14

O Rei do Manacá

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Texto de André Moura Imagens de Alê Abreu

Citation preview

Page 1: O Rei do Manacá

menina-princesa não queria nunca nada de namoro.

Descubra o seu prazer na leitura

tente. prove. experimente literatura

leia para alguém hoje

ISB

N 9

78-8

5-61

695-

35-4

capa-Jujuba-Manaca.indd 2 12/03/12 17:59

Page 2: O Rei do Manacá

1a edição • São Paulo 20092a edição • São Paulo 2012

Texto em conformidade com as novas normas da ortografia.

Jujuba EditoraRua Itapicuru, 369 conj. 1604 – 05006-000 – São Paulo/SP – Brasil

[email protected]

Isto é a ficha catalográfica.

Sua função é c onter as

informações necessárias

para um livro ser localizado.

Os bibliotecários, por

exemplo, a utilizam

muito em seu trabalho de

catalogação de livros.

ISBN é um

sistema

internacional

que identifica

o livro de forma

numérica, como

o nosso RG

o escritor tem o direito sobre o texto,

ou seja, ele é dono da históriao ilustrador é dono das imagens deste livro

a Jujuba édona do livro

eles são donos do direito de publicar este livro nos E.U.A

este símbolo significa “copyright”, que quer dizer odireito que alguém tem sobre alguma coisa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Moura, André Muniz de O rei do Manacá / André Muniz de Moura; ilustrações de

Alê Abreu. – São Paulo: Jujuba Editora, 2012.

ISBN 978-85-61695-35-4

1. Literatura infantil, 2. Literatura infantojuvenil

CDD-028.5

Índice para catálogo sistemático:1. Literatura infantil: Literatura infantil 028.5

2. Literatura infantojuvenil: Literatura infantojuvenil 028.5

Isto é a ficha catalográfica.

Sua função é c onter as

informações necessárias

para um livro ser localizado.

Os bibliotecários, por

exemplo, a utilizam

muito em seu trabalho de

catalogação de livros.

ISBN é um

sistema

internacional

que identifica

o livro de forma

numérica, como

o nosso RG

o escritor tem o direito sobre o texto,

ou seja, ele é dono da históriao ilustrador é dono das imagens deste livro

a Jujuba édona do livro

eles são donos do direito de publicar este livro nos E.U.A

este símbolo significa “copyright”, que quer dizer odireito que alguém tem sobre alguma coisa

© do texto: André Moura • © das ilustrações: Alê Abreu • © da edição 2009/2012: Jujuba

Quem pensou esta história e a colocou no papel: André Moura Quem leu esta história, traçou e pintou as ilustrações: Alê Abreu Quem corrigiu as palavras do texto: Paulo Alexandre Quem colocou tudo no computador e fez o livro: Raquel Matsushita, da Entrelinha Design Quem imprimiu o livro e fez ter vida fora do computador: Gráfica Prol Quem convidou todas essas pessoas para, juntas, fazerem o livro: Daniela Padilha

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 2 12/03/12 17:59

Page 3: O Rei do Manacá

Para o Rafael.Para Wandinha,

pelo mote do pão de saudade.

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 3 12/03/12 17:59

Page 4: O Rei do Manacá

4

aurício acordava antes de todos na casa. Seus olhos mal se abriam e logo já estavam fazendo sala para os primeiros raios de sol, que entravam sem pedir licença, raios reis que eram.

Todos os dias, depois de brincar de fazer sombra na parede até se cansar e dar tempo da mãe acordar, ia ele, todo contente, com ela colher frutas. E era abacate no abacateiro, limão no limoeiro, laranja na laranjeira e no pé de laranja-li-ma (lugar muito bom pra se prosear, já dizia aquele menino da rua de cima, o Zé Mauro, conhece, não? Namorou a Tê, caçulinha do Seu Mário...), e também carambola, pitanga, umbu, acerola, açaí, jambo, jaboticaba, coco com água que era puro-mel-de-beber, caju e cajá, manga e cajá-manga e – vixe! —, inté quiuí, que nem daqui é. A cesta pingava doçu-ras e também transbordava o peito da mãe, toda metida por ter um filho-diamante daquele.

Apesar da vida humilde, a mãe e o garoto viviam tranquilos. Afinal, tinham tudo: a fartura das frutas e le-gumes e verduras que não deixavam a fome alcançar nem mesmo o pé da mesa. Para os olhos de fumaça e cobiça dos que viviam na cidade, porém, a vida de Maurício era um ramerrame de dar dó.

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 4 12/03/12 17:59

Page 5: O Rei do Manacá

5

Maurício falava coisas como ninguém. E não tinha ninguém que o fizesse falar coisas que não queria. Lembro de uma vez, vez em que o pai saiu para nunca mais voltar, e a mãe parou de comer, beber, dormir (dizem que virou só sombra e osso...).

Pois foi bem desta feita que o menino, preocupado demais com a mãe, quis saber o que é que ela tinha. E ela:

— É saudade que mói meu peito...

Menino embatucou. Pensou um tico, olhou pra mãe e baixou a cabeça, como mirasse pra dentro... Saiu com essa:

— Pois pega essa farinha de coração, e dela faz o mais gostoso e bonito croaçã, croação, sei lá...

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 5 12/03/12 17:59

Page 6: O Rei do Manacá

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 6 12/03/12 17:59

Page 7: O Rei do Manacá

7

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 7 12/03/12 17:59

Page 8: O Rei do Manacá

8

Maurício não contava isso pra ninguém, só se lembra-va sozinho de quando o pai vivia com eles... A mãe falando tantos nomes de espinho e de ferrão para o pai, e aí, o menino não entendia toda aquela dor de hoje em dia, saudade moen-do o peito agora e, antes, briga de cachorro grande, sempre os dois se mordendo, arrancando naco de alma de cada um...

Para alguns, ou para “Os Alguns”, como Maurício mesmo gostava de chamar, ele não era muito certo da bola, não. Mas fazia contas como ninguém, contava causos como ninguém. E não tinha melhor que ele, para afagar um bichi-nho. Nem para afogar uma plantinha...

— Ô, mãe, ela tava com sede, oras! De verdade! Ela me disse!

Maurício já tinha “Nove Nobres Anos” e isso era coisa que ele adorava — o pai inventou, a mãe continuou a fazer. Quando ele fez aniversário, o pai disse que passava então a ter “Seis Sábios Anos”. Antes disso, não se lembrava ou tal-vez o pai não tivesse mesmo pensado nisso quando ele era menor. Aos sete, eram “Sete Soberanos Anos”. Não comple-tou simplesmente oito anos. Maurício conquistou, como uma medalha, o direito de ter “Oito Orgulhosos Anos”. E já estava desejando saber como seriam os dez anos...

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 8 12/03/12 17:59

Page 9: O Rei do Manacá

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 9 12/03/12 17:59

Page 10: O Rei do Manacá

10

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 10 12/03/12 17:59

Page 11: O Rei do Manacá

11

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 11 12/03/12 17:59

Page 12: O Rei do Manacá

12

Outra coisa que ele amava era aquela árvore toda torta e mirrada, onde fazia sua leitura de plantas e ficava de papo pro ar. O menino inventou um idioma para falar em código, só ele e as plantas, e mais as flores e as árvores, tudo mais de verde que houvesse ao redor. Era o florês. Ah, Maurício não sabia ler, nunca tinha ido à escola. Só que... Quem disse que ele queria? Cá entre nós, quem disse que ele precisava?

Menino que lê nuvem, lê as entrelinhas de folha verde caída no chão, que conhece borboleta só pelo voo vai para escola abrir inseto para, só então, perceber que cigarra não é caixinha de música?

O que sei é que não teve mesmo jeito. Tudo mudou por inteiro quando o menino, mui-

to do contrariado, teve de ir para a escola. Que tinha um nome estranho que ele nunca tinha ouvido: Grupo Escolar Presiden-te Prudente de Moraes.

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 12 12/03/12 17:59

Page 13: O Rei do Manacá

13

— Deixar as árvores, as flores e os bichos aqui, mãe, sozinhos? Pra fazer o quê? Aprender o quê? E as coisas que eu já sei, alguém vai querer que eu ensine?

E a mãe, como quase todas as mães, com zelo e dureza na justa medida, explicou, explicou, explicou e depois parou de falar. Apenas apontou o caminho, mandando Maurício. O me-nino saiu resmungando, chutando poeira, olhando para trás, por cima do ombro, na esperança de que a mãe amolecesse.

Qual nada, ele é que teve de seguir em frente. Sozinho. Ou quase, porque enquanto a mãe tentava fazê-lo entender que era preciso ir à escola, ele não prestava atenção e tentava pensar qual companheiro levaria naquela forçada jornada para o tal do “Grupo Escolar”. Escolheu uma flor dormindo no chão, aos pés do pé de manacá. Para servir de bússola, amuleto, compa-nheira, ou talvez por nada disso, só por ser cheirosa demais.

Alice, Bernardina, Clara, Diana, Eugênia... O abecê de Maurício só enxergava as faceiras meninas, belas, com no-mes tão diferentes; bonitas, apesar das roupinhas tão iguais. De uniforme. Unifor-me. Uni-for-me. — Um para mim.

Miolo-Jujuba-Manaca.indd 13 12/03/12 17:59

Page 14: O Rei do Manacá

menina-princesa não queria nunca nada de namoro.

Descubra o seu prazer na leitura

tente. prove. experimente literatura

leia para alguém hoje

ISB

N 9

78-8

5-61

695-

35-4

capa-Jujuba-Manaca.indd 2 12/03/12 17:59