O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE ORGANISMOS DE … · the RACs, Inmetro applicable documents, ABNT NBR ISSO/IEC 17020 and other standards XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do

O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE ORGANISMOS DE INSPEÇÃO ACREDITADOS (OIAs) NA ÁREA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

DE EDIFÍCIOS EM TRÊS UNIVERSIDADES FEDERAIS

Aldomar Pedrini(1); Alice Rück Drummond Dias(2); Cláudia Naves D. Amorim(3); Milena Sampaio Cintra(4); Antônio César S. B. da Silva(5); Juliana Al-Alam Pouey(6)

(1) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: [email protected](2) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e-mail: [email protected]

(3) Universidade Federal de Brasília, e-mail: [email protected](4) Universidade Federal de Brasília, e-mail: [email protected]

(5) Universidade Federal de Pelotas, e-mail: [email protected](6) Universidade Federal de Pelotas, e-mail: [email protected]

ResumoO artigo demonstra a complexidade de estruturação de Organismos de Inspeção Acreditados (OIAs) para etiquetagem de edifícios no âmbito de laboratórios de pesquisa inseridos em universidades federais no Brasil, elucidando as questões de cunho prático e conceitual que precisam ser assimiladas e contornadas para a consolidação de OIAs. São apresentadas experiências decorrente das atividades de criação de OIAs nos laboratórios da UFRN, UnB e UFPel, expondo aspectos do processo de acreditação, das ações necessárias para criação de um OIA, destacando as dificuldades encontradas, limitações e possibilidades. Esses organismos são os agentes responsáveis pela emissão da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), necessários no quadro voluntário atual e futuro de compulsoriedade daetiquetagem de edificações. A criação de OIA’s abarca aspectos técnicos normalmente assimilados por laboratórios de pesquisa e conceitos de cunho administrativo, comercial, de gestão da qualidade. Foram levantadas as exigências para OIAs através dos RACs,documentos Inmetro aplicáveis, ABNT NBR ISO/IEC 17020 e demais normas desdobradas (de gestão da qualidade, auditorias internas, etc). As informações foram sistematizadas e apresentadas no contexto global destas novas ações no cenário brasileiro e no âmbito particular de cada laboratório. Os resultados demonstraram a variedade de soluções para criação de OIAs, e principalmente a necessidade da complementariedade entre o meio acadêmico, detentor do conhecimento técnico, e o meio empresarial, detentor do conhecimento em sistemas de gestão da qualidade.Palavras-chave: Organismos de Inspeção na Área de Eficiência Energética de Edifícios, OIA, OIA-EEE, ENCE de Edifícios, Processo de Etiquetagem. AbstractThis article demonstrates the complexity of the structuring an Accredited Inspection Bodies (OIAs) for labeling buildings within research laboratories included in the Federal Universities in Brazil, clarifying issues of practical and conceptual nature that need to be assimilated and developed to consolidate the OIAs. There will be presented the nowadays experiences involving the OIAs creation activities at the UFRN, UNP and UFPel laboratories, exposing aspects of the accreditation process, the actions needed to create a OIA, highlighting the difficulties, limitations and possibilities. Those Bodies are responsible for issuing the Energy Conservation National Label (ENCE) required under current volunteer and future compulsoriness character of the building labeling. The creation of OIAs usually covers technical aspects assimilated by researching laboratories and administrative, commercial, and quality management concepts. The requirement for OIA was studied through the RACs, Inmetro applicable documents, ABNT NBR ISSO/IEC 17020 and other standards

XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro 2012 - Juiz de Fora

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deployed (quality management, internal audits, etc.). The information were systematized and presented in the overall context of these new actions in the Brazilian context and within each particular laboratory. The results demonstrated the variety of solutions for creating OIAs, and especially the need for complementary between academia, the holder of the technical knowledge and business environment, the holder of knowledge in quality management systems.Keywords: Inspection Bodies in the Energy Efficiency of buildings field, OIA, OIA-EEA, ENCE Buildings, labeling process.

1. INTRODUÇÃOOs Organismos de Inspeção Acreditados na área de Eficiência Energética de Edifícios (OIA-EEE) são os responsáveis pela emissão da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) de edificações. O papel destes organismos no processo de etiquetagem é regulado pelo Inmetro e definido através dos Regulamentos de Avaliação de Conformidade (RAC’s), atuais Portarias Inmetro nº 122 e 395, para edifícios residenciais e comerciais respectivamente. A etiquetagem de edifícios atualmente tem caráter voluntário, mas será compulsória. Ela visa informar a classificação do nível de eficiência energética da edificação, assim como acontece com equipamentos, lâmpadas, geladeiras, etc. É um desdobramento da Lei federal 10.295 que dispõe sobre a política nacional de conservação e uso racional de energia, visando dentre outras premissas promover redução do consumo energético dos edifícios, que atualmente consomem 45% da matriz energética brasileira. Desta forma, para atingir metas de racionalização e consolidação da etiquetagem é imprescindível a criação de infraestrutura interna no país de várias naturezas, dentre elas a criação de OIA’s que atenda à demanda de edifícios do Brasil. Atualmente há apenas um organismo acreditado junto ao INMETRO para emitir a etiqueta de eficiência energética de edifícios.

No intuito de avançar neste sentido, a Eletrobrás assinou em 2010 o convênio para criação da R3E - Rede de Eficiência Energética de Edificações, que reúne 12 laboratórios de Universidades Federais no intuito de difundir, apoiar e aprimorar o processo de etiquetagem nos primeiros anos de implantação. Dentre os laboratórios, quatro têm a incumbência de torna-se OIA’s, sendo eles o LabCon/UFRN, Lacam/UnB, LABCEE/UFPel, e LADE/UFMS. A criação de OIA’s na área de Eficiência Energética de Edifícios abarca muito além dos aspectos técnicos normalmente assimilados por Laboratórios de Pesquisa. Abrange também conceitos de cunho administrativo, comercial, de gestão da qualidade, um tratamento técnico diferenciado com relação às atividades dos especialistas em eficiência energética, dentre outras questões e desdobramentos. As informações e discussões sobre OIA-EEE ainda são pouco difundidas e elucidadas no contexto da etiquetagem de edifícios no que se refere à sua problemática, criação, viabilidade e desdobramentos.

O trabalho visa contribuir para discussão do papel e viabilidade de Organismos de Inspeção Acreditados na área de Eficiência Energética de Edifícios (OIA-EEE) no contexto da etiquetagem para emissão da ENCE de edifícios, na qual os laboratórios da UFRN, UnB e UFPel expõem suas estratégias, dificuldades, limitações e possibilidades.

2. MÉTODOO método partiu da revisão bibliográfica dos principais aspectos de um OIA-EEE e suasexigências normativas através dos RAC’s, documentos Inmetro aplicáveis, ABNT NBR ISO/IEC 17020 e demais normas afins (de gestão da qualidade, auditorias internas, etc). As informações foram sistematizadas no contexto global e no âmbito particular de cada


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laboratório e discutidas quanto à implantação.

3. CONCEITOS E NECESSIDADES DE OIAsEste item apresenta aspectos relevantes de um OIA-EEE para entendimento dos conceitos e das necessidades envolvidas. A definição de OIA-EEE esclarece o sistema do Inmetro no qual se inserem estes organismos e se desdobram as exigências normativas. Em normativa de referência são listados os documentos que geram os requisitos obrigatórios. Nos tipos de OIAs são vistas as possibilidades de formatação de um OIA. Outros itens descrevem conceitos e aplicações de Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ), auditorias internas, processo de acreditação, documentos (quantidade, diversidade e complexidade num organismo), o corpo profissional, infra-estrutura física e organizacional, além de gestão estratégica, marketing e finanças aplicadas ao contexto de OIA-EEE. As principais fontes de informação foram o Inmetro, as normas pertinentes (RAC, 17020, etc), a experiência prática em andamento e os cursos de capacitação realizados.

3.1. Definição de OIA-EEE A etiquetagem de edifícios, sendo regida pelo Inmetro dentro do PBE (Programa Brasileiro de Etiquetagem) segue os processos estabelecidos no seu respectivo programa de avaliação de conformidade. Trata-se de uma sistemática pré-existente à etiquetagem de edifícios, difundida e aplicada pelo Inmetro na verificação do atendimento de produtos, processos, serviços ou pessoas quanto à requisitos técnicos específicos (pré-definidos em regulamentos técnicos). A avaliação de conformidade é realizada por um Organismo de Avaliação de Conformidade (OAC), que é uma organização, com ou sem fins lucrativos, que desempenha atividades de verificação, para checar a conformidade de requisitos relativos a algum tipo de produto, processo, serviço ou pessoa. No caso da etiquetagem de edificações é verificada a conformidade de um edifício para com os requisitos técnicos de eficiência energética, distintos para construções comerciais ou residenciais. (INMETRO, 2012)Estes organismos devem ser reconhecidos e acreditados pela Cgcre (Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro), que é o organismo de acreditação de organismos de avaliação da conformidade reconhecido pelo Governo Brasileiro. Sendo assim para um organismo se tornar OAC deve passar por uma avaliação da Cgcre para obter o certificado de acreditação. (INMETRO, 2012)

Os OAC (Organismos de Avaliação da Conformidade) podem ser de três tipos (cada um regido por um conjunto de documentos com exigências do Inmetro), sendo eles: Laboratórios Acreditados, Organismos de Certificação Acreditados e Organismos de Inspeção Acreditados (OIAs), Figura 1. No caso os OAC aplicáveis à etiquetagem de edifícios são os Organismos de Inspeçao Acreditados (OIAs) mais especificamente denominados pelo Inmetro de OIA-EEE, que realizam a inspeção do atendimento dos requisitos definidos nos RTQs (RTQ-C e RTQ-R) por meio de dois mecanismos de avaliação de conformidade: avaliação de projeto e avaliação “in loco”. Estes mecanismos permitem a inspeção dos requisitos na fase de projeto e de edifício construído. (INMETRO, 2012) No contexto do PBE, as inspeções permitem a emissão da Etiqueta Nacional de Conservação da Energia, com intuito de prestar informações sobre o desempenho de produtos, no caso edifícios, no que diz respeito à sua eficiência energética. “Incentiva a inovação e a evolução tecnológica, funciona como instrumento para redução do consumo de energia, estando alinhado, dessa forma, com as metas do Plano Nacional de Energia (PNE2030) e ao Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf)”. (INMETRO, 2012)


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Figura 1 – Inserção do OIA-EEE no contexto da etiquetagem do Inmetro

3.2. Normativa de Referência

Para formação de um OIA-EEE, existem requisitos obrigatórios de documentos específicos (Quadro 1) que devem ser cumpridos. Algumas normas de referência desdobram-se em outras que também devem ser atendidas.

Quadro 1 –Documentos que regem as exigências de um OIA-EEE 1

1 Os documentos normativos da Cgcre identificados pela sigla “NIT” são tidos como obrigatórios podendo caracterizar não conformidade, enquando siglas “NIE” e “DOQ”, são apenas de carater informativo, orientativos. Os documentos do Inmetro passam por frequentes revisões devendo-se atentar para uso da normativa vigente.


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As relações entre os documentos e exigências (Figura 2) são importantes para visualização do corpo normativo que rege um OIA-EEE.

Figura 2 – Estrutura das exigências e normas aplicáveis a OIA-EEE

3.3. Tipos de OIAsOs OIAs possuem algumas possibilidades de formatação, diretamente relacionadas com requisitos de independência, imparcialidade e integridade. Os OIAs podem ser um organismo tipo A, tipo B ou tipo C. Para cada um destes tipos existem exigências específicas conforme descrito na ABNT NBR ISO/IEC 17020.

Os organismos tipo A são aqueles que realizam serviços de inspeção de “terceira parte”. Os organismos tipo B são aqueles envolvidos no projeto, fabricação, fornecimento, instalação, uso ou manutenção dos itens

inspecionados e que possuem uma parte separada e identificável que realiza atividades de inspeção no ambito restrito de sua prórpia organização. Um exemplo deste tipo aplicável à etiquetagem seria uma construtora que é responsável pelo projeto de um edificio e sua execução, mas que possui também um organismo (OIA-EEE) que

inspeciona a eficiência energética e emite a ENCE de seus edifícios. Os organismos tipo C são aqueles que possuem características semelhantes ao tipo B podendo ainda prestar serviços a terceiros (

Figura 3). (ABNT 17020, 2006)


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Figura 3 – Tipos de OIAs

3.4. Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ)

Sistema de Gestão da Qualidade é uma sistemática empregada em organizações baseada na padronização e controle de processos, a fim de garantir qualidade de algum produto ou serviço. Tem foco na satisfação do cliente e melhoria contínua dos processos (figura 4) (CERTI, 2011a). É comum em empresas e organizações, a exemplo da norma de gestão da qualidade ISO 9001. No caso do OIA-EEE a ABNT NBR ISO/IEC 17020 é a normativa que rege os requisitos de gestão da qualidade em organismos de inspeção conforme exigência da Cgcre.

Figura 4 – Modelo de um SGQ

Fonte: RIGONI, 2010

O Sistema de Gestão da Qualidade num OIA-EEE visa permitir a execução de suas funções


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técnicas de inspeção em todos os níveis de forma satisfatória, íntegra, imparcial, confiável e verificável (pela Cgcre, e pela própria organização, clientes, etc) por meio de auditorias internas, ou externas. Alia assim a necessidade de conhecimento gerencial (método e ferramenta) e conhecimento técnico (ciencia e tecnologia).

O Sistema de Gestão da Qualidade é intrinsecamente relacionado com todas as atividades que acontecem num OIA, em todas as esferas e hierarquias, desde o atendimendo de um cliente via telefone até o modo como são inspecionados os requisitos técnicos definidos nos RTQs. O sistema de gestão é indissociável das atividades, processos e profissionais que compõe o organismo. A interação entre as partes é gerida pelo sistema, onde são mapeados os processos, estabelecidos procedimentos documentados, que devem ser devidamente cumpridos pela equipe (técnica, administrativa, comercial, da qualidade e gerencial) com base nas metas e objetivos da alta direção conforme o planejamento estratégico do organismo (RIGONI, 2010).

Além da implantação de um SGQ, a ABNT NBR ISO/IEC 17020 demanda o atendimento de requisitos como: definição organizacional, competência e treinamento de pessoal, sistema de controle de documentos, sistema de auditorias internas, instalações, equipamentos e procedimentos de execução adequados, etc. O Gerente da Qualidade é um profissional extremamente necessário, responsável pela implementação e manutenção do SGQ e seu aperfeiçoamento, assumindo a resposabilidade de garantir a qualidade no Organismo de Inspeção. Ele estabelece e avalia o cumprimento dos procedimentos do sistema, documentos, pessoal, planeja as auditorias internas, registra as análises críticas, providencia ações corretivas, etc. Deve ser um profissional qualificado e experiente para exercer o cargo.

3.5. Auditorias internas

Auditorias Internas são avaliações sistemáticas, documentadas e independentes para verificar a conformidade entre as operações realizadas no organismo, definidas pelo SGQ e os requisitos normativos exigidos. Configura uma das atividades mais importantes para verificar a eficácia do SGQ implementado, identificar e corrigir falhas no sistema na qualidade. É um dos requisitos exigidos pela ABNT NBR ISO/IEC 17020 para Organismos de Inspeção, devendo fazer parte da prática operacional de um organismo. As diretrizes para auditorias são definidas na NBR ISO 19011.

Figura 5 – Verificações típicas de auditoria interna

Convém que após a definição e implantação do SGQ seja realizada auditoria interna a fim de verificar a satisfatoriedade do sistema antes da solicitar acreditação à Cgcre. A auditoria interna deve ser conduzida por pessoal qualificado e independente das funções auditadas, realizada periodicamente e cobrir todo o SGQ.


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3.6. Documentos

Os documentos de um OIA-EEE são todos aqueles definidos para implementação do SGQ. Sua estrutura segue a hierarquia organizacional das atividades. No topo estão os documentos de nível estratégico, definindo as políticas e objetivos do organismo, no nivel tático os procedimentos e processos de trabalho e no nível operacional os formulários e processos de apoio. (RIGONI, 2010)

Figura 6 – Hierarquia de documentos do SGQFonte: RIGONI, 2010

Os documentos do SGQ de um OIA-EEE possuem naturezas diversas (técnicos, administrativos, comerciais, de gestão da qualidade, gestão estratégica, etc) e complexidades ampliadas na medida em que se dá a intercessão entre processos de naturezas diversas. Por exemplo: na etapa de orçamento, existe interligação entre o setor administrativo que elabora a proposta, o setor comercial que trata diretamente com o cliente e o setor técnico que avalia a complexidade do edificio para estimativa de custos. Estes processos devem estar mapeados, e seus procedimentos definidos em todos os âmbitos que abrangem os processos. O número de documentos que compõe o SGQ ao final é significativo. (CERTI, 2011a)

Deve existir sistemática para controle de documentos e registros, garantia de confidencialidade, e os documentos do SGQ devem ser seguidos por todos os funcionários envolvidos nas atividades do OIA-EEE a fim de garantir qualidade na execução das atividades. (ABNT 17020, 2006)

3.7. Estrutura necessária

De acordo com a ABNT NBR ISO/IEC 17020, um OIA-EEE deve possuir estrutura organizacional adequada, corpo profissional qualificado, espaço físico e equipamentos obrigatórios.

Deve existir a definição, documentação e o pleno funcionamento de um sistema organizacional baseado num SGQ que atenda a ABNT NBR ISO/IEC 17020 e seu detalhamento na NIT-DIOIS-008, que realize auditorias internas conforme orientações da


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NBR ISO 19011. A estrutura organizacional (SGQ) deve submenter-se a acreditação da Cgcre e obter êxido na avaliação, conforme as exigências do Inmetro para um OIA-EEE.

O corpo profissional mínimo exigido se caracteriza por: Corpo técnico mínimo com dois inspetores, sendo um inspetor com formação de arquiteto ou engenheiro civil e um inspetor engenheiro eletricista ou técnico em eletrotécnica (capacitado na NR10) ou técnico em edificações (para o caso de inspeção residencial). Devem estar aptos a inspecionar o escopo mínimo exigido pelo RAC-C e RAC-R. Para avaliações de Condicionamento de Ar central (não inclusas no escopo mínimo), exige-se Engenheiro Mecânico. Deve ser nomeado um gerente técnico e um gerente técnico substituto. Corpo da qualidade mínimo composto por um gerente da qualidade e um gerente da qualidade substituto (NBR 17020, 2006). Os profissionais devem ter qualificação e experiência adequada para desempenhar suas funções, podendo um funcionário do organismo atender a uma ou mais exigências supracitadas. Funções administrativas, comerciais ou de alta direção não possuem exigência normativa de pessoal, mas devem ser devidamente atendidas, conforme complexidade e escala do organismo.

A estrutura física deve caracterizar instalação com dimensões satisfatórias e controle de acesso. Possuir os equipamentos mínimos: multímetro com garra calibrado2, EPI (Equipamento de Proteção Individual), bússola ou GPSErro! Indicador não definido., trena eletrônica ou manual calibrada, espectrômetro ou espectrofotômetro portátil calibrado. (INMETRO, 2010)

3.8. Processo de acreditação com a Cgcre

Para tornar-se OIA-EEE uma organização deve ser acreditada pela Cgcre, para obter o certificado de acreditação. Este documento reconhece a compêtencia técnica do organismo, para desempenhar atividades de inspeção, emitindo a ENCE de edificações. A atuação do organismo é regulada pelo Inmetro por meio da Cgcre, que realiza avaliações periódicas para manutenção da acreditação. Existem taxas de anuidade para organismos acreditados e estes são reconhecidos publicamente no site Inmetro, assegurando a confiabilidade nos OAC.

A acreditação é uma avaliação que funciona como auditoria externa. Uma comissão da Cgcre é designada para avaliar a conformidade dos documentos da organização com os requisitos exigidos e é realizada vista in loco para verificar o andamento prático do organismo conforme os procedimentos do SGQ. Existem diferentes documentos (requeridos e disponibilizados pelo Inmetro) para cada tipo de organismo e uma metodologia de avaliação por parte da Cgcre. O processo de acreditação tem uma previsão média de 6 a 8 meses entre solicitação, verificação dos documentos exigidos, avaliação no local das instalações, pessoal e SGQ, decisão de acreditação e emissão do certificado de acreditação.

3.9. Gestão estratégica, marketing, finanças

A Gestão de um organismo de inspeção possui características empresariais. É exigida identificação legal da empresa, CNPJ, Inscrição Estadual, etc, para formação de um OIA-EEE. Caracteriza um plano de negócio, com entrada de receita decorrente de suas atividades e

2 Exigido apenas para inspeção de edifícios comerciais


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despesas advindas de sua operação. Pode formatar uma organização com ou sem fins lucrativos. Nas duas hipóteses deve sustentar-se economicamente, para consolidação e viabilidade. (CERTI, 2011b)

A viabilidade do negócio deve ser pautada na visão mercadológica, financeira e operacional. Deve existir um planejamento estratégico, pautado no dimensionamento dos custos, demanda de mercado, marketing, capacidade de produção, analise de viabilidade, através da elaboração de um plano de negócios, visando definir estratégias para andamento e sustentabilidade do negócio. (CERTI, 2011b)

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS: AÇÕES E LIMITAÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DE OIA-EEE

Foram levantados vários formatos de criação de OIA-EEE conforme contexto de cada universidade, suas vocações e possibilidades. As instalações e estrutura organizacional do âmbito acadêmico não são apropriadas para abrigar um OIA-EEE. Na busca dos requisitos adicionais exigidos são encontradas dificuldades e limitações diversas.

4.1. Formato previsto de OIA-EEE para UFRN, UnB e UFPel

O OIA/UFRN pretende formação de um Organismo tipo A, incorporando-o ao Departamento de Meio Ambiente de Infra-estrutura da UFRN. Será concedido espaço físico em edificio á construir e em contrapartida serão etiquetados edificios da UFRN. Nesse contexto, a gestão é pensada integrada a Prefeitura da UFRN. Outra alternativa pensada no início foi inserção de organismo em escritório de arquitetura, configurando organismo tipo C. Cogitou-se também incubar um organismo tipo “A” na UFRN. Estas hipóteses foram descartadas em virtude da falta de articulação e estrutura necessária para tal conformação.

Na UnB inicialmente foi prevista inclusão de OIA-EEE em um Organismo de Inspeção Veicular já existente há 10 anos e vinculado à Fundação de Apoio da UnB, como forma de transpor barreiras de criação de organismo, como a criação de um SGQ. Atualmente é pensada introdução de OIA-EEE tipo C em empresa de consultoria de eficiencia energética incubada na UnB, devido ao surgimento da empresa por iniciativa de profissionais que compõem a R3E desta universidade. Está em andamento a candidatura da equipe no Edital de Empresa Incubada lançado pela Universidade. Caso a candidatura seja aceita, será necessário estudar um modelo de relacionamento que vincule de forma vantajosa: o Laboratório de Controle Ambiental e Eficiência Energética da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo –LACAM/FAU/UnB - à empresa incubada, permitindo seu pleno desenvolvimento, mantendo o apoio técnico e garantindo a qualidade e capacitação de corpo técnico para atuar no OIA. Este modelo poderá ser útil para apoiar e orientar outras situações semelhantes.

Na UFPel está sendo criado um OIA-EEE tipo A vinculado ao Departamento de Tecnologia da Construção em paralelo e independente do Laboratório de Conforto e Eficiência Energética (LABCEE) da instituição. Já foram providenciadas instalações físicas temporárias adequadas e segue a estruturação do organismo. Na estrutura da UFPel o OIA-EEE está definido comoLaboratório de Inspeção de Eficiência Energética de Edificações (LINSE). Os projetos de pesquisa e extensão, assim como o plano de trabalho, que dão sustentação à atividade, já estão


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aprovados e o regimento do LINSE está em aprovação final na UFPel. Após diversas consultas aos Procuradores Jurídicos da UFPel e da Fundação de Apoio, ficou definido o funcionamento e o gerenciamento dos recursos de modo a atender às legislações do TCU e proporcionar agilidade financeira e administrativa ao OIA-EEE da UFPel, conforme figura 7.

Após aprovação do serviço, o cliente deposita o valor acertado na Conta Única do Tesouro Nacional e têm como recibo a GRU (Guia de Recolhimento da União).

Os percentuais de 5% e 10% são destinados respectivamente ao Gabinete da Reitoria e ao Departamento de Tecnologia da Construção (DTC), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

O restante é imediatamente encaminhado à Fundação de Apoio para execução do Plano de Trabalho do Organismo de Inspeção Acreditado (OIA-LINSE). A Fundação emite um recibo para a UFPel no valor recebido.

A FDMS adquire equipamentos, contrata serviços, paga bolsistas e contrata pessoal pela CLT para trabalhar especificamente no OIA-LINSE.

A FDMS repassa os equipamentos, pessoal e serviços ao OIA-LINSE para execução dos serviços.

O OIA-LINSE executa a inspeção e envia para o INMETRO.

O INMETRO remete a etiqueta de eficiência energética.

O OIA-LINSE entrega a etiqueta ao cliente e o recibo de prestação de serviço, referenciando a GRU.

Figura 7 – Esquema de funcionamento do OIA-UFPel

4.2. Limitações para criação de OIA-EEE

As ações para criação dos OIAs iniciam com a assimilação das normas e exigências pela equipe técnica dos laboratórios. Esse foi um grande gargalo inicial, visto que conceitos e requisitos de Sistema de Gestão da Qualidade, auditoria interna, gestão estratégica, dentre outros, e não são próprios da atividade de pesquisadores, mas principalmente do ramo empresarial. O obstáculo foi contornado a partir de cursos de capacitação da norma 17020, de auditoria interna e gestão estratégica ministrados pela equipe da Fundação CERTI, finalizados em fevereiro de 2012, através de convênio entre CERTI e Eletrobrás.

Para viabilizar a estrutura organizacional, a maior barreira é a criação do SGQ, sua definição, implementação e verificação (auditorias internas). A definição de um sistema de gestão da qualidade é complexa, e envolve a elaboração de inúmeros documentos e o cumprimento de exigências bastante específicas. Deve estar definido, detalhado e documentado todos os procedimentos do organismo, da parte técnica, comercial, da qualidade, administrativa, etc. São muitas esferas e processos envolvidos, uma atividade que deve ser realizada por um gerente da qualidade (profissional com experiência e capacitação na área) não previsto na equipe de pesquisadores da R3E. A UFPel conseguiu articulação com o curso de administração, importante ação para suporte neste aspecto. A implementação de um SGQ, com o treinamento de todos os envolvidos, também é dificultada, uma vez que não existe equipe completa definida, os bolsistas de graduação são variáveis na permanência, e não existe um gerente da qualidade que possa efetivamente implantar o SGQ.

A formação da equipe profissional de um OIA deve contemplar pessoal para cumprir funções


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de RH, comercial, administrativa, de gestão da qualidade, além da técnica. Atualmente as equipes só possuem membros com formação na parte técnica do organismo, existindo lacunas nas demais esferas. Em Natal é escassa a oferta de profissionais que trabalhem com gestão da qualidade, além do que as bolsas do projeto R3E não comportam salário coerente com este tipo de profissional.

Existem limitações em viabilizar o organismo como empresa por falta de suporte jurídico, contábil e administativo. No caso de inserção do organismo em universidade deve existir o suporte da própria instituição. A gestão do OIA é um ponto preocupante por falta de plano de negócios, análise de viabilidade, gestão estratégica, marketing, etc. A equipe atual de bolsistas R3E não possui experiência nesta área, e é uma atividade que demanda uma série de estudos e tempo. A UFRN pretende contratação de bolsista da área de administração para suprir a lacuna, mesmo que de forma parcial. A UFPel com o apoio do curso de administração já conseguiu viabilizar estudo de mercado e caminha para superação dos obstáculos por meio das articulações findadas. A UnB desenvolveu parcialmente algumas destas atividades por meio de um bolsista graduado em administração, que não permaneceu na equipe, acarretando paralisação de algumas atividades. A alta rotatividade dos bolsistas é um dos problemas deste modelo de desenvolvimento, dificultando um ritmo de trabalho constante e produtivo. Além disso, não existe verba prevista para contratação de profissionais, principalmente para o cargo de gerente da qualidade, para o pagamento do processo de acreditação, anuidade de acreditação e calibração dos equipamentos.

Uma das limitações previstas é a sustentabilidade financeira dos OIAs. O único organismo em funcionamento relata dificuldades de manutenção. Uma série de aspectos são limitadores: a pouca familiaridade do mercado com a etiquetagem dificulta a viabilidade do processo, a própria complexidade do processo, o número de documentos, a procura ainda reduzida pela condição de não obrigatoriedade. A complexidade do processo e tempo de demanda tendem a encarecer a etiqueta, fatores que dificultam sua maior difusão no atual estágio de etiquetagem.

A experiência existente de implantação de SGQ em OIA-EEE relata dificuldades e considerações como: mercado carente de profissionais de nível superior com formação técnica específica, grande incidência de tarefas rotineiras, gerando poucos desafios para profissionais e pós-graduados, podendo gerar tédio e desmotivação. Estagiários facilmente desmotivados, com outras ocupações prioritárias e não podem viajar para realizar inspeções em campo conforme lei de estágio. Os técnicos podem ser uma opção adequada para a realização das tarefas de rotina, mas precisam da supervisão dos profissionais responsáveis e um sistema da qualidade eficaz. O relacionamento com o cliente demanda bastante tempo de pessoas qualificadas para explicar o processo de etiquetagem, sendo necessária muita paciência e compreensão. Na medida em que o tamanho do prédio a etiquetar aumenta, os problemas de atraso de documentação tendem a serem maiores e a impactar bastante a produtividade do organismo. Sua estimativa no contexto atual é que o limite de horas produtivas (vendáveis) é menor ou igual a 80%. (CERTI, 2011c)Quanto à produtividade de um OIA, uma das estimativas de tempo é que a inspeção de um edifício leve em média dois meses, sendo numa hipótese favorável um OIA atendendo a uma demanda de dois edifícios por mês (dentro das exigências e complexidades atuais de etiquetagem). Pensando no objetivo da etiquetagem de atender a demanda de edificios novos do território brasileiro (estudo da CERTI estima 16.183.685 de edificações residenciais como clientes potenciais, e 2.418.428 para serviços e comércio) é necessário avaliar a capacidade de demanda de um OIA e a projeção do número de OIA necessários, refletindo sobre a


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sistemática estabelecida e a possibilidade de alcançe dos objetivos.

5. CONCLUSÕES

É vista a complexidade de estruturação de um OIA-EEE dentro do âmbito de laboratórios de pesquisa inseridos em universidades federais no país. Os requisitos abrangem a criação, implementação e monitoramento de um sistema de gestão da qualidade (com grande quantidade, diversidade e complexidade de documentos), infra estrutura adequada, gestão estratégica, acreditação, além do domínio técnico dos regulamentos. A atual fase de assimilação da etiquetagem pelos diversos agentes e a complexidade de aplicação pouco adaptada à dinâmica de mercado, são vistos como elementos complicadores.

O artigo contribui para o desdobramento das exigências normativas, explicando o que é e o que abrange um OIA-EEE, visto a escassez de informações sobre o assunto. É prevista uma maior dificuldade no tratamento das questões empresariais e de gestão da qualidade devido ao caráter acadêmico das equipes de criação dos OIAs da R3E. O alto nível de profissionalismo exigido para OIAs, ausentes na academia, dificulta a alavancagem do processo de etiquetagem pela falta de OIAs para emissão das ENCEs. O mercado enxerga o potencial da etiquetagem como nicho de mercado, porém a falta de familiaridade técnica ainda mantém a atividade centrada principalmente no âmbito dos laboratórios da rede R3E.

As dificuldades apresentadas incitam reflexões de simplificação das exigências para etiquetagem e para OIAs, no sentido de equilibrar a garantia de qualidade e a efetiva aplicação da etiquetagem no país. Espelhar-se em outras sistemáticas bem sucedidas de países mais avançados neste aspecto, com métodos mais simplificados, informatizados e acessíveis parece ser um direcionamento aplicável.

AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à ELETROBRAS, financiadora da pesquisa. A fundação CERTI (Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras) pelos treinamentos das exigências de OIA-EEE, obtidos via convênio Eletrobrás.de Readoras

REFERÊNCIASAcreditação de Organismos de Inspeção. Em: <http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/sobre_org_insp.asp>. Acesso em: 08 de maio de 2012.

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_____ Curso Formação de Auditores Internos da NBR ISO/ IEC 17020:2006, Projeto SC3E Florianópolis, 2012.

_____ Curso Gestão Estratégica de Organismo de Inspeção: Operações, Finanças, Marketing, Florianópolis, 2011b._____ Experiências da CERTI na Implantação de um Organismo de Inspeção Acreditado, Rio de Janeiro, 28/06/2011c


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