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Cátia Isabel Ribeiro dos Santos
Mestrado em Ensino da Biologia e da Geologia no 3ºCiclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário Departamento de Biologia e Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território 2014 Orientador Prof. António Paulo Fontoura P. de Magalhães, Professor Associado, Faculdade de Ciências Orientador Prof. João Manuel Domingues Coelho, Professor Associado, Faculdade de Ciências
O TRABALHO
LABORATORIAL SEGUNDO
A APRENDIZAGEM
BASEADA NA RESOLUÇÃO
DE PROBLEMAS:
CONSTRUÇÃO DE
ÁRVORES FILOGENÉTICAS
E ESTUDO DA FORMAÇÃO
E EVOLUÇÃO DOS
MAGMAS
Todas as correções determinadas pelo júri, e só essas, foram efetuadas. O Presidente do Júri,
Porto, ______/______/_________
FCUP O TRABALHO LABORATORIAL SEGUNDO A APRENDIZAGEM BASEADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
I
Agradecimentos
Foram muitas as pessoas que contribuíram, direta ou indiretamente, para que eu
conseguisse terminar este ano de estágio. Deste modo, gostaria de agradecer a todas as
pessoas que de uma forma ou de outra fizeram parte deste processo tão enriquecedor.
Gostaria de agradecer em especial às seguintes:
À minha família, especialmente à minha mãe, Maria Luísa, ao meu irmão, João e
aos meus avós, António e Irene, por tudo o que fizeram e continuam a fazer por mim.
Sem vocês não teria completado esta fase da minha vida.
Á Professora Rosa Soares, orientadora cooperante que me acompanhou durante
o ano de estágio. Agradeço todas as palavras e experiências, que me proporcionou,
assim como a dedicação e a amizade que tanto influenciaram o meu desenvolvimento,
como docente e pessoa, durante este ano.
Ao Professor Doutor Paulo Fontoura, por estar sempre disponível para me orientar
e aconselhar, contribuindo para a melhoria do meu desempenho enquanto docente.
Ao Professor Doutor João Coelho pelos conselhos e críticas construtivas que me
permitiram aprender e evoluir e também, pelo constante incentivo à reflexão.
À Sara Carvalho, minha colega de estágio, por um ano repleto de experiências
enriquecedoras. A nossa amizade e companheirismo permitiram um ótimo ambiente de
trabalho durante o estágio, facilitando toda aprendizagem. Obrigada por todo o apoio,
disponibilidade e confiança, fatores essenciais para juntas ultrapassarmos as dificuldades
que foram surgindo.
Aos professores do mestrado de ensino da Biologia e da Geologia no 3º ciclo do
ensino básico e no ensino secundário, em especial à Professora Doutora Clara
Vasconcelos e ao Professor Doutor Luís Calafate pelo apoio no esclarecimento de
dúvidas relacionadas com a nossa investigação educacional e pelo auxílio que se revelou
importante nos momentos complicados.
Aos meus amigos, que não me atrevo a discriminar os nomes para não correr o
risco de me esquecer de algum, por fazerem parte desta etapa que me fez evoluir, sem
vocês não seria o que sou hoje. Obrigada pelo apoio que se revelou muito importante nos
bons e nos maus momentos.
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CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
II
Nota prévia
Este relatório é um trabalho de investigação educacional desenvolvido no âmbito
da Iniciação à Prática Profissional (IPP), unidade curricular inserida no Mestrado de
Ensino da Biologia e da Geologia no 3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário. A
investigação educacional descrita foi integrada na Prática de Ensino Supervisionada
(PES), que decorreu no presente ano letivo, numa escola pública do distrito do Porto.
As temáticas científicas abordadas são a construção de árvores filogenéticas e o
estudo da formação e evolução dos magmas, que se enquadram no Programa de
Biologia e Geologia do 11º ano (Ano 2) do Curso Científico-Humanístico de Ciências e
Tecnologias. Devido à natureza distinta das duas temáticas em estudo, os capítulos do
presente relatório, foram subdivididos sempre que se achou necessário.
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CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
III
Resumo
A presente investigação científico-didática desenvolve-se segundo as
componentes científicas da Biologia e da Geologia. As intervenções envolveram
atividades laboratoriais preparadas segundo a metodologia Aprendizagem Baseada na
Resolução de Problemas (ABRP). Relativamente à área científica da Biologia, o tema
selecionado foi “árvores filogenéticas” e, no que respeita à Geologia, o tema escolhido foi
“formação e evolução dos magmas”.
A atividade laboratorial promovida na componente da Biologia envolveu a
construção de uma árvore filogenética, que pretendia traduzir uma hipótese para a
história evolutiva de um grupo imaginário de seres vivos, o género Barbellus. Após a
construção da árvore filogenética os alunos deveriam apresentar argumentos, que
corroborassem a sua hipótese, para a evolução dos seres vivos considerados.
A componente da Geologia foi iniciada com uma investigação preliminar, que
pretendia detetar os temas de Geologia considerados problemáticos no currículo de
Biologia e Geologia de 11º ano. Em seguida foram diagnosticadas possíveis falhas
existentes nos conhecimentos prévios e recorreu-se a um documento de revisão para
tentativa de colmatação das mesmas. Posteriormente foi preparada uma atividade
laboratorial sobre fusão parcial e cristalização dos magmas.
O estudo de caso foi a metodologia de investigação selecionada para este estudo.
A amostra foi constituída pelos alunos das duas turmas acompanhadas na PES.
Utilizando como critério o nível de aproveitamento alcançado no ano letivo anterior, à
disciplina de Biologia e Geologia, a amostra foi dividida em duas classes. A classe A,
constituída pelos alunos com classificação igual ou inferior a 13 valores e a classe B,
composta por estudantes com classificação igual ou superior a 14 valores.
Os dados recolhidos foram tratados recorrendo a tabelas de frequências e, em
alguns casos, a testes estatísticos (qui-quadrado e teste de Fisher). Pela análise dos
dados foi possível verificar que na maioria dos parâmetros avaliados existiu uma
associação estatisticamente significativa entre a classe em que os alunos estavam
inseridos e o tipo de resposta dada. No entanto, de um modo geral, ambas as classes
apresentaram resultados considerados positivos. Estes resultados permitiram retirar
alguns indicadores relativamente à eficiência da metodologia ABRP.
Palavras-chave: árvores filogenéticas, Barbellus, formação e evolução de
magmas, aprendizagem baseada na resolução de problemas, atividade laboratorial,
estudo de caso.
FCUP O TRABALHO LABORATORIAL SEGUNDO A APRENDIZAGEM BASEADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
IV
Abstract
The scientific-educational research described in this report was developed
according to two scientific components, Biology and Geology. Both interventions involved
laboratory activities prepared according to Problem Based Learning methodology (PBL).
Regarding the scientific area of Biology, the theme selected was "phylogenetic trees", in
relation to the Geology theme was "magma formation and evolution".
The laboratory activity promoted in the Biology component involved the
construction of a phylogenetic tree, which intended to translate a hypothesis for the
evolutionary history of an imaginary group of living beings, gender Barbellus. Subsequent
to construction of a phylogenetic tree students should present arguments that support
their hypothesis for the evolution of living beings considered.
The geology component of the study began with a preliminary investigation,
intended to detect topics of Geology considered problematic in the curriculum of Biology
and Geology 11th grade. After choosing a theme, possible flaws were diagnosed in prior
knowledge, attempt to overrun was made through a review document. Later was prepared
a laboratory activity about partial melting and crystallization.
The case study was the research methodology selected for this study. The sample
was composed by students from two classes accompanied by the internship’s core. This
was later divided into two classes, using as criteria the level of achievement reached in
the previous academic year, on Biology and Geology. The class A, formed by students
with score equal to or less than 13 values and the class B, composed of students rated
between 14 and 20 values.
The data was analyzed using frequency tables and in some cases the statistical
tests (chi-square and Fisher's exact test). For the data analysis we could see that for the
majority of the parameters, there was a statistically significant association between the
class in which students were entered and the answer given. However, in general, both
classes’ results were considered as positive. These allow us to extract some indicators
regarding the efficiency of the methodology ABRP.
Key-words: phylogenetic tree; Barbellus; magma formation and evolution; problem
based learning; laboratory activity; case study.
FCUP O TRABALHO LABORATORIAL SEGUNDO A APRENDIZAGEM BASEADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
V
Índice
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................................... I
NOTA PRÉVIA ............................................................................................................................................. II
RESUMO .................................................................................................................................................... III
ABSTRACT .................................................................................................................................................. IV
ÍNDICE ........................................................................................................................................................ V
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................................................... VI
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................................... VII
LISTA DE ABREVIATURAS ......................................................................................................................... VIII
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1
1.1. ENQUADRAMENTO DIDÁTICO ................................................................................................................... 2
1.2. ENQUADRAMENTO CIENTÍFICO ................................................................................................................. 4
1.3. ENQUADRAMENTO CURRICULAR ............................................................................................................. 16
1.4. PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO ................................................................................................................. 18
1.5. OBJETIVOS DE INVESTIGAÇÃO ................................................................................................................. 18
2. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO .................................................................................................. 19
2.1. PROGRAMA DE INTERVENÇÃO DE BIOLOGIA .............................................................................................. 19
2.2. PROGRAMA DE INTERVENÇÃO DE GEOLOGIA ............................................................................................. 22
2.3. AMOSTRA .......................................................................................................................................... 23
2.4. ESTUDO DE CASO ................................................................................................................................. 24
2.5. TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS .................................................................................... 25
2.6. TRATAMENTOS DE DADOS ...................................................................................................................... 27
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................................. 28
3.1. BIOLOGIA ........................................................................................................................................... 28
3.2. GEOLOGIA .......................................................................................................................................... 33
4. CONCLUSÕES.................................................................................................................................... 44
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 45
5.1. IMPLICAÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL ............................................................................. 46
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 47
7. APÊNDICES ....................................................................................................................................... 49
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CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
VI
Lista de tabelas
Tabela 1 – Recomendações para a exploração da unidade 8 do programa de Biologia e
Geologia do 11º ano (adaptado de Ministério da Educação, 2003). ................................ 17
Tabela 2 – Recomendações para a exploração do tema “Rochas Magmáticas” (adaptado
de Ministério da Educação, 2003). .................................................................................. 18
Tabela 3 - Síntese do plano de ação da intervenção referente à Biologia. ...................... 22
Tabela 4 - Síntese do plano de ação da intervenção referente à Geologia ..................... 23
Tabela 5 – Distribuição de géneros das duas classes que constituem a amostra. .......... 24
Tabela 6 – Resultados relativos ao parâmetro “interesse, autonomia e curiosidade” na
Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). ............................................ 28
Tabela 7 - Resultados relativos ao parâmetro “sentido de responsabilidade e reflexão
crítica” na Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). ............................ 29
Tabela 8 - Resultados relativos ao parâmetro “cooperação com os outros” na Biologia (fa
– frequência absoluta; fr – frequência relativa). ............................................................... 29
Tabela 9 - Resultados relativos ao parâmetro “apresenta e fundamente a sua opinião” na
Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). ............................................ 29
Tabela 10 – Resultados relativos ao Vê de Gowin na Biologia (fa – frequência absoluta; fr
– frequência relativa). ...................................................................................................... 30
Tabela 11 - Resultados relativos ao exercício do teste 1 na Biologia (fa – frequência
absoluta; fr – frequência relativa). ................................................................................... 31
Tabela 12 - Resultados relativos ao exercício do teste teórico-prático na Biologia (fa –
frequência absoluta; fr – frequência relativa). .................................................................. 31
Tabela 13 - Resultados relativos ao questionário de avaliação da intervenção na Biologia
(fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). .......................................................... 33
Tabela 14 – Resultados relativos ao questionário da investigação preliminar na Geologia
(fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). .......................................................... 34
Tabela 15 - Resultados obtidos após a análise das entrevistas realizadas na investigação
preliminar de Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). ..................... 36
Tabela 16 – Resultados relativos ao teste diagnóstico na Geologia (fa – frequência
absoluta; fr – frequência relativa). ................................................................................... 37
Tabela 17 - Resultados relativos ao parâmetro “interesse, autonomia e curiosidade” na
Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). ........................................... 38
Tabela 18 - Resultados relativos ao parâmetro “sentido de responsabilidade e reflexão
crítica” na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). .......................... 38
Tabela 19 - Resultados relativos ao parâmetro “cooperação com os outros” na Geologia
(fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). .......................................................... 39
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CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
VII
Tabela 20 - Resultados relativos ao parâmetro “apresenta e fundamente a sua opinião”
na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). ...................................... 39
Tabela 21 – Resultados obtidos no Vê de Gowin da Geologia (fa – frequência absoluta; fr
– frequência relativa). ...................................................................................................... 40
Tabela 22 - Resultados obtidos nas escolhas múltiplas do teste teórico-prático na
Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). ........................................... 40
Tabela 23 - Resultados obtidos na questão de resposta aberta do teste teórico-prático na
Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). ........................................... 41
Tabela 24 - Resultados obtidos no teste digital na Geologia. .......................................... 42
Tabela 25 - Resultados relativos ao questionário de avaliação da intervenção na Geologia
(fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa). .......................................................... 43
Lista de figuras
Fig. 1 - Vê de Gowin (Novak & Gowin, 1984). ................................................................... 4
Fig. 2 - Categorias Hierárquicas sugeridas por Lineu (adaptada de ICZN, 1999). ............. 6
Fig. 3 - Exemplo de um fenograma, onde está representado o coeficiente de similaridade
no eixo do X (Guevara & Benitez de Rojas, 2004). ........................................................... 7
Fig. 4 - Cladograma com diferentes clados assinalados (amarelo, vermelho, verde e azul)
(Understanding Evolution, 2014). ...................................................................................... 9
Fig. 5 - Árvore filogenética (adaptada de: Understanding Evolution, 2014). ...................... 9
Fig. 6 - Modelo de classificação de rochas magmáticas, considerando a sua composição
química e mineralógica (adaptado de Grotzinger et al., 2007, p.82). ............................... 11
Fig. 7 - Séries reacionais de Bowen (adaptada de Grotzinger et al., 2007). .................... 14
Fig. 8 – Representação das dez espécies do género Barbellus (National Science
Foundation, 1998). .......................................................................................................... 19
Fig. 9 - Representação de 6 espécies do grupo Caminacules. ........................................ 20
Fig. 10a e 10b – Modelo da sequência estratigráfica (10a). Esquema da sequência
estratigráfica (10b) (National Science Foundation, 1998). ............................................... 20
Fig. 11 - Representações esquemáticas de algumas espécies de Barbellus. .................. 21
Fig. 12 - Exemplos de árvores filogenéticas elaboradas por um grupo de alunos. .......... 21
Fig. 13 - Resultados obtidos, pelos alunos, na atividade sobre fusão parcial. ................. 22
Fig. 14 - Resultados obtidos, pelos alunos, na atividade sobre cristalização dos magmas.
........................................................................................................................................ 23
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CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
VIII
Lista de abreviaturas
ABRP – Aprendizagem Baseada na Resolução de Problemas;
PBL – Problem Based Learning;
EOI – Ensino Orientado para a Investigação;
fa – Frequência absoluta;
fr – Frequência relativa;
PES – Prática de Ensino Supervisionado;
IPP – Iniciação à Prática Profissional.
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CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
1
1. Introdução
O desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade obriga à evolução do ensino. A
escola deve ter um papel de destaque na formação dos novos cidadãos. É essencial que
estes sejam capazes de intervir de forma ponderada, informada e responsável na resolução
das questões socio-científicas diárias (Leite, 2013). Nos dias de hoje são privilegiadas
metodologias de ensino-aprendizagem que permitam aos estudantes aprender os conteúdos
necessários, e desenvolver determinadas capacidades que serão essenciais na sua vida
profissional, pessoal e social (Leite & Esteves, 2005).
Como forma de ultrapassar os problemas que foram surgindo com outras metodologias,
surge nos anos sessenta, no ensino em medicina, a metodologia de Aprendizagem Baseada
na Resolução de Problemas (ABRP) (Leite & Afonso, 2001; Vasconcelos & Almeida, 2012).
O seu sucesso no ensino da medicina levou à sua implementação no ensino das ciências,
tanto no ensino superior, como no ensino básico e secundário (Vasconcelos & Almeida,
2012).
No âmbito desta investigação, foram preparadas duas atividades laboratoriais
recorrendo à metodologia ABRP. Pretendia-se que os alunos aprendessem e mobilizassem
os conteúdos pretendidos e, simultaneamente, desenvolvessem capacidades investigativas,
argumentativas e críticas, enquanto se envolviam nas atividades propostas. As atividades
desenvolveram-se em torno de duas temáticas científicas, na componente de Biologia o
tema centrou-se em “árvores filogenéticas” e área científica de Geologia a temática
selecionada foi “formação e evolução dos magmas”.
A escolha do tema relativo à componente da Biologia decorreu do contacto estabelecido
com estudantes e alguns professores, através do qual foi possível constatar que a temática
“sistemas de classificação”, mais concretamente, “árvores filogenéticas” é um tema em que
os estudantes apresentam alguma dificuldade. Adicionalmente, esta temática cientifica é,
normalmente, abordada de forma teórica, ou seja, não é frequente a utilização do trabalho
laboratorial na sua abordagem. Para contornar esta tendência, a investigação na área da
Biologia centrou-se na adaptação de uma atividade laboratorial, cuja finalidade era a
construção de uma árvore filogenética.
A seleção do tema para a área da Geologia envolveu uma investigação preliminar com o
objetivo de apurar quais os temas de Geologia de 11º ano considerados problemáticos.
Adicionalmente, procedeu-se à análise do Relatório dos Exames Nacionais de 2011 e do
Relatório dos testes intermédios de 2012. Da análise do primeiro foi possível averiguar que
uma das questões com piores desempenhos compreende conteúdos no domínio do
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CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
2
magmatismo (Ministério da Educação, 2012). Da análise do segundo foi possível verificar
que dois dos itens com piores desempenhos são a interpretação das séries reacionais de
Bowen e a o processo de cristalização (estando este ponto relacionado com conhecimentos
de outras áreas disciplinares, como a Química) (Ministério da Educação, 2013).
Da análise dos resultados obtidos na investigação preliminar e dos dois relatórios
disponíveis sobre as provas nacionais, é visível que o tema “formação e evolução dos
magmas” é problemático. Desta forma, foi preparada uma intervenção, com recurso ao
trabalho laboratorial, centrada nas dificuldades demonstradas e tendo como finalidade a
colmatação dos problemas diagnosticados.
Este relatório encontra-se dividido em sete capítulos: (1) introdução, que inclui um
enquadramento didático e científico da investigação, assim como o enquadramento
curricular de Biologia e Geologia, (2) metodologia de investigação, (3) resultados e
discussão, (4) conclusão, (5) considerações finais, (6) referências bibliográficas e (7)
apêndices.
1.1. Enquadramento didático
A metodologia de ensino orientada para a aprendizagem baseada na resolução de
problemas (ABRP) enquadra-se numa perspetiva socioconstrutivista, na teoria sociocultural
de Vygotsky. Segundo esta perspetiva “neste processo de construção e integração de novo
conhecimento na estrutura cognitiva, é essencial a partilha da aprendizagem com os seus
pares” (Vasconcelos & Almeida, 2012, p.9). No sentido de promover o conhecimento a
metodologia ABRP propõe que os estudantes trabalhem em conjunto, em pequenos grupos,
de forma a potenciar a aprendizagem e a partilha de saberes (Lambros, 2004). Desta forma,
é possível que os estudantes se tornem mais autónomos e capazes de defender as suas
ideias, enquanto desenvolvem capacidades de relacionamento interpessoal (Lambros, 2004;
Leite & Esteves, 2005).
Enquadrada no ensino orientado para a investigação (EOI), a ABRP permite que os
estudantes planeiem e desenvolvam atividades de investigação, dando-lhes a oportunidade
de compreenderem como se constrói o conhecimento científico e, assim, compreender a
natureza da ciência (Vasconcelos & Almeida, 2012). A ABRP permite ao estudante munir-se
de várias capacidades que lhe serão úteis na vida em sociedade, tais como a capacidade de
negociação e argumentação, capacidade de trabalhar em equipa, capacidade de
pensamento crítico e tomada de decisões e capacidades de auto e heteroavaliação (Allen,
Donham & Bernhardt, 2011; Vasconcelos et al., 2012).
A metodologia ABRP tem como princípio a utilização de problemas como ponto de
partida para construção do conhecimento (Lambros, 2004; Vasconcelos, Amador, Soares &
FCUP O TRABALHO LABORATORIAL SEGUNDO A APRENDIZAGEM BASEADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
3
Pinto, 2012), o estudante é o centro do ambiente de aprendizagem e assume a
responsabilidade pelo seu conhecimento (Morgado & Leite, 2012). O professor surge no
papel de tutor, acompanhando o desenvolvimento da investigação (Morgado & Leite, 2012).
A ABRP recorre a cenários problemáticos que, na maioria das vezes, são baseados em
questões reais do quotidiano. O estudante parte da situação-problema, diagnosticando o
que já sabe e o que precisa de saber para o resolver (Lambros, 2004; Morgado & Leite,
2012).
A metodologia orientada para a aprendizagem baseada na resolução de problemas é,
normalmente, organizada em quatro fases: a seleção do contexto problemático (tarefa
atribuída ao professor), a formulação das questões-problema (função que cabe aos
estudantes), a resolução dos problemas (também realizada pelos alunos) e, por fim, síntese
e avaliação do processo de investigação (tarefa realizada pelos estudantes e pelo professor)
(Leite & Afonso, 2001; Morgado & Leite, 2012).
Na tentativa de resolução dos problemas colocados, recorre-se, frequentemente, ao
trabalho prático. Este tipo de abordagem permite aos alunos o desenvolvimento de
conteúdos e capacidades, que possibilitam a construção e aprofundamento de capacidades
concetuais, procedimentais e atitudinais (Martins et al., 2007; Mendes & Rebelo, 2011). O
recurso às atividades práticas promove a observação, o questionamento, a interpretação de
fenómenos e a compreensão de como se constrói a ciência (Mendes & Rebelo, 2011).
Segundo Hodson (1988, citado por Leite, 2000), trabalho prático são todas as atividades
que envolvem ativamente os alunos. Assim, o trabalho prático inclui, entre outros, o trabalho
laboratorial, o trabalho de campo e o trabalho experimental. O trabalho laboratorial inclui
atividades que requerem a utilização de materiais de laboratório, o trabalho de campo é
desenvolvido ao ar livre, o trabalho experimental é todo o trabalho prático que envolva o
controlo e manipulação de variáveis (Leite, 2000).
O trabalho laboratorial apresenta vantagens que tornam fundamental a sua utilização no
ensino das ciências (Leite, 2000). As atividades laboratoriais permitem desenvolver a
motivação e interesse dos alunos e a aprendizagem de conteúdos e capacidades. A
finalidade do trabalho laboratorial depende do tipo de atividade proposta, do seu grau de
dificuldade e do tipo de conteúdos concetuais, procedimentais e atitudinais, que se pretende
desenvolver. O grau de dificuldade da atividade e a sua influência no processo de
aprendizagem serão acrescidos quanto maior o grau de autonomia exigido ao aluno (grau
de abertura da atividade) (Martins et al., 2007; Mendes & Rebelo, 2011).
No trabalho laboratorial segundo a metodologia ABRP, o professor deve interferir o
menos possível. Assim, a questão-problema e a planificação da atividade devem ser
propostas pelos estudantes (Martins et al., 2007; Mendes & Rebelo, 2011). Para estimular a
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CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
4
discussão e estabelecer pontos de contacto entre os elementos distintos da investigação,
recorre-se muitas vezes ao Vê epistemológico de Gowin (figura 1) (Leite, 2000; Fonseca,
Barreiras & Vasconcelos, 2005).
Fig. 1 - Vê de Gowin (Novak & Gowin, 1984).
O lado esquerdo do Vê de Gowin corresponde ao domínio conceptual, que consiste no
registo dos conhecimentos necessários como ponto de partida para a investigação. O lado
direito do Vê é referente ao domínio metodológico, que é construído em função da
investigação, havendo registo das observações e dos resultados obtidos, assim como uma
reflexão em modo de conclusão sobre o trabalho realizado. No vértice do Vê de Gowin,
estão descritos os procedimentos que sustentam o desenvolvimento do conhecimento. No
centro do Vê apresenta-se a questão-problema central que orienta toda a investigação
(Novak & Gowin, 1984; Fonseca et al., 2005).
O processo de avaliação do processo investigativo deve contemplar os conhecimentos
conceptuais, procedimentais e atitudinais, sendo por isso preferível a utilização de vários
instrumentos de avaliação (como observações, relatórios, testes entre outros). O
desenvolvimento do raciocínio científico e do pensamento crítico deve também ser avaliado.
Prevê-se o incentivo da auto e heteroavaliação, permitindo uma avaliação do tipo formadora,
permitindo ao aluno aprender com o feedback do professor e dos colegas (Lambros, 2004;
Leite & Esteves, 2006; Vasconcelos & Almeida, 2012).
1.2. Enquadramento científico
Este subcapítulo encontra-se dividido em duas componentes. A primeira referente às
árvores filogenéticas e a segunda relativa à formação e evolução dos magmas.
Árvores filogenéticas
Desde cedo o Homem sentiu a necessidade de classificar o mundo em seu redor. Com a
utilização de certos seres vivos para benefício próprio, tornou-se inevitável a organização do
mundo vivo. Pensa-se que a origem dos sistemas de classificação racionais remonta ao
trabalho desenvolvido por Aristóteles, que assentava em critérios básicos de presença ou
ausência de determinadas características morfológicas ou comportamentais como, por
FCUP O TRABALHO LABORATORIAL SEGUNDO A APRENDIZAGEM BASEADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
5
exemplo, perigosos ou não perigosos, comestíveis ou não comestíveis e com sangue ou
sem sangue. A simplicidade dos primeiros sistemas de classificação permitiu que estes
fossem transmitidos ao longo das gerações, evoluindo com a própria espécie humana.
O grande objetivo da classificação passa por organizar, ordenar e facilitar a
compreensão da biodiversidade. A classificação dos grupos de organismos é vantajosa a
vários níveis. A descrição das características próprias das diferentes espécies já
descobertas e a possível compreensão das relações evolutivas entre seres vivos são
algumas dessas vantagens.
A Zoologia Sistemática representa o campo mais abrangente e antigo da Biologia
(Brusca & Brusca, 2003). Simpson (1989, p.10) define-a como “o estudo científico das
formas de organismos, sua diversidade e toda e qualquer relação entre eles”. É importante o
conhecimento dos seres vivos, para que desta forma seja possível definir e organizar os
seus grupos, assim como a sua ordenação, tendo em conta a sua relação de parentesco. É,
também, fundamental o estabelecimento de regras a seguir para a denominação dos
organismos vivos (Mateus, 1989). Atualmente, a Zoologia Sistemática divide-se em
nomenclatura e taxonomia.
A nomenclatura zoológica é responsável pelo nome científico atribuído a determinado
organismo ou grupo. As suas regras estão hoje descritas no Código Internacional de
Nomenclatura Zoológica. A origem do código remonta ao século XIX quando, após a
publicação de Lineu da 10ª edição do Systema Naturae em 1758, surgiram confusões
relativamente aos nomes científicos que iam surgindo na literatura da especialidade. Para
alcançar a universalidade, impedir que o mesmo nome fosse dado a espécies distintas e
facilitar a comunicação entre a comunidade científica, foi necessário compilar um conjunto
de regras para a atribuição de nomes aos seres vivos e aos seus grupos (International
Commission on Zoological Nomenclature [ICZN], 1999).
A taxonomia é responsável pela organização e ordenação dos grupos de seres vivos (os
taxa), que são baseados em caracteres taxonómicos e podem ser de natureza muito diversa
como, por exemplo, morfológicos, genéticos, ecológicos ou etológicos (ICZN, 1999). Os
caracteres taxonómicos correspondem às particularidades de determinado organismo ou
grupo de organismos, sendo importantes para inferir algum relacionamento com outros
grupos de seres vivos. Como se pode perceber pelas definições de nomenclatura e
taxonomia, a segunda é considerada a finalidade da sistemática, enquanto a primeira é o
meio pelo qual são comunicadas as ideias taxonómicas (Mateus, 1989).
Apontado como um dos fundadores da taxonomia moderna, Lineu teve um grande
contributo no desenvolvimento dos sistemas de classificação. O grande objetivo de Lineu
seria conceber classificações que facilitassem a identificação de diferentes espécies. Como
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criacionista, Lineu acreditava que Deus era o criador da vida e qua as espécies eram
imutáveis, porém o seu trabalho veio mais tarde a contribuir para o estabelecimento de
ideais evolucionistas (Santos, 2008; Kardong, 2009). Na sua obra Systema Naturae (1735
citado por ICZN, 1999), Lineu sugeriu um sistema de grupos hierárquicos com sete
categorias, como é possível observar na figura 2.
Fig. 2 - Categorias Hierárquicas sugeridas por Lineu (adaptada de ICZN, 1999).
Hoje são reconhecidas, pela ICZN, dezassete categorias hierárquicas: Reino, Filo,
Superclasse, Classe, Subclasse, Coorte, Superordem, Ordem, Subordem, Superfamília,
Família, Subfamília, Tribo, Género, Subgénero, Espécie e Subespécie (Brusca & Brusca,
2003).
Posteriormente aos trabalhos de Lineu, outros trabalhos surgiram, como os de Lamarck,
Wallace e Darwin. Estes, além das semelhanças morfológicas, admitiam nos seus sistemas
de classificação, informações sobre as relações de parentesco entre os grupos de
organismos. Lamarck, em 1809, foi o primeiro a publicar uma teoria da evolução e a
construir a primeira árvore filogenética (Gregory, 2008; Kardong, 2009). Muitos outros se
seguiram, como Mayr, Simpson e Henning, na tentativa de organizar a diversidade biológica
e o conhecimento que tínhamos desta. Os sistemas de classificação foram evoluindo
tornando-se cada vez mais complexos e suportados por ideais evolucionistas (Santos,
2008).
Todas as classificações feitas até aos dias de hoje são consideradas classificações
artificiais, ou seja, apresentam anomalias taxonómicas. A classificação natural será aquela
capaz de traduzir, sem anomalias taxonómicas, o que se passa na Natureza. No entanto,
está será quase impossível de alcançar, uma vez que ainda estamos longe de compreender
as afinidades entre grupos. Além disso, uma grande parte dos dados que nos permitiriam
alcançar a total compreensão dos graus de parentesco já não se encontram acessíveis
(Mateus 1989).
A ciência da classificação assenta fundamentalmente no campo da biologia comparada,
que se baseia no estudo das homologias. Características presentes em duas ou mais
espécies são consideradas homólogas, se tiverem a mesma origem (Brusca & Brusca,
2003; Kardong, 2009). O conceito de homologia pode ser utilizado quando nos referimos a
estruturas anatómicas, genes ou processos de desenvolvimento (Brusca & Brusca, 2003). A
homologia é considerada uma relação absoluta e independente da função. Assim, o facto de
Reino Filo Classe Ordem Família Género Espécie
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duas estruturas apresentarem a mesma função em grupos diferentes não significa que
sejam homólogas. Em relação aos caracteres análogos, apesar de possuírem a mesma
função, podem ter origens genéticas e filogenéticas distintas (Kardong, 2009).
Ao longo da história da taxonomia moderna, surgiram várias abordagens ou teorias que
resultaram em classificações baseadas em diferentes critérios de classificação. Das teorias
emergentes, duas devem ser evidenciadas: a abordagem Fenética e a abordagem
Cladística.
Abordagem Fenética
Surge no final da década de 50 a taxonomia numérica ou Fenética. Esta teoria
assentava no conceito de “overall similarity” (similaridade global), que consistia na
semelhança geral dos organismos. O grande objetivo era a obtenção de classificações
objetivas e operacionais. As classificações baseadas nesta teoria deveriam facilitar o estudo
da diversidade da vida, deixando em segundo plano a história evolutiva dos organismos
(Santos, 2008).
Para a obtenção de uma classificação seria necessário, numa primeira fase, calcular o
coeficiente de similaridade entre organismos. Este cálculo resultava de um levantamento da
presença ou ausência de um grupo de características, que devia ser o maior possível para
facilitar a análise do aspeto global dos organismos. Posteriormente, eram construídas
matrizes com os valores de similaridade. Estes eram depois traduzidos, através de
algoritmos informáticos, em coeficientes de similaridade e apresentados sobre a forma de
fenogramas, como é possível observar na figura 3 (Mayr, 1974; Santos, 2008).
Fig. 3 - Exemplo de um fenograma, onde está representado o coeficiente de similaridade no eixo do X (Guevara & Benitez de Rojas, 2004).
Abordagem Cladística (ou Sistemática Filogenética)
Na tentativa de aliar a objetividade da fenética com uma perspetiva evolutiva, Henning
introduz com a sua obra Phylogenetic Systematics (1965) um método para a reconstrução
de relações filogenéticas (Santos, 2008; Wiley, 2010). Segundo Henning (1965), o trabalho
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da sistemática filogenética é o estudo das relações filogenéticas existentes entre todas as
espécies existentes e a divulgação dos resultados desse estudo.
Henning (1965) defende ainda que, independentemente do nosso conhecimento, existe
uma relação filogenética, em grau variável, entre todas as espécies vivas e extintas. Um dos
objetivos do estudo dessas relações consiste em perceber qual o grau de proximidade entre
determinado grupo de organismos. Assim, o objetivo da sistemática filogenética seria a
construção de um sistema que fornecesse informações sobre a história evolutiva dos
organismos considerados.
Assim, surge a sistemática filogenética (ou cladística), que se apoia na organização dos
diferentes grupos, tendo como base a partilha de determinadas características provenientes
de um ancestral comum (Mayr, 1974; Brusca & Brusca, 2003). Segundo Mayr (1974, p.98),
“o passo mais importante da análise cladística é a tentativa de separar os caracteres
ancestrais (plesiomorfias) dos caracteres derivados (apomorfias) ”.
A base da análise cladística das relações de parentesco entre os diferentes grupos
prende-se com a partilha de um caracter derivado. Este representa uma novidade evolutiva,
relativamente ao ancestral (nesses casos é designado de sinapomorfia1). Determinado
caracter só pode ser considerado sinapomorfia num único nível filogenético, uma vez que é
um caracter herdado de um ancestral comum imediato. Assim, esse mesmo caracter
passará a constituir uma simplesiomorfia2 para os próximo níveis filogenéticos (Brusca &
Brusca, 2003).
A análise cladística é normalmente desenvolvida tendo em consideração quatro fases:
(1) identificação dos caracteres que se pretende analisar nos grupos estudados; (2)
elaboração da hipótese sobre a evolução de determinado caracter; (3) construção de um
cladograma com a hipótese lançada para a possível história evolutiva dos grupos
analisados; (4) e por fim proceder ao teste do cladograma utilizando outros dados (Brusca &
Brusca, 2003). Assim, a análise cladística tem como base as homologias entre os caracteres
analisados e, deste modo, um cladograma traduz uma hierarquia de homologias (Santos,
2008).
Os cladogramas constituem representações gráficas que pretendem traduzir hipóteses
sobre as relações de parentesco entre os diferentes grupos de organismos estudados.
Normalmente, são representados grupos monofiléticos3 (ou clados) (Understandig Evolution,
2014). Na figura 4, está representado um cladograma onde as caixas a cor (amarelo,
1 Sinapomorfia, também designada como característica derivada partilhada. 2 Simplesiomorfia, também designada como característica ancestral partilhada. 3 São aqueles que compreendem o ancestral comum e todos os seus descendentes, ou seja é considerado um grupo natural. Existem também grupos parafiléticos (constituídos pelo ancestral comum mas não contem todos os seus descendentes) e grupos polifiléticos (constituídos por seres vivos que tem origem em ancestrais distintos).
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vermelho, verde e azul) representam diferentes clados (grupos de organismos relacionados
por descendência direta).
Fig. 4 - Cladograma com diferentes clados assinalados (amarelo, vermelho, verde e azul) (Understanding Evolution, 2014).
Por vezes utilizamos o termo árvore filogenética quando nos referimos a um cladograma.
Em alguma da literatura da especialidade os dois termos são utilizados como sinónimos. No
entanto, para alguns biólogos, os termos cladograma e árvore filogenética têm significados
distintos. Para alguns um cladograma é a representação de uma hipótese da história
evolutiva de um grupo de indivíduos, enquanto uma árvore representa a história evolutiva do
grupo (Understanding Evolution, 2014).
Outra distinção que é assinalada entre um cladograma e uma árvore filogenética é o
tamanho dos ramos. Alguns autores consideram que no cladograma o seu comprimento é
aleatório, enquanto os ramos da árvore possuem um tamanho proporcional ao número de
caracteres alterados (Understanding Evolution, 2014). Para este trabalho a diferença entre
os dois termos não é importante, o essencial é que a hipótese da história evolutiva de um
determinado grupo de seres vivos seja representada em forma de árvore.
Construção e interpretação de árvores filogenéticas
Uma árvore filogenética (figura 5) representa as relações de parentesco entre grupos de
organismos (taxa) e a evolução divergente desse grupo ao longo do tempo. Por isso, é
fundamental que todas as árvores filogenéticas possuam representada uma escala do
tempo. Independentemente do tipo de relações que representa (entre espécies ou outros
grupos taxonómicos), todas as árvores filogenéticas traduzem o mesmo tipo de informação.
Todas as representações filogenéticas fornecem dados sobre um padrão de ascendência, a
evolução divergente dos grupos considerados e os descendentes do ancestral representado
(Gregory, 2008).
Fig. 5 - Árvore filogenética (adaptada de: Understanding Evolution, 2014).
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Na sistemática recorre-se, frequentemente, ao princípio da parcimónia, ou seja, defende-
se que a relação de parentesco com o menor número de passos evolutivos é a que
corresponde à mais provável de ter ocorrido. Desta forma, recorre-se a este princípio de
forma a obter árvores com poucos passos evolutivos e, consequentemente, com menor
redundância (Brusca & Brusca, 2003).
Processos de formação e evolução dos magmas
As rochas magmáticas resultam do arrefecimento e solidificação do magma (material
rochoso fundido e móvel). A petrologia ígnea ocupa-se do estudo das rochas magmáticas e
dos processos que estão na sua origem (Carvalho, 2002; Frost & Frost, 2014; Winter, 2014).
As rochas magmáticas apresentam várias características (como textura e constituição
mineral) que nos fornecem informações sobre as condições vigentes no momento da sua
formação.
As rochas magmáticas são divididas em rochas extrusivas, hipabissais ou intrusivas. As
primeiras são as que resultam da solidificação do magma à superfície, enquanto as
intrusivas são formadas em profundidade. As rochas hipabissais são as intermédias, que se
formam a profundidades baixas. Através da observação do tamanho e forma dos cristais
presentes nas rochas é possível perceber qual o seu ambiente de formação (Carvalho,
2002; Grotzinger Jordan, Press & Siever, 2007).
A classificação das rochas magmáticas pode ser realizada tendo em consideração a
textura ou a composição química e mineralógica. Relativamente à textura, as rochas podem
ser classificadas como possuindo textura fanerítica, textura afanítica ou textura vítrea. As
rochas com textura fanerítica apresentam cristais observáveis à vista desarmada, são
normalmente rochas intrusivas. As rochas que solidificam à superfície podem apresentar
uma textura afanítica, rochas cujos cristais não são distinguíveis sem a ajuda de um
microscópio petrográfico, ou textura vítrea (não evidenciam a formação de cristais). As
rochas hipabissais apresentam uma textura porfírica4, considerada intermédia (Carvalho,
2002; Grotzinger et al., 2007).
Mesmo diferindo em termos de textura, as rochas intrusivas e extrusivas podem
apresentar a mesma composição química e mineralógica (Grotzinger et al., 2007). O maior
constituinte das rochas magmáticas é a sílica (dióxido de silício) que, normalmente,
representa 40% a 70% da composição da rocha (Walther, 2005). A percentagem de sílica
relativamente aos outros constituintes da rocha é um dos principais critérios utilizados na
classificação das rochas magmáticas. Estas podem ser, por ordem crescente de
4 Textura normalmente associada às rochas porfiroides. Consiste na ocorrência de cristais de grandes dimensões (fenocristais) numa matriz de granulometria diferente. A matriz pode possuir uma textura fanerítica, afanítica ou vítrea.
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percentagem relativa de sílica, ultramáficas, máficas, intermédias ou félsicas (Walther, 2005;
Grotzinger et al., 2007).
Atualmente, a determinação da percentagem sílica nas rochas magmáticas baseia-se na
presença de minerais que apresentam este dióxido na sua composição (silicatos)
(Grotzinger et al., 2007). Os silicatos (quartzo, feldspatos, grupo das olivinas, grupos das
piroxenas, grupo das anfíbolas, micas5, entre outros) são os minerais que apresentam maior
protagonismo o estudo das rochas magmáticas (Carvalho, 2002). Os minerais félsicos
(quartzo, feldspatos e moscovite) são os que apresentam mais percentagem de sílica na sua
composição. Os minerais máficos (olivinas, piroxenas, anfíbolas e biotite) são os que
apresentam menor percentagem de sílica (Walther, 2005; Grotzinger et al., 2007).
Como a própria denominação sugere, as rochas ultramáficas e máficas são ricas em
minerais máficos e as rochas félsicas são ricas em minerais félsicos. As rochas intermédias
possuem na sua composição os dois tipos de minerais, em percentagens equivalentes
(Walther, 2005; Grotzinger et al., 2007). Na figura 6 está representada o modelo de
classificação de alguns exemplos de rochas magmáticas tendo em consideração a sua
composição química e mineralógica.
Fig. 6 - Modelo de classificação de rochas magmáticas, considerando a sua composição química e mineralógica (adaptado de
Grotzinger et al., 2007, p.82).
Formação do magma
Os magmas que estão na origem das rochas magmáticas existentes no nosso planeta
resultam da fusão de material rochoso, existente na crusta e no manto superior. A formação
deste material fundido ocorre, normalmente, a temperaturas que variam entre os 700oC e os
1200oC e a pressões que rodam as 3 ou 4 atm (atmosferas) a cerca de 10 km de
profundidade. Na maioria das vezes, estas condições só se verificam em profundidade.
Excecionalmente, podem-se verificar as condições necessárias para a formação de magmas
à superfície, devido a impactos de corpos celestes com a superfície terreste (Best &
Christiansen, 2001; Carvalho, 2002).
5 As micas são um grupo de minerais, os mais relevantes para este trabalho são a moscovite e a biotite.
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A fusão de rochas da crusta está muitas vezes associada a processos orogénicos,
enquanto a fusão de material rochoso presente no manto é praticamente independente
deste tipo de processos, estando mais relacionada com alterações de pressão. Quando à
sua composição, o magma é um líquido constituído por substâncias químicas,
maioritariamente silicatos, que necessita de determinadas condições para se manter pelo
menos parcialmente fundido (Carvalho, 2002; Winter, 2014).
A temperatura na Terra aumenta com a profundidade, devido ao gradiente geotérmico6.
Este aumento da temperatura deve-se às grandes concentrações de isótopos radioativos
existentes nas rochas da crusta e do manto superior (Chernicoff & Venkatakrishnan, 1995).
Por vezes, quando uma rocha é exposta a um determinado intervalo de temperaturas, não
ocorre fusão total do material rochoso. Tal deve-se aos diferentes pontos de fusão dos
minerais. Assim, através da fusão parcial, há formação de um magma com duas
componentes, uma sólida e uma líquida, que caso as condições não se alterem se mantem
parcialmente fundido (Chernicoff & Venkatakrishnan, 1995; Grotzinger et al., 2007).
A temperatura é um fator importante na fusão do material rochoso. No entanto, as
variações de pressão são os principais responsáveis dos grandes volumes de fundido
existente na Terra. Devido ao peso das rochas suprajacentes, o aumento da profundidade
resulta num aumento da pressão. As grandes pressões do interior da Terra são
responsáveis pelo estado sólido das rochas do manto e da crusta, uma vez que são
necessárias temperaturas mais elevadas para a sua fusão7. Da mesma forma que o
aumento da pressão aumenta o ponto de fusão de uma rocha, a diminuição da pressão leva
à diminuição da temperatura de fusão da mesma (Chernicoff & Venkatakrishnan, 1995;
Grotzinger et al, 2007).
A quantidade de água presente nas rochas também altera o seu ponto de fusão. Mesmo
em pequenas quantidades a água diminui o ponto de fusão do material rochoso. Quando se
verificam condições de altas pressões, o efeito da água no ponto de fusão das rochas é
potenciado. Isto acontece porque com o aumento da pressão, há mais condução de água
para as rochas, sendo um fenómeno muito importante nas zonas de subducção. Também a
elevada quantidade de água nas rochas sedimentares, tem um importante papel na fusão
das rochas no interior da Terra (Chernicoff & Venkatakrishnan, 1995; Albarède, 2003;
Grotzinger et al., 2007).
6 Variação da temperatura com o aumento da profundidade, havendo uma variação média de 1oC por 30m de profundidade, não sendo constante em todos os locais. O gradiente geotérmico é uma consequência da dissipação da energia interna da Terra (Carvalho, 2002). 7 Quando sujeitos a grandes pressões os iões e os átomos de um sólido cristalino necessitam de uma energia térmica superior para vibrarem e assim quebrarem as suas ligações. Este fenómeno é responsável pelo aumento da temperatura de fusão de uma rocha quando esta se encontra a uma pressão superior (Winter, 2014).
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Em termos composicionais, o magma é constituído por poucos elementos químicos,
sendo os principais oxigénio, silício, alumínio, ferro, cálcio, sódio, potássio e magnésio, que
na maioria das vezes são expressos sob a forma de óxidos. No entanto, os silicatos são os
mais abundantes (Best & Christiansen, 2001; Carvalho, 2002), sendo a quantidade de sílica
(SiO2) presente no magma um dos parâmetros mais importante para a sua classificação.
Dependendo do local onde são formados, a composição dos magmas pode variar muito.
Através da análise da riqueza em sílica de um magma, podemos classificá-lo como basáltico
(pobre em sílica), andesítico (composição intermédia) ou riolítico (rico em sílica). Estes
magmas dão origem a rochas máficas, intermédias ou félsicas, respetivamente (Grotzinger
et al., 2007).
O magma basáltico é formado pela fusão parcial do manto superior e o seu ponto de
fusão é elevado. Pela mistura de material rochoso proveniente de rochas sedimentares e de
basaltos oceânicos, podem formar-se magmas andesíticos, que são abundantes nas zonas
de subducção. Por sua vez, os magmas riolíticos são formados quando ocorre a fusão de
rochas sedimentares, metamórficas e ígneas, existentes na crusta continental, possuindo
um ponto de fusão relativamente baixo (Albarède, 2003; Grotzinger et al., 2007).
Evolução magmática
Desde a sua formação até à completa solidificação, o magma sofre várias alterações em
termos composicionais (Raymond, 1995). Estas são frequentemente denominadas por
evolução magmática. São vários os processos que após a massa magmática estar formada
contribuem para a sua evolução como, por exemplo, a assimilação e a mistura de magmas.
No entanto, o mais conhecido e também mais significativo é a diferenciação magmática por
cristalização fracionada.
A diferenciação magmática é definida como qualquer processo que possa levar à
alteração magma parental após a sua formação, produzindo um magma ou uma rocha
magmática composicionalmente diferente (Raymond, 1995; Frost & Frost, 2014; Winter,
2014). A diferenciação magmática compreende dois processos fundamentais: a cristalização
fracionada e a separação. A segregação das duas fases promove a diferenciação de um
magma em diferentes partes composicionais (Best & Christiansen, 2001; Winter, 2014).
A cristalização fracionada foi inicialmente mencionada por Darwin em 1835 e, mais
tarde, por Bowen em 1928, que se referiu a este processo como “cristalização-
diferenciação”, para realçar o facto de haver a separação entre o fundido e os cristais que se
iam formando, e que por diferenças de densidade precipitavam (Best & Christiansen, 2001).
Este processo ocorre devido às diferenças nos pontos de fusão e, consequentemente, nos
pontos de cristalização dos minerais. Assim, à medida que o magma vai arrefecendo,
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coexistem diferentes fases, os minerais recentemente formados, alguns gases que o
acompanham e uma fase líquida que vai ficando cada vez mais empobrecida em certos
elementos (Chernicoff & Venkatakrishnan, 1995; Carvalho, 2002; Grotzinger et al., 2007).
Outro processo fundamental na diferenciação magmática é a separação das diferentes
fases que constituem o magma (separação dos minerais que se vão formando do restante
liquido). A separação é dependente de alguns contrastes entre a fase sólida e a líquida
como, por exemplo, a diferença de densidades. Assim, a gravidade torna-se um dos
principais motores para a diferenciação (Frost & Frost, 2014; Winter, 2014).
No desenvolvimento dos seus trabalhos sobre a cristalização dos magmas, Bowen
determinou as sequências de cristalização dos silicatos durante a solidificação de um
magma máfico. Estas séries de reação são baseadas no facto de os minerais que se vão
formando continuarem em contacto com o magma que se mantem líquido. Desta forma, à
medida que as condições de temperatura se vão alterando, os minerais formados continuam
a reagir com o magma residual, formando novos minerais (Chernicoff & Venkatakrishnan,
1995; Carvalho, 2002).
Segundo os trabalhos de Bowen, os minerais silicatados podem solidificar seguindo
duas séries reacionais, representadas na figura 7. A série descontínua, demonstra a
sequência de cristalização de minerais ferromagnesianos, como a olivina, piroxena, anfíbola
e biotite. A série contínua, mostra a sequência de cristalização das plagioclases. Após a
formação dos minerais máficos e das plagioclases, o magma fica relativamente enriquecido
em sílica e potássio, formam-se os minerais de feldspato potássico, moscovite e quartzo
(Chernicoff & Venkatakrishnan, 1995; Carvalho, 2002).
Fig. 7 - Séries reacionais de Bowen (adaptada de Grotzinger et al., 2007).
À medida que um magma máfico vai arrefecendo, o primeiro mineral a cristalizar é a
olivina, que apresenta baixo teor em sílica e uma estrutura interna relativamente simples. Ao
ocorrer a cristalização da olivina, algum ferro e magnésio vão desaparecendo do magma
parental, aumentando a concentração relativa de outros iões. Se a temperatura continuar
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diminuir, a olivina dispersa continua a reagir com o magma, que se mantem líquido. Vão
sendo incorporados outros elementos na sua composição, acabando por alterar a sua
estrutura, originando minerais de piroxena, anfíbolas e, por fim, cristais de biotite (Chernicoff
& Venkatakrishnan, 1995).
As transformações de uns minerais noutros acontecem porque, à medida que a
temperatura vai diminuindo, os minerais já formados são sujeitos a novas condições de
temperatura. Para contrariar a instabilidade criada pelas temperaturas mais baixas, sofrem
alterações de forma a torná-los mais estáveis à nova temperatura. No fim desta série, os
iões e átomos do ferro e do magnésio já cristalizaram e os minerais que cristalizam após a
biotite já não possuirão ferro nem magnésio na sua composição. A sequência de
cristalização dos minerais ferromagnesianos é denominada por descontínua, uma vez que
além da alteração química, os minerais sobrem alterações a nível da estrutura interna
(Chernicoff & Venkatakrishnan, 1995).
Simultaneamente, à cristalização da série descontínua, ocorre a cristalização da série
contínua. Esta é assim denominada uma vez que os minerais formados apenas sofrerem
alterações a nível composicional, mantendo-se iguais a nível estrutural. À mesma
temperatura de cristalização da olivina e da piroxena, a plagioclase cálcica está também em
condições de cristalizar. Tal como os minerais ferromagnesianos, as plagioclases cálcicas
continuam a interagir com o magma ainda líquido. Gradualmente, os iões de cálcio são
substituídos por iões sódio e os cristais são convertidos em plagioclase sódica (Chernicoff &
Venkatakrishnan, 1995; Carvalho, 2002; Grotzinger et al., 2007).
Quando o magma arrefece lentamente, os iões de sódio invadem gradualmente os
minerais de anortite (plagioclase cálcica), começando pelo exterior e espalhando-se a todo o
mineral. No entanto, nem sempre o magma arrefece a uma velocidade suficientemente lenta
para que isso aconteça. Deste modo, os iões sódio invadem a plagioclase cálcica
exteriormente, mas não se dispersam por todo o mineral, resultando assim, em plagioclases
zonadas (Chernicoff & Venkatakrishnan, 1995; Carvalho, 2002).
Depois das plagioclases e dos minerais ferromagnesianos cristalizarem, dependendo
das condições a que está sujeito, cerca de 10% do magma parental mantem-se líquido.
Nesta situação e dependendo da composição inicial do magma, o líquido residual apresenta
grandes concentrações de sílica, alumínio e potássio. Assim, o feldspato potássico, a
moscovite e o quartzo são os últimos minerais a ser formados (Chernicoff &
Venkatakrishnan, 1995; Carvalho, 2002).
As séries reacionais de Bowen permitem explicar como é que determinados minerais
raramente se encontram na mesma rocha e porque alguns minerais aparecem
frequentemente acompanhados por outros. Contudo, nem sempre se verificam as condições
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ideais para que os equilíbrios sejam alcançados durante o processo. Assim, é possível
encontrar rochas que contenham por exemplo, olivina e algum quartzo.
As séries de Bowen foram desenvolvidas em laboratório e, como tal, foram testadas em
condições ideias para que o processo ocorra sem modificações. No entanto, na natureza,
raramente se verificam as condições ideais, para que o processo decorra sem perturbações.
Assim, são frequentes as situações que resultam na remoção física dos minerais que se vão
formando (Frost & Frost, 2014). Desta forma, os minerais e o magma, que se mantem
líquido, não podem reagir e os seus iões deixam de estar disponíveis, impedindo a formação
de outros minerais. Estas situações alteram a composição do magma inicial e, portanto,
alteram a composição das rochas que se irão formar a partir deste (Chernicoff &
Venkatakrishnan, 1995; Grotzinger et al., 2007).
Bowen acreditava que todas as rochas eram originadas através da diferenciação e
cristalização de magmas máficos. No entanto, outros trabalhos de campo realizados
posteriormente mostram que os processos estudados por Bowen não eram suficientes para
explicar toda a diversidade de rochas magmáticas existentes na Terra. Hoje sabemos que a
fusão de vários tipos de rochas em diversos locais e os processos de fusão parcial dão
origem a outros tipos de magma (intermédios e félsicos) (Grotzinger et al., 2007).
A assimilação (ou contaminação) também constribui para a evolução magmática, e
ocorre quando na ascensão do magma à superfície, devido às elevadas temperaturas, este
acaba por assimilar fragmentos de rocha – xenólitos - que se vão libertando das rochas
encaixantes. Os xenólitos à medida que vão sendo incorporados no magma alteram a
composição do mesmo (Raymond, 1995; Grotzinger et al., 2007; Frost & Frost, 2014).
A mistura de magmas também pode contribuir para a evolução magmática. Quando, nas
câmaras magmáticas, se encontram dois magmas de composição magmática distinta, pode
ocorrer mistura dos dois, resultando num terceiro magma, com composição diferente dos
dois que lhe deram origem. Por vezes, os magmas que se encontram simultaneamente na
câmara magmática não se misturam – são imiscíveis. Nestes casos, também se formam
corpos magmáticos distintos que originam rochas magmáticas com duas áreas que
apresentam composições muito diferentes (Raymond, 1995; Grotzinger et al., 2007; Frost &
Frost, 2014; Winter, 2014).
1.3. Enquadramento curricular
Hoje, os desafios impostos pela nova sociedade implicam uma adaptação dos currículos
escolares às suas exigências. Assim, é necessário que sejam valorizadas as atividades que
desenvolvam as capacidades concetuais, procedimentais e atitudinais das novas gerações.
O programa de Biologia e Geologia do 11º ano de escolaridade (Ministério da Educação,
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17
2003) complementa os conhecimentos conceptuais com sugestões metodológicas que
permitem dinamizar o ensino das diferentes temáticas. A implementação de atividades
laboratoriais e de atividades que possibilitam a discussão e a integração dos conteúdos
concetuais é uma das sugestões para alcançar esse objetivo.
Biologia
O tema abordado no projeto de Biologia – Árvores Filogenéticas – enquadra-se no
capítulo “Sistemas de Classificação” da Unidade 8 - “Sistemática dos Seres Vivos”. Segundo
as recomendações do programa, a abordagem deste tema deve ter como orientação a
questão “Face à diversidade, que critérios para sustentar um sistema de classificação dos
Seres Vivos?” (Ministério da educação, 2003). Na tabela 1 estão representadas as
recomendações do Ministério da Educação (2003) para a exploração do tema selecionado.
Tabela 1 – Recomendações para a exploração da unidade 8 do programa de Biologia e Geologia do 11º ano (adaptado de Ministério da Educação, 2003).
Conteúdos concetuais
Conteúdos procedimentais
Conteúdos atitudinais
Recordar e/ou enfatizar Evitar Conceitos/palavr
as-chave
1. Sistemas de classificação
1.1. Diversidade de critérios
1.2. Taxonomia e Nomenclatura
Integrar e contrastar perspetivas e argumentos associados aos diferentes sistemas de classificação que foram elaborados. Distinguir sistemas de classificação práticos/racionais, artificiais/naturais e filogenéticos. Utilizar chaves dicotómicas simples e regras básicas de nomenclatura.
Reconhecimento da importância dos conhecimentos de taxonomia e nomenclatura para o estudo da Biologia. Valorização do conhecimento da história da ciência para compreender as perspetivas atuais.
Os critérios subjacentes a cada tipo de classificação, bem como as respetivas vantagens e limitações. A sistemática como conceito abrangente que engloba modelos evolutivos e taxonomia. A universalidade e a hierarquia das categorias taxonómicas. A importância de regras de nomenclatura uniformes e consensuais.
A exploração exaustiva de todos os contributos históricos para a evolução dos sistemas de classificação.
Sistemas artificiais/naturais/práticos/racionais Sistemática Taxonomia Taxa Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Género, Espécie Árvore filogenética Nomenclatura binominal
O estudo dos sistemas de classificação dos seres vivos demonstra-se importante para o
desenvolvimento de cidadãos informados e conscientes. Através do estudo da filogenia,
podemos preparar os estudantes para a compreensão da Biologia, segundo uma perspetiva
evolutiva, e para compreenderem o tipo de investigação que se realiza nesta área da ciência
(Thanukos, 2009).
Geologia
A temática abordada na área científica de Geologia – Formação e evolução dos
magmas – encontra-se inserida no tema “Geologia, problemas e materiais do quotidiano”,
no capítulo “Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres”, no
subcapítulo “Rochas Magmáticas”. Na tabela 2 estão descritas as recomendações do
Ministério da Educação (2003) para a exploração do subcapítulo.
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Tabela 2 – Recomendações para a exploração do tema “Rochas Magmáticas” (adaptado de Ministério da Educação, 2003).
Conteúdos concetuais
Recordar e/ou enfatizar Evitar Conceitos/palavras-chave
Magmatismo. Rochas Magmáticas.
A classificação das rochas magmáticas com base no ambiente de consolidação dos magmas.
O estudo descontextualizado das rochas magmáticas sem relação direta com o processo que presidiu à sua formação e com os ambientes geodinâmicos em que se produzem.
Composição dos magmas (pobres em sílica, ricos em sílica, magmas com composição intermédia. Diferenciação magmática/cristalização fracionada. Minerais. Matéria cristalina. Isomorfismo e polimorfismo
1.4. Problema de investigação
O problema da investigação é “Os estudantes constroem árvores filogenéticas e
aprendem processos de formação e evolução dos magmas, através do trabalho
laboratorial segundo a ABRP?”.
1.5. Objetivos de investigação
A finalidade desta investigação científico-didática era contribuir para o desenvolvimento
profissional da professora em formação inicial e promover a utilização do trabalho
laboratorial, segundo a metodologia ABRP, no ensino das ciências.
Os objetivos gerais do presente estudo são (i) potenciar a aprendizagem das temáticas
pretendidas e o desenvolvimento de capacidades investigativas e de argumentação,
recorrendo ao trabalho laboratorial segundo a metodologia ABRP; e (ii) verificar se os alunos
com mais dificuldades conseguem aprender os conteúdos e capacidades pretendidos. Uma
vez que a investigação realizada apresenta duas componentes, uma na área científica de
Biologia e outra na área científica de Geologia, ambas possuem objetivos específicos que se
pretendiam alcançar.
Os objetivos específicos que se pretendiam alcançar na componente da Biologia são: (1)
sensibilizar os alunos para a importância dos sistemas de classificação, nomeadamente das
árvores filogenéticas, na investigação científica; (2) potenciar a aprendizagem dos alunos na
construção e interpretação das árvores filogenéticas, recorrendo ao trabalho laboratorial; (3)
potenciar o desenvolvimento, por parte dos alunos, de capacidades investigativas,
argumentativas e criticas, (4) avaliar a eficiência da atividade desenvolvida.
Relativamente à componente da Geologia, os objetivos específicos que se pretendiam
alcançar são: (1) detetar os temas dos conteúdos programáticos de Geologia (Ano 2) com
subaproveitamento no ano letivo anterior; (2) construir materiais que permitam a abordagem
do tema selecionado; (3) potenciar a aprendizagem dos alunos sobre o tema formação e
evolução dos magmas através da metodologia ABRP com recurso ao trabalho laboratorial;
(4) potenciar o desenvolvimento, por parte dos alunos, de capacidades investigativas,
argumentativas e criticas, (5) avaliar a eficiência da intervenção.
.
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2. Metodologia de investigação
2.1. Programa de intervenção de Biologia
A intervenção respeitante à componente da Biologia consistiu numa atividade
laboratorial (adaptada de National Science Foundation, 1998) preparada segundo a
metodologia ABRP.
Devido à variedade e complexidade de caracteres dos seres vivos, seria demasiado
complexo propor a estudantes do ensino secundário a construção de uma árvore
filogenética de grupos reais de organismos. Para ultrapassar esta situação, recorre-se
frequentemente a grupos imaginários de seres vivos, desenvolvidos para facilitar a aplicação
deste tipo de atividades na sala de aula. O género Barbellus e o grupo Caminalcules são
dois exemplos.
Grupos de seres vivos imaginários
O género Barbellus (figura 8) é um grupo imaginário, desenvolvido pela National Science
Foundation, constituído por dez indivíduos, que representam dez espécies diferentes. Foram
concebidos para demonstrar um padrão de evolução divergente e o tipo de variações
morfológicas que podem ocorrer ao longo do tempo.
Fig. 8 – Representação das dez espécies do género Barbellus (National Science Foundation, 1998).
Outro grupo imaginário utilizado neste trabalho é o grupo Caminalcules, desenhados
por Joseph H. Camin, que possui 62 formas diferentes. Uma vez que é um grupo muito
extenso, é mais adequado para atividades a nível do ensino superior. No entanto, é
possível escolher algumas representações dos grupos para o desenvolvimento de
atividades a nível do ensino secundário. Na figura 9 estão representados os organismos
selecionados para esta investigação.
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Fig. 9 - Representação de 6 espécies do grupo Caminalcules.
Procedimento
A intervenção em sala de aula sobre o tema de Biologia selecionado foi dividida em duas
etapas, a atividade e a sistematização. A atividade laboratorial foi realizada numa aula de
125 minutos (50 + 50 + 25 minutos) e a sistematização da atividade foi concretizada numa
aula de 50 minutos.
Iniciou-se a aula laboratorial com a apresentação do cenário-problemático “Evolução do
género Barbellus”. Os estudantes foram divididos em grupos de três ou quatro elementos e
planificaram a atividade. Posteriormente, foi promovida uma discussão em grupo-turma que
pretendia apurar um possível procedimento para a resolução da questão problema
apresentada. As sugestões dos estudantes foram concordantes com o procedimento
previamente preparado pela professora (apêndice I). Ao longo da atividade, foi elaborado
um Vê de Gowin, que mais tarde foi utilizado como elemento de avaliação.
A atividade consistia em explorar um modelo (previamente construído com materiais
comuns do quotidiano, como caixas de arrumação, algodão, esferovite, espuma e panos de
cozinha) de uma sequência estratigráfica (figura 10a). A construção do modelo foi baseada
no esquema representado na figura 10b.
Através da análise do modelo fornecido, os estudantes deveriam retirar informações
sobre a idade relativa dos “fósseis” encontrados (no modelo foram colocadas
representações esquemáticas que pretendiam simbolizar exemplares de fósseis
encontrados em estratos reais). Posteriormente, foram fornecidas aos estudantes
Fig. 10a e 10b – Modelo da sequência estratigráfica (10a). Esquema da sequência estratigráfica (10b) (National Science Foundation, 1998).
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21
representações esquemáticas maiores (figura 11), feitas de cartão, de forma a facilitar a sua
manipulação. Com base nas informações retiradas da sequência estratigráfica e nas
características das imagens fornecidas, os estudantes construíram árvores filogenéticas
(figura 12) do género Barbellus.
Após todos os grupos construírem a sua árvore filogenética, esta foi transposta para o
quadro (figura 12). Depois cada grupo selecionou um porta-voz para apresentar e defender
a hipótese do grupo para a história evolutiva de Barbellus. A argumentação preparada pelo
grupo deveria conter alguns conceitos salientados no inicio da atividade (como caracter
ancestral e derivado, variabilidade de características, evolução divergente, entre outros) e
ainda relacionar a temática evolução biológica com os sistemas de classificação,
nomeadamente as árvores filogenéticas.
Na aula de sistematização foi apresentada e discutida a árvore filogenética construída.
Foram também discutidos alguns pontos que tinham ficado mal esclarecidos. A avaliação da
eficiência da atividade laboratorial promovida foi efetuada em três fases distintas, como
indicado na tabela 3.
Fig. 11 - Representações esquemáticas de algumas espécies de Barbellus.
Fig. 12 - Exemplos de árvores filogenéticas elaboradas por um grupo de alunos.
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Tabela 3 - Síntese do plano de ação da intervenção referente à Biologia.
Intervenção Etapa 1 Atividade laboratorial
Etapa 2 Sistematização
Avaliação
Momento 1 Vê de Gowin/Grelha de Observação
Momento 2 Teste 1
Momento 3 Teste teórico-prático
2.2. Programa de intervenção de Geologia
A intervenção referente à componente da Geologia, consistiu numa atividade
laboratorial, preparada segundo a metodologia ABRP. Esta foi dividida em duas pequenas
atividades, uma sobre “fusão parcial” adaptada da atividade de King (2010) e outra relativa à
“cristalização dos magmas” adaptada do trabalho desenvolvido por Pflug (2012).
Procedimento
Posteriormente à seleção do tema de Geologia, realizou-se um teste diagnóstico de
forma a apurar quais as dificuldades específicas dos estudantes. Este teste foi elaborado no
software Hot Potatoes, de forma a ser preenchido pelos estudantes nos computadores
portáteis disponíveis na escola. Após a análise dos dados do teste diagnóstico, foi
disponibilizado um documento de revisão, num momento anterior à aula. Este documento
tinha como objetivo a revisão de conteúdos lecionados em anos anteriores e noutras áreas
curriculares, que seriam essenciais para a melhor compreensão da temática “formação e
evolução dos magmas”.
A intervenção, em sala de aula, da temática da área da Geologia decorreu em duas
etapas. A primeira referente a uma aula laboratorial de 125 minutos (50 + 50 + 25 minutos).
A segunda ocupou uma aula de 100 minutos (50 + 50 minutos). As atividades desenvolvidas
na aula laboratorial foram utilizadas como introdução ao tema que se pretendia estudar.
A atividade correspondente ao processo da fusão parcial (figura 13) foi orientada pelas
questões “Como se formam os magmas?” e “De que forma o processo de fusão parcial está
envolvido na formação dos magmas?”. Após os estudantes planificarem, em grupo, a
atividade laboratorial, o protocolo sugerido foi analisado em grupo-turma. A sugestão dos
estudantes foi concordante com o protocolo previamente preparado (apêndice II).
Fig. 13 - Resultados obtidos, pelos alunos, na atividade sobre fusão parcial.
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A atividade referente às condições de cristalização dos magmas (figura 14) foi orientada
segundo as questões “Como se formam os cristais?” e “Porque é que as rochas magmáticas
têm cristais com tamanhos diferentes?”. Tal como na primeira atividade, após os estudantes
planificarem a atividade a realizar, foi disponibilizado um protocolo (apêndice III).
Enquanto a primeira atividade foi realizada em grupos de 3-4 elementos, a segunda foi
realizada em grupo-turma. Por este motivo, os estudantes elaboraram um Vê de Gowin
sobre a atividade referente ao processo da fusão parcial, este foi posteriormente utilizado
como elemento de avaliação.
O segundo momento de intervenção iniciou-se com a discussão dos resultados obtidos
nas atividades laboratoriais realizadas anteriormente. Esta discussão foi utilizada como
elemento introdutório no estudo do tema “formação dos magmas” e do tema “cristais e
matéria cristalina”, ambos importantes para a compreensão do tema “evolução magmática”.
O tema “evolução magmática”, foi introduzido com recurso a um cenário problemático.
Após a leitura do caso foram registados factos importantes e levantadas questões-problema,
que orientaram o restante tempo de aula. A avaliação da eficiência da intervenção, referente
à Geologia, foi efetuada em três momentos, como indicado na tabela 4.
Tabela 4 - Síntese do plano de ação da intervenção referente à Geologia
Avaliação Diagnóstico Recurso digital
Intervenção Etapa 1 Atividade laboratorial
Etapa 2 Aula
Avaliação
Momento 1 Vê de Gowin/Grelha de Observação
Momento 2 Teste Teórico-prático
Momento 3 Recurso digital
2.3. Amostra
A amostra selecionada para este estudo foi constituída por 53 estudantes, com
idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos, de duas turmas de 11º ano do Curso
Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias, de uma escola pública do distrito do
Porto. Esta seleção resultou de uma amostragem não-probabilística por conveniência, uma
Fig. 14 - Resultados obtidos, pelos alunos, na atividade sobre cristalização dos magmas.
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vez que foram utilizadas as duas turmas que interagiram com o núcleo de estágio, no ano
letivo em que se desenvolveu a PES. Não é pretendida a generalização dos resultados, uma
vez que não se pode afirmar que a amostra selecionada é representativa da população onde
está inserida. Ao longo do ano letivo, alguns estudantes foram transferidos das turmas em
que estavam inseridos. No entanto, uma vez que foram recolhidos alguns dados relativos a
esses indivíduos, foi tomada a decisão de mantê-los na amostra inicial.
Uma vez que se pretendia retirar alguns indicadores sobre a eficiência das atividades
realizadas em grupos de estudantes com níveis de aproveitamento diferentes, a amostra foi
dividida em duas classes. A classe A, com 24 indivíduos, foi constituída por estudantes
retidos (7 indivíduos) no ano letivo anterior e por alunos com classificação entre 10 e 13
valores na unidade curricular de Biologia e Geologia de 10º ano. A classe B, com 29
indivíduos, foi constituída por alunos cuja classificação na unidade curricular de Biologia e
Geologia de 10º ano variou entre 14 e 20 valores. Na tabela 5,encontra-se a distribuição,
relativamente ao género, dos dois grupos definidos.
Tabela 5 – Distribuição de géneros das duas classes que constituem a amostra.
Classe A Classe B Total
Género Feminino 8 17 25
Masculino 16 12 28
Total 24 29 53
2.4. Estudo de caso
O estudo de caso é uma das metodologias de investigação mais utilizada nos
estudos em ciências da educação. A vantagem do estudo de caso, relativamente a outras
metodologias, é permitir um estudo aprofundado do caso no seu contexto real (Yin, 2004).
Para esta metodologia é essencial a existência do “caso”, que constitui o objeto de estudo.
Segundo Merriam (1998, citado por Brown, 2008), o caso pode ser uma unidade, uma
entidade ou um fenómeno com barreiras que o investigador pode delimitar.
A escolha da amostra é intencional, (Bravo, 1992 citado por Coutinho, 2014), sendo
frequente o recurso a amostras não probabilísticas, como por exemplo, amostras de
conveniência (Carmo & Ferreira, 2008; Coutinho, 2014). Segundo Ponte (1994), recorre-se
ao estudo de caso quando se pretende retirar indicadores sobre determinado caso e não
quando se pretende generalizar os resultados.
O estudo de caso adota uma postura particular e heurística, uma vez que se foca
numa situação específica e procura perceber o que a caracteriza, contribuindo para a
compreensão global da situação estudada (Ponte, 1994; Gay, Mills & Airasian, 2011).
Segundo Yin (1994, citado por Coutinho, 2014), é a metodologia de eleição quando se
pretende explorar, descrever ou explicar determinada situação ou fenómeno.
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25
Um estudo de caso pode ser holístico ou inclusivo. Tomando como exemplo uma
turma (Coutinho, 2014), esta pode ser analisada na sua globalidade (estudo de caso
holístico ou global) ou ser dividida em subunidades que obrigam a uma análise específica
(estudo de caso inclusivo). As subunidades no estudo do tipo inclusivo podem ser formadas
segundo critérios como o género e aproveitamento em certas disciplinas, entre outros
(Coutinho, 2014). Pelas suas características, a investigação realizada é um estudo de caso
inclusivo.
Segundo Yin (1994, citado por Coutinho, 2014) o estudo de caso consiste numa
investigação empírica, uma vez que estuda a entidade no seu contexto real, recorrendo a
várias fontes de dados. Normalmente, em educação, os estudos de caso qualitativos são os
mais comuns. No entanto, esta não é uma característica obrigatória desta metodologia
(Ponte, 1994). Coutinho (2014) corrobora a opinião de Yin (2004) quando refere que um
bom estudo de caso implica a utilização de múltiplas fontes de evidências, criando
condições para uma triangulação de dados. Esta é fundamental para ser possível assegurar
a credibilidade das conclusões retiradas.
2.5. Técnicas e instrumentos de recolha de dados
Todas as investigações, quer sejam de cariz qualitativo, quantitativo ou misto
obrigam a uma recolha de dados originais e fidedignos por parte do investigador (Coutinho,
2014). Cabe ao investigador escolher as técnicas e os instrumentos que considera mais
apropriados para o seu estudo, tendo em consideração os objetivos que pretende cumprir e
o tipo de análise que intenta realizar.
Neste estudo recorreu-se a vários instrumentos de recolha de dados, como grelhas
observações, testes (em suporte físico e digital) e relatórios do tipo Vê de Gowin. Estes
instrumentos foram selecionados por permitirem a recolha dos dados pretendidos e por,
simultaneamente, poderem ser utilizados como instrumentos de avaliação.
O estudo foi complementado com a aplicação de um questionário (adaptado de
Vasconcelos et al., 2012) de avaliação da metodologia utilizada (ABRP). Este questionário
foi anónimo e tinha como objetivo perceber qual a opinião dos alunos relativamente a cada
uma das atividades desenvolvidas.
Biologia
Durante a intervenção foi preenchida a grelha de observação. Este instrumento foi
baseado nas grelhas de observação construídas pelos professores do grupo disciplinar de
Biologia e Geologia da escola onde se realizou a PES. Pretendeu-se avaliar quatro
parâmetros: (i) Interesse, autonomia e curiosidade; (ii) Sentido de responsabilidade e
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reflexão crítica; (iii) Cooperação com os outros; (iv) Apresentação e fundamentação da
opinião.
No final da intervenção, que corresponde ao primeiro momento de recolha de dados,
foram recolhidos os Vê de Gowin, elaborados pelos alunos, durante a atividade laboratorial.
Posteriormente, estes foram cotados tendo como base uma grelha de cotação adaptada da
que foi utilizada pelo grupo disciplinar de Biologia e Geologia, da escola onde se
desenvolveu a PES. Foi construído um Vê de Gowin de referência (apêndice IV), que
permitiu uma reflexão e ponderação sobre as cotações atribuídas. De salientar que os
estudantes estavam habituados à utilização frequente deste recurso didático.
No segundo momento de recolha de dados, foi elaborado um teste de avaliação que
pretendia aferir a aprendizagem dos estudantes, relativamente ao tema abordado durante a
intervenção. Nesse teste, foi inserida uma atividade de construção de uma árvore
filogenética de grupo de indivíduos. Os factos sobre as diferentes espécies utilizadas na
árvore encontravam-se descritos num texto que introduzia o exercício. Após a construção da
árvore filogenética, foi pedido aos alunos que justificassem a sua hipótese para a história
evolutiva representada. Desta forma, foi possível confirmar se os alunos conseguiam
mobilizar os conteúdos e capacidades desenvolvidos durante a atividade laboratorial. Foi
construída uma árvore filogenética de referência (apêndice V), que foi utilizada na cotação
do exercício.
No terceiro momento de recolha de dados, foi elaborado um teste de avaliação
teórico-prático, no qual foi pedido aos estudantes que construíssem, novamente, uma árvore
filogenética de um grupo de indivíduos. Foram fornecidas, aos alunos, representações
esquemáticas dos organismos (que pertenciam ao grupo imaginário Caminacules). Como
anteriormente, foi construída uma árvore de referência (apêndice VI) que foi a base da
cotação do exercício.
Geologia
A investigação preliminar realizada na componente de Geologia foi dividida em duas
fases. Na primeira, os dados foram recolhidos através de um questionário, onde estavam
identificados todos os temas abordados na Geologia de 11º ano. Foram selecionados 46
estudantes que tinham frequentado a disciplina no ano letivo anterior (2012/2013), dos quais
7 (estudantes retidos) estão incluídos na amostra da investigação descrita neste relatório.
Além dos estudantes, foram também inquiridos 4 professores que já tinham lecionado os
conteúdos pretendidos.
Após o tratamento dos dados dos questionários, foram selecionados os 5 temas mais
assinalados por alunos e professores. Posteriormente, foram entrevistados os 7 estudantes
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retidos, de forma a averiguar quais as dificuldades específicas em cada temática assinalada.
O guião da entrevista encontra-se no apêndice VII.
Antes da intervenção na área da Geologia, foi elaborado um teste diagnóstico,
construído utilizando o software Hot Potatoes (apêndice VIII). Este possuía exercícios que
pretendiam avaliar as dificuldades em temas lecionados anteriormente, tanto na disciplina
de Biologia e Geologia como noutras áreas disciplinares como, por exemplo, a Química.
Estes temas seriam essenciais para a compreensão da temática que seria abordada na
intervenção.
No decorrer da intervenção, tal como ocorreu na componente de Biologia, foram
retirados registos que permitam o preenchimento das grelhas de observação, de forma a
avaliar as capacidades atitudinais desenvolvidas pelos estudantes, durante a intervenção.
No final da intervenção, foram recolhidos os Vê de Gowin elaborados pelos estudantes, que
foram cotados recorrendo a uma grelha de cotação adaptada da utilizada pelo grupo
disciplinar da escola. O Vê de Gowin de referência (apêndice IX) permitiu uma reflexão e
ponderação sobre as cotações atribuídas.
No segundo momento de recolha de dados, foi elaborado um teste de avaliação
(apêndice X) que pretendia aferir a aprendizagem dos estudantes, relativamente ao tema
trabalhado durante a intervenção. Foram inseridos no teste alguns exercícios que
pretendiam verificar se os estudantes seriam capazes de mobilizar as capacidades
concetuais desenvolvidas. Posteriormente, foi utilizado o software Hot Potatoes para
construção de um teste (apêndice XI) que pretendia recolher dados sobre a aprendizagem
dos estudantes relativamente à temática pretendida.
2.6. Tratamentos de dados
Para organizar os dados recolhidos, ao longo desta investigação, foram utilizadas
tabelas de frequências. Os dados recolhidos na investigação preliminar de Geologia e os
questionários de avaliação das intervenções não foram sujeitos a testes estatísticos. Na
primeira situação, não foi necessário a utilização de testes estatísticos para alcançar os
objetivos pretendidos. Relativamente aos questionários de avaliação, uma vez que foram
preenchidos em regime de anonimato, não foi possível a associação dos resultados às
classes previamente definidas.
Os restantes dados obtidos, tanto a nível da Biologia como da Geologia, foram tratados
estatisticamente recorrendo ao teste do qui-quadrado (2) (Tuckman, 2000) e ao teste de
Fisher (Samuels & Witmer, 2003). Estes testes foram aplicados para que fosse possível
verificar a existência de associações estatisticamente significativas entre as classes
consideradas e o tipo de resposta dos alunos.
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Os testes estatísticos são utilizados para comparar os dados obtidos ao longo de uma
investigação, de forma a verificar se a probabilidade das diferenças observadas entre eles
serem baseadas no acaso (Tuckman, 2000). O teste do qui-quadrado (2) é um teste não
paramétrico, utilizado em tabelas de contingência, que compara as frequências observadas
com as frequências esperadas, verificando se as diferenças entre elas são estatisticamente
significativas (Tuckman, 2000; Ravid, 2011). Quando não é possível utilizar o teste de qui-
quadrado recorre-se ao teste exato de Fisher, que apenas pode ser aplicado a tabelas de
contingência 2x2 (Samuels &Witmer, 2003).
3. Resultados e discussão
3.1. Biologia
Primeiro momento de avaliação (Grelha de observação e Vê de Gowin)
Para facilitar a análise dos dados obtidos através das grelhas de observação
utilizadas na componente da Biologia, os quatro parâmetros foram analisados em separado.
Para efeitos de cálculo de qui-quadrado, as categorias “insuficiente” e “suficiente” foram
agrupadas.
Relativamente ao primeiro parâmetro de avaliação, “interesse, autonomia e
curiosidade” (tabela 6), podemos verificar que a maioria dos estudantes (70%) alcançou a
classificação “bom”. Analisando, em separado, as duas classes, podemos constatar que
esta tendência se mantem. Através destes dados podemos também verificar que existe uma
associação estatisticamente significativa entre a classificação obtida e a classe em que os
alunos estão inseridos (2 = 4,82; g.l = 1; <0,05).
Tabela 6 – Resultados relativos ao parâmetro “interesse, autonomia e curiosidade” na Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
Insuficiente 4 0,17 1 0,03 5 0,09
Suficiente 6 0,25 3 0,10 9 0,17
Bom 12 0,50 25 0,86 37 0,70
Faltou 2 0,08 0 0 2 0,04
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
No que respeita ao parâmetro “sentido de responsabilidade e reflexão crítica” (tabela
7) a maioria dos estudantes (66%) atingiu a classificação “bom”, 26% obteve a classificação
“suficiente” e só 4% dos estudantes teve classificação considerada “insuficiente”. Mais uma
vez é possível verificar que existe uma associação estatisticamente significativa entre a
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29
classificação dos alunos e a classe onde estes estão inseridos (2 = 8,06; g.l = 1; <0,05).
Ou seja, os alunos da classe B obtiveram, no geral, classificações superiores aos da classe
A.
Tabela 7 - Resultados relativos ao parâmetro “sentido de responsabilidade e reflexão crítica” na Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
Insuficiente 2 0,08 0 0 2 0,04
Suficiente 10 0,42 4 0,14 14 0,26
Bom 10 0,42 25 0,86 35 0,66
Faltou 2 0,08 0 0 2 0,04
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Quanto ao parâmetro “cooperação com os outros” (tabela 8) 75% dos estudantes
obtiveram “bom” na classificação, 17% teve classificação “suficiente” e 4% obteve
classificação “insuficiente”. Relativamente ao parâmetro “apresenta e fundamenta a sua
opinião” (tabela 9), a percentagem de estudantes que obtiveram “suficiente” e “insuficiente”
foi igual (13%). A classificação “bom” foi alcançadas por 70% dos alunos. Tanto no
parâmetro “cooperação com os outros” (2 = 0,61; g.l = 1; > 0,05) como no parâmetro
“apresenta e fundamente a sua opinião” (2 = 1,54; g.l = 1; > 0,05), existe uma associação
entre a classe de alunos e a classificação obtida, contudo, esta não se revelou
estatisticamente significativa.
Tabela 8 - Resultados relativos ao parâmetro “cooperação com os outros” na Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
Insuficiente 1 0,04 1 0,03 2 0,04
Suficiente 5 0,21 4 0,14 9 0,17
Bom 16 0,67 24 0,83 40 0,75
Faltou 2 0,08 0 0 2 0,04
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Tabela 9 - Resultados relativos ao parâmetro “apresenta e fundamente a sua opinião” na Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
Insuficiente 5 0,21 2 0,07 7 0,13
Suficiente 3 0,13 4 0,14 7 0,13
Bom 14 0,58 23 0,79 37 0,70
Faltou 2 0,08 0 0 2 0,04
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
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30
No que diz respeito à análise das classificações obtidas pelos estudantes nos
relatórios tipo Vê de Gowin (tabela 10) podemos verificar que, 4% dos alunos não
entregaram o Vê de Gowin (o que corresponde à percentagem de estudantes que faltaram à
aula laboratorial). A maioria dos alunos (45%) obteve uma classificação entre 14 e 16
valores, 25% dos estudantes tiveram classificações iguais ou superiores a 17 valores e 19%
obteve notas entre os 10 e os 13 valores. Cerca de 8% dos alunos teve classificação inferior
a 9 valores. Para efeitos de cálculo do qui-quadrado, as categorias “0-9” e “10-13” e as
categorias “14-16” e “17-20” foram agrupadas e apenas foram considerados os indivíduos
respondentes.
A maioria dos estudantes (93%) da classe B obteve um nível considerado “bom” (14-
16 valores) ou “muito bom” (17-20 valores), os restantes 7% obteve uma classificação entre
os 10-13 valores. Relativamente à classe A, a percentagem de alunos que obteve um nível
“suficiente” foi igual à percentagem que obteve um nível “bom” (33%), apenas 8% obteve um
nível considerado “muito bom” e 17% teve negativa na cotação do Vê de Gowin. Pelos
resultados obtidos, é possível afirmar que existe uma associação estatisticamente
significativa entre a classificação obtida no relatório e a classe em que os alunos inseridos
(2 = 14,26; g.l = 1; <0,05).
Tabela 10 – Resultados relativos ao Vê de Gowin na Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classificação/classe Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
0-9 4 0,17 0 0 4 0,08
10-13 8 0,33 2 0,07 10 0,19
14-16 8 0,33 16 0,55 24 0,45
17-20 2 0,08 11 0,38 13 0,25
Não entregaram 2 0,08 0 0,00 2 0,04
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Segundo momento de avaliação
No segundo momento de avaliação da eficiência da atividade desenvolvida, apenas
87% dos estudantes estiveram presentes. Apesar de a maioria dos alunos (57%) apresentar
uma resposta satisfatória, indicando entre 4 e 7 tópicos, 30% dos estudantes ficaram aquém
do esperado, como podemos observar na tabela 11. Para efeitos de cálculo de qui-quadrado
foram considerados apenas os estudantes respondentes.
Existe alguma concordância entre a classificação obtida e a classe em que os alunos
estão inseridos, ou seja a percentagem de alunos da classe B (69%) que teve uma resposta
considerada satisfatória é superior a percentagem da classe A (42%). Também podemos ver
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31
que a classe A apresenta 42% de respostas com classificação inferior enquanto a classe B
apresenta apenas 21%. No entanto, as associações verificadas não são estatisticamente
significativas (2 = 3,6; g.l = 1; > 0,05).
Tabela 11 - Resultados relativos ao exercício do teste 1 na Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classificação/classe Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
0-3 10 0,42 6 0,21 16 0,30
4-7 10 0,42 20 0,69 30 0,57
Não responderam 4 0,17 3 0,10 7 0,13
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Terceiro momento de avaliação
Relativamente, ao terceiro momento de avaliação, é possível verificar na tabela 12
que, cerca de 8% dos indivíduos constituintes da amostra não estiveram presentes. Os
resultados obtidos foram francamente positivos, com 83% de respostas consideradas
satisfatórias e apenas 9% de respostas consideradas aquém do esperado.
É possível contatar que existe uma associação estatisticamente significativa entre os
resultados obtidos e a classe em que estão inseridos os alunos (Teste de Fisher: P = 1,8%).
Na classe A 75% dos alunos apresentaram respostas satisfatórias (uma percentagem
superior à obtida no segundo momento de avaliação) no entanto, cerca de 21% tiveram
respostas aquém do espectável. Respeitante à classe B, 90% dos alunos obteve respostas
satisfatórias, de notar que foi correspondente à percentagem de respondentes deste grupo,
ou seja, nenhum aluno respondente teve uma resposta não satisfatória.
Uma vez que os exercícios propostos no segundo e no terceiro momento de
avaliação pretendiam avaliar os mesmos parâmetros, é possível comparar os resultados.
Assim, podemos constatar que ambas as classes demonstraram uma evolução positiva,
aumentando significativamente a percentagem de respostas satisfatórias. Esta melhoria
pode ser explicada pela reflexão e discussão que foi efetuada em grupo-turma, sobre as
árvores filogenéticas construídas no segundo momento de avaliação.
Tabela 12 - Resultados relativos ao exercício do teste teórico-prático na Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classificação/classe Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
0-3 5 0,21 0 0 5 0,09
4-7 18 0,75 26 0,90 44 0,83
Não responderam 1 0,04 3 0,10 4 0,08
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
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Questionário de opinião sobre a atividade
Após a intervenção da área científica de Biologia, os estudantes responderam ao
questionário que visava à avaliação da metodologia utilizada durante a atividade. De
salientar que apenas a questão 1 permitia a escolha de múltiplas opções, as restantes
obrigavam à escolha de apenas uma opção de resposta e que 4% dos indivíduos
constituintes da amostra não responderam ao questionário.
Como podemos verificar na tabela 13, relativamente à questão 1, a maioria dos alunos
consideraram que a atividade desenvolvida permitiu a aprendizagem de conteúdos
científicos (85%), que captou a sua atenção (62%), ajudou a desenvolver a sua capacidade
de argumentação em diversas situações (55%) e que ajudou no desenvolvimento de
capacidades de escrita científica (51%). Cerca de 43% dos inquiridos considerou que a
atividade permitiu o desenvolvimento de capacidades envolvidas no trabalho colaborativo e
17% assinalou que a atividade o ensinou a procurar soluções para resolver os problemas do
quotidiano. Apenas uma minoria dos inquiridos (8%) considerou que a atividade dificultou a
aprendizagem por não ser dada a resposta direta.
No que diz respeito à questão 2 as respostas dos inquiridos são distribuídas pelas 3
opções de resposta. No entanto, 43% dos alunos considera que colocou questões,
demonstrando que o ABRP potencia o questionamento. Quanto à questão 3, apenas 34%
dos alunos considerou que foi capaz de estabelecer autonomamente a argumentação das
propostas de solução. A maioria (60%) apontou que a professora orientou no processo de
argumentação das sugestões de solução, o que demonstra que maioria dos alunos
apresenta dificuldades na concretização desta tarefa, o que levou a um maior
acompanhamento por parte da professora.
As questões 4 e 5 obtiveram respostas bastantes consensuais. No que diz respeito à
questão 4, 85% dos alunos apontam que as atividades se mostraram interessantes e
motivadores. Uma minoria, 8%, considerou que a atividade não era interessante e 4%
assinalou que era muito extensa. Relativamente à questão 5, 87% considerou que os
materiais utilizados estavam bem organizados e apresentados contra uma minoria que os
considerou confusos e extensos.
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Tabela 13 - Resultados relativos ao questionário de avaliação da intervenção na Biologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Questionário fa fr
Questã
o 1
- E
m r
ela
ção à
meto
dolo
gia
utiliz
ada n
as a
ula
s p
ara
lecio
nar
a
tem
ática d
as "
Sis
tem
as d
e C
lassific
ação"
consid
ere
i que (
sele
cio
ne a
s o
pções q
ue
se a
plic
am
à s
ituação)
a) ensinou a procurar soluções para resolver problemas do quotidiano 9 0,17
b) dificultou a aprendizagem, por não ser fornecida a resposta direta às questões 4 0,08
c) ensinou a trabalhar melhor em equipa 23 0,43
d) permitiu aprender conteúdos científicos 45 0,85
e) captou a minha atenção 33 0,62
f) ajudou a desenvolver a capacidade de argumentar em grupo e no grupo turma 29 0,55
g) ajudou a desenvolver a capacidade de escrita científica 27 0,51
Questã
o 2
-
Após a
apre
senta
ção
do p
roble
ma
(assin
ale
a
opção m
ais
corr
eta
)
a) coloquei questões 23 0,43
b) selecionei questões dentro das que foram apresentadas e coloquei novas questões 17 0,32
c) envolvi-me nas questões fornecidas pela professora e pelos documentos materiais 11 0,21
Questã
o 3
- N
a
arg
um
enta
ção e
com
unic
ação
aos m
eus
cole
gas s
obre
o
resultado d
o
pro
ble
ma
(assin
ale
a
opção m
ais
corr
eta
)
a) estabeleci autonomamente argumentação lógica para comunicar as soluções das questões-problema formuladas
18 0,34
b) a professora orientou-me no processo de argumentação e no desenvolvimento da comunicação da solução às questões-problema formuladas
32 0,60
c) foi a professora que me deu as argumentações para saber comunicar as soluções à questão-problema formuladas
1 0,02
Questã
o 4
- A
s
tare
fas
realiz
adas
fora
m (
assin
ale
a o
pção m
ais
corr
eta
)
a) muito extensas 2 0,04
b) interessantes e motivadoras 45 0,85
c) Sem interesse 4 0,08
Questã
o 5
-
Rela
tivam
ente
aos m
ate
ria
is
utiliz
ados
(assin
ale
a
opção m
ais
corr
eta
)
a) estavam bem organizadas e bem apresentados 46 0,87
b) Eram confusos e extensos 3 0,06
c) Eram demasiados longos 2 0,04
3.2. Geologia
Investigação preliminar
Na tabela 14 estão discriminados os resultados obtidos na primeira fase da
investigação preliminar relativa à componente de Geologia. Da análise da tabela é possível
verificar que os temas que foram mais assinalados, tanto pelos alunos como pelos
professores inquiridos, foram: Meteorização química e física; Minerais e as suas
propriedades; Cristalização e diferenciação dos magmas; Minerais e matéria cristalina; e
Minerais de origem metamórfica, recristalização e minerais índice.
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Tabela 14 – Resultados relativos ao questionário da investigação preliminar na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Conteúdos programáticos de Geologia 11ºano
Professores Alunos TOTAL
fa fr fa fr fa fr
Ocupação antrópica e problemas do quotidiano
Bacias Hidrográficas 1 0,25 13 0,28 14 0,28
Zonas Costeiras 0 0 12 0,26 12 0,24
Zonas de Vertente 0 0 13 0,28 13 0,26
Rochas Sedimentares
Meteorização química e física 3 0,75 14 0,30 17 0,34
Minerais e as suas propriedades 2 0,50 9 0,20 11 0,22
Classificação das rochas sedimentares 0 0 12 0,26 12 0,24
Ambientes sedimentares 0 0 9 0,20 9 0,18
Estrato, sequência estratigráfica, ambientes e paleoambientes
0 0 9 0,20 9 0,18
Princípios da estratigrafia 0 0 6 0,13 6 0,12
Fósseis e processos de fossilização 0 0 3 0,07 3 0,06
Escala do tempo geológico 0 0 3 0,07 3 0,06
Rochas magmáticas
Definição de magma 0 0 1 0,02 1 0,02
Composição e classificação dos magmas 2 0,50 9 0,20 11 0,22
Cristalização e diferenciação dos magmas 4 1,00 20 0,43 24 0,48
Minerais e matéria cristalina 1 0,25 16 0,35 17 0,34
Características das rochas magmáticas 0 0 5 0,11 5 0,10
Exemplos de rochas magmáticas 0 0 13 0,28 13 0,26
Rochas metamórficas
Agentes de metamorfismo 0 0 5 0,11 5 0,10
Minerais de origem metamórfica, recristalização e minerais índice
2 0,50 26 0,57 28 0,56
Tipos de metamorfismo 1 0,25 5 0,11 6 0,12
Classificação das rochas metamórficas 0 0 14 0,30 14 0,28
Comportamento dos materiais
Comportamento dúctil e frágil 0 0 15 0,33 15 0,30
Falhas 2 0,50 7 0,15 9 0,18
Dobras 1 0,25 8 0,17 9 0,18
Exploração sustentada de recursos geológicos
Recursos geológicos 0 0 6 0,13 6 0,12
Recursos hidrogeológicos 0 0 4 0,09 4 0,08
Recursos energéticos 0 0 1 0,02 1 0,02
Recursos minerais 0 0 5 0,11 5 0,10
Na segunda fase da investigação preliminar foram realizadas entrevistas, cujos
resultados se encontram na tabela 15. Na questão 1 os alunos estavam restringidos a duas
opções de resposta. Relativamente às restantes questões os estudantes poderiam assinalar
mais do que uma opção.
Em relação à resposta dos alunos à questão 1, a maioria dos inquiridos, 57%,
assinala que não gosta de Geologia. No que diz respeito às razões, 57% refere que é
desinteressante enquanto 29% refere que é demasiado abstrata. Cerca de 43% dos
respondentes refere que gosta de Geologia. Quanto à justificação, 43% considera
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35
interessante o conhecimento dos constituintes da Terra e 14% assinala o interesse em
compreender os fenómenos naturais.
Na questão 2, a maioria dos inquiridos considerou como problemático a distinção
entre os dois tipos de meteorização, a identificação do agente de meteorização em
situações reais e a identificação dos efeitos dos diferentes processos de meteorização nas
rochas. Apenas 29% dos inquiridos referiu como problemático a compreensão da
meteorização devido às amplitudes térmicas.
Relativamente à questão 3, a maioria assinalou como problemático a compreensão
da relação entre o arranjo atómico e as propriedades dos minerais. Cerca de 29% dos
respondentes considerou complexo o estudo da constituição química, dos processos de
formação e da classificação dos minerais.
Na questão 4, 100% dos inquiridos considerou difícil o estudo dos processos de
cristalização, dos processos de diferenciação do magma e da série de Bowen. Cerca de
71% apresenta dificuldades em relacionar o processo de cristalização com a formação de
minerais e 57% assinalou como complexa a ideia de que o magma solidifica lentamente e
por fases.
Considerando a questão 5, a maioria dos respondentes refere como dificuldade a
compreensão dos conceitos de isomorfismo e de polimorfismo. Apenas 14% considera
problemático o estudo das condições de formação dos cristais.
Relativamente à questão 6, uma minoria refere como dificuldade a compreensão do
conceito de mineral indicador. A maioria dos respondentes assinala como complexo o
estudo da recristalização no estado sólido e das transformações que os minerais sofrem
dependendo das condições do meio em que estão inseridos.
Considerando a questão 7, os temas mais assinalados (86%) como problemáticos
foram “meteorização química e física” e “cristalização e diferenciação dos magmas”. O tema
“minerais de origem metamórfica, recristalização e minerais índice” foi considerado como
problemático por 57% dos inquiridos. Por fim, os temas “minerais e as suas principais
propriedades” e “minerais e matéria cristalina” com 14% dos respondentes a referenciar
como problemáticos.
Quanto à questão 8, 100% dos inquiridos considerou como atividade potenciadoras
da aprendizagem a análise de casos reais, imagens e vídeos e 71% considerou importante
a análise de gráficos/esquemas. Pelos resultados nestas questões, podemos averiguar que
os alunos apreciam atividades promovidas pela ABRP e as consideram como facilitadoras
da aprendizagem.
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Tabela 15 - Resultados obtidos após a análise das entrevistas realizadas na investigação preliminar de Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Questão Indicador/Resposta fa fr
1. Gosta de Geologia? 1. Sim 3 0,43
2. Não 4 0,57
1.1. Justifique, por favor.
1.1. É interessante conhecer os constituintes da Terra. 3 0,43
1.2. É interessante compreender os fenómenos naturais. 1 0,14
2.1. A Geologia não é interessante. 4 0,57
2.2. A Geologia é muito abstrata. 2 0,29
2. Relativamente ao tema “Processos de meteorização química e física”, quais as principais dificuldades que sentiu na abordagem do mesmo?
1. Distinção entre meteorização química e física. 4 0,57
2. Identificar o agente de meteorização em situações reais. 7 1,00
3. Compreender como as amplitudes térmicas podem provocar a meteorização das rochas.
2 0,29
4. Compreender as diferentes reações químicas que provocam a meteorização das rochas.
6 0,86
5. Compreender a atuação dos agentes físicos de meteorização. 3 0,43
3. Relativamente ao tema “Minerais e as suas propriedades “, quais as principais dificuldades que sentiu na abordagem do mesmo?
1. Constituição química dos minerais. 2 0,29
2. Classificação dos minerais. 2 0,29
3. Influência do arranjo atómico nas propriedades dos minerais. 6 0,86
4. Formação dos minerais. 2 0,29
5. Propriedades dos minerais. 6 0,86
4. Relativamente ao tema “Cristalização e diferenciação dos magmas“, quais as principais dificuldades que sentiu na abordagem do mesmo?
1. Compreender o processo de cristalização. 7 1,00
2. Compreender o processo de diferenciação do magma. 7 1,00
3. Compreender a série de Bowen. 7 1,00
4. Associar o processo de cristalização à formação de minerais. 5 0,71
5. Compreender que o magma não solidifica todo ao mesmo tempo. 4 0,57
5. Relativamente ao tema “Minerais e matéria cristalina“, quais as principais dificuldades que sentiu na abordagem do mesmo?
1. Compreensão do isomorfismo. 7 1,00
2. Compreensão do polimorfismo. 6 0,86
3. Compreensão das condições de formação de um cristal. 1 0,14
6. Relativamente ao tema “Minerais de origem metamórfica, recristalização e minerais índice“, quais as principais dificuldades que sentiu na abordagem do mesmo?
1. Ocorrência de recristalização no estado sólido. 7 1,00
2. Conceito de mineral indicador. 3 0,43
3. Transformação de um mineral noutro mineral diferente. 6 0,86
7. Dos temas referidos anteriormente, quais os temas que considera serem os mais problemáticos?
1. Meteorização química e física. 6 0,86
2. Minerais e as suas propriedades. 1 0,14
3. Cristalização e diferenciação dos magmas. 6 0,86
4. Minerais e matéria cristalina. 1 0,14
5. Minerais de origem metamórfica, recristalização e minerais índice. 4 0,57
8. O que considera ser importante numa aula de Biologia e Geologia, para facilitar a sua aprendizagem?
1. Análise de gráficos/esquemas. 5 0,71
2. Análise de casos reais. 7 1,00
3. Análise de imagens. 7 1,00
4. Análise de vídeos. 7 1,00
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Teste diagnóstico
Depois da definição do tema da intervenção da área científica de Geologia, foi
realizado um teste diagnóstico digital. Para permitir a aplicação do teste de Fisher, as
categorias “0-9” e “10-13” e as categorias “14-16” e “17-20” foram agrupadas e apenas
foram considerados os indivíduos respondentes.
Como podemos verificar na tabela 16, 66% dos alunos obteve classificações
inferiores a 10 valores, 25% obteve níveis entre 10 e 13 valores e que apenas 8% alcançou
níveis considerados “bom” ou “muito bom”. Tendo em consideração o teste de Fisher (P =
8,8%) é possível afirmar que não existe associação entre a classificação obtida e a classe
em que o aluno está inserido. Ou seja, tanto os alunos da classe A como os da classe B
apresentam dificuldades nas temáticas avaliadas no teste realizado.
Tabela 16 – Resultados relativos ao teste diagnóstico na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classificação/classe Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
0-9 18 0,75 17 0,59 35 0,66
10-13 5 0,21 8 0,28 13 0,25
14-16 0 0 3 0,10 3 0,06
17-20 0 0 1 0,03 1 0,02
Não responderam 1 0,04 0 0,00 1 0,02
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Primeiro momento de avaliação da eficiência da intervenção (Grelha de
observação e Vê de Gowin)
Como sucedeu na componente da Biologia, os dados relativos aos quatro
parâmetros avaliados na grelha de observação da intervenção relativa à componente da
Geologia, foram analisados em separado. Para efeitos de cálculo de qui-quadrado, as
categorias “insuficiente” e “suficiente” foram agrupadas.
Relativamente ao parâmetro de avaliação, “interesse, autonomia e curiosidade”
(tabela 17), podemos verificar que a maioria dos estudantes (68%) alcançou a classificação
“bom”. Analisando as duas classes em separados podemos constatar que, tanto na classe A
como na classe B, esta tendência se mantem. É verificada a existência de uma associação
estatisticamente significativa entre a classificação obtida e a classe em que os alunos estão
inseridos (2 = 5,93; g.l = 1; <0,05).
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Tabela 17 - Resultados relativos ao parâmetro “interesse, autonomia e curiosidade” na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
Insuficiente 5 0,21 1 0 6 0,11
Suficiente 5 0,21 3 0,10 8 0,15
Bom 12 0,50 24 0,83 36 0,68
Faltou 2 0,08 1 0,03 3 0,06
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Quanto ao parâmetro “sentido de responsabilidade e reflexão crítica” (tabela 18) a
maioria dos alunos (74%) teve “bom”, 17% obteve a classificação “suficiente” e só 4% dos
estudantes teve classificação considerada “insuficiente”. Tal como no parâmetro anterior,
tanto na classe A como na classe B, a maioria dos alunos obteve a classificação “bom”
Apesar, dos resultados positivos, é possível constatar a existência de uma associação
estatisticamente significativa entre a classe em que os estudantes se encontram e a
classificação obtida (2 = 4,34; g.l = 1; <0,05).
Tabela 18 - Resultados relativos ao parâmetro “sentido de responsabilidade e reflexão crítica” na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
Insuficiente 2 0,08 0 0 2 0,04
Suficiente 6 0,25 3 0,10 9 0,17
Bom 14 0,58 25 0,86 39 0,74
Faltou 2 0,08 1 0,03 3 0,06
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Relativamente ao parâmetro “cooperação com os outros” (tabela 19) 72% dos
estudantes obtiveram “bom” na classificação, 17% teve classificação “suficiente” e 6%
obteve classificação “insuficiente”. Quanto ao parâmetro “apresenta e fundamenta a sua
opinião” (tabela 20), a percentagem de estudantes que alcançaram “bom” é de 72%. Cerca
de 17% teve “suficiente” e 6% obteve “insuficiente”. Tanto no parâmetro “cooperação com os
outros” (2 = 1,32; g.l = 1; > 0,05) como no parâmetro “apresenta e fundamente a sua
opinião” (2 = 0,25; g.l = 1; > 0,05), existe uma associação entre a classe de alunos e a
classificação obtida no entanto, esta não se revelou estatisticamente significativa.
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39
Tabela 19 - Resultados relativos ao parâmetro “cooperação com os outros” na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
Insuficiente 2 0,08 1 0,03 3 0,06
Suficiente 5 0,21 4 0,14 9 0,17
Bom 15 0,63 23 0,79 38 0,72
Faltou 2 0,08 1 0,03 3 0,06
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Tabela 20 - Resultados relativos ao parâmetro “apresenta e fundamente a sua opinião” na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
Insuficiente 2 0,08 1 0,03 3 0,06
Suficiente 4 0,17 5 0,17 9 0,17
Bom 16 0,67 22 0,76 38 0,72
Faltou 2 0,08 1 0,03 3 0,06
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Relativamente, às classificações obtidas pelos alunos no Vê de Gowin, como
podemos verificar na tabela 21, 19% dos alunos não entregaram o relatório. A maioria dos
alunos (36%) obteve uma classificação igual ou superior a 17 valores, 34% dos estudantes
tiveram classificações entre 14 e 16 valores e 9% obteve notas entre os 10 e os 13 valores.
Cerca de 2% dos alunos teve classificação inferior a 9 valores.
Para permitir a aplicação do teste de Fisher, as categorias “0-9” e “10-13” e as
categorias “14-16” e “17-20” foram agrupadas e apenas foram considerados os indivíduos
respondentes. Pelos resultados obtidos, é possível afirmar que existe uma associação
estatisticamente significativa entre a classe em que se inserem os alunos e a cotação obtida
no relatório (Teste de Fisher: P = 2,1%).
A maioria dos estudantes (89%) da classe B obteve um nível considerado “bom” (14-
16 valores) ou “muito bom” (17-20 valores), os restantes 3% obteve uma classificação entre
os 10-13 valores e 7% não entregou o Vê de Gowin. Relativamente à classe A, a
percentagem de alunos que alcançou um nível considerado “bom” ou “muito bom” foi de
46%. Cerca de 17% obteve classificações entre 10 e 13 valores e 4% obteve uma
classificação negativa. Da classe A 33% dos estudantes não entregou o Vê de Gowin, o que
demonstra alguma falta de interesse. Os alunos da classe A obtiveram, no geral, obtiveram
resultados mais fracos aos dos estudantes da classe B.
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40
Tabela 21 – Resultados obtidos no Vê de Gowin da Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classificação/classe Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
0-9 1 0,04 0 0 1 0,02
10-13 4 0,17 1 0,03 5 0,09
14-16 6 0,25 12 0,41 18 0,34
17-20 5 0,21 14 0,48 19 0,36
Não responderam 8 0,33 2 0,07 10 0,19
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Segundo momento de avaliação da eficiência da intervenção
Relativamente ao segundo momento de avaliação, os dados obtidos foram
separados em duas tabelas. A tabela 22 referente aos dados recolhidos através da análise
das questões de escolha múltipla e a tabela 23 relativa aos dados obtidos através da
questão de resposta aberta.
Como podemos observar na tabela 22, cerca de 77% dos estudantes responderam
corretamente a duas ou três questões e apenas 15% respondeu acertadamente a uma ou
nenhuma questão. Apesar dos resultados positivos, é possível notar uma associação
estatisticamente significativa entre o número de resposta corretas e a classe em que se
insere os alunos (teste de Fisher: P = 1,1%). A percentagem de alunos da classe A (63%)
que respondeu corretamente a duas ou três questões é inferior à percentagem de alunos da
classe B (90%) que conseguiu. Assim, apesar de a maioria dos alunos da classe A
responderem satisfatoriamente, a classe B conseguiu melhores resultados.
Tabela 22 - Resultados obtidos nas escolhas múltiplas do teste teórico-prático na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classificação/classe Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
0-1 7 0,29 1 0,03 8 0,15
2-3 15 0,63 26 0,90 41 0,77
não respondeu 2 0,08 2 0,07 4 0,08
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Quanto à questão de resposta aberta, como podemos verificar na tabela 23, apenas
79% dos estudantes responderam. Apesar da maioria dos alunos (47%) apresentar uma
resposta satisfatória, indicando entre 3 e 4 tópicos, 26% dos estudantes ficaram aquém do
esperado. Esta situação pode ser explicada pela dificuldade que os estudantes têm em
exprimirem o seu raciocínio.
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41
Existem algumas diferenças entre as duas classes, podemos constatar que a
percentagem de alunos da classe B (76%,) que teve uma resposta considerada satisfatória,
é superior a percentagem da classe A (13%). Também podemos ver que a classe A
apresenta 58% de respostas não satisfatórias enquanto a classe B apresenta apenas 10%.
As associações entre as classificações obtidas e a classe em que os alunos estão inseridos
são estatisticamente significativas (2 = 21,17; g.l = 1; <0,05).
Tabela 23 - Resultados obtidos na questão de resposta aberta do teste teórico-prático na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Classificação/classe Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
1-2 14 0,58 3 0,10 17 0,32
3-4 3 0,13 22 0,76 25 0,47
não respondeu 7 0,29 4 0,14 11 0,21
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Terceiro momento de avaliação da eficiência da intervenção
No terceiro momento de avaliação da eficiência da intervenção relativa à
componente de Geologia recorreu-se a um teste de avaliação digital que incluía vários
exercícios. Como podemos verificar na tabela 24, cerca de 38% dos alunos obteve uma
classificação igual ou superior a 17 valores, 26% obteve um nível entre 14 e 16 valores e
26% obteve uma classificação equivalente a nível “suficiente”. Apenas 6% dos indivíduos
obteve classificação negativa.
Para efeitos de cálculo do qui-quadrado, as categorias “0-9” e “10-13” e as categorias
“14-16” e “17-20” foram agrupadas e apenas foram considerados os indivíduos
respondentes. É possível constatar que existe uma associação estatisticamente significativa
entre a classe em que os estudantes estão inseridos e a classificação obtida no teste (2 =
7,86; g.l = 1; <0,05).
A maioria dos alunos da classe A (42%) obteve uma classificação entre 10 e 13
valores, cerca de 25% teve classificação equivalente a um nível “bom” e 17% obteve
classificação igual ou superior a 17 valores. Uma minoria dos alunos, 8%, obteve
classificação inferior a 10.
Relativamente à classe B, as classificações são bastante satisfatórias, com 55% dos
alunos a atingir níveis equivalentes a “muito bom”, 28% a ter classificações entre os 14 e os
16 valores e 14% obter classificações entre os 10 e os 13 valores. Apenas 3% do grupo
apresentou valores negativos. É, assim, possível verificar que os alunos pertencentes à
classe B apresentam melhores resultados que os da classe A.
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42
Tabela 24 - Resultados obtidos no teste digital na Geologia.
Classificação/classe Classe A Classe B Total
fa fr fa fr fa fr
0-9 2 0,08 1 0,03 3 0,06
10-13 10 0,42 4 0,14 14 0,26
14-16 6 0,25 8 0,28 14 0,26
17-20 4 0,17 16 0,55 20 0,38
Não responderam 2 0,08 0 0,00 2 0,04
Total 24 1,00 29 1,00 53 1,00
Questionário de opinião sobre a atividade
Depois da intervenção da área científica de Geologia, os estudantes responderam ao
questionário que visava à avaliação da metodologia utilizada durante a atividade. De
salientar que apenas a questão 1 permitia a escolha de múltiplas opções, as restantes
obrigavam à escolha de apenas uma opção de resposta e que 4% dos indivíduos
constituintes da amostra não responderam ao questionário. Uma vez que o questionário era
anónimo, não foi possível a associação das respostas às classes consideradas.
Os resultados obtidos, após o tratamento dos dados dos questionários, encontram-se
discriminados na tabela 25. De salientar que, tal como no questionário referente à atividade
de Biologia, apenas a questão 1 permitia a escolha de múltiplas opções, as restantes
obrigavam à escolha de apenas uma opção de resposta e que 4% dos indivíduos
constituintes da amostra não responderam ao questionário.
Quanto à questão 1, a maioria dos alunos consideraram que a atividade desenvolvida
permitiu a aprendizagem de conteúdos científicos (85%), que captou a sua atenção (72%) e
que ajudou no desenvolvimento de capacidades de escrita científica (51%). Cerca de 26%
dos inquiridos considerou que a atividade permitiu o desenvolvimento de capacidades
envolvidas no trabalho colaborativo, 23% assinalou que a atividade o ensinou a procurar
soluções para resolver os problemas do quotidiano e 21% referiu que a atividade ajudou a
desenvolver a sua capacidade de argumentação em diversas situações. Apenas uma
minoria dos inquiridos (8%) considerou que a atividade dificultou a aprendizagem por não
ser dada a resposta direta.
No que diz respeito à questão 2 as respostas dos inquiridos são distribuídas pelas 3
opções de resposta. No entanto, 43% dos alunos considera que colocou questões,
demonstrando que o ABRP potencia o questionamento. Quanto à questão 3, apenas 32%
dos alunos considerou que foi capaz de estabelecer autonomamente a argumentação das
propostas de solução. Grande parte dos inquiridos (63%) apontou que a professora orientou
no processo de argumentação das sugestões de solução. Tal pode ser explicado pelas
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43
dificuldades, que a maioria dos alunos, apresenta nesta tarefa, o que levou a um maior
acompanhamento por parte da professora.
As questões 4 e 5 obtiveram respostas bastantes consensuais. No que diz respeito à
questão 4, 79% dos alunos apontam que as atividades se mostraram interessantes e
motivadores. Uma minoria, 8%, considerou que a atividade não era interessante e 9% que
assinalou era muito extensa. Relativamente à questão 5, 89% considerou que os materiais
utilizados estavam bem organizados e apresentados contra uma minoria que os considerou
confusos e extensos.
Tabela 25 - Resultados relativos ao questionário de avaliação da intervenção na Geologia (fa – frequência absoluta; fr – frequência relativa).
Questionário fa fr
Questã
o 1
- E
m r
ela
ção à
meto
dolo
gia
utiliz
ada n
as a
ula
s p
ara
lecio
nar
a t
em
ática
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consid
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i
que (
sele
cio
ne a
s o
pções q
ue s
e a
plic
am
à
situação)
a) ensinou a procurar soluções para resolver problemas do quotidiano 12 0,23
b) dificultou a aprendizagem, por não ser fornecida a resposta direta às questões 4 0,08
c) ensinou a trabalhar melhor em equipa 14 0,26
d) permitiu aprender conteúdos científicos 45 0,85
e) captou a minha atenção 38 0,72
f) ajudou a desenvolver a capacidade de argumentar em grupo e no grupo turma 11 0,21
g) ajudou a desenvolver a capacidade de escrita científica 27 0,51
Questã
o 2
-
Após a
apre
senta
ção d
o
pro
ble
ma
(assin
ale
a
opção m
ais
corr
eta
)
a) coloquei questões 23 0,43
b) selecionei questões dentro das que foram apresentadas e coloquei novas questões 22 0,42
c) envolvi-me nas questões fornecidas pela professora e pelos documentos materiais 6 0,19
Questã
o 3
- N
a
arg
um
enta
ção e
com
unic
ação a
os
me
us c
ole
gas
sobre
o r
esultado
do p
roble
ma
(assin
ale
a o
pção
ma
is c
orr
eta
)
a) estabeleci autonomamente argumentação lógica para comunicar as soluções das questões-problema formuladas
17 0,32
b) a professora orientou-me no processo de argumentação e no desenvolvimento da comunicação da solução às questões-problema formuladas
33 0,62
c) foi a professora que me deu as argumentações para saber comunicar as soluções à questão-problema formuladas
1 0,02
Questã
o 4
- A
s
tare
fas r
ealiz
adas
fora
m (
assin
ale
a
opção m
ais
corr
eta
)
a) muito extensas 5 0,09
b) interessantes e motivadoras 42 0,79
c) Sem interesse 4 0,08
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44
Q
uestã
o 5
-
Rela
tivam
ente
aos
ma
teria
is u
tiliz
ados
(assin
ale
a o
pção
ma
is c
orr
eta
) a) estavam bem organizadas e bem apresentados 47 0,89
b) Eram confusos e extensos 2 0,04
c) Eram demasiados longos 2 0,04
4. Conclusões
É fundamental salientar que o objetivo desta investigação era retirar alguns indicadores
sobre a eficiência das atividades laboratoriais realizadas segundo a ABRP e não afirmar que
estas são mais eficientes que outros tipos de atividades. Os resultados obtidos sugerem que
o uso do trabalho laboratorial se revelou eficiente na amostra considerada, uma vez que
permitiu que os estudantes aprendessem os conteúdos científicos e, simultaneamente,
desenvolvessem capacidades de raciocínio científico, de argumentação e de trabalho
colaborativo, entre outras. É também possível concluir que a promoção de atividades
laboratoriais segundo a metodologia ABRP potenciou o interesse, a motivação, a
curiosidade e a autonomia na amostra em estudo.
Relativamente, à componente da Biologia, é possível concluir que:
No que diz respeito às atitudes demonstradas pelos estudantes durante a
atividade, esta revelou-se eficiente, promovendo o interesse, a autonomia, a
curiosidade, o sentido de responsabilidade, a reflexão critica, o trabalho
colaborativo e a capacidade de argumentação. Considerando, em separado, as
duas classes estudadas, verifica-se que a tendência se mantem, ou seja, mesmo
os alunos com mais dificuldades se mostraram mais envolvidos no trabalho
realizado.
A atividade laboratorial preparada permitiu o desenvolvimento dos saberes e
capacidades pretendidos. As classificações obtidas nos vários momentos de
avaliação foram positivas. No entanto, é possível verificar que, apesar destes
resultados, os alunos da classe B apresentam, na sua globalidade, melhores
classificações relativamente aos da classe A.
No que diz respeito à intervenção de Geologia é possível concluir que:
A investigação preliminar demonstrou-se bastante pertinente, no sentido de
perceber quais as dificuldades dos alunos. Deste modo, foi possível direcionar a
intervenção no sentido de as colmatar. O teste diagnóstico foi essencial para
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45
diagnosticar quais as dificuldades que os alunos revelavam nos conhecimentos
prévios, essenciais para a compreensão do tema abordado.
No que diz respeito às atitudes demonstradas pelos estudantes durante a
atividade, esta revelou-se eficiente, tanto nos alunos da classe A como nos
alunos da classe B, permitindo a promoção do interesse, da autonomia, da
curiosidade, do sentido de responsabilidade, da reflexão critica, do trabalho
colaborativo e da capacidade de argumentação.
A intervenção a nível da Geologia foi eficiente na amostra estudada, uma vez
que a maioria dos estudantes alcançou resultados positivos, em todos os
momentos de avaliação. Podemos ainda verificar que grande parte dos
estudantes da classe A (alunos com níveis de aproveitamento até 13 valores no
ano anterior) alcançou, na maioria das vezes, respostas satisfatórias. Apesar
dos resultados bastante positivos, é visível que os alunos da classe A continuam
a apresentar classificações inferiores às dos alunos da classe B.
Que os estudantes continuam a apresentar dificuldades nas capacidades de
argumentação e de expressão do seu raciocínio, problema que deverá ser mais
explorado no futuro, permitindo que os alunos melhorem a sua expressão
através da escrita científica.
Verificou-se que uma grande parte dos estudantes considerou que existiu um constante
acompanhamento, por parte da professora, especialmente no processo de argumentação e
comunicação das soluções propostas. Tal poderá dever-se à pouca familiarização dos
estudantes com este tipo de atividades e com a metodologia ABRP. Os resultados sugerem
ainda que a aprendizagem baseada na resolução de problemas surge como uma forma de
contemplar, no ensino das ciências, a resolução de problemas do quotidiano, contribuindo
para melhorar a aprendizagem dos alunos.
5. Considerações finais
A investigação educacional descrita no presente relatório resultou de um percurso
exigente e trabalhoso. A principal dificuldade que surgiu ao longo do estudo foi o curto
espaço temporal em que este se desenvolveu. Além disso, a elaboração do projeto
encontrou-se temporalmente muito próxima da aplicação do mesmo, o que dificultou, em
alguns momentos, a escolha das melhores técnicas e instrumentos de recolha de dados.
Se houvesse mais tempo para o desenvolvimento do estudo seria bastante interessante
incluir instrumentos de auto e heteroavaliação. Desta forma, seria possível perceber quais
as perceções dos estudantes relativamente ao seu trabalho e ao dos seus pares. A falta de
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46
experiência da professora-investigadora também se revelou limitante no que diz respeito a
alguns aspetos relacionados com a metodologia de investigação, nomeadamente na recolha
e posterior tratamento dos dados.
Caso fosse possível, seria interessante dar continuidade ao estudo desenvolvido, mas
recorrendo a uma amostra maior de forma a confirmar algumas tendências sobre a
eficiência das atividades práticas recorrendo à metodologia ABRP. Seria também pertinente
desenvolver um estudo experimental que permitisse a comparação entre os resultados de
um grupo de controlo e de um grupo experimental, generalizando as conclusões retiradas.
Com o recurso frequente a este tipo de atividades, seria interessante perceber se os
estudantes aumentariam o seu grau de autonomia. Poderia ser desenvolvido um estudo,
que permitisse perceber se com o uso constante de atividades práticas segundo a ABRP, os
alunos alteravam as suas perceções relativamente às potencialidades da metodologia.
Outra proposta seria alargar a investigação preliminar realizada na área da Geologia a
todos os conteúdos programáticos de Biologia e Geologia do ensino secundário. Assim,
poderíamos perceber quais os temas considerados, pelos alunos, problemáticos e
desenvolver atividades que permitissem a colmatação das dificuldades encontradas.
5.1. Implicações para o desenvolvimento profissional
O desenvolvimento da presente investigação científico-didática permitiu o
desenvolvimento profissional da professora-investigadora em formação inicial. Com a
utilização de atividades práticas desenvolvidas segundo a metodologia ABRP, foi possível
obter uma perspetiva mais prática de como funciona este tipo de aulas.
Tendo em consideração todas as tendências que foram possíveis verificar através deste
estudo, a utilização da metodologia ABRP é vista como uma mais-valia no momento de
preparação das atividades realizadas em sala de aula. É necessário que os professores
compreendam bem a sua função e aprendam a aplicar, corretamente, esta metodologia nas
suas turmas.
A experiência obtida através do desenvolvimento da presente investigação educacional
permitiu perceber a importância que atividades de índole prática têm na aprendizagem dos
alunos. Assim, o recurso a este tipo de atividades deveria ser constante, melhorando a
dinâmica de sala de aula e a interação entre o professor e os alunos.
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7. Apêndices
Todos os apêndices, referentes a este relatório, encontram-se anexados no CD. Podem
ainda ser consultados e descarregados, nos links indicados. Os exercícios referentes aos
testes virtuais foram convertidos em formato físico.
Apêndice I – Protocolo relativo à atividade laboratorial da componente de Biologia
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uRzBWbF83blUtUlE/edit?usp=sharing)
Apêndice II – Protocolo relativo à atividade laboratorial sobre fusão parcial
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uUUZpaDZMTGpudDQ/edit?usp=sharing)
Apêndice III- Protocolo relativo à atividade laboratorial sobre cristalização
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uM283U1pYOXF2Ums/edit?usp=sharing)
Apêndice IV – Vê de Gowin de referência da componente de Biologia
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5ubmNrdnF1RXFZVEk/edit?usp=sharing)
Apêndice V – Árvore filogenética de referência, correspondente ao segundo momento
de avaliação da componente de Biologia
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uQjM4ZWYwM2ludDg/edit?usp=sharing)
Apêndice VI – Árvore filogenética de referência, correspondente ao terceiro momento
de avaliação da componente de Biologia
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uQXF6S3hIRlBqb3c/edit?usp=sharing)
FCUP O TRABALHO LABORATORIAL SEGUNDO A APRENDIZAGEM BASEADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:
CONSTRUÇÃO DE ÁRVORES FILOGENÉTICAS E ESTUDO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS MAGMAS
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Apêndice VII – Guião da entrevista realizada na investigação preliminar da
componente de Geologia
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uelpFWm9IX3h6OEE/edit?usp=sharing)
Apêndice VIII – Teste diagnóstico da componente de Geologia
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uQ3lDcWlVM1BZR2M/edit?usp=sharing)
Apêndice IX - Vê de Gowin de referência da componente de Geologia
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uNTZOSHJCTmpSUGc/edit?usp=sharing)
Apêndice X – Teste referente ao segundo momento de avaliação da componente de
Geologia
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uVWFmUzdrZDFjZTA/edit?usp=sharing)
Apêndice XI – Teste relativo ao terceiro momento de avaliação da componente de
Geologia
(Link: https://drive.google.com/file/d/0B_qTQWdGTA5uQjFrUnhSTFVpM2s/edit?usp=sharing)