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O processo de Internacionalização na ótica da gestão estratégica Análise de performance Grupo EDP Elisete Sandrina Oliveira dos Santos Dissertação de Mestrado Mestrado em Contabilidade e Finanças Porto 2014 INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

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O processo de Internacionalização na ótica da gestão

estratégica

Análise de performance Grupo EDP

Elisete Sandrina Oliveira dos Santos

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Contabilidade e Finanças

Porto – 2014

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

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O processo de Internacionalização na ótica da gestão

estratégica

Análise de performance do Grupo EDP

Elisete Sandrina Oliveira dos Santos

Dissertação de Mestrado

apresentado ao Instituto de Contabilidade e Administração do Porto para

a obtenção do grau de Mestre em Contabilidade e Finanças, sob

orientação de Doutora Cláudia Pereira

Porto – 2014

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

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Resumo:

O Mundo empresarial atual é pautado por situações de intensa competição e incertezas. Torna-

se imperativo a definição de novas linhas e estratégias de gestão empresarial, quer para

garantir o crescimento na envolvente internacional quer, até, para a manutenção da empresa

ou da própria sobrevivência desta. É essencial perceber melhor o fenómeno da

internacionalização e em que medida afeta a performance e a dinâmica da empresa.

A motivação para este estudo prende-se, assim, pelo facto de ser um tema atual e revelar um

papel crucial na estratégia da empresa para a sua sobrevivência.

O objetivo central deste estudo é analisar o impacto da internacionalização no desempenho

financeiro de uma empresa portuguesa, a EDP, nomeadamente ao nível da rendibilidade. Por

meio de um estudo descritivo e comparativo esta investigação pretende desenvolver uma

análise relacional entre o processo de internacionalização e os indicadores de desempenho

financeiro.

Numa primeira fase é elaborado um estudo quantitativo em que se procederá à análise da

empresa em estudo relativamente ao nível de internacionalização e ao seu desempenho

económico-financeiro.

Numa segunda fase procede-se o estudo de caso da EDP Portugal, que sentiu a

imperatividade de ter adotado como estratégia a internacionalização.

Esta escolha prende-se pela possibilidade de análise da estratégia adotada no passado por

essa empresa e os factores e os desafios na sua atual situação.

No final desta fase e após a análise dos dados, o estudo pretende verificar se a empresa

apresenta relação positiva entre a rendibilidade e a estratégia de internacionalização, conhecer

um pouco do percurso e os motivos que levaram a adoção desta estratégia em detrimento de

outras.

Palavras-chave: Internacionalização de empresas, Desempenho financeiro, Estratégia da

empresa, Negócios Internacionais, Rendibilidade das empresas

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iii

Abstract:

The business world is ruled by intense competition and uncertainty. A definition of new lines and

strategies for business management is crucial to guarantee growth both at an international level

as well as for survival.

It is essential to understand the internationalization phenomenon and how it affects the

dynamics and performance of the enterprise.

The choice of this study was led by the fact it is a “nowadays” subject, which plays a crucial role

in the survival strategy of any enterprise.

The main objective is to analyze the impact of Internationalization in the Financial performance

of EDP, a Portuguese Enterprise, at a rentability level.

Through a descriptive and comparative study ,this investigation aims at comparing the

internationalization process and the signs of financial performance.

In the first stage a quantitative study to analyze EDP about internationalization procedures and

financial performance is conducted.

In the second stage EDP case study is built.

This choice was led by the analyses of strategies adopted in the past and the factors and

demands in the present.

At the final stage, the study intends to analyze if the enterprise offers a positive relation between

rentatbility and internalization strategy and also to understand the path and motivation which

justified the adoption of this measure.

Key words: Internationalization, Financial performance, Strategy, International Business,

Profitability

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Aos meus Pais Por tudo aquilo que sou hoje, pelos meus valores e pela pessoa que fizeram de mim!

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v

Agradecimentos

As minhas primeiras palavras de gratidão vão para a Professora Doutora Cláudia Pereira. O

seu elevado nível de conhecimento, clareza e disponibilidade foram decisivos para a

finalização do presente estudo. Em seguida, agradeço à Professora Doutora Ana Maria

Bandeira, cuja presença e sabedoria me marcaram ao longo desta etapa do meu percurso

académico.

Destaco o prazer de ter conhecido, convivido e trabalhado com os colegas do Mestrado em

Contabilidade e Finanças. Em particular, quero agradecer à Vera Morais e ao Eduardo do

Mestrado em Contabilidade e Finanças, pois a entreajuda e incentivos foram mútuos e

constantes. E os incentivos foram muitos!! Só pelos laços de amizade que criámos, valeu a

pena voltar a estudar!

Quero também destacar uma pessoa muito importante na minha vida, João Pedro, pela força e

incentivo e por ter acreditado sempre em mim em todos os momentos, mesmo aqueles em que

já nem eu própria acreditava.

Não podia deixar de agradecer ao meu irmão, à minha cunhada e aos meus sobrinhos pelos

momentos de risadas nos instantes intermédios deste projeto.

Deixo também umas palavras de agradecimento à EDP Portugal, nas respostas aos meus

pedidos. A responsável pelo departamento de expatriação, Dr.ª Maria Ana Guedes evidenciou

uma enorme recetividade e colaboração no apoio institucional ao meu estudo.

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Lista de Abreviaturas

EGCP: Eficiência nos Gastos com Pessoal

EGMVMC: Eficiência nos Gastos das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas

ET: Eficiência Total

IDE: Investimento Direto Estrangeiro

INT: Internacionalização

INT-PERF : Internacionalização – Performance

MMQ: Método dos Mínimos Quadrados

OCDE: Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento

ROA : Rendibilidade Operacional do Ativo

ROV : Rendibilidade Operacional das Vendas

UNCTAD: United Nations Conference on Trade and Development

ViTV: Vendas Internacionais / Total Vendas internacionais / Total vendas

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Índice

Introdução ............................................................................................................................................. 1

1. Enquadramentos e Motivações ....................................................................................................... 2

2. Objetivos .......................................................................................................................................... 2

3. Estrutura .......................................................................................................................................... 3

Capitulo I – Enquadramento Teórico ...................................................................................................... 4

1 Revisão de literatura sobre internacionalização ............................................................................. 5

1.1 Introdução ................................................................................................................................... 5

1.2 Conceito de Internacionalização ................................................................................................. 5

1.3 Teorias de Internacionalização ................................................................................................... 6

1.3.1 Teorias Clássicas do Comércio Internacional .............................................................................. 6

1.3.2 Teoria da Vantagem Competitiva ............................................................................................... 7

1.3.3 Teoria do Ciclo de Vida do Produto ............................................................................................. 7

1.3.4 Teorias do Comportamento e Gestão das Empresas .................................................................. 7

1.3.5 Teoria das Imperfeições de Mercado .......................................................................................... 8

1.3.6 Teoria da Internalização ............................................................................................................. 8

1.3.7 Teoria Eclética (Paradigma OLI) .................................................................................................. 9

1.3.8 Teoria dos Estágios ................................................................................................................... 10

1.4 Estratégias de Internacionalização ........................................................................................... 12

1.4.1 Atuação isolada ........................................................................................................................ 12

1.4.2 Criação de subsidiárias.............................................................................................................. 12

1.4.3 Cooperação com outras empresas ............................................................................................ 13

2 Revisão de literatura sobre a Relação Internacionalização e Performance .................................. 14

2.1 Introdução ................................................................................................................................. 14

2.2 Benefícios da internacionalização: impacto na performance ................................................... 15

2.3 Custos da Internacionalização: impacto na performance ......................................................... 17

2.4 Internacionalização e performance .......................................................................................... 20

3 Revisão de literatura sobre expatriação ........................................................................................ 25

3.1 Introdução ................................................................................................................................. 25

3.2 Conceitos: Expatriação e expatriado ......................................................................................... 26

3.3 Gestão Estratégica da Empresa Versus Funções estratégicas dos expatriados ........................ 27

3.4 Investigação sobre novas Formas de expatriação .................................................................... 27

3.5 O ciclo do Expatriado ................................................................................................................ 28

Capitulo II – Metodologias da Investigação .......................................................................................... 31

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1 Estrutura do Capítulo .................................................................................................................... 32

2 Objetivo do Estudo ........................................................................................................................ 32

3 Metodologias ................................................................................................................................ 33

3.1 Análise Quantitativa do Grupo EDP .......................................................................................... 33

3.1.1 Objetivo da análise.................................................................................................................... 33

3.1.2 Descrição dos dados recolhidos ................................................................................................ 33

3.1.3 Identificação da amostra .......................................................................................................... 33

3.1.4 Estudo econométrico ................................................................................................................ 34

3.2 Análise Qualitativa: Estudo de caso .......................................................................................... 38

3.2.1 Objetivo da análise.................................................................................................................... 38

3.2.2 Descrição dos dados recolhidos ................................................................................................ 38

Capitulo III – Análise e Interpretação de resultados ............................................................................. 40

1 Análise interpretação de resultados .............................................................................................. 41

1.1 Análise do estudo quantitativo ................................................................................................. 41

1.2 Análise do estudo de caso ......................................................................................................... 49

1.2.1 Descrição da empresa ............................................................................................................... 49

1.3 Caracterização atual da empresa ............................................................................................. 50

2 O processo de internacionalização ................................................................................................ 51

3 Processo de Expatriação ................................................................................................................ 57

Capitulo IV – Conclusão ....................................................................................................................... 60

1 Principais conclusões ..................................................................................................................... 61

1.1 Análise Quantitativa ................................................................................................................. 61

1.2 Análise Qualitativa (Estudo de caso) ......................................................................................... 61

1.3 Limitações ................................................................................................................................. 62

1.4 Possíveis desenvolvimentos futuros .......................................................................................... 63

Referências Bibliográficas .................................................................................................................... 64

Anexos ................................................................................................................................................. 79

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ix

Índice de Quadros

QUADRO 1: Benefícios da internacionalização

QUADRO 2: Custos da Internacionalização

QUADRO 3: Estudos de relação Internacionalização Performance

QUADRO 4: Lista de variáveis

QUADRO 5: Média e desvio padrão

QUADRO 6: Correlações entre variáveis

QUADRO 7: Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a ROA

QUADRO 8: Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a ROV

QUADRO 9: Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a EGCP

QUADRO 10: Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a EGMVMC

QUADRO 11: Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a ET

QUADRO 12: Resumo dos resultados obtidos

QUADRO 13: Prioridades EDP 2014-2015

QUADRO 14: EDP no mundo e nº de colaboradores

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x

Índice de Figuras

Figura 1: O modelo a investigar e descrição dos parametros

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Introdução

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1. Enquadramentos e Motivações

Na atualidade, o quotidiano das empresas é caracterizado por forte concorrência e incertezas.

Neste contexto é essencial adotar/definir novas estratégias de gestão empresarial. Perante

isto, torna-se imprescindível perceber o fenómeno da internacionalização, na medida em que

este processo pode potenciar o crescimento na envolvente internacional, permitir a

manutenção da empresa ou até garantir a sua sobrevivência.

A motivação para este estudo prende-se, assim, pela sua atualidade e pelo facto de

desempenhar um papel muito importante na vida da empresa, muitas vezes ditando até a sua

continuidade.

Relativamente às diversas teorias propostas, nas últimas cinco décadas, para elucidar o

comportamento das empresas no panorama internacional, são recorrentes as críticas afetas à

impossibilidade de se explicar ou de elaborar um prognóstico comportamental das empresas

durante o processo de internacionalização (Axinn & Matthyssens, 2001), acarretando, com

isso, a necessidade de novos esforços na abordagem desse fenómeno.

O processo de internacionalização é, assim, um processo complexo.

2. Objetivos

O objetivo central deste estudo é analisar o impacto da internacionalização no desempenho

financeiro de uma empresa portuguesa ao nível da performance.

Por meio de um estudo descritivo e comparativo esta investigação, recorrendo a uma série

temporal, desenvolveu uma análise relacional entre o processo de internacionalização e os

indicadores de desempenho financeiro.

Deste modo, resulta imperativo identificar e analisar a relação entre este processo e os

factores/ indicadores de desempenho financeiro. Pretende-se entender os benefícios e os

custos gerados no processo de busca de novos mercados.

Este trabalho apresenta os seguintes contributos:

Compreender de que forma o fenómeno de internacionalização afeta a performance/

desempenho das empresas.

o Analisar o impacto do processo de internacionalização na rendibilidade da

empresa.

Analisar as fases do processo de internacionalização e as suas condicionantes (o

papel dos expatriados neste processo)

Analisar as motivações que levam ao início deste processo

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3

No final do estudo espera-se como resultados:

Compreender a internacionalização como uma diversificação para realidades distintas

do país de origem

Compreender o processo de internacionalização como um factor de sucesso ou

insucesso na vitalidade e continuidade da empresa

3. Estrutura

Numa primeira fase procedeu-se a um estudo quantitativo em que se analisou a empresa

relativamente ao nível de internacionalização e ao seu desempenho económico-financeiro, ao

longo do período 1999 - 2013.

No final desta fase e após a análise dos dados, o estudo verificou se a empresa apresenta uma

relação positiva entre o grau de internacionalização e a rendibilidade da empresa.

Numa segunda fase foi elaborada uma análise qualitativa com recurso a um estudo de caso à

mesma empresa. Nesta fase explicou-se o processo de internacionalização e expatriação da

empresa.

Esta escolha prende-se pela possibilidade de análise da estratégia adotada no passado por

essa empresa, os factores e os desafios na sua atual situação.

Finda esta análise, o estudo pretende conhecer o processo de internacionalização adotado

pela empresa, assim como o seu processo de expatriação.

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Capitulo I – Enquadramento Teórico

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5

1 Revisão de literatura sobre internacionalização

1.1 Introdução

“ Para competirem a nível global, as empresas têm necessidade de se adaptarem ao contexto

de mudança e desenvolverem novas capacidades. É neste ambiente que a internacionalização

assume um papel fundamental na estratégia da empresa. A capacidade de sobreviver para

além do mercado doméstico é o desafio fundamental e a resposta que se espera das empresas

nesta época de grandes incertezas.” (Eduardo Sá e Silva et al, 2013:23)

A literatura da internacionalização tem recebido uma especial atenção nas últimas décadas,

tem sido reconhecida como uma das estratégias mais significativas no processo de

crescimento das empresas empreendedoras (Peng, 2001 & Yamakawa et al, 2008). Além

disso, para as empresas conseguirem manter uma vantagem competitiva é necessário

aproveitar as oportunidades dos mercados externos. É relevante para a empresa estar ativa no

mercado internacional (Sapienza, et al., 2006 & Yu et al, 2011).

Segundo Roudini (2012), a pesquisa sobre empresas com capacidades de empreendedorismo

globais ainda carece de falta de investigação. Portanto, ainda pouco se conhece como as

empresas globais nascem e os desafios que enfrentam com as suas empresas estabelecidas

no mercado internacional. Por outro lado, estes tipos de estudos têm aumentado rapidamente

nos países desenvolvidos.

Este capítulo aborda alguns conceitos necessários à compreensão do processo de

internacionalização, tais como, o conceito de internacionalização, as principais teorias

explicativas e as estratégias.

1.2 Conceito de Internacionalização

Segundo os autores Fernández e Nieto (2005), a internacionalização é a estratégia mais

complexa que uma empresa pode adotar.

No panorama literário existem muitas definições de internacionalização. Alguns autores

definem internacionalização como um processo pelo qual uma empresa incrementa o nível das

suas atividades de valor acrescentado fora do país de origem (Meyer, 1996), outros definem o

processo de internacionalização como uma integração vertical noutros países, ou seja, como

uma extensão da estratégia da empresa mãe ao nível de estratégia de produto ou de mercado

(Freire, 1997).

Calof e Beamish (1995) define a internacionalização como um processo de adaptação das

diversas operações da empresa, como estratégia, estrutura, recursos entre muitas outras, aos

ambientes internacionais.

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Chetty e Campbell-Hunt (2001), aponta para a necessidade de ter cuidado na análise da

internacionalização, ela não é um processo de avanços contínuos mas também é revestida de

retrocessos em que muitas empresas podem des-internacionalizar.

O conceito de internacionalização é erroneamente comparado a outros conceitos, como é o

caso da globalização. Os conceitos não são em nada similares já que globalização assenta na

ideia do esbatimento de diferenças entre mercados com tendência ao seu desaparecimento.

1.3 Teorias de Internacionalização

É importante salientar que não existe apenas uma única teoria ou modelo que explique a

internacionalização das empresas.

No panorama atual existem vários estudos efetuados nesta área, mas todos eles apresentam

limitações.

Há várias divisões das teorias explicativas, no entanto este estudo incidiu sobre as teorias

explicativas propostas por Lorga (2003).

Este autor divide as teorias explicativas em 5 tipos:

(1) Teorias do comércio internacional;

(2) Teorias do ciclo de vida do produto;

(3) Teorias referentes ao comportamento e à gestão das empresas;

(4) Teorias baseadas nas imperfeições dos mercados e na organização industrial

(5) Abordagens dinâmicas da internacionalização.

Em seguida uma breve apresentação destas principais teorias de internacionalização.

1.3.1 Teorias Clássicas do Comércio Internacional

Destaque para Adam Smith, na “Riqueza das Nações” (1776), e David Ricardo (1817).

O fenómeno do comércio internacional é explicado com base nas diferenças dos preços

relativos dos bens dos diferentes países.

Estas teorias assentam na análise da especialização internacional de cada país em função dos

seus recursos.

Principal Crítica:

Nesta teoria a unidade de análise é a nação.

Neste sentido, e segundo Lorga (2003), estas teorias não são interessantes para explicar a

internacionalização das empresas.

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1.3.2 Teoria da Vantagem Competitiva

Destaque para Porter (1990) que apresenta um novo conceito de competitividade das nações,

menos focado no preço.

Nesta teoria e segundo Teixeira e Diz (2005), há um alargamento do conceito das vantagens

comparativas preconizada por Porter. Esta inclui não só os factores de produção básicos mas

também as diferenças tecnológicas, o factor qualidade e os métodos de concorrência.

Esta teoria usa como unidade de análise a indústria. Salienta que nenhuma nação consegue

ser competitiva em todos os setores e, como as economias de cada país são muito

especializadas, o sucesso de cada país depende da forma como as empresas de sectores

inter-relacionados (os clusters) se organizam e competem a nível global.

Segundo Porter (1990), as nações que funcionem como bases favoráveis ao desenvolvimento

das referidas vantagens competitivas são alvo de processos de internacionalização.

Principal Crítica:

Lorga (2003) refere que esta teoria é ainda muito centrada na competitividade das nações.

1.3.3 Teoria do Ciclo de Vida do Produto

Original de Vernon (1966) e complementada posteriormente por Onkvisit e Shaw (1983).

Esta teoria socorre-se do conceito do ciclo de vida do produto para explicar a passagem de

muitas empresas a multinacionais.

Assume que o dinamismo da tecnologia leva à alteração das vantagens comparativas das

empresas ao longo do tempo.

A teoria do ciclo de Vida do Produto explica, assim a deslocalização das empresas

(multinacionais) de mercados mais desenvolvidos para os menos desenvolvidos.

Principal Crítica:

É uma teoria determinística e não tem em atenção os modos de entrada para além das

exportações e investimento direto (Anderson, 1997).

Teixeira e Diz (2005) chamam a atenção para que a abordagem tipo “cascata” destacado por

esta teoria (os países têm diferentes ritmos de desenvolvimento, que se vão replicando dos

mais desenvolvidos para os menos) não faz sentido em contexto de globalização.

1.3.4 Teorias do Comportamento e Gestão das Empresas

Nestas teorias o investimento internacional é relacionado com o comportamento da empresa e

a importância do factor gestão, ou seja, a empresa funciona em resultado dos interesses dos

diversos grupos, nomeadamente dos gestores.

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Aharoni (1966) defende que a decisão de investir no estrangeiro é um processo complexo,

composto por um grande número de motivações.

Segundo, Cyert e March (1963) o investimento tende a efetuar-se em mercados culturalmente

e geograficamente próximos, onde haja a possibilidade de redução do risco na tomada de

decisão.

Principal Crítica:

Explica a internacionalização com base nas decisões de gestão.

1.3.5 Teoria das Imperfeições de Mercado

Estas teorias defendem a existência das multinacionais derivadas das imperfeições do

mercado.

Hymer (1976) e Kindleberger (1969) defendem que a motivação para a multinacionalização

resulta da existência de vantagens no seu mercado local e visam explorar essas vantagens

noutros mercados. Segundo estas teorias, os factores catalisadores do IDE são as

imperfeições do mercado e a diferenciação da empresa, que possui vantagens comparativas.

Principal Crítica:

De acordo com Malhotra et al. (2003), as limitações da Teoria das Imperfeições do Mercado

assentam no considerar apenas o investimento no estrangeiro, não se referindo a quaisquer

formas de acordos no mercado.

1.3.6 Teoria da Internalização

Desenvolvida por Buckley e Casson (1976) e Rugman (1979).

Recorre ao conceito de “imperfeições de mercado”, a ideia central desta teoria, é que as

empresas integram as operações que o mercado realiza de forma menos eficiente, ou seja, há

um aproveitamento das oportunidades geradas pelos mercados imperfeitos.

Segundo a teoria, quando a internalização das operações é além-fronteiras, estamos perante

um processo de internacionalização, do qual resultam as multinacionais. A decisão de

internacionalização é, assim, uma decisão assente na redução de custos (McDougall et al.,

1994).

A teoria assenta em dois axiomas fundamentais:

1. A empresa internalizará até ao momento em que os custos de transação dessas

operações sejam mais elevados dos que os que derivam da sua integração

organizativa;

2. A empresa cresce internalizando mercados até ao ponto em que os benefícios da

internalização compensem os custos.

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Rugman (1979) alargou a capacidade explicativa da teoria de forma a incluir a diversificação

internacional (e não só o investimento no estrangeiro), referindo que as multinacionais usam a

internalização para superar as imperfeições dos mercados de capitais.

Para este autor a esta teoria constitui o cerne das teorias das multinacionais, sintetizando

trabalhos de diversos autores e sendo consistente com outras teorias (como a eclética, exposta

a seguir).

Principal Crítica:

Limitado âmbito de aplicação (multinacionais e ao investimento no exterior), sendo a

internacionalização avaliada de uma forma estática e esquecendo aspetos como as formas de

colaboração inter-empresariais.

1.3.7 Teoria Eclética (Paradigma OLI)

Por considerar que as teorias existentes eram incompletas, Dunning (1995, 1998, 2000)

procurou explicar o processo de internacionalização com base no investimento estrangeiro.

O autor defende que um investimento de sucesso deve respeitar três condições (paradigma

O.L.I. – Ownership-Location-Internalization):

ownership advantages: as vantagens específicas da empresa face à concorrência (por

exemplo, tecnologia, marca própria, capacidades de gestão);

location advantages, isto é, as vantagens de localização. Ou seja, benefícios

decorrentes da exploração da superioridade da empresa no estrangeiro (por exemplo,

os custos de factores no país, estabilidade do país);

internalization advantages, ou seja, as vantagens de internalização. São as vantagens

de integrar as transações no interior da empresa.

Este paradigma apresenta quatro critérios de decisão, sendo eles: o risco, o controlo, o retorno

e os recursos.

Esta teoria inclui, assim, conceitos de outras Teorias, tais como, da Teoria das Imperfeições em

que aborda a vantagem comparativa da empresa; da Teoria da Internalização retira a

vantagem de internalização e das Teorias do Ciclo de Vida do Produto a vantagem de

localização.

Durante os anos 90, houveram grandes alterações políticas e tecnológicas. Perante este

cenário, Dunning propôs a reconfiguração do paradigma:

Englobou no conceito de vantagem de propriedade os custos e os benefícios

decorrentes das alianças

Considerou novas variáveis de localização.

Alargou o conceito de vantagem de internalização com outros objetivos dinâmicos

como a procura de ativos estratégicos e a procura de eficiência.

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Dunning concluiu existir uma relação entre o nível do desenvolvimento do país e a sua posição

em termos de investimento internacional bem como uma relação biunívoca entre ambos os

factores e os fluxos de investimento estrangeiro, numa interação dinâmica (“Investment

Development Path”).

1.3.8 Teoria dos Estágios

Esta teoria surge para colmatar as lacunas nas pesquisas da internacionalização, assentes até

então, apenas nas grandes empresas e em grandes investimentos no estrangeiro.

Esta teoria vê o processo de internacionalização como um processo gradual, que se vai

desenvolvendo em estágios (Melin, 1992).

Dentro desta Teoria salientam-se duas escolas de Pensamento:

Os Modelos Uppsala (Johanson e Wiedersheim-Paul, 1975; Johanson e Vahlne, 1977,

1990; Welch e Luostarinen, 1989).

Este modelo considera a internalização como um processo gradual. O envolvimento

internacional da empresa dá- se de forma gradual. Este modelo considera como etapas a

inexistência de atividades regulares de exportação (exportação direta); exportação através de

agentes (exportação indireta); estabelecimento de subsidiárias de vendas locais e

estabelecimento de subsidiárias de produção local.

Os Modelos Baseados na Inovação (Cavusgil, 1980)

Segundo Johanson e Vahlne (1990), o processo de internacionalização evolui de acordo com o

nível crescente de conhecimento da empresa, dos mercados externos e das suas operações.

O resultado de uma decisão é um input para as decisões futuras (Johanson e Vahlne, 1990).

Esta teoria considera dois padrões da forma de internacionalização. O primeiro padrão é um

envolvimento sequencial, ou seja um envolvimento por etapas com compromissos crescentes

(desde as exportações não regulares até à instalação de uma filial produtiva local). No segundo

padrão a empresa entra sucessivamente em mercados com maior distância psicológica

(diferenças culturais, políticas, linguísticas). Este modelo também considera as escolhas

estratégicas e as formas organizacionais, que são influenciadas por forças que facilitam ou

dificultam a exportação.

A diversidade destes factores dificulta o teste do modelo.

Este modelo apresenta uma perspetiva dinâmica, detendo a capacidade de prever como uma

empresa nacional se transforma numa multinacional. O Modelo de Cavusgil assume que o

processo de internacionalização se faz em estádios.

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Este modelo assenta em rácios de exportação (X= exportação/V= volume total vendas) que

refletem a dependência da empresa face a mercados externos.

O modelo assenta no no Modelo do Ciclo de Vida do Produto de Vernon (1966), cada estádio

subsequente é visto como uma inovação para a empresa.

Cavusgil, (1980) define cinco estádios:

Estádio 1: Mercado Doméstico – a empresa não exporta, sendo que o rácio (X/V=0);

Estádio 2: Pré-Exportação: A empresa recolhe informação e avalia viabilidade da

exportação. Ainda tem falta de informação básica sobre a exportação (custos, ricos).

X/V é próximo de 0.

Estádio 3: Envolvimento Experimental: A empresa exporta, com envolvimento marginal

reduzido e intermitente, sendo as distâncias culturais e físicas dos mercados reduzidas.

0<X/V≤9%

Estádio 4: Envolvimento Ativo – Há um esforço sistemático para incrementar as

exportações para diversos mercados. A estrutura organizacional é adaptada à nova

realidade. 10%≤X/V≤39%

Estádio 5: Envolvimento Comprometido – A empresa está muito dependente do

exterior, sendo que os gestores enfrentam dilemas em termos de alocar os recursos

parcos no mercado interno ou externo. Muitas empresa têm em curso investimentos

diretos ou contratos de licenciamento X/V≥40%.

É de salientar que outros modelos baseados na inovação apenas entram em linha de conta

com os processos de exportação, ao contrário de Cavusgil (que inclui o estádio 5).

Principais Criticas:

Apesar de serem dinâmicos e pragmáticos, são considerados deterministas e rígidos –

Turnbull (1987) referiu que há empresas que saltam fases - e esquecem-se de

aspetos-chave na internacionalização como as relações inter empresariais e os

acordos.

O Modelo de Uppsala não tem em atenção a crescente homogeneização das culturas,

gostos e dos padrões de vida bem como o acesso facilitado a informação resultantes

da globalização, factores estes que colocam em causa o conceito de “distância

psicológica” e logo a existência de estágios

Os Modelos Baseados na Inovação não são adequados a empresas que nascem

internacionais (Oviatt and McDougall, 1994) e devem ser adaptados para explicar a

internacionalização de PME.

Igualmente são omissos no que se refere à duração dos estágios.

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1.4 Estratégias de Internacionalização

As estratégias de internacionalização possíveis são, basicamente, três: a atuação isolada, a

criação de subsidiárias e a cooperação com outras empresas.

1.4.1 Atuação isolada

A exportação é o modo mais direto utilizado pelas empresas nos seus processos de expansão

Internacional (Salomon e Shaver, 2005).

Simões (1997) define a exportação como sendo um modo de operação em que os produtos

são vendidos num país diferente daquele onde são fabricados.

As exportações apresentam como vantagens: reduzido envolvimento financeiro, risco diminuto

comparativamente com outras estratégias e a facilidade de procedimentos operacionais. No

entanto não podemos esquecer que apesar da exportação ser a via mais simplista do processo

de internacionalização ela pode envolver escolhas com forte enquadramento administrativo.

As exportações possibilitam ganhos de economia de escala.

Um dos problemas levantados por este modo de entrada é a falta de controlo, na maior parte

das situações, pela empresa exportadora da política de marketing (preço, comunicação,

distribuição). Viana e Hortinha (2005) chamam a atenção para o facto de haver setores de

atividade em que a exportação é a única forma de internacionalização (por exemplo, água,

vinho, minerais).

Brito e Lorga (1999) referem duas formas de exportação: a indireta, em que a empresa está

dependente de terceiros para vender nos mercados-alvo; e a exportação direta, na qual a

empresa não delega em terceiros as operações de marketing internacional. Já Simões (1997)

realça para além destas duas uma outra forma de exportação, a própria em que a inexistência

de intermediários impera entre o fabricante e o cliente final, ou seja o fabricante é o

responsável pela distribuição do produto no país de destino.

1.4.2 Criação de subsidiárias

A criação de subsidiárias tem vantagens óbvias relativamente às exportações. Podemos desde

logo enumerar o grau de controlo que consequentemente possibilita competitividade acrescida.

A gestão deixará de ser de uma empresa individual enquadrando-se numa lógica de grupo com

todos os benefícios daí recorrentes.

No entanto, também não se pode descurar eventuais riscos e desvantagens, como enumera

Boddewyn (1985): elevadas exigências em termos de meios de financiamento e humanos, a

complexidade organizacional e o próprio risco inerente a um maior volume de investimento.

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1.4.3 Cooperação com outras empresas

Dentro da área de cooperação com outras empresas existem casos típicos que vale a pena

realçar, sendo eles: licença de exploração, Franchising, subcontratação, Joint Ventures,

consórcio e a cooperação informal.

Hennart (1989), Lorange e Roos (1991) definem a cooperação empresarial como uma posição

intermédia entre as duas áreas atrás descritas, conjugando, assim, algumas das vantagens

dessas duas opções.

Licenciamento

Simões (1997) define o contrato de licenciamento como um acordo pelo qual uma empresa

cede a outra o direito de utilizar determinados conhecimentos (know-how) e/ou de explorar

direitos de propriedade industrial (marcas, patentes, modelos ou desenhos) contra um

pagamento, expresso normalmente através de royalties.

No entanto há autores que propõem definições mais sintéticas, pois consideram que é um

acordo de risco reduzido, pelo que Cateora e Graham (1996) admitem o licenciamento como

um contrato de cedência de direitos e métodos de produção a uma empresa de um terceiro

país em troca de royalties.

Franchising

Para Cateora e Graham (1996) e Viana e Hortinha (2005), o franchising é um tipo particular de

licença. Em geral traduz-se num acordo através do qual a empresa (“franchisado”) obtém de

outra (“franchisador”) o direito de explorar em exclusivo e sob certas condições um produto,

uma marca ou uma tecnologia dentro de determinada área. Já Simões (1997) é de opinião

contrária, salientando que apesar das semelhanças destes tipos de contratos, o franchising

detém uma componente comercial mais forte e um conceito de negócio mais bem definido.

Este mesmo autor considera, ainda, que o franchising é um modo de internacionalização

privilegiado, que com custos reduzidos possibilita rápida expansão internacional, sendo um

sistema que “autoalimenta” o próprio processo de crescimento.

No caso de uma empresa portuguesa pretender alargar os seus negócios penetrando em

mercados internacionais através deste tipo de contratos, é aconselhado alguma precaução

relativamente a eventuais restrições legais, dificuldades na conceção de um “package”

adequado ao mercado em questão e finalmente encontrar parceiros qualificados.

Subcontratação

Esta estratégia de internacionalização é definido por Teixeira e Diz (2005) como um acordo

entre uma empresa internacional (ou que visa internacionalizar-se), a contratante, e uma

empresa do país de destino, a subcontratada, sendo que esta última fabrica os produtos ou

componentes destes e a primeira leva a cabo a sua comercialização (pode incluir integração e

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montagem, no caso de componentes). Simões (1997) refere que a contratante tem sob a sua

alçada a responsabilidade económica final, isto é, a comercialização.

Joint Venture

De acordo com a OCDE, “a joint venture é uma associação de empresas ou pessoas formadas

para realizar um projeto de negócio específico. É semelhante a uma parceria, mas limitada a

um projeto específico (como a produção de um produto específico, ou fazer pesquisa em uma

área específica).”

Anderson (1990) realça dois aspetos fundamentais na distinção de uma joint venture

relativamente a uma outra forma de colaboração: a independência jurídica da nova empresa

relativamente às que lhe deram origem e a partilha de gestão, o que implica não só a partilha

do controlo sobre o património mas também dos lucros e prejuízos.

Consórcio

Consiste na associação de várias empresas dando origem à criação de uma nova organização.

Embora, por vezes, se possa confundir com uma joint venture, o termo consórcio é regra geral

reservado para ações de natureza comercial (Welch & Pacifico,1990).

2 Revisão de literatura sobre a Relação Internacionalização e Performance

2.1 Introdução

Os estudos sobre a relação entre internacionalização e performance (relação int-perf) têm

sido investigados ao longo das últimas cinco décadas (Verbeke e Brugman, 2009). Devido à

relevância do tema para a empresa, os estudos sobre esta relação desenvolvem-se desde

meados da década de 70 (Yang e Driffield, 2012).

Segundo Verbeke, Li e Goerzen (2009) o interesse do tema é evidente dado que um grande

número de estudos empíricos tem sido publicados nos melhores jornais, nomeadamente, o

Academy of Management Journal, Strategic Management Journal, Journal of International

Business Studies e Management International Review.

Este ponto vai sistematizar os benefícios e os custos da internacionalização e identificar os

vários argumentos que suportam o impacto da internacionalização na performance das

multinacionais.

Também vai focar a relação int - perf e as diversas formas detetadas pelos investigadores.

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2.2 Benefícios da internacionalização: impacto na performance

Essencialmente, as empresas internacionalizam-se para conseguirem vantagem competitiva

(Porter, 1990; Ramaswamy, 1995), que segundo Kaufmann e Schneider (2004), os recursos

intangíveis são a sua fonte principal.

As multinacionais alocam os seus recursos com eficiência ao criarem mercados

intraempresariais (Yang e Driffield, 2012) de forma a reduzir custos e aumentar a produtividade

e a performance (Buckley e Casson, 1976; Rugman, 1986; Dunning, 1988b; Tallman e Li, 1996;

Helpman et al , 2004).

De acordo com Ruigrok e Wagner (2003), o uso proativo e exaustivo das vantagens

comparativas é a fonte principal dos benefícios da internacionalização. Estes benefícios

derivam de economias de escala, gama e aprendizagem, relações entre os segmentos de

negócios e áreas geográficas e exploração das diferenças nos mercados dos factores (Kogut,

1985; Porter, 1985a e 1990).

Yang e Driffield (2012) dão ênfase às economias de escala e à deslocalização das atividades

para reduzir os custos. Há uma minimização dos custos, por parte das multinacionais, quando

estas situam as atividades da criação de valor em localizações específicas (Thomas e Eden,

2004).

Segundo Pangarkar (2008) é possível mudar o volume ou localizações da produção e explorar

as diferenças entre países de forma a responder a alterações nos salários, câmbios e taxas

tarifárias. A multinacional tem oportunidades de aprendizagem enquanto satisfaz os vários

clientes e responde aos concorrentes nos mercados internacionais (Kostova e Roth, 2002;

Zahra et al, 2000), melhorando a sua performance ao transferir esta aprendizagem para as

restantes subsidiárias (Pangarkar, 2008).

São vários os argumentos que suportam o impacto positivo da internacionalização na

performance (Glaum e Oesterle, 2007):

Hsu (2006) evidencia:

a. O incremento das vendas no mercado externo,

b. A diversificação do risco numa contração económica no mercado doméstico,

c. Os custos decrescentes via economias de escala na produção

d. Redução de custos através de economias de gama na I&D, marketing e

canais de distribuição.

Contractor (2007) acrescenta a existência de economias na produção e economias ao

nível da empresa, resultantes da amortização de gastos centralizados em mais

mercados e vendas numa escala global.

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O impacto na performance depende da estratégia de internacionalização, do nível de

concorrência, da distância geográfica e cultural entre o mercado doméstico e os mercados

externos, da experiência e capacidade dos gestores para aprender e do conhecimento

tecnológico (Glaum e Oesterle, 2007).

Já Kotabe, Srinivasan e Aulakh (2002) defendem que existe um diferencial nos benefícios da

internacionalização. As multinacionais procuram alavancar os seus recursos e capacidades nas

oportunidades dos mercados internacionais (Hsu, 2006). No entanto, temos de ter em atenção

que cada empresa possui competências específicas para maximizar os ganhos e minimizar os

custos (Kotabe, Srinivasan e Aulakh, 2002).Logo, nem todas as empresas têm capacidades

para usufruir da totalidade dos benefícios da internacionalização. Segundo Thomas e Eden

(2004) existem também benefícios potenciais.

No quadro 1,estão sistematizados os benefícios da internacionalização, os autores e os anos

de cada estudo.

Quadro 1: Benefícios da internacionalização

Ano do Estudo Autor Benefícios da Internacionalização

2008 Pangarkar

Possibilidade de investimentos maiores. Uma multinacional

pode investir numa fábrica muito desenvolvida, porém, a nível

doméstico pode não justificar tal investimento. Devido a um

concorrente focalizado no mercado ou ao valor de negócios

limitado .

2007 Contractor

Ceteris paribus, uma empresa com presença em vários

países está melhor posicionada para encontrar oportunidades

de arbitragem.

2004 Thomas e

Eden

Proporciona o uso do IDE para alavancar diferenças e tirar

partido das oportunidades entre países

2003 Ruigrok e

Wagner

As empresas beneficiam das imperfeições nos mercados

externos

1998

Reeb,

Kwok e

Baek

Gera vantagens na estabilidade dos ganhos derivados da

diversificação mundial do portfólio

1996 Caves Permite o desenvolvimento de economias de escala e gama.

1996 Allen e

Pantzalis Flexibilidade adicional através da arbitragem

1993

Kim,

Hwang e

Burgers

Redução das flutuações nas receitas em diferentes países por

via da difusão dos riscos de investimento.

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1990 Ghoshal e

Bartlett

A presença em vários países aumenta a capacidade para

assimilar o conhecimento do estrangeiro, inacessível a

concorrentes domésticos ou menos internacionalizados.

1988 Buckley

Possibilidade de obtenção de resultados acima do normal

devido à exploração dos ativos intangíveis nos mercados

internacionais

1985 Kogut Redução de custos e aumento de receitas derivada do maior

poder negocial com fornecedores, distribuidores e clientes

1982 Hennart o diminui os custos pela arbitragem das diferenças nos

mercados in e output

1982

Hout,

Porter e

Rudden

Multinacionais mais eficientes ao nível dos custos derivado ao

maior nível de negócios e capacidade de exploração de

economias de escala

1977 Johanson

e Vahlne

Maior conhecimento exterior e das oportunidades com o

aumento do numero de mercados externos onde atua.

1976 Hymer

A transferência e a exploração dos ativos específicos da

empresa nos mercados externos conferem uma vantagem

para ter o monopólio do mercado por um período considerável

ou até mesmo indefinido.

1971 Caves Oportunidade de exploração das imperfeiçoes do mercado

através do uso dos ativos intangíveis nos mercados externos

Fonte: Elaboração Própria

2.3 Custos da Internacionalização: impacto na performance

Devemos salientar que as vantagens da internacionalização na performance têm um limite

(Kotabe et al , 2002).

Segundo Hitt, Hoskisson e Kim,( 1997) este limite é ultrapassado quando:

a) Os custos internos de controlo superam os benefícios das economias praticadas

b) Variação de recursos e o alcance do controlo excedem as competências

administrativas.

De acordo com Hsu e Boggs (2003) a internacionalização aumenta a performance até ao ponto

em que os custos institucionais e a complexidade na gestão das operações globais superarem

as vantagens. Devemos equacionar os custos (Thomas e Eden, 2004), pois as oportunidades

não estão isentas de riscos (Hsu, 2006).

Segundo Servaes (1996) devemos ter em atenção que, apesar das multinacionais beneficiarem

de economias de gama, existem custos crescentes associados. Por exemplo, a maior

amplitude do número de transações internas, que advém das novas subsidiárias, assim como,

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os custos de gestão podem aumentar e superar os benefícios da internacionalização (Hitt,

Hoskisson e Kim. 1997; Tallman e Li, 1996).

Para Lu e Beamish (2004), o processo evolutivo da internacionalização gera benefícios e

custos. Os problemas associados às desvantagens da novidade e de estar no estrangeiro

tipificam os custos da internacionalização (Hymer, 1976; Stinchcombe, 1965).

A desvantagem de ser estrangeiro resume-se à falta de informação do local, da sua cultura, ao

tratamento discriminatório pelos governos recetores, clientes e fornecedores (Zaheer, 1995;

Zaheer e Mosakowski, 1997) e à não familiaridade com as instituições locais (Contractor,

2007).

Segundo os autores Gomes e Ramaswamy (1999) esses custos dilatam quando as empresas

se instalam em países mais distantes a nível cultural. Os gestores debatem-se com desafios

que influenciam negativamente a competitividade: a aquisição e estabelecimento das

instalações, o aprovisionamento dos recursos humanos e a criação de sistemas de gestão

internos e redes de negócios externas (Lu e Beamish, 2004).

A experiência (aprendizagem através da prática) atenua a probabilidade dos erros e custos

associados prejudicarem a competitividade (Barkema e Vermeulen, 1998; Vermeulen e

Barkema, 2002). Torna-se, portanto, necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre os

factores para que a competitividade não seja afetada.

O quadro 2 apresenta os custos da internacionalização, os investigadores e o ano de

publicação.

Quadro 2: Custos da Internacionalização

Ano do

Estudo Autor Custos da Internacionalização

2007

Contractor Segundo os relatórios anuais da maioria das multinacionais e em

muitos setores, os países com classificações inferiores (após os

primeiros 40 a 60 países) incluem mercados muito periféricos e

menos promissores.

2007

Hennart Os ativos intangíveis internalizados pela multinacional dispersam-

se quando a empresa estabiliza os lucros.

2004

Thomas e

Eden

Quanto mais países de atuação –> maior exposição aos riscos

cambiais

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2004

Lu e Beamish Maior probabilidade de erros na tomada de decisões.

2003

Ruigrok e

Wagner

Os problemas culturais agravam as dificuldades.

Exigências elevadas no processamento da informação

2002

Denis, Denis

e Yost

Internacionalização -> origina dificuldades de coordenação,

informação assimétrica e divergências entre a sede e as

subsidiárias.

2001 Doz, Santos e

Williamson

Internacionalização -> custos na aprendizagem sobre um novo

país e a sua cultura

1999

Kostova e

Zaheer

Evolução da internacionalização -> maiores dificuldades na

legitimidade. (exemplo, censura das práticas laborais nos

media, ataques diretos às instalações e campanhas contra as

práticas ambientais).

1998

Reeb, Kwok e

Baek

Risco financeiro dos mercados externos, intensificado pelas

flutuações das taxas de câmbio e inflação.

1997

Zaheer e

Mosakowski

Internacionalização -> custos adicionais com a expansão da

estrutura interna da empresa.

1997

Hitt,

Hoskisson e

Kim

Necessidade de maior coordenação entre as transações -> mais

onerosas que os benefícios da partilha de recursos e da

exploração das oportunidades

1992

Sundaram e

Black

Quanto maiores diferenças entre os países -> maior probabilidade

das pressões governamentais, legais e culturais.

1990

Hoskisson e

Turk

Novos mercados -> aumento dos custos administrativos e a

sobrecarga de informação.

1988

Chase, Kuhle

e Waither

Aumenta o risco político.

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1982

Siddharthan e

Lall

Aumento do nível de internacionalização + complexidade

institucional e ambiental -> esgota a capacidade administrativa

1980

Hofstede Diversidade cultural: gera problemas de comunicação,

coordenação e motivação.

Fonte: Elaboração Própria

2.4 Internacionalização e performance

Grant (1987) sugere a possibilidade da sustentação da relação Inter-Perf, em duas correntes.

Na primeira corrente, os estudos verificam se as multinacionais superam as suas concorrentes

domésticas ao nível da rentabilidade e risco (Hsu e Boggs, 2003). Thomas e Eden (2004)

corroboram este facto dado que as multinacionais exploram fontes de vantagem competitiva

não disponíveis para as empresas domésticas. São vários os investigadores que seguem esta

corrente de investigação (Vernon, 1971; Brewer, 1981; Collins, 1990).

Hsu e Boggs, (2003) remetem para a segunda corrente de investigação. Esta faz uma análise

recorrendo a variáveis de controlo, sendo elas, a intensidade da I&D, a dimensão da empresa e

o efeito da indústria. Esta investigação foca-se na evolução da performance comparando-a

com o aumento da internacionalização (Verbeke e Brugman, 2009).

Estes estudos chegam à conclusão que existe um “limiar de internacionalização”. Ou seja, há

uma melhoria na performance com a internacionalização, mas só até ao momento em que os

custos institucionais e a complexidade na gestão de operações dispersas geograficamente

superam as vantagens (Hsu e Boggs, 2003).

Vários estudos refletem esta segunda corrente (Buckley, Dunning e Pearce, 1977 e 1984;

Grant, 1987; Chang e Thomas, 1989; Ramaswamy, 1995; Gomes e Ramaswamy, 1999;

Tallman e Li, 1996). Na maioria destes estudos a internacionalização foi medida recorrendo ao

rácio das vendas internacionais sobre o total das vendas (VI/TV) (Hsu e Boggs, 2003; Verbeke

e Brugman, 2009; Yang e Driffield, 2012).

Segundo Verbeke e Brugman (2009), apesar de existir consenso na operacionalização do nível

de internacionalização (Väätänen et al 2009), o rácio VI/TV é um indicador insuficiente.

Segundo este mesmo autor, por exemplo uma empresa com 50% de vendas internacionais

num país próximo teria o mesmo nível de internacionalização de outra empresa com 50% de

vendas internacionais em 10 países.

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No entanto, e segundo Li (2007) a maioria dos estudos usou apenas o rácio VI/TV na

operacionalização do nível de internacionalização. Desta forma, os autores denotam um certo

enviesamento dos resultados.

Sullivan (1994ª), Verbeke e Brugman, (2009) e Yang e Driffield, (2012), mais recentemente,

dizem que o nível de internacionalização tem sido operacionalizado de outras formas, tais

como pelo rácio dos ativos internacionais sobre o total dos ativos, pela orientação internacional

da equipa de gestão, pela percentagem de capitais comuns possuídos por empresas

estrangeiras, pelo número de subsidiárias no estrangeiro, pelo número de países estrangeiros

e por indicadores compósitos

Alguns autores, como Thomas e Eden (2004), dão ênfase ao indicador “nº de países

estrangeiros” pelo facto do seu aumento ser diretamente proporcional ao aumento das

oportunidades para as multinacionais. Verifica-se uma relação diretamente proporcional entre

as variáveis estudadas.

Alguns índices de entropia baseados nas vendas, são utilizados por certos investigadores (Hitt,

Hoskisson e Kim 1997; Kim, Hwang e Burgers, 1993; Ramírez Alesón e Espitia-Escuer, 2001),

outros utilizam indicadores múltiplos (Tallman e Li, 1996; Zahra et al, 2000) e outros utilizam

um indicador compósito de dois ou três indicadores ( Contractor, Kundu e Hsu, 2003; Li e Qian,

2005; Lu e Beamish; 2004).

A internacionalização evidencia uma certa multidimensionalidade corroborada pela utilização

de diferentes medidas para a sua avaliação (Dunning, 1993).

Segundo Glaum e Oesterle, (2007), os indicadores individuais, tais como o “VI/TV”, “ativos

internacionais/ total de ativos” ou o “nº de subsidiárias estrangeiras” não refletem a

multidimensionalidade da internacionalização.

Pangarkar (2008) destaca a diversidade das medidas que se dedicam à análise da

performance utilizada em estudos anteriores: os resultados obtidos nos mercados de produtos,

as medidas contabilísticas e as medidas baseadas no mercado.

Os indicadores mais utilizados são as medidas contabilísticas e baseadas no mercado (Yang e

Driffield, 2012).

No que diz respeito aos resultados obtidos nos mercados de produtos, o incremento das

vendas é um dos indicadores utilizados (Pangarkar, 2008).

De acordo com Zahra e al (2000), o crescimento das vendas é usado, em revistas e livros de

gestão, pelos especialistas da indústria e investidores na avaliação da performance dos novos

negócios. Este indicador específico aparece nos estudos de Zahra et al (2000) e Geringer,

Tallman e Olsen (2000). De referir que o volume de negócios é determinado pela soma da

venda de produtos e da prestação de serviços.

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22

Segundo Hsu e Boggs (2003) as medidas contabilísticas permitem a compreensão das fontes e

adequação dos lucros, da eficiência dos ativos e do risco de liquidez.

Estas medidas relacionam-se com a dimensão das empresas e analisam a performance a curto

prazo (Yang e Driffield, 2012).

As medidas contabilísticas mais comuns são:

Rendibilidade dos capitais próprios (Thomas e Eden, 2004; Li e Qian, 2005; Hsu, 2006;

Rugman e Sukpanich, 2006; Contractor, Kumar e Kundu, 2007),

Rendibilidade operacional do ativo (ROA) (Lu e Beamish, 2001 e 2004; Kotabe,

Srinivasan e Aulakh, 2002; Ruigrok e Wagner, 2003; Thomas e Eden, 2004; Li e Qian,

2005; Contractor, Kumar e Kundu, 2007)

Rendibilidade operacional das vendas (ROV) (Geringer, Tallman e Olsen, 2000; Lu e

Beamish, 2001; Thomas e Eden, 2004; Li e Qian, 2005; Contractor, Kumar e Kundu,

2007).

As medidas baseadas no mercado avaliam a posição da empresa no mercado relativamente à

sua performance a longo prazo (Yang e Driffield, 2012).

O Q de Tobin é uma medida baseada no mercado e reflete a avaliação dos investidores aos

ativos tangíveis e intangíveis da empresa (Chang e Wang, 2007). O Q de Tobin é o rácio do

valor de mercado dos ativos sobre o valor de substituição dos ativos (Lu e Beamish, 2004).

Segundo Whited (2001), as críticas ao Q de Tobin focalizam a questão da medição do erro e

consequentemente a estimativa enviesada do coeficiente. O Q de Tobin é utilizado nos estudos

de Lu e Beamish (2004) e Chang e Wang (2007). Goerzen e Beamish (2003) também utilizam

medidas baseadas no mercado: o beta e a rendibilidade ajustada ao risco.

No início da última década, verifica-se o uso de indicadores baseados na eficiência nos custos

para medir a performance (Li, 2007). Wagner (2004) evidencia que estes indicadores

específicos integram-se ao nível da performance operacional, por exemplo, os custos do

trabalho e os custos materiais. Os indicadores baseados na eficiência dos custos aparecem em

alguns estudos sobre a relação I-P (Gomes e Ramaswamy, 1999; Ruigrok e Wagner, 2003;

Wagner, 2004).

A maioria dos investigadores atribui existência da relação internacionalização - performance

(Bouquet, Morrison e Birkinshaw, 2009; Hult et al., 2008).

Segundo Thomas e Eden, (2004) e Johnson, Yin e Tsai, (2009), os investigadores atestam

várias formas nesta relação. Alguns autores apontam para relação linear e positiva, outros para

linear e negativa, curvilinear (U), curvilinear (U-invertido) ou curvilinear (S-horizontal).

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23

Apesar de haver muita investigação neste tema, não podemos dizer que exista uma evidência

empírica consistente sobre uma forma particular (Contractor, Kundu e Hsu, 2003; Ruigrok e

Wagner, 2003; Wagner, 2004).

A investigação de Verbeke e Brugman (2009) analisa os 24 estudos mais citados sobre a

internacionalização e performance e os seus principais resultados. A escolha destes estudos

(20 artigos e 416 livros) é baseada na contagem de citações do Social Sciences Citation Index

e do Google Scholar (Verbeke e Brugman, 2009).

O quadro 3 apresenta esses estudos e os tipos de relação existente entre internacionalização e

performance.

Quadro 3: Estudos de relação Internacionalização- Performance

Ano

Autores Internacionalização Performance Resultados da relação Inter -

Perf

1960 Hymer Variável dicotómica Receitas

líquidas

Relação linear e positiva.

1971 Vernon Variável dicotómica ROV e ROA Relação linear e positiva

1987

Grant VITV ROV,

rentabilidade

operacional do

ativo líquido,

rentabilidade

dos capitais

próprios,

crescimento

das vendas e

crescimento

da

rentabilidade.

Relação é linear e positiva

1988 Grant,

Jammine

e

Thomas

VITV ROA e

crescimento

das vendas

Relação é linear e positiva

1989

Kim,

Hwang

e Burgers

6 regiões e índice de

entropia baseado no

número de

colaboradores que

Margem do

lucro

operacional e

rentabilidade

As empresas com uma maior

diversificação global de

produtos

(não relacionados ou

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24

mede a dimensão das

operações

operacional do

investimento

relacionados) superam as

empresas com uma menor

diversificação global de

produtos não relacionados.

1993

Kim,

Hwang

e Burgers

6 regiões e índice de

entropia baseado no

número de

colaboradores que

mede

a dimensão das

operações

Média do risco

ajustado (5

anos) da

rentabilidade

operacional do

ativo

ponderada da

indústria

Revelam que a diversificação

do mercado global tem um

impacto positivo na

performance ajustada ao risco.

1996

Tallman e

Li

VITV e contagem de

países

ROV A relação é insignificante (VITV)

e linear e positiva (contagem

dos países).

1997

Hitt,

Hoskisson

e

Kim

Índice de entropia

baseado nas vendas

ROA Relação curvilínea (U-invertido).

2000

Geringer,

Tallman e

Olsen

Rácios: vendas

internacionais, vendas

de exportações e

interno.

ROV e

crescimento

das vendas

(desfasament

o de 1 ano)

Na ROV, o impacto é negativo

(rácios vendas internacionais e

interno) e positivo (rácio vendas

de exportações).

No crescimento das vendas, o

impacto é positivo (rácio vendas

internacionais) e insignificante

(rácios vendas de exportações

e interno).

2000

Zahra,

Ireland e

Hitt

Contagem de países,

diversidade

tecnológica,

diversidade

cultural,diversidade

geográfica e

segmentos

internacionais.

Rentabilidade

operacional

dos capitais

próprios e

crescimento

das vendas

A contagem de países e a

diversidade cultural têm um

impacto positivo na

rentabilidade operacional dos

capitais próprios e no

crescimento das vendas. Existe

uma linearidade positiva entre a

diversidade tecnológica e

geográfica no crescimento das

vendas.

A linearidade é negativa entre

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25

os segmentos internacionais e

a rentabilidade operacional dos

capitais próprios

2001

Lu e

Beamish

Contagem de IDE e de

países

ROV e ROA Concluem a existência de uma

relação curvilínea (U).

2003 Contracto

r,

Kundu e

Hsu

Indicador compósito:

VITV, emprego

internacional sobre o

total do emprego e

número de escritórios

internacionais sobre o

total do número

escritórios.

ROV e ROA Na análise ao total da amostra

e das indústrias de capital

intensivo, verificam a existência

de uma relação curvilínea (U).

Nas indústrias baseadas no

conhecimento, a relação

também é curvilínea, mas

apresenta uma forma diferente

(S).

Fonte: Adaptado de Verbeke e Brugman (2009).

O quadro mostra um consenso limitado na literatura (Contractor, Kundu e Hsu, 2003; Lu e

Beamish, 2004; Ruigrok e Wagner, 2003; Thomas e Eden, 2004).

Alguns autores mostram que a investigação sobre a esta relação “inconsistente” e “confusa”

(Hsu e Boggs, 2003, p. 23) “decididamente confusa” (Hitt, Hoskisson e Kim, 1997, p. 772)

“contraditória” (Geringer, Tallman e Olsen, 2000, p. 51), “inconsistente e contraditória” (Ruigrok

e Wagner, 2003, p. 65), “inconclusiva e contraditória” (Tallman e Li, 1996, p. 180). Os

resultados heterogéneos e opostos são insatisfatórios devido à importância crucial deste tema

na área dos negócios internacionais (Glaum e Oesterle, 2007).

3 Revisão de literatura sobre expatriação

3.1 Introdução

O sucesso das empresas nesta era Global passa pela preparação e motivação das pessoas

responsáveis pelo desenvolvimento dos negócios da empresa no exterior.

O objetivo é analisar a importância do processo de expatriação e dos expatriados na gestão

estratégica internacional das empresas.

Nesta secção é abordado o conceito de expatriação e expatriado, factores que possibilitaram o

sucesso da expatriação, os ganhos para a empresa e os factores que potenciam o sucesso

deste processo.

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26

3.2 Conceitos: Expatriação e expatriado

Na esfera atual, considerando que a internacionalização constitui uma vantagem competitiva

para as empresas, a prática da expatriação de gestores para as subsidiárias de uma empresa

tem assumido particular importância no domínio empresarial (Benson et al., 2009; Chen et al.,

2009 e Ramalu et al., 2010).

Torna-se, assim, fulcral perceber a definição dos conceitos de expatriação e de expatriados.

Quando a empresa entra no início da fase de expansão é usual a mobilidade dos seus quadros

das empresas.

Podemos classificar a mobilidade internacional em três tipos: deslocação temporária,

expatriação e carreira internacional. Esta classificação tem em linha de conta o tipo de missão,

as competências necessárias e a amplitude da internacionalização do negócio.

Relativamente à distinção quanto ao tempo necessário para atingir o objetivo, a deslocação

temporária tem uma duração menor. A expatriação pode compreender um período entre 6

meses a 3 anos e a carreira internacional tem um período superior a 3 anos. Assim, a

mobilidade internacional pode assumir três formas, neste estudo/ investigação o foco será a

expatriação.

Este processo poderá ser definido como uma deslocação com um limite temporal mínimo de 6

meses e máximo de 3 anos e em que existe uma mudança efetiva do local de trabalho. O

expatriado perde o direito ao cargo que ocupava no país de origem, porém não perde o vínculo

à empresa de origem, sendo reintegrado posteriormente num cargo a definir segundo as suas

competências (Camara, 2008).

A expatriação é utilizada como forma de fortalecer a carreira de um colaborador com potencial

e como um garante de coordenação da gestão de negócios globais da empresa.

Outra vantagem que é atribuída a este processo é a transferência de conhecimento da própria

organização.

Todavia apesar dos elevados custos de expatriação para a empresa é importante que esta

pondere com veemência por esta mobilidade de forma a ter um melhor controlo das operações

necessárias no novo mercado internacional.

Rego e Cunha (2009) definem os expatriados como “indivíduos que exercendo funções ao

serviço da sua organização, emigram temporariamente para outro país”.

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27

As definições de Legrand (2007), para quem expatriado é um funcionário enviado pela sua

organização para uma unidade num país diferente do seu, para cumprir um contrato de

trabalho por um determinado período de tempo (entre 6 meses a 5 anos).

3.3 Gestão Estratégica da Empresa Versus Funções estratégicas dos expatriados

Uma das questões que se coloca na necessidade de internacionalização da empresa,

relativamente ao processo de expatriação, é quais as funções estratégicas que os expatriados

devem desempenhar.

Segundo Jaime Bonache et al (2001) responder a esta pergunta exige, em primeiro lugar,

conhecer os objetivos estratégicos da empresa e, em seguida, clarificar a relação existente

entre esses objetivos e o uso de expatriados.

Acerca dos objetivos estratégicos das empresas, Bartlett e Ghoshal (1992) argumentaram que

as empresas têm três objetivos estratégicos diferentes mas complementares entre si.

O primeiro objetivo é a capacidade de resposta local: necessidade por parte das empresas de

uma análise/investigação exaustiva dos mercados nacionais onde operam, nomeadamente as

características do setor, ambiente cultural e legal para assumirem uma estratégia de

diferenciação dos seus produtos para atender as preferências dos seus clientes.

O segundo objetivo é a integração global das operações das empresas, de modo a tirar

proveito de diferentes factores de produção nacionais, para alavancar economias de escala em

todas as atividades, e para compartilhar custos e investimentos em diferentes mercados e

unidades de negócios.

O terceiro objetivo é a inovação, o sentido de aprendizagem, o que requer que as diferentes

unidades (centro ou subsidiárias) aprendam uns com os outros e troquem inovações em

sistemas e nos processos de gestão.

Portanto, para a concretização destes três objetivos torna-se necessário deslocar pessoal entre

as diferentes unidades.

3.4 Investigação sobre novas Formas de expatriação

A literatura sobre missões internacionais tem sido dominada pela pesquisa com foco na

expatriação por empresas multinacionais. Na realidade, as experiências de trabalho no exterior

são muito mais diversificadas.

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28

Por exemplo, Inkson et al (1997) afirmam que a pesquisa sobre a “auto expatriação” é muito

ténue e mal existe porque o foco das pesquisas tem sido sempre dentro das transferências das

empresas. O foco nesse artigo é sobre os jovens que trabalham no exterior e que conseguiram

emprego no estrangeiro por si mesmos.

Uma amostra, de nível universitário, de funcionários finlandeses em missões estrangeiras

indica que cerca de um terço deles tinha encontrado emprego no exterior por si mesmos

(Suutari & Brewster, 2000). Pelo menos esta amostra é muito diversificada, incluindo pessoas

de todas as faixas etárias e com diferentes motivos para ir para o estrangeiro.

Há também mudanças no motor de pesquisa relacionada aos próprios expatriados. Mulheres

expatriadas e casais de dupla carreira representam uma área adicional, onde nossa

compreensão ainda é limitada.

3.5 O ciclo do Expatriado

Problemas de seleção

Tem havido muita investigação sobre a seleção e preparação de expatriados.

Competências linguísticas e adaptabilidade internacional são factores muito significativos para

organizações europeias e muito menos significativo na maioria dos estudos norte-americanos

(Suutari & Brewster, 1998).

As decisões sobre a seleção de expatriados são feitas, geralmente de uma maneira pouco

organizada e coerente, e muitas vezes tomadas por gerentes de linha que simplesmente

ignoram os critérios defendidos pelo departamento de Recursos Humanos (Harris & Brewster,

1999).

Há preferência por um conjunto restrito de candidatos que são de confiança destes gestores e

que demonstrem disponibilidade para abarcar esse desafio.

Problemas durante a atribuição

Para muitas organizações internacionais, a gestão internacional de recursos humanos significa

gestão de expatriados, e que, por sua vez, significa gerir a compensação do expatriado

(Reynolds, 1997).

A visão estratégica desde o início da década de 1980 tem sido a remuneração dos gestores.

No entanto, esta abordagem estratégica não parece ter sido transferida para o meio

internacional.

Antes de 1999 a compensação de expatriados ainda parece ser manuseada pelas

organizações como um procedimento administrativo em vez de ser uma questão estratégica.

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29

A perspetiva administrativa reflete-se na abordagem do salário (Schuler, & Welch, 1994). O

objetivo desta abordagem é a de manter o poder de compra do expatriado em locais diferentes

e oferecer incentivos monetários.

Obviamente, este e outros sistemas semelhantes (o sistema de compensação global, o sistema

do país de acolhimento, entre outros) pode ser muito útil para resolver os múltiplos problemas

técnicos apresentados pelas atribuições, como a dupla tributação ou de diferenças de

condições de vida e os níveis salariais dos diferentes países.

No entanto, estes sistemas têm três grandes limitações: a primeira delas é que estes estão

longe de serem geralmente aceites pelos expatriados. A segunda limitação encontrada é que

estes sistemas não representam as diferentes estratégias internacionais das empresas.

Quando o papel do expatriado varia consoante as diferentes estratégias da empresa, um

pacote de remuneração específica para cada tipo de estratégia internacional faz mais sentido

(Bonache & Fernández, 1997). Por fim, a última limitação apontada é o facto destes sistemas

não fornecem uma resposta às diferentes questões colocadas pelo plano estratégico de um

sistema de compensação, tais como: O funcionamento do sistema ajudará a atingir os objetivos

estratégicos da empresa? Qual a unidade de referência para que a parte variável do expatriado

da salário deve ser ligado? Consequentemente, eles são apenas uma ferramenta de apoio e

não o destino no qual um sistema de remuneração estratégica deve ser focado.

Deste ponto de vista, esta é uma área que requer mais (e diferente) a atenção de

pesquisadores de expatriação (Sparrow, 1998).

Segundo Bonache et al (2001) a literatura não é mais clara quando examinamos métodos de

avaliação do desempenho dos expatriados.

As empresas europeias tendem a avaliar os gestores mais na realização de objetivos de longo

prazo enquanto as americanas concentram-se mais nas medidas de curto prazo (Lindholm,

Tahvanainen, & Bjorkman, 1999).

Repatriamento e Gestão de Carreira

A última fase do processo de expatriação é o repatriamento, ou seja, o regresso à pátria.

Esta fase inclui vários tipos de dificuldades, e segundo Bonache et al (2001) as empresas não

estão a gerir com muito êxito este processo.

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30

Brynningsen (2009) ao citar Forster (2000), afirma que o nível de desenvolvimento da empresa

no que tange ao aspeto de treino ao expatriado ainda está aquém do que os teóricos

apresentam. Alguns exemplos das dificuldades desta fase prendem-se com a definição da

posição dos gestores após a repatriação. Muitas vezes as novas posições envolvem menos

autoridade do que o cargo ocupado durante a expatriação colocando o expatriado num "

padrão de exploração " aquando do seu regresso (Selmer, 1999).

Segundo Black (1992), os próprios expatriados quando estão de volta sentem que estão a

voltar para um pais e uma organização que mudou durante a sua ausência e podem não ter

sido atualizados de tais mudanças ou eles próprios podem ter mudado. Logo, em função

destas dificuldades existentes os repatriados enfrentam um “choque cultural reverso”( Forster,

1994).

Em média cerca de 10% - 25%, após a repatriação, dos Ex expatriados, dentro de 1 ano,

abandonam a empresa em que laboravam (Black et al , 1999). De acordo com o Global

Relocation Trends Report-2004, a percentagem é superior, evidenciando que 44% dos Ex

expatriados decidiram abandonar a empresa, nos dois anos seguintes após a repatriação.

A saída da empresa pode significar para o indivíduo um avanço positivo de carreira mas

provavelmente significa um resultado negativo para a empresa, devido ao investimento no

indivíduo e o objetivo de aumentar o conhecimento internacional.

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Capitulo II – Metodologias da Investigação

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32

1 Estrutura do Capítulo

Esta secção divide-se em três pontos principais: o objetivo do estudo, ou seja a sua pergunta

de partida; a análise quantitativa da empresa em análise e a análise qualitativa da empresa

através de um estudo de caso.

Nesta seção é descrito:

a) Procedimento, nomeadamente o método de recolha de dados, utilizado;

O modelo a testar, onde são identificadas as variáveis dependente, independente e de controlo

que pautam este estudo e é exposta a operacionalização de todas as variáveis.

b) Amostra escolhida, evidenciando a base e fontes de recolha de dados e identificada a

série temporal.

2 Objetivo do Estudo

Entende-se por procedimentos metodológicos o conjunto de técnicas utilizadas para a recolha,

processamento e análise de dados para o fundamento ao trabalho.

Portanto na definição do procedimento metodológico mais adequado para aferir a realidade

estudada é importante saber qual o objetivo de estudo.

Segundo Quivy & Campenhoudt (1998) devemos procurar enunciar o projeto da investigação

na forma de uma pergunta de partida.

Logo, a pergunta de partida pretensa deste estudo é: o processo de internacionalização tem

impacto positivo ou negativo no desempenho financeiro das empresas?

Nomeadamente, este estudo pretende saber como uma empresa (EDP energias de Portugal)

estruturou-se para o processo de internacionalização – o que originou essa decisão (factores

determinantes), como ocorreu a expansão dos seus negócios e o seu modo de entrada no

exterior – além de saber se há relação entre a internacionalização e a performance

apresentada pela empresa, nomeadamente ao nível dos resultados económicos da mesma.

Segundo Yin (2009,p.19) cada estratégia apresenta vantagens e desvantagens próprias,

dependendo basicamente de três condições: a) o tipo de questão da pesquisa; b) o controlo

que o pesquisador possui sobre os eventos comportamentais e efetivos e c)o foco em

fenómenos históricos, em oposição a fenómenos contemporâneos.

Devido às características do estudo em questão optou-se por uma análise quantitativa e

qualitativa.

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33

Segundo Marconi e Lakatos (2003) o método comparativo mostra-se adequado para estudos

com a “finalidade de verificar similitudes e explicar divergências”. Utilizando-se dessa

metodologia é possível compreender organizações em iguais ou diferentes estágios, neste

caso a relação entre o Índice de Internacionalização e o desempenho financeiro.

Segundo estes mesmos autores utilizando-se do estudo comparativo combinado com o

descritivo “pode-se averiguar analogia entre ou analisar os elementos de uma estrutura”.

3 Metodologias

3.1 Análise Quantitativa do Grupo EDP

3.1.1 Objetivo da análise

Através da observação temporal do grupo EDP procedeu-se à análise quantitativa da relação

entre a evolução da sua internacionalização e desempenho económico e financeiro obtido ao

longo do período compreendido entre 1999 e 2013.

Deste modo, o objetivo desta análise consiste em verificar a relação entre as variáveis e

concluir se existe correlação ou não entre elas.

3.1.2 Descrição dos dados recolhidos

Para proceder a este estudo, em primeiro lugar diversas hipóteses foram formuladas tendo por

base a literatura revista. A fase seguinte consistiu na observação do objeto em estudo, ou seja,

procedeu-se à recolha e análise de dados financeiros e de sustentabilidade do Grupo EDP, e

finalmente, após compilação de dados, efetuou-se um estudo econométrico para verificar a

relação entre variáveis observadas.

Será utilizado, como recurso à obtenção de dados, a base de dados SABI, disponível no

ISCAP, assim como os relatórios financeiros e de sustentabilidade do Grupo EDP disponíveis

online.

3.1.3 Identificação da amostra

A base de dados utilizada para a obtenção dos dados foi a SABI. Adicionalmente foi recolhida

informação diretamente dos relatórios financeiros e de sustentabilidade do Grupo em questão.

Segundo Capar e Kotabe (2003) e Contractor, Kundu e Hsu, (2003) a relação

internacionalização e performance é específica de indústria para indústria.

Ao avaliar a relação Int-Perf ao longo dos últimos anos, é possível demonstrar com mais

clareza os antecedentes e as consequências da internacionalização e o seu impacto na

performance. Porém, existe uma tendência para um efeito positivo entre a internacionalização

e o desempenho da empresa (Pangarkar, 2008).

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34

3.1.4 Estudo econométrico

Hipóteses

Neste estudo, testou-se a hipótese de existência de um impacto positivo do nível de

internacionalização na performance da empresa (Pangarkar, 2008). Assim, são formuladas as

hipóteses seguintes:

Hipótese 1a: O indicador de internacionalização relaciona-se de forma positiva com a

performance financeira.

Hipótese 1b: O indicador de internacionalização relaciona-se de forma positiva com a

performance operacional.

No teste das hipóteses, é utilizado o modelo de regressão linear múltipla. É uma técnica

estatística que permite a análise da relação entre uma variável dependente (Y) e um conjunto

de variáveis independentes (Xs) (Pestana e Gageiro, 2005).

Método

Assim, nesta 1ª fase, é analisado, através de estudo econométrico com recurso a programa

estatístico, Eviews, as relações entre as variáveis explicativas e explicadas do modelo.

Vão ser utilizados dados relativos às variáveis de 1999 a 2013 (15 observações).

A utilização de dados consecutivos neste tipo de investigação é muito usual por parte de vários

investigadores (Ruigrok e Wagner, 2003; Li e Qian, 2005).

No âmbito desta investigação, diversos investigadores recorrem a modelos de regressão linear

para testar as hipóteses (Pangarkar, 2008; Contractor, Kumar e Kundu, 2007; Hsu, 2006).

Variáveis e formulação do modelo a testar

FIGURA 1. O modelo a investigar e descrição dos parâmetros.

+

Onde:

PER: performance Variável Dependente

INT: Grau de Internacionalização Variável Independente

I&D: Intensidade da I&D Variável de controlo

DIM: dimensão da empresa Variável de controlo

Fonte: Elaboração Própria

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35

As variáveis do presente estudo são a performance (variável dependente), a

internacionalização (variável independente), a dimensão da empresa e a intensidade da I&D

(variáveis de controlo).

Este modelo é baseado no estudo de Pangarkar, (2008).

Os métodos de operacionalização são descritos em baixo.

a. Performance

Neste estudo representa a variável dependente. A performance foi representada pela

rentabilidade financeira e operacional, pois ao aplicar estas duas dimensões, segundo Ruigrok

e Wagner (2003), a investigação será adequadamente validada e comparável.

A medição desta variável, em termos financeiros e operacionais, vai seguir o tratamento em

estudos anteriores (Kotabe et al, 2002).

a.1. Performance Financeira

Neste estudo a performance financeira baseia-se em dois indicadores:

i. Rentabilidade operacional do ativo (ROA)

ii. Rentabilidade Operacional das vendas (ROV).

A ROA calcula-se da seguinte forma: resultado operacional a dividir pelo ativo (Sukpanich e

Rugman, 2007), onde o resultado operacional é igual à diferença entre o resultado líquido, os

gastos de financiamento e os impostos (Thomas e Eden, 2004).

A ROA é uma medida única da performance em diversos estudos (Johnson, Yin e Tsai, 2009;

Lu e Beamish, 2001).

A ROV calcula-se da seguinte forma: resultado operacional a dividir pelo total das vendas

(Sukpanich e Rugman, 2007).

Vários investigadores utilizam apenas este indicador de performance financeira nos seus

estudos (Qian, 2002; Capar e Kotabe, 2003; Li, 2005).

a2. Performance Operacional

Esta performance vai ser representada por três indicadores:

i. Eficiência nos gastos com pessoal

ii. Eficiência nos gastos das mercadorias vendidas e matérias consumidas

iii. Eficiência total de gastos

A eficiência nos gastos com o pessoal é calculada ao dividir os gastos com o pessoal pelo total

das vendas, a eficiência nos gastos das mercadorias vendidas e matérias consumidas é igual

aos gastos das mercadorias vendidas e matérias consumidas a dividir pelo total das vendas e a

eficiência no total de gastos é igual à soma dos dois indicadores anteriores (Wagner, 2004).

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36

Esta opção na operacionalização da performance segue uma tendência recente da

investigação sobre a relação Int-Perf (Gomes e Ramaswamy, 1999; Ruigrok e Wagner, 2003;

Wagner, 2004). Este tratamento específico é útil para ultrapassar a heterogeneidade dos

métodos contabilísticos e a manipulação possível dos gestores nas medidas de performance

financeira (Li, 2007).

b. Internacionalização

Na literatura de Int-Perf, há consenso de que esta variável medida por meio de um índice

composto tende a ser mais robusta, por apresentar menor erro de predição e, portanto, ser

capaz de alcançar maior validade enquanto construtivo (Annavarjula & Beldona, 2000;

Gomes & Ramaswamy, 1999; Sullivan, 1994; Wagner & Ruigrok, 2004).

Por isso, a variável INT, índice de internacionalização, que este estudo irá utilizar será o da

UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development que utiliza os três rácios

seguintes como indicadores do grau de envolvimento externo das empresas:

A= Ativos detidos no exterior/Total ativos

V = Vendas no exterior/Total das vendas

E = Emprego no exterior/Total do emprego

Assim, para aferir o nível internacionalização das empresas a UNCTAD utiliza o índice de

transnacionalidade (TNI – transnationality index), o qual é obtido pela média dos três rácios

anteriores.

INT= TNI = (A+V+E) / 3

c. Intensidade de I&D

Segundo Hsu e Boggs (2003) e de acordo com o paradigma eclético de Dunning (1988a e

1993), uma empresa que tem lucros internos procura ter lucros adicionais nos mercados

internacionais.

A intensidade da I&D é calculada dividindo as despesas anuais em I&D pelo total das vendas

(Hsu e Boggs, 2003; Hsu, 2006; Broutherset al., 2009).

Há três motivos que levam muitos autores a escolherem esta variável como uma variável de

controlo:

Determinante da rendibilidade (Li e Qian, 2005).

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Empresas com maior investimento em I&D são mais lucrativas e bem-sucedidas (Hsu e Boggs,

2003). A relação positiva entre intensidade da I&D e performance é detetada por Delios e

Beamish (1999) e Kotabe, Srinivasan e Aulakh (2002).

A maioria dos recursos de I&D focaliza o desenvolvimento de produtos novos.

A intensidade da I&D é incluída para controlar a influência dos ativos intangíveis na

performance (Chang e Wang, 2007).

d. Dimensão da empresa

É outra variável de controlo.

Neste estudo a dimensão da empresa vai ser definida pelo Logaritmo natural do ativo

(Sukpanich e Rugman, 2007).

A escolha recaiu sobre este variável porque:

Influencia a relação Internacionalização - Performance (Väätänen et al , 2009).

Muitos investigadores atribuem uma relação positiva (Bonaccorsi, 1992; Gomes e Ramaswamy,

1999; Majocchi, Bacchiocchi e Mayrhofer, 2005; Hsu, 2006), ou seja, as empresas de maior

dimensão conseguem ter exceso de recursos que podem ser alocadas às atividades de

internacionalização (Hsu, 2006).

Existe uma associação entre dimensão da empresa, Performance (Sambharya, 1995) e

internacionalização (Tallman e Li, 1996).

É uma variável comum que afeta os recursos que a empresa controla (Chang e Wang,

2007; Johnson, Yin e Tsai, 2009) e relaciona-se com a performance (Hsu e Boggs,

2003) ao explicar parte da sua variância (DeCarolis e Deeds, 1999).

É um indicador das economias de escala e gama, logo controla o impacto das

vantagens de posse na performance (Thomas e Eden, 2004).

QUADRO 4: Lista de variáveis

Variáveis Explicação dos factores

Performance

financeira

1. ROA = resultado operacional / ativo,

Onde

Resultado operacional = resultado líquido - gastos de financiamento –

impostos

2. ROV = resultado operacional / total das vendas

Performance

operacional

1. Eficiência nos gastos com o pessoal (EGP) = gastos com o pessoal /

total das vendas

2. Eficiência nos gastos das mercadorias vendidas e matérias

consumidas (EGMVMC) = gastos das mercadorias vendidas e matérias

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consumidas / total das vendas

3. Eficiência no total de gastos (ET) = eficiência nos gastos com o

pessoal + eficiência nos gastos das mercadorias vendidas e matérias

consumidas

Nível de

Internacionalização

A= Ativos detidos no exterior/Total ativos

V = Vendas no exterior/Total das vendas

E = Emprego no exterior/Total do emprego

INT= TNI = (A+V+E) / 3

Intensidade da I&D Despesas anuais em I&D / total das vendas

Dimensão Logaritmo natural do ativo= log (ativo)

Fonte: Elaboração Própria

3.2 Análise Qualitativa: Estudo de caso

3.2.1 Objetivo da análise

A análise qualitativa será conduzida por um estudo de caso.

Quando pretendemos conhecer um fenómeno atual no seu contexto devemos utilizar como

método o estudo de caso e onde as principais questões de investigação que normalmente

estão associadas a este tipo de estudo são do tipo “Como?” e “Porquê?” (Yin, 2009).

O estudo pretende conhecer um fenómeno atual, a internacionalização, assim como todo o seu

procedimento e as questões de investigação apresentadas neste estudo enquadram-se

perfeitamente no tipo referido anteriormente. Assim, parece adequada a utilização do método

do estudo de caso para a realização deste estudo.

No estudo de caso pretende-se compreender as razões que levaram a empresa a tomar essa

opção, se por estratégia ou por excesso de recursos, como já foi abordado na revisão

bibliográfica. Portante pretende-se responder às questões enunciados por Quivy e

Campenhoudt (1998), neste caso, “Porque internacionalizar?”, “Como internacionalizar?”, “Que

produtos?”, “Onde?”.

3.2.2 Descrição dos dados recolhidos

Relativamente ao método de recolha de informação, no caso de estudo serão utilizados:

a. Entrevista e Questionários

A recolha de evidência, conforme Mason (2002), resultou da aplicação de uma estratégia de

investigação que privilegiou a realização de entrevistas semiestruturadas, recolha de

documentos, observação e mesmo a utilização de áudio e vídeo (Mason, 2002).

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39

A entrevista foi efetuada a um dos responsáveis pelas decisões da estratégia a nível de

internacionalização e expatriação, nomeadamente a Dr.ª Maria Ana Guedes.

A entrevista foi elaborada com questões de resposta aberta e gravada para posteriori análise.

“…, estes processos permitem ao investigador retirar das entrevistas informações e elementos

de reflexão muito ricos e matizados.” (Quivy & Campenhoudt, 1998)

b. Análise de dados/informações recolhidas

Depois de recolhidas e tratadas todas as informações, esta investigação procura saber se a

relação entre internacionalização e performance da empresa corrobora as conclusões

analisadas a nível macro.

Assim nesta fase, o estudo fez a análise da forma de entrada no exterior pela qual a empresa

optou e os factores que contribuíram para o sucesso ou insucesso da estratégia delineada pela

empresa e em que medida este processo afeta a rendibilidade da empresa.

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40

Capitulo III – Análise e Interpretação de resultados

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1 Análise interpretação de resultados

1.1 Análise do estudo quantitativo

Relativamente ao número de observações, foram consideradas 15 observações, relativamente

aos anos 1999 a 2013.

O quadro 5 expõe a média e desvio padrão dos indicadores.

Quadro 5: Média e desvio padrão

Indicadores DIM ECMVM EGCP ET ID INT ROA ROV

Desvio

Padrão 0.580339 0.195010 0.154791 0.143906 0.004320 0.793303 0.171859 0.030523

Média 7.231900 0.475276 0.096387 0.571662 0.003956 1.046611 0.137470 0.128357

Fonte: Elaboração Própria

A dimensão média no período considerado foi cerca de 7 milhões e duzentos mil Euros, não

registando grandes oscilações.

Os ECMVM apresentam uma média de cerca de 475 mil euros, não apresentando também

grandes oscilações.

A média do período para o indicador EGCP foi de cerca de 96 mil euros.

A ET média do período considerado foi de cerca de 571 mil e seiscentos euros.

O ID médio do período considerado foi de cerca de 3 mil euros, não apresentando grande

variação.

O índice de INT apresentou uma média, no período considerado, de 1 milhão de euros.

O ROA e o ROV, apresentaram uma média de cerca de 137 mil e 128 mil euros,

respetivamente.

Relativamente à ROA, o facto do desvio padrão ser superior à média do período, sugere

grande variação da rendibilidade dos ativos.

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O quadro 6 mostra a evolução dos indicadores ao longo do período considerado.

Quadro 6: Evolução do índice de Internacionalização no período considerado

Tempo 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999

INT 0,590 0,602 0,567 1,915 0,565 0,562 0,625 0,647 2,151 0,615 2,684 0,434 0,560 0,397 0,303

ROA 0.048 0.050 0.054 0.050 0.048 0.053 0.049 0.049 0.475 0.144 0.485 0.035 0.041 0.045 0.066

Fonte: Elaboração Própria com recurso a Base de Dados SABI e Relatórios Financeiros da

EDP

O índice de internacionalização verificou três picos acentuados, no período considerado,

nomeadamente em 2003, o segundo em 2005 e o último em 2010.

Este indicador manteve-se estável ao longo do período, entre os 0,50 e os 0,60, excetuando os

três picos acima referidos.

A ROA verificou dois picos acentuados em 2003 e 2005. Estes dois picos coincidem com os

picos do índice de internacionalização.

Exceptuando estes dois picos, o indicador manteve-se estável ao longo do período

considerado, entre os 0.05 e os 0.06.

O tratamento estatístico deste estudo assenta no modelo de regressão linear múltipla.

O modelo de regressão linear pressupõe, segundo os autores Pestana e Gagaeiro (2205),

autonomia linear das variáveis independentes, logo não se verifica a multicolinearidade.

Segundo estes mesmos autores, um coeficiente inferior a 0,2 indica uma associação linear

muito baixa, entre 0,2 e 0,39 baixa, entre 0,4 e 0,69 moderada, entre 0,7 e 0,89 alta e entre 0,9

e 1 muito alta, lógica que se aplica às correlações negativas.

O quadro 7 apresenta correlações para os indicadores deste estudo.

Quadro 7: Correlações entre as variáveis

DIM ECMVM EGCP ET ID INT ROA

ROV

DIM 1

ECMVM

0.616134 1

EGCP

-0.592191 -0.561659 1

ET 0.290782 0.776303 0.085523 1

ID -0.070165 -0.617710 0.087752 -0.677003 1

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INT -0.439503 -0.112504 0.609162 0.328631 -0.130988 1

ROA -0.729476 -0.265027 0.656678 0.181161 -0.063216 0.842485 1

ROV -0.026446 -0.023183 0.067562 0.023557 0.063454 -0.167245 -0.169886 1

Fonte: Elaboração Própria

O quadro 7 evidencia vários tipos de correlação:

i. Correlações positivas altas [0,70 a 0,89]

A correlação positiva alta existe entre a eficiência nos gastos das mercadorias vendidas e

matérias consumidas e a eficiência total cerca de 0.77) e entre a ROA e a INT cerca de 0.8.

ii. Correlação positiva muito baixa [0 a 0,19]

Esta correlação está patente entre ET e a EGCP rondando os 0.08, entre a INT e a EGCP de

cerca de 0,087, entre a ROV e a EGCP cerca de 0.06, entre a ROV e a ET de cerca de 0.02, a

ROA e ET com aproximadamente 0.18 e finalmente a ROV e ID com cerca de 0.06.

iii. Correlação Positiva baixa [0,20 a 0,39]

A correlação positiva baixa está presente na relação entre ET e a DIM e entre a ID e ET, com

cerca de 0.29 e 0.32 respetivamente.

iv. Correlação Positiva moderada [0,49 a 0,69]

Esta correlação é evidente nas relações entre a EGMVMC e a DIM com cerca de 0.61, entre a

ID e a EGCP com cerca de 0.60 e entre a ROA e EGCP com cerca de 0.65.

Quanto às associações lineares negativas, temos:

v. Correlações negativas muito baixas [0 a -0,19]

As correlações negativas muito baixas são encontradas nas relações entre INT e DIM com

aproximadamente -0,07, entre a ROV e DIM, com -0,02; entre ID e ECMVM com cerca de -

0,11, entre a ROV e ECMCMV com -0,02, a INT e ID apresentam -0,13, entre a ROA e ID com

-0,06, a ROV e INT apresentam -0,16 e entre a ROV e ROA com cerca de -0,17.

vi. Correlações negativas baixas [-0,20 a -0,39]

As correlações negativas baixas encontram-se presentes entre a ROA e ECMMV com -0,26.

vii. Correlações negativas moderadas [-0,40 a -0,69]

Estas correlações estão presentes entre as relações ID e DIM, EGCP e ECMCMV, INT e

ECMVM e entre a ID e ET com cerca de -0,43, -0,56, 0,61 e -0,67 respetivamente.

viii. Correlações negativas altas [-0,70 a -0,89]

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Não existem correlações negativas altas na amostra considerada.

De acordo com Hsu e Boggs (2003), a identificação das correlações entre indicadores das

performances não é problema se utilizarmos modelos em separado.

As correlações assinaladas são entre indicadores de performance financeira (ROV e a ROA) e

operacional (eficiência nos gastos com o pessoal, eficiência nos gastos das mercadorias

vendidas e matérias consumidas e eficiência no total de gastos).

Este estudo usou apenas o indicador compósito da internacionalização por ser assente num

modelo de regressão linear múltipla. Os motivos que levaram a esta tomada de decisão foram:

(i) os problemas de multicolinearidade entre os três indicadores e (ii) as insuficiências dos

indicadores individuais na demonstração da multidimensionalidade da internacionalização

(Glaum e Oesterle, 2007).

Para testar a autocorrelação entre os resíduos, é utilizado o teste Durbin-Watson em todas as

estimativas expostas.

Sempre que o valor pertence à região de aceitação [1,36; 2,64], a autocorrelação entre os

resíduos é nula (Pestana e Gageiro, 2005).

Os resultados da regressão linear múltipla para a ROA estão no quadro 8.

QUADRO 8: Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a ROA

Variáveis Coeficientes Prob.**

INT 0.133522 0.0003

ID -0.044216 0.9290

DIM -0.127074 0.0038

C 0.908071 0.0053

R-squared 0.869794

Sum squared resid 0.041637

Durbin-Watson stat 2.423398

Prob (F-statistic) 0.000036

** para níveis de significância de 5% e 10% Fonte: Elaboração própria, com recurso ao Eviews

Segundo Tallman e Li (1996) o modelo linear é útil para testar a linearidade positiva na relação

Int-Perf evidenciada por vários investigadores.

A hipótese 1a equaciona esta relação positiva entre o indicador da internacionalização e a

performance financeira. Esta hipótese é apenas válida se o sinal do coeficiente do indicador da

internacionalização for positivo e significativo ao nível estatístico.

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O R2 ajustado deve também ser considerável para justificar a qualidade global do modelo e a

percentagem que explica da variabilidade da ROA.

Os valores do teste Durbin-Watson evidenciam a autocorrelação nula entre os resíduos pois

situam-se na região de aceitação [1,36; 2,64] no modelo linear (2.42).

O modelo linear testa individualmente o indicador da internacionalização. O sinal do coeficiente

do indicador da internacionalização é positivo, portanto relaciona-se positivamente com a ROA.

O indicador da internacionalização é também estatisticamente significativo a um nível de

significância de 5% no modelo linear (0,00003 < 0,05).

A qualidade do ajustamento é alta, pois cerca de 87% (R2) da variabilidade da ROA é explicada

pelo indicador da internacionalização.

Segundo o modelo linear existe evidência para uma relação Int-Perf positiva em termos da

ROA.

O coeficiente do indicador da internacionalização é 0,13 e é estatisticamente significativos

(nível de significância de 5%).

Portanto, o indicador da internacionalização relaciona-se positivamente com a ROA.

Concluindo, os resultados do modelo linear validam a hipótese 1a, quando a performance

financeira é medida pela ROA.

QUADRO 9: Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a ROV

Variáveis Coeficientes Prob.**

INT -0.015223 0.5307

ID 0.039731 0.9308

DIM -0.011564 0.7255

C 0.234678 0.3527

R-squared 0.041040

Sum squared resid 0.035410

Durbin-Watson stat 1.318160

Prob (F-statistic) 0.923026

Fonte: Elaboração própria, com recurso ao Eviews ** para níveis de significância de 5%, 10%

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Os valores do teste Durbin-Watson evidenciam a autocorrelação entre os resíduos pois não se

situam na região de aceitação [1,36; 2,64] no modelo linear (1.31).

O modelo linear testa individualmente o indicador da internacionalização. O sinal do coeficiente

do indicador da internacionalização é negativo, portanto relaciona-se negativamente com a

ROV.

O indicador da internacionalização não é estatisticamente significativo a um nível de

significância de 5% no modelo linear (0,53> 0,05).

A qualidade do ajustamento é baixa, pois, apenas, cerca de 4% (R2) da variabilidade da ROV é

explicada pelo indicador da internacionalização.

Segundo o modelo linear existe evidência para uma relação Int-Perf negativa em termos da

ROV.

O coeficiente do indicador da internacionalização é - 0,01 e não é estatisticamente

significativos (nível de significância de 5%).

Portanto, o indicador da internacionalização relaciona-se negativamente com a ROV.

Concluindo, os resultados do modelo linear não validam a hipótese 1a, quando a performance

financeira é medida pela ROV.

QUADRO 10. Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a EGCP

Variáveis Coeficientes Prob.**

DIM -0.094833 0.1330

ID 0.459699 0.5839

INT 0.082313 0.0808

C 0.703042 0.1386

R-squared 0.515579

Sum squared resid 0.117389

Durbin-Watson stat 1.868360

Prob (F-statistic) 0.040193

** para níveis de significância de 5%, 10%, 15% Fonte: Elaboração própria, com recurso ao Eviews

A hipótese 1b equaciona a relação positiva entre o indicador da internacionalização e a

performance operacional.

Os valores do teste Durbin-Watson evidenciam a autocorrelação nula entre os resíduos pois

situam-se na região de aceitação [1,36; 2,64] no modelo linear (1.86).

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O modelo linear testa individualmente o indicador da internacionalização. O sinal do coeficiente

do indicador da internacionalização é positivo, portanto relaciona-se positivamente com a

EGCP.

O indicador da internacionalização é também estatisticamente significativo a um nível de

significância de 10% no modelo linear (0,08 < 0,10).

A qualidade do ajustamento é boa, pois cerca de 52% (R2) da variabilidade da EGCP é

explicada pelo indicador da internacionalização.

Segundo o modelo linear existe evidência para uma relação Int-Perf positiva em termos da

EGCP.

O coeficiente do indicador da internacionalização é 0,08 e é estatisticamente significativos

(nível de significância de 10%).

Portanto, o indicador da internacionalização relaciona-se positivamente com a EGCP.

Concluindo, os resultados do modelo linear validam a hipótese 1b, quando a performance

financeira é medida pela EGCP.

QUADRO 11. Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a EGMVMC

Variáveis Coeficientes Prob.**

DIM 0.239922 0.0060

ID -3.394314 0.0055

INT 0.023678 0.6562

C -1.254132 0.0381

R-squared 0.716671

Sum squared resid 0.171526

Durbin-Watson stat 2.318450

Prob (F-statistic) 0.002391

** para níveis de significância de 5%, 10% e 15% Fonte: Elaboração própria, com recurso ao Eviews

Os valores do teste Durbin-Watson evidenciam a autocorrelação nula entre os resíduos pois

situam-se na região de aceitação [1,36; 2,64] no modelo linear (2.31).

O modelo linear testa individualmente o indicador da internacionalização. O sinal do coeficiente

do indicador da internacionalização é positivo, portanto relaciona-se positivamente com a

EGMVMC.

O indicador da internacionalização não é estatisticamente significativo a um nível de

significância de 5%,10% ou 15% no modelo linear (0,065 > 0,05).

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48

A qualidade do ajustamento é alta, pois cerca de 72% (R2) da variabilidade da EGMVMC é

explicada pelo indicador da internacionalização.

Segundo o modelo linear existe evidência para uma relação Int-Perf poitiva em termos da

EGMVMC.

O coeficiente do indicador da internacionalização é 0.02 mas não é estatisticamente

significativo (nível de significância de 5%).

Portanto, o indicador da internacionalização relaciona-se positivamente com a EGMVMC.

Concluindo, os resultados do modelo linear validam a hipótese 1b, quando a performance

financeira é medida pela EGMVMC.

QUADRO 12 Estimação pelo MMQ da regressão linear múltipla para a ET

Variáveis Coeficientes Prob.**

DIM 0.145089 0.0415

ID -2.934615 0.0065

INT 0.105991 0.0420

C -0.551090 0.2693

R-squared 0.674444

Sum squared resid 0.135910

Durbin-Watson stat 2.042365

Prob (F-statistic) 0.005010

** para níveis de significância de 5%,10% e 15% Fonte: Elaboração própria, com recurso ao Eviews

Os valores do teste Durbin-Watson evidenciam a autocorrelação nula entre os resíduos pois

situam-se na região de aceitação [1,36; 2,64] no modelo linear (2.04).

O modelo linear testa individualmente o indicador da internacionalização. O sinal do coeficiente

do indicador da internacionalização é positivo, portanto relaciona-se positivamente com a ET.

O indicador da internacionalização é estatisticamente significativo a um nível de significância

de 5% no modelo linear (0,04 > 0,05).

A qualidade do ajustamento é alta, pois cerca de 67% (R2) da variabilidade da ET é explicada

pelo indicador da internacionalização.

Segundo o modelo linear existe evidência para uma relação Int-Perf positiva em termos da ET.

O coeficiente do indicador da internacionalização é -0,10 e é estatisticamente significativos

(nível de significância de 5%).

Portanto, o indicador da internacionalização relaciona-se positivamente com a ET.

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Concluindo, os resultados do modelo linear validam a hipótese 1b, quando a performance

financeira é medida pela ET.

QUADRO 13 : Resumo dos resultados obtidos

Variável Dependente Nível de Internacionalização

Hipótese 1a Rentabilidade financeira Validada para financeira

Não validada para

operacional

Hipótese 1b Rentabilidade Operacional validada

1.2 Análise do estudo de caso

1.2.1 Descrição da empresa

O começo da distribuição de eletricidade, em Portugal, remonta a 1891 com a fusão da

Companhia Lisbonense de Iluminação a Gás e da Companhia Gás de Lisboa. Nasce a CRGE,

Companhias Reunidas Gás e Eletricidade, a quem a Câmara Municipal de Lisboa concedeu o

direito de "produzir, distribuir e vender gás e eletricidade destinada à iluminação pública e

particular e a outros usos domésticos e industriais na área municipal da cidade de Lisboa.

Nos finais dos anos 50, a Companhia Nacional de Eletricidade (CNE) foi designada como

responsável pela construção e exploração da rede de transporte. Paralelamente, a Empresa

Termoelétrica Portuguesa foi criada, tendo assumido a responsabilidade pela construção e

exploração das principais centrais termoelétricas.

No final da década de 1960 as empresas concessionárias da Produção e Transporte da rede

elétrica primária fundem-se numa única empresa, a Companhia Portuguesa de Eletricidade

(CPE).

A EDP – Eletricidade de Portugal nasce em 1976 da fusão de 13 empresas de produção,

transporte e distribuição de Portugal Continental que haviam sido nacionalizadas em 1975.

Tinha como objetivos primeiros a integração da distribuição dos municípios e a melhoria da

qualidade da rede, assim como, continuar o processo de eletrificação em território nacional e

definir uma tarifa uniforme para todo o país.

A EDP era uma empresa verticalizada, onde era a responsável pelo transporte, distribuição e

95% da produção de energia elétrica em Portugal.

Na sequência do plano de reestruturação de 1991, em 1994 foi aprovado o plano de cisão da

EDP. Foram, assim, constituídas subsidiárias, participadas a 100% pela EDP.

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50

As atividades nas quais as subsidiarias se centravam eram: Transporte (REN), que mais tarde

viria a ser privatizada e distribuição.

O Grupo EDP como o conhecemos hoje, resultou da cisão dessas duas áreas, sendo hoje um

Operador Ibérico de Soluções Energéticas que desenvolve as suas atividades nas áreas de

Produção, Comercialização e Distribuição de Eletricidade e Comercialização e Distribuição de

Gás

1.3 Caracterização atual da empresa

A EDP é uma empresa líder no setor da energia. È o único grupo empresarial do setor da

energia da Península Ibérica com atividades de produção, distribuição e comercialização em

Portugal e em Espanha. Em Espanha detém o controlo do quarto maior operador elétrico

espanhol, a HC Energia. Além do setor elétrico, a EDP também tem uma presença relevante

no sector do gás da Península Ibérica, através da Naturgas em Espanha.

Em termos internacionais, para além da Península Ibérica, o Grupo EDP tem uma forte

presença no setor da eletricidade no Brasil, onde replica as atividades de produção,

distribuição e comercialização de eletricidade através da Energias do Brasil. Está presente nos

EUA, possibilitado pela aquisição da Horizon. Ainda na área das Renováveis para além dos

EUA e Espanha, está ainda presente em França, Brasil, Polónia, Bélgica e Roménia. Assim,

em relação à organização, a atividade da EDP compreende, Produção, Distribuição e

Comercialização centrando-se nas principais empresas: EDP – Gestão da Produção de

Energia, S.A, EDP Distribuição – Energia, S.A., EDP Comercial – Comercialização de Energia,

S.A., EDP Gás, SGPS, S.A., EDP Energias do Brasil, S. A., Hidroelctrica del Cantábrico, S.A.

Naturgás Energia Grupo, S. A., Nuevas Energias de Occidente, S. L., Horizon Wind Energy

LLC.

Hoje, a EDP ocupa o 280º lugar no ranking das marcas mais valiosas do mundo. De acordo

com o estudo da consultora "Brand Finance" divulgado, em março de 2011, a empresa vale

cerca de 2.775 milhões de euros.

Tem como visão serem “ uma empresa global de energia, líder em criação de valo, inovação,

sustentabilidade, é partilhada pelo universo de colaboradores EDP, espalhados por diferentes

continentes e países, uma “ diversidade que os enriquece e os une no respeito pelas diferentes

culturas de mercados onde estão presentes. Além do sector elétrico, produção, distribuição e

comercialização, têm também, uma presença relevante no sector do gás da Península Ibérica.

Integram os índices de Sustentabilidade Dow Jones de Sustentabilidade (World e STOXX), os

mais exigentes do mundo, que distinguem as companhias com melhor desempenho nas

questões ligadas à transparência, sustentabilidade e excelência na gestão económica

ambiental e social. Em 2013 reforçaram a posição de liderança no Dow Jones Sustentability

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51

Index. A EDP é a empresa nº 1 mundial no sector utilities. Foram distinguidos pela Ethisphere

como uma das empresas mais éticas do mundo.

Plano estratégico 2014-2017

Para o período de 2014-2017 o grupo EDP tem como objetivos continuar a crescer e

sustentado em energias limpas. A manutenção da desalavancagem financeira, que tem vindo a

acontecer nos últimos anos, é outro objetivo estratégico.

Foco na rentabilidade e o retorno dos acionista são outros itens estratégicos da empresa.

2 O processo de internacionalização

Neste ponto, o estudo irá responder às perguntas fulcrais do estudo de caso: Onde? Porque?

Como? Este ponto baseia-se na entrevista feita à Dr.ª Ana Maria Guedes, especialista no

Departamento de Recursos Humanos (área da gestão dos expatriados).

Segundo a Dr.ª Maria Ana Guedes, especialista da área de expatriados da EDP, os primeiros

países a serem alvo de internacionalização foram o Brasil e Espanha e EUA mais tarde, que

segundo a Dr.ª foram as geografias mais oportunas na altura. Aproximação cultural,

relativamente ao Brasil e Espanha, foi um dos factores apontados.

O grande motivo que levou a EDP a internacionalizar-se foi a necessidade de expansão de

negócio por falta de oportunidades de crescimento em Portugal.

As principais dificuldades sentidas no processo de internacionalização foram assumir o controlo

das empresas participadas pelo Grupo EDP e levar a cultura EDP para essas empresas.

Quadro 14: EDP no mundo e nº de colaboradores, dados do 1º trimestre de 2013

País Nº Colaboradores

EUA/Canada

292 colaboradores

Brasil 2889 colaboradores

Reino Unido

30 colaboradores

França/Bélgica

34 colaboradores

Espanha

1934 colaboradores

Itália c/ 19 colaboradores

19 colaboradores

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Polónia/ Roménia

71 colaboradores

China

1 colaborador

Angola s/dados

S/ Dados

Só escritório de representação.

Fonte: Elaboração própria com recurso a dados do site

Do quadro acima verificamos que o Brasil é o país onde a EDP tem maior nº de colaboradores,

seguido por Espanha, os dois países pioneiros da internacionalização.

A atividade de produção repartida entre Espanha e Portugal, tem-se mantido estável

relativamente à alocação de recursos, no entanto deve-se ressalvar que o interesse no

crescimento de mercado espanhol tem sido motivos para reforço. O setor que mais tem

crescido ao longo dos últimos anos tem sido o das energias renováveis, devendo-se em grande

parte à aquisição da Horizon Wind Energy nos EUA em 2007.

O setor da distribuição e comercialização, em Espanha e Portugal, são setores estáveis. A

alocação de recursos não é significativamente variável.

No geral e sobretudo no Brasil, a redução de recursos é consequência da pretensão por partde

da empresa em adequar os recursos humanos a uma nova estrutura, mais leve e eficiente, não

querendo dizer com isso que se esteja a desinvestir, pelo contrario, neste país é onde a

atividade está mais desenvolvida a seguir a Portugal onde se replicou a cadeia de valor.

Aquando de uma entrevista ao Diário de Notícias (DN), o presidente da EDP, António Mexia,

classificou os resultados operacionais de 2011, como os mais elevados de sempre e atribui

esse resultado ao "fruto do processo de internacionalização", sobretudo nos mercados do

Brasil, Polónia, Roménia e Estados Unidos. Ou seja, os maiores contributos para o EBITDA

vieram das subsidiárias EDP Brasil e EDP Renováveis, com crescimentos de 20 e 19 por

cento, respetivamente.

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Cultura e liderança

A estrutura de gestão da EDP assenta sobre um Conselho de Administração Executivo e

atualmente conta com António Nuno Mexia para a sua presidência.

O Conselho Geral e de Supervisão é presidido por Eduardo Catroga. Tem como

responsabilidades o acompanhamento da atividade da administração não se limitando à EDP,

mas sim alargado a todas as principais empresas dominadas.

Relativamente à liderança, é de referir a participação transversal no setor que vários gestores

têm sido alvo. Como exemplo temos António Mexia que em 1998 foi nomeado Presidente do

Conselho de Administração da Gás de Portugal e da Transgás. Em 2000 integrou a GALP

Energia como Vice-Presidente do Conselho de Administração e entre 2001 e 2004 assumiu

funções de Presidente Executivo da GALP Energia e Presidente dos Conselhos de

Administração da Petrogal, Gás de Portugal, Transgás e Transgás-Atlântico.

A participação nos projetos de Internacionalização da GALP e o seu variado percurso

profissional têm contribuído para a política de crescimento na EDP que assistimos hoje.

Apesar de possuir um legado estatal, a passagem para a privatização foi acompanhada com

uma revolução da cultura da empresa em prol da eficiência. Hoje encontramos uma empresa

na vanguarda tecnológica, com uma imagem nova e moderna que surgiu com a renovação do

seu logótipo, com uma publicidade jovem e empenhada em atrair novos talentos e a

transmissão da ideia de grande responsabilidade social.

Estratégia

A EDP assume um plano estratégico assente em 3 pilares:

a) Risco controlado,

b) Eficiência Superior

c) Crescimento orientado.

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É uma empresa que gere os seus desafios de modo a sustentar o baixo perfil de risco.

Outra estratégia é o de crescimento sustentável baseado em energias limpas.

Eficiência Superior no sentido de lançar novos e ambiciosos projetos assentes na eficiência de

custos, impondo forte disciplina no investimento competitivo interno pelos recursos e

desinvestir em ativos não estratégicos, nomeadamente no setor das telecomunicações, e

aumentar o foco no "Core Business".

No que diz respeito ao crescimento orientado referem se aos parques eólicos de elevada

qualidade na Península Ibérica e lançar a expansão Internacional. Crescer em geração no

Brasil mantendo uma exposição limitada. Construir novas centrais na Península

Ibérica e desenvolver uma estratégia integrada de gás, assegurando o fornecimento de gás de

forma competitiva.

Estratégias Internacionais

Em 1996 começa o processo de internacionalização da EDP, nomeadamente para o Brasil e

Espanha.

A Internacionalização da EDP começa em 1996 para o Brasil e Espanha. Ao longo de toda a

década de 90 o negócio elétrico registou profundas alterações: crescente liberalização e a

criação dos “Mercados Interno e Ibérico de Eletricidade”.

A ameaça mais imediata à posição detida pela EDP no seu mercado de referência foram as

empresas espanholas associadas a mercados e a níveis de eficiência mais elevados, sendo

que as vantagens em causa, particularmente visíveis no domínio da produtividade física dos

efetivos, acabaram também por se traduzir no plano económico-financeiro.

Assim a EDP foi “obrigada” a Internacionalizar-se como resposta a concorrência do país

vizinho. A expansão da EDP para Espanha ocorreu do cruzamento de participações,

consideradas estratégicas, com a Iberdrola e ainda a entrada no capital da Hidrocantábrico

(HC).

Relativamente ao processo de internacionalização na Europa, no caso das Renováveis, a EDP

procurou diversificar e olhar para a futura implementação de um mercado elétrico europeu. Ou

seja, a EDP tem uma estratégia de tomar ativos em vários países, usufruindo de quota em

cada um deles de capacidade instalada e de tarifários benéficos, tendo como vantagem a

antecipação e o facto de ser detentora de tecnologia.

Em 2007 internacionalizou-se para os EUA, onde adquiriu a Horizon Wind Energy.

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Vários são os motivos que levaram ao investimento nos EUA: aproveitamento da componente

tecnológica, aspetos normativos, legislativos e alteração da política ambiental e energética.

Nos EUA, a ajuda dos parceiros foi de importância fundamental ao assumir o factor risco.

Temos como exemplo a construção da fábrica de Transformadores de Potência da EFACEC na

Geórgia, ambas as empresas têm também uma presença forte no Brasil, replicando os

negócios neste país.

Outro exemplo marcante, nomeadamente para o mercado eólico, foi a entrada da Martifer em

2009 através da construção duma fábrica de torres eólicas no Texas, realça-se assim a

importância das redes de parceiros na área de Internacionalização.

A rede de parcerias é fulcral para o processo de internacionalização da EDP.

Relativamente ao controlo e coordenação, sob a competência da EDP Renováveis:

a) Empresa NEO administra os negócios eólicos na Europa (França, Polónia, Bélgica,

Espanha e Roménia),

b) A Horizon Wind Parks é responsável pelo mercado americano,

c) Presença no Brasil diretamente pela Renováveis e Energias do Brasil devido à

dimensão da réplica do negócio.

O core ibérico é centrado na HC Energia (Espanha) e EDP (Portugal).

Papel das subsidiárias

Em Espanha, com a HC Energia, a EDP mantém uma quota significativa do mercado

espanhol. Teve uma importância estratégica a colocação da filial e a exploração através de

Oviedo. Assim, e segundo Bartlett e Ghoshal (1989), enquadra-se como líder estratégico

na subsidiária espanhola.

Relativamente à área das renováveis, Espanha, Polónia, França e Bélgica constituem

ativos destinados a diversificar o investimento e assim reduzir o risco. Enquadram-se na

tipologia de implementers, pois têm o objetivo de implementar a estratégia do grupo

(Bartlett e Ghoshal 1989).

No Brasil tem uma subsidiária com recursos próprios e onde se tentou replicar o negócio

com as atividades Produção, distribuição e comercialização. Segundo os mesmos autores,

neste país assume a tipologia de contributor, pois a entrada das Renováveis através da

aquisição da CENAEEL trouxe uma nova importância ao contributo e autonomia neste

país.

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Nos EUA assume se como implementer. A aquisição e contribuição para o grupo da Horizon

nos EUA é relativamente jovem, neste momento tem um nível de competências relativo uma

vez que já existia e tinha experiência no ramo, mas diferente da EDP. No entanto e

dependendo da autonomia que esta subsidiária ganhar, assim como da importância que as

políticas ambientais e energéticas forem tendo nos EUA e dada a sua localização e dimensão é

bem provável que esta se torne um contributor e quem sabe pela importância estratégica do

local passar a strategic leader (Bartlett e Ghoshal 1989) para a organização.

Desenvolvimento e difusão da aprendizagem

Na EDP, a área de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I&D+i) está alinhada com os

seus pilares estratégicos: Crescimento Orientado, desenvolvendo projetos que contribuam para

os planos de crescimento sustentado da EDP; Eficiência Superior, procurando soluções que

permitam aumentar a eficiência dos processos produtivos; Risco Controlado, desenvolvendo

projetos que permitam mitigar a exposição da EDP a riscos, nomeadamente de regulação,

ambientais e de negócio.

A inovação contínua é uma das principais características do Grupo EDP. Este posicionamento

permite à Empresa antecipar tendências e necessidades dos clientes e agir rapidamente.

Em 2013, o Grupo EDP reorganizou a sua área de inovação, tendo criado quatro grupos que

corporizam as temáticas de inovação mais relevantes para a Companhia e que promovem uma

maior proximidade entre as áreas de inovação e as unidades de negócio, a saber:

a) Geração Limpa e Flexível

b) Redes Inteligentes

c) Soluções centradas no Cliente

d) TIC inovadoras e gestão de dados

O gasto em ID+i do Grupo EDP, em 2013, rondou os €31 milhões. Esta verba corresponde a

uma estimativa de 24 milhões de euros em Portugal, que pressupõe a evolução dos projetos

em curso no ano anterior, tendo sido calculada com base na variação prevista em sede das

respostas ao Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional nas várias empresas do

Grupo. Cumpre referir que o apuramento do valor final para 2013, de acordo com a

metodologia que vem sendo seguida desde 2006, apenas será concluído alguns meses após o

fecho de contas da empresa. A verba referida inclui ainda os gastos de ID+i realizados no

Brasil e em Espanha, no montante de cerca de €7 milhões.

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3 Processo de Expatriação

Esta secção vai ser elaborada com os dados obtidos na entrevista à especialista de

expatriação do Grupo EDP, Dr.ª Ana Maria Guedes.

o Mobilidade Geográfica dos expatriados

Segundo a especialista da EDP a empresa no processo de internacionalização optou peloa

expatriação “Para assegurar funções de gestão ou de mandato, garantindo controlo e

influência nos processos de decisão; para preencher postos de trabalho para os quais não

existia a competência técnica no país de destino; para ocorrer a situações em que a empresa

necessitava temporariamente de um trabalhador em simultâneo em 2 países e para

desenvolver planos de carreira para alguns segmentos de colaboradores de potencial crítico.”

Em 31/05/2014, existem 39 expatriados de longa duração, 4 short term assignments

(intercâmbios com duração até 6 meses) e 4 comuters (colaboradores que exercem funções

em 2 geografias).

As funções/áreas em que mais expatriados são enviados são: Funções de Direção e Chefia e

Administradores ou equiparados, nas áreas financeira, planeamento e controlo de gestão e de

engenharia. Os expatriados permanecem em média de 3 a 4 anos com um limite máximo de 6

anos por questões relacionadas com a segurança social do nosso País.

o Gestão estratégica da empresa e a expatriação

Os factores que levam a EDP a escolher a expatriação em detrimento de contratação de locais,

por exemplo são: “Para assegurar funções de gestão ou de mandato, garantindo controlo e

influência nos processos de decisão e para preencher postos de trabalho para os quais não

existia a competência técnica no país de destino”.

Segundo a especialista, a nível de rendibilidade da empresa, “numa primeira fase de expansão

para uma nova geografia, a expatriação é necessariamente mais rentável porque é preciso

dotar essa geografia com o know-how do Grupo EDP.”

A nível de medição de rendibilidade não tem nenhum indicador nem fazem nenhuma medição

que analise essa relação.

o Gestão de expatriados no âmbito da estratégia da empresa

a. Processo de recrutamento e seleção dos candidatos

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Segundo a Drª Ana Maria, embora a tendência seja passar a existir campanhas internas para

algumas funções internacionais, geralmente os expatriados são previamente identificados pela

empresa e convidados a aceitar um desafio internacional.

A EDP tem mulheres expatriadas. A EDP não distingue as pessoas a expatriar em função do

género. Os expatriados (as) são escolhidos pelo seu mérito.

b. Preparação e acompanhamento do processo de expatriação

Não é dada nenhuma formação específica aos expatriados. Os expatriados terão na empresa

de destino acesso aos planos de desenvolvimento individual dessa empresa como qualquer

outro colaborador.

Relativamente à adaptação cultural local, a EDP possibilita a aprendizagem de línguas

estrangeiras aos expatriados. Normalmente a aceitação por parte dos quadros e colaboradores

locais em relação ao expatriado é boa, não havendo atritos.

Como é a aceitação por parte dos quadros e colaboradores locais em relação ao expatriado?

c. Equilíbrio da vida pessoal e profissional

A EDP dá apoio nas despesas de educação dos filhos no país de destino. É opção do

colaborador levar a família consigo ou ir sozinho, mas sempre que quiser pode ir acompanhado

pela família. Geralmente, para geografias mais distantes vai com a família e para geografias

mais próximas muitas vezes a família acaba por ficar no país de origem.

d. Gestão do desempenho

O desempenho do expatriado é avaliado como o desempenho de todos os colaboradores do

Grupo EDP, ou seja, através de uma avaliação anual de desempenho.

Os objetivos do expatriado são definidos pela empresa de destino da mesma forma que os

restantes colaboradores dessa empresa e do grupo EDP.

O expatriado não reporta a sua situação à empresa de origem, exceto nas situações de gestão

e mandato.

e. Gestão de recompensas/compensações

O pacote remuneratório do expatriado inclui os seguintes benefícios: subsídio de

destacamento; subsídio de custo de vida (sempre que o destino tenha um custo de vida

superior à origem) e subsídio de penosidade (atribuído ao colaborador quando vai para

geografias de risco ou isoladas).

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São ainda atribuídos os seguintes benefícios: habitação, apoio na instalação no país de destino

e no regresso (subsídios de instalação e de retorno), viagens, ajuda nas despesas de

educação dos filhos e seguros de saúde, vida e acidentes pessoais.

O pacote remunatório varia consoante a geografia. Os valores de subsídios a atribuir são

fornecidos por uma entidade independente que realiza estudos de mercado nesta matéria.

f. Regresso e reintegração do expatriado

A reintegração do expatriado processa – se com 90 dias de antecedência começa-se a

preparar o regresso do expatriado à empresa de origem, verificando-se nesta empresa ou

noutra empresa do Grupo as oportunidades que existem para o colaborador.

Apesar da teoria evidenciar, já evidenciado na revisão de literatura, que muitos expatriados ao

fim de 1 ou 2 anos saírem das respetivas empresas no caso EDP “Não se tem verificado a

saída de colaboradores do Grupo EDP após uma situação de expatriação”.

g. Tendências relativas à expatriação

Uma das tendências é a promoção de quadros locais.

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Capitulo IV – Conclusão

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1 Principais conclusões

1.1 Análise Quantitativa

Segundo Tallman e Li (1996) o modelo linear é útil para testar a linearidade positiva na relação

Int-Perf evidenciada por vários investigadores.

A hipótese 1a equaciona a relação positiva entre o indicador da internacionalização e a

performance financeira. Esta hipótese é apenas válida se o sinal do coeficiente do indicador da

internacionalização for positivo e significativo ao nível estatístico. A hipótese seguindo o ROA é

validada para a relação positiva entre o grau de internacionalização e a rentabilidade financeira

da empresa ao longo dos anos.

Logo, verifica-se o que se esperava, a relação positiva entre a internacionalização e a

performance financeira, medida pelo ROA. No entanto, não validada para a medição feita com

recurso ao ROV.

A hipótese 1b equaciona a relação positiva entre o indicador de internacionalização e a

performance operacional. Todas as hipóteses são validadas para a relação positiva entre o

grau de internacionalização e a rentabilidade operacional.

Os resultados obtidos sugerem que a EDP ganha com a sua estratégia de internacionalização.

Adicionalmente, a evidência recolhida mostra que apesar da melhoria da rendibilidade ao nível

das vendas não ser significativa, relativamente à internacionalização, a empresa aumenta a

rendibilidade dos seus ativos. Os resultados mostram ainda que com a internacionalização a

melhoria no desempenho operacional é inequívoca.

1.2 Análise Qualitativa (Estudo de caso)

Verificou-se uma tendência do Grupo em ter atividades e ativos dispersos internacionalmente.

Em Espanha e Brasil, as atividades foram replicadas e não cresceram de maneira não orgânica

(aquisições), sendo autonomamente presentes nesses países.

Esta dinâmica revela que a presença nos países seja ou auto-suficientes ou apenas

implementação da estratégia da casa-mãe.

A sede faz uma gestão de controlo informal das subsidiárias.

A importância estratégica do local de implementação da filial também varia, sendo que a

presença na Europa através da NEO tem diferente peso de uma Energias do Brasil.

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Há uma exploração de oportunidades locais, adapta-se à legislação local e usufrui dos

beneficiários locais. As subsidiárias têm papeis diferentes a nível de estratégica dependendo

do país em questão. Podem ser strategic leader, a contributor ou implementer. Este último tipo

tenderá a desaparecer à medida que os mercados forem ganhando importância apesar da

coordenação também aumentar.

O processo de expatriação é um processo complexo.

Este estudo demonstra a necessidade de clarificar a relação/complementaridade entre os

objetivos estratégicos das empresas e o uso de expatriados.

No caso do objetivo estratégico “capacidade de resposta local” o estudo verifica que o papel a

desempenhar pelos expatriados pelo grupo EDP é o de representação da sede mãe e levar

conhecimento não existente nas subsidiárias.

Relativamente ao objetivo estratégico “integração global”, a expatriação é vista como um

processo de aquisição/absorção de experiência internacional de modo a haver uma

compreensão global das decisões da empresa e o impacto causado no global e não apenas na

unidade.

Conclui-se que a seleção dos candidatos a expatriação é feita de uma maneira pouco

organizada, havendo preferência por um conjunto restrito de candidatos, os candidatos que são

de confiança dos gestores e que demonstrem disponibilidade para abraçar esse desafio.

Segundo Bonache et al (2001) a literatura não é clara quando se examina os métodos de

avaliação do desempenho dos expatriados.

1.3 Limitações

Pela análise deste estudo, é possível apontar algumas limitações.

Em primeiro lugar, a amostra é composta apenas por uma base temporal de 10 anos, devido à

escassez de dados para testar uma análise temporal mais alargado.

Outra limitação apontada para este estudo prende-se pelo facto da não possibilidade de

análise do setor a nível macro por falta de dados a nível externo das empresas portuguesas.

O próprio modelo econométrico linear apresenta limitações na sua análise.

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1.4 Possíveis desenvolvimentos futuros

Futuramente podem ser objeto de estudo algumas questões tais como: testar uma relação uma

relação curvilinear (S-horizontal) entre internacionalização e performance. Esta relação não é

linear (Thomas e Eden, 2004), pois segundo Li (2007) a combinação entre benefícios e custos

da internacionalização tem impacto na performance. A investigação futura deve superar

explicações lineares. Os investigadores podem testar outras variáveis moderadoras: a estrutura

organizacional, a composição das equipas de gestão de topo, o sistema de controlo (Ruigrok e

Wagner, 2003), a intensidade da I&D, o país de origem, a idade da empresa, a dimensão da

empresa, o setor industrial, os concorrentes e as flutuações nas taxas cambiais (Bausch e

Krist, 2007). Portanto, os investigadores devem analisar a contribuição das variáveis de ação

estratégica para o diferencial da performance imputável à internacionalização (Bausch e Krist,

2007). Em suma, a investigação futura deve incluir variáveis moderadoras (Li, 2007; Johnson,

Yin e Tsai, 2009).

A nível de expatriação poderá analisar a relação entre este processo e a rendibilidade.

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Referências Bibliográficas

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79

Anexos

Tabelas retiradas do Programa Eviews

1. Rentabilidade Financeira medida pela ROA

Dependent Variable: ROA

Method: Least Squares

Date: 06/28/14 Time: 11:15

Sample: 2003 2013

Included observations: 11 Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. INT 0.108273 0.032920 3.289011 0.0133

ID -5.598041 6.622198 -0.845345 0.4259

DIM -0.192980 0.054835 -3.519253 0.0097

C 1.441907 0.428416 3.365668 0.0120 R-squared 0.901554 Mean dependent var 0.137470

Adjusted R-squared 0.859363 S.D. dependent var 0.171859

S.E. of regression 0.064450 Akaike info criterion -2.370569

Sum squared resid 0.029077 Schwarz criterion -2.225880

Log likelihood 17.03813 Hannan-Quinn criter. -2.461776

F-statistic 21.36837 Durbin-Watson stat 2.867521

Prob(F-statistic) 0.000670

Estimation Command: ========================= LS ROA INT ID DIM C Estimation Equation: ========================= ROA = C(1)*INT + C(2)*ID + C(3)*DIM + C(4) Substituted Coefficients: ========================= ROA = 0.108273083221*INT - 5.59804136858*ID - 0.192979761203*DIM + 1.44190676613

2. Rentabilidade Financeira medida pela ROV

Method: Least Squares

Date: 06/28/14 Time: 11:21

Sample: 2003 2013

Included observations: 11 Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. INT 0.027102 0.009693 2.795934 0.0267

ID 0.088707 1.949906 0.045493 0.9650

DIM 0.057658 0.016146 3.570975 0.0091

C -0.317335 0.126147 -2.515596 0.0401 R-squared 0.729406 Mean dependent var 0.128357

Adjusted R-squared 0.613437 S.D. dependent var 0.030523

S.E. of regression 0.018977 Akaike info criterion -4.815862

Sum squared resid 0.002521 Schwarz criterion -4.671172

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80

Log likelihood 30.48724 Hannan-Quinn criter. -4.907068

F-statistic 6.289674 Durbin-Watson stat 3.047558

Prob(F-statistic) 0.021312

stimation Command: ========================= LS ROV INT ID DIM C Estimation Equation: ========================= ROV = C(1)*INT + C(2)*ID + C(3)*DIM + C(4) Substituted Coefficients: ========================= ROV = 0.0271015197272*INT + 0.0887073463889*ID + 0.0576580037092*DIM - 0.317335270973

3. Rentabilidade Operacional medida pela EGCP

Dependent Variable: EGCP

Method: Least Squares

Date: 06/28/14 Time: 11:27

Sample: 2003 2013

Included observations: 11 Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. INT 0.088735 0.036375 2.439433 0.0448

ID 28.44347 7.317372 3.887116 0.0060

DIM 0.062744 0.060592 1.035514 0.3349

C -0.562764 0.473390 -1.188796 0.2733 R-squared 0.851831 Mean dependent var 0.096387

Adjusted R-squared 0.788330 S.D. dependent var 0.154791

S.E. of regression 0.071216 Akaike info criterion -2.170922

Sum squared resid 0.035502 Schwarz criterion -2.026232

Log likelihood 15.94007 Hannan-Quinn criter. -2.262128

F-statistic 13.41442 Durbin-Watson stat 1.701049

Prob(F-statistic) 0.002742

Estimation Command: ========================= LS EGCP INT ID DIM C Estimation Equation: ========================= EGCP = C(1)*INT + C(2)*ID + C(3)*DIM + C(4) Substituted Coefficients: ========================= EGCP = 0.0887353996431*INT + 28.4434709497*ID + 0.0627437329153*DIM - 0.562763972887

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81

4.Rentabilidade Operacional medida pelo EGMVMC

Dependent Variable: ECMVM

Method: Least Squares

Date: 06/28/14 Time: 11:30

Sample: 2003 2013

Included observations: 11 Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. ID -39.24421 6.745293 -5.818014 0.0007

INT 0.071866 0.033532 2.143228 0.0693

DIM 0.096704 0.055855 1.731341 0.1270

C -0.144040 0.436380 -0.330079 0.7510 R-squared 0.920672 Mean dependent var 0.475276

Adjusted R-squared 0.886674 S.D. dependent var 0.195010

S.E. of regression 0.065648 Akaike info criterion -2.333734

Sum squared resid 0.030168 Schwarz criterion -2.189045

Log likelihood 16.83554 Hannan-Quinn criter. -2.424941

F-statistic 27.08044 Durbin-Watson stat 2.283860

Prob(F-statistic) 0.000317

Estimation Command: ========================= LS ECMVM ID INT DIM C Estimation Equation: ========================= ECMVM = C(1)*ID + C(2)*INT + C(3)*DIM + C(4) Substituted Coefficients: ========================= ECMVM = -39.2442074886*ID + 0.0718657851315*INT + 0.0967035589892*DIM - 0.144039570577

5. Rentabilidade Operacional medida pela ET

Dependent Variable: ET

Method: Least Squares

Date: 06/28/14 Time: 11:33

Sample: 2003 2013

Included observations: 11 Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. ID -10.80074 11.08563 -0.974301 0.3624

INT 0.160601 0.055108 2.914308 0.0225

DIM 0.159447 0.091795 1.736992 0.1260

C -0.706804 0.717173 -0.985541 0.3572 R-squared 0.606541 Mean dependent var 0.571662

Adjusted R-squared 0.437916 S.D. dependent var 0.143906

S.E. of regression 0.107890 Akaike info criterion -1.340125

Sum squared resid 0.081481 Schwarz criterion -1.195436

Log likelihood 11.37069 Hannan-Quinn criter. -1.431331

F-statistic 3.596980 Durbin-Watson stat 2.293086

Prob(F-statistic) 0.074014

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82

estimation Command: ========================= LS ET ID INT DIM C Estimation Equation: ========================= ET = C(1)*ID + C(2)*INT + C(3)*DIM + C(4) Substituted Coefficients: ========================= ET = -10.8007365389*ID + 0.160601184775*INT + 0.159447291904*DIM - 0.706803543465

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83

Entrevista EDP

Entrevista de resposta aberta

Entrevista presencial e gravada na sede da empresa

7 fevereiro 2014

Nome : Maria Ana Guedes

Função na empresa: Especialista no Departamento de Recursos Humanos (área da gestão dos

expatriados)

1. Internacionalização

a. Qual (ais) o (s) motivo(s) que levou a EDP à internacionalização? Quais os

primeiros países a serem alvo deste processo?

A nível de motivos foi a expansão de negócios para outras geografias.

Os primeiros países foram Brasil Espanha e EUA mais tarde… Foram as geografias mais

oportunas na altura.

b. Quais as principais dificuldades neste processo?

Não é a pessoa mais adequada para responder a esta questão.

c. No site estão descritos as áreas onde a EDP está presente nomeadamente:

i. EUA/Canada c/ 292 colaboradores

ii. Brasil C/ 2889 colaboradores (quantos destes são expatriados)

iii. Reino Unido C/ 30 colaboradores

iv. França/Bélgica c/ 34 colaboradores

v. Espanha c/ 1934 colaboradores

vi. Itália c/ 19 colaboradores

vii. Polónia/ Roménia c/ 71 colaboradores

viii. China c/ 1 colaborador

ix. Angola s/dados - <Só escritório de representação.

Quantos destes são expatriados da sede mãe?

Expatriados portugueses (Portugal para fora)

Expatriados de longa duração (+ de 1 ano) -> 16 de Portugal para fora a 31 janeiro de

2014.

E tem intercâmbios de curta duração e os comutters….

Expatriados + de 6 anos e passaram a contratos locais ou

já partiram com contratos locais

d. Na sua opinião quais os principais desafios iminentes num futuro próximo ao

nível da internacionalização?

Expansão para novas geografias… Provavelmente Moçambique e Guiné Equatorial (mercados

da américa latina).

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84

2. Mobilidade Geográfica dos expatriados

a. A nível da estratégia assumida pela empresa na internacionalização porque

optaram pela expatriação? (vantagens e desvantagens; custos; riscos)

Colocar as pessoas portuguesas na geografia pretendida. As pessoas quando vão esperam

algum contributo.

Assegurar as funções de gestão de mandato, garantir o controlo e influência de

decisão

Preencher postos de trabalho para os quais não temos competência nos países de

destino

Commutter: pessoas que exerçam funções em 2 sítios diferentes

Desenvolvimento de carreira dos trabalhadores

b. Qual o número atual de expatriados? Qual o país onde têm um maior número

e por que razão?

A 31 Janeiro 2014 40 expatriados de longa duração, Brasil. Está em crescimento e em que

têm maior nº

c. Em que funções/áreas enviam mais expatriados?

Funções de gestão e mandato, financeira e planeamento e controlo. O presidente é PT.

d. Qual o tempo médio de permanência?

3, 4 anos em média 3 +3 anos renováveis e muitos ficaram c contrato local

Longa duração: 1 a 3 anos (limite máximo 6 anos) por questões de segurança social

(descontos sociais nos países de origem)

3. Gestão estratégica da empresa e a expatriação

a. Quais os factores que levam a escolherem a expatriação em detrimento de

contratação de locais, por exemplo?

b. A nível de rendibilidade da empresa, acha que a expatriação é mais rentável e

com maior probabilidade de sucesso para o futuro da empresa? Porque?

As pessoas ficam mais motivadas, a nível pessoal e profissional.

c. Medem, ou têm algum indicador, que lhes permita “medir” ou percecionar o

relação da expatriação com a rendibilidade da empresa em geral e em

particular?

4. Gestão de expatriados no âmbito da estratégia da empresa

a. Processo de recrutamento e seleção dos candidatos

(Pode explicar me um pouco este processo, as fases que o processo de expatriação)

Os critérios utilizados no recrutamento

Competências valorizadas no candidato

Como se processa a escolha pelo candidato “ideal”

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Fala-se muito no tema das mulheres expatriadas. A Edp tem mulheres expatriadas? Quais as

vantagens e desvantagens.

b. Preparação e acompanhamento do processo de expatriação

Que tipo de formação é dada antes e durante a expatriação?

Relativamente à adaptação cultural local que tipas de medidas são tomadas para esta

adaptação.

Como é a aceitação por parte dos quadros e colaboradores locais em relação ao expatriado?

c. Equilíbrio da vida pessoal e profissional

Que tipo de “apoio” é dado ao expatriado relativamente à sua família? (emprego ao cônjuge,

educação dos filhos...)

Normalmente o expatriado vai sozinho ou é acompanhado pela família?

d. Gestão do desempenho

Como é avaliado o desempenho dos expatriados.

Regularmente são dadas diretrizes no sentido do expatriado cumprir os objetivos?

O expatriado com que frequência faz o reporte da sua situação à empresa-mãe?

e. Gestão de recompensas/compensações

Normalmente quais os benefícios atribuídos (habitação, viatura, transporte de bens, despesas

de educação, viagens de deslocação, seguros de saúde, incentivos, ajudas de custo…)?

O pacote remuneratório varia segundo o país? Quais as vantagens e desvantagens?

f. Regresso e reintegração do expatriado

Como se processa à reintegração do expatriado?

A evidência indica que muitos dos expatriados ao fim de 1 ou 2 anos saem das empresas, no

caso da EDP esta “teoria” verifica – se?

g. Tendências relativas à expatriação

Tem havido substituição das deslocações internacionais por outras alternativas de gestão e

quais as tendências (comunicação à distância, recrutamento local, promoção dos quadros

locais…)?

Obrigada.

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