O texto de 2 Pedro 1:20 e como se define "interpretação particular"

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  • 7/31/2019 O texto de 2 Pedro 1:20 e como se define "interpretao particular"

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    O texto de 2 Pedro 1:20 e como se define"interpretao particular"

    O texto de 2 Pedro 1:20, que serve para justificar a exclusividade do MagistrioRomano na interpretao autntica e infalvel das Escrituras, no interpretado de

    modo consensual pelos prprios exegetas catlicos.

    O texto da citada epstola de Pedro diz:

    19 E temos ainda mais firme a palavra proftica qual bem fazeis em estaratentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, at que o dia amanheae a estrela da alva surja em vossos coraes;20 sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura de particularinterpretao.21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homensda parte de Deus falaram movidos pelo Esprito Santo.

    O versculo 20 bastante obscuro, em particular porque no claro se se refere aque o profeta que transmitiu a profecia no devia modific-la segundo o seuparecer, ou a que ao tentar entender as profecias ningum deve faz-losegundo o seu capricho. Ambas as coisas so, desde logo, verdadeiras; oproblema no doutrinal mas exegtico.

    De La Sagrada Escritura. Texto y comentario por profesores de la Compaa deJess(Dir. Juan Leal, S.I.; 2 Ed., Madrid: BAC, 1967, NT 3: 323) copio asseguintes observaes:

    Interpretar por si mesmo: a frase no original ambgua. A palavra epilusis, que sse encontra aqui no Novo Testamento, admite-se hoje como seguro que significainterpretao; mas o sentido do genitivo ambguo. Pode ser um genitivo deorigem: no procede (ou ginetai) de prpria interpretao; mas neste caso oautor diria praticamente o mesmo que no versculo seguinte. mais provvel queseja um genitivo quasi-possessivo: no est submetida a prpria interpretao. Masainda ambguo o sentido de prpria (idias), que pode referir-se aos prpriosprofetas ou a todos em geral. Este ltimo o sentido exigido por todo o contexto.As profecias da segunda vinda esto na Escritura, porm, como toda a profecia, soobscuras e necessitam de interpretao. Esta interpretao no pode ser, noentanto, arbitrria, segundo o parecer de cada um. A razo a d o versculoseguinte: as profecias no procedem da vontade humana, mas do Esprito Santo, e,portanto, tambm no podem ser interpretadas por vontade humana, mas peloprprio Esprito. 2 Pe no diz qual em concreto tem que ser a norma objectiva paraa interpretao das profecias, mas parece claro que se refere ao juzo apostlico, epor conseguinte dos seus sucessores. O contrrio seria voltar de novo ao purosubjectivismo.

    Umas poucas observaes aqui.

    1) O argumento de que deve ser um genitivo quasi-possessivo e no de origempois do contrrio estaria dizendo o mesmo que no seguinte versculo no convincente, j que pode tomar-se o v. 21 como uma explicao do que acaba deafirmar. Ao ser isto duvidoso, tambm no se resolve a segunda objeco.

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