunhal.

Atos essenciais são todos aqueles indispensáveis, imprescindíveis, que não

podem ser omitidos, como rotularíamos os eventuais incidentes processuais. As

afirmações fundamentais das partes dizem respeito aos pontos mais elucidativos

dos depoimentos pessoais.

Informações úteis são aquelas trazidas pelas testemunhas diretamente

relacionadas com o objeto da lide.

Em que pese a faculdade concedida ao juiz de transcrever, de forma

resumida, os atos essenciais ocorridos em audiência, é preciso atentar-se para as

nulidades processuais decorrentes de arbítrio do julgador, o que poderá ocasionar o

cerceio a direitos fundamentais das partes.

4.8. Decisão de Plano dos Incidentes e Exceções

O dispositivo legal sob exame deixa patente a preocupação do legislador na

concentração dos atos fundamentais do processo na audiência, em princípio, única.

Em decorrência disso dispõe o Artigo 852-G que, na própria audiência, o juiz

decidirá de plano, ‘todos os incidentes e exceções’ capazes de interferir no

prosseguimento desta, recepcionando integralmente o art. 29 da Lei nº 9.099/95,

Juizado Especial: “Serão decididos de plano todos os incidentes que possam

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interferir no regular prosseguimento da audiência. As demais questões serão

decididas na sentença”.36

Como incidentes processuais devem ser vistas as preliminares, tais como

inépcia da inicial, impugnação ao valor da causa, conexão, litispendência, coisa

julgada, incompetência absoluta, incidente de falsidade, etc.

Exceção é defesa indireta de natureza processual, consistente na

incompetência relativa, ratione loci, no impedimento ou na suspeição do magistrado.

A decisão de plano poderá criar sérios problemas práticos, pois determinados

incidentes, como, por exemplo, o de falsidade, fatalmente implicarão a designação

de perito, com o conseqüente adiamento da audiência.

Ademais disso, em conformidade com o que dispõe o artigo 799 da CLT: “Nas

causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com

suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência”,37 as exceções de

suspeição ou incompetência implicam a suspensão do feito, dando-se vista ao

excepto por vinte e quatro horas, artigo 800 da CLT:

Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao exceto, por 24 (vinte e quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir.38

Nesta medida, o legislador teria andado melhor se exigisse tão só a decisão

imediata “dos incidentes que possam interferir no regular prosseguimento da

audiência”,39 como fez no artigo 29, caput, da Lei nº 9.099/95, e não ‘de todos os

incidentes e exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência e do

processo’.

36 Lei nº 9.099. op. cit. 37 Decreto-lei nº 5.452. op. cit. 38 Decreto-lei nº 5.452. op. cit. 39 Lei nº 9.099. op. cit.

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Conquanto a norma veicule comando imperativo ‘serão decididos’, a ela não

se pode emprestar sentido absoluto.

Deste modo, por exemplo, a prova a respeito de contradita nem sempre é

‘apresentada no ato’, como se dá no processo civil, artigo 414, § 1º, do CPC, porque

as partes não dispõem de ciência prévia dos róis de testemunhas, artigos 845 e 852-

H, § 2º, da CLT.

Como assegurar o ‘direito à prova’ nestes casos, uma vez que a parte não

tinha conhecimento da identidade das testemunhas do litigante adverso?

A solução estará em suspender a audiência, para facultar a produção da

prova da contradita, protraindo a decisão do incidente para a próxima sessão, artigo

852-H, § 7º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

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5. PROVAS E SENTENÇA

5.1. Provas

Consagra-se no dispositivo em exame o princípio da concentração, que, aliás,

já vem estabelecido no artigo 845 da CLT: “O reclamante e o reclamado

comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando,

nessa ocasião, as demais provas”.40

A inovação estaria na desnecessidade de prévio requerimento dessas provas

– ‘ainda que não requeridas previamente’.

Em tais condições, devem as partes comparecer à audiência, acompanhadas

das suas testemunhas, independentemente de intimação, salvo se recusarem-se a

comparecer espontaneamente.

A determinação de que todas as provas serão realizadas na audiência deve

ser interpretada considerando-se a espécie de prova, já que, na necessidade de

perícia, insalubridade, periculosidade, falsidade documental, o adiamento da

audiência é inevitável, para o que, aliás, há previsão legal artigo 852-H, § 4º.

5.1.1. Prova documental

A determinação legal, a rigor, faz recair sobre o advogado do reclamante

maior responsabilidade. Com efeito, ao propor a ação, o reclamante junta à inicial os

documentos indispensáveis, artigo 283 do CPC: “A petição inicial será instruída com

40 Decreto-lei nº 5.452. op. cit.

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os documentos indispensáveis à propositura da ação”.41 Sobre tais documentos

manifestar-se-á o reclamado, em sua defesa, sendo certo que entre a notificação e a

audiência disporá de prazo suficiente para vista dos autos na Secretaria do Juízo.

Já o reclamante não terá tal oportunidade, visto que só terá vista de

documentos quando da apresentação da defesa, pelo reclamado, em plena

audiência.

Observe-se, porém, a cautela do legislador, admitindo o adiamento, com

concessão de vista à parte: ‘…salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz’.

Pedida vista dos autos para manifestação sobre documentos juntados na

audiência, indeferido o pleito, cabe ao advogado da parte consignar o seu protesto,

que no Processo do Trabalho faz as vezes do agravo retido previsto no artigo 522, §

1º, do CPC, sob pena de preclusão.

5.1.2 - Testemunhas

No rito sumaríssimo o número de testemunhas, para cada parte, foi reduzido

para dois.

Tais testemunhas devem comparecer à audiência de modo espontâneo,

obviamente a convite da respectiva parte.

O princípio já vem previsto no artigo 825 da CLT: “As testemunhas

comparecerão à audiência independentemente de notificação ou intimação”.42

Significa isso que a parte não está obrigada a fornecer prévio rol de suas

testemunhas, o que na prática prejudica a colheita de elementos que possam

robustecer eventual contradita. 41 Lei nº 5.869. op. cit. 42 Decreto-lei nº 5.452. op. cit.

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51

5.1.3 – Intimação da Testemunha

O dispositivo condiciona a intimação da testemunha à comprovação de prévio

convite: ‘…que, comprovadamente, convidada…’. Cabe, pois, à parte demonstrar ao

juiz a formulação de tal convite. A legislação em exame, contudo, não estabelece a

forma dessa comprovação, razão por que entendemos que, salvo prova robusta em

contrário, é de se admitir a simples manifestação da parte, sobretudo do empregado,

como elemento autorizador da intimação. Observe-se que ao empregador basta uma

ordem para que suas testemunhas compareçam em juízo, o que inocorre com

relação ao empregado.

A solicitação ao juiz para intimação da testemunha pode anteceder a

audiência, bastando que a testemunha convidada, de antemão, recuse-se a

comparecer espontaneamente em juízo.

Pode, igualmente, ocorrer na própria audiência.

Nessa última hipótese, deve o magistrado adiar a audiência, designando outra

data, observado o prazo máximo de trinta dias, § 7º do art. 852-H, com a

determinação de que a testemunha ausente seja intimada. As testemunhas

presentes sairão cientes da nova designação.

Não atendida a intimação, impõe-se a condução coercitiva da testemunha

faltosa.

5.1.4. Prova Técnica (Perícia)

A prova pericial poder resultar de imposição legal, como ocorre com os

pedidos de insalubridade e periculosidade, insculpidos no artigo 195, § 2º, da CLT:

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Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por sindicato em favor de grupo de associados, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do ministério do Trabalho.43

Em outras situações, torna-se o único meio de prova do fato, conquanto não

decorra de imposição legal, como é o caso do incidente de falsidade de documento.

Nos dois casos mencionados, a prova pericial se impõe, observando-se a

respeito o que determina o artigo 3º da Lei nº 5.584/70: “Os exames periciais serão

realizados por perito único designado pelo juiz…”,44 facultada às partes indicação de

assistentes, já que a proibição nesse sentido foi vetada pelo Executivo, § 5º do artigo

em comento.

Omissa a CLT, quanto ao prazo para apresentação de quesitos das partes, é

de se aplicar subsidiariamente o prazo previsto no inciso II do § 1º do artigo 421 do

CPC: “Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do

despacho de nomeação do perito: … II – apresentar quesitos”.45

Nada impede, porém, que, determinada a prova pericial, com a conseqüente

nomeação de perito do juízo, ainda em audiência, sejam as partes, naquele

momento processual, convidadas a formular seus quesitos, com a faculdade

concedida ao magistrado de indeferir os que entender impertinentes.

Inexistindo prejuízos inexistirá nulidade, conforme art. 794 da CLT: “Nos

processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando

resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes”.46

43 Decreto-lei nº 5.452. op. cit. 44 Lei nº 5.584/70. op. cit. 45 Lei nº 5.869. op. cit. 46 Decreto-lei nº 5.452. op. cit.

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É de todo conveniente ressaltar que os honorários do perito do juízo são de

responsabilidade da parte sucumbente na pretensão relativa ao objeto da perícia,

Enunciado de Súmula 236 do TST. Já os honorários dos assistentes são devidos

pelas partes que os tenham indicado, ainda que vencedora, uma delas, no objeto da

perícia, a teor do que dispõe o Enunciado de Súmula 34 do TST.

5.1.5. Manifestação Sobre o Laudo

O prazo, como se vê, é comum, o que afasta a possibilidade de vista dos

autos mediante carga. Assim, o exame do laudo do perito do juízo só é possível na

Secretaria da Vara do Trabalho, o que implica a necessidade de especial atuação

por parte dos advogados.

As partes poderão impugnar o laudo e solicitar esclarecimento ao perito, que

os prestará por escrito, ou oralmente, em audiência, conforme seja o caso.

5.1.6. Audiência em Continuação

A audiência é única, em princípio, o que por certo não poderia ser absoluto,

pois, em diversas circunstâncias, o seu adiamento é medida que se impõe. É o que

ocorre, por exemplo, quando a manifestação sobre documentos exige prazo

razoável, não podendo ser feita na própria audiência, ex vi do disposto no § 1º do

art. 852-H.

Da mesma forma, deferida prova pericial, fixado prazo para a apresentação

do laudo, o adiamento da audiência é inevitável, a teor do que dispõe o art. 852-H, §

4º.

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54

Intimada a testemunha que se recusa a comparecer espontaneamente, não

atendida a intimação, a condução coercitiva implica, igualmente, o adiamento da

audiência art. 852-H, § 3º.

Em suma, outros fatos podem ocorrer, forçando o julgador à realização de

audiência em continuação. Nesse caso,o prosseguimento do processo deve dar-se

no prazo máximo de trinta dias: ‘salvo motivo relevante justificado nos autos pelo

juiz’, o que positiva não ser fatal o prazo em questão.

5.2. Sentença

A sentença é, como se sabe, a decisão do juiz, pondo fim ao processo,

decidindo ou não o mérito da causa, conceito, aliás, do artigo 162, § 1º, do CPC.

Em conformidade com o disposto no artigo 458 do mesmo Estatuto

Processual, são requisitos essenciais da sentença:

I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e direito; III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe submeterem.47

O formalismo previsto no dispositivo legal acima transcrito é mitigado no rito

sumaríssimo, adotando-se o princípio já anteriormente consagrado no artigo 38 da

Lei nº 9.099/95, Juizado Especial.

O artigo sob comentário fala em dispensa do relatório, determinando,

contudo, que se faça ‘resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência’.

Na observação de Thereza Christina Nahas, tal resumo: “nada mais é do que

o relatório, mesmo porque todos os fatos do rito sumaríssimo, em princípio e salvo

47 Lei nº 5.869. op. cit.

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algumas exceções, terão ocorrência em audiência”,48 o que nos leva a afirmar que a

adoção de relatório sucinto, pondo em destaque os fatos relevantes ocorridos em

audiência, enunciando os nomes dos litigantes, entre auxiliar os serviços

administrativos, é providência que se adotará ou não, a critério do juiz.

Racionaliza a pauta de julgamento, evitando nulidade que fatalmente

ocorreria se, na fundamentação, o magistrado omitisse tais dados. A adoção de

relatório sucinto, obviamente, não acarreta nulidade, podendo ser, quando muito,

considerado excesso de zelo do magistrado.

Na verdade, porém, a legislação é de absoluta clareza – dispensando o

relatório. E se afirma tal dispensa, anunciando a necessidade imperativa de se dar

destaque aos fatos relevantes ocorridos em audiência, impõe ao magistrado a

obrigação de inseri-los na própria fundamentação.

Com efeito, no rito sumaríssimo, a sentença conterá, obrigatoriamente, duas

partes: a) fundamentação;

b) dispositivo.

A fundamentação é, na verdade, a viga mestra do julgado, quando o juiz,

analisando a prova dos autos, dá as razões do seu convencimento.

Observe-se que a sentença sem fundamentação é nula, não podendo ser

assim considerada a sentença com fundamentação sucinta, conforme decisão do

Ministro Carlos Veloso, do SupremoTribunal Federal: “A Constituição não exige que

a decisão seja extensamente fundamentada. O que se exige é que o juiz ou tribunal

dê as razões de seu convencimento”.49

Com a dispensa do relatório, indispensável a transcrição, na fundamentação,

dos fatos relevantes ocorridos na audiência. 48 NAHAS, T. C. Do rito sumaríssimo no processo do trabalho. Suplemento LTr, 032/00, p. 155 49 STF, 2ª T., AI 162.089-9-DF, AgRg, Rel. Min. Carlos Veloso, j. 12-12-1995, DJU, 15 mar. 1996, p. 7209

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O dispositivo é a conclusão do julgado, quando se exaure a prestação

jurisdicional.

5.2.1. Decisão Justa e Equânime

O dispositivo recepciona o artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil: “Na

aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências

do bem comum”.50

Há, contudo, um plus no dispositivo legal nominado, que consiste na

equanimidade: ‘...a decisão que reputar mais justa e equânime...’.

Equânime significa retidão, imparcialidade, moderação 51.

Tomada como sinônimo de eqüidade, há de ser vista como: “faculdade

concedida ao juiz, na sentença, de atenuar a lei, interpretando-a de modo

compatível com o progresso e a solidariedade humana”.52

Observe-se que, em conformidade como disposto no artigo 127 do CPC: “o

juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei”.53

Entende-se que o § 1º do art. 852-I não autoriza o juiz a aplicar

discricionariamente a eqüidade em lugar de aplicar o texto legal. As expressões

‘justa e equânime’ não podem ser interpretadas isoladamente; têm, no texto em

exame, sentido uníssono, para significar que o juiz, ao proferir a sentença, deve

aplicar a lei de forma conveniente a uma relação de fato, ensina Carlos Maximiliano:

“À eqüidade não se deve recorrer senão para atenuar o rigor de um texto e o 50 Brasil. Decreto-Lei nº 4.657, publicado no Diário Oficial da União, de 09-09-1942 51 CALDAS, A. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa, Rio de Janeiro, Ed. Brasileira/Ed. Delta, 1958, V. 2, p. 1809 52 MAXIMILIANO, C. Hermenêutica e aplicação do direito. Porto Alegre, Globo, 1925, p. 187 53 Lei nº 5.869. op. cit.

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interpretar de modo compatível com o progresso do direito e solidariedade

humana”.54

5.2.2. Intimação da Sentença

A rigor inexiste inovação, já que o princípio é adotado no artigo 834 da CLT:

“Salvo nos casos previstos nesta Consolidação, a publicação das decisões e sua

notificação aos litigantes, ou seus patronos, consideram-se realizadas nas próprias

audiências em que forem as mesmas proferidas”.55

No mesmo sentido o artigo 852 do Estatuto Laboral: “Da decisão serão os

litigantes notificados, pessoalmente, ou por seu representante, na própria

audiência...”56

Ora, no sumaríssimo a audiência deve ser, em princípio, única, e, uma vez

encerrada a instrução sumária, deve o juiz, na própria audiência, proferir a decisão.

Presentes as partes, intimadas estarão da sentença.

Na eventualidade de a audiência ser adiada, as partes sairão cientes da nova

designação e, ainda que ausentes, proferida a sentença, delas estarão

automaticamente intimadas.

5.2.3. Prazo para Recurso

54 MAXIMILIANO, C. idem 55 Decreto-lei nº 5.452. op. cit. 56 Decreto-lei nº 5.452. idem

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O recurso ordinário será dotado de ampla devolutividade nas causas sujeitas

ao rito sumaríssimo, servindo como veículo para o rejulgamento de quaisquer

questões, tanto de fato, como de direito.

O recurso adesivo ou subordinado continuará a ser admitido, visto que

perdura a inexistência de restrição legal para o processo do trabalho.

O § 1º do artigo 895, instituiu, porém, algumas regras específicas de

processamento e julgamento em segundo grau do recurso ordinário: a) distribuição

imediata; b) o relator disporá de dez dias para emitir o relatório; c) a secretaria do

tribunal ou turma deverá incluí-lo ‘imediatamente’ na pauta de julgamento; d) não

haverá revisão; e) o parecer do órgão do Ministério será emitido oralmente na

sessão de julgamento; f) o acórdão poderá consistir apenas de certidão de

julgamento, da qual constará ‘a indicação suficiente do processo e parte dispositiva,

e das razões de decidir do voto prevalente’, ou somente a confirmação da sentença

por seus próprios fundamentos.

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CONCLUSÃO

O Trabalho que apresentado procurou focar um novel procedimento

introduzido na legislação trabalhista brasileira.

A fim de atender a suposta presteza na entrega da prestação jurisdicional, o

legislador procurou instituir um procedimento que agilizasse o curso do conflito no

Processo do Trabalho. Porém, os fatos da vida, muitas vezes, têm causas que não

derivam da lei.

É forçoso admitirmos que, em linhas gerais, a citada lei não contém as

inovações que eram ansiosamente esperadas pelos jurisdicionados, bem como pela

sociedade.

Não se obteve um “novo processo”, mas a aparência deste. O legislador

enganou-se, acreditando que a simplificação das formas seria a panacéia para

alguns litígios levados à Corte Trabalhista.

Entretanto, ocorre que ao legislar sobre questões práticas, o legislador não

levou em consideração aspectos relevantes e intrínsecos da questão. Como

exemplos podemos citas as pautas carregadas, poucos juízes para um excessivo

número de ações, o que acarreta a não apreciação devida dos conflitos no momento

da instrução e prolação da sentença. Além do mais, há toda essa máquina que

agora tenta a duras penas, caminhar de encontro aos anseios da sociedade, com a

adoção de medidas para tornar célere a Justiça do trabalho.

Conclui-se, dessa forma, que a pesquisa que apresentada contribuirá,

sobremaneira, para o aperfeiçoamento do procedimento sumaríssimo, alargando a

discussão sobre o tema e oferecendo informações que poderão ser usadas pelas

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autoridades para melhoria do procedimento ora estudado nesta monografia e que

realmente seja colocado em prática o princípio da celeridade processual.

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