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este aviso.

O terceiro sector na encruzilhada do sistema financeiro: o caso das caixas de créditoagrícola mútuo e das caixas económicas em Portugal

Autor(es): Quelhas, Ana Paula

Publicado por: Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/24882

Accessed : 13-Jan-2020 00:43:00

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BOLETIM DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS

COIMBRA

UNIVERSIDADE DE COIMBRAFACULDADE DE DIREITO

VOLUME XLVIII 2 0 0 5

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O TERCEIRO SECTORNA ENCRUZILHADA

DO SISTEMA FINANCEIROO CASO DAS CAIXAS DE CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUO

E DAS CAIXAS ECONÓMICAS EM PORTUGAL*

1. Introdução

Vivemos em tempos marcados por tendências contradi-tórias. Por um lado, observam-se as consequências decorren-tes dos processos de globalização, em particular dos processosde globalização financeira; por outro, assiste-se à proliferação,no contexto da sociedade civil, de formas de organizaçãosocial que visam funcionar como alternativa, tanto aos mo-dos estatais como aos modos mercantis de regulação.

No passado recente, fomos confrontados com a cres-cente globalização dos serviços bancários e financeiros1, ao

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* A autora agradece ao Conselho Directivo do ISCAC o apoiologístico concedido aquando do envio dos inquéritos, bem como a todasas Caixas de Crédito Agrícola Mútuo e Caixas Económicas que acede-ram em participar no estudo. A autora agradece, também, o contributodos alunos do ISCAC que, no ano lectivo de 2002/03, frequentaram adisciplina de Mercados e Investimentos Financeiros e realizaram traba-lhos nas áreas do crédito agrícola mútuo e das caixas económicas.

1 Sobre a globalização dos serviços bancários, cfr. T. PORTER, States,Markets and Regimes in Global Finance, pp. 53-54, onde se apresentamdiversos indicadores neste domínio.

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mesmo tempo que emergiram experiências solidárias no do-mínio do crédito, das quais o Banco Grameen, no Bangla-desh, constitui, pela certa, o exemplo mais acabado2.

O presente estudo resulta, assim, do cruzamento destasduas problemáticas. Tomando como referência, para o casoportuguês, as instituições financeiras surgidas com propósitosque se afastam de objectivos de pendor mercantil – as caixasde crédito agrícola mútuo e as caixas económicas –, o nossoobjectivo é o de detectar as particularidades inerentes a estetipo de organizações e, ao mesmo tempo, equacionar quaisas suas potencialidades e os seus limites num contexto emcrescente globalização.

O trabalho percorre, então, dois domínios, que assu-mem um carácter transversal ao longo de todo o texto: um,de natureza teórica, onde se discute a essência ambivalente dasinstituições em estudo, que, em presença das suas raízes his-tóricas, integram o terceiro sector, sendo, ao mesmo tempo,por via da amplitude das operações que lhes são permitidaspor lei, classificadas como instituições de crédito; outro, decariz empírico, onde, para além de serem apresentados ele-mentos estatísticos relativos ao passado recente das caixas decrédito agrícola e das caixas económicas, procuraremos ir aoencontro do pulsar destas instituições, pelo que recorremos àrealização de inquéritos e de entrevistas.

Por último, as conclusões que se apresentam permitemfazer luz sobre as particularidades das instituições financeirasque integram o terceiro sector e constituem ponto de par-tida para outras reflexões, próprias ou alheias.

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2 A experiência do Banco Grameen, levada a efeito no Bangladesh,bem como a sua posterior internacionalização, surgem descritas pelo seufundador, Muhammad Yunus, na obra O banqueiro dos pobres.

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2. O Terceiro Sector, as Caixas de Crédito AgrícolaMútuo e as Caixas Económicas

Ao partirmos em busca de uma definição do conceitode terceiro sector, deparamo-nos, de imediato, com amplatarefa, dadas a heterogeneidade e a extensão da realidade que éuso incluir3.

Boaventura de Sousa Santos salienta a ambiguidade detal domínio, ao sustentar que o terceiro sector é compostopor um «conjunto de organizações sociais que não são nemestatais nem mercantis, ou seja, organizações sociais que, porum lado, sendo privadas, não visam fins lucrativos, e, poroutro lado, sendo animadas por objectivos sociais, públicosou colectivos, não são estatais»4.

Também no entendimento de Sharon Oster «as frontei-ras entre terceiro sector, sector privado e sector público têmsido, desde o início, um tanto difusas. Em termos históricos,o terceiro sector partilhou território com instituições públi-cas e foi influenciado e apoiado por instituições com finslucrativos»5.

Para além deste hibridismo, denunciado tanto nas pala-vras de Sousa Santos como nas de Oster, é de assinalar,ainda, a diversidade das organizações que aqui se enquadrame que vão desde as cooperativas e as mutualidades até àsorganizações não governamentais e às fundações.

Os próprios movimentos históricos em torno do terceirosector não têm contribuído para precisar o seu conteúdo e,

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3 Para maiores desenvolvimentos em torno do conceito de terceirosector, cfr. A. P. QUELHAS, A refundação do papel do Estado nas políticassociais – a alternativa do movimento mutualista, Capítulo I.

4 Cfr. B. S. SANTOS, A reinvenção solidária e participativa do Estado, p. 13.5 Cfr. S. M. OSTER, Strategic Management of Nonprofit Organizations,

p. 4.

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bem assim, para configurar os seus limites. Na verdade, aolongo do tempo, o terceiro sector tem sido chamado adesempenhar diferentes papéis nos vários contextos econó-micos e sociais. Nos primórdios da sua existência, as organi-zações do terceiro sector assumiam-se como a única alterna-tiva nos respectivos campos de acção; enquanto isso, essescampos de acção são hoje partilhados com outros agentes,tanto estatais como mercantis.

Nesse sentido, Oster sustenta que «as organizações doterceiro sector repartem os respectivos domínios de actuaçãocom empresas e instituições públicas» e, ainda, que «enfren-tam uma concorrência crescente, concorrência esta que in-tensificou a pressão no sentido de estas organizações encon-trarem métodos de gestão eficientes»6.

Já Werther Jr. e Berman apontam que «A missão damaioria das organizações do terceiro sector é, tipicamente, ade satisfazer necessidades de uma comunidade definida, sem-pre de um modo altruísta»7. Na realidade, em termos histó-ricos, as organizações financeiras do terceiro sector foramcriadas de modo a satisfazer necessidades específicas, aten-dendo aos princípios da solidariedade, da caridade e daentreajuda.

Vejamos, de imediato, quais foram os propósitos queestiveram na génese das caixas de crédito agrícola e dascaixas económicas em Portugal.

O crédito agrícola mútuo tem, entre nós, raízes pro-fundas, que remontam a 1576, com a criação dos CeleirosComuns, por iniciativa do Rei D. Sebastião. Estas insti-

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6 Cfr. ibidem, p. 3.7 Cfr. W. B. WERTHER JR. e E. M. BERMAN, Third Sector Manage-

ment, p. 10.

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tuições tinham como principal objectivo colmatar as dificul-dades de acesso ao crédito sentidas pelos agricultores.

Os Celeiros Comuns funcionavam como verdadeirosestabelecimentos de crédito, adiantando aos agricultores assementes a serem utilizadas em cada sementeira; tais emprés-timos, bem como os “juros” deles decorrentes, eram liqui-dados em géneros aquando da colheita seguinte8. Porém, em1862, foram introduzidas algumas reformas, que estabele-ceram natureza pecuniária para todas as operações a realizarpelos Celeiros Comuns.

No âmbito do desenvolvimento do crédito agrícola,releva, também, o papel das Misericórdias. Em 1778, a Mise-ricórdia de Lisboa foi a primeira a conceder empréstimos aosagricultores, exemplo de imediato seguido por outras insti-tuições congéneres. Em consequência, cerca de um séculomais tarde, Andrade Corvo fez publicar, em 1866 e 1867,leis destinadas a transformar as Irmandades, as Confrarias e asMisericórdias em instituições de crédito agrícola e industrial.

Em 1896, o Rei D. Carlos ordenou a publicação deuma carta de lei através da qual se instituíram os primeirosSindicatos Agrícolas. Tendo sido extintos em 1939, estesSindicatos desempenharam, contudo, um importante papelna concessão de crédito às actividades agrícolas.

É, porém, no início da 1.ª República que devemossituar o surgimento do crédito agrícola, nos moldes em quehoje o conhecemos, por via do Decreto de 1 de Março de1911, que regulamentou o funcionamento e a organizaçãodas primeiras caixas.

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8 As taxas de juro praticadas oscilavam entre os 5% e os 10%, umavez que eram cobrados entre 3 e 6 alqueires por moio (1 moio = 60 al-queires).

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Foi, no entanto, a Lei n.º 215, de 1914, posteriormenteregulamentada pelo Decreto n.º 5.219, de 1919, que veiodefinir, de modo mais circunstanciado, a actividade das cai-xas de crédito agrícola mútuo.

Outro episódio importante na evolução do créditoagrícola em Portugal foi o que resultou do Decreton.º 16.666, de 27 de Março de 1929. Este diploma criou aCaixa Nacional de Crédito, anexa à então Caixa Geral dosDepósitos, Crédito e Previdência, à qual competia a coorde-nação de todas as operações de crédito agrícola e industrial,tendo sido, assim, as caixas de crédito agrícola mútuo colo-cadas sob a tutela deste novo organismo.

Tal situação só se extinguiu em 1982, por intermédiodo Decreto-Lei n.º 231/82, de 17 de Junho. Este diplomaaprovou o regime jurídico do crédito agrícola mútuo e das coopera-tivas de crédito agrícola mútuo e logo do seu Preâmbulo decor-rem algumas modificações significativas relativamente aoordenamento legislativo anterior. Nele se reconhece, demodo inequívoco, a plena integração das caixas agrícolas noregime geral das instituições de crédito e das cooperativas, oque vinha sendo, desde há largo tempo, reclamado pelaspróprias caixas de crédito.

Para além da abolição da tutela da Caixa Geral de Depó-sitos – doravante exercida pelo Instituto Financeiro deApoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas, vulgoIFADAP –, sublinhou-se, também, a necessidade de alarga-mento do conceito de operação de crédito agrícola, devendoeste englobar todas as operações que concorram para amelhoria das condições de exercício das actividades associa-das ao crédito agrícola e que surgem definidas pelo artigo29.º do regime então instituído. Entre as transformaçõesprevistas neste ordenamento, merece, ainda, relevo a aplica-ção, às caixas de crédito agrícola, do plano de contas para osector bancário, uma vez introduzidas as necessárias adaptações.

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Em 1991, foi adoptado novo regime jurídico do créditoagrícola mútuo, aprovado através do Decreto-Lei n.º 24/91,de 11 de Janeiro, o qual se encontra ainda em vigor, umavez contempladas as alterações que lhe foram sendo introdu-zidas pelos Decretos-Lei n.º 230/95, de 12 de Setembro, en.º 320/97, de 25 de Novembro.

Por sua vez, o surgimento e o desenvolvimento das cai-xas económicas encontra-se particularmente ligado às Mise-ricórdias e ao movimento mutualista.

A designação de caixa económica foi utilizada pela pri-meira vez na legislação portuguesa em Decreto datado de 17de Agosto de 1836. A ausência de um sistema bancáriodevidamente estruturado e disseminado pelo território nacio-nal encorajava o financiamento directo entre particulares esuscitava, por vezes, a cobrança de juros usurários.

Aquele diploma visava fomentar a criação de instituiçõesde âmbito local, destinadas à recolha de pequenas poupanças;os fundos assim captados, constituídos sob a forma de “caixasde empréstimos” ou de “montes de piedade”, serviriam debase à concessão de empréstimos sobre penhores. Atenda-seao facto de as primeiras caixas económicas se encontraremabertas aos domingos, de modo a que as classes operáriastivessem disponibilidade para efectuar os seus depósitos.

Todo um conjunto de diplomas foi sendo produzido, nosentido de regulamentar a actividade das caixas económicas,onde se destacam o Decreto com força de lei, de 28 de Feve-reiro de 1891, o Decreto n.º 19.281, de 29 de Janeiro de 1931,e o Decreto n.º 20.944, de 27 de Fevereiro de 1932. Neles seatribui às caixas económicas um pendor mutualista, associandoa sua actividade à das associações de socorros mútuos.

As associações de socorros mútuos, associações mutua-listas ou, simplesmente, mutualidades são organizações decarácter voluntário e sem fins lucrativos, surgidas, em Por-

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tugal, essencialmente durante a segunda metade do séculoXIX, cujo objectivo mais imediato era o da atribuição desubsídios de funeral e de luto. Perante a ausência de meca-nismos estatais de protecção e o desejo de terem um funeraldigno, terá levado muitos operários a constituírem associaçõesde socorros mútuos, para as quais quotizavam determinadaquantia, na perspectiva de verem cobertas certas eventuali-dades, particularmente a de verem protegidas as respectivasfamílias na circunstância das suas mortes. Não é, pois, deestranhar que muitas das associações de socorros mútuosainda existentes contenham na sua denominação social asexpressões «Associação Fúnebre e Familiar» ou «Lutuosa».

Cedo, porém, as associações de socorros mútuos alarga-ram o seu campo de acção a outras valências. Nos nossosdias, entre as cerca de 90 associações mutualistas a operar emPortugal, encontramos alguns exemplos marcantes pelo pa-pel que desempenham no domínio da protecção social noscontextos em que se inserem.

3. As Caixas Económicas e as Caixas de CréditoAgrícola Mútuo no Contexto do Sistema Finan-ceiro Português

O artigo 2.º do Regime Geral das Instituições de Cré-dito e das Sociedades Financeiras, aprovado pelo Decreto--Lei n.º 298/92, de 31 de Dezembro, e posteriormente alte-rado pelo Decreto-Lei n.º 201/2002, de 26 de Setembro,define como sendo instituições de crédito «as empresas cujaactividade consiste em receber do público depósitos ou ou-tros fundos reembolsáveis, a fim de os aplicarem por contaprópria mediante a concessão de crédito».

A alínea b) do artigo 3.º do mencionado Regime Geralclassifica as caixas económicas como sendo instituições de cré-

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dito; enquanto isso, a alínea c) do mesmo artigo atribui idên-tico estatuto à Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo eàs caixas de crédito agrícola mútuo. Desde logo, importaavaliar qual o poder de alcance desta classificação, isto é, dainclusão de organizações financeiras provenientes do terceirosector no domínio das instituições de crédito.

O artigo 4.º do Regime Geral das Instituições de Cré-dito e Sociedades Financeiras, relativo às actividades das insti-tuições de crédito, estipula, no número 1, quais são as activida-des permitidas aos bancos. Num conjunto de dezoito alíneas,que contemplam desde a «recepção de depósitos ou outrosfundos reembolsáveis»9 [alínea a)], passando pelas «operaçõessobre pedras e metais preciosos» [alínea l)], até às «outrasoperações análogas e que a lei lhes não proíba» [alínea s)],estas constituem o elenco mais alargado de actividades aoalcance das entidades que integram o sistema financeiro por-tuguês10.

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9 Deixa-se de lado, neste trabalho, a questão de saber o que deveser entendido como fundos reembolsáveis, bem como o poder de alcancedessa conceptualização. Recorde-se que no Regime Geral das Institui-ções de Crédito e Sociedades Financeiras a noção de fundos reembolsáveissurge definida pela negativa, o mesmo sucedendo com a noção de conces-são de crédito, respectivamente, através dos números 1 e 2 do artigo 9.º.

No n.º 1 do artigo 9.º pode ler-se «não são considerados comofundos reembolsáveis recebidos do público os fundos obtidos medianteemissão de obrigações, nos termos e limites do Código das SociedadesComerciais, nem os fundos obtidos através da emissão de papel comer-cial, nos termos e limites da legislação aplicável».

A este respeito, cfr., por todos, A. J. AVELÃS NUNES, Economia, Vol.II – O Crédito, pp. 288-290.

10 O artigo 4.º, número 2, do Decreto-Lei n.º 298/92 estabeleciaque, para além das operações permitidas aos bancos, a Caixa Geral deDepósitos podia ter outras «atribuições conferidas pela legislação que lheé própria». O artigo 4.º foi precisamente um dos que foi alvo de novaredacção por intermédio do Decreto-Lei n.º 201/2002, sendo que,

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É precisamente atendendo à amplitude do seu campode acção que os bancos merecem a designação de instituiçõesde crédito universais, em contraponto com o das restantes ins-tituições de crédito, identificadas como sendo instituições decrédito especializadas. Estas têm um campo de acção mais res-trito, se atendermos a que «só podem efectuar as operaçõespermitidas pelas normas legais e regulamentares que regem asua actividade», em acordo com a redacção do número 2 doartigo 4.º, do Regime Geral das Instituições de Crédito eSociedades Financeiras. Assim sendo, vejamos quais são asnormas legais que regem a actividade tanto das caixas eco-nómicas como das caixas de crédito agrícola mútuo.

3.1. Actividades permitidas às caixas económicas

A actividade das caixas económicas encontra-se regula-mentada através do Decreto-Lei n.º 136/79, de 18 de Maio,sendo-lhes permitido o exercício de uma actividade bancáriarestrita, centrada na recolha de poupanças, essencialmenteprivadas, na sua aplicação, através da aquisição de títulos e daconcessão de empréstimos hipotecários (em regra, a parti-culares, para fins de habitação) e, ainda, na prestação deserviços bancários compatíveis com a sua natureza. Destemodo, pode dizer-se que as actividades exercidas pelas caixaseconómicas comportam, por norma, níveis de risco muitoreduzidos.

Encontramos, porém, algumas excepções entre o elencodas caixas económicas que integram o sistema financeiroportuguês, no que concerne à amplitude do seu campo de

doravante, não se prevê regime de excepção para a Caixa Geral deDepósitos, realizando esta instituição o mesmo tipo de operações que osrestantes bancos.

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acção. A excepção mais significativa é, sem dúvida, a daCaixa Económica de Lisboa, anexa ao Montepio Geral,sendo-lhe permitido o acesso às operações bancárias quetenham sido genericamente autorizadas pelo Banco de Por-tugal11.

Por sua vez, também as caixas económicas sediadas nasRegiões Autónomas gozam de um regime especial; essen-cialmente devido a condicionantes de natureza histórica egeográfica, é-lhes possibilitado o exercício de um leque maisvasto de operações de crédito – para além do crédito hipo-tecário – sendo-lhes autorizada, como decorre do número 2,artigo 5.º, do Decreto-Lei n.º 136/79, a realização de des-contos de efeitos comerciais e de operações de crédito emconta corrente, bem como a concessão de crédito ao inves-timento produtivo a médio e longo prazos12.

Actualmente, a constituição de novas caixas económi-cas só será autorizada em condições excepcionais13, devendo,

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11 A Caixa Económica de Lisboa exerce as operações bancáriasprevistas nos respectivos Estatutos, publicados no Diário da Repúblican.º 205, de 6 de Setembro de 1991, III Série. O regime de excepção quecaracteriza esta Caixa Económica encontra-se previsto na alínea b), artigo1.º, do Decreto-Lei n.º 136/79, que a exclui do estabelecido pelo artigo79.º do Decreto n.º 20.944, de 27 de Fevereiro de 1932.

12 Em todo o caso, de acordo com o previsto no Decreto-Lein.º 319/97, de 25 de Novembro, o Banco de Portugal pode autorizar àscaixas económicas a realização de outras operações permitidas aos bancose que não estejam contempladas no Decreto-Lei n.º 136/79, desde quesejam cumpridos determinados requisitos, no que concerne a fundospróprios, solvabilidade, liquidez, organização interna e capacidade técnicae humana.

13 Esta autorização é concedida apenas a título excepcional aten-dendo a que se consideram, em certa medida, ultrapassados os condicio-nalismos determinantes do aparecimento das primeiras caixas económi-cas. Para além de o sistema bancário se encontrar disseminado por todo oterritório nacional, o desenvolvimento do sistema de Segurança Social,

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essas novas caixas, surgir associadas a associações de socorrosmútuos, a Misericórdias ou a outras instituições de benefi-cência, o que configura, em nosso entender, um regresso aoseu cariz solidário e mutualista. Recorde-se, porém, que emvez da criação de novas caixas, temos assistido a uma redu-ção gradual do número destas instituições de crédito, comoteremos ocasião de observar, com maior acuidade, na secção4 do presente trabalho.

3.2. Actividades permitidas às caixas de crédito agrícolamútuo

A actividade das caixas de crédito agrícola mútuo en-contra-se, no presente, regulamentada por intermédio doDecreto-Lei n.º 24/91, de 11 de Janeiro, atendendo à re-dacção que lhe foi conferida pelos Decretos-Lei n.º 230/95,de 12 de Setembro, e n.º 320/97, de 25 de Novembro.

Entre o articulado dos diplomas mencionados, releva odisposto pelo artigo 27.º, do Decreto-Lei n.º 230/95, aodefinir o que se deve entender por operações de crédito agrícola.

Num conjunto alíneas, prevê-se o apoio ao investimentonos domínios da agricultura, sivicultura, pecuária, caça, pes-ca, aquicultura, agro-turismo, indústrias extractivas, turismorural e artesanato, tanto no concerne à criação de unidadesprodutivas bem como no que se refere ao estabelecimento

bem como o alargamento das coberturas proporcionadas, reduziu o pa-pel, outrora significativo, das associações de socorros mútuos em matériade protecção social. Ressalve-se, todavia, que o debate em torno da crisedas formas estatais de protecção social e das limitações inerentes às alter-nativas de carácter mercantil tem vindo a equacionar, com crescenteinteresse, as potencialidades e os limites das organizações do terceirosector neste domínio.

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de estruturas de apoio e à prestação de serviços conexos.Consagra-se, ainda, a possibilidade de financiar despesas quecontribuam para a melhoria das condições de vida dos asso-ciados de cada caixa e dos respectivos familiares.

Foi, sobretudo, a criação da figura do contrato de agênciaque permitiu o encaminhamento das caixas de crédito agrí-cola mútuo para a realização das funções da banca universal.Este contrato é celebrado, de modo casuístico, entre a CaixaCentral de Crédito Agrícola Mútuo e uma determinada caixade crédito agrícola mútuo, através do qual esta última ficaautorizada, na sua área estatutária de acção, a conceder cré-dito e a prestar serviços, em qualquer das modalidades per-mitidas à Caixa Central. Deste modo, alarga-se, assim, ine-quivocamente, o campo de actuação das caixas de créditoagrícola mútuo, muito para além do âmbito previsto no jámencionado artigo 27.º 14.

Sublinhe-se, porém, que o Banco de Portugal podeautorizar às caixas de crédito, de modo directo e numapercentagem do valor do respectivo activo, a realização deoperações de crédito que não se encontrem contempladasno já mencionado artigo 27.º, de acordo com a redacçãoque o Decreto-Lei n.º 320/97, de 25 de Novembro, confe-re ao número 7 do artigo 36.º-A do Regime Jurídico doCrédito Agrícola Mútuo.

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14 De referir, contudo, que é devido à Caixa Central o pagamentode comissões inerentes às operações que as caixas de crédito agrícolarealizam em seu nome, ao abrigo do contrato de agência. O lucroinerente a cada operação bancária é assim partilhado entre a caixa decrédito agrícola que levou a efeito essa operação e a Caixa Central.

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4. Trajectos recentes e problemáticas emergentes

Sendo que as organizações do terceiro sector que inte-gram o sistema financeiro português são as caixas de créditoagrícola mútuo e as caixas económicas, verificamos que ambos ostipos de instituições registaram, no passado recente, percur-sos muito diferenciados. Na verdade, enquanto que as caixasde crédito agrícola mútuo têm crescido quase ininterrup-tamente – tanto em número de balcões e funcionários,como em volume de operações realizadas –, o número decaixas económicas não tem cessado de decrescer, sendo, namaioria dos casos, as caixas extintas absorvidas pelo Monte-pio Geral.

Atenda-se, porém, a que o número de caixas de créditoagrícola mútuo registadas junto do Banco de Portugal temvindo também a decrescer, o que é devido à ocorrência demúltiplas fusões, precisamente com o objectivo de dotar ascaixas de crédito agrícola de maior visibilidade e de maiordimensão crítica nos contextos em que se inserem. Aliás, apossibilidade de ocorrência de fusões, entre duas ou maiscaixas, surgiu reforçada na sequência da redacção que oartigo 45.º, do Decreto-Lei n.º 230/95, de 12 de Setembro,veio conferir ao Regime Jurídico do Crédito Agrícola Mú-tuo. Enquanto que no número 1 do artigo 45.º, do Decreto--Lei n.º 24/91, de 11 de Janeiro, se autoriza «a fusão de duasou mais caixas agrícolas desde que, para além dos requisitosprevistos na demais legislação aplicável, estejam sediadas namesma região autónoma ou no mesmo município ou emmunicípios contíguos, e a caixa resultante da fusão nãoabranger área superior à de três municípios», o novo ordena-mento não estabelece qualquer restrição quanto à área deactuação da nova caixa de crédito, podendo esta ir para alémdos três municípios. Muitas foram as caixas de crédito que,no passado recente, conheceram processos de fusão, dos

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quais resultaram novas entidades, com áreas de actuação bas-tante vastas, como teremos ocasião de observar.

QUADRO I.1 – Evolução das caixas de crédito agrícola mútuo (**)

nd – não disponível.(**) – Inclui a Caixa Central.(***) – A margem financeira corresponde à diferença entre juros e proveitos equiparados e juros e custosequiparados.Fonte: INE, Estatísticas Monetárias e Financeiras, anos de 1994 a 2000, e BANCO DE PORTUGAL,Relatórios do Conselho de Administração, anos de 2001 a 2003.

Os elementos contidos no quadro I.1 corroboram astendências anteriormente descritas no que concerne às caixasde crédito agrícola mútuo. Já os valores inscritos no quadroI.2 ilustram as transformações ocorridas, durante a últimadécada, ao nível das caixas económicas.

(valores monetários em milhões de euros)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

N.º de

instituições 204 187 176 164 159 147 143 137 131 126

N.º de balcões 491 500 508 517 526 547 572 664 697 705

Pessoal ao

serviço 3.269 3.281 3.317 3.375 3.454 3.443 3.512 3.367 2.929 2.941

Crédito a

clientes 1.869,6 1.947,8 2.080,6 2.396,1 2.716,4 3.151,6 3.638,7 5.286,0 5.938,0 6.384

Activo 3.804,6 4.323,3 4.733,9 5.179,5 5.665,3 6.273,2 6.934,7 8.106 8.608,0 9.119

Margem financeira (***) 131,3 131,2 156,5 190,4 229,3 223,7 240,8 295,11 325,51 nd

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QUADRO I.2 – Evolução das caixas económicas (****)

nd – não disponível.(***) – A margem financeira corresponde à diferença entre juros e proveitos equiparados e juros e custosequiparados.(****) – Não inclui a Caixa Económica de Lisboa, anexa ao Montepio Geral.Fonte: INE, Estatísticas Monetárias e Financeiras, anos de 1994 a 2000, e BANCO DE PORTUGAL,Relatórios do Conselho de Administração, anos de 2001 a 2003.

Para além da redução do número de instituições e dopessoal ao serviço, observamos, ainda, no caso das caixaseconómicas, a queda significativa dos indicadores de activi-dade, mormente após 2001.

Os elementos atrás apontados levam-nos a formular umconjunto de questões relativas ao passado recente e às pers-pectivas de futuro, tanto das caixas de crédito agrícola mú-tuo como das caixas económicas.

No que concerne às primeiras, importa, desde logo,avaliar em que medida a prossecução de estratégias de âm-bito local tem constituído factor determinante do seu sucesso.

Porém, o vasto elenco de actividades que lhes são per-mitidas leva-nos a reflectir se a classificação das caixas decrédito agrícola mútuo como instituições de crédito as afastados propósitos iniciais do movimento cooperativo. Recor-de-se que, recentemente, se legislou no sentido de permitir,

(valores monetários em milhões de euros)

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 N.º de

instituições 7 7 7 6 6 6 5 5 4 4

N.º de

balcões 16 17 17 16 17 19 19 20 12 13

Pessoal ao

serviço 223 221 222 161 160 160 150 145 81 80

Crédito a

clientes 163,0 188,0 202,2 122,2 145,8 151,6 172,7 202,0 133,0 131

Activo 307,2 351,3 359,1 265,1 275,7 308,7 326,5 339,0 213,0 233

Margem

financeira

(***) 12,9 12,6 12,6 5,1 8,6 7,1 8,8 9,7 6,0 nd

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em certos casos, a concessão de crédito a indivíduos que nãosejam associados15 das caixas de crédito agrícola mútuo,como era uso acontecer. Recorde-se, também, que o nú-mero 1 do artigo 28.º, do Decreto-Lei n.º 230/95, de 12 deSetembro, estipulava, de modo inequívoco: «Só os associa-dos das caixas agrícolas podem beneficiar das operações decrédito por elas praticadas». Tal alargamento esbateu forte-mente o pendor cooperativo das caixas de crédito.

Assim sendo, ocorre questionar se o alargamento dasactividades das caixas de crédito agrícola mútuo as descarac-teriza, confundindo-as com as demais instituições financeirase abrindo caminho ao que Bidet denominou de riscos de bana-lização16. No próprio Preâmbulo do Decreto-Lei n.º 230/95,de 12 de Setembro, alerta-se para a possibilidade de ocor-rência de «um desvio do modelo cooperativista puro plena-mente justificado pelo facto de se tratar de instituições decrédito». Mais adiante, no mesmo Preâmbulo, pode ler-se:«Visa-se, com o conjunto de alterações ora introduzidas,dotar o regime jurídico do crédito agrícola mútuo e as coo-perativas de crédito agrícola de um enquadramento legisla-tivo que permita a um tempo o desenvolvimento das vir-tualidades associadas ao cooperativismo mutualista e a defesados princípios prudenciais que devem reger a actividade dequalquer instituição de crédito».

Ainda entre os denominados riscos de banalização, ou,de outro modo, entre as alterações que se consubstanciaramnum afastamento dos propósitos iniciais do movimento coo-perativo, salientamos as decorrentes do estipulado pelo nú-mero 3 do artigo 21.º, do Decreto-Lei n.º 230/95, de 12 de

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15 O estatuto de associado (ou cooperante) é adquirido através dopagamento de uma quotização à caixa de crédito agrícola mútuo respec-tiva.

16 Cfr. E. BIDET, L’économie sociale, pp. 156-161.

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Setembro, e que consagra a possibilidade de a gestão correntedas caixas de crédito agrícola mútuo ser exercida por pessoasnão associadas.

Se atendermos à redacção do número 1 do artigo 21.ºdaquele Decreto-Lei, verificaremos que «A direcção deveser constituída por um número ímpar de membros, no mí-nimo de três, com poderes de orientação efectiva da activi-dade da caixa agrícola». No número 2 do mesmo artigo,estabelece-se que «A gestão corrente da caixa agrícola seráconfiada a, pelo menos, dois dos membros da direcção».Enquanto isso, pelo disposto no número 3, abrem-se defini-tivamente as portas das caixas de crédito agrícola a umagestão profissionalizada, uma vez que «no máximo dois vo-gais da direcção poderão ser escolhidos de entre pessoas nãoassociadas da caixa agrícola». Ora não existe na lei qualquertipo de entrave a que esses vogais não associados sejam,precisamente, os que exercem funções directivas, pelo que agestão corrente da caixas de crédito pode, no limite, serconfiada a indivíduos que não se revejam nos princípios docooperativismo.

Neste contexto, considere-se o quadro analítico pro-posto por Hudson, relativo ao ciclo de vida das organizaçõesdo terceiro sector, no qual identifica as seguintes fases: i)criação, ii) crescimento, iii) estabilização, iv) maturidade e,por último v) rejuvenescimento. Hudson admite que en-quanto na primeira fase a gestão é exercida pelos fundadoresda organização, nas fases seguintes o exercício dessas funçõesé, eventualmente, entregue profissionais17.

Recorrendo a idêntico quadro analítico, Werther Jr. eBerman avançam que «A introdução de uma gestão profis-sional complica a missão destas organizações, no sentido em

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17 Cfr. M. HUDSON, Managing without profit, pp. 44 e segs.

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que as necessidades pessoais e as aspirações dos gestores tor-nam-se outro dos elementos a ter em conta no processo degestão»18.

Porém, tanto Husdon como Werther Jr. e Bermanperspectivam a mudança como algo inevitável na vida destasinstituições. Longe de se tratar de um processo linear ehomogéneo, Werther Jr. e Berman sustentam que «O modocomo as organizações do terceiro sector percorrem estasfases mostra a sua eficiência e condiciona a sua própria sobre-vivência»19.

Hudson, por sua vez, para além de aludir à existênciade fronteiras ténues entre o terceiro sector e os sectorespúblico e privado, considera que «Ao longo dos anos, temhavido movimentos consideráveis através das fronteiras dosvários sectores (...). Algumas empresas de construção e socie-dades mútuas fazem agora parte do sector privado, operandoem condições concorrenciais com entidades de carácter lu-crativo»20.

Deste modo, a adopção de filosofias inerentes ao sectorprivado e maxime o recurso a gestores profissionais, surge,aos olhos destes autores, quase como consequência irrefu-tável no âmbito das organizações do terceiro sector. Comoclaramente sintetizam Werther Jr. e Berman, «À medida queas organizações são conduzidas a um profissionalismo cres-cente, os fundadores são, de modo frequente, substituídospor gestores profissionais»21.

Outro dos pontos a merecer comentário é o que decorreda redacção que o Decreto-Lei n.º 230/95 conferiu ao artigo

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18 Cfr. W. B. WERTHER JR. e E. M. BERMAN, Third Sector Mana-gement, p. 10.

19 Cfr. ibidem, p. 7.20 Cfr. M. HUDSON, Managing without profit, p. 11.21 Cfr. ibidem.

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43.º, referente à aplicação dos resultados das caixas. Enquantoque no Decreto-Lei n.º 24/91 se estabelece que os resul-tados obtidos pelas caixas de crédito agrícola mútuo devemser «obrigatoriamente integrados em reservas, não havendolugar, em caso algum, à distribuição de excedentes pelosassociados», o Decreto-Lei n.º 230/95 vem permitir essapossibilidade. Assim sendo, de acordo com a nova redacção,uma vez salvaguardada a constituição das reservas legais, osresultados obtidos pelas caixas podem «retornar aos associa-dos sob a forma de remuneração dos títulos de capital (...)nos termos do código Cooperativo».

Com esta alteração, as caixas de crédito agrícola mútuodeixam de observar um dos três atributos tipificados porHudson como sendo os elementos que identificam as orga-nizações do terceiro sector. Entre esses elementos, Hudsonaponta: i) terem sido constituídas, em primeira análise, mo-vidas por razões de índole social e não por objectivos lucra-tivos, ii) serem independentes do Estado, dirigidas por gru-pos autónomos de pessoas, e iii) reinvestirem todos os seusexcedentes financeiros em prole dos objectivos da organi-zação22.

A “limitação da não distribuição” (nondistribution cons-traint), assim denominada por Oster, constitui, segundo estaautora, um mecanismo de salvaguarda no seio das organiza-ções do terceiro sector, ao impedir que os membros dessasorganizações reclamem o seu controle e desvirtuem os seuspropósitos iniciais23.

Mas a aproximação das caixas de crédito à generalidadedas instituições bancárias ocorreu também por via de aspectos

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22 Cfr. ibidem, p. 9.23 Cfr. S. M. OSTER, Strategic Management of Nonprofit Organizations,

p. 5.

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menos favoráveis ao desenvolvimento da sua actividade.Recorde-se que, durante largo tempo, os juros de depósitosconstituídos junto das caixas de crédito agrícola não se encon-travam sujeitas à taxa liberatória de 20%, ao mesmo tempoque as reservas de caixa a que se encontravam obrigadas sesituavam em níveis inferiores aos da restante banca.

Ainda hoje as caixas de crédito agrícola mútuo bene-ficiam, em termos fiscais, de uma situação de excepção.Enquanto sujeitos passivos de IRC, tal como decorre daalínea a), número 1, do artigo 2.º do CIRC, a taxa a aplicarao resultado tributável procedente de operações com asso-ciados é de 20%; por seu turno, ao resultado tributávelproveniente de operações com não associados ou de activi-dades alheias aos fins cooperativos será aplicada a taxa geral.

Já no que se refere às caixas económicas, a questão fun-damental é a de saber por que razão estas instituições decrédito não tiveram a capacidade de permanecer actuantes,perante o crescimento do próprio sistema financeiro por-tuguês, tendo recorrido, fundamentalmente, a estratégias deparceria ou sido absorvidas por outras caixas. Esta questão étanto mais pertinente se atendermos ao facto de, noutrospaíses, instituições suas congéneres ocuparem lugares cimei-ros no contexto dos respectivos sistemas financeiros24.

Procuraremos esclarecer estes aspectos no ponto se-guinte, através da realização de trabalho empírico.

5. Metodologia

De modo a obtermos uma primeira perspectiva relati-vamente às problemáticas descritas na secção anterior, e

________________________

24 Tal é o caso das cajas de ahorros, em Espanha.

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atendendo às diferenças encontras na evolução recente deambas as realidades em apreço, optámos pela adopção demetodologias também elas diferentes.

No caso das caixas de crédito agrícola mútuo, decidi-mos pela realização de um inquérito25, remetido por viapostal; enquanto isso, no caso das caixas económicas, dado oreduzido número de entidades em observação, considerou--se indicada a realização de pequenas entrevistas via telefone26.

O inquérito destinado às caixas de crédito agrícola foiremetido e acompanhado de um envelope de Porte Pago,no final de Junho de 2003, às 125 caixas de crédito agrícolamútuo que à data se encontravam registadas junto do Bancode Portugal e cujo elenco apresentamos no Anexo III 27.

Tal inquérito é composto por 20 questões, distribuídaspor quatro grupos, referentes aos seguintes aspectos: I) Iden-tificação; II) Caracterização da caixa de crédito agrícola mútuo; III)Caracterização da actividade desenvolvida; e, por último, IV)Recolha de opiniões.

O inquérito principia com um bloco de seis questõesdestinadas a traçar o perfil do inquirido. Para além do sexo(questão número um) e da idade (questão número dois),indaga-se, também, quanto à função desempenhada no âm-bito da caixa de crédito agrícola mútuo respectiva (questãonúmero três). Por seu turno, a questão número quatro pre-tende averiguar o tempo a que os inquiridos desempenhama presente função, sendo que a questão número cinco inter-roga acerca do tempo a que os inquiridos integram o sistema

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25 Inclui-se o respectivo formulário no Anexo I.26 Transcreve-se, no Anexo II, o guião utilizado nessas entrevistas.27 Não considerámos a Caixa Central para efeitos de lançamento do

inquérito.

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de crédito agrícola mútuo. Enquanto isso, a questão númeroseis surge com o propósito de averiguar a eventualidade de oinquirido ter exercido funções em outro tipo de instituiçãode crédito. A inclusão de questões desta natureza deve-se aofacto de o percurso pessoal do inquirido, mormente as expe-riências desenvolvidas noutro tipo de instituições financeiras,poder condicionar, de modo decisivo, as apreciações relati-vamente às particularidades e às potencialidades das caixas decrédito agrícola mútuo como instituições de crédito; daí quese afigure de primordial importância conhecer, ainda que atraço grosso, os trajectos profissionais respectivos.

O segundo grupo de questões procura caracterizar cadauma das caixas de crédito agrícola mútuo observadas. Assim sendo,a questão número sete refere-se à data de constituição dascaixas de crédito agrícola mútuo, enquanto a questãonúmero oito pretende conhecer qual o distrito em que selocalizam.

Já a questão número nove tem como propósito avaliarqual a área geográfica de actuação registada junto do Bancode Portugal, atendendo à redacção conferida pelo Decreto--Lei n.º 230/95, de 12 de Setembro, ao artigo 10.º, número1, alínea a), do Regime Jurídico do Crédito Agrícola Mú-tuo. Este Regime, através do artigo 12.º, número 1, estabe-lece que «As caixas agrícolas têm âmbito local, não podendoser constituídas as que se proponham exercer a sua activida-de em área que exceda a do município onde tiverem sede,salvo nos casos em que nos municípios limítrofes não existanenhuma outra em funcionamento ou se o excesso resultarda fusão de caixas agrícolas já existentes»; por sua vez, seobservarmos a redacção que o Decreto-Lei n.º 320/97, de 25de Novembro, atribui ao artigo 13.º, número 1, do Regimeem apreço, verificamos que «Precedendo autorização doBanco de Portugal, as caixas agrícolas podem instalar delega-ções na sua área de acção ou nos municípios limítrofes em

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que não exista nenhuma outra caixa agrícola em funciona-mento». Decorrente do exposto, apontam-se no formulárioas seguintes hipóteses: 1) menos que o concelho; 2) o concelho; 3)mais que o concelho.

Também a questão número dez visa caracterizar o meiono qual se insere cada caixa de crédito. Em nosso entendi-mento, tanto o distrito em que se localizam, como as parti-cularidades do contexto envolvente, podem condicionar, demodo decisivo, não só o entendimento dos inquiridos comoos próprios percursos e estratégias de cada uma das caixas emestudo. Deste modo, na questão número dez, contemplam--se várias possibilidades no que concerne à região, a saber: 1)Urbana, de grandes dimensões; 2) Urbana, de pequenas dimensões;3) Rural industrializada e 4) Rural profunda.

Embora sabendo que uma larga maioria das caixas decrédito agrícola mútuo se encontra integrada no SICAM,através da questão número onze pretendemos saber, para ocaso de cada caixa, o que sucede neste domínio. A finalidadedesta questão é, sobretudo, a de registar a opinião dos inqui-ridos no que se reporta às vantagens e aos inconvenientes doSistema Integrado de Crédito Agrícola Mútuo, bem como àsua operacionalidade e eficiência.

Atendendo a que, no passado recente, as caixas de cré-dito agrícola mútuo foram atingidas, em simultâneo, poruma onda de fusões, mas também de disseminação e decriação de novos balcões, a questão número doze pretendeapurar o número de balcões que, no presente, compõemcada caixa.

O objectivo da questão número treze é o de avaliar ascondições de mercado em que cada caixa opera. Se é certoque em determinadas regiões do país a cobertura bancária éfrágil, onde as caixas de crédito agrícola poderão encontrarterreno propício ao seu desenvolvimento, em outras áreas,principalmente nas regiões litorais e nos grandes centros

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urbanos, a concorrência bancária é especialmente agressiva,encontrado as caixas de crédito contextos competitivos e atémesmo adversos à sua expansão. Move-nos, pois, o propósi-to de aferir em que medida a existência de outras institui-ções de crédito condiciona ou não o sucesso das caixas decrédito agrícola mútuo.

A questão número catorze é uma questão aberta, naqual se solicita o relato do facto mais marcante, ocorrido nopassado recente, na vida da instituição, sendo de prever amenção da ocorrência de fusões, da abertura de novos bal-cões ou a alusão a episódios que se tenham repercutidosobre o crédito agrícola em geral.

O grupo de questões que se segue destina-se a caracte-rizar a actividade desenvolvida pelas caixas de crédito agrícola mú-tuo, muito em especial, o perfil da clientela e das operaçõesbancárias desenvolvidas.

Nesse sentido, na questão número quinze, são apre-sentados oito segmentos de clientes, devendo as caixas decrédito assinalar, do mais para o menos importante, quaissão os mais relevantes para cada caso. Consideraram-se asseguintes possibilidades: 1) Empresários industriais e comer-ciais; 2) Agricultores; 3) Reformados; 4) Jovens; 5) Profissionaisliberais; 6) Funcionários públicos; 7) Empregados por contra deoutrem; 8) Outros. Pretendemos, assim, aferir em que me-dida o poder de alcance das caixas de crédito agrícola seestende a outros segmentos da clientela para além dos jáesperados agricultores.

Na questão número dezasseis são referidas sete catego-rias de produtos bancários, devendo, do mesmo modo, serapontados, do mais para o menos importante, quais são osmais procurados em cada contexto. Incluímos os produtosseguintes: 1) Operações de crédito agrícola; 2) Crédito à habitação;3) Outras operações de crédito; 4) Produtos de poupança; 5) Car-tões de débito e de crédito; 6) Seguros; 7) Outros. Tal como na

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questão anterior, também aqui se pretende conhecer em quemedida os produtos comercializados pelas caixas se afastamdas tradicionais operações de crédito agrícola.

O último bloco de questões recolhe a opinião dos inquiri-dos relativamente a um conjunto de problemáticas sensíveisno domínio do crédito agrícola mútuo.

Assim sendo, a questão número dezassete avalia a ade-quabilidade dos produtos oferecidos pelas caixas de créditoagrícola mútuo perante as necessidades das respectivas clien-telas. Enquanto isso, a questão número dezoito interrogasobre a possibilidade de as caixas de crédito agrícola mútuoalargarem, no futuro, o seu campo de acção a outras áreas,sendo solicitada a menção dessas áreas, em caso de entendi-mento afirmativo. A inclusão de uma questão desta naturezafoi motivada não só pela possibilidade de as caixas pretende-rem alargar o elenco de operações previstas no contrato deagência, tornando-se, cada vez mais, sósias das instituiçõesbancárias, como pela eventualidade de as caixas marcarem osseus traços diferenciadores, nomeadamente através da inte-racção privilegiada com as comunidades em que se encon-tram inseridas.

Na questão número dezanove, os inquiridos são con-frontados com quatro frases, encerrando, cada uma delas,diferentes entendimentos relativamente ao crédito agrícola;também aqui devem ser classificados, do mais para o menosimportante, cada um destes entendimentos.

Por último, na questão número vinte é solicitado queos inquiridos exponham a sua perspectiva quanto às poten-cialidades e aos limites que caracterizam o crédito agrícolamútuo, num contexto cada vez mais alargado de concor-rência bancária.

Os resultados obtidos encontram-se descritos na secçãoseguinte.

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Por sua vez, com as necessárias adaptações, o guião utili-zado nas entrevistas telefónicas conduzidas junto das caixas eco-nómicas que, no final de Junho de 2003, se encontravamregistadas junto do Banco de Portugal, cobre, sensivelmente,os mesmos aspectos que os contemplados no inquérito diri-gido às caixas de crédito. Assim sendo, excluíram-se as ques-tões específicas do crédito agrícola mútuo, nomeadamente asquestões relativas à pertença ao SICAM. Adaptaram-se, ain-da, as questões atinentes à caracterização dos segmentos declientela e das operações realizadas, tendo sido as questõesde recolha de opiniões também elas reformuladas, em fun-ção das particularidades das caixas económicas.

Excluímos do nosso estudo a Caixa Económica de Lis-boa, vulgo Montepio Geral, que, pela sua dimensão, poderiasubverter os resultados do trabalho empírico que se pretendeconduzir.

6. Resultados obtidos

Dos 125 inquéritos enviados às caixas de crédito agrí-cola mútuo, obtiveram-se 45 respostas, o que perfaz umataxa de resposta de 36%. Os inquiridos responderam maiori-tariamente durante o mês de Julho, ainda que alguns formu-lários tenham sido devolvidos já durante o mês de Agosto de2003.

O questionário foi predominantemente respondido porhomens (84,4% dos inquiridos), tal como decorre dos valo-res inscritos no quadro seguinte e que dão conta das res-postas à questão número um. Em nosso entender, tal pre-ponderância fica a dever-se ao facto de o formulário ter sidodestinado às direcções das caixas de crédito, cujas funçõessão fundamentalmente desempenhadas por homens, não tra-duzindo, este resultado, a participação das mulheres tanto na

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Escalões etários N.º de respostas

< 25 anos 1

≥ 25 anos e < 35 anos 5

≥ 35 anos e < 45 anos 20

≥ 45 anos e < 55 anos 14

≥ 55 anos e < 65 anos 2

≥ 65 anos 2

Não sabe/não responde 1

TOTAL 45

banca em geral, como no sector do crédito agrícola emparticular28.

Quadro II.1 – Inquiridos por género

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Já na questão número dois, concernente à idade dosinquiridos, verifica-se o peso significativo dos indivíduoscom idades compreendidas entre os 35 e os 55 anos (75,6%das observações), como se ilustra no quadro seguinte29.

Quadro II.2 – Inquiridos por escalão etário

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

________________________

28 De acordo com os dados apresentados no balanço social de 2002,o efectivo das caixas de crédito integradas no SICAM, em 31 de Dezem-bro desse ano, era de 3.624 empregados, dos quais 2.075 eram homens(57,3%) e 1.549 eram mulheres (42,7%).

29 O balanço social de 2002 refere que, à data de 31 de Dezembrodesse ano, no caso das caixas de crédito agrícola integradas no SICAM,

Género N.º de respostas

Homens 38

Mulheres 7

TOTAL 45

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Função N.º de respostas

Director 14

Gerente 19

Outra 12

TOTAL 45

É de esclarecer a existência de dois indivíduos comidade superior a 65 anos, a idade legal de acesso à reformapara o caso português. No sector bancário, a permanênciaem actividade de indivíduos com mais de 65 anos é relativa-mente comum, quando se trata do exercício de funçõesdirectivas e as experiências respectivas assim o justifiquem.

Muito embora o questionário tenha sido dirigido àsdirecções das caixas de crédito, encontramos, entre os res-pondentes, um número significativo de indivíduos (26,7%)que exercem outras funções para além das de director ou degerente; as respostas à questão número três permitiram cons-truir o quadro que segue.

Quadro II.3 – Inquiridos por função desempenhada

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Entre essas outras funções, destacam-se as que podemser equiparadas às de direcção/gerência, no caso dos respon-sáveis de balcão, directores adjuntos ou subgerentes, aponta-das em 6 das respostas obtidas; são também de salientar asfunções de auditor interno, referidas em 2 das respostas, etambém as de contabilista, mencionadas em outros 2 doscasos em apreço.

________________________

2.104 funcionários tinham idades compreendidas entre os 15 e os 39anos, o que perfaz cerca de 58% do total. Atenda-se, porém, que oinquérito foi respondido por indivíduos com responsabilidades no âmbitodo crédito agrícola, logo naturalmente com idades mais avançadas.

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De apontar, ainda, que os indivíduos que exercem fun-ções de direcção são todos do sexo masculino.

Em termos genéricos, podemos concluir que os inquiri-dos possuem um conhecimento global adequado do créditoagrícola, sendo de revelar as suas respostas e opiniões.

Tal entendimento surge reforçado se atendermos aosresultados obtidos por intermédio da questão número qua-tro, relativa à experiência na função exercida.

Quadro II.4 – Inquiridos por antiguidade na função

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Atendendo aos valores inscritos no quadro II.4, verifi-camos que mais de metade dos inquiridos (51,1%) contacom mais de 10 anos de experiência no contexto da fun-ção desempenhada ao momento, sendo mesmo que 11,1%desses indivíduos se encontra nessa função há mais de 20anos.

Através da questão número cinco, observámos a anti-guidade dos inquiridos no contexto do crédito agrícolamútuo, apresentando-se os resultados obtidos no quadroseguinte.

Anos na função N.º de respostas

Menos de 1 ano 2

De 1 até 5 anos 10

De 5 até 10 anos 10

De 10 até 20 anos 18

20 ou mais anos 5

TOTAL 45

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Quadro II.5 – Inquiridos por antiguidade no crédito agrícola mútuo

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

É de assinalar o facto de mais de 80% dos respondentescontar com 10 ou mais anos de experiência neste tipo deorganizações, sendo, ainda, que nenhum deles permaneceno sistema há menos de um ano30.

Perante tais resultados, não será de prever que os inqui-ridos sejam portadores de experiências laborais anteriores aonível de outras instituições financeiras. Na verdade, de acor-do com as respostas à questão número seis, verifica-se queapenas 7 dos indivíduos, entre os 45 considerados, exerce-ram funções no âmbito de outras instituições similares.

Quadro II.6 – Inquiridos por experiência no sistema financeiro

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.________________________

30 Quanto ao nível de antiguidade observado para os funcionáriosdo crédito agrícola em geral, de acordo com o balanço social de 2002,para as empresas pertencentes ao SICAM, 1.785 dos 3.624 colaboradores(cerca de 49%) contavam com mais de 5 mas menos de 15 anos de expe-riência no sector; enquanto isso, 1.030 desses funcionários (cerca de 28%)permaneciam no contexto do crédito agrícola há mais de 15 anos.

Anos no crédito agrícola N.º de respostas

Menos de 1 ano 0

De 1 até 5 anos 4

De 5 até 10 anos 4

De 10 até 20 anos 22

20 ou mais anos 15

TOTAL 45

Funções já exercidas N.º de respostas

Já exerceram funções no âmbito de

outras instituições financeiras 7

No sistema financeiro, exerceram

funções apenas no domínio do

crédito agrícola 38

TOTAL 45

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De um modo global, podemos afirmar que os inquiridossão maioritariamente homens, com idades compreendidasentre os 35 e os 55 anos e conhecedores do crédito agrícolaem geral, considerando tanto as vastas experiências, bemcomo as funções desempenhadas.

No que se refere aos resultados da questão número sete,relativa à data de constituição das caixas de crédito, toma-ram-se como marcos temporais os anos em que ocorreramepisódios relevantes no âmbito do crédito agrícola mútuo eque já descrevemos anteriormente.

Quadro II.7 – Caixas de crédito observadas por data de constituição

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Sem prejuízo da amplitude do número de anos consi-derados, o maior número de caixas observadas surgiu noperíodo compreendido entre 1929 e 1982, justamente quan-do o crédito agrícola se encontrava sob a tutela da CaixaGeral de Depósitos e não dispunha de um ordenamentojurídico próprio.

No concerne às respostas à questão número oito, verifi-camos que as caixas de crédito agrícola mútuo observadas sedisseminam por todo o território nacional; é, porém, dereferir o elevado número de respostas registadas em certosdistritos, como é o caso de Viseu, com 20% das respostas,

Data de constituição N.º de respostas

Até 1919 7

Entre 1920 e 1929 7

Entre 1930 e 1982 8

Entre 1983 e 1991 7

Entre 1992 e 1995 2

Após 1996 2

Não sabe/não responde 2

TOTAL 45

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bem como, no extremo oposto, a ausência de respostas emdistritos com forte preponderância do sector agrícola, comoé o distrito de Évora.

Quadro II.8 – Caixas de crédito observadas por distrito

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

No que concerne à área de actuação das caixas observa-das – e cujos resultados se evidenciam no quadro II.9 –,sobressai o elevado número de caixas de crédito cujo poderde alcance se estende para além do concelho em que estãoinseridas. Tal é, em nosso entender, resultado das diversasfusões ocorridas, entre caixas que operavam em concelhosadjacentes. No extremo oposto, encontramos apenas 3 cai-xas de crédito cujas áreas de actuação ficam aquém dosrespectivos concelhos.

Distritos N.º de respostasAveiro 5

Beja 1

Braga 2

Bragança 2

Castelo Branco 0

Coimbra 2

Évora 0

Faro 2

Guarda 2

Leiria 3

Lisboa 3

Portalegre 2

Porto 1

Santarém 4

Setúbal 1

Viana do Castelo 1

Vila Real 4

Viseu 9

Não sabe/não responde 1

TOTAL 45

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Quadro II.9 – Caixas de crédito observadaspor extensão da área de actuação

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Já no que se refere às características dessas áreas deactuação, verificamos que as caixas em estudo se repartemde modo sensivelmente idêntico entre áreas urbanas (4+18)e zonas rurais (9+14). Será, porém, de atender aos entendi-mentos manifestados pelas caixas inseridas nos extremos, ouseja, pelas 4 caixas inseridas zonas urbanas de grandes dimen-sões e pelas 14 caixas provenientes de zonas rurais profundas.Por certo, a tipologia das respectivas clientelas, bem como adimensão e a natureza dos desafios que enfrentam, mere-cerão análise mais cuidada.

Quadro II.10 – Caixas de crédito observadaspor tipo de área de actuação

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Como era esperado, uma larga maioria das caixas decrédito observadas integra o SICAM, tal como se evidenciano quadro número II.11. Porém, é de atender às motivaçõesdas 2 caixas que não integram o referido sistema e, sobretudo,

Área de acção N.º de respostas

Menos que o concelho 3

O concelho 15

Mais que o concelho 27

TOTAL 45

Características da área de actuação N.º de respostas

Urbana, de grandes dimensões 4

Urbana, de pequenas dimensões 18

Rural industrializada 9

Rural profunda 14

TOTAL 45

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avaliar em que medida os seus entendimentos e expectativasfuturas diferem das suas congéneres31.

Quadro II.11 – Caixas de crédito observadas integradas no SICAM

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

No que se refere ao número de balcões, verificamos serreduzido o número de caixas de crédito agrícola que apenasdispõe de um balcão, no caso, o balcão-sede. Cruzando osresultados obtidos nesta questão com as respostas às questõesnove e dez, verificamos que algumas destas caixas têm umaárea de actuação que fica aquém do concelho e que se inse-rem em áreas urbanas de grandes dimensões.

Quadro II.12 – Caixas de crédito observadas por número de balcões

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Tal como se ilustra através dos quadros II.13/A e II.13/B,uma clara maioria das caixas de crédito observadas defronta--se com a concorrência de outras instituições, deixando-seantever, em certos casos, contextos seriamente competitivos,

________________________

31 As duas caixas apontaram a discordância relativamente às linhasgerais emanadas centralmente para o crédito agrícola como o motivopróximo da saída do SICAM.

Número de balcões N.º de respostas

Um 7

De dois até cinco 18

De cinco até dez 16

Dez ou mais 4

TOTAL 45

Participação no SICAM N.º de respostas

A CCAM integra o SICAM 43

A CCAM não integra o SICAM 2

TOTAL 45

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particularmente quando se trata de caixas inseridas em zonasurbanas de grandes dimensões.

Quadro II.13/A – Concorrência das caixas observadas

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Quadro II.13/B – Caixas observadas por número de instituiçõesde crédito concorrentes

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

São, porém, de tecer dois reparos. Atendendo aos dadoscontidos no quadro II.13/A, importa esclarecer que as duascaixas de crédito que apontaram a inexistência de institui-ções concorrentes se inserem em áreas rurais profundas. Porsua vez, no que concerne ao quadro II.13/B, as caixas queapontaram apenas uma instituição concorrente se referem,certamente, à Caixa Geral de Depósitos, por esta instituiçãopossuir balcões em todas as sedes de concelho do territórionacional.

No que se refere à questão número catorze, a ocorrên-cia de fusões, bem como o reconhecimento e o alargamentodas actividades desenvolvidas, figuram, destacados, entre osepisódios considerados como mais marcantes na vida dascaixas de crédito agrícola mútuo.

Tipo de concorrência N.º de respostas

Existem outras instituições de crédito a

operar na área de actuação da caixa 43

Não existem outras instituições de crédito

a operar na área de actuação da caixa 2

TOTAL 45

Número de instituições concorrentes N.º de respostas

Uma instituição de crédito 2

De duas até cinco instituições de crédito 10

De cinco até dez instituições de crédito 12

Dez ou mais instituições de crédito 11

Todas as instituições de crédito 8

TOTAL 43

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Quadro II.14 – Episódios marcantes no contexto das caixas observadas

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

É, porém, de assinalar a menção a episódios que afec-taram negativamente a vida das caixas de crédito, nomeada-mente a ocorrência de problemas de carácter financeiro.Saliente-se que durante a década de noventa, foram obser-vadas, no nosso país, algumas situações de insolvência decaixas de crédito agrícola mútuo, que, embora pontuais,ensombraram a imagem do crédito agrícola em geral.

Na resposta à questão número quinze, relativa aos seg-mentos de clientela mais significativos, destacam-se, neces-sariamente, os agricultores, identificados por 19 das caixasobservadas como o núcleo de clientela preponderante; é derelevar, também, a importância assumida pelos empresáriosindustriais e comerciais, que constituem o segmento de clien-tela mais relevante em 13 dos casos observados.

Episódios elencados N.º de respostas

Ocorrência de fusões 16

Alargamento e reconhecimento da actividade desenvolvida 6

Utilização de novos meios informáticos/adopção do RURIS 4

Problemas financeiros e respectivo saneamento 4

Novas instalações 2

Abertura de novos balcões 2

Outros 4

Não sabe/não responde 7

TOTAL 45

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Quadro II.15 – Segmentos de clientela das caixas observadas

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Menos importantes, mas a desempenharem papéis derelevo em algumas das caixas em estudo, encontramos osreformados e os empregados por conta de outrem, assinalados como nível 3, respectivamente por 10 e 11 das caixas con-sideradas.

Ainda a sublinhar os fracos níveis atribuídos pelas cai-xas de crédito agrícola observadas a certos segmentos daclientela, nomeadamente aos jovens e aos profissionais libe-rais.

As respostas à questão número dezasseis corroboram asapreciações tecidas a propósito da questão anterior, sur-gindo as operações de crédito agrícola como a área mais rele-vante no âmbito das caixas em apreço. Também as restantesoperações de crédito assumem lugar cimeiro em 11 das caixasobservadas.

SEGMENTOS DE CLIENTES NÍVEL

1 2 3 4 5 6 7 8

Empresários industriais e comerciais 13 13 5 2 1 1 1 1

Agricultores 19 8 3 3 0 1 1 2

Reformados 0 4 11 9 4 3 6 0

Jovens 0 0 4 6 11 8 6 2

Profissionais liberais 1 3 3 5 7 15 3 0

Funcionários públicos 1 0 1 4 6 4 15 6

Empregados por conta de outrem 2 8 10 7 7 3 0 0

Outros 1 1 0 1 1 2 5 26

Não sabe/não responde 8

TOTAL 45

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Quadro II.16 – Produtos financeiros mais relevantesno contexto das caixas observadas

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Embora de um modo menos expressivo, também outrotipo de produtos financeiros, particularmente o crédito à habi-tação e os produtos de poupança, desempenham papel de relevono contexto das caixas de crédito em análise.

Merecem realce os fracos níveis atribuídos pelos inqui-ridos tanto aos cartões de débito e de crédito como aos seguros.Se pressupusermos que estes produtos são primordialmentealvo das preferências de uma clientela mais jovem, maisescolarizada e até mesmo mais “bancarizada”, surge a ques-tão de saber se as caixas de crédito agrícola englobadas nopresente estudo não terão privilegiado, ao longo do tempo,a ligação à sua clientela tradicional – os agricultores –, sempreocupações significativas com a exploração das possibilida-des de diversificação conferidas pela própria lei. Dado o seucarácter nodal no âmbito da discussão que pretendemosconduzir, retomaremos este ponto mais adiante.

Em resposta à questão número dezassete, todas as caixasde crédito consideraram que os produtos financeiros por elasoferecidos são adequados às necessidades das respectivas clien-telas, pelo que nos escusamos de evidenciar tais resultadosnum quadro, procedimento este que seguimos para as res-tantes questões.

TIPO DE PRODUTOS NÍVEL

1 2 3 4 5 6 7

Operações de crédito agrícola 18 9 2 2 2 4 1

Crédito à habitação 1 8 11 7 4 4 2

Outras operações de crédito 11 9 14 2 0 1 0

Produtos de poupança 5 9 7 11 4 1 0

Cartões de débito e de crédito 0 2 2 7 11 12 3

Seguros 1 0 1 6 13 12 4

Outros 1 0 0 2 3 4 27

Não sabe / não responde 8

TOTAL 45

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Quadro II.17 – Alargamento das actividades desenvolvidas

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Não existe consenso, entre as instituições observadas,quanto a um eventual alargamento do campo de acção dascaixas de crédito agrícola mútuo. Embora uma maioria sig-nificativa, como decorre do quadro anterior, aposte no enri-quecimento das actividades do crédito agrícola, 10 das caixasobservadas contrariam essa tendência. Ao avaliarmos as ra-zões alvitradas em ambos os casos, verificamos que as dife-renças de entendimento decorrem da própria amplitude dasoperações que é permitida a cada uma das caixas, através doscontratos de agência respectivos. Assim, os defensores donão alargamento justificam a sua opinião por tal não serevelar necessário, uma vez que o contrato de agência jápermite a realização das operações permitidas aos bancos.Enquanto isso, um número significativo de caixas pugnapor um alargamento da respectiva actividade, reivindicandodesde a concessão de crédito a não associados – operaçãoque se encontra abrangida em alguns contratos de agência –,à intervenção activa nos mercados financeiros.

A negação de um eventual alargamento da actividadenão traduz inércia e resistência à inovação por parte dealguns sectores do crédito agrícola; antes esconde a situaçãodesigual no seio das caixas de crédito agrícola mútuo no quese refere à amplitude das actividades desenvolvidas.

Por intermédio da questão número dezanove, confron-támos os inquiridos com quatro frases, encerrando, cadauma delas, entendimentos diversificados, opostos, por vezes,no tocante ao crédito agrícola em geral. Se os níveis de

Tipo de entendimento N.º de respostas

As CCAM devem alargar o seu campo de acção 35

As CCAM não devem alargar o seu campo de acção 10

TOTAL 45

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O TERCEIRO SECTOR NA ENCRUZILHADA DO SISTEMA FINANCEIRO 239

importância atribuídos às três primeiras frases parecem con-duzir a resultados ambíguos32, existe, porém, largo consensono que se refere à interacção com as comunidades em que ascaixas se inserem; na verdade, 25 das instituições observadasassinalaram com o nível 1 a frase relativa ao modo privile-giado como as caixas de crédito agrícola interagem com ascomunidades envolventes. Este parece ser, justamente, umdos traços diferenciadores destas instituições.

Quadro II.18 – Entendimento dos inquiridos relativamenteàs caixas de crédito agrícola mútuo

Fonte: Elaboração própria, de acordo com os resultados do inquérito.

Entre as caixas de crédito que responderam à questãonúmero vinte, releva a prontidão em apontar mais as poten-cialidades que as limitações do crédito agrícola mútuo.

________________________

32 Atenda-se, por exemplo, a que 19 dos inquiridos atribuíramnível 2 ao facto de as caixas de crédito agrícola mútuo serem instituiçõesde crédito como as outras, enquanto 10 desses inquiridos atribuíram omesmo nível ao facto de as caixas de crédito se encontrarem particular-mente vocacionadas para o sector agrícola.

Já a eventualidade de as caixas de crédito serem portadoras delimitações dada a sua condição de cooperativas parece não colher a preo-cupação dos inquiridos.

TIPO DE ENTENDIMENTO NÍVEL DE IMPORTÂNCIA

1 2 3 4

São instituições de crédito como as outras 8 19 7 8

São instituições de crédito especialmente

vocacionadas para o sector agrícola 5 10 19 8

São portadoras de fortes limitações

por serem cooperativas 4 2 10 26

São instituições que interagem de modo privilegiado

com as comunidades em que se inserem 25 11 6 0

Não sabe/não responde 3

TOTAL 45

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240 ANA PAULA QUELHAS

No elenco das potencialidades referidas pelas caixas decrédito, destaca-se o forte conhecimento das comunidadesem que se encontram inseridas, assumindo-se como um“banco de proximidade”. Outra das vantagens identificadas,embora por um número mais reduzido de caixas, assenta nofacto de a tomada de decisões decorrer a nível local, o que,no entendimento das caixas, se traduz em maior rapidezrelativamente à restante banca.

O princípio da banca universal representa, neste con-texto, um papel ambíguo. Por algumas das caixas observadasé considerado como uma potencialidade, na perspectiva emque permite o acesso à generalidade das operações bancárias.Sucede, porém, que o âmbito restrito das operações efectua-das surge referenciado por outras caixas como sendo umadas limitações ao exercício da sua actividade. Mais uma vez,somos confrontados com a diversidade patente no domíniodas operações permitidas às caixas de crédito; resulta, assim,que o entendimento manifestado pelos inquiridos depende,de modo significativo, da dimensão e das particularidades decada uma das caixas observadas.

No que concerne às limitações, para além do âmbitorestrito da actividade já referido, as críticas dirigem-se tam-bém à organização do sector e à acção da própria CaixaCentral. A fragmentação do sector em unidades locais e aausência de uma política global promovida pela Caixa Cen-tral são consideradas, por algumas das caixas em estudo,como pontos fracos do crédito agrícola.

Ainda no domínio das limitações, a existência de umaclientela predominantemente rural e idosa, bem como afragilidade das acções de comercialização conduzidas, sur-gem, ainda que pontualmente, identificadas como entravesao desenvolvimento do sector.

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No que concerne às caixas económicas, apesar dos esfor-ços desenvolvidos e dos contactos telefónicos realizados,apenas foi possível colher o contributo de duas destas insti-tuições de crédito, sendo uma delas situada nas ilhas e outrano continente. Ambas as caixas facultaram visões muito dife-renciadas no que diz respeito à situação actual e às perspecti-vas de futuro.

Embora evidenciem alguns aspectos comuns, nomeada-mente o facto de ambas assinalarem longos períodos de exis-tência33 e de se encontrarem inseridas em áreas urbanas,caracterizadas por forte concorrência, as divergências insta-lam-se, sobretudo, no que se refere ao número de balcões, àamplitude das operações realizadas e ao perfil das clientelas.

Deste modo, enquanto que a caixa económica situadanas regiões autónomas conta com vários balcões, a actividadeda caixa económica situada no continente desenvolve-seapenas em um balcão; por outro lado, a primeira caixa eco-nómica apontada encontra-se autorizada a realizar as ope-rações bancárias em geral, sendo que à segunda apenas épermitido o acesso às operações autorizadas às caixas econó-micas, onde avoluma, como já referimos, o crédito hipote-cário; de reter, também, que a primeira das instituições decrédito descritas conta com uma clientela diversificada, aopasso que na segunda ponderam os próprios colaboradores efuncionários da instituição.

O desacordo entre as caixas observadas permanece noque se refere à recolha de opiniões relativas a um conjuntode pontos sensíveis neste domínio.

Para os responsáveis da primeira caixa observada, a con-corrência das restantes instituições bancárias é encarada com

________________________

33 A caixa económica situada nas ilhas foi fundada em 1894, en-quanto que a localizada no continente foi criada em 1930.

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naturalidade, sendo que, no caso da segunda, essa concor-rência é identificada como um sério constrangimento aodesenvolvimento das caixas económicas.

Ainda no que se refere ao eventual afastamento dospropósitos de cariz mutualista, a primeira instituição emapreço responsabiliza a tutela pela ausência de legislaçãoadequada que proteja a prossecução desses propósitos; en-quanto isso, de acordo com o entendimento manifestadopela outra instituição em estudo, as caixas económicas nãose afastaram dos seus propósitos iniciais, antes foi a clientelaque se afastou das caixas económicas, preferindo os produtose serviços disponibilizados pelos bancos.

À semelhança do que sucedia para as caixas de créditoagrícola observadas, também as caixas económicas pautampela diversidade de entendimentos, condicionados, em nossoentender, pelo elenco de operações que lhes é permitidorealizar.

7. (Algumas) conclusões e perspectivas

Os resultados do inquérito realizado junto das caixas decrédito agrícola mútuo permitem sublinhar dois aspectosfundamentais: por um lado, a dificuldade em encontrar umdenominador comum entre as respostas recebidas, dada aheterogeneidade que caracteriza o elenco das caixas emestudo; por outro lado, o cariz um tanto paradoxal das con-clusões obtidas.

No que se refere ao primeiro apontamento, a diversi-dade que vigora entre as caixas de crédito observadas identi-fica-se pelas respectivas localizações geográficas, pelo númerode balcões, pelas características das regiões em que se inse-rem, mas, sobretudo, pela amplitude das operações bancáriasque lhes são permitidas. A heterogeneidade patente no âmbito

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O TERCEIRO SECTOR NA ENCRUZILHADA DO SISTEMA FINANCEIRO 243

do crédito agrícola constitui, justamente, uma das conclusõesmais marcantes que o presente estudo permite formular.

Retomando o segundo aspecto apontado – inexora-velmente condicionado pelo primeiro –, o inquérito condu-zido permitiu-nos concluir que as caixas de crédito agrícolamais pujantes são também as que mais se afastaram dosobjectivos de pendor cooperativo e mais se aproximam domodelo de banca universal. Na verdade, as caixas de créditoagrícola que cederem a alguns dos denominados riscos debanalização – nomeadamente à realização de operações decrédito com indivíduos não associados e à profissionalizaçãodas gerências – afiguram-se como sendo as mais capazes,num sector caracterizado pela concorrência agressiva e pelamudança constante. Este é, justamente, outro dos pontosque nos propomos salientar no âmbito do presente estudo.

Porém, a apreciação das respostas recebidas tornou ain-da evidente o papel de relevo das caixas de crédito agrícolano seio das comunidades em que se inserem. Enquanto queos seus concorrentes, os bancos tradicionais, foram alvo, aolongo da década de noventa, de várias fusões, donde resul-taram novas instituições, portadores de novas culturas, denovas estruturas e de novas denominações sociais, as caixasde crédito agrícola mútuo, apesar dos processos de fusãoobservados em alguns casos, conseguiram preservar os modosde acção e privilegiar a estreita ligação com as comunidadesem que se inserem.

Através do desenvolvimento de “estratégias de proxi-midade”, estas instituições de crédito possibilitam o acessoaos serviços bancários e financeiros a certos segmentos deindivíduos, que dificilmente ocorreria noutras circunstâncias.Nesse sentido, podemos afirmar que as caixas de créditoagrícola são promotoras de inclusão, o que contrasta com aexclusão social normalmente apontada aos processos deglobalização. Ocorre, aqui, sublinhar as palavras de Hudson,

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ao considerar que apenas no domínio do terceiro sector épossível conciliar “empreendorismo” e consciência social34.

No domínio das caixas económicas, fomos confronta-dos com duas situações muito diferenciadas, que permitiram,em todo o caso, o esboço de algumas notas. Desde logo, àsemelhança do que sucedia para o elenco de caixas de crédi-to agrícola observadas, é a amplitude das operações bancáriasque lhes são permitidas que veicula as diferenças de entendi-mento – bem como as próprias realidades – subjacentes aestas instituições de crédito. Recorde-se que a actividade deuma das caixas económicas em estudo se confina aos pro-dutos tradicionais e aos seus associados e colaboradores,enquanto a sua congénere exerce uma acção pujante nocontexto em que se insere, uma vez que a própria legislaçãoa que estão sujeitas assim o determina.

Tomando como quadro analítico o hibridismo prevale-cente no âmbito das organizações do terceiro sector, subli-nhamos a peculiaridade das instituições em apreço, emconsequência da dificuldade em conciliar a actividade finan-ceira com objectivos de índole social. Como adverte Oster,«nem todos os sectores de actividade são enquadráveis numalógica não lucrativa»35.

Ao longo do presente trabalho, pudemos identificar oassinalável êxito com que certas instituições de crédito cum-prem aquele propósito – grosso modo, as caixas de créditoagrícola mútuo – em contraponto com os constrangimentosque se observam ao nível do exercício da actividade deoutras instituições, em particular das caixas económicas.

________________________

34 Cfr. M. HUDSON, Managing without profit, p. xvii.35 Cfr. S. M. OSTER, Strategic Management of Nonprofit Organizations,

p. 6.

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No que concerne às perspectivas de futuro das organi-zações do terceiro sector que são também instituições decrédito, retemos aqui as palavras de Jean-Jacques Surzur,quando defende que «o sector mutualista e cooperativoconstitui uma voz alternativa à gestão económica e finan-ceira “ultra-liberal” e pode constituir uma das formas deregulação do mercado»36.

Entre nós, também o entendimento de Hespanhaaponta no mesmo sentido. Embora considerando o terceirosector em termos genéricos, sustenta que «O interesse peloterceiro surge (...), neste final de século, muito marcado pelapreocupação em responder aos novos problemas com que sedefrontam as sociedades mundializadas (...). Neste quadro, oterceiro sector distingue-se, pela sua dimensão mais social,das configurações que tomara nos anos 70, quando as nacio-nalizações e a estatização da economia suscitaram um fortemovimento de reflexão alternativa. Dele se espera que cons-titua, afinal, o vector decisivo de uma inserção social quenão foi possível obter por outras formas»37.

São, porém, de dois tipos os desafios que estas institui-ções terão de enfrentar no futuro: por um lado, a capacidadede adoptar estratégias adequadas, que lhes permitam, aomesmo tempo, manter-se actuantes e promover os objecti-vos de índole social que desde sempre se propuseram; poroutro, a amplitude do elenco de operações bancárias que alei lhes consente – ou possa vir a consentir –, determinanteda visibilidade que as caixas crédito agrícola mútuo e ascaixas económicas venham a evidenciar no contexto do sis-tema financeiro.

________________________

36 Cfr. J. J. SURZUR, «Le secteur mutualiste et coopératif financier:quel devenir?», p. 261.

37 Cfr. P. HESPANHA, Os caminhos e os descaminhos do terceiro sector –A propósito da experiência portuguesa recente, p. 2.

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246 ANA PAULA QUELHAS

ANEXO I

INQUÉRITO ENVIADO ÀSCAIXAS DE CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUO

EM JUNHO DE 2003

I – IDENTIFICAÇÃO

1. Sexo: Masculino Feminino

2. Idade: _______ anos

3. Qual a função que desempenha na Caixa de Crédito Agrícola Mútuo?3.1 Director3.2 Gerente3.3 Outra

Se assinalou «Outra», por favor, indique qual. ___________________________

4. Há quanto tempo se encontra a desempenhar a presente função?

___________________________________________________________________________

5. Há quanto tempo exerce funções no contexto do crédito agrícola mútuo?

___________________________________________________________________________

6. Antes de ingressar para o crédito agrícola mútuo, exerceu funções noutro tipode instituição financeira?6.1 Sim6.2 Não

Se assinalou «Sim», indique, por favor, em que tipo de instituição e por quantotempo exerceu essa função.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

II – CARACTERIZAÇÃO DA CAIXA DE CRÉDITO AGRÍCOLAMÚTUO

7. Qual a data de constituição da Caixa de Crédito Agrícola? _______________

8. Em que distrito se localiza a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo?___________________________________________________________________________

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9. Qual a área geográfica que corresponde à área estatutária de acção dessa Caixade Crédito?9.1 Menos que o concelho9.2 O concelho9.3 Mais que o concelho

Se assinalou «Mais que o concelho», indique, por favor, qual a área geográfica decobertura.___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. Essa área de actuação insere-se numa região:10.1 Urbana, de grandes dimensões10.2 Urbana, de pequenas dimensões10.3 Rural industrializada10.4 Rural profunda

11. A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo encontra-se integrada no SICAM?11.1 Sim11.2 Não

Se assinalou «Sim», quais são, em seu entender, as vantagens e os inconvenientesde tal facto?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Se assinalou «Não», indique, por favor, os motivos que levam a essa situação.___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. Quantos balcões se encontram na dependência dessa Caixa de Crédito(incluindo o balcão principal)?

___________________________________________________________________________

13. Existem outras instituições de crédito a actuar na área de influência dessaCaixa de Crédito Agrícola?13.1 Sim13.2 Não

Se assinalou «Sim», por favor, indique quantas. __________________________

14. Qual foi, em seu entender, o episódio mais marcante na vida da instituiçãono passado recente?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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III – CARACTERIZAÇÃO DA ACTIVIDADE DESENVOLVIDA

15. Quais são os segmentos de clientela mais significativos nessa instituição?(Assinale de 1 a 8, do mais para o menos importante)

15.1 Empresários industriais e comerciais15.2 Agricultores15.3 Reformados15.4 Jovens15.5 Profissionais liberais15.6 Funcionários públicos15.7 Empregados por conta de outrem15.8 Outros

16. Nessa instituição, quais são os produtos mais procurados pela clientela?(Assinale de 1 a 7, do mais para o menos importante)

16.1 Operações de crédito agrícola16.2 Crédito à habitação16.3 Outras operações de crédito16.4 Produtos de poupança16.5 Cartões de débito e de crédito16.6 Seguros16.7 Outros

IV – RECOLHA DE OPINIÕES

17. Os produtos oferecidos pelas caixas de crédito são adequados às necessidadesda clientela?17.1 Sim17.2 Não

18. Em seu entender, as caixas de crédito agrícola poderiam alargar a suaactividade a outros domínios e/ou outros produtos?18.1 Sim18.2 Não

Justifique, por favor, o seu entendimento.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

19. Classifique, de um a quatro, do mais para o menos importante, as seguintesfrases relativas às caixas de crédito agrícola mútuo em geral.19.1 São instituições de crédito como as outras

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19.2 São instituições de crédito especialmente vocacionadaspara o sector agrícola

19.3 São portadoras de fortes limitações por serem cooperativas19.4 São instituições que interagem de modo privilegiado com

as comunidades em que se inserem

20. Em seu entender, quais são as potencialidades e os limites das caixas decrédito agrícola mútuo, num contexto cada vez mais alargado de concorrênciabancária?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

MUITO OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO!

Conforme sublinhámos na carta que acompanhou o formulário, este inqué-rito é perfeitamente anónimo. Porém, se desejar identificar-se, queira, porfavor, fazê-lo no espaço reservado para o efeito.Caixa de Crédito Agrícola Mútuo d ________________________________________________________________________________________Rua ________________________________________________________Localidade __________________________________________________Código Postal: _____________________ Telefone: ________________E-mail: __________________ Telemóvel: ________________________Pessoa a contactar: __________________________________________

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ANEXO II

GUIÃO DAS ENTREVISTAS TELEFÓNICASCONDUZIDAS JUNTO DAS

CAIXAS ECONÓMICASEM JUNHO DE 2003

I – IDENTIFICAÇÃO DO INQUIRIDO

1. Sexo: Masculino Feminino

2. Idade: _______ anos

3. Qual a função que desempenha na Caixa Económica? __________________

4. Há quanto tempo desempenha essa função? __________________________

5. Já exerceu funções noutro tipo de instituição financeira?5.1 Sim5.2 Não

Se assinalou «Sim», indique, por favor, em que tipo de instituição e por quantotempo exerceu essa função.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

II – CARACTERIZAÇÃO DA CAIXA ECONÓMICA

6. Qual a data de constituição da Caixa Económica? ___________________

7. Em que distrito se localiza a Caixa Económica? __________________________________________________________________________________________________

8. Qual foi, em seu entender, o episódio mais marcante na vida da instituição nopassado recente?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. Essa Caixa Económica insere-se numa região:9.1 Urbana, de grandes dimensões9.2 Urbana, de pequenas dimensões9.3 Rural industrializada9.4 Rural profunda

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10. Quantos balcões se encontram na dependência dessa Caixa Económica(incluindo o balcão principal)?

___________________________________________________________________________

11. Existem outras instituições de crédito a actuar na área de influência dessaCaixa Económica?11.1 Sim11.2 Não

Se assinalou «Sim», por favor, indique quantas. __________________________

III – CARACTERIZAÇÃO DA ACTIVIDADE DESENVOLVIDA

12. Quais são as operações bancárias permitidas a essa Caixa Económica?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13. Entre essas operações, quais são as mais relevantes no âmbito dessa instituição?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

14. Quais são os segmentos de clientela mais importantes no contexto dessaCaixa Económica?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15. Os produtos oferecidos pelas caixas económicas são adequados às necessidadesda clientela?15.1 Sim15.2 Não

Justifique, por favor, o seu entendimento._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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IV – RECOLHA DE OPINIÕES

16. Como justifica a redução que se tem verificado, no passado recente, nonúmero de caixas económicas?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

17. Em seu entender, quais são as potencialidades dessa Caixa Económica equais são os constrangimentos que poderá ter que enfrentar num futuropróximo?

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18. Em sua opinião, as caixas económicas afastaram-se ou não, ao longo dotempo, dos propósitos de carácter mutualista que estiveram na base da suaconstituição?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

MUITO OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO!

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ANEXO III

ELENCO DAS CAIXAS DE CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUOREGISTADAS NO BANCO DE PORTUGAL

EM JUNHO DE 2003

• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Mortágua, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Chamusca, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Bombarral, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Amares, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Arouca, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Barcelos, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Fafe, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Guimarães, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Santo Tirso, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vila Nova de Famalicão, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vila Verde e de Terras do Bouro, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Terras do Sousa, Basto e Tâmega, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Vale do Sousa e Baixo Tâmega, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Costa Verde, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Paredes, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Alto Minho, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Área Metropolitana do Porto, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Minho, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Póvoa do Varzim, Vila do Conde e

Esposende, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Alto Douro, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Armamar e Moimenta da Beira, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região de Bragança, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Favaios, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Lamego, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de S. João da Pesqueira, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Vale do Távora, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Terra Quente, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Montalegre, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Alto Corgo e Tâmega, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Mogadouro e Vimioso, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Vale do Douro, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Terras de Miranda do Douro, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Abrunheira, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Cantanhede e Mira, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Coimbra, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Estarreja, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Figueira da Foz, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Vale do Dão, CRL

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• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Nelas e Carregal do Sal, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Oliveira de Azeméis, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Pombal, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de São Pedro do Sul, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Tarouca, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vale de Cambra, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vila Nova de Anços, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Viseu-Tondela, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Lafões, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Oliveira do Bairro, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Ovar, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Águeda, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Anadia, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Aveiro e Ílhavo, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Sátão e Vila Nova de Paiva, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Albergaria e Sever, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Figueiró dos Vinhos, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vagos, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Murtosa, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Castro Daire, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo das Serras de Ansião, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Oliveira do Hospital, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Concelho da Mealhada, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo Beira Centro, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região do Fundão e Sabugal, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Guarda e Celorico, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Idanha-a-Nova e Penamacor, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vila Nova de Tazém, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Seia, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Zona do Pinhal, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Fornos de Algodres, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Castelo Branco, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Alcanhões, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Alcobaça, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Alenquer, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Arruda dos Vinhos, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Azambuja, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Batalha, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Cadaval, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche,

CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Loures, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Cartaxo, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Coruche, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Leiria, CRL

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• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Lourinhã, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Mafra, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Pernes, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Porto de Mós, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Salvaterra de Magos, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Sobral de Monte Agraço, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vila Franca de Xira, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Sintra e Litoral, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Tramagal, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Ribatejo Norte, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Ribatejo Centro, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Entre Tejo e Sado, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Ribatejo Sul, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Alcácer do Sal, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Aljustrel e Almodôvar, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Avis, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Beja e Mértola, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Borba, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Campo Maior, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Elvas, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Estremoz, Monforte e Arronches, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Évora, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Ferreira do Alentejo, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Mora, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Guadiana Interior, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Ponte de Sôr, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Portalegre e Alter, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Alto Guadiana, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Santiago do Cacém, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de S. Teotónio, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Sousel, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vila Viçosa, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Montemor-o-Novo, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Norte Alentejano, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Albufeira, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Aljezur, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Lagoa, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de S. Bartolomeu de Messines e S. Marcos

da Serra, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Silves, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Algarve, CRL• Caixa de Crédito Agrícola Mútuo dos Açores, CRL

Fonte: Departamento de Supervisão Bancária do Banco de Portugal

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ANEXO IV

ELENCO DAS CAIXAS ECONÓMICASREGISTADAS NO BANCO DE PORTUGAL

EM JUNHO DE 2003

• Caixa Económica Montepio Geral• Caixa Económica da Associação de Socorros Mútuos dos Empregados no

Comércio de Lisboa• Caixa Económica do Porto• Caixa Económica e Social• Caixa Económica da Misericórdia de Angra do Heroísmo

Fonte: Departamento de Supervisão Bancária do Banco de Portugal

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Ana Paula QuelhasEconomista. Professora Adjunta do Instituto Superior

de Contabilidade e Administração de Coimbrae monitora externa do Instituto de Formação Bancária