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O SUPORTE DA COMUNICAÇÃO NO BRINCAR DA CRIANÇA JOGOS E SIMBOLIZAÇÃO Nilde J. Parada Franch Myrta Casas de Pereda

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O SUPORTE DA COMUNICAÇÃO NO BRINCAR DA CRIANÇA JOGOS E SIMBOLIZAÇÃO

Nilde J. Parada Franch

Myrta Casas de Pereda

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“cada um dos jogos que se realizam entre criança e seus pais é uma forma de vida” (Bruner, 1984, p.43)

Os gestos e a voz são, desde início uma forma de discurso infantil

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Do ponto de vista do observador:

Sujeito e Objeto: Esta “dupla” pode ser percebida de

modo intercambiável, alternando-se Quando o objeto passa a se existir com

o estatuto de objeto: Quando se instaura a cs de obj

separado

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Desamparo do bebê humano

Ser humano vem o mundo em estado de desamparo, dependência e indiferenciação

Freud (1911): mencionava forma muito primitiva de vida psíquica qdo refere: “realização alucinatória do desejo”

Bion(1962): funcionamento de aparelho protomental: físico e psíquico indiferenciados

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Constituição do sujeito psíquico

A experiência de satisfação é o ato inaugural do aparelho psíquico ( Freud, 1895), como diferença entre o tudo e o nada.

Primeiras capacidades do bebê: Expressar fortemente suas necessidades

biológicas, desejos, sentimentos: Capacidade expressiva:

Diferente de capacidade representativa

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Bion

Experiência emocional

capacidade de revérie materna

Função alfa

Elementos alfa X elementos beta

Evacuações:

através de Id.Projetiva

Somatizações

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Agitação Hiperatividade Têm valor expressivo mas não

representativo No entanto: Descarga imediata não satisfaz por

muito tempo

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A inibição da descarga motoraQue pode levar ao “pensar” se

desenvolve:A partir de representações mentais (Freud,

1911)Experiências emocionais fazem pressão à

“figurabilidade”, buscando representação mental

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Representação mental da experiências emocionais

Outros tipos de manejo de angústia e desespero são possíveis:

Cuidados maternos:reduzem progressivamente as sensações de tensão

“Aparelho para pensar pensamentos” (Bion)

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Do ponto de vista pulsional

A ausência é o que é desprazeroso e a simbolização faz presente o prazer da representação. O ato em si também como fato psíquico, como acontecimento, contém o êxito de uma representação como triunfo sobre a ausência. O prazer da representação é o oposto da angústia ante o fracasso da simbolização.

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Então, penar e gozar, prazer/desprazer, é um modo de nos referirmos ao objeto (sempre perdido), e é em última instância o espaço do trabalho psíquico, um trabalho sobre a ausência

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Pictograma auto erótico:

Pode ser simbolizado

Imagem “face contra o seio” figurando um bebê satisfeito e em repouso

Eixo metafórico de transposição da satisfação

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Em outro registro que não o da descarga pulsional

Registro em que:

A tensão moderada mantém um funcionamento mental que também é

fonte de prazer

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Que está na origem do prazer de pensar, falar, sonhar, brincar

A nostalgia da coisa “ausente” e “perdida” em sua realidade, uma vez que re-presentada, viesse adoçar o sofrimento do luto

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Dificilmente se pode falar do bebê com seus recursos e capacidades, sem incluir o papel do objeto externo

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O PAPEL DO OBJETO

Importância do obj. materno Winnicott:

Mãe “suficientemente boa”

Mantém a ilusão da “fusão”: consciência da separabilidade se dá paulatinamente

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Bion:

capacidade de revérie

aparelho psíquico - aparelho digestivo

Guignard:

Mãe só poderá intervir indiretamente no sofrimentos originados ao interior do

aparelho digestivo

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Ser humano nasce

Pré concepção do seio:

Objeto que satisfaça as necessidades

Mãe com cap. de revérie

Metaboliza

Devolve de forma mitigada

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Ausência

Primórdios do aparelho para pensarCriança que se desenvolve em situação de

revérie maternaProcessamento de emoções a partir de

função alfaBrincar níveis mais altos de simbolização

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. Há uma disponibilidade representacional que deve criar-se, jogar-se atualizar-se na peripécia sempre diferente de cada ser humano em seu encontro com seus pais. Talvez o objeto transicional seja um exemplo privilegiado para pensar alguns dos elementos assinalados neste processo de simbolização

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Acerca do objeto transicional no caminho da simbolização

O objeto transicional é um desafio para psicanálise. Entre o próprio corpo e o alheio, entre seu psiquismo e o mundo, é materialidade psíquica.

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O objeto transicional é um desafio, pois nos questiona sobre um processo que, inicialmente no sujeito ( o infans, o bebê) em eu encontro com a mãe (objeto parcial, objeto total, mundo, o outro), culmina no que poderíamos denominar a modo de proposta como disponibilidade representacional

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É necessário sublinhar que importa tanto a realidade do objeto como seu valor simbólico, pois é a presença e ausência da mãe que necessita ser representada, o que está ainda no ato e ou requer ainda um tempo de repetição em ato

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Esta simbolização é sempre um trabalho sobre ausência, a perda, a morte. Na definição Winnicottiana “primeira possessão não-eu”, estão presentes dois elementos: o trabalho sobre o objeto ausente - na palavra “possessão” – e o lugar de um sujeito desejante que deseja “possuir” o objeto

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Neste desaparecer natural do objeto transicional, assistimos a um dos passos da dialética da simbolização.

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Momento de simbolização - que é soltar-se o sujeito do objeto e o objeto do sujeito - que podemos localizar como momentos significativos de organização psíquica: subjetivação Nomeio deste modo mais abrangente o que pode estar implícito em:

- a formação de objeto interno de MK, -a representação-coisa em Freud e sua articulação com a

representação palavra, -a constituição do objeto objetivo para Winnicott -a caída do objeto a em Lacan

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Então podemos ver o objeto transicional como um momento do processo metafórico do processo de simbolização. Momento de experiência, de mediação é sinal do psíquico em estrutura:

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-sublinha a necessidade do outro, tal como uma palavra necessita da outra para que haja metonímia e metáfora;

-se produz e/ou se expressa como ação, gesto, balbucio, palavra ou melodia(corpo-objeto, sujeito-objeto).

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O objeto transicional é testemunha deste trabalho psíquico donde a criança cria o objeto porque já é perdido, e ali se constitui como sujeito. Criação em realidade psíquica (também na realidade material) de um objeto metonímico do encontro com a mãe, que fala de uma tarefa de simbolização acontecendo

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Vinhetas clínicas:

Predominância das identificações projetivas

O desenhar na sessão O mise-em-scène