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de Estudoe Partilha de Vida
G R U P O
TEMA 10
O trabalho como realização da obra de Deus
1. SENSIBILIZAÇÃO
2. LECTIO DIVINA
At 20, 34-35
1. Este texto expõe a consciência de Paulo quanto ao testemunho da pregação do Evangelho à Igreja de
Éfeso. Após fazer a defesa (apologein) de sua pregação, continua a abordar um aspecto muito impor-
tante para os primeiros cristãos: o trabalho.
2. O trabalho realizado pelas próprias mãos vem de encontro com o arquétipo de Deus – trabalhador: “O
meu Pai vem trabalhando até agora, e eu também trabalho” (Jo 5, 17). Trabalhar faz parte da ação de
Deus como criador e da ação do Filho como realizador da obra do Pai.
3. O terceiro elemento apresentado pelo texto de Lucas é o caráter solidário do trabalho: “... é preciso
ajudar os fracos” (At 20,35). O que nos ensina este texto? Como entender a obra de Deus enquanto trabalho contínuo?
3. ÁGUA DA ROCHA
O amor ao trabalho é um valor muito apreciado por Marcelino Champagnat:
Marcelino acreditava que, ao construir a casa, ele construía a comunidade. Ele gostava de passar os verões
em l’Hermitage com os Irmãos, que vinham fazer retiro, descansar, estudar e se revigorar. Enquanto vivia o
ritmo da comunidade, tanto em La Valla quanto em l’Hermitage, Marcelino animava e alimentava a vida co-
munitária, com seu exemplo, dedicando-se, pessoalmente, ao trabalho manual e à oração em comunidade.
(Água da Rocha, nº 100).
O trabalho como realização da obra de Deus
[...] O Fundador foi um exemplo para seus Irmãos. Ele era o primeiro a começar o trabalho, todos os dias e
o último a parar, à noite. Enquanto os Irmãos admiravam o exemplo de Marcelino, alguns colegas clérigos não
demonstravam igual entusiasmo; pois, não consideravam conveniente o aspecto de um sacerdote com a roupa
toda empoeirada e as mãos calosas pelo trabalho manual. Os paroquianos de Marcelino, porém, o apoiavam.
Amavam-no como seu pastor de almas e, sendo eles mesmos trabalhadores, admiravam suas habilidades de
construtor e pedreiro. (Ir. Seán Sammon, São Marcelino Champagnat – Um Coração sem Fronteiras (São Paulo,
2000) pp. 42)
4. REFLEXÃO PASTORAL
A concepção cristã do trabalho
“A atividade humana, do mesmo modo que procede do homem, assim para ele se ordena. De fato, quando age,
o homem não transforma apenas as coisas e a sociedade, mas realiza-se a si mesmo. Aprende muitas coisas,
desenvolve as próprias faculdades, sai de si e eleva-se sobre si mesmo” (Gaudium et Spes, nº35). O Vaticano II
aprofunda a consciência de que o trabalho humano é uma participação na obra de Deus. Ao se referir a essa
realidade traz uma nova reflexão aos homens e mulheres que, ao ganharem o sustento para si e suas famílias,
devem colaborar para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.
O teólogo francês Marie-Dominique Chenu (1895-1990) foi quem, na Igreja, desenvolveu a teologia do
trabalho adotada pelo Concílio Vaticano II. Trouxe-nos a ideia de que no trabalho o ser humano participa da
energia criadora de Deus. O nosso trabalho é também um prolongamento do trabalho do Criador. A providência
de Deus continua a trabalhar na história por meio da nossa colaboração. A finalidade do trabalho não deve ser
apenas o lucro econômico, mas antes, a humanização da existência humana (Cf. Grün; Assländer, 2014, p.19).
O Papa João Paulo II, ao falar sobre o trabalho, adverte que o homem deve ser considerado muito mais que
mero resultado do seu trabalho, deve ser considerado pelo seu ser, e não por aquilo que tem (Laborem Exercens,
n. 26). Tal reflexão se torna atualíssima nos dias de hoje, quando vemos a degradação do ser humano diante
de condições de trabalho que estão longe de realizar a vontade de Deus e a realização do homem.
O ser humano como homo faber (homem artífice, capaz de trabalhar com as próprias mãos) tem uma grande
tentação de se fechar no seu trabalho. Disso resulta que uma das funções do trabalho, na tradição cristã, é
também a liberação do ego. Sobre isso escreve Grün:
Por fim, o que está em jogo no trabalho é desprender-se do próprio ego e esquecer-se de tal modo que
seja possível envolver-se inteiramente com o trabalho, com as coisas a serem moldadas, ou com as
pessoas com as quais se trabalha. Em alguém que se tenha libertado do próprio ego, o trabalho flui
com maior facilidade. Ele é permeável à força do Espírito Santo que age nele. Fecundo é o trabalho
de quem está livre do ego (Grün, 2014, p.115).
Poderíamos destacar a partir da concepção cristã do trabalho três aspectos fundamentais a serem levados
em consideração por nós:
1. O trabalho do homem é continuação do trabalho de Deus.
2. O trabalho é um meio e não um fim em si mesmo, seu objetivo é humanizar nossa existência de seres
humanos.
3. O caráter espiritual do trabalho deve libertar-nos do nosso ego, para que o mesmo possa fluir.
A partir destes três pontos temos um itinerário do que vem a ser o trabalho na concepção cristã. Aprofun-
dando a nossa percepção dessa reflexão podemos nos perguntar:
1. Qual a relação que eu � tabeleço com o meu trabalho? Qual a sua finalidade?
2. Tenho consciência de que p� meio do meu trabalho continuo a � iação de Deus?
4. ORAÇÃO
Senhor, quero que o meu trabalho de hoje seja um ato de amor a ti, à minha família e ao mundo. Ajuda-me a
vivê-lo com alegria, como uma colaboração com tua obra criadora, para minha própria realização e para o
caminho de libertação da humanidade.
Preces espontâneas
5. O COMPROMISSO SEMANAL
Trabalhar a consciência de que a obra de Deus continua hoje, através
da nossa colaboração.
6. DICA DE LEITURA
GRÜN, Anselm; ASSLÄNDER, Friedrich. Trabalho e Espiritualidade.
Como dar novo sentido à vida profissional. Trad. Vilmar Schneider.
Petrópolis: Vozes, 2014.
O trabalho como realização da obra de Deus